09.03.2014 Views

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

REGULAÇÃO - Tribunal de Contas da União

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>da</strong> União<br />

Do acordo contratual celebrado entre entes privados e a União, o equilíbrio<br />

econômico-financeiro é o ponto mais complexo <strong>de</strong>ssa relação, por envolver condições<br />

econômico-financeiras ajusta<strong>da</strong>s, à época <strong>da</strong> outorga <strong>da</strong> concessão, e que persistirão<br />

durante to<strong>da</strong> a vigência do contrato, geralmente superior a vinte anos.<br />

Nesse processo, uma dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> significativa consiste em estipular e prever<br />

os fatos e as situações que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sequilibrar o contrato <strong>de</strong> concessão, durante a<br />

fase <strong>de</strong> execução, bem como a forma <strong>de</strong> reequilibrá-lo econômico-financeiramente,<br />

consi<strong>de</strong>rando os interesses conflitantes dos usuários dos serviços – tarifas módicas que<br />

possibilitem o acesso ao serviço prestado – e <strong>da</strong>s empresas concessionárias – manutenção<br />

<strong>da</strong> rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> acor<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Essa situação agrava-se <strong>de</strong>vido à ocorrência, durante a execução contratual, <strong>de</strong><br />

fatos que não foram previstos inicialmente. Isso <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, por vezes, estudos aprofun<strong>da</strong>dos<br />

para i<strong>de</strong>ntificar se tais eventos fazem parte do risco assumido pelos concessionários ou,<br />

até mesmo, se trazem in<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente algum benefício à empresa ou aos usuários. Em<br />

qualquer <strong>da</strong>s hipóteses menciona<strong>da</strong>s, surge a seguinte questão: como <strong>de</strong>ve proce<strong>de</strong>r<br />

o regulador quanto à possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> quebra do equilíbrio econômico-financeiro do<br />

contrato em favor <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s partes?<br />

218<br />

Nesse ponto, está a outra gran<strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> enfrenta<strong>da</strong> pelos atores <strong>da</strong> regulação:<br />

o conhecimento econômico-financeiro necessário para que se possa proce<strong>de</strong>r à aferição<br />

ou à recomposição do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos <strong>de</strong> concessão<br />

<strong>de</strong> serviço público. Apesar <strong>de</strong> não ser extensa, há significativa doutrina sobre a parte<br />

jurídica atinente à teoria do equilíbrio econômico-financeiro em contratos <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação<br />

<strong>de</strong> serviço público. No entanto, acerca <strong>da</strong> parte econômico-financeira, principalmente<br />

quanto aos aspectos práticos do instituto, verifica-se escassez <strong>de</strong> estudos e referências<br />

bibliográficas sobre o tema. Nesse vazio doutrinário, o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é contribuir<br />

com o processo <strong>de</strong> aferição e <strong>de</strong> recomposição do equilíbrio econômico-financeiro em<br />

<strong>de</strong>legações <strong>de</strong> serviço público, a fim <strong>de</strong> se ter maior transparência do processo e maior<br />

conhecimento gerado acerca <strong>de</strong>sse tema.<br />

O setor <strong>de</strong> rodovias foi um dos primeiros setores no Brasil a experimentar a<br />

concessão <strong>de</strong> serviço público à iniciativa priva<strong>da</strong>, já na déca<strong>da</strong> passa<strong>da</strong>. Assim, mesmo<br />

antes <strong>de</strong> edita<strong>da</strong> a Lei Geral <strong>de</strong> Concessões, foi cria<strong>da</strong>, em 1993, a primeira versão do<br />

Programa <strong>de</strong> Concessões <strong>de</strong> Rodovias Fe<strong>de</strong>rais, abrangendo cerca <strong>de</strong> 15.500 quilômetros<br />

<strong>de</strong> rodovias fe<strong>de</strong>rais e 7.500 quilômetros <strong>de</strong> rodovias estaduais. Somente as rodovias que<br />

apresentassem níveis <strong>de</strong> tráfego suficientemente altos e/ou <strong>de</strong> investimentos necessários<br />

suficientemente baixos po<strong>de</strong>riam assegurar a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> econômico-financeira <strong>da</strong><br />

concessão.<br />

As concessões rodoviárias, por envolverem as mais movimenta<strong>da</strong>s rodovias do<br />

País – por on<strong>de</strong> passa gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos para serem exportados, afetando<br />

diretamente o <strong>de</strong>nominado custo Brasil – têm sido objeto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> repercussão na mídia<br />

a ca<strong>da</strong> aumento tarifário, merecendo atenção por parte <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> parlamentares,<br />

<strong>da</strong> imprensa, <strong>de</strong> prefeituras locais e dos órgãos <strong>de</strong> controle, tais como as agências<br />

reguladoras, os tribunais <strong>de</strong> contas e o Ministério Público.<br />

Com a transferência à iniciativa priva<strong>da</strong> dos serviços <strong>de</strong> recuperação, monitoração,<br />

melhoramento, manutenção, conservação, operação e exploração <strong>de</strong> rodovia, os<br />

usuários, mediante o pagamento <strong>de</strong> tarifas <strong>de</strong> pedágio, passaram a assumir o ônus que<br />

habitualmente era suportado pelo Estado. Além <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas operacionais e dos recursos<br />

aplicados em investimentos necessários à prestação do serviço concedido, os valores

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!