Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...
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Rastros e resíduos 169
Ao finalizar o percurso que realizamos com esta tese, pretendemos enfatizar o que para nós restou como traços mais significativos da leitura que fizemos acerca das relações entre Mário de Andrade e a psicanálise, os usos que Mário fez de conceitos e noções psicanalíticas. Conforme disse Jules Romains, referindo-se às modas intelectuais que se sucediam na França, nos anos 20 foi inaugurada a “temporada Freud” – tal como, podemos acrescentar, em certos meios intelectuais brasileiros. Com relação a isto, podemos afirmar que Mário, cujo espírito investigativo o levou a debruçar-se sobre os textos freudianos e psicanalíticos, não recorreu à psicanálise simplesmente como uma onda passageira e moderna. De resto, satirizou atitudes deste gênero, através das vozes de narradores e personagens, como a seguinte, que encontramos em Amar, verbo intransitivo: “Mas agora se fala tanto nos sentimentos seqüestrados... O subconsciente se presta a estas teogonias novas”; 416 ou pela voz da personagem Siomara Ponga de O banquete, que diz não gostar de falar em subconsciente, apesar de usar o termo, pois “dele tem-se abusado tanto”. As duas adolescentes do conto “Atrás da catedral de Ruão”, legítimas representantes das elites brasileiras, vieram da Europa dando mostras do freudismo em voga, em frases cheias de suspiros como esta: “Me sinto freudiana, hoje...”. Ao nosso ver, então, Mário estava imerso na “ saison Freud”, como um homem de seu tempo, mas pôde ir além dela, além dos modismos, ironicamente os denunciando. Como é observável através de sua marginália, nos textos através dos quais lia a psicanálise, de acordo com o trabalho de Nites T. Feres (Leituras em francês de Mário de Andrade), e de nossa verificação, Mário era leitor atento de Freud – psicanálise e psicologia –, e dialogava com os textos fazendo anotações para fins de estudo. Restringiu-se, a forma de apropriação da psicanálise realizada por Mário, a uma repetição de termos da teoria, ou implicou algo de singular e criativo? Ainda que haja uma dimensão de repetição, já que se tratam de “rastros freudianos”, e que em se tratando de rastro, é sempre já de repetição que se trata – um tornar a dizer ou a escrever –, poderíamos, com Garcia-Roza ao ler Deleuze, falar de uma repetição diferencial, distinguindo-a de uma repetição do mesmo. Enquanto esta última seria mera reprodução, estereotipia, a primeira produziria novidade, transformação. Deleuze, em Différence et répétition, diz que “repetir é uma forma de se comportar, 416 M. de Andrade, Amar, verbo intransitivo, p. 154. 170
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