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Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...

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1930. 12 Nites T. Feres aventa a hipótese <strong>de</strong> que o interesse <strong>de</strong> <strong>Mário</strong> pela psicologia<br />

Freud”, 10 publicado pela Revista do Brasil. No VI artigo da série “Mestres do<br />

passado”, sobre Vicente <strong>de</strong> Carvalho, que <strong>Mário</strong> publica no Jornal do Comércio <strong>em</strong><br />

1921, surge o nome <strong>de</strong> Franco da Rocha, indicando o contato com as suas idéias: diz,<br />

que aos poetas parnasianos lhes falta “a vocação, o espírito fantasioso, a nervosida<strong>de</strong>,<br />

a loucura, se preferir o Dr. Franco da Rocha, dos poetas legítimos”. 11 <strong>Mário</strong> possuía<br />

na sua biblioteca as seguintes obras <strong>de</strong> Freud: Trois essais sur la théorie <strong>de</strong> la<br />

sexualité, traduzido por B. Reverchon (1923), numa edição da NRF, Introduction à la<br />

psychanalyse, cuja tradução <strong>de</strong> 1922 é do Dr. S. Jankélévitch, que também traduziu<br />

La psychopatologie <strong>de</strong> la vie quotidienne (1924), Essais <strong>de</strong> Psychanalyse (1927) e<br />

Tot<strong>em</strong> et tabou, <strong>de</strong> 1925. Constam, também, Cinq leçons sur la Psychanalyse (1924),<br />

tradução <strong>de</strong> Yves <strong>de</strong> Lay, com introdução <strong>de</strong> Édouard Claparè<strong>de</strong>, e Le mot d’esprit et<br />

ses rapports avec l’inconscient, traduzido por Marie Bonaparte e Dr. M. Nathan <strong>em</strong><br />

científica – e acrescentamos, pela psicanálise – constituiu-se <strong>em</strong> el<strong>em</strong>ento formador<br />

do pensamento do escritor. O levantamento inicial que fiz<strong>em</strong>os na sua biblioteca ten<strong>de</strong><br />

a confirmar tal hipótese, ao constatarmos a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> obras <strong>de</strong><br />

psicologia e psicanálise que ali se encontram, abrangendo t<strong>em</strong>as como educação,<br />

sexualida<strong>de</strong>, arte, psicologia do <strong>de</strong>senho infantil, psicobiografias, até livros mais<br />

especializados sobre psicodiagnóstico e testes psicológicos. Dos autores, pod<strong>em</strong>os<br />

10 São Paulo, a. 4, vol. 12, nº 46. Os editores eram Paulo Prado e Monteiro Lobato. Ao longo dos anos<br />

20, o nome <strong>de</strong> Franco da Rocha será mencionado diversas vezes na revista. O médico psiquiatra Franco<br />

da Rocha foi um dos pioneiros da psicanálise no nosso país. Apesar <strong>de</strong> não chegar a exercê-la,<br />

<strong>de</strong>senvolveu por ela um interesse teórico, participando da divulgação das idéias <strong>de</strong> Freud <strong>em</strong> São<br />

Paulo, quer através <strong>de</strong> suas aulas na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, quer por meio <strong>de</strong> publicações. No jornal O<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo (20/03/1919) sai publicado o artigo “Do <strong>de</strong>lírio <strong>em</strong> geral”, que posteriormente<br />

também aparecerá na Revista Brasileira <strong>de</strong> Psicanálise (vol. I, nº 1, 1928). Em 1920, o psiquiatra lança<br />

o livro O pansexualismo na doutrina <strong>de</strong> Freud, sist<strong>em</strong>atizando as idéias do psicanalista sobre o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento psico-sexual, acrescentando-lhes as suas próprias consi<strong>de</strong>rações, <strong>de</strong> acordo com o<br />

trabalho <strong>de</strong> Sagawa – qu<strong>em</strong> lança a hipótese <strong>de</strong> que a leitura brasileira da psicanálise, nos anos iniciais<br />

<strong>de</strong> sua diss<strong>em</strong>inação, <strong>de</strong>u ênfase ao pansexualismo <strong>de</strong> Freud. O livro <strong>de</strong> Franco da Rocha causou<br />

impacto, obtendo um relativo sucesso, apesar <strong>de</strong> suscitar algumas reações bastante contrárias ao i<strong>de</strong>ário<br />

psicanalítico. Possivelmente por isto, foi reeditado <strong>em</strong> 1930 com o título A doutrina <strong>de</strong> Freud. Com<br />

Franco da Rocha e seu trabalho <strong>de</strong> divulgação científica da psicanálise, inicia-se <strong>em</strong> São Paulo “a<br />

passag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma psiquiatria exclusivamente <strong>de</strong>scritiva e organicista a uma psiquiatria que se tornava<br />

também <strong>de</strong>scritiva e psicodinâmica”. (R. Yutaka Sagawa, Os inconscientes no divã da história,<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado (UNICAMP), vols I e II, Campinas, 1988. A dissertação, orientada pelos<br />

professores Peter Fry e Mariza Corrêa, consiste numa pesquisa sobre a história da implantação da<br />

psicanálise <strong>em</strong> São Paulo, suas vicissitu<strong>de</strong>s e institucionalização, abrangendo o amplo período <strong>de</strong> 1920<br />

até 1980).<br />

11 M. <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, “Mestres do passado”, in: M. da Silva Brito, História do Mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro:<br />

antece<strong>de</strong>ntes da S<strong>em</strong>ana <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna, p. 300.<br />

12 Esta última e Tot<strong>em</strong> e tabu não estavam no levantamento <strong>de</strong> Nites T. Feres.<br />

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