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REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

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<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>da</strong> União<br />

para a expansão do setor <strong>de</strong> infra-estrutura. Essa tarefa era cumpri<strong>da</strong>, <strong>de</strong> forma<br />

segmenta<strong>da</strong> e não sistêmica, pelas empresas estatais, uma vez que foram cria<strong>da</strong>s<br />

justamente para construir as bases <strong>da</strong> infra-estrutura nacional. (TCU, 2002)<br />

Durante a privatização – ou a preparação para a privatização –, gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong><br />

competência <strong>de</strong> planejamento foi perdi<strong>da</strong> nos planos incentivados <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão. Nesse<br />

tempo, não houve um movimento compensatório <strong>de</strong> reforço <strong>da</strong>s equipes <strong>da</strong> administração<br />

direta que possibilitasse aos ministérios gerir o processo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça.<br />

As agências reguladoras, recém-cria<strong>da</strong>s, com a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> constituir um<br />

quadro <strong>de</strong> servidores a partir <strong>de</strong> contratos temporários, acabaram se tornando um pólo<br />

<strong>de</strong> atração <strong>de</strong>ssa mão-<strong>de</strong>-obra egressa <strong>da</strong>s empresas estatais. As empresas priva<strong>da</strong>s<br />

também começavam um processo <strong>de</strong> contratação <strong>de</strong>sse mesmo público com o objetivo <strong>de</strong><br />

capacitá-las a atuar nos promissores mercados que se abriam.<br />

O cenário resultante <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça foi <strong>de</strong>vastador para o setor público: empresas<br />

estatais esvazia<strong>da</strong>s; a administração direta – leia-se ministérios – não recrutou nem<br />

capacitou pessoal para absorver as tarefas <strong>de</strong> assessoramento na formulação <strong>de</strong> políticas e<br />

diretrizes; e as agências reguladoras, ain<strong>da</strong> que pa<strong>de</strong>cedoras do mesmo vício <strong>da</strong>s estatais<br />

– visão segmenta<strong>da</strong>, não sistêmica –, acabaram se incumbindo, na prática, <strong>de</strong> formular e<br />

implementar políticas e diretrizes (TCU, 2002).<br />

84<br />

As agências, portanto, num momento inicial, acumularam gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, pois<br />

geriam contratos, planejavam a expansão e outorgavam as concessões. Agregue-se a esse<br />

ambiente a precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s relações <strong>de</strong> trabalho dos funcionários <strong>de</strong>ssas autarquias,<br />

quase todos contratados temporariamente, sem o horizonte <strong>de</strong> uma carreira <strong>de</strong>ntro do<br />

setor público. A perspectiva profissional mais concreta para esse pessoal era, portanto, a<br />

contratação pelas empresas regula<strong>da</strong>s.<br />

OS MARCOS REGULATÓRIOS<br />

O objetivo <strong>de</strong>sta seção não é o <strong>de</strong> produzir um diagnóstico <strong>de</strong>talhado <strong>de</strong> como<br />

foi mo<strong>de</strong>la<strong>da</strong> e <strong>de</strong> como efetivamente se <strong>de</strong>u a reforma em ca<strong>da</strong> um dos setores <strong>de</strong> infraestrutura.<br />

Busca-se aqui <strong>de</strong>linear, em linhas gerais, um panorama <strong>de</strong> como eles estavam<br />

organizados e <strong>de</strong> como foram transformados, principalmente no intuito <strong>de</strong> mostrar<br />

que a análise <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> na seção anterior aplica-se horizontalmente aos setores <strong>de</strong><br />

telecomunicações, energia, petróleo e gás e rodovias. Isso significará, em síntese, que a<br />

<strong>de</strong>speito <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> questões específicas setoriais, o controle <strong>da</strong> regulação <strong>de</strong> infraestrutura<br />

será fortemente baseado em estratégias e objetivos transversais.<br />

SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES<br />

No início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60, havia cerca <strong>de</strong> 1.200 empresas <strong>de</strong> telefonia no Brasil,<br />

quase to<strong>da</strong>s <strong>de</strong> médio e pequeno porte e sem nenhuma coor<strong>de</strong>nação entre si (BRASIL,<br />

1995). Mais <strong>de</strong> 60% dos terminais telefônicos instalados concentravam-se na região<br />

centro-leste do País. Os serviços interurbanos eram precários e interligavam apenas<br />

algumas regiões 8 .<br />

Para melhorar esse cenário, foi editado o Código Brasileiro <strong>de</strong> Telecomunicações<br />

(CBT) 9 , o primeiro gran<strong>de</strong> marco legal que preten<strong>de</strong>u organizar o setor <strong>de</strong> telecomunicações<br />

no Brasil. O CBT instituiu: (i) o Sistema Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações (SNT), com vista

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