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REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

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<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>da</strong> União<br />

avalia<strong>da</strong> pelos brasileiros que pelos <strong>de</strong>mais ci<strong>da</strong>dãos latino-americanos: 53% dos<br />

entrevistados no Brasil acreditam que o processo não foi benéfico para o País, contra 63%<br />

na média dos <strong>de</strong>mais países <strong>da</strong> região.<br />

Vários trabalhos acadêmicos <strong>de</strong>dicaram-se a avaliar o resultado dos processos <strong>de</strong><br />

privatização em todo o mundo, do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> seus resultados fiscais – montantes<br />

arreca<strong>da</strong>dos, eventuais reduções no endivi<strong>da</strong>mento público, reduções <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa, entre<br />

outros aspectos – e dos ganhos <strong>de</strong> eficiência para diferentes setores. Mais recentemente, a<br />

literatura econômica passou a <strong>da</strong>r maior ênfase aos resultados distributivos dos processos<br />

<strong>de</strong> privatização nos setores <strong>de</strong> infra-estrutura e <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços públicos, em<br />

especial nos países em <strong>de</strong>senvolvimento, on<strong>de</strong> o acesso a tais bens e serviços não é<br />

universal, e on<strong>de</strong> há maior incidência <strong>de</strong> pobreza e <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> social.<br />

A literatura econômica já i<strong>de</strong>ntificou que a <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> representar um<br />

obstáculo ao crescimento econômico, particularmente nas economias em <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

em que as instituições e os mercados são fracos 1 . Segundo Birdsall e Nellis (2002), existem<br />

evidências <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> perpetuar-se ao afetar o ritmo natural <strong>de</strong> evolução<br />

<strong>da</strong>s políticas econômicas, por possibilitar a manutenção <strong>de</strong> arranjos políticos improdutivos.<br />

A<strong>de</strong>mais, em alguma medi<strong>da</strong>, a maioria <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s possui e impõe certos limites à<br />

sua tolerância com relação à <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> seus efeitos sobre o<br />

crescimento e a eficiência.<br />

400<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é analisar se as reformas regulatórias e a privatização nos<br />

setores <strong>de</strong> telefonia e energia elétrica contribuíram para a redução <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>da</strong><br />

pobreza no Brasil. O trabalho está organizado como se segue: a seção 2 trata <strong>da</strong> discussão<br />

sobre o sentido <strong>de</strong> implementar políticas sociais via serviços públicos <strong>de</strong> infra-estrutura; a<br />

seção 3 apresenta como os principais efeitos <strong>da</strong> privatização sobre ao pobreza e <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s pela literatura; a seção 4 revê os resultados para o Brasil; as seções 5 e 6<br />

analisam a evolução do acesso e preço dos serviços no Brasil; a seção 7 conclui.<br />

POLÍTICAS SOCIAIS VIA SERVIÇOS PÚBLICOS?<br />

Segundo Estache, Gomez-Lobo e Leipziger (2000), a pergunta básica a respon<strong>de</strong>r<br />

para iniciar a discussão sobre serviços públicos e bem-estar é se as ligações entre pobreza<br />

e infra-estrutura em geral <strong>de</strong>vem ser vistas simplesmente como mais uma forma <strong>de</strong><br />

manifestação <strong>da</strong> pobreza e, se como tal, <strong>de</strong>vem ser mitiga<strong>da</strong>s via políticas sociais (<strong>de</strong> bemestar)<br />

<strong>de</strong> modo geral. Apesar <strong>da</strong> resposta ser afirmativa, os autores a propõem <strong>de</strong> outra<br />

maneira: <strong>da</strong>do que na gran<strong>de</strong> maioria dos países em <strong>de</strong>senvolvimento que implementaram<br />

reformas regulatórias e privatização <strong>de</strong> serviços públicos não existe uma política efetiva <strong>de</strong><br />

bem-estar, se uma análise séria <strong>da</strong> situação consegue <strong>de</strong>monstrar que estas reformas têm<br />

impactos sobre os pobres, seria o caso <strong>de</strong> implementar políticas <strong>de</strong> bem-estar relaciona<strong>da</strong>s<br />

a esses setores ao menos no curto e médio prazos?<br />

O que essas questões sugerem é que ligar programas sociais a mu<strong>da</strong>nças na<br />

indústria <strong>de</strong> serviços públicos é tarefa complexa. A maior causa <strong>de</strong>ssa complexi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

é a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar os efeitos <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças nesses serviços <strong>de</strong> outras mu<strong>da</strong>nças<br />

simultâneas nas políticas públicas. Outras questões, como balancear os benefícios<br />

entre os que têm e os que não têm acesso aos serviços são <strong>de</strong>safios na<strong>da</strong> simples aos<br />

formuladores <strong>de</strong> política. Finalmente, a discussão apresenta uma questão institucional:<br />

<strong>da</strong>do que os objetivos sociais tenham sido reconhecidos como importantes, e avalia<strong>da</strong>s as<br />

limitações <strong>da</strong>s políticas públicas <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> bem-estar tenham sido <strong>de</strong>limita<strong>da</strong>s, será

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