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Rastros Freudianos em Mário de Andrade - Universidade Federal ...

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pesquisas <strong>em</strong> psicologia, psiquiatria e antropologia. Fazia-se necessário conhecer,<br />

i<strong>de</strong>ntificar e recuperar o criminoso. Conforme o artigo <strong>de</strong> Olívia M. Gomes da Cunha,<br />

“1933: um ano <strong>em</strong> que fiz<strong>em</strong>os contato”, 237 mais do que o criminoso político, o<br />

criminoso comum foi alvo da investigação científica e da ação higienizadora do<br />

Estado. Nesse sentido, os trabalhos <strong>de</strong> Nina Rodrigues e sua escola que, já no final do<br />

século XIX, abordavam a questão da prevenção relativamente ao crime, contribuíram<br />

sobr<strong>em</strong>aneira para a concretização do sonho <strong>de</strong> cientifização da ação policial no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro e <strong>em</strong> outras capitais do país.<br />

Febrônio congregava várias das características que estavam na mira dos<br />

especialistas da época e da ação policial, <strong>de</strong>spertando, por isso, gran<strong>de</strong> interesse não<br />

só para a imprensa, mas fundamentalmente para legisladores e médicos. Dentre estes,<br />

os médicos Leonídio Ribeiro 238 e Wald<strong>em</strong>ar Berardinelli ganharam o “prêmio<br />

Lombroso” da acad<strong>em</strong>ia <strong>de</strong> medicina italiana, pelo estudo, que também envolverá<br />

Febrônio, intitulado “Estudo morfológico <strong>de</strong> 33 <strong>de</strong>linqüentes negros e mulatos”. Não<br />

pod<strong>em</strong>os esquecer o lugar <strong>de</strong> Cesare Lombroso (1836-1909) no pensamento da época,<br />

que através do exame <strong>de</strong> crânios <strong>de</strong> criminosos tentou estabelecer as bases científicas<br />

da causalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>lituosa. O estudo publicado na sua principal obra, O hom<strong>em</strong><br />

criminoso (1876), <strong>de</strong>fendia a tese do “criminoso nato”, do caráter biológico e<br />

hereditário do ato criminoso. Associava o comportamento à morfologia (do crânio, da<br />

mandíbula), estigmatizando o criminoso como alguém que fracassara no processo <strong>de</strong><br />

humanização.<br />

Leonídio Ribeiro foi um dos psiquiatras que apresentou o seu parecer sobre o<br />

estado mental <strong>de</strong> Febrônio, trabalhando como Diretor do Instituto <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntificação e<br />

Estatística do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Os outros dois foram Murilo <strong>de</strong> Campos e Heitor<br />

Carrilho. O advogado <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, o jov<strong>em</strong> Letácio Jensen, sustentará sua argumentação<br />

<strong>em</strong> “provas científicas” da loucura <strong>de</strong> Febrônio, citando para isso autores estrangeiros<br />

e nacionais, apontando para o diagnóstico <strong>de</strong> “loucura moral”, 239 o que justificou a<br />

internação do acusado <strong>em</strong> um manicômio judiciário e não numa penitenciária.<br />

236 J-A Miller, “La maquina panóptica <strong>de</strong> Jer<strong>em</strong>y Bentham”, Mat<strong>em</strong>as I, p.42.<br />

237 Documento da Internet, URL “http//www.usp.br/revistausp/n28/folivtexto.html”, acessado <strong>em</strong><br />

10/03/03<br />

238 O psiquiatra colaborou com um artigo escrito no segundo número da Revista Nova (15/06/31),<br />

dirigida por <strong>Mário</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Paulo Prado e Alcântra Machado.<br />

239 Segundo Heitor Carrilho na parte <strong>de</strong> seu relatório intitulada “Exame mental”, “... A ele se ajusta o<br />

conceito <strong>de</strong> Krafft-Ebing a respeito dos loucos morais”, seguindo-se uma citação do livro Medicina<br />

legal dos alienados, do referido autor austríaco. <strong>Mário</strong>, <strong>em</strong> Amar, verbo intransitivo, d<strong>em</strong>onstra<br />

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