26.02.2014 Views

Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...

Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...

Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

gratuida<strong>de</strong> subconsciente da criação”, 64 no qual <strong>de</strong>staca a palavra “passarinho” como<br />

equivalente, substituto <strong>de</strong> sexo:<br />

O Passarinho <strong>de</strong>la<br />

O passarinho <strong>de</strong>la<br />

é azul e encarnado.<br />

Encarnado e azul são<br />

as cores do meu <strong>de</strong>sejo.<br />

O passarinho <strong>de</strong>la<br />

bica meu coração.<br />

Ai ingrato, <strong>de</strong>ixa estar<br />

que o bicho te pega.<br />

O passarinho <strong>de</strong>la<br />

está batendo asas, seu Carlos!<br />

Ele diz que vai se <strong>em</strong>bora<br />

s<strong>em</strong> você pegar.<br />

De Baudouin a Lacan: o símbolo<br />

Nas suas notas <strong>de</strong> preparação para as conferências sobre a dona ausente, <strong>Mário</strong><br />

<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> observa que o “complexo” se manifestou através <strong>de</strong> três processos<br />

psicológicos: pelo seqüestro, pelo <strong>de</strong>svio e pela sublimação. Do primeiro, oferece<br />

como ilustração o caso da sereia, já mencionado. O <strong>de</strong>svio é ex<strong>em</strong>plificado através do<br />

símbolo da cana ver<strong>de</strong>, atribuído exclusivamente ao folclore luso-brasileiro. Afirma<br />

ser a cana-ver<strong>de</strong> um “legítimo símbolo no sentido da psicologia cont<strong>em</strong>porânea”, pois<br />

nele se reún<strong>em</strong> muitas noções como a dona ausente (a mulher), a imag<strong>em</strong> fálica e o<br />

filho das ervas 65 – que seria o filho dos amores com a cana ver<strong>de</strong>. Segundo explicação<br />

do pesquisador, ser filho das ervas significa ser filho <strong>de</strong> pais incógnitos. Há muitas<br />

poesias populares nas quais a caninha ver<strong>de</strong> v<strong>em</strong> representar alguma <strong>de</strong>stas imagens,<br />

como nesta:<br />

64 R. S. <strong>de</strong> Carvalho, op. cit., p. 225. O livro <strong>de</strong> Drummond , editado <strong>em</strong> 1934 (B. H.), constava da<br />

Biblioteca <strong>de</strong> <strong>Mário</strong>.<br />

65 O t<strong>em</strong>a do filho das ervas foi estudado por <strong>Mário</strong> a partir da obra do antropólogo inglês James<br />

Frazer, The gol<strong>de</strong>n bough, <strong>em</strong> sua edição sintética francesa, Le rameau d’or. Obra que por sinal<br />

também fazia parte das fontes <strong>de</strong> S. Freud, especialmente para o texto Tot<strong>em</strong> e Tabú (1913).<br />

31

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!