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Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...

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colocá-lo por inteiro <strong>em</strong> movimento. Seriam ativados, além <strong>de</strong> certos estados afetivos,<br />

<strong>de</strong>terminadas formas <strong>de</strong> ação, pensamentos, imagens, inclusive fenômenos como os<br />

sintomas histéricos, relacionados com o complexo. Para Baudouin, a psicanálise<br />

po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada como um estudo dos complexos, “antes mesmo que como um<br />

estudo do inconsciente”. Continua a sua explicação dizendo que os complexos são<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vias <strong>de</strong> reação psicológica, ligadas entre si e que se estreitam <strong>em</strong> alguns<br />

pontos ou nós. O autor diferencia dois tipos <strong>de</strong> complexos fundamentais: os<br />

complexos pessoais e os complexos primitivos. Os primeiros seriam aqueles próprios<br />

a cada um <strong>de</strong> nós, <strong>de</strong>terminados a partir <strong>de</strong> nossas idéias, pelos choques e experiências<br />

da nossa infância e da nossa vida. Ex<strong>em</strong>plifica estes complexos pessoais com o caso<br />

das fobias, como o medo <strong>de</strong> cavalos do pequeno Hans, paciente <strong>de</strong> Freud cujo<br />

historial clínico é relatado <strong>em</strong> 1909. Os complexos primitivos apresentar-se-iam como<br />

tendências comuns a toda a espécie, <strong>de</strong> modo que a sua uniformida<strong>de</strong> se ofereceria<br />

também nas formas <strong>de</strong> manifestação. Refere-se a “símbolos estereotipados do<br />

inconsciente coletivo”, dando mostras das suas leituras junguianas, que manteriam<br />

estreitas relações com o pensamento primitivo. Cita, <strong>de</strong>ntre estes, o complexo <strong>de</strong><br />

Édipo, o complexo <strong>de</strong> mutilação (castração) e o complexo narcisista. Destaca as<br />

relações entre os complexos pessoais e os primitivos, afirmando que “todo complexo<br />

pessoal se insere num complexo primitivo”. Assim, na fobia aos cavalos, complexo<br />

pessoal, encontrar-se-ia rapidamente o complexo <strong>de</strong> Édipo.<br />

Segundo a psicanálise, os complexos, como um conjunto <strong>de</strong> representações e<br />

l<strong>em</strong>branças <strong>de</strong> intenso valor afetivo, seriam parcial ou totalmente inconscientes. O<br />

termo teria advindo da escola psicanalítica <strong>de</strong> Zurique, conhecida através dos nomes<br />

<strong>de</strong> Bleuler e Jung. Freud foi abandonando o termo, e restringindo o seu uso ao<br />

complexo <strong>de</strong> Édipo e complexo <strong>de</strong> castração, por consi<strong>de</strong>rá-lo um conceito teórico<br />

insatisfatório, po<strong>de</strong>ndo levar a uma tipificação psicológica que faria <strong>de</strong>saparecer a<br />

singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada caso, além <strong>de</strong> estabelecer como explicação o que na verda<strong>de</strong><br />

seria o probl<strong>em</strong>a. Numa carta a Ferenczi, faz referência a uma “mitologia junguiana<br />

dos complexos”. Apesar disto, a palavra complexo consiste num dos termos<br />

psicanalíticos <strong>de</strong> maior popularida<strong>de</strong>, integrando-se ao vocabulário corrente (diz-se <strong>de</strong><br />

alguém que é um complexado) para <strong>de</strong>screver dificulda<strong>de</strong>s psicológicas,<br />

<strong>de</strong>sautorizando ou <strong>de</strong>sculpando o portador do dito complexo. Freud assinala, nesse<br />

sentido, que nenhuma noção psicanalítica foi tão mal aplicada <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong><br />

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