Trabalhando com Mulheres Jovens: Empoderamento ... - Promundo

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23.02.2014 Views

Entre as opções de uma gravidez não desejada, estão: - Continuar com a gravidez e ficar com o bebê; - Continuar com a gravidez e dar o bebê para adoção; - Interromper a gravidez. É difícil tomar uma decisão. Não obstante, reiteramos o direito de a mulher decidir sobre sua gravidez, dado que é ela quem deve enfrentar as conseqüências. Sugerimos que sejam postas na balança as opções que se têm e se veja qual a melhor para cada uma, no momento em que a decisão for tomada. Link - Programa H Seção 1, Atividade 11: O homem e o aborto Outros links O vídeo Uma vezinha só 21 conta a história de uma jovem, Tininha, que vive uma situação de aborto e é atendida de maneira exemplar em um serviço de saúde. Ajuda a promover discussão sobre a importância da participação do parceiro nas decisões para a saúde reprodutiva. Folha de apoio 18 A Os segredos de Alice Terça-feira, 12 de julho (faltam 28 dias para o meu aniversário). Querido Diário, Como me sinto sozinha nesse momento! Como está doendo passar por esse momento! Pedi ajuda a minhas amigas, mas esperava mais apoio! Isso mesmo!!! Queria mais apoio!!! Até mesmo o Pedro não quis se envolver muito... Ele até falou pra eu fazer o aborto, mas deu no pé. Me falou que isso era um problema meu e eu que tinha que resolver sozinha e que eu já tinha 17 anos e mais um monte de coisas.... Mas acho que uma coisa que ele falou é verdade, o corpo é meu, no fim eu que tinha que resolver, mas o que ele não entende é que não é fácil passar por isso sozinha! No fim, a Aninha, minha amiga do curso de dança, foi quem mais me ajudou. Ela me entendeu... eu não podia ter esse filho agora.... Estou muito triste... O que faço? Quem pode olhar para mim neste momento? Queria tanto desabafar com alguém... Não, não. Nem pensar na minha mãe... Imagina... não quero contar pra ela.... Meu diário, só você me escuta... Só sei chorar... (até daqui a pouco). Voltei. Estou um pouco mais calma, mas não paro de pensar... Fiquei lembrando que pelo menos fui bem atendida no serviço de saúde. A enfermeira era gente boa, me acolheu, conversou bastante e não ficou me enchendo de perguntas. Sinto medo, vergonha... Nunca pensei que um dia eu faria um aborto, mas fiz. E agora? Ela me falou da importância de fazer a contracepção (usar método, entende?) e me falou que eu tinha que voltar no posto depois de 15 dias pra outra consulta. Esse dia tá chegando e eu não sei com quem ir. O que faço? Vou sozinha? Imploro ao Pedro para ir comigo? Não quero isso... Nem sei se quero continuar com ele! Mas que o Pedro precisava ficar mais esperto, ah, isso ele precisava! 76 21 Produzido por ECOS – Comunicação em Sexualidade. Para mais informações visite o site www.ecos.org.br.

Não vou chamar de novo a Aninha... Só se eu chamar a Vivi, que já passou por isso! Se bem que a Vivi não teve uma experiência legal. Ela me falou que foi super mal tratada no posto. O médico ficou dizendo que ela era irresponsável, que na hora H não pensou nas conseqüências e que tinha cometido um crime. Melhor não... melhor insistir com o Pedro, assim a gente pode falar um pouco sobre o que aconteceu.... sei lá... Até amanhã, meu diário. Alice Quarta-feira, 13 de julho (faltam 27 dias para o meu aniversário) Querido Diário, Cheguei da rua, fui pagar umas contas para minha mãe. Estou me sentindo mais disposta hoje, ainda bem! Sabe Diário, ontem a Aninha falou que tinha um grupo só de meninas que discutiam sobre essas coisas... Elas conversam sobre saúde, prazer, sexo, camisinha, enfim o que nós mulheres estamos sentindo. Acho que vou procurar esse grupo.... Quem sabe eu não me sinta tão sozinha falando com elas... (Volto já, diário, o telefone tá tocando). Voltei, era a Aninha me falando que vai ter reunião amanhã do grupo, vai ser depois da aula de dança. Acho que vou aparecer por lá.... Aninha é uma grande amiga... Agora vou dormir, estou cansada e quero ver se nos sonhos alguma coisa boa acontece. Fui... meu diário, boa noite. Alice Folha de apoio 18 B O Aborto aborto é um assunto polêmico. Falar sobre o O aborto gera na maioria das vezes controvérsias e desconfortos, pois envolve princípios morais, religiosos, éticos e legais. No entanto, não é um assunto a ser relegado para o segundo plano, uma vez que a saúde física, emocional e mental de milhares de mulheres ao redor do mundo pode estar em jogo devido às más condições em que é realizado o aborto. Entre os teóricos, pesquisadores e organizações sociais há aqueles que inserem o aborto dentro das questões de saúde pública, que o tratam como tema dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e lutam para eliminar a descriminalização que pesa sobre a decisão das mulheres diante da interrupção de uma gravidez e pela legalização da prática do aborto. Há, no entanto, aqueles que assumem uma linha de defesa da criminalização, manutenção da ilegalidade e punição das mulheres nos casos de interrupção da gravidez, não previstos pela lei. O Código Penal Brasileiro (1940) pune a prática do aborto, sendo permitido apenas em duas situações: se não houver outra forma de salvar a vida da gestante ou em casos de gravidez decorrente de estupro. Estima-se que na América Latina e no Caribe, anualmente, cerca de 4 milhões e 200 mil mulheres submetem-se todo ano a abortamentos, sendo 95% desses procedimentos realizados na ilegalidade (OMS, 1998). Cerca de 21% das mortes maternas (6 mil/ano) “têm como causa as complicações do aborto inseguro sob a responsabilidade das leis restritivas ao aborto” (Rede Nacional Feminista de Saúde 2005). As taxas de abortamento entre adolescentes variam de país para país, registrando-se desde taxas muito baixas, como na Alemanha (3 abortamentos em cada 1.000 mulheres na faixa etária de 15 a 19 anos) e Japão (6 em cada 1.000) e taxas muito mais altas, como no Brasil (32 em cada 1.000) e Estados Unidos (36 em cada 1.000) (Rede Nacional Feminista de Saúde 2003) Essa realidade nos mostra o quanto ainda é necessário avançarmos nessa discussão. Mas apesar de toda a resistência, é possível perceber algumas mudanças. Encontros promovidos pela Organização das Nações Trabalhando com Mulheres Jovens: Empoderamento, Cidadania e Saúde 77

Não vou chamar de novo a Aninha... Só se eu chamar a Vivi, que já passou por isso! Se bem que a Vivi não<br />

teve uma experiência legal. Ela me falou que foi super mal tratada no posto. O médico ficou dizendo que<br />

ela era irresponsável, que na hora H não pensou nas conseqüências e que tinha <strong>com</strong>etido um crime. Melhor<br />

não... melhor insistir <strong>com</strong> o Pedro, assim a gente pode falar um pouco sobre o que aconteceu.... sei lá...<br />

Até amanhã, meu diário.<br />

Alice<br />

Quarta-feira, 13 de julho (faltam 27 dias para o meu aniversário)<br />

Querido Diário,<br />

Cheguei da rua, fui pagar umas contas para minha mãe. Estou me sentindo mais disposta hoje, ainda bem!<br />

Sabe Diário, ontem a Aninha falou que tinha um grupo só de meninas que discutiam sobre essas coisas...<br />

Elas conversam sobre saúde, prazer, sexo, camisinha, enfim o que nós mulheres estamos sentindo. Acho<br />

que vou procurar esse grupo.... Quem sabe eu não me sinta tão sozinha falando <strong>com</strong> elas... (Volto já, diário,<br />

o telefone tá tocando).<br />

Voltei, era a Aninha me falando que vai ter reunião amanhã do grupo, vai ser depois da aula de dança.<br />

Acho que vou aparecer por lá.... Aninha é uma grande amiga... Agora vou dormir, estou cansada e quero<br />

ver se nos sonhos alguma coisa boa acontece. Fui... meu diário, boa noite.<br />

Alice<br />

Folha de apoio 18 B<br />

O Aborto<br />

aborto é um assunto polêmico. Falar sobre o<br />

O aborto gera na maioria das vezes controvérsias e<br />

desconfortos, pois envolve princípios morais, religiosos,<br />

éticos e legais. No entanto, não é um assunto a ser<br />

relegado para o segundo plano, uma vez que a saúde<br />

física, emocional e mental de milhares de mulheres ao<br />

redor do mundo pode estar em jogo devido às más<br />

condições em que é realizado o aborto.<br />

Entre os teóricos, pesquisadores e organizações<br />

sociais há aqueles que inserem o aborto dentro das<br />

questões de saúde pública, que o tratam <strong>com</strong>o tema<br />

dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e<br />

lutam para eliminar a descriminalização que pesa sobre<br />

a decisão das mulheres diante da interrupção de<br />

uma gravidez e pela legalização da prática do aborto.<br />

Há, no entanto, aqueles que assumem uma linha de<br />

defesa da criminalização, manutenção da ilegalidade<br />

e punição das mulheres nos casos de interrupção<br />

da gravidez, não previstos pela lei. O Código Penal<br />

Brasileiro (1940) pune a prática do aborto, sendo<br />

permitido apenas em duas situações: se não houver<br />

outra forma de salvar a vida da gestante ou em casos<br />

de gravidez decorrente de estupro.<br />

Estima-se que na América Latina e no Caribe,<br />

anualmente, cerca de 4 milhões e 200 mil mulheres<br />

submetem-se todo ano a abortamentos, sendo 95%<br />

desses procedimentos realizados na ilegalidade (OMS,<br />

1998). Cerca de 21% das mortes maternas (6 mil/ano)<br />

“têm <strong>com</strong>o causa as <strong>com</strong>plicações do aborto inseguro<br />

sob a responsabilidade das leis restritivas ao aborto”<br />

(Rede Nacional Feminista de Saúde 2005). As taxas de<br />

abortamento entre adolescentes variam de país para<br />

país, registrando-se desde taxas muito baixas, <strong>com</strong>o na<br />

Alemanha (3 abortamentos em cada 1.000 mulheres<br />

na faixa etária de 15 a 19 anos) e Japão (6 em cada<br />

1.000) e taxas muito mais altas, <strong>com</strong>o no Brasil (32<br />

em cada 1.000) e Estados Unidos (36 em cada 1.000)<br />

(Rede Nacional Feminista de Saúde 2003)<br />

Essa realidade nos mostra o quanto ainda é necessário<br />

avançarmos nessa discussão. Mas apesar de toda<br />

a resistência, é possível perceber algumas mudanças.<br />

Encontros promovidos pela Organização das Nações<br />

<strong>Trabalhando</strong> <strong>com</strong> <strong>Mulheres</strong> <strong>Jovens</strong>:<br />

<strong>Empoderamento</strong>, Cidadania e Saúde<br />

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