Trabalhando com Mulheres Jovens: Empoderamento ... - Promundo
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Inclui o direito individual de homens e mulheres<br />
em decidir sobre se querem ou não ter filhos/as,<br />
em que momento de suas vidas e quantos filhos<br />
desejam ter e <strong>com</strong> quem, livres de discriminação,<br />
coerção ou violência e <strong>com</strong> acesso a serviços de<br />
saúde de qualidade. A participação de homens e<br />
mulheres <strong>com</strong> iguais responsabilidades na criação<br />
dos filhos também faz parte desses direitos, bem<br />
<strong>com</strong>o licença maternidade, não ser discriminada<br />
e não conseguir um emprego por estar grávida<br />
ou por ter filhos.<br />
Movimentos e conferências: a busca pelos direitos<br />
Assim <strong>com</strong>o acontecem as transformações sociais,<br />
muda-se também a percepção sobre sexualidade. Nos<br />
anos 80, o movimento de mulheres se apropriou de conceitos<br />
<strong>com</strong>o o de empowerment (empoderamento) e de<br />
eqüidade de gênero que ajudaram a avançar na reflexão<br />
sobre a atenção necessária às necessidades femininas e<br />
masculinas. A pílula anticoncepcional foi uma grande<br />
aliada na mudança de concepção sobre a sexualidade<br />
feminina, gerando um novo enfoque para as questões<br />
de reprodução humana, incluindo<br />
debates sobre liberdade, prazer,<br />
desejo e violência sexual. A relação<br />
desumanizada e autoritária entre<br />
médicos e pacientes foi reconhecida,<br />
dando origem aos movimentos pela<br />
humanização do parto e da atenção<br />
à mulher. O surgimento da AIDS gerou<br />
novas reflexões e estudos sobre<br />
novas formas de trabalhar a sexualidade,<br />
sobretudo <strong>com</strong> mulheres<br />
e jovens, grupos considerados vulneráveis.<br />
Foram introduzidos temas<br />
<strong>com</strong>o autocuidado, sexo seguro e o<br />
uso de preservativo, particularmente<br />
em relação ao contexto social e as<br />
condições que tornam certos grupos<br />
mais vulneráveis. A IV Conferência Internacional de População<br />
e Desenvolvimento, realizada em 1994 no Cairo, e<br />
a IV Conferência Mundial sobre a Mulher, no ano seguinte,<br />
em Beijing, são marcos referenciais. Os direitos sexuais<br />
e reprodutivos passam a ser percebidos <strong>com</strong>o tema de<br />
cidadania, que dizem respeito tanto às questões físicas<br />
dos indivíduos quanto às sociais. Essa nova visão amplia<br />
o conceito de direitos humanos, porque inclui a vivência<br />
plena da sexualidade.<br />
Um dos temas mais polêmicos e, por isso um<br />
dos mais debatidos no que diz respeito aos<br />
direitos sexuais e reprodutivos é o aborto. Devemos<br />
lembrar que quando falamos em direitos, falamos<br />
da defesa da diversidade e das escolhas de cada um.<br />
Para que a pluralidade de escolhas seja respeitada,<br />
o Estado deve ser laico, isto é, não pode impor<br />
seus princípios religiosos em leis. As religiões têm<br />
direitos de conduzir seus fiéis de acordo <strong>com</strong> sua<br />
doutrina, mas isto não deve ser lei, e sim escolha<br />
de cada ser humano. As possibilidades de escolha<br />
das pessoas em relação às situações de vida podem<br />
ser as mais variadas e amplas em função dos<br />
valores, das experiências pessoais, da história de<br />
vida e das expectativas de cada um. A reprodução<br />
é uma escolha. Não é fator meramente biológico,<br />
mas cultural, social e político, isto é, é moldado por<br />
uma estrutura de poder. Com a proibição do aborto<br />
é negado à mulher o direito de decidir engravidar<br />
ou ter filhos ou não.<br />
<strong>Trabalhando</strong> <strong>com</strong> <strong>Mulheres</strong> <strong>Jovens</strong>:<br />
<strong>Empoderamento</strong>, Cidadania e Saúde<br />
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