Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...
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Entre os joelhos <strong>de</strong>la.<br />
- O que você t<strong>em</strong>?...<br />
Ela b<strong>em</strong> que sabe<br />
Porém a pergunta<br />
É pra disfarçar.<br />
Você mente muito.<br />
Ela faz que aceita,<br />
E a <strong>de</strong>sgraça vira<br />
Mistério pra dois.<br />
Não vê que uma amante<br />
N<strong>em</strong> outra mulher<br />
Enten<strong>de</strong> a verda<strong>de</strong><br />
Que a gente confessa por trás das mentiras!<br />
Só mesmo uma mãe...<br />
Só mesmo essa dona<br />
Que a-pesar-<strong>de</strong> ter<br />
A cara raivosa<br />
Do filho entre os seios,<br />
Marcando-lhe a carne,<br />
Sentindo-lhe os cheiros,<br />
Permanece virg<strong>em</strong>,<br />
E o filho também...<br />
Oh virgens, per<strong>de</strong>i-vos,<br />
Pra ter<strong>de</strong>s direito<br />
A essa virginda<strong>de</strong><br />
Que só as mães têm!<br />
No ensaio “<strong>Mário</strong>, Mo<strong>de</strong>rnidad y s<strong>em</strong>blante”, Raúl Antelo propõe pensar a<br />
mulher a partir do vazio <strong>de</strong> sentido, e, tomando alguns escritos <strong>de</strong> <strong>Mário</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>,<br />
analisar dois modos possíveis <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a esse vazio. De um lado, situa a posição<br />
da mãe como aquela que t<strong>em</strong>, por apresentar-se como o Outro da d<strong>em</strong>anda. Nessa<br />
linha, situa a mulher retratada pelo artista da escola bauhaus Marcel Breuer, numa<br />
carta ao amigo Schwitters, a qu<strong>em</strong> Bau<strong>de</strong>laire chamaria a Giganta:<br />
Se trata en efecto <strong>de</strong> un monstruo, <strong>de</strong> seis pies <strong>de</strong> altura, sombra <strong>de</strong> bigote,<br />
buena en la cocina pero mejor aún en el zurcido, <strong>de</strong> excelente salud aunque por<br />
sobre todo con sublimes sentimientos <strong>de</strong> ternura y comprensión, <strong>de</strong> modo tal<br />
que uno pudiera sin mayores miramentos acogerse a su regazo 165 .<br />
Frente ao enigma da f<strong>em</strong>inilida<strong>de</strong>, a falta <strong>de</strong> um significante que diga o que é<br />
uma mulher, a maternida<strong>de</strong> surge como resposta possível, obturando o insuportável do<br />
165<br />
R. Antelo, “<strong>Mário</strong>, mo<strong>de</strong>rnidad y s<strong>em</strong>blante”, Cánones literários masculinos y relecturas<br />
transculturales. Lo transf<strong>em</strong>enino/masculino, p. 51.<br />
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