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Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...

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<strong>de</strong> quantas teorias formular<strong>em</strong> as escolas. E produz-se por (...) exprimir-se, conforme<br />

os dados estabelecidos das associações mentais. Com (...) prestígio, o cérebro<br />

consegue comunicar-se, mesmo que aparent<strong>em</strong>ente s<strong>em</strong> palavras, no mais rigoroso e<br />

abstrato dos sentidos, com as coisas e os seres que nos cercam. A expressão é a vida<br />

das relações entre o ser e as coisas. A mentalida<strong>de</strong> infantil, ou se quer<strong>em</strong>, a do<br />

selvag<strong>em</strong>, a do louco, a do bêbado, a do intoxicado <strong>de</strong> vária ord<strong>em</strong>, possui as coisas<br />

pela simples expressão, verbal ou mímica, mas incompleta. Não ating<strong>em</strong> por<br />

<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> ou incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do po<strong>de</strong>r simbolizante da palavra e<br />

suas associações, o estado superior e <strong>de</strong>finitivo da representação estética, que<br />

interpretar<strong>em</strong>os no sentido <strong>de</strong> expressão completa do pensamento e do sentimento. O<br />

bêbado, o louco, o intoxicado, o fatigado, por <strong>de</strong>sagregação momentânea ou motivada<br />

<strong>em</strong> distúrbios mórbidos assentes, não têm nunca a representação integral do seu<br />

mundo interior, por isso do processo dissolutivo <strong>de</strong> suas associações incapazes no<br />

campo das idéias e das imagens. Faz<strong>em</strong>-no por bocados, trechos, farrapos da<br />

mentalida<strong>de</strong> que claudica, <strong>de</strong>sorientada, nos seus centros <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ação e imaginação. Se<br />

a criança é um (...) suas faculda<strong>de</strong>s intelectuais, se o selvag<strong>em</strong> id<strong>em</strong>, por ausência <strong>de</strong><br />

cultura a<strong>de</strong>quada, se os d<strong>em</strong>ais tipos referidos, id<strong>em</strong>, por <strong>de</strong>sequilíbrio efêmero ou<br />

permanente dos seus sentidos, o cérebro superior, a que não falta nenhuma das<br />

condições favoráveis à expressão transformada <strong>em</strong> representação completa, atinge a<br />

quase perfeição do estado associador <strong>de</strong> símbolos que lhe val<strong>em</strong> as cre<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong><br />

pensador, poeta, músico, pintor, filósofo, artista, enfim, criador <strong>de</strong> beleza capaz <strong>de</strong><br />

obra <strong>de</strong> arte <strong>de</strong>finitiva. Traduzido à maneira <strong>de</strong> gráfico, essas noções que me acod<strong>em</strong><br />

por explicar, como o entendo, um escritor verda<strong>de</strong>iro, pod<strong>em</strong>os figurar do modo<br />

seguinte esses conceitos pessoais: A i<strong>de</strong>ação associada à imaginação ten<strong>de</strong> à<br />

expressão. A expressão associada à representação realiza a arte. A arte vivida na<br />

expressão é poesia.<br />

Chiacchio<br />

Carlos<br />

xxv

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