26.02.2014 Views

Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...

Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...

Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Não esqueçamos, todavia, que mesmo frente às situações mais adversas, respostas<br />

singulares serão dadas, não sendo possível prever resultados futuros.<br />

Loucura e Psicose<br />

No seu artigo “Locura y Psicosis en la enseñanza <strong>de</strong> Lacan”, Diana<br />

Rabinovich procura traçar uma diferença entre estes dois termos, recorrendo<br />

inicialmente à etimologia. Tanto <strong>em</strong> língua francesa, folie, quanto <strong>em</strong> castelhano,<br />

locura, trata-se dum termo <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> antiga (seja latina ou árabe), cujo sentido inicial<br />

alu<strong>de</strong> a tolice, tontaria, prodigalida<strong>de</strong>, ações <strong>de</strong>smedidas, enfatuação, etc.; por volta do<br />

século XVI, veio a significar, também, enfermida<strong>de</strong> mental. A autora <strong>de</strong>staca a sua<br />

surpresa com relação à etimologia da palavra, que r<strong>em</strong>ete ao latim follis, saco, globo<br />

<strong>de</strong> ar, e que secundariamente passou a ter o sentido <strong>de</strong> louco, pela analogia chistosa<br />

<strong>de</strong>ste com um globo cheio <strong>de</strong> ar. Tal surpresa <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> que, no artigo <strong>de</strong><br />

Lacan que a psicanalista toma como referência, “Formulações sobre a causalida<strong>de</strong><br />

psíquica” (1946),<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento do conceito <strong>de</strong> folie é solidário <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sobre a enfatuação imaginária, sobre o caráter inflado da imag<strong>em</strong> especular, e<br />

pod<strong>em</strong>os pensar que a escolha <strong>de</strong>sse termo não é alheia à teoria mesma da<br />

causalida<strong>de</strong> psíquica que Lacan <strong>de</strong>senvolve aí. 259<br />

Os usos do termo encontrados no Grand Robert apontam para os estados <strong>de</strong> exaltação,<br />

extravagância, excesso, perda <strong>de</strong> controle, paixão violenta, etc. No final do século<br />

XVIII, começa a usar-se a palavra folie no sentido <strong>de</strong> irracional, uso que foi<br />

<strong>em</strong>pregado no famoso livro <strong>de</strong> Erasmo <strong>de</strong> Roterdam, Elogio da loucura. Já o termo<br />

psicose (do grego psyché, alma, cujo sufixo <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> neurose), criado no século XIX<br />

na Al<strong>em</strong>anha, surge no âmbito do <strong>de</strong>senvolvimento da psiquiatria, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

diferenciá-lo <strong>de</strong> neurose.<br />

No que tange às suas “Formulações sobre a causalida<strong>de</strong> psíquica”, Lacan não<br />

fará uma distinção marcada entre o campo da neurose e o da psicose, como mais tar<strong>de</strong><br />

aparecerá <strong>em</strong> sua elaboração sobre as estruturas clínicas. Nessa perspectiva, o<br />

probl<strong>em</strong>a da loucura, tratando-se <strong>de</strong> um fenômeno <strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente humano, <strong>de</strong>senrola-<br />

110

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!