Trabalhando com Mulheres Jovens: Empoderamento ... - Promundo
Trabalhando com Mulheres Jovens: Empoderamento ... - Promundo Trabalhando com Mulheres Jovens: Empoderamento ... - Promundo
Quais são as formas de exercer violência? • Física: uso da força física contra alguém. E pode incluir ações como bater, dar um tapa ou empurrar. • Emocional / Psicológica: freqüentemente é a forma de violência mais difícil de ser identificada. Ela pode incluir humilhação, ameaça, insulto, pressionar o (a) parceiro(a) e expressões de ciúme ou de posse, tais como o controle das decisões e das atividades. Nota: Muitos homens utilizam o controle do dinheiro para obrigar sua parceira a fazer o que eles desejam, impedí-las de sair, encontrar suas amigas ou, até mesmo, separar-se deles. Desta forma, o exercício de poder através do controle do dinheiro pelo homem também pode caracterizar violência. • Sexual: é qualquer ato sexual não desejado ou a tentativa de obtê-lo por meio da intimidação psicológica ou emocional (frases do tipo “se você me amasse, você faria sexo comigo”); ou ainda quando uma mulher não está apta a dar seu consentimento (por exemplo, após o uso de álcool ou de outras drogas). Em um estudo realizado em países caribenhos pela OPAS, cerca de metade das mulheres jovens relatou que a sua primeira experiência sexual foi forçada. Assim como nas outras formas de violência contra a mulher, o fator preponderante na violência sexual é a expressão do poder masculino e da dominação sobre as mulheres. Temos que decidir deixar isto ou fazer a lista de violência que está na atividade. Violência Sexual e o Acesso à Contracepção de Emergência contracepção de emergência é uma opção essencial para as mulheres que sofreram estupro ou ou- A tras formas de sexo não-consentido. Ela pode reduzir significativamente o risco da mulher engravidar caso seja usada propriamente num prazo de 72 horas após o sexo sem proteção. Infelizmente, devido a inúmeras barreiras legais e à falta de serviços em vários países, muitas mulheres não conhecem a contracepção de emergência ou não tem acesso a esse recurso. Em todo o mundo, muitas mulheres jovens e adultas, particularmente aquelas que vivem em situação de pobreza estão vulneráveis à exploração sexual e ao tráfico de mulheres, que é um tipo de violência sexual. Não há números exatos disponíveis, mas estudos recentes estimam que 4 milhões de mulheres (adolescentes, jovens e crianças) são compradas e vendidas pelo mundo, assim como forçadas ao casamento, à escravidão ou à prostituição. Estas mulheres e meninas estão vulneráveis a muitas formas de violência, incluindo intimidação psicológica, agressão física e exploração sexual. Percepções da violência contra a mulher Há diferentes percepções e definições sobre como qualificar a violência contra as mulheres. Freqüentemente, há um discurso de razões “justas” ou “injustas” para a violência. Tanto as mulheres como os homens podem olhar para o exercício da violência como uma resposta masculina à atitude provocadora de raiva por parte da mulher. Alguém pode ouvir que a mulher “pediu por isso”, ou se ela não vai embora depois de ter sofrido violência, é porque ela deve “gostar” ou “não se incomodar”. Na realidade, as razões pelas quais as mulheres podem ficar em um relacionamento são complexas e apresentam vários fatores. Estudos qualitativos mostraram que as mulheres não são vítimas passivas à violência, mas freqüentemente têm sua resposta limitada por aspectos tais como medo de revanche, falta de fonte de renda alternativa, preocupação com os filhos, falta de apoio, ou ainda a esperança de que o parceiro mudará seu comportamento e que irá parar com a violência. O envolvimento emocional e em muitos casos a dependência econômica em um relacionamento íntimo têm implicações importantes para as dinâmicas da violência e em como as mulheres lidam com tal situação. 38 Trabalhando com Mulheres Jovens: Empoderamento, Cidadania e Saúde
Rompendo o silêncio Muitas mulheres podem nunca ter falado a outras pessoas sobre a violência de que sofrem. Se elas chegam a falar sobre essa situação, o fazem mais com a família e com os amigos do que com instituições que possam oferecer apoio legal e/ou psicológico. Muitas mulheres relatam que o medo (da represália) é o fator principal que as inibe de procurar ajuda e/ou deixar um relacionamento. Uma mulher também pode se sentir obrigada a ficar em um relacionamento porque está casada e/ou quando há filhos envolvidos. Para algumas, as conseqüências de deixar um parceiro íntimo podem pesar mais nos aspectos emocionais ou na dependência financeira. Em geral, há vários fatores sociais, econômicos e estruturais que podem influenciar a resposta da mulher à violência. Um outro desafio na busca de ajuda é a falta de capacitação e sensibilização por parte das instituições de apoio. Por exemplo, policiais raramente são treinados para lidarem com situações de violência contra mulher. No Brasil as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) têm o objetivo de criar um espaço em que as mulheres pudessem fazer suas denúncias sem constrangimentos, diante de policiais capacitados para lidar com a violência de gênero. Atualmente o país possui mais de 300 DEAMs e até 2007 o governo pretende dobrar este número e melhorar a distribuição geográfica das delegacias. Lei Maria da Penha 7 No Brasil, desde 2006, as mulheres contam com mais um mecanismo de proteção às mulheres que sofrem de violência doméstica, um reconhecimento pelo governo brasileiro das lutas dos movimentos de mulheres. Trata-se da LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 que, “Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal”. (texto da lei, www.planalto.gov.br). Essa lei é conhecida também como Lei Maria da Penha, em homenagem à biofarmacêutica Maria da Penha Maia, que lutou durante 20 anos para ver seu agressor condenado. Ela virou símbolo contra a violência doméstica. Em 1983, o marido de Maria da Penha Maia, o professor universitário Marco Antonio Herredia, tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez, deu um tiro e ela ficou paraplégica. Na segunda, tentou eletrocutá-la. Na ocasião, ela tinha 38 anos e três filhas, entre 6 e 2 anos de idade. A investigação começou em junho do mesmo ano, mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro de 1984. Oito anos depois, Herredia foi condenado a oito anos de prisão, mas usou de recursos jurídicos para protelar o cumprimento da pena. O caso chegou à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acatou, pela primeira vez, a denúncia de um crime de violência doméstica. Herredia foi preso em 28 de outubro de 2002 e cumpriu dois anos de prisão. Hoje, está em liberdade. Após as tentativas de homicídio, Maria da Penha começou a atuar em movimentos sociais contra violência e impunidade e hoje é coordenadora de Estudos, Pesquisas e Publicações da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (APAVV) no seu estado, o Ceará. O que muda com a Lei Maria da Penha: Antes: Não existia lei específica sobre a violência doméstica contra a mulher. Agora: A mulher conta com uma lei própria para esse tipo de agressão. Antes: Não estabelecia as formas desse tipo de violência. Agora: A violência doméstica pode ser física, psico- 7 http://www.contee.org.br/secretarias/etnia/materia_23.htm. 39
- Page 4 and 5: Créditos AUTORES E COLABORADORES E
- Page 6 and 7: Sumário INTRODUÇÃO O vídeo: “
- Page 8 and 9: 8 Introdução
- Page 10 and 11: Seção 7 - Prevenindo e vivendo co
- Page 12 and 13: Folhas de apoio: Informação compl
- Page 14 and 15: Este primeiro capítulo contém ati
- Page 16 and 17: • São capazes de dizer “não
- Page 18 and 19: documentos que enfatizaram a necess
- Page 20 and 21: Diferentes tipos de poder Existem d
- Page 22 and 23: seja submissa à autoridade do home
- Page 24 and 25: Folha de Apoio 2 O que são direito
- Page 26 and 27: Reconhecer quem somos, nossas aspir
- Page 28 and 29: Identidade sexual Isto influencia n
- Page 30 and 31: Fechamento Nem sempre é fácil des
- Page 32 and 33: • Os personagens eram de diferent
- Page 34 and 35: Folha de apoio 7 Casos para discuss
- Page 36 and 37: As atividades desta seção foram e
- Page 40 and 41: lógica, sexual, patrimonial e mora
- Page 42 and 43: Fechamento No seu nível mais bási
- Page 44 and 45: atividade 9: Ciclo da violência Ob
- Page 46 and 47: 4 COMO ME SINTO QUANDO USO VIOLÊNC
- Page 48 and 49: MITO: A violência é um problema d
- Page 50 and 51: 50 Corpo e Sexualidade
- Page 52 and 53: do corpo serão mantidas ou superad
- Page 54 and 55: atividade 12: O corpo feminino na m
- Page 56 and 57: atividade 14: O corpo do homem e o
- Page 58 and 59: Folha de apoio 14 D 8 O Sistema Rep
- Page 60 and 61: Folha de apoio 14 F O Sistema Repro
- Page 62 and 63: O resultado normalmente leva três
- Page 64 and 65: Ter conhecimento de nossos direitos
- Page 66 and 67: Na América Latina, muitas mulheres
- Page 68 and 69: Folha de apoio 15 A Tiras sobre dir
- Page 70 and 71: atividade 16: Prevenção e prazer
- Page 72 and 73: • Ela pode ser inserida até 8 ho
- Page 74 and 75: Folha de apoio 17 A “Uma históri
- Page 76 and 77: Entre as opções de uma gravidez n
- Page 78 and 79: Unidas, em especial o Plano de Aç
- Page 80 and 81: Perguntas para discussão • O que
- Page 82 and 83: Histórico e culturalmente associam
- Page 84 and 85: primeiro grupo deverá discutir as
- Page 86 and 87: • O pai pode procurar o profissio
Rompendo o silêncio<br />
Muitas mulheres podem nunca ter falado a outras<br />
pessoas sobre a violência de que sofrem. Se elas chegam<br />
a falar sobre essa situação, o fazem mais <strong>com</strong> a família<br />
e <strong>com</strong> os amigos do que <strong>com</strong> instituições que possam<br />
oferecer apoio legal e/ou psicológico. Muitas mulheres<br />
relatam que o medo (da represália) é o fator principal que<br />
as inibe de procurar ajuda e/ou deixar um relacionamento.<br />
Uma mulher também pode se sentir obrigada a ficar<br />
em um relacionamento porque está casada e/ou quando<br />
há filhos envolvidos. Para algumas, as conseqüências de<br />
deixar um parceiro íntimo podem pesar mais nos aspectos<br />
emocionais ou na dependência financeira. Em geral,<br />
há vários fatores sociais, econômicos e estruturais que<br />
podem influenciar a resposta da mulher à violência.<br />
Um outro desafio na busca de ajuda é a falta de<br />
capacitação e sensibilização por parte das instituições<br />
de apoio. Por exemplo, policiais raramente<br />
são treinados para lidarem <strong>com</strong> situações de violência<br />
contra mulher. No Brasil as Delegacias Especializadas<br />
de Atendimento à Mulher (DEAMs) têm o objetivo<br />
de criar um espaço em que as mulheres pudessem<br />
fazer suas denúncias sem constrangimentos, diante<br />
de policiais capacitados para lidar <strong>com</strong> a violência de<br />
gênero. Atualmente o país possui mais de 300 DEAMs<br />
e até 2007 o governo pretende dobrar este número e<br />
melhorar a distribuição geográfica das delegacias.<br />
Lei Maria da Penha 7<br />
No Brasil, desde 2006, as mulheres contam <strong>com</strong><br />
mais um mecanismo de proteção às mulheres<br />
que sofrem de violência doméstica, um reconhecimento<br />
pelo governo brasileiro das lutas dos movimentos<br />
de mulheres. Trata-se da LEI Nº 11.340, DE<br />
7 DE AGOSTO DE 2006 que, “Cria mecanismos para<br />
coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher,<br />
nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição<br />
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas<br />
as Formas de Discriminação contra as <strong>Mulheres</strong> e da<br />
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e<br />
Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre<br />
a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar<br />
contra a Mulher; altera o Código de Processo<br />
Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal”.<br />
(texto da lei, www.planalto.gov.br).<br />
Essa lei é conhecida também <strong>com</strong>o Lei Maria da<br />
Penha, em homenagem à biofarmacêutica Maria<br />
da Penha Maia, que lutou durante 20 anos para ver<br />
seu agressor condenado. Ela virou símbolo contra a<br />
violência doméstica.<br />
Em 1983, o marido de Maria da Penha Maia, o<br />
professor universitário Marco Antonio Herredia,<br />
tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez, deu<br />
um tiro e ela ficou paraplégica. Na segunda, tentou<br />
eletrocutá-la. Na ocasião, ela tinha 38 anos e três<br />
filhas, entre 6 e 2 anos de idade.<br />
A investigação <strong>com</strong>eçou em junho do mesmo ano,<br />
mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério<br />
Público Estadual em setembro de 1984. Oito anos<br />
depois, Herredia foi condenado a oito anos de prisão,<br />
mas usou de recursos jurídicos para protelar o<br />
cumprimento da pena.<br />
O caso chegou à Comissão Interamericana dos<br />
Direitos Humanos da Organização dos Estados<br />
Americanos (OEA), que acatou, pela primeira vez, a<br />
denúncia de um crime de violência doméstica. Herredia<br />
foi preso em 28 de outubro de 2002 e cumpriu<br />
dois anos de prisão. Hoje, está em liberdade.<br />
Após as tentativas de homicídio, Maria da Penha<br />
<strong>com</strong>eçou a atuar em movimentos sociais contra<br />
violência e impunidade e hoje é coordenadora de<br />
Estudos, Pesquisas e Publicações da Associação de<br />
Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (APAVV)<br />
no seu estado, o Ceará.<br />
O que muda <strong>com</strong> a Lei Maria da Penha:<br />
Antes: Não existia lei específica sobre a violência<br />
doméstica contra a mulher.<br />
Agora: A mulher conta <strong>com</strong> uma lei própria para<br />
esse tipo de agressão.<br />
Antes: Não estabelecia as formas desse tipo de violência.<br />
Agora: A violência doméstica pode ser física, psico-<br />
7<br />
http://www.contee.org.br/secretarias/etnia/materia_23.htm.<br />
39