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sumário - Instituto Politécnico de Viseu

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SUMÁRIO<br />

22<br />

à disciplina.<br />

No entanto, com a conjugação das duas provas no<br />

corrente ano apenas se pu<strong>de</strong>ram candidatar aos cursos<br />

<strong>de</strong> engenharia 6.700 estudantes (13% dos que realizaram<br />

as provas) para as 9.000 vagas disponíveis, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong><br />

fora muitos candidatos que concluíram o 12º ano.<br />

O problema do acesso às Engenharias seria, do meu<br />

ponto <strong>de</strong> vista, facilmente resolvido através duma<br />

das seguintes formas: ou a revogação da Portaria<br />

1031/2009, ou mantendo o elenco Matemática e Física,<br />

mas incluindo, na fórmula <strong>de</strong> candidatura, não só o<br />

resultado das provas <strong>de</strong> ingresso mas a sua média com a<br />

classificação interna do 12º ano.<br />

Defendo esta última, embora reconheça que <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong><br />

fora mais estudantes, por ser a mais equilibrada e mais<br />

exigente ao obrigar, no acesso, a classificação positiva<br />

às duas disciplinas. Esta alteração permitiria um aumento<br />

significativo do número <strong>de</strong> candidatos e eliminar os atuais<br />

constrangimentos.<br />

Neste contexto alerto, ainda, para a situação dos cursos<br />

<strong>de</strong> engenharia das escolas superiores agrárias on<strong>de</strong> faz<br />

todo o sentido a possibilida<strong>de</strong> da utilização do elenco<br />

alternativo <strong>de</strong> Matemática e Biologia para os diversos<br />

cursos <strong>de</strong> engenharia.<br />

Reforço, também, a importância que tem, para o País, a<br />

manutenção do esforço <strong>de</strong> qualificação dos portugueses e<br />

em especial nas áreas tecnológicas, fundamentais para a<br />

mo<strong>de</strong>rnização e competitivida<strong>de</strong> internacional das nossas<br />

empresas.<br />

Se nada for feito, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> muito pouco tempo<br />

teremos, <strong>de</strong> novo, uma gran<strong>de</strong> carência <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra<br />

qualificada, situação que começa já a ser motivo <strong>de</strong> alerta<br />

por parte <strong>de</strong> algumas empresas.<br />

Em resumo, o alarmismo criado pelos resultados do<br />

concurso nacional <strong>de</strong> acesso nos últimos dois anos,<br />

que tem servido <strong>de</strong> pretexto para a reestruturação da<br />

re<strong>de</strong>, seria facilmente resolvido através da conjugação<br />

da redução <strong>de</strong> vagas dos cursos do regime diurno e da<br />

alteração das condições <strong>de</strong> acesso, <strong>de</strong>signadamente dos<br />

cursos <strong>de</strong> engenharia.<br />

Em relação à primeira não me choca, apesar do<br />

<strong>de</strong>sajustamento verificado por regiões, atrás evi<strong>de</strong>nciado,<br />

que seja proporcional a todas as instituições tendo<br />

em conta a capacida<strong>de</strong> instalada existente. Po<strong>de</strong>ria<br />

começar pelas áreas <strong>de</strong> formação com menor taxa <strong>de</strong><br />

empregabilida<strong>de</strong>.<br />

Em relação à segunda, julgo ter conseguido <strong>de</strong>monstrar<br />

que os cursos <strong>de</strong> engenharia têm poucos alunos, não por<br />

falta <strong>de</strong> prestígio da profissão, mas por impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

acesso.<br />

Nesta análise julgo também ser importante referir<br />

que os cursos que funcionam em regime pós-laboral<br />

são predominantemente frequentados por estudantes<br />

trabalhadores que se candidatam nos concursos locais e<br />

não no concurso nacional. Os fracos resultados obtidos<br />

neste último têm esta justificação, o que não significa que<br />

os cursos fiquem vazios.<br />

Face ao exposto, consi<strong>de</strong>ro que:<br />

1º - O necessário ajustamento, ao nível das licenciaturas,<br />

<strong>de</strong>ve ser feito predominantemente através das vagas<br />

e do acesso e não tanto pela redução <strong>de</strong> cursos,<br />

principalmente nos locais on<strong>de</strong> não há duplicação <strong>de</strong><br />

formações.<br />

2º - Cada região <strong>de</strong>ve ter um leque mínimo <strong>de</strong> oferta que<br />

permita aos candidatos escolher em função dos seus<br />

interesses e das necessida<strong>de</strong>s das empresas.<br />

3º - A coor<strong>de</strong>nação regional da oferta formativa não faz<br />

sentido entre instituições geograficamente afastadas.<br />

4º - É necessário preservar a coesão do território<br />

nacional. O ajustamento não po<strong>de</strong> ser feito apenas à<br />

custa das regiões menos favorecidas.<br />

No que se refere à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fusões ou consórcios<br />

entre instituições consi<strong>de</strong>ro o seguinte:<br />

- Não significam, <strong>de</strong> forma automática, redução <strong>de</strong> custos.<br />

Temos, em relação a isto, o recente exemplo <strong>de</strong> Lisboa.<br />

- Não consigo ver qualquer vantagem na fusão <strong>de</strong><br />

instituições geograficamente afastadas, pelo aumento<br />

da ineficiência da gestão e consequente necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reforço da estrutura organizativa e pelo aumento das<br />

<strong>de</strong>spesas com transportes <strong>de</strong> dirigentes, docentes ou<br />

funcionários.<br />

- A iniciativa <strong>de</strong> eventuais fusões ou consórcios <strong>de</strong>ve partir<br />

das próprias instituições e facilitada pela tutela.<br />

- Além disso, não <strong>de</strong>vemos esquecer que cada instituição<br />

tem vindo a fazer o seu próprio ajustamento, dados os<br />

elevados cortes orçamentais a que têm sido sujeitas nos<br />

últimos anos.<br />

Para finalizar não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> relacionar tudo isto<br />

com a necessida<strong>de</strong> do cumprimento das metas previstas<br />

na Agenda 2020: conseguir em 2020 que 40% da<br />

população entre os 30 e os 34 anos tenha um diploma <strong>de</strong><br />

ensino superior, quando a situação atual é <strong>de</strong> apenas <strong>de</strong><br />

26% e, a título <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong>, a Finlândia se encontra já<br />

nos 46%.<br />

Do meu ponto <strong>de</strong> vista a estratégia passa pelas seguintes<br />

medidas:<br />

1º - Dar condições aos estudantes trabalhadores para<br />

voltarem à Escola. É necessário, para isso, continuar a<br />

apostar na oferta <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> do ensino pós-laboral.<br />

2º - Tomar medidas <strong>de</strong> redução das taxas <strong>de</strong> insucesso<br />

e <strong>de</strong> abandono no ensino secundário que induzam a<br />

captação <strong>de</strong> mais estudantes no Ensino Superior, o que<br />

viria ajudar a reduzir ou a inverter a atual necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

redução <strong>de</strong> vagas.<br />

3º - Garantir a atrativida<strong>de</strong> dos novos cursos <strong>de</strong><br />

curta duração para captação <strong>de</strong> mais estudantes,<br />

<strong>de</strong>signadamente do ensino profissional. Estes cursos<br />

<strong>de</strong>verão, no entanto, permitir o acesso aos cursos <strong>de</strong><br />

licenciatura, caso contrário a procura será muitíssimo<br />

reduzida.<br />

Termino finalmente com a convicção <strong>de</strong> que as <strong>de</strong>spesas<br />

com o ensino superior <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas não um<br />

custo mas um investimento.<br />

Num país sem recursos naturais significativos a<br />

qualificação dos portugueses é um fator <strong>de</strong>cisivo para seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento cultural e económico.<br />

A consolidação do setor da educação exige a continuação<br />

do esforço <strong>de</strong> investimento e uma responsabilização<br />

social coletiva que inclui as autorida<strong>de</strong>s educativas, os<br />

diferentes parceiros e a socieda<strong>de</strong> em geral.

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