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patrícia moreira sampaio - Uece

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107<br />

Já no segundo exemplo, optou-se por traduzir “taza de tilo” por “lexotan”,<br />

fazendo referência a um medicamento tranqüilizante muito conhecido no Brasil. Porém, se<br />

por um lado, essa escolha causa um efeito cômico bastante interessante, por outro,<br />

descaracteriza o personagem, pai de Mafalda, já que ele, não só é reconhecido por sua<br />

inquietação diante dos questionamentos da filha como também por tomar com freqüência suas<br />

gotinhas de “nervocalm”. Além disso, o aluno preferiu não modificar a referência histórica à<br />

Guerra do Vietnã.<br />

A tira 13 foi escolhida pelo fato de o efeito cômico ser produzido pela associação<br />

imprescindível entre uma fórmula discursiva convencional (Tagnin, 2005) e o elemento<br />

visual.<br />

FIGURA 100- Tira 13. Cuestión personal. Quino, Mafalda: De la flor, 2000, v. 7.<br />

Nessa tira, Mafalda e Felipe conversam sobre ter ou não ter televisão. Sabendo-se<br />

que o grande desejo da menina é possuir uma TV, fica mais fácil compreender as suas palavras<br />

no segundo quadrinho, quando Felipe diz que tem televisão, mas que não se entusiasma muito<br />

com isso. Diante da afirmação do garoto, ela diz o seguinte: “¡Dios le da pan al que no tiene<br />

dientes!”. Porém, Felipe fica ofendido, pois entende esse clichê como se ele não fosse uma<br />

frase feita. Para ele, Mafalda o estaria criticando por causa dos seus dentes grandes, passando<br />

longe do significado de que as pessoas não sabem aproveitar direito as oportunidades que<br />

surgem. Em português seria, “Deus só dá asas à cobra”. Num primeiro momento, a menina<br />

nem percebe o mal entendido produzido por suas palavras, mas no terceiro quadro, vemos que<br />

ela se dá conta do que disse, diante da agressividade de Felipe ao lhe perguntar: “¿Al que no<br />

tiene QUÉ?”. O vocábulo “QUÉ”, escrito em caixa alta, demonstra todo o aborrecimento do<br />

menino, e a expressão de Mafalda, com as mãos sobre os lábios, reforça a idéia de que ela<br />

percebeu que falou demais e precisa se calar, tanto é, que nem termina de proferir a palavra<br />

causadora do mal entendido: “dient!...”. Já no último quadro, temos a imagem desfigurada de

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