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REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

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A partir do diagnóstico <strong>da</strong> atual cobertura dos serviços <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong> telefonia,<br />

é possível concluir que os benefícios marginais associados à expansão dos serviços <strong>de</strong><br />

eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> e telefonia no Brasil serão maiores para os mais pobres, uma vez que a<br />

cobertura dos serviços é superior à medi<strong>da</strong> que aumenta a ren<strong>da</strong>, e entre os mais ricos já<br />

encontra-se próxima à universalização dos serviços.<br />

O padrão <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> cobertura entre os municípios <strong>de</strong>monstra que existe<br />

uma relação direta entre <strong>de</strong>senvolvimento (medido pelo IDH municipal) e cobertura dos<br />

serviços. Provavelmente esta é uma relação bi-causal, mas o fato em si aponta para<br />

a relevância dos serviços <strong>de</strong> infra-estrutura como um dos fatores para <strong>da</strong>r suporte ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento regional.<br />

A convergência regional no acesso aos serviços só ocorreu a partir <strong>de</strong> situações<br />

em que as regiões com maior grau <strong>de</strong> cobertura já encontravam-se muito próximas à<br />

universalização. Esse comportamento foi verificado em escala estadual para energia<br />

elétrica. Para telefonia fixa, o aumento <strong>da</strong> cobertura dos serviços representou também uma<br />

ampliação <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sigula<strong>da</strong><strong>de</strong>s em termos absolutos entre os estados. A dispersão relativa<br />

<strong>da</strong> cobertura dos serviços, medi<strong>da</strong> como a razão entre o <strong>de</strong>svio-padrão <strong>da</strong> cobertura dos<br />

serviços e a média brasileira manteve-se estável, uma vez que os serviços ampliaram-se<br />

em todos os estados.<br />

Não necessariamente a liberalização, <strong>de</strong>sregulamentação e privatização resultam<br />

em ampliação do ritmo <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong> coberturta <strong>de</strong> serviços públicos para todos os<br />

grupos populacionais. Para o caso brasileiro, as reformas no setor <strong>de</strong> energia elétrica não<br />

implicaram aumento no ritmo <strong>de</strong> expansão <strong>da</strong> cobertura dos serviços para os mais pobres,<br />

nem para a zona rural. Não obstante, os benefícios marginais <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> tal expansão<br />

já eram superiores para essas categorias do que para as <strong>de</strong>mais, que haviam atingidos<br />

níveis <strong>de</strong> saturação.<br />

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À medi<strong>da</strong> que o atendimento a certos grupos populacionais não é atrativo do ponto<br />

<strong>de</strong> vista puramente econômico-financeiro, apenas mecanismos que estimulem ou forcem o<br />

investimento são capazes <strong>de</strong> reduzir as <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s no acesso. Apesar <strong>de</strong> haver espaço<br />

para ampliações na taxa <strong>de</strong> expansão dos serviços <strong>de</strong> energia elétrica na zona rural, em<br />

especial nas regiões mais pobres, isso não foi observado após a privatização do setor.<br />

Um sinal claro <strong>de</strong> que o Governo Brasileiro parece ter aprendido esta lição é o fato <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stinar R$ 5,3 bilhões, dos R$ 7 bilhões estimados como necessários para universalizar o<br />

acesso à energia elétrica no Brasil até o ano <strong>de</strong> 2008 (o resto virá <strong>de</strong> aportes estaduais e<br />

municipais, e <strong>da</strong>s próprias empresas). Os gran<strong>de</strong>s beneficiários <strong>de</strong>stes investimentos serão<br />

os 20% mais pobres <strong>da</strong> população.<br />

No caso do setor <strong>de</strong> telefonia, verificou-se um aumento maior dos benefícios<br />

marginais <strong>de</strong> acesso para as faixas intermediárias <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>. Este fato, associado à<br />

estagnação nos níveis <strong>de</strong> acesso a partir do ano 2000, sinalizam que após supera<strong>da</strong>s as<br />

barreiras relaciona<strong>da</strong>s à falta <strong>de</strong> oferta, passam a ser relevantes as barreiras <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>,<br />

associa<strong>da</strong>s à falta <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pagamento <strong>da</strong> população mais pobre. Apesar do<br />

relevante crescimento <strong>da</strong> planta telefônica, superando as metas <strong>de</strong> universalização tanto<br />

no que se refere aos acessos individuais como aos <strong>de</strong> uso público, ain<strong>da</strong> persistem gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s inter e intra-regionais no acesso aos serviços <strong>de</strong> telefonia.<br />

Algumas empresas já estão criando planos com estruturas tarifárias alternativas para<br />

aten<strong>de</strong>r às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos grupos mais pobres. É possível também que a implementação<br />

Regulação <strong>de</strong> serviços públicos e controle externo

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