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Trabalhando com Mulheres Jovens: Empoderamento ... - Promundo

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O fato de as mulheres terem em geral menos acesso<br />

à posse e ao controle dos recursos produtivos tem, por<br />

sua vez, implicações quanto ao poder de tomada de<br />

decisão das mulheres tanto na esfera pública quanto na<br />

privada. Na verdade, pesquisas mostram que mulheres<br />

<strong>com</strong> menos poder econômico são menos propensas a<br />

terem êxito na hora de negociar proteção, abandonar<br />

uma situação percebida por elas <strong>com</strong>o arriscada ou<br />

mesmo a aceder a serviços de apoio formais (Heise e<br />

Elias 1995; Weiss e Gupta 1998). Os problemas de saúde<br />

das mulheres jovens se agravam quando vivem relacionamentos<br />

opressivos, onde não podem decidir sobre o<br />

cuidado de seu corpo, sua saúde, sua sexualidade ou<br />

quando são violentadas. Dessa forma, as mais amplas<br />

desigualdades sociais, políticas e econômicas entre homens<br />

e mulheres são inseparáveis das vulnerabilidades<br />

enfrentadas pelas mulheres em seu dia-a-dia e em suas<br />

relações íntimas.<br />

Mas isso não é um problema apenas de algumas mulheres,<br />

vivemos em uma sociedade onde as mulheres<br />

são discriminadas, têm menos oportunidades, menos<br />

recursos em todos os âmbitos da vida social. A isto se<br />

chama ineqüidade de gênero. Este tipo de ineqüidade<br />

se articula <strong>com</strong> outras formas de desigualdades, <strong>com</strong>o<br />

de raça, de classe, heterocentrismo e adultocentrismo.<br />

Em uma sociedade estratificada, <strong>com</strong> desigualdades<br />

sociais, mulheres jovens, pobres, indígenas, negras, <strong>com</strong><br />

orientação diferente da heterossexual têm menos acesso<br />

e controle dos recursos pessoais e sociais que lhes permitiriam<br />

melhorar suas condições de vida e de saúde,<br />

ou seja, encontram-se em desvantagem nas relações de<br />

poder (Scott 1990).<br />

De acordo <strong>com</strong> a situação em que vivem as mulheres<br />

jovens <strong>com</strong> as quais trabalhamos, sua condição social<br />

se reflete na maneira <strong>com</strong> que se apropriam de seus espaços<br />

em sua vida privada e pública, na maneira <strong>com</strong>o<br />

podem ou não distribuir seu tempo, no acesso que têm<br />

a recursos, em sua maneira de se apropriar ou não de<br />

seu corpo, de sua saúde, de sua vida reprodutiva, em<br />

exercer sua sexualidade livre de coerção, sem afetar<br />

sua integridade (Reyes 1999). Na América Latina e no<br />

Caribe, as persistentes ineqüidades de gênero e a violência<br />

frequentemente privam as mulheres de sua voz na<br />

tomada de decisões nas relações sexuais: para prevenir<br />

uma gravidez não desejada e infecções sexualmente<br />

transmissíveis, incluindo HIV e AIDS.<br />

Gênero e mulheres jovens<br />

Para mulheres jovens, os efeitos <strong>com</strong>plementares de gênero<br />

e idade podem reforçar ainda mais as dinâmicas de poder e<br />

vulnerabilidades que elas vivem. A idade, bem <strong>com</strong>o o gênero,<br />

pode ser vista <strong>com</strong>o um status social que confere desigualmente<br />

poder entre jovens e adultos. Como resultado, alguns jovens e,<br />

em particular, mulheres jovens, têm <strong>com</strong> freqüência, acesso<br />

limitado a serviços e informações de saúde, redes políticosociais<br />

e outros recursos necessários para garantir saúde e<br />

desenvolvimento plenos (Mathur e Rao Gupta 2004). As<br />

conseqüências se refletem no fato de que as causas principais<br />

de morte precoce entre mulheres – incluindo morte materna,<br />

HIV/AIDS, câncer pulmonar e cardiopatia – são associadas a<br />

experiências e <strong>com</strong>portamentos que não raro se iniciam na<br />

adolescência (NCRW 1998; UNFPA 2005).<br />

Ainda que a ênfase deste manual seja a construção de<br />

normas de gênero <strong>com</strong>o uma questão chave na saúde de<br />

mulheres jovens e nas vulnerabilidades que as a<strong>com</strong>etem,<br />

é importante reconhecer que mulheres jovens são indivíduos<br />

multidimensionais <strong>com</strong> perspectivas e necessidades<br />

diversas e que seus <strong>com</strong>portamentos e vulnerabilidades<br />

também sofrem influência da interação de gênero <strong>com</strong><br />

outros aspectos de suas identidades, os quais incluem<br />

raça, etnia, classe social e orientação sexual (NCRW<br />

1998). Alguns aspectos da identidade de gênero feminino,<br />

não apenas constrangem as mulheres jovens e tornam<br />

sua saúde vulnerável, <strong>com</strong>o, em interação <strong>com</strong> outras<br />

identidades podem diminuir ainda mais seu acesso e<br />

controle de recursos pessoais e sociais que poderiam<br />

melhorar suas condições de vida e saúde. Por exemplo,<br />

uma mulher <strong>com</strong> baixa renda tem muito menos chance<br />

de ter acesso a cuidados médicos e neonatais de qualidade,<br />

do que uma mulher <strong>com</strong> renda alta.<br />

<strong>Mulheres</strong> jovens empoderadas...<br />

São encorajadas a pensar de maneira ativa a respeito<br />

de seu futuro:<br />

• Possuem apoio para suas aspirações;<br />

• Tomam decisões autônomas sobre seu corpo, saúde<br />

e sexualidade;<br />

• Controlam sua renda e recursos pessoais;<br />

• Tomam decisões autônomas sobre educação e trabalho;<br />

• Têm oportunidades de lazer;<br />

• Têm acesso e usam serviços de saúde;<br />

• Sabem ler e escrever;<br />

• São capazes de falar em público;<br />

• São conscientes das ineqüidades de gênero e <strong>com</strong>o<br />

elas afetam as vidas de mulheres e homens;<br />

• São conscientes de seus direitos;<br />

• São conscientes da influência cultural e da mídia sobre<br />

o sentido que as mulheres têm de si mesmas;<br />

<strong>Trabalhando</strong> <strong>com</strong> <strong>Mulheres</strong> <strong>Jovens</strong>:<br />

<strong>Empoderamento</strong>, Cidadania e Saúde<br />

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