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Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...

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característica da verda<strong>de</strong>ira narrativa é que ela conserva a sua força e se <strong>de</strong>senvolve<br />

mesmo com o passar do t<strong>em</strong>po, distinguindo-se <strong>de</strong>sse modo da informação que só<br />

interessa enquanto for nova, imersa <strong>em</strong> seu t<strong>em</strong>po. A narrativa consiste no saber que<br />

v<strong>em</strong> <strong>de</strong> longe (espacial ou t<strong>em</strong>poralmente), das terras distantes ou da tradição,<br />

contrapondo-se à informação que trataria <strong>de</strong> acontecimentos próximos. Distinguindo,<br />

ainda, a narrativa antiga da mo<strong>de</strong>rna informação, Benjamin dirá que se a informação<br />

já v<strong>em</strong> acompanhada <strong>de</strong> uma explicação, <strong>de</strong> um sentido dado, a narrativa permite uma<br />

amplitu<strong>de</strong> interpretativa que possibilita a continuação e a reinvenção da história.<br />

Aqui, novamente encontramos ressonâncias com o texto <strong>de</strong> <strong>Mário</strong>:<br />

As noções concebidas do complexo da dona ausente pod<strong>em</strong> ser vagas, mas<br />

perfeitamente analisáveis à luz da psicologia. E por vagas, justamente, é que<br />

pu<strong>de</strong>ram generalizar-se melhor e adquirir o seu principal valor lírico. Assim<br />

vagas, transferidoras ou sublimadoras é que pu<strong>de</strong>ram utilizar as energias<br />

afetivas do ser, transportando-as para uma funcionalida<strong>de</strong> social, mais elevada<br />

moralmente. Recanto <strong>de</strong> evasão <strong>em</strong> que os tântalos da dona ausente se<br />

acalmavam, confessando o seu mal mas s<strong>em</strong> a brutalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le, s<strong>em</strong> o<br />

sofrimento, os exasperos, os <strong>de</strong>svios e sauda<strong>de</strong>s que ele acarretava. 115<br />

narrativida<strong>de</strong>, com seu caráter <strong>de</strong> história aberta, não fechada numa única matriz interpretativa, como<br />

uma sublimação.<br />

115 M. <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, “A dona ausente”, p. 14.<br />

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