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Relatório:<br />
“Nessa tirinha os personagens em cena são Felipe e Mafalda. De fácil<br />
compreensão, achei interessante uma expressão que a Mafalda utilizou que é:<br />
‘Dios le da pan al que no tiene dientes’. Como ao traduzir percebi que não faria<br />
sentido para o nosso idioma, já que não é comum usar tal expressão, fiz uma<br />
adaptação conseguindo manter o que Mafalda queria dizer, que é: ‘Deus só dá<br />
asa a cobra’. Depois de debater com os colegas percebi ao adaptar, a conexão<br />
existente entre a expressão e a característica de Felipe de ter dentes grandes se<br />
perdeu, e por isso não teve a mesma graça.”<br />
Sobre essas duas traduções, se pode dizer que os dois alunos perceberam, embora<br />
em momentos diferentes, que o elemento gerador do humor é a associação entre o que foi dito<br />
por Mafalda e a imagem de Felipe. Ao traduzir “Dios le da pan al que no tiene dientes” por<br />
“Deus só dá asa à cobra”, o aluno 2 tentou adequar o ditado espanhol a algo mais usual aqui no<br />
Brasil. Porém, com essa tentativa, ele acabou expressando somente o sentido convencional da<br />
expressão. O sentido não-convencional, que foi o que causou o conflito entre as crianças e<br />
gerou o humor, desapareceu. Mas, embora tenha “falhado” nessa tentativa, depois de discutir<br />
com os colegas, compreendeu a “falha”, demonstrando, assim, o valor da troca de experiências<br />
como facilitador da aprendizagem. Já a primeira tradução reflete a da maioria dos participantes<br />
dos dois grupos, que se comparada com a tradução publicada não apresenta grandes diferenças,<br />
como se vê a seguir:<br />
FIGURA 103- Tira 13. Lado pessoal. Quino, Toda Mafalda: Martins Fontes, 2003: 03.<br />
A tira 14 foi selecionada para a análise devido ao aparecimento, no último<br />
quadro, do neologismo “adulteces”. O neologismo está entre um dos problemas mais difíceis<br />
de se resolver quando se deseja traduzi-lo de uma língua A para uma língua B, pois além de<br />
interpretá-lo adequadamente na língua de partida, o tradutor ainda tem que criar um outro<br />
neologismo que tenha sentido na língua de chegada. Portanto, nesse caso, mais do que nunca,<br />
a criatividade e o bom senso são essenciais.