patrícia moreira sampaio - Uece

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Aluno 2 ( estudo 3):
FIGURA 109- Tira 15. Tradução de um aluno do Estudo 3.
Relatório
“Nessa tirinha o que chama a atenção é a linguagem infantil do irmão da
Mafalda. Eu não tinha entendido o que era ‘tigüeña’, mas a professora explicou
que era ‘cigüeña’ e que o garotinho estava falando errado. Então, eu tentei
reproduzir a forma de falar errado de uma criança como ele. Troquei o ‘C’ de
cegonha por ‘T’, igual ao espanhol, e a palavra ‘aqui’ por ‘ati’. Para traduzir
‘coloraditos’, coloquei ‘coradinhos’, mas depois de ver as traduções dos meus
colegas, achei que ‘vermelhinhos’ ficaria melhor, pois é mais comum dizer que
uma pessoa está vermelha de vergonha do que corada de vergonha”.
Pela observação das traduções e dos relatórios anteriores, vemos que nenhum dos
participantes percebeu, inicialmente, a troca do fonema “C” pelo “T”, na fala de Guille, mas
apesar disso, com o auxílio do desenho, compreenderam a idéia global dessa fala. Já com
relação ao segundo “gatilho’ (Raskin, 1985), ambos perceberam que na fala do recepcionista
havia um termo que merecia maior reflexão na hora da tradução. Porém, há uma diferença
bastante significativa entre as duas traduções. Ao traduzir “coloraditos” por “vermelhinhos”,
o primeiro aluno traduziu a ambigüidade necessária para a produção do humor nessa tira. Já o
segundo, ao optar por “coradinhos”, desfez o duplo sentido, e, em conseqüência disso, a tira
não ficou tão engraçada.
A última tira (tira 16) foi, sem dúvida, uma das mais complexas, só perdendo em
dificuldade para a tira do “yo-yo”. O humor é produzido por um jogo de palavras (Freud,
1977) entre “hipo” (soluço), “hipoteca”(hipoteca) e a onomatopéia “hip”(o som produzido
por uma pessoa quando soluça).