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(mais vendas&mais lucro) - Supermercado Moderno

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SM.COM.BR | FEVEREIRO SETEMBRO DE 2013 2012 | ANO | 443<br />

5 2 5<br />

COOPERACAO<br />

EFICIÊNCIA NO AÇOUGUE<br />

A MARFRIG E A REDE PAULISTA<br />

VILLARREAL ALTERARAM<br />

MIX E EXPOSIÇÃO E ELEVARAM<br />

AS VENDAS DE CARNE EM 30%<br />

O FUTURO<br />

PROMETE<br />

(<strong>mais</strong> vendas & <strong>mais</strong> <strong>lucro</strong>)<br />

SEGMENTOS<br />

3VÃO CONTRIBUIR PARA A EXPLOSÃO<br />

DE CONSUMO ATÉ 2020. ELES SÃO BEM DIFERENTES<br />

PRODUTOS<br />

NOBRES<br />

PRODUTOS<br />

DE ACESSO<br />

TECNOLOGIA<br />

MOVEL<br />

O BOM COMPRADOR | QUANDO A EXECUCAO DAS ESTRATÉGIAS FALHA


AO LEITOR<br />

CONTEÚDO MENSAL AO SEU ALCANCE<br />

SUPERMERCADO MODERNO<br />

Propriedade de Publicar Mídias Especializadas Ltda.<br />

Presidência do Grupo<br />

Robert Macody Lund<br />

PUBLICAR MÍDIAS ESPECIALIZADAS LTDA<br />

Diretoria<br />

Telefone (11) 3327-4504<br />

DIRETOR EXECUTIVO Sergio L. A. da Veiga Oliveira<br />

EDITOR EMÉRITO Valdir Orsetti<br />

Mais vendas<br />

e <strong>mais</strong> <strong>lucro</strong>s,<br />

porém com<br />

as escolhas certas<br />

SHEILA HISSA<br />

EDITORA EXECUTIVA<br />

sheila.hissa@sm.com.br<br />

Enquanto a economia do País pedala sem sair do lugar,<br />

o setor supermercadista participa de maratonas e se classifica entre<br />

os primeiros. Embora o número ainda seja preliminar, a área<br />

de pesquisa de SM estima que o crescimento real nas vendas em<br />

2012 superará os 6% e que neste ano a alta manterá seu ritmo.<br />

A confiança é fruto das evidências: desemprego em baixa<br />

(principalmente em função dos investimentos do governo) e renda<br />

em alta (ainda influenciada pelos programas de transferência de<br />

renda). A aposta do governo em consumo ainda não se esgotou.<br />

E o mercado mundial continua vendo o Brasil como um País<br />

importante para alavancar seus resultados. O varejo não pode se<br />

deixar contaminar pela preocupação dos outros setores da economia.<br />

Mesmo com tropeços, e eventuais tombos, as vendas devem<br />

continuar em ascensão, como indica pesquisa da McKinsey divulgada<br />

por SM no mês passado. Segundo o estudo, o consumo vai passar de<br />

R$ 2,2 trilhões para R$ 3,5 trilhões, até 2020, puxado por alimentos,<br />

bebidas, higiene e limpeza. Essa perspectiva animadora levou SM a<br />

criar a série “Prepara Brasil”, que, nesta edição, traz as categorias que<br />

impulsionarão o faturamento de super e hipermercados. O repórter<br />

Fernando Salles levantou exemplos de produtos nobres que serão<br />

ainda <strong>mais</strong> consumidos pela classe média. Viviane Sousa apurou com<br />

a Nielsen produtos que as classes D/E começam a incluir em sua<br />

cesta de compras. E Rafael Faustino foi entender por que crescerá nos<br />

próximos anos a participação do autosserviço nas vendas de celulares<br />

e tablets. Arrematando as possibilidades de <strong>mais</strong> vendas e <strong>mais</strong> <strong>lucro</strong>,<br />

SM traz uma reflexão sobre o papel do comprador, que será cada<br />

vez <strong>mais</strong> relevante para os resultados das empresas. Quem concede<br />

a entrevista é o consultor Alexandre Ribeiro, especializado em varejo.<br />

Em parceria com SM, ele realizará cursos para compradores<br />

em todo o Brasil a partir do mês que vem. Afinal, Prepara Brasil!<br />

Conselho Executivo<br />

Lauricéia Tavares Bernardino, Mário Nazar,<br />

Robert Macody Lund e<br />

Sergio L. A. da Veiga Oliveira<br />

Redação<br />

Telefone (11) 3327-4514 / e-mail: redacao@sm.com.br<br />

EDITORA EXECUTIVA Sheila Hissa<br />

EDITORA-ASSISTENTE Alessandra Morita<br />

REPÓRTERES Adriana Silvestrini, Fernando Salles e Viviane Sousa<br />

ESTAGIÁRIO Rafael Faustino<br />

Colaboradores<br />

PROJETO GRÁFICO E DIREÇÃO DE ARTE F<strong>mais</strong>G Projetos Visuais<br />

FOTOS André Valentim, Ciete Silvério, Drawlio Joca,<br />

Edson Vara e Paulo Pereira TRATAMENTO DE IMAGENS J. Soza<br />

Conselho Editorial<br />

Bruno Abrantes (Floresta), Celso Furtado (Coop), Eduardo Adrião (GPA),<br />

Flavio Almeida (Villarreal), Gabriel Pedroso (Futurama), José Ricardo<br />

Scheurer (Sonda), Lucas Nassar (Mambo), Marcio do Valle (Coop)<br />

ASSINATURA Sueli Simão (11) 3327-4522 • sueli.simao@sm.com.br<br />

MARKETING ANUNCIANTE Camila Siqueira (11) 3327-4512<br />

• camila.siqueira@sm.com.br<br />

EVENTOS Renata Franzini (11) 3327-4463 • renata.franzini@sm.com.br<br />

PUBLICIDADE<br />

Telefone (11) 3327-4516 / e-mail: supermercadomoderno@sm.com.br<br />

APOIO A VENDAS Carla Morais (11) 3327-4505<br />

Gerente Comercial e de Marketing<br />

Marcelo Luz e Silva (11) 3327-4507 • marcelo.luz@sm.com.br<br />

Gerentes de Contas<br />

Adriana Damião (11)3327-4570 • adriana.damiao@sm.com.br<br />

Alexandre Niccolai (11) 3327-4520 • alexandre.niccolai@sm.com.br<br />

Roberto Campaneli (11) 3327-4623 • roberto.campaneli@sm.com.br<br />

Vanda Maeda (11) 3327-4555 • vanda.maeda@sm.com.br<br />

REPRESENTANTES<br />

SÃO PAULO<br />

Ação Representação Com. S/C Ltda.: Rua Brigadeiro Tobias, 356,<br />

10º andar, sl. 104-C, 01032-901, São Paulo, SP. Tel./fax (11) 3313-1433.<br />

E-mail: vanderlan.acao@terra.com.br<br />

RIO DE JANEIRO (RJ) e ESPÍRITO SANTO (ES)<br />

Grupo RioBrasil: Av. N. Sra. de Copacabana, 897, sl. 402<br />

22060-001 - Rio de Janeiro - RJ, Tel. (21) 2599-8969.<br />

E-mail: atendimento@gruporiobrasil.com.br<br />

CURITIBA (PR)<br />

Spala Marketing e Representações: R. Conselheiro Laurindo, 825, cjto 512,<br />

80060-100, Curitiba, PR. Tel./fax (41) 3027-5565. E-mail: gilberto@spalamkt.com.br<br />

PORTO ALEGRE (RS)<br />

In Trade Comunicação Dirigida: R. Vitorio Francisco Giordani, 309, Jardim<br />

Planalto - 91220-490 Porto Alegre, RS. Tel./fax (51) 3737-5177.<br />

E-mail: cesar.intrade@globo.com<br />

MINAS GERAIS (MG)<br />

SBF Representações Comunicação Propaganda e Marketing Ltda:<br />

Av. Getúlio Vargas, 1.300 - sala 1704 - Savassi - 30112-021, Belo Horizonte,<br />

MG. Tel. (31) 2125-2900. E-mail: sbfaria@sbfpublicidade.com.br<br />

ou cibelle@sbfpublicidade.com.br<br />

INTERIOR SÃO PAULO (SP)<br />

Interage Representações<br />

Rua Maria Custódia, 197, Bloco 154, Santa Terezinha - 02460-070, São Paulo,<br />

Capital. Responsável Rosemeire Camargo Sesso. Tel. (11) 4112-3141/<br />

9607-6510. E-mail: roseinterage@terra.com.br<br />

Para obter informações e solicitar serviços<br />

Fax (11) 3228 - 9333 - Site www.sm.com.br<br />

<strong>Supermercado</strong> <strong>Moderno</strong>: R. Brigadeiro Tobias, 356, 3º andar, CEP 01032-901.<br />

São Paulo, SP. Tel. (11) 3327-4400. C. Postal 3349 - 01060-970.<br />

<strong>Supermercado</strong> <strong>Moderno</strong> é enviada mensalmente a executivos, proprietários,<br />

compradores, gerentes e encarregados de lojas de autosserviço, conveniência,<br />

atacados e cooperativas responsáveis por 80% das vendas. Coordenador<br />

de Produção - Denise Spedo Maciel (11) 3327- 4569. Distribuição: DTD<br />

Distribuição e Courier. Não autorizamos pessoas a oferecer assinaturas. Se for<br />

procurado por alguém, denuncie-o às autoridades. SM não aceita matérias<br />

pagas no espaço editorial. Proibida reprodução total ou parcial sem autorização<br />

dos editores. Registro de Publicação assentado no cadastro da Divisão<br />

de Censura de Diversões Públicas, D.P.F., nº 275.P209/73. Impresso por Prol<br />

Editora Gráfica Ltda, Av. Papaiz, 581, Jd. das Nações, Diadema, SP.<br />

Este produto é impresso na Prol,<br />

utilizamos papel com certificado<br />

FSC que garante o manejo<br />

florestal responsável. Trabalhamos<br />

comprometidos com o meio<br />

ambiente e temos uma ótima<br />

impressão do futuro.


SM<br />

14<br />

SUMARIO<br />

SM | Nº 525 | FEVEREIRO DE 2013 | ANO 44<br />

SECOES<br />

VOCÊ .............................................................................................................12<br />

SM DIGITAL .........................................................................................14<br />

PTO. DE VENDA ..............................................................................18<br />

LEIS E TRIBUTOS ........................................................................20<br />

MEGAMERCADO ...........................................................................86<br />

NOVOS PRODUTOS ...................................................................89<br />

COM A PALAVRA ..........................................................................90<br />

MATERIAS<br />

CAPA<br />

PRODUTOS NOBRES ....................................................................26<br />

Itens de maior valor agregado serão grandes<br />

impulsionadores do faturamento até 2020<br />

PRODUTOS DE ACESSO ..........................................................38<br />

Os 55 milhões de brasileiros das classes D/E<br />

puxarão vendas de várias categorias. Veja quais<br />

TELEFONIA MÓVEL ........................................................................50<br />

Super e hipermercados terão bem <strong>mais</strong><br />

oportunidades nas vendas de celulares e tablets<br />

ENTREVISTA<br />

O BOM COMPRADOR ...................................................................69<br />

O consultor Alexandre Ribeiro aponta os<br />

atributos essenciais para um profissional nota 10<br />

63<br />

AUMENTO DE 30% NAS VENDAS<br />

Parceria entre Marfrig e Villarreal envolveu treinamento<br />

de açougueiros, adequação do sortimento e melhorias<br />

nos processos de negociação e abastecimento.<br />

Os resultados vão de aumento da rentabilidade e do<br />

volume de vendas à redução de perdas e ruptura<br />

GESTÃO<br />

PROFISSIONAIS NA EMPRESA FAMILIAR ...74<br />

É cada vez <strong>mais</strong> comum a contratação de<br />

executivos de grandes grupos, e até da indústria,<br />

para ajudar na gestão das empresas. E isso é bom<br />

12<br />

O talento de Laura de la Pisa, do Mundial,<br />

no comando de pessoas com deficiência<br />

QUANDO A EXECUÇÃO FRACASSA .........................79<br />

Estratégias e planos têm fracassado<br />

quando colocados em prática. Saiba por quê<br />

Paulo Cardillo, ex-Pão de Açúcar, hoje está na<br />

cearense Super Rede, liderada por José Tabosa<br />

74<br />

CAPA SHUTTERSTOCK


VOCÊ: LAURA NEGRO DE LA PISA<br />

VALORIZANDO O PROFISSIONAL DO VAREJO<br />

POR FERNANDO SALLES | FOTO ANDRÉ VALENTIM<br />

PÁG.<br />

12<br />

DEDICAÇÃO<br />

E ORGULHO<br />

Os funcionários com deficiência<br />

do Mundial sabem que Laura<br />

está disposta a ouvi-los a<br />

qualquer hora. “Não basta<br />

‘incluir’, é preciso acompanhar”,<br />

diz ela (de roupa rosa, na foto)<br />

SUCESSO NA CONTRATAÇÃO<br />

DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA<br />

Um grupo de quase 400 funcionários<br />

da rede Mundial, com 19<br />

lojas no Rio de Janeiro, tem servido<br />

de exemplo dentro e fora da empresa.<br />

São competentes, dedicados, raramente<br />

faltam ou chegam atrasados e<br />

o turnover entre eles é baixíssimo. É<br />

o grupo das pessoas com deficiência<br />

(PCD), que atua em diversas funções<br />

de todas as áreas. À frente dessa turma<br />

está a coordenadora de projetos<br />

sociais Laura Negro de la Pisa (de rosa<br />

na foto), psicopedagoga, que, com<br />

orgulho e emoção, garante: “eles dão<br />

exemplo de solidariedade, alegria e<br />

comprometimento a todos nós”. Laura<br />

chegou ao Mundial 18 anos atrás,<br />

para coordenar treinamentos. Viu,<br />

em 2002, a empresa dar os passos iniciais<br />

de programa formal para contratação<br />

de PCD, com a inclusão de<br />

10 funcionários com deficiência intelectual.<br />

Laura foi a escolhida para<br />

comandar a expansão do projeto em<br />

toda a rede. Em meados de 2004, já<br />

somava 140 pessoas com deficiência<br />

trabalhando. Hoje, o número supera<br />

a cota exigida por lei – de 5% para<br />

empresas acima de 1.000 funcionários,<br />

como no caso do Mundial, que<br />

soma 7.500 colaboradores. O segredo<br />

para que o projeto decolasse foi o<br />

bom planejamento, iniciado com reunião<br />

de sensibilização envolvendo<br />

toda a empresa. Laura também espalhou<br />

cartazes em áreas comuns, orientando<br />

a equipe sobre como lidar com<br />

os PCDs. E não parou por aí. “Promovemos<br />

um concurso em que cada<br />

loja apresentou sugestão de logomarca<br />

e nome para o projeto”, recorda.<br />

Hoje, 53% dos contratados pelo<br />

projeto são pessoas com deficiência<br />

intelectual, 21% física, 8% visual e<br />

20% auditiva. Para se comunicar com<br />

esse último grupo, a equipe de RH<br />

passou por um curso de libras. A rede<br />

oferece ainda condições para a alfabetização<br />

desse grupo e dos profissionais<br />

sem deficiência. Desde<br />

2004, funcionários treinados pelo<br />

RH dão aulas nas lojas aos interessados.<br />

Hoje, há até aulas de 2º grau,<br />

com docentes de fora. Em 2012, 86<br />

funcionários se formaram, para orgulho<br />

de Laura. O mesmo orgulho<br />

que ela sente ao assistir às apresentações<br />

do coral de surdos – formado por<br />

funcionários do Mundial – em ocasiões<br />

como a abertura do Parapan 2012.


SM.DIGITAL<br />

MAIS INFORMAÇÕES NO PORTAL E TABLET<br />

POR ADRIANA SILVESTRINI ADRIANA.SILVESTRINI@SM.COM.BR<br />

PÁG.<br />

14<br />

SM.COM.BR<br />

GOOGLE PLAY<br />

APP STORE<br />

QUE TAL LER AS EDIÇÕES DE SM NO TABLET E CONFERIR CONTEÚDO EXCLUSIVO? ACESSE GRATUITAMENTE PELO APP STORE OU GOOGLE PLAY.<br />

PARA FAZER O DOWNLOAD DO QR CODE EM SEU APARELHO, POSICIONE A CÂMERA SOBRE UM DOS CÓDIGOS ACIMA, FOTOGRAFE E BAIXE O APLICATIVO.<br />

ENQUETE<br />

O setor supermercadista não aceitou proposta do governo<br />

de trocar a contribuição patronal de 20 % sobre a folha<br />

salarial para o INSS por uma taxa de 1 % sobre o faturamento<br />

da empresa. Na sua rede, essa troca seria vantajosa?<br />

95 %<br />

SIM<br />

RANKING<br />

ÚLTIMAS NOTÍCIAS MAIS<br />

ACESSADAS EM JANEIRO<br />

Empresas unem-se para formar<br />

1 megafabricante de bebidas<br />

da Coca-Cola<br />

2<br />

3<br />

4<br />

<strong>Supermercado</strong>s ficam fora<br />

do pacote que desonera folha<br />

salarial no varejo<br />

Ambev ingressa no mercado<br />

de energéticos<br />

Compras no comércio eletrônico<br />

superam as do varejo convencional<br />

5 %<br />

NÃO<br />

ÁREAS LÍDERES EM<br />

CONSULTA NO MÊS PASSADO<br />

1<br />

Últimas Notícias<br />

2<br />

SM Responde<br />

3<br />

4<br />

Negócios<br />

Ponto de Venda<br />

BLOG DE DICAS PRÁTICAS<br />

Você sabe como proteger seu<br />

patrimônio de desastres naturais<br />

como chuvas intensas que<br />

provocam enchentes, quedas<br />

de raio e deslizamentos? Veja no<br />

Portal SM sugestões de como agir<br />

diante dessa situação, bastante<br />

corriqueira em todo início de ano.<br />

NO DIA A DIA DA JUSTIÇA<br />

Seção fixa de SM, a partir de agora<br />

Leis & Tributos ganha atualização<br />

<strong>mais</strong> constante no site de<br />

SM, com informações pontuais.<br />

O objetivo é proporcionar aos<br />

leitores melhor acompanhamento<br />

dos assuntos jurídicos<br />

que envolvem o autosserviço.<br />

ENTREVISTA EM VÍDEO<br />

Preocupações com o trabalho<br />

elevaram o nível de estresse<br />

de 41% dos brasileiros em 2012.<br />

Em dois vídeos disponíveis<br />

na editoria Gestão, a terapeuta<br />

corporal e massoterapeuta<br />

Mary Alves ensina técnicas para<br />

os varejistas aliviarem a tensão.<br />

FOTOS ARQUIVO REDAÇÃO SM


PTO. DE VENDA<br />

TUDO QUE INTERESSA AO SETOR<br />

PÁG.<br />

18<br />

POR FERNANDO SALLES FERNANDO.SALLES@SM.COM.BR | FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

PADARIA<br />

Aula de história<br />

nas embalagens<br />

CLIENTE RETIRA A COMPRA<br />

No novo sistema, as redes disponibilizam um local para o consumidor buscar seu pedido<br />

ESTRATÉGIA<br />

SUPERMERCADOS BRASILEIROS<br />

ADEREM AO DRIVE-THRU<br />

Uma nova tendência parece prestes a ganhar força no varejo alimentar<br />

brasileiro: o sistema drive-thru, no qual clientes retiram na loja produtos<br />

comprados remotamente. A prática deve se fortalecer agora que um dos<br />

gigantes do setor passou a utilizá-la. Desde o início do ano, quem compra na<br />

internet pelo Pão de Açúcar Delivery pode escolher retirar os produtos na loja<br />

localizada na Avenida Washington Luís, zona sul de São Paulo. Três horas após<br />

a compra, o pedido fica disponível para ser retirado em uma área específica<br />

do estacionamento, após o cliente apresentar carteira de identidade e<br />

número do pedido. A taxa de serviço é de R$ 6,90. Após o projeto-piloto<br />

nessa única loja, a ideia é expandir o drive-thru em grandes cidades do País.<br />

Quem passou a oferecer o serviço depois de realizar pesquisas com clientes foi<br />

a rede fluminense Floresta. Por uma taxa de apenas R$ 1, desde o início de 2012<br />

o público pode se dirigir ao espaço destinado para a operação de e-commerce<br />

na loja de Volta Redonda, a fim de retirar pedidos feitos pelo site. O Floresta<br />

oferece, inclusive, a opção de efetuar o pagamento no momento da retirada.<br />

Com 450 m 2 e quatro<br />

checkouts, o Bônus <strong>Supermercado</strong><br />

tem ajudado a resgatar um<br />

pouco da história da cidade<br />

pernambucana de Petrolina.<br />

A ideia partiu de Calby Cruz, dono<br />

da loja. Pouco depois de substituir<br />

as embalagens plásticas por<br />

sacos de papel no setor de padaria,<br />

ele decidiu incluir no verso dos<br />

pacotes de pão informações<br />

históricas sobre os principais<br />

monumentos do município.<br />

Além de agradar aos clientes,<br />

a iniciativa rendeu moção de<br />

aplauso na Câmara de Vereadores<br />

e até elogios diretamente do<br />

prefeito. “Minha esposa diz que<br />

ela é historiadora diplomada, mas<br />

sou eu quem exerço a profissão”,<br />

brinca o supermercadista.


TECNOLOGIA<br />

ASSISTENTE DE<br />

COMPRAS<br />

NO CARRINHO<br />

A catarinense Promocart Brasil<br />

lança um equipamento que funciona<br />

como assistente de compras, acoplado<br />

ao carrinho do supermercado.<br />

Munido de sistema de geolocalização,<br />

permite, por exemplo, anunciar ofertas<br />

de produtos localizados perto do setor<br />

da loja em que o cliente está naquele<br />

momento. Também funciona como<br />

consultor de preço, além de identificar<br />

os membros do programa de fidelidade<br />

da loja, registrando informações<br />

sobre o comportamento de compras.<br />

A rede catarinense Imperatriz é<br />

a primeira a aderir à nova tecnologia.<br />

EQUIPAMENTO MONITORA HÁBITO DE COMPRAS<br />

É possível saber, por exemplo, quanto tempo o cliente permanece em cada corredor


LEIS E TRIBUTOS<br />

EM DIA COM SEUS DIREITOS E DEVERES<br />

PÁG.<br />

20<br />

POR VIVIANE SOUSA VIVIANE.SOUSA@SM.COM.BR<br />

EVITE PROBLEMAS COM O FISCO<br />

NO CANCELAMENTO DE COMPRAS<br />

Para a loja, anular a compra de um produto, após ter sido registrado, é simples.<br />

Basta dar baixa no sistema. O problema é que esse processo não acaba aí. O Fisco, como<br />

não recebe informações detalhadas de cada operação, pode suspeitar que as devoluções<br />

sejam forjadas. Por isso, há risco de as lojas serem autuadas por sonegação de impostos.<br />

A saída é provar que a desistência por parte do cliente realmente aconteceu. Uma forma<br />

de fazer isso é mostrar a bobina de papel usado no caixa, onde o processo foi todo<br />

registrado. No mercado, há empresas que arquivam esse tipo de documento para outras.<br />

Fonte: Vian Assessoria - www.vianassessoria.com.br<br />

EMPRESAS<br />

PODEM<br />

ACOMPANHAR<br />

EMISSOES DE<br />

NF-E PARA<br />

SEU CNPJ<br />

A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo<br />

acaba de desenvolver um software que dá a empresas<br />

de todas as regiões do Brasil acesso à relação de NF-e<br />

(Notas Fiscais Eletrônicas) emitidas para seu CNPJ. Com<br />

isso, o contribuinte poderá acompanhar o fluxo comercial,<br />

detectar indícios de fraudes ou simulações que envolvam<br />

o uso indevido de seus dados e sinalizar ao Fisco se<br />

reconhece ou não determinada operação. O Aplicativo<br />

de Manifestação do Destinatário é gratuito e está<br />

disponível pelo link https://www.fazenda.sp.gov.br/nfe.<br />

Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo www.fazenda.sp.gov.br<br />

FOTOS THE COMMONS<br />

CERTIFICACAO<br />

DIGITAL AGORA<br />

E OBRIGATORIA<br />

PARA<br />

TRANSMISSAO<br />

DO CAGED<br />

Desde o dia 11<br />

de janeiro, as empresas<br />

com 20 ou <strong>mais</strong> vínculos<br />

empregatícios precisam<br />

de certificação digital<br />

para transmitir o<br />

Caged (Cadastro Geral<br />

de Empregados e<br />

Desempregados) para<br />

o Ministério do Trabalho.<br />

Até então, o uso era<br />

facultativo. Todas as<br />

empresas que tenham<br />

admitido, desligado ou<br />

transferido funcionários<br />

com contrato de trabalho<br />

regido pela CLT<br />

devem fazer o cadastro.<br />

Aquelas que ainda não<br />

entregaram os dados<br />

referentes ao mês de<br />

dezembro também vão<br />

precisar de certificado.<br />

Vale lembrar que atrasos<br />

incidem em multa.<br />

As empresas certificadoras<br />

podem ser consultadas<br />

pelo www.iti.gov.br/<br />

icp-brasil/estrutura.<br />

Fonte: Alterdata www.alterdata.com.br


PARCELAMENTO<br />

DO ICMS E<br />

LIBERADO EM SP<br />

A partir de 1º de março, os contribuintes<br />

com débitos de ICMS/ICM ocorridos até o dia<br />

31 de julho do ano passado, inscritos ou não<br />

na dívida ativa, poderão quitá-los por meio do<br />

PEP (Programa Especial de Parcelamento), da<br />

Secretaria da Fazenda e da Procuradoria-Geral<br />

do Estado. Os pagamentos poderão ser à vista<br />

com redução de 75% no valor das multas e de<br />

60% nos juros incidentes, ou em até 120 vezes,<br />

com redução de 50% no valor das multas e<br />

40% nos juros. O valor mínimo de cada parcela<br />

é de R$ 500. O programa aceita migração do<br />

PPI (Programa de Parcelamento de Incentivo),<br />

de 2007, que estiver com acordo rompido<br />

até 31/05/2012 e saldo remanescente inscrito<br />

na dívida ativa. Débitos de parcelamentos<br />

concedidos nos termos do PPI do ICMS,<br />

que estavam em andamento regular em<br />

31/05/2012 ou que tenham sido rompidos<br />

após essa data, não poderão ser incluídos.<br />

Fonte: Secretaria da Fazenda www.fazenda.sp.gov.br<br />

FERIAS INFERIORES A<br />

10 DIAS PODEM GERAR ACAO<br />

Reduzir férias de<br />

colaboradores para menos<br />

de dez dias pode resultar em<br />

pagamento de indenizações<br />

pelas empresas. De acordo<br />

com o TST (Tribunal Superior<br />

do Trabalho), a legislação<br />

privilegia a concessão das<br />

férias num único período<br />

e autoriza o fracionamento<br />

desde que ele não seja inferior<br />

aos dez dias, conforme<br />

o disposto no artigo 134<br />

da CLT (Consolidação das<br />

Leis do Trabalho). O motivo<br />

disso é que as férias têm como<br />

função proteger a saúde do<br />

trabalhador, a qual ficaria<br />

comprometida com a redução<br />

dos dias. O descumprimento<br />

pode gerar ação judicial para<br />

que a empresa pague em dobro<br />

o valor das férias do funcionário.


LEIS E TRIBUTOS<br />

ALIQUOTA DE 4% PARA ICMS<br />

DE IMPORTADOS JA ESTA VALENDO<br />

THE COMMONS<br />

Previsto na Resolução<br />

nº 13/2012 do Senado Federal,<br />

o novo desconto vale para todo<br />

o Brasil e incide nas operações<br />

interestaduais com mercadorias<br />

importadas e com <strong>mais</strong> de<br />

40% de matéria-prima estrangeira.<br />

De acordo com a Vian Assessoria,<br />

tal medida trará dois impactos:<br />

primeiro no custo de aquisição<br />

e segundo no cálculo do ICMS-ST,<br />

pois o percentual de MVA-ST<br />

ajustado irá aumentar. A nova<br />

alíquota também deve ser aplicada<br />

aos produtos estocados até 31<br />

de dezembro de 2012 e vendidos<br />

a partir de 1º de janeiro de 2013.<br />

Fonte: Vian Assessoria<br />

www.vianassessoria.com.br<br />

PRORROGADA ALIQUOTA<br />

ZERO DO PIS/COFINS PARA PAO<br />

O benefício segue até 31/12/2013 e também é válido para trigo duro<br />

e semeadura, farinha de trigo, além de pré-mistura para fabricação de pão<br />

tipo comum. A medida está prevista na Lei 12.166.<br />

Fonte: MG Contécnica www.mgcontecnica.com.br<br />

PAULO PEREIRA ESTUDIO LUZIA<br />

NAO RECOLHER<br />

FGTS PODE<br />

RENDER RESCISAO<br />

INDIRETA AO<br />

COLABORADOR<br />

As empresas que<br />

atrasam salário, fazem<br />

os empregados enfrentar<br />

riscos desnecessários,<br />

oferecem condições de<br />

trabalho precárias ou<br />

ainda não recolhem FGTS<br />

(Fundo de Garantia do<br />

Tempo de Serviço) podem<br />

ser alvo de complicações<br />

judiciais. Fábio<br />

Christófaro, advogado<br />

da Gaiofato Advogados<br />

& Associados, explica<br />

que, nessas condições, o<br />

funcionário pode recorrer<br />

à Justiça do Trabalho para<br />

entrar com um pedido<br />

de demissão sem justa<br />

causa. Caso os motivos<br />

sejam comprovados, ele<br />

tem direito à chamada<br />

rescisão indireta, que<br />

garante todos os direitos<br />

de uma demissão sem<br />

justa causa, como aviso<br />

prévio, multa de 40%, etc.<br />

“Dependendo da atitude<br />

do empregador, a ação<br />

poderá incluir pedido<br />

de indenização por danos<br />

morais ou por assédio<br />

moral”, diz Christófaro.<br />

Se o colaborador não<br />

entrar com a ação<br />

30 dias antes de se<br />

afastar das atividades<br />

será considerado<br />

abandono de emprego.<br />

Fonte: Gaiofato Advogados &<br />

Associados www.gaiofato.com.br<br />

22 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


O MERCADO<br />

PREMIUM<br />

Ao discutir as grandes<br />

oportunidades do<br />

varejo até 2020, não dá<br />

para ignorar o papel<br />

dos produtos premium.<br />

Eles contribuirão<br />

(e muito) para puxar as<br />

vendas em valor,<br />

conforme mostra a<br />

McKinsey em seu<br />

estudo City Nav.<br />

O mesmo estudo<br />

sinalizou que o Brasil<br />

terá anos dourados<br />

(veja edição de janeiro)<br />

e levou SM a criar essa<br />

série. A ideia é ajudá-lo<br />

a aproveitar tudo<br />

o que o futuro promete<br />

THE COMMONS<br />

26 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


TEXT O FERNANDO SALLES FERNANDO.SALLES@SM.COM.BR<br />

ACHOCOLATADO LÍQUIDO<br />

ALVEJANTE SEM CLORO<br />

BISCOITO<br />

CHOCOLATE<br />

CONDICIONADOR<br />

CREME DENTAL<br />

DESODORANTE<br />

DESTILADOS<br />

IOGURTE<br />

SABAO PARA ROUPA<br />

SABONETE<br />

SHAMPOO<br />

PAES INDUSTRIALIZADOS<br />

PRODUTOS<br />

NOBRES<br />

O BRASILEIRO ESTÁ MAIS DISPOSTO<br />

A ADICIONAR VALOR AGREGADO À CESTA<br />

DE COMPRAS. E ESSA DISPOSIÇÃO<br />

TENDE A AUMENTAR AINDA MAIS,<br />

SEGUNDO ESTUDO DA MCKINSEY. POR<br />

ISSO, A INDÚSTRIA LANÇA OS ‘PREMIUM’<br />

E POR ISSO VOCÊ DEVE ARREGALAR<br />

OS OLHOS PARA ESSE SEGMENTO<br />

BISCOITOS<br />

Versão nobre dentro da categoria, os cookies têm conquistado maior atenção por parte da<br />

indústria e também maior espaço na cesta de compras do shopper que valoriza o sabor<br />

FEVEREIRO 2013 | SM.COM.BR 27


PRODUTOS NOBRES<br />

PREPARA BRASIL<br />

A<br />

o mapear as tendências para 45 categorias<br />

de bens de consumo, no estudo<br />

CityNav Brasil, a consultoria internacional<br />

McKinsey constatou que,<br />

até 2020, os produtos que entregarem<br />

<strong>mais</strong> benefícios ao consumidor<br />

irão crescer <strong>mais</strong> em faturamento do<br />

que os itens tradicionais. É uma clara<br />

consequência do momento econômico<br />

brasileiro, no qual a renda de boa parte da<br />

população está em alta. “Com <strong>mais</strong> dinheiro no bolso,<br />

a população começa a sofisticar a alimentação”,<br />

diz Fabio Stul, sócio da McKinsey. A valorização dos<br />

‘nobres’ aparece também no consumo de itens de<br />

higiene pessoal e até nos de limpeza.<br />

Outro estudo, da Kantar WorldPanel, mostra que<br />

as versões premium cresceram 10 pontos percentuais<br />

em participação na cesta de compra, entre 2001 e<br />

2011. E hoje já respondem por 37% do que é adquirido<br />

nos domicílios do País – premium são os produtos<br />

cujo preço de vendas é pelo menos 10% superior à<br />

média. Nesta reportagem, você encontra exemplos<br />

de itens ‘nobres”, entende os hábitos do consumidor<br />

e fica sabendo o que é preciso fazer para ganhar <strong>mais</strong>.<br />

QUEM E NOBRE SEMPRE APARECE<br />

Alguns grupos de produtos se destacam <strong>mais</strong> do que outros nas vendas de versões premium. É o caso<br />

daquele com apelo à indulgência, como biscoitos, justamente por intensificar o prazer, a autopremiação. Outro<br />

é o de ‘saúde ‘ com versões como a do pão de forma integral com grãos. E há as linhas que atendem o desejo<br />

de beleza, um dos <strong>mais</strong> marcantes entre os brasileiros. Sabonete líquido e shampoo profissional são bons<br />

exemplos. Existem ainda produtos que agregam benefícios a tarefas chatas, como lavar roupa. Sabão líquido e<br />

alvejantes tira-machas estão entre eles. Para você entender melhor, veja o potencial de vendas de seis grupos,<br />

a maioria com itens premium. A McKinsey estimou o crescimento anual em valor de cada um deles até 2020.<br />

SHAMPOO, CONDICIONADOR, TINTURAS, CREMES<br />

SABONETE EM BARRA E LÍQUIDO, SAIS DE BANHO, TALCO<br />

DETERGENTE, LIMPADORES DE BANHEIRO E COZINHA, CERAS<br />

LAVA-ROUPAS EM PÓ E LÍQUIDO, SABÃO EM BARRA, AMACIANTE,<br />

ALVEJANTE, PASSADOR DE ROUPA<br />

DESODORANTES (TODOS OS APLICADORES)<br />

ESCOVA DE DENTE, CREME DENTAL, FIO DENTAL, ANTISSÉPTICO<br />

Fonte: McKinsey/ CityNav Brasil<br />

8,5%<br />

8,5%<br />

7,9%<br />

7,8%<br />

6,2%<br />

6,0%<br />

28 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


PREMIUM ROUBA MERCADO DE ITENS BÁSICOS*<br />

PREÇO BAIXO PREÇO MÉDIO PREÇO PREMIUM<br />

33% 40% 27%<br />

30% 47% 23% 28% 40% 32%<br />

26% 37% 37%<br />

2001 2002-2006<br />

2008<br />

Fonte: Kantar WorldPanel/amostra de 8.200 lares que representa 90% do potencial de consumo no Brasil<br />

* O levantamento considera premium os itens com preço pelo menos 10% superior à média da categoria<br />

2011<br />

GRANDES FABRICANTES CONFIRMAM AVANCO<br />

DO SEGMENTO PREMIUM<br />

EMPRESA CATEGORIA CRESCIMENTO EM VALOR EM 2012<br />

BRF Iogurte (com ingredientes naturais) 61%<br />

SEVEN BOYS Pão industrializado (12 grãos sem açúcar) 40%<br />

UNILEVER * Creme dental (branqueadores) 26%<br />

HERSHEY’S Chocolate (60% de cacau) 25%<br />

P&G Sabão para roupa (versão líquida) 17%<br />

* 2011 X 2010<br />

THE COMMONS<br />

DESTILADOS<br />

Segundo a Diageo, o mercado de bebidas premium apresenta forte crescimento,<br />

sobretudo em valor. É o brasileiro disposto a gastar <strong>mais</strong> com destilados de qualidade<br />

FEVEREIRO 2013 | SM.COM.BR 29


PRODUTOS NOBRES<br />

PREPARA BRASIL<br />

DESEJO POSSÍVEL<br />

Com desemprego em baixa e<br />

salários em alta, é cada vez <strong>mais</strong><br />

comum as famílias brasileiras<br />

incluírem no carrinho<br />

de compras versões de alto<br />

valor agregado. Bom para o<br />

ticket médio e para as margens.<br />

TROCA GRADATIVA<br />

Para Sebastian Concha, da<br />

Mintel, a conversão para a<br />

compra de itens premium não<br />

ocorre do dia para a noite. Bom<br />

exemplo são os detergentes<br />

para roupa. “Na Inglaterra quase<br />

todo o mercado é da versão<br />

líquida e concentrada. Mas<br />

esse processo demorou anos:<br />

começou com barra, depois pó,<br />

líquido e concentrado”. O Brasil<br />

ainda vive a fase de troca para a<br />

versão líquida. Os consumidores<br />

tendem a ser conservadores,<br />

sobretudo com escolhas que<br />

implicam <strong>mais</strong> gastos”, resume.<br />

SHUTTERSTOCK<br />

MATHEUS URENHA<br />

CONSUMIDOR<br />

PELA QUALIDADE OU POR<br />

STATUS, BRASILEIRO ESTÁ SE<br />

ACOSTUMANDO A LEVAR<br />

ITENS NOBRES PARA CASA<br />

Premium, sim. Exclusivo, nem<br />

tanto. Apesar de ainda ser comum<br />

a ideia de que o consumo<br />

de produtos nobres se restringe<br />

às classes A e B – sobretudo das grandes<br />

cidades –, hoje esse estereótipo não<br />

passa de uma meia verdade: as classes<br />

de menor renda também compram,<br />

mesmo que apenas em determinadas<br />

ocasiões. “Não são só as pessoas ‘premium’<br />

que compram produtos premium.<br />

Na verdade, compra quem tem<br />

alguma renda livre, quer presentear,<br />

entre outros fatores”, comenta Rafael<br />

D’Andrea, sócio-diretor da ToolBox.<br />

Com os consecutivos ganhos de renda<br />

da população brasileira, a tendência<br />

é de que sobre cada vez <strong>mais</strong> uma<br />

certa quantia para experimentar itens<br />

de qualidade superior. Sebastian Concha,<br />

diretor de pesquisa da Mintel na<br />

América Latina, acrescenta que a decisão<br />

de compra de produtos do segmento<br />

premium obedece a uma série<br />

de fatores internos e externos, entre<br />

os quais a convicção de que a qualidade<br />

é melhor e o status conferido a<br />

quem serve marcas premium à família<br />

e a amigos. O público das classes D e<br />

E pode não consumir as marcas <strong>mais</strong><br />

famosas de refrigerante todos os dias,<br />

mas em ocasiões como churrascos e<br />

festas de aniversário, elas certamente<br />

estarão na mesa. “O processo de eleger<br />

ocasiões especiais, porém, aparece em<br />

todos os níveis sociais. Afinal, a classe<br />

alta também não consome champagne<br />

todos os dias”, afirma.<br />

THE COMMONS<br />

Mais de 30% dos<br />

lares que consomem<br />

itens básicos de<br />

iogurte também<br />

levam para casa<br />

produtos premium,<br />

ainda que em menor<br />

volume e com menor<br />

frequência. No caso<br />

dos chocolates,<br />

é cada vez <strong>mais</strong><br />

comum a compra de<br />

caixas de bombom<br />

para presente. Isso<br />

até entre a baixa renda<br />

JOVENS GOSTAM<br />

DE CERVEJA<br />

IMPORTADA<br />

Em diversas categorias,<br />

o público jovem se mostra<br />

disposto a experimentar<br />

produtos com algum diferencial<br />

em relação aos itens básicos. Isso<br />

acontece, por exemplo, no<br />

segmento de cervejas. Segundo<br />

pesquisa feita pela empresa<br />

global de inteligência de mídia<br />

Mintel, 49% do público entre<br />

18 e 34 anos consome cervejas<br />

importadas. Entre os brasileiros<br />

com <strong>mais</strong> de 45 anos, esse<br />

índice não chega sequer a 20%.<br />

30 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


PRODUTOS NOBRES<br />

PREPARA BRASIL<br />

CATEGORIAS<br />

ITENS DE ALTO VALOR<br />

AGREGADO JÁ REPRESENTAM<br />

PARCELA IMPORTANTE DAS<br />

VENDAS NO AUTOSSERVIÇO<br />

CACAU SHOW<br />

NA SUA LOJA<br />

Chocolaterias, como a<br />

Cacau Show, popularizaram<br />

os chocolates premium e<br />

contribuíram para levar esse<br />

mercado aos supermercados.<br />

Mais brasileiros procuram<br />

itens sofisticados e boa parte<br />

para consumo frequente e não<br />

apenas eventual. Estudo da<br />

Mintel, realizado em 2012, indica<br />

que essas marcas deverão, num<br />

futuro próximo, ser vendidas em<br />

supermercados, como já<br />

acontece com a marca suíça Lindt.<br />

ALTA PENETRAÇÃO<br />

Lançamentos de itens premium em<br />

categorias com boa presença nos<br />

lares têm <strong>mais</strong> chances de sucesso,<br />

analisa Rafael D’Andrea, da ToolBox.<br />

Casos de biscoitos, massas e pães de<br />

forma. Iogurte também é um exemplo.<br />

Primeiro surgiu a versão funcional,<br />

que explodiu em vendas, e agora a<br />

grega, que já anuncia sucesso. Rogério<br />

Hirose, da McKinsey, concorda: ”em<br />

categorias de alta penetração, o<br />

crescimento é gerado por inovações”.<br />

FOTOS THE COMMONS<br />

DIVULGAÇÃO<br />

P<br />

or muito tempo o produto premium<br />

foi tratado pelo varejo como<br />

item que atende apenas um<br />

nicho de mercado. Agora, com<br />

a maior parte da população brasileira<br />

na classe média, há oportunidades<br />

de trabalhar estratégias <strong>mais</strong> amplas<br />

para esses produtos, analisa Rafael<br />

D’Andrea, da ToolBox. Segundo ele,<br />

trata-se de um processo natural: com<br />

<strong>mais</strong> renda disponível, as pessoas passam,<br />

em um primeiro momento, a consumir<br />

categorias que antes ficavam de<br />

fora da cesta de compras. O passo seguinte<br />

é escolher versões <strong>mais</strong> sofisticadas<br />

dentro de cada categoria. “Hoje<br />

produtos como chocolate já integram<br />

a ‘cesta básica’ do shopper”, exemplifica.<br />

Com o consumo se tornando habitual,<br />

as necessidades mudam. Não por<br />

acaso, a gôndola dessa categoria foi invadida<br />

por versões com fórmulas <strong>mais</strong><br />

elaboradas. Na fabricante Hershey’s,<br />

apenas no ano passado cresceram em<br />

25% as vendas das linhas de chocolate<br />

premium: as versões para presentear<br />

e o Special Dark com 60% de cacau.<br />

Segundo Victoria Gabrielle, gerente<br />

de marketing da Hershey’s, esses itens<br />

geram maior rentabilidade ao varejo.<br />

“O retorno está na alta lucratividade<br />

por unidade, enquanto nos itens regulares,<br />

cujas margens são menores, está<br />

na venda de grandes volumes”, resume.<br />

Outro resultado importante que a<br />

maior venda de itens nobres proporciona<br />

ao varejo é a possibilidade de<br />

aumentar o ticket médio.<br />

INFLUÊNCIA<br />

ESPECIALIZADA<br />

Ficar atento a produtos que<br />

despontam em outros canais<br />

de venda é uma forma de<br />

antecipar tendências que<br />

certamente chegarão à sua<br />

loja. Um exemplo recente é<br />

o Bacardi Big Apple, produto<br />

que ganhou força nas baladas<br />

das grandes cidades. A bebida<br />

hoje é o grande foco da<br />

fabricante e responsável por<br />

rejuvenescer a categoria de<br />

rum. Afinal, o público-alvo<br />

são os jovens de 18 a 24 anos.<br />

“As tendências começam<br />

nos canais especializados e<br />

depois chegam a pontos de<br />

venda tradicionais”, confirma<br />

Sebastian Concha, da Mintel.<br />

Os nobres cookies<br />

têm conquistado<br />

o consumidor e<br />

levado indústrias,<br />

como a Pepsico,<br />

a investir em<br />

novidades.<br />

A empresa lançou<br />

recentemente<br />

a versão com gotas<br />

de chocolate<br />

da marca Toddy<br />

32 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


PRODUTOS NOBRES<br />

PREPARA BRASIL<br />

CATEGORIAS<br />

VISUAL ATRATIVO<br />

Dar visibilidade aos premium<br />

é uma boa iniciativa para gerar<br />

a experimentação do shopper,<br />

conforme explica Rafael<br />

D’Andrea, sócio da ToolBox.<br />

Expositores diferentes e<br />

sinalização bonita e funcional<br />

fornecem informações ao<br />

shopper, sem necessidade de<br />

atendimento pessoal. Na foto,<br />

o Pão de Açúcar mostra, em<br />

um aparador vertical e uma<br />

‘lousa’ no topo da prateleira,<br />

que aquele espaço é dedicado<br />

aos itens orgânicos. Ou seja,<br />

chama a atenção sobre uma<br />

categoria premium, com<br />

potencial crescente de vendas.<br />

Para estimular a<br />

compra de versões<br />

<strong>mais</strong> sofisticadas<br />

de cremes<br />

dentais, a Unilever<br />

recomenda<br />

exposição desses<br />

itens à altura<br />

dos olhos. Os itens<br />

de cuidado básico<br />

devem ficar abaixo<br />

ARQUIVO REDAÇÃO SM<br />

Lucro. É esse o papel das categorias<br />

premium. Segundo a BRF, a diferença<br />

de preço entre os iogurtes premium<br />

(<strong>mais</strong> caros) e os regulares é de cerca<br />

de 90%. Trata-se, portanto, de um<br />

segmento favorável para indústria e<br />

varejo. Além dos iogurtes, que estão<br />

em pleno processo de premiunização,<br />

outras categorias seguem o mesmo<br />

caminho. Creme dental, que passou<br />

sua existência nos lares brasileiros<br />

como um produto básico, sem diferenças<br />

notáveis entre as marcas, hoje<br />

ganha versões que mobilizam o consumidor.<br />

De acordo com a Unilever,<br />

dona da marca Close-Up, a versão de<br />

clareamento cresceu 26%, entre 2010 e<br />

2011. Segundo a multinacional, o segmento<br />

premium é o que <strong>mais</strong> avança<br />

na categoria, e isso acontece em todas<br />

as classes sociais, apesar dos preços<br />

serem, em média, 60% superiores<br />

em relação aos cremes básicos. Para a<br />

P&G, responsável pela marca Oral-B,<br />

os itens nobres já respondem por 35%<br />

das vendas de cremes dentais e, mantido<br />

ritmo atual de crescimento, dentro<br />

de um ano devem representar fatia<br />

superior a 40%. Avanço semelhante é<br />

percebido pela P&G no mercado de<br />

lavagem de roupas. “A consumidora<br />

busca cada vez <strong>mais</strong> soluções que<br />

economizem tempo, e está disposta a<br />

desembolsar um valor superior para<br />

ter esse ganho”, avalia Daniel Marias,<br />

gerente de trade marketing da P&G<br />

Brasil. Por isso, a versão de sabão líquido<br />

para roupa está em expansão e,<br />

num futuro não muito distante, deverá<br />

liderar as vendas. Pode parecer impossível,<br />

mas a versão pó deve perder<br />

espaço nas prateleiras.<br />

THE COMMONS<br />

Vale entender<br />

o ciclo de vida de<br />

cada lançamento<br />

premium. Afinal,<br />

por um tempo<br />

o item precisará<br />

de maior suporte<br />

na loja, como ações<br />

de merchandising<br />

e preço adequado,<br />

para gerar<br />

experimentação<br />

e, finalmente,<br />

o consumo regular<br />

MAIS RETORNO<br />

NO MESMO<br />

ESPAÇO<br />

Em comparação aos produtos<br />

básicos, os itens nobres<br />

oferecem pelo menos três vezes<br />

<strong>mais</strong> retorno por espaço linear<br />

de gôndola. A afirmação é do<br />

consultor Rafael D’Andrea,<br />

que faz o cálculo considerando<br />

a margem bruta obtida. Em<br />

alguns casos, de acordo com<br />

o sócio-diretor da ToolBox, o<br />

retorno chega a ser seis vezes<br />

superior ao dos itens básicos.<br />

34 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


PRODUTOS NOBRES<br />

PREPARA BRASIL<br />

O QUE FAZER<br />

EXPLIQUE PARA<br />

CONVENCER<br />

O Pão de Açúcar não poupa<br />

esforços para convencer seu<br />

cliente a comprar produtos<br />

premium. Suas lojas criam, por<br />

exemplo, espaços de alta<br />

visibilidade para alguns rótulos<br />

de vinho e sinalizam indicando a<br />

temperatura ideal de consumo.<br />

Ou seja, para itens nobres,<br />

tratamento nobre. Isso encoraja<br />

o consumo. Criar um contexto<br />

convidativo é essencial para que<br />

os resultados apareçam.<br />

No caso dos vinhos, valem<br />

outras informações, como<br />

harmonizações gastronômicas<br />

e benefícios para a saúde.<br />

É um erro avaliar<br />

os resultados de<br />

um produto<br />

premium apenas<br />

pelo volume vendido.<br />

Muitos desses<br />

itens são adquiridos<br />

pelo shopper<br />

apenas em alguns<br />

momentos, mesmo<br />

assim rentabilizam<br />

o departamento<br />

JOÃO DE FREITAS<br />

OS PREMIUM PODEM SE EXPANDIR<br />

AINDA MAIS, DESDE QUE<br />

NÃO SE ATROPELE AS ETAPAS<br />

Valorizar o produto premium na<br />

sua loja é um trabalho que exige<br />

paciência. Afinal, o brasileiro tem,<br />

sim, sofisticado sua cesta de compras,<br />

mas o fator preço ainda é um atributo<br />

que pesa em muitas decisões de<br />

compra. Por isso, Sebastian Concha, da<br />

Mintel, alerta que mudanças muito radicais<br />

no sortimento podem assustar o<br />

shopper. Segundo ele, é importante destinar<br />

um espaço para produtos premium,<br />

incluindo novidades, mas sem<br />

deixar de expor o básico em larga escala.<br />

O aumento do consumo dos itens nobres<br />

é gradual e varia em velocidade e<br />

volume de categoria para categoria. Rafael<br />

D’Andrea, da ToolBox, acrescenta<br />

que ao trabalhar com premium é fundamental<br />

mesclar as versões nacionais<br />

com opções importadas (<strong>mais</strong> caras),<br />

para atender clientes dispostos a desembolsar<br />

diferentes valores, sem que a<br />

loja fique com imagem de careira. O sócio<br />

da ToolBox chama a atenção ainda<br />

para a necessidade de olhar para os produtos<br />

nobres de forma menos operacional<br />

e <strong>mais</strong> estratégica. Isso pode ser feito,<br />

segundo ele, com a criação do cargo<br />

de gestor de marcas premium, que trabalharia<br />

em tempo integral formulando<br />

ações para melhorar o desempenho dos<br />

produtos. Ele cuidaria do cenário de exposição,<br />

de estímulos à experimentação<br />

de cada item e de campanhas envolvendo<br />

os clientes do programa de fidelidade.<br />

O cargo ainda não existe no varejo<br />

brasileiro, mas é, sem dúvida, uma ideia<br />

para quem pensa em elevar a rentabilidade.<br />

Basta saber quem se candidata.<br />

DIVULGAÇÃO<br />

VANTAGEM<br />

NA LARGADA<br />

Algumas indústrias, como as de<br />

pães de forma, saíram na frente<br />

no lançamento de itens premium.<br />

Com pães integrais de melhor<br />

consistência e sabor, e cheios<br />

de grãos nobres, formaram<br />

consumidores e conquistaram<br />

espaço nas prateleiras. Hoje,<br />

os premium lideram as gôndolas<br />

de muitas lojas. Não é à toa que,<br />

no ano passado, as vendas da<br />

categoria no autosserviço subiram<br />

9,5% em valor. Em algumas áreas<br />

a alta foi ainda maior: 15,6%<br />

no Norte e Centro-Oeste; e 13,9%<br />

na Grande São Paulo (dados<br />

Nielsen). Para aproveitar o<br />

segmento, a Seven Boys sugere<br />

expor os premium com as de<strong>mais</strong><br />

versões para estimular as compras.<br />

MAIS INFORMAÇÕES:<br />

MINTEL<br />

EMPRESA GLOBAL DE INTELIGÊNCIA DE MÍDIA<br />

0-800-095-9094<br />

BRASIL@MINTEL.COM<br />

TOOLBOX<br />

(11) 4208-3417<br />

WWW.TOOLBOXTM.COM.BR<br />

36 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


THE COMMONS<br />

38 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


TEXT O VIVIANE SOUSA<br />

VIVIANE.SOUSA@SM.COM.BR<br />

ÁGUA MINERAL<br />

CEREAL MATINAL<br />

ATÉ 2020, ITENS DE ACESSO – AQUELES QUE<br />

PASSAM A SER CONSUMIDOS PELAS CLASSES<br />

D/E – TAMBÉM DEVERÃO CRESCER. ALGUNS<br />

JÁ ESTÃO ENTRANDO NA CESTA DE COMPRAS<br />

E DEVEM TER ALTA NAS VENDAS POR MAIS<br />

DOIS ANOS. VEJA QUAIS SÃO, SEGUNDO PESQUISA<br />

NIELSEN, E ENTENDA COMO TRABALHÁ-LOS.<br />

IMPORTANTE: OUTROS SURGIRÃO<br />

CONCENTRADO<br />

DE LIMPEZA<br />

ESCOVA DENTAL<br />

INSETICIDA<br />

LEITE FERMENTADO<br />

MOLHO DE TOMATE<br />

TINTURA PARA CABELO<br />

CEREAIS<br />

Para impulsionar as vendas entre os consumidores das classes D/E, vale oferecer embalagens pequenas<br />

para consumo em lanche escolar ou como snack. São <strong>mais</strong> baratas<br />

FEVEREIRO 2013 | SM.COM.BR 39


PRODUTOS DE ACESSO<br />

PREPARA BRASIL<br />

Se você ainda tem dúvidas sobre que<br />

futuro aguarda os seus negócios, fique<br />

tranquilo. O aumento das vendas<br />

tende a se estender a várias<br />

categorias. Outra pesquisa, essa da<br />

Nielsen, mostra que as classes D/E,<br />

antes mesmo de chegar à classe<br />

média, consumirão produtos que<br />

nunca ou raramente entravam em<br />

seu carrinho de compras. Esse movimento já começou<br />

e envolver itens relacionados à saúde, como<br />

água mineral e leite fermentado; à comodidade, como<br />

concentrado de limpeza; e à higiene básica, como<br />

escova dental. São oito categorias identificadas<br />

pela Nielsen na pesquisa Mudanças no mercado brasileiro<br />

2012. Segundo Ramon Cassel, analista de mercado<br />

da consultoria, se a renda da base da pirâmide<br />

continuar a crescer, o consumo desses produtos aumentará<br />

ainda <strong>mais</strong> nos próximos dois ou três anos<br />

e outros serão incorporados à rotina. Por isso, lojas<br />

instaladas nas regiões <strong>mais</strong> carentes do País, em<br />

bairros de periferia e em favelas devem se preparar<br />

para acomodar novos itens nas prateleiras ou aumentar<br />

a oferta do que já está disponível. Deverão<br />

também se preparar para que o abastecimento seja<br />

regular e o preço compatível com a renda do cliente.<br />

Fátima Merlin, diretora executiva da Connect<br />

Shopper, destaca ainda que a loja precisa estimular<br />

as classes D/E a comprar, recomprar e aumentar o<br />

volume adquirido. “Eles estão com <strong>mais</strong> dinheiro no<br />

bolso, dispostos a gastar, mas, por falta de conhecimento,<br />

continuam levando os mesmo produtos de<br />

sempre”, explica. Nesta reportagem, você fica conhecendo<br />

algumas ideias para motivar a clientela.<br />

SM levantou informações sobre o comportamento<br />

do público que ajudarão a direcionar as ações.<br />

CONSUMO BAIXO<br />

POTENCIAL ELEVADO<br />

Na tabela é possível ter uma ideia do quanto a<br />

presença de alguns produtos de acesso nos lares do<br />

público D/E ainda é baixa. Cereal matinal, por exemplo,<br />

tem um índice de penetração de 34%. Leite fermentado,<br />

de 39%. Também é possivel perceber que<br />

eles começam a se popularizar entre as famílias de<br />

baixa renda, pois os índices estão subindo. No caso<br />

do concentrado de limpeza, a alta foi de cerca de seis<br />

pontos percentuais entre 2011 e 2012. Nada mau.<br />

CATEGORIAS<br />

CEREAL<br />

MATINAL<br />

LEITE<br />

FERMENTADO<br />

ÁGUA<br />

MINERAL<br />

CONCENTRADO<br />

DE LIMPEZA<br />

ESCOVA<br />

DENTAL<br />

MOLHO<br />

DE TOMATE<br />

Fonte: Nielsen/Homescan<br />

2011 2012<br />

33,2%<br />

34,0%<br />

35,9%<br />

39,1%<br />

43,0%<br />

50,4%<br />

59,7%<br />

66,3%<br />

69,4%<br />

71,5%<br />

76,1%<br />

80,4%<br />

40 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


CONSUMO PER CAPITA E MENOR NO NORDESTE<br />

Os produtos de acesso apresentam maior consumo anual por habitante nos grandes centros banos, onde há maior concentração de renda. O Nordeste é a região com menor consumo per capIta.<br />

ur-<br />

A exceção é água mineral, pois cada habitante consome por ano 32,2 litros, contra 18 litros da média<br />

Brasil. O motivo está relacionado ao calor e à carência de água potável encanada<br />

CATEGORIA CONSUMO BRASIL ÁREAS DE MAIOR CONSUMO ÁREAS DE MENOR CONSUMO<br />

ÁGUA MINERAL 18 L NORDESTE 32,2 INTERIOR DE SP 9,8<br />

LEITE FERMENTADO 0,4 KG GRANDE SP 0,8 NORDESTE 0,2<br />

CEREAL MATINAL 0,2 KG GRANDE SP 0,4 NORDESTE 0,1<br />

CONCENTRADO DE LIMPEZA 0,9 L GRANDE RJ 1,5 NORDESTE 0,3<br />

ESCOVA DENTAL 1,5 UND GRANDE RJ 2,2 NORDESTE 1,0<br />

INSETICIDA AEROSSOL 0,4 L GRANDE RJ 0,7 NORTE E CENTRO OESTE 0,3<br />

MOLHO DE TOMATE 1,3 KG GRANDE SP 2,6 NORDESTE 0,4<br />

TINTURA PARA CABELO 0,9 UND GRANDE RJ 2,4 NORDESTE 0,6<br />

Fonte: Nielsen/2011<br />

THE COMMONS<br />

ESCOVA DENTAL<br />

Uma boa maneira de estimular o consumo de escovas é oferecendo informação<br />

sobre as recomendações de dentistas: uso individual (não familiar) e troca a cada três meses<br />

FEVEREIRO 2013 | SM.COM.BR 41


PRODUTOS DE ACESSO<br />

PREPARA BRASIL<br />

CONSUMIDOR<br />

55 MILHÕES DE BRASILEIROS<br />

AINDA ESTÃO NA BAIXA RENDA<br />

MAS SÓ A CLASSE D MOVIMENTA<br />

POR ANO R$ 409 BILHÕES<br />

INFLUÊNCIA<br />

DE 22 MILHÕES<br />

DE CRIANÇAS<br />

Assim como nas de<strong>mais</strong> classes<br />

sociais, as crianças de baixa<br />

renda participam ativamente<br />

das compras. Dados do Data<br />

Popular mostram que 61%<br />

dos pais têm dificuldade de<br />

dizer “não” aos filhos. Nas<br />

lojas, os pequenos defendem<br />

produtos e marcas e rejeitam<br />

o que não gostam. A opinião<br />

deles prevalece em 82%<br />

das compras de biscoitos<br />

e chocolates; em 70% das<br />

compras de iogurtes e em 61%<br />

de sucos e bebidas (dados<br />

da consultoria TNS).<br />

Quase 22% do<br />

público de baixa<br />

renda vive em<br />

favelas, a maioria,<br />

em Estados do<br />

Sudeste. Juntas,<br />

essas pessoas<br />

movimentam por<br />

ano nada menos de<br />

R$ 56,1 bilhões<br />

FOTOS JOÃO DE FREITAS<br />

Eles ganham pouco, é verdade. Porém<br />

ganham e consomem cada<br />

vez <strong>mais</strong> graças aos programas de<br />

transferência de renda e ao aquecimento<br />

de segmentos da economia. Representando<br />

28,5% da população brasileira,<br />

o público de baixa renda se concentra<br />

nas regiões Norte, Nordeste e nas<br />

periferias dos grandes centros. Não é à<br />

toa que nessas áreas está o maior potencial<br />

de vendas dos produtos de acesso.<br />

Os supermercados e as mercearias devem<br />

oferecer um atendimento compatível<br />

com as características do público.<br />

A maioria, por exemplo, não tem renda<br />

fixa – caso das diaristas – ou vivem de<br />

tarefas, como os sapateiros. Precisam,<br />

portanto, ter disponíveis formas de pagamento<br />

acessíveis. A velha caderneta,<br />

bem controlada, ainda funciona. Outro<br />

ponto importante: a maioria dos clientes<br />

não tem carro, portanto, pode se tornar<br />

fiel a lojas que garantem um serviço<br />

de entrega domiciliar gratuito. E como<br />

o dinheiro é realmente curto, uma boa<br />

maneira de tornar certos alimentos disponíveis<br />

é oferecê-los em porções. Uma<br />

rede de supermercado, da periferia de<br />

São Paulo, já vendeu com sucesso presunto<br />

Parma (caro), porque oferecia pedaços<br />

pequenos, a um preço camarada.<br />

Com soluções para a baixa renda, certamente<br />

as vendas aparecerão. Só a inflação<br />

e o nível de inadimplência poderão<br />

frear os gastos desses consumidores em<br />

2013, segundo José Domingues, sócio-<br />

-diretor da Sense Envirosell. Fora isso, é<br />

correr para o abraço.<br />

ABUNDÂNCIA<br />

NAS PRATELEIRAS<br />

É disso que o consumidor<br />

das classes D/E <strong>mais</strong> gosta.<br />

Com uma renda ainda modesta,<br />

de no máximo R$ 1.109/mês,<br />

ele valoriza a fartura porque<br />

lhe dá sensação de inclusão<br />

social, de ascensão econômica.<br />

”Ele também gosta de<br />

ter inúmeras possibilidades<br />

de escolha”, explica Fátima<br />

Merlin, da Connect Shopper.<br />

ATENDIMENTO<br />

CARA A CARA<br />

Com as despesas em crescimento –<br />

12% só no último ano –,<br />

a população de baixa renda<br />

será conquistada se contar<br />

com um bom atendimento dos<br />

funcionários. Essa clientela<br />

é apegada ao contato pessoal,<br />

gosta de tirar dúvidas, de simpatia<br />

e uma boa conversa. Para ela,<br />

tudo isso é sinônimo de qualidade.<br />

42 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


PRODUTOS DE ACESSO<br />

PREPARA BRASIL<br />

MELHORES<br />

EMBALAGENS<br />

“Sachês, versões individuais e<br />

econômicas são as embalagens<br />

que <strong>mais</strong> ajudam as classes D/E<br />

a ter acesso a essas categorias”,<br />

afirma Jefferson Rodrigo da<br />

Silva, coordenador de Homescan<br />

da Nielsen. Não é à toa que os<br />

sachês de molho de tomate se<br />

tornaram um sucesso. Mais baratos<br />

e com a mesma quantidade das<br />

latinhas, hoje superam as vendas<br />

das embalagens tradicionais.<br />

As versões individuais também<br />

funcionam, pois promovem<br />

experimentação e novos momentos<br />

de consumo. Uma embalagem<br />

de cereal matinal pequena pode<br />

ser levada para o trabalho ou<br />

virar lanche escolar. Já as opções<br />

econômicas impõem menor gasto<br />

e também favorecem o acesso.<br />

Desde 2010, a BRF,<br />

dona da marca<br />

Elegê, oferece<br />

para o nordeste<br />

embalagens de<br />

leite fermentado<br />

de 180 g – <strong>mais</strong> que<br />

o dobro da versão<br />

original, como<br />

gosta o público D/E<br />

JOÃO DE FREITAS<br />

CATEGORIAS<br />

REAVALIE ALGUMAS DE SUAS<br />

CERTEZAS. QUANDO SE TRATA DE<br />

CONSUMIDOR, NADA É ÓBVIO.<br />

SOBRETUDO DAS CLASSES D/E<br />

Existem três etapas de consumo,<br />

ainda em andamento no Brasil,<br />

de acordo com José Domingues,<br />

sócio da Sense Envirosell. A primeira<br />

corresponde aos itens de cesta<br />

básica, a segunda aos que garantem<br />

praticidade às atividades do dia a dia, e<br />

a terceira aos produtos de acesso, como<br />

inseticida, tintura para cabelo e água mineral.<br />

São itens que oferecem atributos<br />

intangíveis – bem-estar, comodidade,<br />

beleza, saúde, autopremiação. E como<br />

o leque de produtos é grande, à medida<br />

que a renda aumentar, o brasileiro acrescentará<br />

<strong>mais</strong> e <strong>mais</strong> itens ao seu cotidiano<br />

familiar. O importante é ficar atento<br />

às suas aspirações de consumo. Perguntar<br />

ao consumidor se faltou algum produto<br />

na loja é bastante útil nesse momento<br />

de transição entre uma etapa de<br />

consumo e outra. Os operadores de checkout<br />

podem anotar os pedidos, sempre<br />

que o cliente encerrar a conta. Isso ajuda<br />

a introduzir SKUs antes impensáveis.<br />

Um supermercado paulistano entendeu<br />

a importância de consultar sua clientela<br />

a duras penas. Tirou do mix o caldo em<br />

potinho Knorr por achar muito nobre<br />

para o seu público de baixa renda. Resultado:<br />

precisou reconsiderar. A dona de<br />

casa reclamou e exigiu o produto de volta.<br />

Alguns produtos têm um valor especial<br />

para a consumidora, mesmo que lhe<br />

falte dinheiro para outros itens. Conferir<br />

<strong>mais</strong> sabor ao prato que prepara para a<br />

família possivelmente é <strong>mais</strong> relevante<br />

para muitas mulheres do que comprar<br />

uma barra de sabão.<br />

THE COMMONS<br />

GANHE MAIS<br />

As categorias de acesso elevam<br />

o volume e o <strong>lucro</strong> das lojas que<br />

atendem a baixa renda. Mas é<br />

bom ter em mente que algumas<br />

tendem a contribuir <strong>mais</strong> do que<br />

outras para os resultados do varejo.<br />

Entre as oito analisadas nesta<br />

reportagem, cinco incrementam<br />

as vendas e apenas três substituem<br />

outros produtos. Acompanhe:<br />

INCREMENTAM<br />

OS RESULTADOS<br />

ÁGUA MINERAL<br />

ESCOVA DENTAL<br />

TINTURA PARA CABELO<br />

INSETICIDA<br />

LEITE FERMENTADO<br />

SUBSTITUEM<br />

OUTROS PRODUTOS<br />

CEREAL MATINAL<br />

Entra no lugar de:<br />

Itens de café da manhã<br />

O que mostrar ao cliente:<br />

‘A primeira refeição é a<br />

<strong>mais</strong> importante. Adicione<br />

cereais e frutas para<br />

garantir energia e vitaminas’<br />

CONCENTRADO DE LIMPEZA<br />

Entra no lugar de:<br />

Água sanitária<br />

O que mostrar ao cliente:<br />

‘Sua casa e você merecem o melhor’<br />

MOLHO DE TOMATE<br />

Entra no lugar de:<br />

Extrato de tomate<br />

O que mostrar ao cliente:<br />

‘Que tal molhos no fim de semana’<br />

44 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


PRODUTOS DE ACESSO<br />

PREPARA BRASIL<br />

EVIDENCIAR<br />

OS PRODUTOS<br />

Apesar do maior poder de compra,<br />

parte dos consumidores de baixa<br />

renda tende a comprar apenas os<br />

itens básicos. As outras opções<br />

precisam ser “exibidas” dentro da<br />

loja. A dica é expor os produtos<br />

de acesso em displays especiais,<br />

pontos extras, checkstands e ilhas.<br />

Pegadas no piso, levando o cliente<br />

até os produtos, também são uma<br />

saída. A comunicação visual deve ter<br />

cores fortes para chamar a atenção.<br />

E, como 36,3% dos moradores<br />

de favelas ainda não sabem ler,<br />

conforme revela pesquisa do Data<br />

Popular, é importante que as lojas<br />

tenham locutores para anunciar<br />

a presença dos produtos, as<br />

promoções e degustações. Locutores<br />

em carros de som pelo bairro<br />

também podem gerar resultados.<br />

PROMOÇÕES SEM<br />

EXAGERO<br />

Embora valorize as ofertas, o<br />

cliente de baixa renda deve ser<br />

acostumado a interagir com outras<br />

formas de ‘vantagem’. Isso para<br />

que você não perca rentabilidade.<br />

Pense em alternativas como venda<br />

de pacotes leve 2 e pague 1 em<br />

parceria com seus fornecedores.<br />

JOÃO DE FREITAS<br />

O QUE FAZER<br />

FUNCIONÁRIOS E SORTIMENTO<br />

MERECEM UM OLHAR ATENTO.<br />

ELES DECIDEM AS<br />

VENDAS DE SUA EMPRESA<br />

Há três desafios que devem ser<br />

superados pelos supermercados<br />

para garatir resultados satisfatórios<br />

com as categorias de<br />

acesso. Fátima Merlin, da Connect<br />

Shopper, revela que o primeiro é facilitar<br />

a entrada do público das classes<br />

D/E nessas categorias. O segundo é garantir<br />

a recompra desses itens. E o terceiro<br />

é estimular o público a aumentar<br />

o volume adquirido. “Com esses desafios<br />

superados, a rentabilidade da loja<br />

tende a crescer”, avalia. Uma das decisões<br />

para assegurar o desenvolvimento<br />

de cada etapa é adequar o sortimento<br />

levando em consideração o comportamento<br />

do cliente. Com base nas<br />

vendas da loja, no mix dos principais<br />

concorrentes e nos desejos latentes da<br />

dona de casa, veja quais versões devem<br />

estar na loja e aumente a presença nas<br />

gôndolas. Em regiões onde há pouco<br />

acesso à água tratada, por exemplo,<br />

é comum que as embalagens de 20<br />

litros de água mineral saiam <strong>mais</strong> do<br />

que as de<strong>mais</strong>. As mulheres também<br />

costumam ter suas cores favoritas de<br />

tintura para o cabelo. Descubra quais<br />

são para reforçar o estoque. Em relação<br />

às marcas, é importante oferecer<br />

as líderes (objetos de desejo) e ainda<br />

opções de primeiro preço. Só é preciso<br />

identificar as de maior giro para<br />

prever um bom número de frentes. De<br />

tempos em tempos teste uma categoria<br />

ainda não comprada pela clientela.<br />

Nos próximos anos, a cesta das classes<br />

D/E ficará ainda <strong>mais</strong> cheia.<br />

GUILHERME BALCONI / COOP<br />

A VELHA E<br />

BOA INFORMAÇÃO<br />

O consumidor não compra<br />

leite fermentado? Explique os<br />

benefícios do produto à saúde.<br />

Não troca escova de dente com<br />

frequência? Mostre o que os<br />

dentistas falam a respeito.<br />

É com informação honesta que<br />

você seduzirá a clientela. A rede<br />

paulista Coop adota com sucesso<br />

plaquinhas informativas para<br />

várias categorias. Inclusive para<br />

o conhecido limão Tahiti, do<br />

qual destaca as propriedades.<br />

Como o cliente<br />

D/E vai muitas vezes<br />

ao supermercado<br />

ao longo da<br />

semana, é bom<br />

ficar atento à<br />

reposição dos itens<br />

com maior saída,<br />

para evitar<br />

ruptura. Também<br />

não negligencie<br />

a exposição<br />

46 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


PRODUTOS DE ACESSO<br />

PREPARA BRASIL<br />

O QUE FAZER<br />

EMPATIA<br />

Para criar empatia com o<br />

público de baixa renda use<br />

e abuse das campanhas<br />

institucionais. Um bom<br />

exemplo é dado pela rede<br />

paranaense Condor.<br />

Ela criou um cartaz no qual<br />

chama a atenção do público<br />

sobre o uso excessivo<br />

de sal na alimentação.<br />

O texto explica qual a<br />

quantidade ideal de<br />

consumo diário. Outras<br />

iniciativas parecidas, como<br />

campanhas contra diabetes<br />

e câncer de pele,e chamadas<br />

para vacinação das crianças<br />

também são importantes.<br />

Além de saúde convém<br />

ainda mobilizar o público<br />

com o tema educação.<br />

Você pode arrecadar<br />

e doar livros e relacionar<br />

o tíquete de compra à<br />

entrega de ingressos para<br />

exposições, zoológico,<br />

jardim botânico. Pense<br />

ainda em convidar um<br />

professor para uma palestra<br />

sobre a história da cidade e<br />

em oferecer um minicurso<br />

sobre finanças pessoais.<br />

DIVULGAÇÃO<br />

“Uma loja que atende pessoas de baixa<br />

renda deve preferencialmente contar<br />

com funcionários da mesma classe<br />

social”, sugere Luciana Aguiar, sócia-<br />

-diretora da consultoria Plano CDE.<br />

Segundo ela, ao compartilhar as mesmas<br />

necessidades e os mesmos hábitos,<br />

eles entendem melhor a clientela e<br />

podem oferecer um atendimento adequado.<br />

Além disso, deixarão os clientes<br />

<strong>mais</strong> à vontade, sem inibições de<br />

eventuais diferenças de comportamento.<br />

Ajudar as mães a ‘cuidar’ dos<br />

filhos é sugestão de outro especialista.<br />

Como muitas mulheres trabalham fora<br />

e são chefes de família, e não contam<br />

com o apoio de avós e babás, acabam<br />

não acompanhando as refeições<br />

dos pequenos. Convém, portanto,<br />

promover encontros com a garotada<br />

para que aprendam a importância de<br />

frutas, legumes e verduras na alimentação<br />

e entendam que frituras e doces<br />

em excesso não fazem bem à saúde.<br />

Uma palestra com uma nutricionista<br />

voluntária é uma ação viável, de custo<br />

praticamente zero. Você também<br />

pode envolver alguma cozinheira respeitada<br />

na comunidade para que ela<br />

ensine adolescentes a preparar uma<br />

omelete com espinafre, um bolo de<br />

cenoura, um macarrão com brócolis.<br />

Tente conseguir a parceria de uma<br />

entidade social, para dividir os custos<br />

com o pagamento da cozinheira e os<br />

ingredientes. Degustação na loja de<br />

produtos saudáveis também é interessante.<br />

Fornecedores de hortifrútis,<br />

carnes e peixes, iogurtes, cereais matinais<br />

e leites fermentados podem se interessar<br />

em promover seus produtos.<br />

Pense também em doações para creches,<br />

igrejas, associações de bairros.<br />

THE COMMONS<br />

É MAIS BARATO!<br />

COMPRE!<br />

Para estimular o consumo<br />

dos produtos de acesso, mostre, por<br />

meio de cartazes ou placas, que eles<br />

são opção <strong>mais</strong> barata do que seus<br />

substitutos. Veja exemplo abaixo:<br />

Cereal matinal com<br />

leite semidesnatado<br />

e uma banana<br />

R$ 1,19<br />

Café com leite e uma<br />

fatia de bolo simples<br />

R$ 1,30<br />

Café com leite e dois<br />

pães de queijo<br />

R$ 1,34<br />

Fonte: Nestlé; média de preços São<br />

Paulo, julho de 2012 (pesquisa informal)<br />

Preço é, sim,<br />

importante na<br />

decisão de compra<br />

do cliente D/E.<br />

Logo, o valor deve<br />

corresponder ao<br />

benefício entregue<br />

pelo produto<br />

48 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


TABLETS<br />

Incentivos do governo e a entrada da indústria nacional ajudam a impulsionar a categoria. Os preços <strong>mais</strong> baixos atraem novos usuários<br />

50 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


TEXT O RAFAEL FAUSTINO RAFAEL.OLIVEIRA@SM.COM.BR<br />

PREÇOS MAIS BAIXOS E MAIOR VARIEDADE<br />

DE MODELOS TORNAM OS CELULARES<br />

CADA VEZ MAIS POPULARES<br />

ENTRE OS BRASILEIROS. ELES, OS TABLETS<br />

(E NOVAS INVENÇÕES) DESLANCHARÃO<br />

AINDA MAIS ATÉ 2020, COM OS SUPER<br />

E HIPERS SE TORNANDO FINALMENTE UM<br />

CANAL DE VENDAS BEM MAIS EXPRESSIVO<br />

CELULARES<br />

TABLETS<br />

THE COMMONS<br />

FEVEREIRO 2013 | SM.COM.BR 51


TECNOLOGIA MÓVEL<br />

PREPARA BRASIL<br />

O<br />

mercado de tecnologia avança a<br />

passos largos no Brasil. E, quando<br />

falamos de celulares e tablets,<br />

a relação dos produtos com a telefonia<br />

e a internet torna o processo<br />

de popularização ainda<br />

<strong>mais</strong> rápido. Os números atuais<br />

deixam qualquer um otimista.<br />

Nos últimos três anos, as vendas<br />

de smartphones no País cresceram 235%. Leonardo<br />

Loureiro, diretor de autosserviço da distribuidora<br />

Rcell, explica que o mercado de telefonia<br />

já se aproxima de um nível de maturidade,<br />

em que praticamente só há a troca de aparelhos.<br />

Inovação <strong>mais</strong> recente, os tablets caíram rapidamente<br />

no gosto do brasileiro. De 2010, ano<br />

de estreia do produto, para cá, eles cresceram<br />

meteo ricamente. Colaborou para esse aumento<br />

o incentivo do governo à produção nacional,<br />

concedido em setembro de 2011. Isso, segundo<br />

Cláudia Bindo, gerente de negócios da consultoria<br />

GfK, fez com que o preço médio do produto<br />

caísse de R$ 1.480, em novembro de 2011, para<br />

R$ 799 no mesmo mês do ano passado.<br />

E o melhor de tudo: os hiper e supermercados<br />

vêm ocupando uma melhor posição nas vendas<br />

dessas categorias. No ano passado, a participação<br />

do canal subiu 23%, caso dos celulares, e<br />

147%, no caso dos tablets. E as perspectivas são<br />

ainda <strong>mais</strong> animadoras. Afinal, as categorias não<br />

ocupam muito espaço, contam com a colaboração<br />

ativa de fornecedores e interessam cada vez<br />

<strong>mais</strong> às classes emergentes. Esse público tende<br />

a preferir os super e hipermercados, lojas com<br />

as quais já está familiarizado. Entenda melhor a<br />

seguir e saiba como operar com sucesso.<br />

TABLETS EXPLODEM*<br />

10º maior mercado do mundo, o Brasil<br />

deverá vender 5,4 milhões de unidades em 2013<br />

100 MIL 2,9 MILHOES<br />

2010 2012**<br />

2. 800%<br />

*Vendas em unidades **Previsão Fonte: IDC<br />

CELULARES NAO PARAM*<br />

Já há <strong>mais</strong> aparelhos que pessoas no Brasil.<br />

Mas isso não impede que o mercado continue crescendo<br />

EM MILHÕES<br />

2010<br />

202,9<br />

2011<br />

242,2<br />

2012 261,8<br />

29%<br />

*Linhas ativas Fonte: Anatel<br />

52 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


A participação dos super e hipermercados<br />

nas vendas de dispositivos móveis tem dado saltos<br />

CELULARES<br />

17%<br />

21%<br />

TABLETS*<br />

Só em novembro passado a alta do tablet foi de 50,4%<br />

17%<br />

42%<br />

23%<br />

Fonte: RCELL<br />

147%<br />

* Inclui outros<br />

varejos<br />

que também<br />

vendem<br />

alimentos<br />

Fonte: GFK<br />

2011 2012<br />

ABRIL<br />

2011 2012<br />

JAN A NOV<br />

SMARTPHONES VOAM*<br />

Em 2014, a venda desses celulares já<br />

deve superar a dos aparelhos tradicionais no Brasil<br />

2010<br />

EM MILHÕES<br />

233%<br />

*Vendas em unidades **Previsão Fonte: IDC<br />

4,8<br />

8,9<br />

2011<br />

2012**<br />

16,0<br />

THE COMMONS<br />

CELULARES<br />

Os smartphones com dois chips e 3G são a maior aposta para o futuro. Consumidores não se<br />

contentam <strong>mais</strong> em apenas fazer ligações e trocar torpedos<br />

FEVEREIRO 2013 | SM.COM.BR 53


TECNOLOGIA MÓVEL<br />

PREPARA BRASIL<br />

CONSUMIDOR<br />

POR QUE INVESTIR EM<br />

CELULARES E TABLETS EM SUA<br />

LOJA: AS VANTAGENS<br />

DOS SUPER E HIPERMERCADOS<br />

MULHERES<br />

EXIGENTES<br />

77% das mulheres já têm<br />

celular, contra 75% dos<br />

homens. A diferença pode<br />

não ser expressiva, mas<br />

demonstra necessidade<br />

de alinhar parte do mix às<br />

expectativas femininas.<br />

Discuta com os fornecedores<br />

o sortimento de versões<br />

coloridas e de aparelhos<br />

com funcionalidades<br />

valorizadas por esse público.<br />

Não subestime o<br />

público de baixa<br />

renda. Segundo o<br />

Centro de estudos<br />

Cetic, 56% da<br />

população que<br />

recebe até UM<br />

salário mínimo já<br />

tem celular.<br />

E entre aqueles que<br />

recebem de 1 a 2<br />

Salários mínimos<br />

o percentual é<br />

ainda maior – 81%<br />

FOTOS THE COMMONS<br />

Dois fatores colocam o autosserviço<br />

em vantagem em relação<br />

aos de<strong>mais</strong> canais de venda.<br />

Um é o fluxo constante de consumidores.<br />

Não importa a época do<br />

ano, todos precisam ir ao supermercado<br />

periodicamente. A consequência<br />

imediata são as compras por impulso.<br />

“Acontece direto. O consumidor<br />

vai até a loja e vê que ela oferece<br />

celulares. Se tem condições naquele<br />

momento, ele adquire o aparelho na<br />

hora”, explica Leonardo Loureiro, da<br />

distribuidora Rcell. O outro fator diz<br />

respeito às classes emergentes. Esses<br />

consumidores se sentem <strong>mais</strong> confortáveis<br />

em um supermercado do que<br />

em um shopping ou em uma loja de<br />

operadora. Tendo a chance de comprar<br />

celular ou tablet no lugar onde<br />

não têm inibições, tomam a decisão<br />

<strong>mais</strong> rapidamente. Os super e hipermercados<br />

são ideais para vender os<br />

modelos <strong>mais</strong> baratos. Na rede pernambucana<br />

Arco-Íris, eles são um<br />

sucesso, com vendas crescentes ano<br />

a ano. E na rede paulista Coop, os<br />

smartphones simples, com preço próximo<br />

a R$ 300, têm tido a maior saída.<br />

No caso dos tablets, o preço acessível<br />

também faz diferença na hora da<br />

compra, conforme constatou a empresa<br />

de pesquisa GfK. O “boom” de<br />

vendas que a categoria teve no último<br />

ano foi puxado por aparelhos baratos,<br />

com recursos básicos. Com a classe<br />

média em ascensão, os super e hiper<br />

têm um bom filão para explorar.<br />

OLHO<br />

NAS GERAÇÕES<br />

Cerca de 88% dos jovens<br />

entre 16 e 34 anos possuem<br />

celulares (é o maior<br />

público). Mas fique de olho<br />

nas pessoas com <strong>mais</strong><br />

de 60 anos, das quais hoje<br />

apenas 52% compram<br />

a tecnologia. As novas<br />

gerações de idosos deverão<br />

ser <strong>mais</strong> ‘tecnológicos’<br />

do que seus antecessores.<br />

REGIÕES<br />

PARA INVESTIR<br />

Nordeste e Norte são<br />

as regiões com menor<br />

percentual de pessoas com<br />

celulares, segundo a Anatel:<br />

67% e 70% respectivamente.<br />

Essas áreas apresentam<br />

maior potencial de consumo,<br />

mas as de<strong>mais</strong> regiões,<br />

que já ultrapassaram<br />

80% de pessoas com os<br />

aparelhos, também revelam<br />

oportunidades. Há potencial<br />

para aumento na penetração<br />

dos produtos e migração<br />

para modelos sofisticados.<br />

O brasileiro renova os<br />

aparelhos com frequência.<br />

54 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


TECNOLOGIA MÓVEL<br />

PREPARA BRASIL<br />

TABLETS<br />

Desempenho no último ano: número<br />

de marcas cresceu 44%; modelos, 156%<br />

Marcas de tablets no mercado:<br />

16<br />

23<br />

NOV. 2011 NOV. 2012<br />

Modelos de tablets no mercado<br />

39<br />

NOV. 2011 NOV. 2012<br />

Vendas sem participação das operadoras:<br />

98%<br />

NOV. 2012<br />

100<br />

Fonte: GFK<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

CATEGORIAS<br />

COM MAIS EMPRESAS NO MERCADO,<br />

SURGEM NOVOS MODELOS,<br />

UM PARA CADA BOLSO, O QUE DEVE<br />

ELEVAR AINDA MAIS AS VENDAS<br />

Se, na época do lançamento dos<br />

primeiros tablets, a impressão<br />

era que as tradicionais Samsung<br />

e Apple ficariam com todo<br />

o mercado, hoje o cenário é totalmente<br />

diferente. Com a isenção fiscal<br />

concedida pelo governo para a produção<br />

dentro do Brasil, algumas multinacionais<br />

já instalaram fábricas por<br />

aqui, e empresas nacionais também<br />

conseguiram entrar na disputa. Isso<br />

ajudou a baixar o preço médio da categoria<br />

e a aumentar a variedade de<br />

modelos, o que é bom para as vendas.<br />

A fabricante nacional Positivo, por<br />

exemplo, tem um tablet específico<br />

para o público infantil. Já a norte-<br />

-americana AOC, que decidiu produzir<br />

seus aparelhos no interior de São<br />

Paulo, tem modelos a partir de R$ 599.<br />

A empresa rompeu com os tradicionais<br />

modelos de sete e dez polegadas<br />

de tela e criou produtos com nove polegadas.<br />

O brasileiro hoje tem acesso<br />

a produtos de diferentes preços também<br />

em função dos opcionais, como<br />

entradas USB e HDMI, conexão 3G<br />

e processadores de diversos níveis.<br />

O varejista tem que montar um mix<br />

com boa variedade, mas sem ignorar<br />

o perfil da maioria de seus clientes.<br />

Quanto ao celular, embora já seja uma<br />

categoria consolidada, deverá passar<br />

por mudanças. Os próximos anos serão<br />

da virada dos smarts sobre os aparelhos<br />

tradicionais. Sobretudo com a<br />

chegada da rede 4G em 2013, com conexão<br />

para internet <strong>mais</strong> rápida.<br />

CELULARES<br />

Aparelhos desbloqueados vendem<br />

<strong>mais</strong>. Quanto menor a influência<br />

das operadoras nesse mercado,<br />

melhor para as vendas do varejo<br />

Vendas de Smartphones<br />

em relação ao total de celulares:<br />

19,5%<br />

35,7%<br />

NOV. 2011 NOV. 2012<br />

Vendas de celulares sem<br />

a participação das operadoras:<br />

Fonte: GFK<br />

53%<br />

NOV. 2012<br />

56 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


TECNOLOGIA MÓVEL<br />

PREPARA BRASIL<br />

EXPOSIÇÃO<br />

E SEGURANÇA<br />

Uma preocupação constante<br />

de todos os canais que<br />

comercializam dispositivos<br />

móveis é adotar mecanismos<br />

de segurança para evitar o<br />

furto de aparelhos. A maioria<br />

das redes supermercadistas<br />

deixa os produtos expostos<br />

em balcões trancados (foto), o<br />

que não é recomendado por<br />

inibir o consumidor. O melhor<br />

é manter um atendente ou<br />

promotor no atendimento,<br />

como faz a rede Arco-Íris, ou<br />

contar com dispositivos antifurtos<br />

do tipo usado nas lojas<br />

de operadoras – uma espécie<br />

de fio de telefone que mantém<br />

o celular preso à bancada.<br />

Segundo a Rcell,<br />

o melhor lugar<br />

de exposição é<br />

na entrada da<br />

loja, antes que o<br />

cliente inicie as<br />

compras. Assim,<br />

ele terá menos<br />

chance de desistir<br />

da aquisição por<br />

cansaço ou pressa<br />

O QUE FAZER<br />

O PONTO MAIS IMPORTANTE<br />

NESSE SEGMENTO É O MIX DE<br />

PRODUTOS. SE VOCÊ ACERTAR NAS<br />

COMPRAS, AS VENDAS APARECERÃO<br />

Não tenha medo de investir em<br />

celulares e tablets. Ainda que<br />

o comércio eletrônico desses<br />

produtos seja expressivo, a<br />

maioria dos consumidores prefere<br />

manusear e testar o aparelho, antes<br />

de decidir comprá-lo. Assim, o importante<br />

é tratar as categorias como<br />

quaisquer outras vendidas em sua loja<br />

– acertando no sortimento, na exposição,<br />

nas promoções, formas de<br />

pagamento e nas negociações com<br />

os fornecedores. O mix é um ponto<br />

fundamental. Você precisa conhecer<br />

a renda média de seu público e também<br />

o perfil das famílias. É bom saber,<br />

por exemplo, se elas têm muitos<br />

jovens, usuários compulsivos de celulares.<br />

Ou se precisam economizar<br />

e, portanto, valorizam celulares com<br />

vários chips. Os fornecedores costumam<br />

ajudar a definir o sortimento.<br />

A distribuidora Rcell faz estudos<br />

de mercado e orienta os lojistas de<br />

acordo com sua região e público. Em<br />

lojas onde o público idoso é representativo,<br />

os modelos <strong>mais</strong> simples<br />

costumam ter maior saída. É o que<br />

acontece na rede Coop, que trabalha<br />

com um bom sortimento de versões<br />

básicas. Também vale a pena avaliar<br />

o sistema que terá maior giro. O Android<br />

tem grande quantidade de aplicativos<br />

disponíveis em lojas virtuais,<br />

e, por isso, conquista a preferência<br />

dos consumidores de smartphones e<br />

tablets. E não esqueça de financiar a<br />

compra, para favorecer as vendas.<br />

FOTOS NORIO ITO/DIVULGAÇÃO<br />

Oferecer boas<br />

condições<br />

de pagamento<br />

é essencial nessas<br />

categorias.<br />

Na Coop, é possível<br />

pagar em 12x<br />

sem juros no cartão<br />

da loja. Lá, 70%<br />

das vendas<br />

são parceladas<br />

ATENDER E AJUDAR<br />

Como a tecnologia avança<br />

rapidamente, são poucos os<br />

consumidores que conhecem<br />

totalmente as funcionalidades<br />

de cada modelo. Principalmente<br />

em se tratando de tablets,<br />

categoria ainda jovem. Por isso,<br />

é primordial que haja atendentes<br />

capacitados para tirar as dúvidas<br />

dos clientes e ajudá-los a operar<br />

os aparelhos. A indústria<br />

também pode ajudar. A AOC, por<br />

exemplo, oferece promotores aos<br />

pontos de venda. Eles ajudam o<br />

consumidor a escolher o item <strong>mais</strong><br />

indicado para o seu padrão de uso.<br />

58 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


COOPERAÇÃO<br />

ATENDIMENTO<br />

DE PRIMEIRA<br />

VILLARREAL E MARFRIG<br />

APOSTARAM NA CAPACITAÇÃO<br />

DOS PROFISSIONAIS DO<br />

AÇOUGUE, MELHORARAM<br />

O MIX E COMBATERAM COM<br />

SUCESSO PERDAS E RUPTURA<br />

SM<br />

TEXTO VIVIANE SOUSA VIVIANE.SOUSA@SM.COM.BR | FOTOS CIETE SILVÉRIO<br />

14<br />

VANTAGENS DA PARCERIA<br />

Mário Gustavo de Almeida, gerente de marketing do Villarreal, afirma que, após a parceria<br />

com a Marfrig, a rentabilidade do açougue aumentou em dois pontos percentuais<br />

FEVEREIRO 2013 | SM.COM.BR 63


EFICIÊNCIA NO AÇOUGUE<br />

COOPERAÇÃO<br />

A<br />

seção de carnes do<br />

Villarreal, cinco lojas<br />

no Vale do Paraíba<br />

(SP), sempre<br />

rendeu bons resultados.<br />

Os responsáveis<br />

pela área, no entanto,<br />

sabiam que era<br />

possível melhorar.<br />

Só precisavam de uma mãozinha.<br />

Por isso, não pensaram duas vezes<br />

quando a Marfrig, dona da marca<br />

Seara, propôs uma parceria com o<br />

objetivo de aumentar a eficiência<br />

da seção, por meio da capacitação<br />

dos açougueiros e da adequação do<br />

sortimento das lojas, incluindo <strong>mais</strong><br />

cortes de maior valor agregado. O resultado<br />

foi um aumento de 30% na<br />

venda das linhas especiais de carnes<br />

vermelhas e de dois pontos percentuais<br />

na rentabilidade em poucos<br />

meses. As ações, iniciadas em abril<br />

do ano passado, envolveram tanto o<br />

balcão de atendimento, onde cortes<br />

são feitos na hora, quanto os expositores<br />

de autosserviço e as ilhas refrigeradas,<br />

onde ficam as bandejas e<br />

as embalagens a vácuo, respectivamente.<br />

O treinamento da equipe foi<br />

a primeira etapa. Durou cerca de 48<br />

horas e envolveu todos os colaboradores.<br />

Mário Gustavo de Almeida,<br />

gerente de marketing do Villarreal,<br />

conta que a ideia com a capacitação<br />

é transformar os açougueiros em<br />

verdadeiros “consultores” de carne<br />

bovina. Eles aprenderam novos cortes,<br />

regras de segurança alimentar<br />

e aperfeiçoaram técnicas de manuseio<br />

para reduzir desperdício.<br />

“Hoje, sabem tirar dúvidas e aconselham<br />

os clientes. Aprenderam a<br />

importância de estabelecer e manter<br />

um padrão de espessura de cada<br />

corte e de transformar sobras,<br />

como a ponta do coração da paleta,<br />

em cubos para ensopados e picadinhos,<br />

que agora são comercializados<br />

nas bandejas”, diz Almeida.<br />

O efeito dessas medidas foi a queda<br />

de 4% no índice de perdas da seção.<br />

Entre os cortes nobres que passaram<br />

a integrar o sortimento de<br />

carnes do Villarreal, estão o bife de<br />

chourizo, baby-beef, e filé mignon.<br />

Eles estão disponíveis no balcão de<br />

atendimento e em bandejas nos expositores<br />

refrigerados, onde ficam<br />

em destaque na parte superior. Se-<br />

O ÍNDICE DE PERDAS NO AÇOUGUE DO<br />

VILLARREAL CAIU 4 % . TÉCNICOS DA MARFRIG<br />

ORIENTARAM A VENDER ‘SOBRAS’, COMO A<br />

PONTA DO CORAÇÃO DA PALETA, EMBALADAS<br />

E CORTADAS PARA PICADINHO E ENSOPADOS<br />

CAPACITAÇÃO DA EQUIPE<br />

A Marfrig realizou um treinamento de dois dias com os colaboradores do Villarreal. Os funcionários aprenderam regras de segurança<br />

alimentar e novas técnicas de manuseio. Também passaram a orientar melhor os clientes na hora das compras<br />

64 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


EFICIÊNCIA NO AÇOUGUE<br />

COOPERAÇÃO<br />

gundo o gerente de marketing do<br />

Villarreal, a margem bruta desses<br />

produtos é dez pontos percentuais<br />

superior à das versões <strong>mais</strong> baratas.<br />

Como os clientes da rede são<br />

de classe média, o sortimento das<br />

linhas nobres, como Angus e Seara<br />

Churrasco, embaladas a vácuo,<br />

também foi ampliado. Hoje as marcas<br />

da Marfrig representam 50% do<br />

mix total. O crescimento de 30% no<br />

volume de vendas das carnes nobres<br />

fez com que essas linhas passassem<br />

a representar 10% do faturamento<br />

do açougue.<br />

“O QUE NOS SUPREENDEU<br />

nesse trabalho em conjunto<br />

foi que a Marfrig não impôs<br />

exclusividade para suas<br />

marcas. Continuamos a trabalhar<br />

com outras quatro”,<br />

diz Almeida. Também houve<br />

melhora na negociação e<br />

no abastecimento. Como o<br />

volume de mercadoria comprada<br />

aumentou, o Villarreal<br />

conseguiu maior prazo<br />

para quitar os pedidos. “Não<br />

precisamos <strong>mais</strong> mexer no<br />

nosso fluxo de caixa, o que<br />

nos beneficiou muito”, conta<br />

o executivo. Já os prazos<br />

de entrega passaram a ser<br />

<strong>mais</strong> respeitados. Além disso,<br />

em períodos sazonais, as<br />

encomendas são feitas com<br />

maior antecedência. Com isso,<br />

as entregas chegam <strong>mais</strong><br />

cedo. O resultado foi uma<br />

redução de 5% no índice de<br />

ruptura da seção de carnes.<br />

Desde a parceria, as ações de marketing<br />

também foram ampliadas.<br />

Além de degustação, a Marfrig passou<br />

a promover cursos de churrasco<br />

para os clientes. Os de maior repercussão<br />

aconteceram durante a véspera<br />

do Dia dos Pais, no ano passado,<br />

numa das unidades. Também fez<br />

sucesso um curso realizado numa<br />

chácara. “Vimos a importância dessas<br />

ações à medida que percebíamos<br />

uma maior fidelidade de nossa clientela”,<br />

destaca o gerente de marketing<br />

do Villarreal. “Para 2013, aguardamos<br />

ainda <strong>mais</strong> dessa parceria”, completa.<br />

COM A PARCERIA,OS<br />

PEDIDOS FEITOS À<br />

MARFRIG PASSARAM<br />

A SER ENTREGUES NA<br />

DATA, REDUZINDO<br />

O ÍNDICE DE RUPTURA<br />

EM 5%. OUTRO GANHO<br />

FOI A AMPLIAÇÃO<br />

DO PRAZO DE<br />

PAGAMENTO, O QUE<br />

AJUDOU A MELHORAR<br />

O FLUXO DE CAIXA<br />

CARNES ESPECIAIS<br />

O sortimento das versões de maior valor agregado foi ampliado. As vendas cresceram<br />

cerca de 30% e hoje esses produtos respondem por 10% do faturamento da seção<br />

NESTA REPORTAGEM VOCÊ VIU:<br />

COMO FOI FIRMADA A PARCERIA ENTRE VILLARREAL E MARFRIG<br />

TRABALHO CONJUNTO ELEVOU VENDAS E RENTABILIDADE<br />

66 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


ENTREVISTA<br />

A ARTE<br />

DE<br />

COMPRAR<br />

BEM<br />

TEXTO KATIA SIMÕES REDACAO@SM.COM.BR | FOTO PAULO PEREIRA ESTUDIO LUZIA<br />

Gerenciar até 4.000 itens e comprar sem comprometer a saúde<br />

financeira e a logística da rede são desafios do comprador<br />

identificados por Alexandre Ribeiro, especialista em varejo da R-Dias<br />

FEVEREIRO 2013 | SM.COM.BR 69


ALEXANDRE RIBEIRO<br />

ENTREVISTA<br />

M<br />

uitos ainda analisam o sucesso do varejo pelo quanto ele vende, esquecendo-se de que a compra<br />

dos produtos é igualmente crítica para o bom desempenho do negócio. “Se elas não forem<br />

eficientes, dificilmente as vendas serão bem-sucedidas”, diz Alexandre Ribeiro, fundador da consultoria<br />

de varejo R-Dias. Daí a importância de os compradores saberem o que o shop per deseja e<br />

conhecerem o impacto de suas decisões nas áreas financeira, de logística e vendas. Eles também<br />

devem entender como fornecedores e categorias se comportam em condições nor<strong>mais</strong> e adversas,<br />

em situação de promoção e de sazonalidade. Tudo amparado por boas estratégias, indicadores e<br />

metas. Em entrevista a SM, Ribeiro fala sobre atributos dos profissionais e erros na área comercial.<br />

SM. Quais os maiores atributos do bom comprador?<br />

ALEXANDRE RIBEIRO Esse profissional precisa se sentir um pouco dono<br />

do negócio. Fazer uma compra nas melhores condições exige<br />

muita persistência. E ninguém é persistente se não toma o negócio<br />

para si. É essencial que tenha grande capacidade analítica e saiba<br />

planejar as compras para evitar pedidos sub ou superdimensionados.<br />

Também é importante raciocínio rápido para avaliar as condições<br />

oferecidas pelos vendedores; capacidade de enfrentamento<br />

para conseguir dizer não, quando necessário; além de perfil conciliador<br />

para não criar inimizade com os vendedores, que podem<br />

ser apoiadores ou seus algozes. Foco e habilidade de negociação,<br />

obviamente, também são imprescindíveis.<br />

Quais os principais cuidados na contratação?<br />

O comprador não é só <strong>mais</strong> um colaborador. Por isso, é preciso<br />

fazer um diagnóstico dos desafios de curto, médio e longo prazos<br />

da área comercial. A ideia é identificar as competências necessárias<br />

para vencer tais desafios e alinhar com as do candidato.<br />

Também é importante entender a cultura da empresa. Uma pessoa<br />

exageradamente conciliadora raramente se adaptará a uma rede<br />

que adota postura linha dura com os fornecedores. O inverso também<br />

ocorre. Daí ser preciso atender os de<strong>mais</strong> requisitos do cargo.<br />

O apoio isento e técnico do RH ajuda a reduzir o risco de contratação<br />

de um profissional que não tem o perfil adequado, mas<br />

é conhecido do gestor, por exemplo. Baixos níveis de inteligência<br />

também não podem ser aceitos, pois, nesses casos, gasta-se três<br />

vezes <strong>mais</strong> tempo e colhem-se resultados pífios.<br />

Quais os erros <strong>mais</strong> comuns no setor comercial?<br />

O principal é a falta de planejamento que desencadeia erros<br />

em cascata. Sem isso, os melhores negócios são sempre os que o<br />

fornecedor oferece e que são negociados também com os concorrentes.<br />

Isso implica tabloides iguais e uma briga de preços disputada<br />

a centavos. Com planejamento prévio, é possível saber até aonde<br />

ir em volume, custo e comprometimento de caixa. Outro erro<br />

é a visão de curto prazo, enxergando apenas o ganho com o pedido<br />

e não o efeito da negociação como um todo. Privilegiar apenas<br />

as marcas líderes também pode trazer riscos. As margens praticadas<br />

nelas são estreitas. Elas não proporcionam fôlego para se obter<br />

um bom desempenho das de<strong>mais</strong> marcas e, como consequência,<br />

fortalecer a categoria como um todo. Outra situação comum é<br />

a introdução de lançamentos sem critérios. Para colocar um novo<br />

item na prateleira é preciso eliminar algum produto, além de analisar<br />

seu comportamento na estrutura da categoria: nível de preço,<br />

margem, estimativa de giro, espaço, nível de eficiência de entrega<br />

e posicionamento frente aos similares concorrentes.<br />

Como as decisões do comprador impactam na<br />

competitividade da empresa?<br />

Quando há falha na definição de margens e preços, a empresa<br />

pode se tornar cara na percepção do consumidor, o que a<br />

torna menos competitiva. Decisões equivocadas de sortimento,<br />

como introdução ou redução de itens, podem distanciar os<br />

supermercados dos interesses do público, tornando-os menos<br />

atrativos às pessoas. Isso acontece em geral quando não há estratégia<br />

e políticas claras por parte da empresa. É a rede quem<br />

deve dar as diretrizes de posicionamento e de competitividade<br />

ao comprador para que ele possa gerar os resultados esperados.<br />

O comprador precisa entender de gestão por<br />

categorias? Por quê?<br />

Sim. Ele precisa ter esse conceito muito claro, enxergar a categoria<br />

toda e não apenas o produto. Alguns tipos de ofertas, por<br />

exemplo, aumentam as vendas, o que causa uma falsa sensação<br />

de sucesso, mas nem sempre o <strong>lucro</strong> bruto da categoria em valor<br />

fica melhor. Se a atuação do comprador não for integrada, é bem<br />

provável que os resultados fiquem abaixo do potencial. O profissional<br />

deve atuar de acordo com uma estratégia para a categoria.<br />

Com isso, ele estrutura uma boa equação de preço, compõe um<br />

bom mix e atrai o consumidor para a loja.<br />

70 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


ALEXANDRE RIBEIRO<br />

ENTREVISTA<br />

“Diferentemente do passado, hoje sobram informações nas redes.<br />

A maior dificuldade é saber identificar as que são realmente importantes.<br />

Para isso, é preciso ter o apoio da empresa e da liderança. Uma área dinâmica<br />

como a comercial não pode se dar ao luxo de não conhecer a informação”<br />

SM. As compras têm impacto direto no fluxo de caixa?<br />

ALEXANDRE RIBEIRO A influência é direta e pode ser negativa. Isso<br />

acontece quando o profissional não entende que o volume excessivo<br />

de compra pode provocar gastos enormes com serviços financeiros.<br />

Afinal, os juros impostos pelos bancos são impraticáveis num<br />

segmento cujas margens são muito pequenas.<br />

Por que é importante gerenciar o processo de<br />

compras a partir de informações?<br />

É pouco provável que um comprador, que lida com cerca<br />

de 2.000 a 4.000 itens, consiga gerenciar de forma eficiente todo<br />

esse mix sem o apoio de ferramentas de automação. Diferentemente<br />

do passado, hoje sobram informações nas redes. A maior<br />

dificuldade é identificar as que são realmente importantes. Para<br />

isso, a sugestão é analisar a partir do resultado. A empresa também<br />

deve treinar seus colaboradores no sentido de como utilizar<br />

os dados disponíveis, o que depende do apoio do gerente e do diretor<br />

comercial. Uma área dinâmica como a comercial não pode<br />

se dar ao luxo de não conhecer as informações.<br />

Quais controles são essenciais na área comercial?<br />

Há vários, além dos básicos, como vendas e percentual de<br />

margens. Em termos tático e estratégico, os preços praticados devem<br />

ser comparados com os da concorrência. Também é preciso<br />

conhecer a cubagem de câmaras e capacidade de armazenagem,<br />

o giro dos produtos e cobertura de estoque, além da ruptura<br />

causada pela loja e o índice total. Deve-se ainda medir o quanto<br />

o fluxo de caixa está comprometido ou não. Já no que se refere<br />

ao serviço dos fornecedores, a ideia é acompanhar o percentual<br />

de pedidos entregues no prazo e o de itens atendidos em cada<br />

um. Por fim, é preciso ter pleno controle sobre o sortimento, introdução<br />

de novos produtos, quebras e resultados por categoria.<br />

É possível aumentar a assertividade na compra?<br />

A falta de assertividade pode ser reflexo da imprecisão dos<br />

dados de estoque. Sem estatísticas, as compras são realizadas só a<br />

partir das vendas e esse é um erro. Para ser <strong>mais</strong> assertivo nos pedidos,<br />

o modelo de cálculo (o algoritmo) de reabastecimento deve<br />

considerar o impacto da ruptura e das ofertas, a frequência de<br />

visitas do fornecedor, os atrasos na entrega, o nível de serviço do<br />

fabricante, o comportamento das vendas de cada departamento.<br />

Embora muitas empresas já contem com software para essa finalidade,<br />

é um desafio garantir que o comprador o utilize para definir<br />

a compra. Uma das justificativas é a de que o sistema erra. Porém,<br />

quanto menos utilizado, menor a possibilidade de aprimorar<br />

os parâmetros para que o cálculo tenha a precisão desejada.<br />

Compradores experientes costumam trabalhar<br />

<strong>mais</strong> no feeling. Isso é certo?<br />

Esses profissionais sabem da necessidade de considerar<br />

números na tomada de decisões, mas também levar em conta o<br />

feeling. Ambas são importantes para uma boa gestão de compras.<br />

O peso de se basear em informações aumenta em função da grande<br />

quantidade de itens que está sob a tutela do comprador.<br />

Fasear as compras é importante? Por quê?<br />

É muito importante. Compras concentradas no fim do mês,<br />

como ainda acontece, provocam congestionamento nas portarias<br />

e dificuldade de estocagem, além de exigir grande volume de mão<br />

de obra num determinado período e causar ociosidade em outros<br />

momentos do mês. Também impactam o fluxo de caixa, pois<br />

geram concentração dos pagamentos. No final, o desconto dado<br />

pelo fornecedor acaba não compensando.<br />

Há iniciativas bem-sucedidas que possam ser<br />

replicadas por qualquer loja?<br />

Com certeza. Um comprador de queijos especiais de um<br />

cliente nosso notou que a categoria estava em queda. Aprofundou<br />

as análises e decidiu aumentar a margem percentual dos queijos<br />

de alto valor agregado e diminuir, próximo do limite, as margens<br />

daqueles usados para gerar conhecimento ao shopper. Dessa<br />

forma, a categoria agregou novos consumidores, que passaram a<br />

adquirir outros queijos <strong>mais</strong> sofisticados aumentando a margem<br />

da categoria em valor de forma sustentável.<br />

NESTA ENTREVISTA VOCÊ VIU:<br />

O PERFIL DOS COMPRADORES<br />

COMO APRIMORAR AS COMPRAS<br />

OS PRINCIPAIS ERROS<br />

A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES<br />

72 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


GESTÃO<br />

PROFISSIONALIZACAO DO<br />

VAREJO FAMILIAR<br />

Após trazer profissionais de grandes empresas, as<br />

redes regionais estão obtendo ótimos resultados. As famílias<br />

continuam lá, e o negócio ganha em planejamento<br />

TEXTO RAFAEL FAUSTINO RAFAEL.OLIVEIRA@SM.COM.BR<br />

N<br />

ão é segredo que as redes regionais<br />

vivem um ótimo momento.<br />

Dados do Ranking de <strong>Supermercado</strong>s<br />

de SM mostram que 34 dessas<br />

empresas tiveram, em média, alta<br />

real de 18,4% no faturamento em 2011 sobre<br />

2010, bem acima das três gigantes e também<br />

da média do autosserviço. Esse crescimento<br />

é reflexo da mudança de postura de muitas<br />

delas. Geralmente com administração familiar,<br />

elas estão profissionalizando a gestão por<br />

meio da contratação de profissionais com experiência<br />

nas maiores redes do setor.<br />

Foi o que fez a Super Rede, uma central de<br />

negócios cearense composta por seis empresas<br />

de autosserviço, a maioria família. Elas<br />

contrataram, em 2006, Paulo Ângelo Cardillo<br />

para ser o primeiro superintendente da central.<br />

Ex-diretor comercial do Pão de Açúcar<br />

para o Nordeste, ele chegou com a missão<br />

de aproximar todas as partes que formam<br />

a central e padronizar suas negociações.<br />

“Cada empresa associada tinha um foco<br />

diferente nos negócios. Criamos então uma<br />

área comercial em conjunto e passamos a<br />

comprar 100% do sortimento das redes<br />

aqui pela central”, conta Cardillo.<br />

Um dos responsáveis pelo processo foi José<br />

Ximenes Tabosa. O sócio da Frangolândia<br />

e atual presidente da Super Rede está satisfeito<br />

com os resultados obtidos. “Conseguimos<br />

unir todos os interesses dentro de um<br />

só. Também nos aproximamos bastante da<br />

indústria e levamos nosso pessoal para fazer<br />

curso de gerenciamento por categorias.<br />

Com isso o ganho real foi rápido”, afirma.<br />

UNIÃO DE<br />

INTERESSES<br />

Ex-diretor comercial<br />

do Grupo Pão<br />

de Açúcar para<br />

o Nordeste, Paulo<br />

Ângelo Cardillo<br />

(à esquerda) chegou<br />

em 2006 à Super Rede,<br />

hoje presidida por<br />

José Ximenes Tabosa<br />

(à direita). Unificação<br />

das compras para<br />

as seis empresas<br />

da central foi um dos<br />

projetos implantados<br />

com sucesso<br />

FAMILIARIDADE COM OS BONS RESULTADOS<br />

122 % 19 % foi quanto cresceram<br />

mudanças na gestão<br />

foi o crescimento da<br />

receita da Super Rede<br />

em 5 anos, após a<br />

profissionalização<br />

as vendas do Imec<br />

no primeiro ano com<br />

74 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


FEVEREIRO 2013 | SM.COM.BR 75<br />

DRAWLIO JOCA


PROFISSIONALIZAÇÃO<br />

GESTÃO<br />

E foi mesmo. Após profissionalizar a gestão,<br />

a Super Rede viu seu faturamento saltar de<br />

R$ 450 milhões em 2006 para <strong>mais</strong> de R$ 1<br />

bilhão em 2010. No ano passado, o crescimento<br />

sobre 2011 foi de 16%. Outro indicador<br />

positivo: a participação de mercado das<br />

redes associadas na Grande Fortaleza subiu<br />

de 22% para 45% nos últimos sete anos.<br />

É claro que a adaptação de uma empresa a<br />

outro modelo de gestão não ocorre sem dificuldades.<br />

Quem explica é Maria Tereza Roscoe,<br />

professora da Fundação Dom Cabral. “O<br />

profissional que chega a uma empresa menor<br />

geralmente encontra estrutura enxuta, sistemas<br />

infor<strong>mais</strong> de gestão e uma mentalidade<br />

diferente para os negócios. Mas não significa<br />

que precisará mudar tudo. O importante é que<br />

as partes se conheçam, sentem juntas e planejem<br />

o que será melhorado”, recomenda.<br />

A REDE GAÚCHA IMEC, 20 lojas, passou<br />

por um processo semelhante. Administrada<br />

por duas famílias, a empresa contratou<br />

três profissionais com larga experiência no<br />

varejo para comandar a gestão. Um deles é<br />

Leonardo Taufer, que trabalhara no Walmart<br />

por seis anos antes de assumir, em abril de<br />

2012, o posto de diretor comercial. Seu principal<br />

desafio era estabelecer um calendário<br />

de longo prazo na gestão do Imec. Entrava<br />

em seu “pacote” de metas aumentar as vendas<br />

da empresa, reduzir gargalos logísticos<br />

e alavancar o negócio de atacarejo da rede,<br />

que contava com uma única unidade.<br />

“O padrão das lojas e a infraestrutura já<br />

eram bons. A empresa tinha plenas condições<br />

de crescer, mas o planejamento era<br />

muito carente, feito mês a mês”, explica o<br />

executivo. Com a nova equipe, um calendário<br />

de maio até o fim do ano foi estabelecido,<br />

com orçamento e metas definidas. Passado o<br />

período, os resultados apareceram. Em 2012,<br />

as vendas do Imec cresceram 19%, enquanto<br />

EDISON VARA<br />

PLANEJAMENTO<br />

APRIMORADO<br />

Após seis anos no<br />

Walmart, Leonardo<br />

Taufer assumiu<br />

a diretoria comercial<br />

do Imec. Estabeleceu<br />

novos padrões para<br />

definir metas e orçamento<br />

o tempo necessário para girar o estoque caiu<br />

10%, agilizando as operações. Considerando<br />

somente o atacarejo, o crescimento foi ainda<br />

maior: 39% na mesma loja, além da conversão<br />

de um supermercado para esse formato.<br />

E a margem bruta de <strong>lucro</strong> sobre as vendas<br />

nos supermercados cresceu 13%.<br />

É importante ressaltar, como afirma a professora<br />

Maria Tereza, que profissionalizar a<br />

gestão não implica eliminar a influência das<br />

famílias no negócio. Afinal, o conhecimento<br />

que elas têm de anos de varejo não pode<br />

ser ignorado. Mas a mudança é importante<br />

para quem quer competir em iguais condições<br />

com os concorrentes maiores.<br />

NESTA REPORTAGEM VOCÊ VIU:<br />

BENEFÍCIOS DA PROFISSIONALIZAÇÃO DAS REDES FAMILIARES<br />

EXEMPLOS DE SUPER REDE E IMEC<br />

76 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


GESTÃO<br />

CUI-<br />

DADO<br />

FAZER CERTO.<br />

TUDO. O PEDIDO, O<br />

RECEBIMENTO, A<br />

ARMAZENAGEM,<br />

O CORTE DA CARNE,<br />

O PREPARO DO<br />

PÃO, A REPOSIÇÃO,<br />

A OPERAÇÃO DO<br />

CAIXA. ESSE É<br />

UM DOS GRANDES<br />

DESAFIOS. SE TRAÇAR<br />

PLANOS É ESSENCIAL,<br />

EXECUTAR BEM<br />

É O PULO DO GATO TEXTO FERNANDO SALLES FERNANDO.SALLES@SM.COM.BR<br />

OS PLANOS DA EMPRESA PODEM DESMORONAR,<br />

SE OS TRABALHOS NAO FOREM BEM EXECUTADOS<br />

FOTOS SHUTTERSTOCK<br />

FEVEREIRO 2013 | SM.COM.BR 79


FAZER CERTO<br />

GESTÃO<br />

“<br />

ais valem pequenos atos executados, que grandes ideias apenas planejadas”, disse<br />

o secretário de Estado norte-americano George Marshall, autor do plano que<br />

ajudou a reconstruir os países europeus devastados durante a Segunda Guerra<br />

Mundial. A iniciativa lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz há exatos 60 anos.<br />

Na rotina das empresas, porém, muitos bons projetos – grandes ou pequenos<br />

– não geram os resultados esperados porque esbarram em problemas na hora da<br />

execução. Isso acontece com frequência em super e hipermercados, onde há boa<br />

distância entre as salas de reunião e o chão de loja e a retaguarda, e muito se perde<br />

no meio do caminho. Para Romualdo Teixeira, diretor comercial da RTC Consultoria<br />

de Gestão de Varejo, as dificuldades ocorrem pela própria complexidade do negócio supermercadista.<br />

“O segmento possui inúmeras ‘indústrias’ dentro da mesma operação:<br />

açougue, flv, padaria, rotisseria, mercearia. Cada uma possui um modelo de trabalho,<br />

Mo que resulta numa enorme quantidade de processos, um diferente do outro”, diz. A<br />

SIMPLI-<br />

FICAR<br />

OS PROCESSOS<br />

NÃO É A<br />

COMPLEXIDADE<br />

QUE DEFINE O<br />

SUCESSO DE UMA<br />

TAREFA, MAS SUA<br />

CAPACIDADE<br />

DE GERAR<br />

RESULTADOS. E,<br />

PARA FACILITAR,<br />

O TREINAMENTO<br />

E OS MANUAIS<br />

TAMBÉM DEVEM<br />

SER BEM SIMPLES<br />

Nenhuma estratégia, por<br />

melhor que seja, terá sucesso se<br />

não for bem assimilada pelos<br />

profissionais de chão de loja ou<br />

retaguarda. Por isso, na hora de<br />

definir as rotinas operacionais,<br />

a recomendação é pensar em<br />

atividades que possam ser executadas<br />

de forma simples. Para<br />

facilitar o processo, a RTC recomenda<br />

desenvolver manual<br />

de procedimentos e checklists<br />

para monitorar o cumprimento<br />

desses procedimentos. Lembre-se<br />

que soluções complexas<br />

esbarram nos altos índices de<br />

turnover e demandam maior<br />

carga de treinamento, portanto,<br />

maiores investimentos.<br />

essa dificuldade natural, soma-se a alta rotatividade<br />

de funcionários, o que complica<br />

ainda <strong>mais</strong> a aplicação do que é planejado.<br />

Afinal, boa execução requer equipes bem<br />

treinadas e familiarizadas com as rotinas<br />

de trabalho. Para resolver o problema, Teixeira<br />

sugere iniciar os trabalhos preparando<br />

os gerentes e encarregados, peças-chave<br />

para garantir a implementação dos planos<br />

traçados. Além de aspectos técnicos, esse<br />

treinamento deve incluir questões comportamentais,<br />

relacionadas à liderança da<br />

equipe. “Mais de 70% dos profissionais de<br />

gerência encontram dificuldades para lidar<br />

com pessoas, comunicar-se de forma eficaz<br />

e liderar seus colaboradores”, justifica.<br />

NO MOMENTO DE DEFINIR os procedimentos,<br />

a recomendação dos especialistas<br />

é apostar na simplicidade. Não convém<br />

nada muito burocrático (com exigência<br />

de vários documentos de controle), nem<br />

excessivo número de etapas, o que pode<br />

tornar a atividade complexa ou longa de<strong>mais</strong>.<br />

A simplicidade também deve nortear<br />

a própria descrição da tarefa. Exemplo: um<br />

repositor deve ser orientado a manter os<br />

produtos alinhados, mas não meticulosamente<br />

alinhados, para não perder produtividade.<br />

Outro ponto importante é comunicar<br />

cada procedimento de maneira clara<br />

e com a ajuda de recursos visuais, seja em<br />

treinamento ou por meio dos indispensáveis<br />

manuais de operação. Eles garantem<br />

que o processo não se perca no meio do<br />

80 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


FAZER CERTO<br />

GESTÃO<br />

ENGA-<br />

caminho por ‘esquecimento’ da equipe ou<br />

pelo inevitável turnover. Teixeira, da RTC,<br />

recomenda também a criação de checklists<br />

para cada função, a fim de um supervisor<br />

checar periodicamente o trabalho executado.<br />

Se, por exemplo, o manual indicar que<br />

a regra na reposição de hortifrútis corresponde<br />

a ‘o primeiro que vence é o primeiro<br />

que sai’, o encarregado do checklist verificará<br />

se esse padrão está sendo respeitado ou<br />

não pelo repositor, o que resultará num relatório<br />

por área. No ano passado, a divisão de<br />

prevenção de perdas da rede mineira DMA<br />

passou a utilizar um sistema desenvolvido<br />

pela consultoria RTC que permite avaliar os<br />

resultados a partir de checklists acessados<br />

via web. “Essa lista de atribuições envolve<br />

toda a operação, incluindo recebimento,<br />

armazenagem, estoque, e alerta a operação<br />

e o auditor sobre o padrão de cada rotina<br />

e os pontos a serem monitorados”, resume<br />

André Lara, gestor de riscos do Grupo DMA.<br />

O PLANO TRAÇADO EM CONJUNTO com a<br />

RTC inclui quatro checklists, definidos após<br />

análise das necessidades da rede. Eles são<br />

preenchidos a partir de tablets pelos supervisores<br />

regionais, veterinários, auditores de<br />

qualidade e gestores de riscos. “Temos uma<br />

postura de corrigir os erros no momento da<br />

avaliação, garantindo que os resultados melhorem<br />

a cada dia”, diz Lara. “Mas os relatórios<br />

também são avaliados pela diretoria, que<br />

apoia com investimentos pontuais as lojas<br />

com necessidades de melhoria para operar<br />

com <strong>mais</strong> eficiência”, completa. Os resultados<br />

já aparecem. Desde o início do trabalho<br />

nas cinco unidades piloto do DMA, o índice de<br />

perdas apresentou queda de 23%, em média.<br />

A alta rotatividade de funcionários<br />

atrapalha a boa execução<br />

das tarefas. E o alto turnover<br />

é consequência de estresse<br />

operacional, problemas de comunicação<br />

com os gestores e<br />

falta de formação. Isso de acordo<br />

com levantamento recente da<br />

RTC, consultoria especializada<br />

no atendimento ao varejo. Para<br />

minimizar tais problemas e aumentar<br />

o nível de satisfação da<br />

equipe são necessárias algumas<br />

medidas. Uma delas é treinar<br />

as pessoas, assim que contratadas,<br />

para que logo entendam<br />

os processos e procedimentos<br />

adotados pela empresa. Essa é a<br />

parte fácil. A <strong>mais</strong> difícil, porém<br />

essencial, é engajar as pessoas.<br />

E isso se consegue com o entendimento<br />

pelo funcionário da importância<br />

de seu trabalho para<br />

os resultados da empresa e com<br />

bons líderes – aqueles que em<br />

vez de punir o erro, orientam; em<br />

vez de gritar por resultados, ensinam;<br />

e em vez de ditar ordens,<br />

consultam, ouvem, aceitam.<br />

Outro desafio do varejo é a manutenção<br />

dos planogramas definidos pelo processo<br />

de gerenciamento por categorias. Mesmo<br />

com tudo documentado, essa manutenção<br />

é prejudicada, sobretudo por problemas de<br />

logística e reposição, o que gera ruptura. Para<br />

controlar o problema, a rede Super Maia,<br />

com 15 lojas no Distrito Federal, começou<br />

a testar um trabalho conjunto de auditoria<br />

que, por enquanto, envolve a categoria de<br />

JAR<br />

OS PROFISSIONAIS<br />

EMBORA O<br />

ENGAJAMENTO<br />

SEJA FRUTO MAIS<br />

DE UMA BOA<br />

RELAÇÃO<br />

DA EQUIPE COM<br />

SEUS LÍDERES<br />

E A EMPRESA,<br />

UMA COISA<br />

É CERTA: UM<br />

SISTEMA DE<br />

BÔNUS ATRELADO<br />

A METAS SURTE<br />

ÓTIMO EFEITO<br />

82 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


FAZER CERTO<br />

GESTÃO<br />

Todo novo processo deve<br />

considerar uma fase de ‘implantação<br />

assistida’, na qual os<br />

gestores acompanham de perto<br />

o início do trabalho, a fim de garantir<br />

plena aderência ao que foi<br />

definido. A recomendação é de<br />

Romualdo Teixeira, da consultoria<br />

RTC. Esse trabalho inicial<br />

faz com que os colaboradores<br />

entendam melhor suas funções,<br />

o que aumenta as chances de sucesso.<br />

No entanto, a garantia de<br />

boa execução depende de um<br />

monitoramento constante das<br />

atividades. “Não basta promover<br />

um treinamento para melhorar<br />

a eficiência do açougue e achar<br />

que o problema está resolvido.<br />

Com o tempo, as informações se<br />

perdem e tudo volta ao que era”,<br />

exemplifica Teixeira. Para evitar<br />

que isso aconteça, os gerentes e<br />

encarregados – capacitados anteriormente<br />

– devem verificar se<br />

os procedimentos estão sendo<br />

cumpridos visitando os setores<br />

<strong>mais</strong> críticos e aplicando checklists.<br />

Dependendo da estrutura<br />

da empresa, uma auditoria<br />

interna também pode ajudar.<br />

NESTA REPORTAGEM VOCÊ VIU:<br />

MONI-<br />

TORAR<br />

A EXECUCAO<br />

NÃO SE SABE POR<br />

QUE, MAS AS<br />

PESSOAS TENDEM<br />

A ESQUECER REGRAS<br />

E PROCEDIMENTOS,<br />

SOBRETUDO SE NÃO<br />

ACREDITAM NELES.<br />

O MONITORAMENTO<br />

DAS ATIVIDADES,<br />

PORTANTO,<br />

É ESSENCIAL PARA<br />

CORRIGIR DESVIOS<br />

DO CAMINHO E USAR<br />

NOVOS ARGUMENTOS<br />

DE PERSUASÃO<br />

A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA EXECUÇÃO PARA O SUCESSO DA EMPRESA<br />

COMO GARANTIR QUE A EXECUÇÃO SEJA BEM FEITA<br />

EXEMPLOS DE EMPRESAS QUE ESTÃO ACERTANDO O PASSO<br />

papel higiênico. Werner Goulart, gerente de<br />

gestão de categorias, explica que um profissional<br />

da equipe de prevenção de perdas<br />

confere uma vez por semana cada detalhe<br />

do planograma da categoria. Feita de forma<br />

manual, essa auditoria mostra, em caso de<br />

ruptura, se o problema está no fornecedor<br />

ou no depósito. A partir de um relatório, o<br />

gestor de compras entende quais SKUs entram<br />

em ruptura com maior frequência e<br />

define mudanças na programação de entregas<br />

para evitar falhas. Já ficou claro que a<br />

ruptura cresce nos períodos de maior movimento<br />

na loja. Para resolver a falha, a área<br />

de compras distribuirá melhor os pedidos<br />

e testará os resultados em uma loja-piloto,<br />

além de conversar com fornecedores cujos<br />

itens sempre apresentam ruptura. “O processo<br />

de GC só traz resultados com o trabalho<br />

em conjunto”, resume Goulart.<br />

PARA GARANTIR A EXECUÇÃO correta<br />

na perfumaria e aumento de 30% em suas<br />

vendas neste ano, outra rede, a paranaense<br />

Muffato, cuidou do essencial: engajar todos<br />

os funcionários envolvidos no processo – do<br />

pedido à reposição, passando pelos responsáveis<br />

por mudanças no mix e layout, por<br />

negociações de pontos extras e tabloides e<br />

ajustes na logística. Adilson Corrêa, gerente<br />

comercial, reuniu os gerentes das 35 lojas<br />

para comunicar o que seria feito. Ao voltar<br />

para as unidades, cada gerente se reuniu<br />

com o encarregado do setor. E os repositores<br />

passaram por treinamento, além do estímulo<br />

de concorrer a uma viagem. Resultado:<br />

o Muffato já bateu 92% da ousada meta e<br />

confirmou sua principal suspeita: execução<br />

é feita por pessoas e são elas que devem ser<br />

o principal alvo de qualquer estratégia.<br />

84 SM.COM.BR | FEVEREIRO 2013


MEGAMERCADO<br />

VOCÊ POR DENTRO DOS NEGÓCIOS<br />

POR ADRIANA SILVESTRINI ADRIANA.SILVESTRINI@SM.COM.BR<br />

PÁG.<br />

86<br />

Novos usos para<br />

lenço de papel<br />

A Unilever vai levar um brasileiro ao espaço. A nova<br />

campanha da linha Axe Apollo inclui uma competição simultânea entre consumidores<br />

de 60 países, que vão concorrer a uma viagem ao espaço. Ao todo serão 22 ganhadores.<br />

Os candidatos podem se inscrever até o dia 21 de abril<br />

de 2013 pelo endereço axeapollo.com. Os interessados deverão criar um perfil e<br />

escrever uma frase que justifique por que desejam ir ao espaço.<br />

A agência espacial internacional SEC (Space Expedition<br />

Corporation) será responsável pela viagem. A Unilever contratou o astronauta<br />

americano Buzz Aldrin, um dos primeiros astronautas a pisar na Lua, e Marcos Pontes<br />

(na foto acima), o primeiro astronauta brasileiro a ir ao espaço. Eles participaram do<br />

lançamento da campanha em seus respectivos países.<br />

ANTARCTICA AZUL<br />

O Guaraná Antarctica ganhou<br />

uma edição limitada: uma lata na<br />

cor azul, em vez da original verde, para<br />

comemorar a marca de 10 milhões de<br />

fãs no Facebook. Não por acaso foram<br />

produzidos 10 milhões de latinhas com<br />

a logomarca da rede social. Em paralelo,<br />

foi lançado um concurso cultural para<br />

identificar o maior fã da marca na rede.<br />

O vencedor vai levar a lata azul até<br />

a sede do Facebook, em Nova Iorque.<br />

Estudo da Nielsen,<br />

encomendado pela fabricante<br />

Kimberly-Clark, mostra que 61%<br />

das pessoas já usam lenço de<br />

papel nos momentos em que não<br />

estão resfriadas. O produto já é<br />

usado para limpar o suor e retirar<br />

a maquiagem do rosto e a oleosidade<br />

da pele. Em um mercado que<br />

movimentou apenas R$ 62 milhões<br />

em 2011, segundo a Nielsen,<br />

as indústrias têm investido para<br />

ampliar a presença dos lenços no<br />

cotidiano dos brasileiros. E tem dado<br />

certo: em 2008, segundo a Kimberly,<br />

80% das vendas da categoria<br />

ocorriam no inverno, quando a<br />

incidência de resfriados aumenta.<br />

Hoje, esse percentual caiu para 60%.<br />

180<br />

milhões de reais<br />

é o que a<br />

Vigor Alimentos<br />

vai investir<br />

para ampliar sua<br />

atuação<br />

no Estado do<br />

Rio de Janeiro


CUIDADOS DO BRASILEIRO<br />

COM OS CABELOS<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

Você sabe como o ritual do brasileiro<br />

com os cabelos se reflete na hora das compras?<br />

Para descobrir isso, a P&G encomendou um<br />

estudo, realizado com 1.800 homens e mulheres<br />

em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e<br />

Porto Alegre. Segundo o levantamento, as pessoas<br />

seguem uma rotina quase diária para cuidar<br />

dos cabelos. É o que fazem nada menos do<br />

que 75% do público feminino entrevistado.<br />

As mulheres levam, em média, de 6 a 30 minutos<br />

nessa tarefa. A maioria delas afirma ter cabelos<br />

secos. Já a maior parte dos homens alegou ter<br />

cabelos ‘nor<strong>mais</strong>’. Eles lavam os cabelos com maior<br />

frequência do que as mulheres (6,2, contra 4,1<br />

vezes por semana) e usam produtos básicos<br />

(shampoo/condicionador). Outra constatação:<br />

atentas aos benefícios e riscos dos tratamentos<br />

de beleza, as pessoas buscam <strong>mais</strong> opções saudáveis.


NOVOS PRODUTOS<br />

DE OLHO NAS PRATELEIRAS<br />

PÁG.<br />

89<br />

POR ADRIANA SILVESTRINI ADRIANA.SILVESTRINI@SM.COM.BR | FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

RAIZ<br />

FORTE<br />

EM PASTA<br />

A Sakura amplia<br />

o seu portfólio destinado<br />

aos apreciadores da<br />

culinária japonesa com<br />

o wasabi em pasta da<br />

marca Kenko. A raiz<br />

verde vem embalada<br />

em tubo plástico, ideal<br />

para dosar o uso no<br />

prato, o que evita<br />

desperdícios. À venda<br />

em todo o Brasil, o preço<br />

sugerido é de R$ 5,50.<br />

Balsâmico<br />

branco<br />

Com sabor agridoce suave,<br />

o vinagre pode ser usado em saladas<br />

e no preparo de peixes e outras<br />

carnes brancas. O lançamento,<br />

diz a Gallo, é produzido com<br />

vinhos e uvas selecionadas.<br />

O preço sugerido é de R$ 10,90.<br />

Vodca popular<br />

O Grupo Petrópolis lança Nordka, seu<br />

segundo produto na categoria – o primeiro<br />

foi a Blue Spirit Unique e sua versão Ice.<br />

De acordo com Douglas Costa, diretor de<br />

mercado da fabricante, as vodcas produzidas<br />

pela empresa não vão competir entre si, pois<br />

a Nordka estará direcionada a um segmento<br />

<strong>mais</strong> popular, enquanto a Blue Spirit se<br />

propõe a ser um produto <strong>mais</strong> premium.<br />

A bebida chegará às gôndolas no próximo<br />

mês nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.<br />

CARNE SECA<br />

A Broto Legal Alimentos<br />

apresenta novos produtos com<br />

carne seca. A linha Jerked Beef<br />

chega às lojas com menor teor<br />

de gordura e cortes diferenciados.<br />

Inicialmente, a distribuição<br />

será feita nos Estados de São<br />

Paulo, Minas Gerais e no Paraná.


COM A PALAVRA<br />

OPINIÃO DE EXECUTIVOS E ESPECIALISTAS<br />

POR VIVIANE SOUSA VIVIANE.SOUSA@SM.COM.BR | FOTO DIVULGAÇÃO<br />

Chefe, eu quero<br />

um aumento!<br />

Entenda como avaliar e agir quando<br />

alguém da equipe quer ganhar <strong>mais</strong><br />

P<br />

edir ou não um aumento de salário, eis a questão.<br />

Para boa parte dos brasileiros, o assunto ainda é<br />

tabu. Pelo menos é o que mostra pesquisa da Robert<br />

Half, consultoria de recrutamento, que ouviu 764<br />

profissionais em 2012. Desse total, 45,6% revelou nunca<br />

ter pedido aumento. O medo é o principal motivo. Pode<br />

não parecer, mas isso aponta um problema dentro das<br />

empresas: a falta de uma cultura capaz de estimular uma<br />

comunicação melhor dos líderes com suas equipes. Também<br />

revela a ausência de planos de carreira e de cargos<br />

e salários. A consequência costuma ser desmotivação,<br />

baixa produtividade, perda de bons funcionários e a necessidade<br />

de contrapropostas. Mário Custódio, gerente<br />

de recrutamento da Robert Half, fala <strong>mais</strong> sobre o tema.<br />

PÁG.<br />

90<br />

MÁRIO CUSTÓDIO<br />

GERENTE DE RECRUTAMENTO<br />

DA ROBERT HALF<br />

Por que existe o medo de pedir aumento?<br />

Os trabalhadores latinos, de modo geral, são sentimentalistas.<br />

Deixam a emoção falar <strong>mais</strong> alto até mesmo nas relações de<br />

trabalho. Temem se indispor com os chefes e correr o risco de perder<br />

o emprego. Por isso, têm medo de iniciar uma conversa com a<br />

chefia para reivindicar um salário maior. Preferem esperar o reconhecimento,<br />

o que às vezes não acontece. Em culturas <strong>mais</strong> pragmáticas,<br />

como a norte-americana, os empregados sabem separar a<br />

relação pessoal da profissional, o que é melhor para todo mundo.<br />

Quais podem ser as consequências desse medo?<br />

Para o empregado, decepção, que leva à desmotivação, à baixa<br />

produtividade e, por fim, à busca por outras oportunidades no<br />

mercado. Para a empresa, existe o risco de perder bons profissionais.<br />

Muitas companhias recorrem a contrapartidas de novas propostas<br />

para que isso não aconteça. Mas essa não é a melhor posição<br />

para uma empresa, porque pode levá-la a conceder um aumento<br />

muito alto, que não condiz com as atividades do profissional.<br />

Como as empresas podem evitar essas situações?<br />

Desenvolvendo uma cultura que estimule a boa comunicação<br />

entre a companhia, as lideranças e os colaboradores. Na sequência,<br />

instituir um plano de cargos e salários ou de carreira. Dessa<br />

forma, os colaboradores saberão exatamente quais são suas funções,<br />

metas, o que a empresa espera de cada um e os benefícios,<br />

promoções e aumentos que os aguardam caso tenham bom desempenho.<br />

Também é possível adotar um plano sucessório para<br />

ter alguém capacitado no lugar de quem pediu as contas.<br />

O sistema de meritocracia é uma boa opção?<br />

É válido desde que fique bem claro para todos os colaboradores<br />

como funciona. A ideia é evitar questionamentos do tipo:<br />

por que ele recebeu aumento e eu não, se fazemos a mesma coisa?<br />

Como empresas e líderes devem agir diante de<br />

um pedido de aumento?<br />

Um bom líder pode até ficar surpreso, mas escuta e avalia<br />

o pedido de seu colaborador, nunca foge dele ou de uma resposta.<br />

Nessa hora, é importante que os gestores levem em consideração<br />

o motivo da solicitação e o desempenho do profissional.<br />

E quando o funcionário não é merecedor?<br />

É importante explicar os motivos de forma clara e traçar<br />

um novo plano com metas de trabalho e prazos. Caso a empresa<br />

esteja com problemas financeiros, a recomendação é deixar a situação<br />

clara e tentar motivá-lo com outros benefícios.

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