09.03.2014 Views

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>da</strong> União<br />

<strong>de</strong> que a nota conferi<strong>da</strong> à concessionária po<strong>de</strong> acarretar redução <strong>da</strong> tarifa <strong>de</strong> energia<br />

elétrica, não se po<strong>de</strong> esperar que façam uma avaliação isenta. A concessionária, por sua<br />

vez, ten<strong>de</strong>rá a projetar nos usuários, por meio <strong>de</strong> campanhas publicitárias, a imagem <strong>de</strong><br />

que presta serviço a<strong>de</strong>quado, <strong>de</strong> forma a induzi-lo a avaliar positivamente a empresa.<br />

O IASC, nessas circunstâncias, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um índice representativo <strong>da</strong> satisfação<br />

do consumidor, <strong>de</strong>sviando-se <strong>de</strong> sua finali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Conseqüentemente, o componente Xc<br />

passa a ser influenciado por um índice não-consentâneo com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Dessa forma, <strong>de</strong>vido aos fatores mencionados, enten<strong>de</strong>mos que o componente Xc,<br />

além <strong>de</strong> não ter respaldo jurídico, não aten<strong>de</strong> aos objetivos <strong>da</strong> regulação por incentivos.<br />

O controle sobre a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do serviço prestado <strong>de</strong>ve ser feito por meio <strong>da</strong> regulação<br />

técnica, cabendo a aplicação <strong>da</strong>s sanções previstas no contrato para os casos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scumprimento <strong>da</strong>s obrigações <strong>da</strong> concessionária.<br />

Quanto ao componente Xa, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação do Conselho Nacional<br />

<strong>de</strong> Política Energética (CNPE) à Aneel, está vinculado à manutenção <strong>da</strong> condição <strong>de</strong><br />

equilíbrio econômico-financeiro do contrato. O objetivo <strong>de</strong> se introduzir esse componente<br />

no cálculo do Fator X foi tão-somente aplicar ao fator mão-<strong>de</strong>-obra <strong>da</strong> Parcela B um índice<br />

inflacionário que refletisse mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente as variações <strong>de</strong> custo <strong>de</strong>sse insumo. Nesse<br />

caso, foi escolhido o IPCA, um in<strong>de</strong>xador mais condizente com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, não<br />

influenciado tão fortemente pelas variações no dólar, como o IGP-M.<br />

298<br />

Um dos problemas relacionados ao componente Xa é que está <strong>de</strong>svinculado do<br />

objetivo do Fator X <strong>de</strong> ser instrumento <strong>de</strong> estímulo à eficiência, nos termos originalmente<br />

propostos pela Aneel. O outro problema, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m formal, diz respeito à competência<br />

do CNPE para interferir nos procedimentos <strong>de</strong> revisão tarifária periódica, uma vez que a<br />

fixação <strong>de</strong>sses procedimentos é <strong>de</strong> competência <strong>da</strong> Aneel, tal como previsto no art. 3º,<br />

caput, <strong>da</strong> Lei nº 9.427/1996 72 conjugado com o art. 29, V, <strong>da</strong> Lei nº 8.987/1995 73 .<br />

O CNPE, criado pela Lei nº 9.478, art. 2º, <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1997, é um órgão<br />

colegiado <strong>de</strong> assessoramento do Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República, cujas atribuições estão liga<strong>da</strong>s<br />

à <strong>de</strong>finição e à implementação <strong>de</strong> política energética do País e não à política tarifária 74 .<br />

Portanto, po<strong>de</strong>-se afirmar que o CNPE exorbitou <strong>de</strong> sua competência ao editar a Resolução<br />

nº 1, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2003, que obrigou a Aneel a inserir na metodologia <strong>de</strong> cálculo do<br />

Fator X “[...] índice que refletisse o valor <strong>da</strong> remuneração <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra do setor formal<br />

<strong>da</strong> economia brasileira”. Dessa forma, tal Resolução é ilegal, pois infringe o art. 29 <strong>da</strong> Lei<br />

nº 8.987/1995, invadindo a esfera <strong>de</strong> competências <strong>da</strong> Aneel para proce<strong>de</strong>r às revisões<br />

tarifárias.<br />

Em face do exposto neste artigo, po<strong>de</strong>mos concluir que o princípio do equilíbrio<br />

econômico-financeiro, quando analisado sob o prisma do regime tarifário <strong>de</strong> preços<br />

máximos, vigente nos termos <strong>da</strong> Lei nº 8.987/1995, possui significado diverso do<br />

consi<strong>de</strong>rado pela nossa doutrina.<br />

A ótica tradicional do princípio do equilíbrio econômico-financeiro não consi<strong>de</strong>ra a<br />

questão <strong>da</strong> eficiência e <strong>da</strong> modici<strong>da</strong><strong>de</strong> tarifária. A questão premente do órgão regulador<br />

nesse contexto é recompor o equilíbrio econômico-financeiro, quando ocorrerem per<strong>da</strong>s<br />

para o concessionário <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> alteração unilateral do contrato, fato do príncipe,<br />

fato <strong>da</strong> administração (áleas administrativas) ou que se enquadrem na teoria <strong>da</strong> imprevisão<br />

(álea econômica).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!