09.03.2014 Views

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

assumido pela concessionária à época <strong>da</strong> licitação. Assim, caso a concessionária realize<br />

investimento em montante superior ao acor<strong>da</strong>do no certame licitatório, faz-se necessário o<br />

pertinente ajuste no fluxo <strong>de</strong> caixa para refletir esse maior ônus por ela assumido, <strong>de</strong> forma<br />

que, posteriormente, seja possível reequilibrar os encargos com as retribuições pactua<strong>da</strong>s<br />

na concessão, a fim <strong>de</strong> manter o inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato.<br />

Portanto, assim como ocorre para os investimentos, a utilização do fluxo <strong>de</strong> caixa<br />

alavancado, nos mol<strong>de</strong>s preconizados nos editais <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> rodovias, exigiria<br />

que as rubricas <strong>de</strong> financiamento, que dão suporte ao programa <strong>de</strong> investimentos, sejam<br />

também ajusta<strong>da</strong>s periodicamente, em caso <strong>de</strong> condições mais favoráveis aos usuários,<br />

ou seja, a utilização do fluxo <strong>de</strong> caixa alavancado (com a TIR alavanca<strong>da</strong>) requer<br />

acompanhamento pari passu, por parte <strong>da</strong> Agência Reguladora, quanto ao cumprimento<br />

<strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> financiamento: valores <strong>de</strong> empréstimos, valores <strong>da</strong>s amortizações, taxas<br />

<strong>de</strong> juros contrata<strong>da</strong>s e composição do capital.<br />

Em caso <strong>de</strong> utilização do fluxo <strong>de</strong> caixa alavancado, o po<strong>de</strong>r conce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>veria,<br />

por exemplo, verificar se a taxa <strong>de</strong> juros dos empréstimos, contraídos em um <strong>de</strong>terminado<br />

ano <strong>da</strong> concessão, foi a mesma que a concessionária, à época licitante, indicou em sua<br />

proposta que <strong>de</strong>u origem a tarifa a ser cobra<strong>da</strong> dos usuários. Caso a concessionária<br />

viesse a conseguir, durante a execução contratual, uma condição mais favorável, esse<br />

ganho exclusivamente financeiro <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>volvido aos usuários <strong>da</strong> rodovia,<br />

mediante sua colocação no fluxo <strong>de</strong> caixa a fim <strong>de</strong> reequilibrar o contrato <strong>de</strong> concessão,<br />

conseqüentemente, reduzindo o valor do pedágio.<br />

No entanto, o contrário não po<strong>de</strong> ser aceito, ou seja, caso a concessionária venha,<br />

durante a execução contratual, obter condições <strong>de</strong> financiamento mais <strong>de</strong>sfavoráveis às<br />

assumi<strong>da</strong>s na licitação não caberia uma contraparti<strong>da</strong> no fluxo <strong>de</strong> caixa, haja vista que não<br />

cabe ao po<strong>de</strong>r conce<strong>de</strong>nte fazer ingerências quanto à escolha <strong>da</strong> forma <strong>de</strong> financiamento<br />

dos investimentos <strong>da</strong> concessão administra<strong>da</strong> pela empresa priva<strong>da</strong>.<br />

229<br />

Assim, ela assumiria o risco total por suas operações financeiras. Numa hipótese<br />

esdrúxula, caso fosse admitido o repasse <strong>da</strong> ineficiência financeira <strong>da</strong> concessionária<br />

aos usuários, mediante um aumento <strong>da</strong> tarifa <strong>de</strong> pedágio, haveria tanto uma condição<br />

ilegal (afronta à Lei nº 8.987/1995, artigo 6º, §1º – tarifa módica – e artigo 17, caput<br />

– necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vantagens ou subsídios que não estejam previamente autorizados em<br />

lei e à disposição <strong>de</strong> todos os concorrentes), quanto uma burla ao processo licitatório,<br />

ou seja: sabedora que durante a execução do contrato <strong>de</strong> concessão, caso não viesse a<br />

conseguir manter as condições <strong>de</strong> financiamento proposta, ela (a concessionária) seria<br />

compensa<strong>da</strong> no fluxo <strong>de</strong> caixa, é lógico que a então licitante minimizaria as taxas <strong>de</strong><br />

juros e apresentaria as condições <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> forma bastante favoráveis, a fim <strong>de</strong><br />

oferecer a menor tarifa, aumentando, <strong>de</strong>ssa forma, a chance <strong>de</strong> lograr êxito no certame.<br />

Durante a execução <strong>da</strong> concessão, procuraria junto ao po<strong>de</strong>r conce<strong>de</strong>nte ajustar suas<br />

más projeções, mediante aumento do valor <strong>da</strong> tarifa. Isso é inconcebível. Assim, surge<br />

outra questão: por que a apresentação <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> financiamento na licitação <strong>de</strong><br />

concessões <strong>de</strong> rodovias?<br />

O fluxo <strong>de</strong> caixa apresentado pelas licitantes à época do certame licitatório é o<br />

alavancado, po<strong>de</strong>ndo ou não ser exigido a apresentação <strong>da</strong>s TIRs <strong>de</strong>correntes do fluxo<br />

alavancado ou do não-alavancado. Entretanto, é imprescindível ao po<strong>de</strong>r conce<strong>de</strong>nte<br />

(nessa etapa, representado pela comissão <strong>de</strong> licitação) saber se as propostas econômicofinanceiras<br />

apresenta<strong>da</strong>s pelas licitantes são viáveis e exeqüíveis, ou seja, saber como<br />

a futura concessionária preten<strong>de</strong> financiar os investimentos necessários à prestação do<br />

serviço concedido, bem como verificar se a composição do capital <strong>da</strong> concessionária<br />

Regulação <strong>de</strong> serviços públicos e controle externo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!