A ENERGIA EÃLICA EO AMBIENTE Guia de Orientação para a ...
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A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA<br />
E O <strong>AMBIENTE</strong><br />
<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Orientação <strong>para</strong> a Avaliação Ambiental<br />
ALFRAGIDE<br />
Fevereiro <strong>de</strong> 2002
Título:<br />
Autoria:<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong><br />
<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Orientação <strong>para</strong> a Avaliação Ambiental<br />
Lígia Men<strong>de</strong>s<br />
Marta Costa<br />
Maria João Pedreira<br />
PROSISTEMAS, Consultores <strong>de</strong> Engenharia, S.A.<br />
Edição:<br />
Instituto do Ambiente<br />
Data <strong>de</strong> Edição: Fevereiro <strong>de</strong> 2002<br />
Local <strong>de</strong> Edição:<br />
Composição e Paginação:<br />
Impressão:<br />
Tiragem:<br />
Alfragi<strong>de</strong><br />
Instituto do Ambiente<br />
Minerva do Comércio<br />
1000 exemplares<br />
ISBN: 972-8419-58-9<br />
Depósito Legal: 177 991/02
O aproveitamento da energia do vento é uma das formas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> electricida<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong><br />
fontes renováveis mais interessantes e promissoras a nível nacional. O compromisso<br />
estabelecido pelo Governo <strong>de</strong> cumprimento dos objectivos estabelecidos pela Directiva sobre<br />
energias renováveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em larga medida da capacida<strong>de</strong> <strong>para</strong> instalar em Portugal, uma<br />
potência superior a 2.000 MW nos próximos 6 a 8 anos. Tal objectivo, embora muito ambicioso,<br />
parece ter encontrado eco junto dos promotores privados, sendo expectável o lançamento a<br />
curto-médio prazo <strong>de</strong> um conjunto muito alargado <strong>de</strong> projectos nesta área.<br />
O Ministério do Ambiente e do Or<strong>de</strong>namento do Território (MAOT) tem sustentadamente<br />
<strong>de</strong>finido como pilar da sua política <strong>de</strong> ambiente o <strong>de</strong>senvolvimento das energias renováveis e,<br />
em particular, da energia eólica, reduzindo a <strong>de</strong>pendência energética do país em matéria <strong>de</strong><br />
combustíveis fósseis, aproveitando os recursos naturais e, consequentemente, contribuindo <strong>para</strong><br />
o cumprimento das metas nacionais no que respeita às emissões <strong>de</strong> gases acidificantes, limitadas<br />
pelas Directivas dos Tectos Nacionais <strong>de</strong> Emissões e das Gran<strong>de</strong>s Instalações <strong>de</strong> Combustão, e<br />
dos gases com efeito <strong>de</strong> estufa, nos termos do Programa Nacional <strong>para</strong> as Alterações Climáticas<br />
e <strong>para</strong> o cumprimento dos compromissos assumidos no Protocolo <strong>de</strong> Quioto.<br />
Enquanto entida<strong>de</strong> licenciadora <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> projectos, no âmbito da legislação sobre Avaliação<br />
<strong>de</strong> Impacte Ambiental, Conservação da Natureza, Reserva Ecológica Nacional e Or<strong>de</strong>namento<br />
do Território, o MAOT tem procurado encarar o esperado aumento do número <strong>de</strong> projectos<br />
candidatos à exploração <strong>de</strong> parques eólicos com uma atitu<strong>de</strong> que, simultaneamente, entenda a<br />
necessida<strong>de</strong> da simplificação dos procedimentos administrativos obrigatórios e seja rigorosa na<br />
avaliação ambiental. Nesse sentido, foram publicados durante o ano <strong>de</strong> 2001 dois Despachos<br />
(Despacho nº 11.091/2001, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Maio e Despacho nº 12.006/2001, <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> Junho), que<br />
procuram clarificar e, sempre que possível, simplificar os procedimentos em matéria <strong>de</strong><br />
avaliação e licenciamento ambientais.<br />
Dada a elevada expectativa no que respeita ao conjunto <strong>de</strong> processos a lançar no curto-prazo e,<br />
por outro lado, à experiência relativamente reduzida entre nós relativa ao projecto, instalação e<br />
exploração <strong>de</strong> parques eólicos, enten<strong>de</strong>u o MAOT ser oportuno produzir e editar um documento<br />
<strong>de</strong> base relativo aos impactes ambientais da energia eólica.
É, assim, objectivo <strong>de</strong>ste <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Orientação <strong>para</strong> a Avaliação Ambiental sistematizar as<br />
questões que se levantam na interface energia eólica e ambiente, à escala dos projectos,<br />
disponibilizando uma fonte <strong>de</strong> informação actualizada e, tanto quanto possível, completa e<br />
referenciada.<br />
Preten<strong>de</strong>-se, sobretudo, que este <strong>Guia</strong> constitua uma ferramenta <strong>de</strong> apoio <strong>para</strong> os promotores<br />
consi<strong>de</strong>rarem as questões relacionadas com a protecção do ambiente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a génese dos seus<br />
projectos, conciliando o aproveitamento a<strong>de</strong>quado do recurso eólico com a prevenção e<br />
minimização dos impactes ambientais à escala local e regional.<br />
Por outro lado, disponibiliza-se aos técnicos e <strong>de</strong>cisores responsáveis pelo processo <strong>de</strong><br />
licenciamento, na área do MAOT e das outras entida<strong>de</strong>s responsáveis, nomeadamente autarquias<br />
e serviços do Ministério da Economia, um documento <strong>de</strong> referência que sistematiza, <strong>de</strong> uma<br />
forma transparente, as questões mais importantes a ter em conta na apreciação da viabilida<strong>de</strong><br />
ambiental <strong>de</strong> um projecto <strong>de</strong> aproveitamento eólico.<br />
No entanto, tratando-se <strong>de</strong> um <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Orientação <strong>para</strong> a Avaliação Ambiental, este documento<br />
tem o propósito <strong>de</strong> contribuir, <strong>para</strong> o esclarecimento teórico das situações em causa, não <strong>de</strong>vendo<br />
ser entendido como uma norma <strong>para</strong> a avaliação ou <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> impacte<br />
ambiental, dada a importância <strong>de</strong>sigual que <strong>de</strong>terminadas questões naturalmente assumem na<br />
apreciação específica <strong>de</strong> um dado projecto. Caso a caso, face aos constrangimentos impostos<br />
pela respectiva localização, os projectos <strong>de</strong>vem suscitar uma consi<strong>de</strong>ração particular e os<br />
aprofundamentos específicos necessários.<br />
Finalmente, uma palavra <strong>de</strong> reconhecimento à equipa que preparou este documento, em<br />
particular à Eng. Lígia Men<strong>de</strong>s, pelo trabalho exaustivo que realizou, e uma referência aos<br />
contributos dos serviços do MAOT consultados na sua pre<strong>para</strong>ção, nomeadamente as Direcções<br />
Regionais do Ambiente e do Or<strong>de</strong>namento do Território, o Instituto <strong>de</strong> Conservação da Natureza<br />
e o Instituto da Água, <strong>para</strong> além do Instituto do Ambiente que preparou a sua edição.<br />
José Sócrates<br />
Ministro do Ambiente e do Or<strong>de</strong>namento do Território
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong><br />
<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Orientação <strong>para</strong> a Avaliação Ambiental<br />
ÍNDICE DO TEXTO<br />
1. INTRODUÇÃO 7<br />
2 BREVE DESCRIÇÃO DE UM PARQUE EÓLICO 9<br />
3. OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM PARQUE EÓLICO 11<br />
4. ESTUDOS AMBIENTAIS A DESENVOLVER 19<br />
5. METODOLOGIAS A APLICAR<br />
NO DESENVOLVIMENTO DOS ESTUDOS AMBIENTAIS 21<br />
6. IMPACTES AMBIENTAIS GERADOS DURANTE A CONSTRUÇÃO E<br />
FUNCIONAMENTO DE PARQUES EÓLICOS 23<br />
6.1. Introdução 23<br />
6.2. Fase <strong>de</strong> construção 25<br />
6.2.1. Paisagem 25<br />
6.2.2. Ecologia 27<br />
6.2.3. Ruído 28<br />
6.2.4. Solos 29<br />
6.2.5. Recursos hídricos 32<br />
6.2.6. Qualida<strong>de</strong> do ar 33<br />
6.2.7. Socioeconomia 34<br />
6.2.8. Património 35<br />
6.3. Fase <strong>de</strong> exploração 36<br />
6.3.1. Paisagem 36<br />
6.3.2. Ecologia 39<br />
6.3.3. Ruído 43<br />
6.3.4. Solos 45<br />
6.3.5. Recursos hídricos e qualida<strong>de</strong> do ar 47<br />
6.3.6. Socioeconomia 47<br />
6.3.7. Património 48
7. MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO E DE<br />
VALORIZAÇÃO DOS IMPACTES AMBIENTAIS 49<br />
7.1. Medidas a consi<strong>de</strong>rar na fase <strong>de</strong> projecto 49<br />
7.2. Medidas a consi<strong>de</strong>rar na fase <strong>de</strong> construção 50<br />
7.2.1. Medidas mitigadoras <strong>de</strong> carácter geral 50<br />
7.2.2. Medidas relativas a acabamentos da obra 54<br />
7.2.3. Protecção <strong>de</strong> zonas especialmente sensíveis 56<br />
7.3. Medidas a consi<strong>de</strong>rar na fase <strong>de</strong> exploração 56<br />
7.4. Desactivação do parque eólico 56<br />
8. PLANOS DE MONITORIZAÇÃO 57<br />
9. ANÁLISE AMBIENTAL RELATIVA ÀS OBRAS DE<br />
ALGUNS PARQUES EÓLICOS CONSTRUÍDOS EM PORTUGAL 59<br />
10. BIBLIOGRAFIA 65
Introdução<br />
7<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong><br />
<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Orientação <strong>para</strong> a Avaliação Ambiental<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
A utilização das energias renováveis <strong>para</strong> satisfazer os elevados consumos energéticos das<br />
socieda<strong>de</strong>s industrializadas resulta <strong>de</strong> uma tomada <strong>de</strong> consciência dos técnicos e dos políticos no<br />
sentido <strong>de</strong> apoiar medidas que promovam um <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />
De facto, a problemática associada à utilização <strong>de</strong> energia fóssil convencional ou mesmo nuclear,<br />
quer pelos danos ambientais que a produção <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> energia provoca no ambiente, quer pela<br />
possível escassez <strong>de</strong> matéria prima, levou a que as socieda<strong>de</strong>s mais <strong>de</strong>senvolvidas encarassem<br />
seriamente a urgente necessida<strong>de</strong> da utilização <strong>de</strong> energias renováveis.<br />
Aten<strong>de</strong>ndo aos vários tipos <strong>de</strong> energias renováveis, nomeadamente: hídrica, solar, eólica, <strong>de</strong><br />
biomassa, das ondas e geotérmica, e à evolução tecnológica associada à sua produção, constatouse<br />
que a energia eólica apresenta um gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. É portanto nesse<br />
sentido que caminha a actual política energética.<br />
A nível nacional, o governo tem feito um esforço no sentido <strong>de</strong> criar condições <strong>para</strong> que este tipo<br />
<strong>de</strong> energia possa ter um <strong>de</strong>senvolvimento sustentável no nosso país.<br />
É neste âmbito que surge o presente documento que tem como objectivo uma análise<br />
sistematizada dos efeitos sobre o ambiente <strong>de</strong>correntes da implementação <strong>de</strong> parques eólicos, e<br />
ainda constituir um apoio <strong>de</strong> referência à abordagem dos estudos ambientais a <strong>de</strong>senvolver nesta<br />
matéria.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Breve Descrição <strong>de</strong> um Parque Eólico<br />
9<br />
2. BREVE DESCRIÇÃO DE UM PARQUE EÓLICO<br />
Um parque eólico <strong>de</strong>stina-se à produção <strong>de</strong> energia eléctrica a partir <strong>de</strong> um recurso renovável, o<br />
vento.<br />
Este tipo <strong>de</strong> aproveitamento é constituído por um ou mais aerogeradores, um edifício <strong>de</strong><br />
comando e uma subestação, aos quais todos os aerogeradores estão ligados através <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> cabos enterrados, e caminhos <strong>de</strong> acesso a cada aerogerador.<br />
A conversão <strong>de</strong> energia eólica em energia eléctrica é efectuada nos aerogeradores, cuja<br />
constituição principal se apresenta na Fotografia 1.<br />
A subestação que recebe a energia produzida e a introduz na re<strong>de</strong> receptora através <strong>de</strong> uma linha<br />
eléctrica, po<strong>de</strong> ser montada em edifício próprio ou num parque exterior <strong>de</strong> equipamentos<br />
adjacente ao edifício <strong>de</strong> comando. O edifício <strong>de</strong> comando inclui geralmente uma sala <strong>de</strong><br />
comando, um gabinete, um armazém e instalações sanitárias.<br />
PÁ<br />
Material:<br />
Fibra <strong>de</strong> vidro<br />
reforçada a<br />
resina <strong>de</strong> poliester<br />
CABINE<br />
Material:<br />
Fibra <strong>de</strong> vidro<br />
reforçada a<br />
resina <strong>de</strong> poliester<br />
TORRE<br />
Material:<br />
Aço com pintura<br />
anti-corrosiva<br />
Fotografia 1 – Constituição principal <strong>de</strong> um aerogerador.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Obras <strong>de</strong> Construção <strong>de</strong> um Parque Eólico<br />
11<br />
3. OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE UM PARQUE EÓLICO<br />
Para uma melhor apreensão da análise ambiental que é <strong>de</strong>scrita nos capítulos seguintes,<br />
apresenta-se em seguida uma <strong>de</strong>scrição sumária das várias obras a executar <strong>para</strong> a sua instalação.<br />
A construção <strong>de</strong> um parque eólico inicia-se pela reabilitação ou execução do caminho <strong>de</strong> acesso<br />
principal à zona <strong>de</strong> implantação dos aerogeradores. Quando já existe um caminho <strong>de</strong> acesso, por<br />
vezes é necessário que este seja alargado e o pavimento regularizado e beneficiado, no sentido<br />
<strong>de</strong> permitir o acesso das viaturas pesadas <strong>de</strong> transporte dos equipamentos e materiais necessários<br />
à construção <strong>de</strong> um parque eólico.<br />
A título <strong>de</strong> exemplo apresenta-se em seguida um conjunto <strong>de</strong> fotografias referentes à abertura do<br />
caminho <strong>de</strong> acesso principal ao parque eólico <strong>de</strong> Pinheiro, na serra <strong>de</strong> Montemuro.<br />
DECAPAGEM E REMOÇÃO<br />
DA CAMADA DE TERRA VEGETAL<br />
ABERTURA DA PLATAFORMA DO CAMINHO<br />
PREPARAÇÃO DO CAMINHO<br />
POR COLOCAÇÃO DE CAMADA DE SAIBRO<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
12<br />
Obras <strong>de</strong> Construção <strong>de</strong> um Parque Eólico<br />
Associado à abertura <strong>de</strong> acessos, é necessário a execução <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> drenagem que consistem<br />
basicamente na construção <strong>de</strong> aquedutos (Fotografia 2) e valetas <strong>de</strong> drenagem.<br />
Fotografia 2 – Execução <strong>de</strong> aqueduto sob a estrada.<br />
Após a abertura do caminho <strong>de</strong> acesso principal ao parque eólico e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> escolhido o local<br />
dos aerogeradores e o traçado dos caminhos <strong>de</strong> acesso aos mesmos serão, então, executados os<br />
restantes caminhos <strong>de</strong>ntro do parque eólico. Estes caminhos apresentam as mesmas<br />
características do caminho <strong>de</strong> acesso principal e, consequentemente, as obras <strong>para</strong> a sua<br />
execução são idênticas às <strong>de</strong>scritas anteriormente.<br />
Ao longo dos caminhos <strong>de</strong> acesso a cada aerogerador é aberta uma vala <strong>para</strong> instalação dos cabos<br />
eléctricos <strong>de</strong> interligação entre os aerogeradores e a subestação.<br />
Após a execução dos acessos, a fase seguinte consiste na execução das fundações das torres dos<br />
aerogeradores. Esta fase, que pressupõe a execução <strong>de</strong> escavações e betonagens, é feita por<br />
etapas conforme se ilustra no conjunto <strong>de</strong> fotografias que se segue:<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Obras <strong>de</strong> Construção <strong>de</strong> um Parque Eólico<br />
13<br />
EXECUÇÃO DA FUNDAÇÃO DA TORRE DE UM AEROGERADOR<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
14<br />
Obras <strong>de</strong> Construção <strong>de</strong> um Parque Eólico<br />
Após a execução das fundações das torres dos aerogeradores, proce<strong>de</strong>-se então à pre<strong>para</strong>ção da<br />
plataforma provisória <strong>para</strong> a respectiva montagem (Fotografia 3), a qual <strong>de</strong>verá ter uma<br />
dimensão e configuração que permita as manobras necessárias <strong>de</strong> gruas e <strong>de</strong> um camião <strong>de</strong> apoio<br />
(Fotografia 4).<br />
Fotografia 3 – Pre<strong>para</strong>ção da plataforma provisória <strong>para</strong> montagem dos aerogeradores.<br />
GRUAS<br />
Fotografia 4 – Ocupação e dimensão necessária <strong>de</strong> uma plataforma <strong>para</strong> a montagem <strong>de</strong> aerogeradores <strong>de</strong> 1800 kW.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Obras <strong>de</strong> Construção <strong>de</strong> um Parque Eólico<br />
15<br />
No local <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> cada aerogerador, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> finalizada a respectiva plataforma<br />
provisória, é feita então a montagem da torre, a qual é efectuada por troços.<br />
MONTAGEM DA TORRE DE UM AEROGERADOR (Alemanha)<br />
Em seguida proce<strong>de</strong>-se ao transporte e montagem da cabine, com os equipamentos necessários<br />
no seu interior, e das pás no cimo da torre.<br />
MONTAGEM DA CABINE E RESPECTIVOS EQUIPAMENTOS<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
16<br />
Obras <strong>de</strong> Construção <strong>de</strong> um Parque Eólico<br />
TRANSPORTE E MONTAGEM DAS PÁS DE UM AEROGERADOR<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Obras <strong>de</strong> Construção <strong>de</strong> um Parque Eólico<br />
17<br />
Em simultâneo com a execução das obras <strong>de</strong> construção e montagem dos aerogeradores é<br />
construído o edifício <strong>de</strong> comando e subestação (Fotografia 5). Trata-se <strong>de</strong> uma obra <strong>de</strong><br />
construção civil, cuja dimensão varia consoante a potência total do parque a construir.<br />
Fotografia 5 – Construção do edifício <strong>de</strong> comando e subestação do parque eólico <strong>de</strong> Cabril, na serra <strong>de</strong> Montemuro.<br />
Neste caso específico o edifício é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões pois <strong>para</strong> além da subestação inclui um<br />
posto <strong>de</strong> corte, instalação essa que se <strong>de</strong>stina a receber a energia produzida em outros<br />
aproveitamentos, eólicos e hídricos, previstos <strong>para</strong> a região.<br />
O edifício (<strong>de</strong> comando, posto <strong>de</strong> corte e subestação) pela sua gran<strong>de</strong> dimensão e <strong>de</strong> forma a ter<br />
uma melhor integração paisagística foi construído semi-enterrado.<br />
De referir também a necessida<strong>de</strong> da montagem <strong>de</strong> um estaleiro (Fotografia 6), o qual<br />
normalmente fica próximo da zona on<strong>de</strong> são construídos os edifícios.<br />
Fotografia 6 – Estaleiro da obra <strong>de</strong> construção do parque eólico <strong>de</strong> Cabril (serra <strong>de</strong> Montemuro).<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
18<br />
Obras <strong>de</strong> Construção <strong>de</strong> um Parque Eólico<br />
Associada à obra <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um parque eólico está a instalação da linha eléctrica <strong>para</strong><br />
entrega da energia produzida na re<strong>de</strong> receptora, que se processa com o seguinte faseamento e<br />
execução das acções que a seguir se <strong>de</strong>screvem:<br />
- Marcação e abertura do maciço <strong>de</strong> fundação dos apoios (1ª Fase). Nesta primeira<br />
fase, é realizada a verificação da colocação da estaca <strong>de</strong> piquetagem do apoio, assim como<br />
a marcação da cova da fundação do apoio.<br />
Uma vez terminada a marcação da cova, proce<strong>de</strong>-se à sua abertura, a qual é realizada com<br />
o auxílio <strong>de</strong> uma rectro-escavadora <strong>de</strong> pequeno porte. Estas covas, <strong>de</strong> um modo geral<br />
possuem cerca <strong>de</strong> 2,5 metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, sendo a sua secção quadrada com 2,0<br />
metros <strong>de</strong> lado.<br />
- Betonagem e arvoramento do apoio (2ª Fase). A esta fase, correspon<strong>de</strong> a colocação e<br />
nivelamento da base do apoio <strong>de</strong>ntro da cova, proce<strong>de</strong>ndo-se <strong>de</strong> imediato à sua<br />
betonagem. O fabrico do betão <strong>para</strong> a fundação é realizado no local, com o recurso a uma<br />
auto-betoneira.<br />
Uma vez respeitado o período <strong>de</strong> cura do betão, geralmente <strong>de</strong> 27 dias, conclui-se a<br />
montagem do apoio, cobrindo-a <strong>de</strong> seguida com a terra vegetal resultante da escavação<br />
necessária <strong>para</strong> a execução da fundação dos apoios. Esta operação envolve a presença <strong>de</strong><br />
meios humanos e meios mecânicos, nomeadamente um tractor com grua <strong>de</strong> auxílio e<br />
atrelado.<br />
- Desenrolamento <strong>de</strong> condutores (3ª Fase). Na última fase <strong>de</strong> construção da linha são<br />
montadas provisoriamente roldanas no braço <strong>de</strong> cada apoio, <strong>de</strong> modo a se iniciar a<br />
passagem da corda-guia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início até ao final do traçado da linha. O <strong>de</strong>senrolamento<br />
da corda guia é realizado por um trabalhador que a transporta em rolo, efectuando todo o<br />
traçado da linha a pé. Finalmente, e com o recurso a duas máquinas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senrolamento<br />
colocadas no início e no fim do traçado, realiza-se a operação <strong>de</strong> <strong>de</strong>senrolamento e fixação<br />
dos cabos condutores. Nesta operação estão envolvidos meios humanos e duas máquinas<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senrolamento.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Estudos Ambientais a Desenvolver<br />
19<br />
4. ESTUDOS AMBIENTAIS A DESENVOLVER<br />
A construção <strong>de</strong> parques eólicos em Portugal, e uma vez que se aposta cada vez mais numa<br />
política preventiva <strong>de</strong> ambiente, pressupõe que todos os projectos sejam precedidos <strong>de</strong> estudos<br />
ambientais, cujas características, respectiva profundida<strong>de</strong> e abrangência <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r das<br />
especificida<strong>de</strong> do projecto e dos constrangimentos afectos à sua localização.<br />
A realização <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Impacte Ambiental <strong>de</strong>corre da aplicação da legislação sobre a<br />
Avaliação <strong>de</strong> Impacte Ambiental, o Decreto-Lei n.º 69/2000, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> Maio. Nos termos do Anexo<br />
II a este diploma estão <strong>de</strong>finidas as situações em que se configura a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização<br />
<strong>de</strong> EIAs (alínea i) do ponto 3 do Anexo II). A figura seguinte refere-se a estas situações:<br />
Relativamente à questão do conceito <strong>de</strong> "parques similares", <strong>de</strong>verão ser consi<strong>de</strong>rados como tal<br />
os parques eólicos que já tenham obtido a sua licença <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> instalação, atribuída pela<br />
entida<strong>de</strong> competente <strong>para</strong> o licenciamento (neste caso a Direcção-Geral <strong>de</strong> Energia).<br />
Para além do estudo <strong>de</strong> impacte ambiental do parque eólico, é necessário por vezes a sujeição a<br />
procedimento <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> impacte ambiental das linhas eléctricas <strong>de</strong> interligação do parque<br />
eólico à re<strong>de</strong> receptora. Esta situação ocorre quando a linha possui uma tensão igual ou superior<br />
a 220 kV, e um comprimento superior a 15 km <strong>de</strong> acordo com o Anexo I do Decreto-Lei nº<br />
69/2000, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> Maio, ou quando a linha possui uma tensão igual ou superior a 110 kV, e um<br />
comprimento igual ou superior a 10 km <strong>de</strong> acordo com o Anexo II do Decreto-Lei nº 69/2000,<br />
<strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> Maio (caso geral). Na situação em que a linha eléctrica se encontra localizada numa área<br />
sensível nos termos do mesmo diploma, fica igualmente sujeita a estudo <strong>de</strong> impacte ambiental<br />
quando possui uma tensão igual ou superior a 110 kV, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do seu comprimento.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
20<br />
Estudos Ambientais a Desenvolver<br />
Na sequência da publicação dos <strong>de</strong>spachos do Ministro do Ambiente e do Or<strong>de</strong>namento do<br />
Território n.os 11091/2001, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Maio, e 12006/2001, <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> Junho, sobre energias<br />
renováveis, foi igualmente publicado o Despacho Conjunto dos Ministros da Economia e do<br />
Ambiente e do Or<strong>de</strong>namento do Território n.º 583/2001, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> Julho, que <strong>de</strong>fine a<br />
obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> impacte ambiental <strong>de</strong> projectos <strong>de</strong><br />
energia eólica em zonas sensíveis, como mostra a figura seguinte.<br />
Noutra perspectiva é <strong>de</strong> referir o trabalho realizado pelo INEGI – Instituto <strong>de</strong> Engenharia<br />
Mecânica e Gestão Industrial (Porto) sobre o Potencial Eólico <strong>de</strong> Portugal. De referir ainda que,<br />
a nível regional, alguns promotores com vários projectos a nível regional, <strong>de</strong>senvolvem estudos<br />
<strong>de</strong> integração regional, englobando um conjunto <strong>de</strong> parques eólicos a <strong>de</strong>senvolver em<br />
<strong>de</strong>terminadas cordilheiras, como por exemplo, na zona do Alto Minho, na serra da Gardunha ou<br />
nas serras da Lousã e Açor.<br />
A realização <strong>de</strong> estudos com estas características permite que sejam estudadas as potenciais<br />
zonas <strong>para</strong> implementação <strong>de</strong> parques eólicos, a nível municipal ou mesmo inter-municipal, e<br />
<strong>de</strong>finida uma estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, tendo sempre em conta o património ambiental a<br />
preservar.<br />
Esta análise ambiental preliminar permite assim, por um lado <strong>de</strong>spistar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
implantar parques eólicos em zonas especialmente sensíveis e por outro lado <strong>de</strong>finir uma planta<br />
<strong>de</strong> condicionantes que garanta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo a salvaguarda <strong>de</strong> elementos ou áreas incompatíveis<br />
com a localização dos elementos constituintes <strong>de</strong> um parque eólico (aerogeradores, edifício <strong>de</strong><br />
comando/subestação e caminhos <strong>de</strong> acesso ao parque eólico), optimizando as condições <strong>de</strong><br />
compatibilização dos parques eólicos com o ambiente.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Metodologias a Aplicar no Desenvolvimento dos Estudos Ambientais<br />
21<br />
5. METODOLOGIAS A APLICAR NO DESENVOLVIMENTO DOS<br />
ESTUDOS AMBIENTAIS<br />
Na elaboração <strong>de</strong> um estudo ambiental sobre a implementação <strong>de</strong> um parque eólico importa<br />
<strong>de</strong>finir numa fase preliminar o âmbito geográfico e temático do estudo a <strong>de</strong>senvolver.<br />
Âmbito Geográfico<br />
Relativamente à <strong>de</strong>finição do âmbito geográfico, <strong>de</strong>verão ser consi<strong>de</strong>radas áreas <strong>de</strong> estudo<br />
diferentes, consoante as matérias em análise. De referir também que a área <strong>de</strong> estudo a consi<strong>de</strong>rar<br />
<strong>de</strong>verá envolver a zona <strong>de</strong> implantação dos aerogeradores, o edifício <strong>de</strong> comando, a subestação,<br />
os caminhos a serem intervencionados e ainda a linha eléctrica <strong>para</strong> entrega da energia produzida<br />
pelo parque eólico na re<strong>de</strong> receptora como projecto associado.<br />
Na análise e caracterização das diferentes áreas <strong>de</strong>verão então ser consi<strong>de</strong>rados os seguintes<br />
níveis <strong>de</strong> abordagem:<br />
• um primeiro nível (área mais restrita) <strong>de</strong> abordagem bastante <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong> forma a<br />
avaliar os impactes ambientais que <strong>de</strong>verão ocorrer durante a fase <strong>de</strong> construção do<br />
aproveitamento. Para isso <strong>de</strong>verá consi<strong>de</strong>rar-se a zona que se <strong>de</strong>senvolve em torno do<br />
parque, e que envolve todos os aerogeradores, o edifício <strong>de</strong> comando e a subestação (zona<br />
arrendada); e<br />
• um segundo nível (área mais alargada) em que se <strong>de</strong>verá consi<strong>de</strong>rar uma área um pouco<br />
mais vasta <strong>de</strong> forma a avaliar os impactes ambientais que ocorrerão durante a fase <strong>de</strong><br />
exploração do aproveitamento, quer a nível da paisagem, quer ao nível da fauna, quer<br />
ainda a nível do ruído. Nesse âmbito <strong>de</strong>verá consi<strong>de</strong>rar-se um limite que envolva as<br />
povoações e estradas localizadas na envolvente do parque eólico em análise.<br />
Todavia, <strong>para</strong> questões que extravasam o contexto local anterior e em escala <strong>de</strong> abordagem<br />
menos <strong>de</strong>talhada, nomeadamente <strong>para</strong> a avaliação das trajectórias migratórias <strong>de</strong> aves e do<br />
possível impacte sobre as mesmas, <strong>para</strong> avaliação do nível socioeconómico da região e da<br />
receptivida<strong>de</strong> da população local à implementação do projecto, etc., <strong>de</strong>verá consi<strong>de</strong>rar-se uma<br />
área <strong>de</strong> estudo um pouco mais vasta, a<strong>de</strong>quada à região em análise.<br />
De referir, por último, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se efectuar uma análise preliminar ao traçado da linha<br />
<strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> energia como projecto associado à construção <strong>de</strong> um parque eólico.<br />
Relativamente ao âmbito temático apresentam-se no ponto seguinte os <strong>de</strong>scritores ambientais a<br />
analisar e a importância da sua análise.<br />
Âmbito Temático<br />
Conforme já referido, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> um Estudo <strong>de</strong> Impacte Ambiental, ou<br />
<strong>de</strong> outro estudo <strong>de</strong> avaliação ambiental, <strong>de</strong>verão ser estudados os seguintes <strong>de</strong>scritores<br />
ambientais, susceptíveis <strong>de</strong> virem a ser afectados pela implementação <strong>de</strong> um parque eólico. A<br />
profundida<strong>de</strong> com que cada <strong>de</strong>scritor <strong>de</strong>verá ser analisado, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da relevância <strong>de</strong> cada<br />
<strong>de</strong>scritor perante a situação específica <strong>de</strong> cada parque eólico:<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
22<br />
Metodologias a Aplicar no Desenvolvimento dos Estudos Ambientais<br />
De referir por último que <strong>de</strong>verá ser feita uma análise relativamente ao enquadramento da zona<br />
<strong>de</strong> implantação do parque eólico nos planos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento do território em vigor (regionais,<br />
municipais, intermunicipais, sectoriais e especiais) e das classes <strong>de</strong> espaço envolvidas, assim<br />
como as condicionantes, servidões e restrições <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
23<br />
6. IMPACTES AMBIENTAIS GERADOS DURANTE A<br />
CONSTRUÇÃO E FUNCIONAMENTO DE PARQUES EÓLICOS<br />
6.1. INTRODUÇÃO<br />
No presente capítulo, que diz respeito aos impactes gerados pela implementação <strong>de</strong> parques<br />
eólicos, será dado especial <strong>de</strong>staque aos impactes que têm sido alvo <strong>de</strong> maior preocupação,<br />
nomeadamente sobre a avifauna, o ruído e a paisagem, uma vez que são impactes que irão<br />
permanecer durante todo o período <strong>de</strong> vida útil do aproveitamento.<br />
As principais acções geradoras <strong>de</strong> impactes ambientais fazem-se sentir durante diversas fases<br />
que se esten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o planeamento da obra até à sua <strong>de</strong>sactivação ou possível reconversão:<br />
projecto, construção, exploração e <strong>de</strong>sactivação/reconversão.<br />
Na fase <strong>de</strong> projecto ou planeamento prevê-se uma perturbação muito reduzida, ou sem<br />
significado, na área, pela acção dos técnicos implicados na planificação da obra e na elaboração<br />
dos respectivos estudos ambientais. Para as restantes fases, distinguem-se as seguintes acções:<br />
Construção do aproveitamento<br />
• aluguer dos terrenos da zona do parque eólico;<br />
• instalação e utilização do estaleiro;<br />
• reabilitação <strong>de</strong> caminhos (alargamento da faixa <strong>de</strong> rodagem, rectificação <strong>de</strong> curvas,<br />
regularização/reforços <strong>de</strong> pavimentos e obras <strong>de</strong> drenagem);<br />
• abertura <strong>de</strong> caminhos (limpeza do terreno/<strong>de</strong>smatação, remoção e <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> terra<br />
vegetal, escavação/aterros/compactação), execução <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> drenagem (construção<br />
<strong>de</strong> valetas, aquedutos, pontões), e em <strong>de</strong>terminadas situações pavimentação (saibro,<br />
Toutvenant, asfalto);<br />
• transporte <strong>de</strong> materiais diversos <strong>para</strong> construção (betão, saibro, entre outros);<br />
• <strong>de</strong>pósito temporário <strong>de</strong> materiais resultantes <strong>de</strong> escavações (saibro, rocha, terra vegetal,<br />
entre outros);<br />
• abertura <strong>de</strong> valas <strong>para</strong> instalação dos cabos eléctricos <strong>de</strong> interligação entre os<br />
aerogeradores e a subestação e edifício <strong>de</strong> comando;<br />
• abertura <strong>de</strong> caboucos <strong>para</strong> as fundações das torres dos aerogeradores;<br />
• betonagem dos maciços <strong>de</strong> fundação das torres dos aerogeradores;<br />
• execução das plataformas provisórias <strong>para</strong> montagem dos aerogeradores;<br />
• transporte e montagem no local dos aerogeradores (torre, cabine e pás);<br />
• construção da subestação e edifício <strong>de</strong> comando;<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
24<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
• transporte e montagem dos equipamentos da subestação e edifício <strong>de</strong> comando;<br />
• instalação da linha eléctrica <strong>para</strong> entrega da energia produzida pelo parque eólico na re<strong>de</strong><br />
receptora; e<br />
• recuperação paisagística das zonas intervencionadas.<br />
Exploração do aproveitamento<br />
• aluguer dos terrenos da zona do parque eólico;<br />
• presença dos aerogeradores, subestação, edifício <strong>de</strong> comando e caminhos;<br />
• presença da linha eléctrica <strong>para</strong> entrega da energia produzida pelo parque eólico na re<strong>de</strong><br />
receptora;<br />
• funcionamento dos aerogeradores;<br />
• existência <strong>de</strong> bons caminhos; e<br />
• manutenção e re<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> equipamentos.<br />
Desactivação do aproveitamento<br />
• remoção e transporte <strong>de</strong> equipamentos;<br />
• recuperação paisagística.<br />
As acções acima referidas vão gerar impactes sobre os <strong>de</strong>scritores ambientais referidos no<br />
capítulo 5, conforme <strong>de</strong>scrito e esquematizado em seguida.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
25<br />
6.2. FASE DE CONSTRUÇÃO<br />
6.2.1. Paisagem<br />
Para uma melhor percepção do que acima se referiu, apresenta-se em seguida algumas<br />
fotografias da fase <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> alguns parques eólicos.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
26<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
Fotografia 7 – Montagem <strong>de</strong> um aerogerador<br />
(parque eólico <strong>de</strong> Cabeço da Rainha – serra <strong>de</strong><br />
Alvelos).<br />
Fotografia 8 – Construção do edifício <strong>de</strong><br />
comando/subestação (parque eólico <strong>de</strong> Cabril –<br />
serra <strong>de</strong> Montemuro).<br />
Fotografia 9 – Abertura do cabouco <strong>para</strong> execução<br />
da fundação <strong>de</strong> um aerogerador (parque eólico <strong>de</strong><br />
Cabril – serra <strong>de</strong> Montemuro).<br />
Fotografia 10 – Remoção da camada <strong>de</strong> terra<br />
vegetal <strong>para</strong> posterior utilização (parque eólico <strong>de</strong><br />
Cabril – serra <strong>de</strong> Montemuro).<br />
Fotografia 11 – Execução da fundação da torre <strong>de</strong><br />
um aerogerador (parque eólico do Cabeço da<br />
Rainha – serra <strong>de</strong> Alvelos).<br />
Fotografia 12 – Aspecto geral da obra após<br />
conclusão das fundações das torres dos<br />
aerogeradores (parque eólico do Cabeço da<br />
Rainha – serra <strong>de</strong> Alvelos).<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
27<br />
6.2.2. Ecologia<br />
Os impactes sobre a flora resultantes da implantação <strong>de</strong> um projecto <strong>de</strong>sta natureza <strong>de</strong>vem-se às<br />
necessárias movimentações <strong>de</strong> terras e <strong>de</strong>smatações associadas à execução das acções indicadas<br />
no esquema anterior.<br />
Durante a fase <strong>de</strong> obra, verifica-se igualmente a afectação da vegetação da zona envolvente<br />
<strong>de</strong>vido à emissão <strong>de</strong> poeiras provocada pela movimentação geral <strong>de</strong> terras e circulação <strong>de</strong><br />
veículos afectos à obra, na maioria dos casos em acessos <strong>de</strong> terra batida.<br />
No que diz respeito à fauna, a perturbação originada durante a fase <strong>de</strong> obra faz-se sentir sobre<br />
todas as espécies utilizadoras da área <strong>de</strong> implantação do parque eólico, po<strong>de</strong>ndo consistir em<br />
esmagamento ou ferimento <strong>de</strong> vários animais (répteis, anfíbios e pequenos mamíferos) e<br />
perturbação dos locais <strong>de</strong> repouso, alimentação e reprodução <strong>de</strong> todas as espécies.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
28<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
6.2.3. Ruído<br />
Durante a fase <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um projecto <strong>de</strong>sta natureza verifica-se o incremento dos níveis<br />
sonoros contínuos e pontuais nas zonas envolventes às áreas directamente afectas às obras e<br />
estaleiro, e ao longo dos caminhos <strong>de</strong> acesso a utilizar.<br />
As activida<strong>de</strong>s indicadas no esquema anterior são responsáveis pelo aumento <strong>de</strong> ruído, uma vez<br />
que implicam a utilização <strong>de</strong> maquinaria pesada em operações <strong>de</strong> escavação, terraplenagem e<br />
betonagem, e a circulação <strong>de</strong> veículos pesados <strong>para</strong> transporte <strong>de</strong> materiais e equipamentos.<br />
Também a possível utilização <strong>de</strong> explosivos <strong>para</strong> a abertura dos caboucos <strong>para</strong> as fundações das<br />
torres dos aerogeradores, subestação, edifício <strong>de</strong> comando e caminhos contribui <strong>para</strong> o aumento<br />
dos níveis sonoros <strong>de</strong> ocorrência pontual.<br />
A magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste impacte <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em gran<strong>de</strong> parte da proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> povoações à zona do<br />
parque eólico, tendo igualmente influência não só a proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> povoações aos acessos<br />
adoptados nos percursos até ao parque eólico, como também a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tráfego já existente<br />
nessas mesmas vias <strong>de</strong> comunicação.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais gerados durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
29<br />
6.2.4. Solos<br />
Dos impactes indicados no esquema referente ao <strong>de</strong>scritor solos e sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso, importa<br />
referir que o principal impacte sobre este <strong>de</strong>scritor, durante a fase <strong>de</strong> construção, resulta<br />
fundamentalmente da ocupação das zonas <strong>de</strong> implantação das obras (fundações das torres dos<br />
aerogeradores e plataformas provisórias adjacentes, subestação, edifício <strong>de</strong> comando, valas <strong>para</strong><br />
cabos eléctricos e caminhos).<br />
Salienta-se, no entanto, que geralmente, apesar das áreas arrendadas <strong>para</strong> a instalação <strong>de</strong>ste tipo<br />
<strong>de</strong> aproveitamentos correspon<strong>de</strong>rem a áreas relativamente extensas, a área efectivamente<br />
ocupada pela instalação dos elementos <strong>de</strong>finitivos que constituem o parque eólico, correspon<strong>de</strong><br />
a uma percentagem muito reduzida da área total arrendada.<br />
De facto, a implantação <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> projectos implica a execução <strong>de</strong> obras muito localizadas,<br />
sendo que a adopção actual <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> potência unitária superior (≥ 1000 kW) permite<br />
aredução do número <strong>de</strong> aerogeradores a instalar, reduzindo a área total <strong>de</strong> solos a afectar, ainda<br />
que a área afectada por cada aerogerador (fundações) e a largura dos caminhos possa aumentar.<br />
Para além da ocupação <strong>de</strong>finitiva das zonas necessárias à implantação dos diversos elementos<br />
constituintes do parque eólico, o estaleiro, as plataformas provisórias dos aerogeradores e as<br />
eventuais zonas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> terra vegetal e materiais inertes, são áreas afectadas<br />
temporariamente pela execução da obra. Uma vez concluída a obra, as zonas mencionadas são<br />
sujeitas à necessária recuperação, envolvendo operações como <strong>de</strong>scompactação do solo e<br />
revegetação, <strong>de</strong> modo a readquirir as suas anteriores potencialida<strong>de</strong>s.<br />
Sempre que possível, a <strong>de</strong>cisão, ainda em fase <strong>de</strong> projecto, <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> caminhos já<br />
existentes na área afectada pelo parque eólico, e do traçado dos caminhos complementares a<br />
acompanhar o máximo possível as curvas <strong>de</strong> nível, <strong>de</strong> modo a que a movimentação <strong>de</strong> terras <strong>para</strong><br />
a execução das respectivas obras seja reduzida ao mínimo, contribui significativamente <strong>para</strong><br />
minorar o impacte sobre os solos.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
30<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
Durante a fase <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>verá ser interdita a exploração <strong>de</strong> materiais inertes na zona afecta<br />
ao parque eólico, <strong>de</strong> modo a evitar situações equivalentes à apresentada na Fotografia 13. Mesmo<br />
que a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> materiais seja reduzida, caso a recuperação do local <strong>de</strong><br />
exploração não seja efectuada rapidamente, a existência <strong>de</strong> um local com estas características<br />
po<strong>de</strong>rá suscitar interesse por terceiros na sua exploração <strong>para</strong> outros fins e atingir proporções<br />
alarmantes.<br />
Face ao exposto, os materiais resultantes <strong>de</strong> escavações e das diversas operações <strong>de</strong><br />
movimentação <strong>de</strong> terras <strong>de</strong>verão ser tanto quanto possível utilizados <strong>para</strong> aterros e operações <strong>de</strong><br />
terraplenagens necessários na obra (Fotografia 14). Caso se verifique a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção<br />
<strong>de</strong> maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais, estes <strong>de</strong>verão provir <strong>de</strong> outros locais legalmente autorizados.<br />
Outro impacte significativo durante a fase <strong>de</strong> construção é a exposição do solo aos fenómenos<br />
erosivos, principalmente <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> drenagem (ainda que provisórios) antes<br />
do início da época <strong>de</strong> chuvas (Fotografia 15).<br />
No que diz respeito, à afectação <strong>de</strong> usos existentes na zona do parque eólico, salienta-se que<br />
quando o parque eólico se localiza em zonas com fraca aptidão agrícola e interesse reduzido em<br />
termos florestais <strong>de</strong>vido às características do próprio solo, altitu<strong>de</strong>s e condições climatéricas<br />
locais, é possível em zonas que constituem pastagens naturais, continuar a presenciar, mesmo em<br />
plena fase <strong>de</strong> obra, a utilização da área afecta ao parque eólico <strong>para</strong> pastagem <strong>de</strong> gado.<br />
Fotografia 13 – Local <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> materiais<br />
inertes (serra das Meadas).<br />
Fotografia 15 – Erosão provocada por chuva,<br />
<strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> drenagem (ainda<br />
que provisórios) nos caminhos.<br />
Fotografia 14 – Aterro em torno da fundação da<br />
torre <strong>de</strong> um aerogerador, com materiais<br />
provenientes <strong>de</strong> escavações na obra.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
31<br />
Face ao exposto, a magnitu<strong>de</strong> da afectação <strong>de</strong> usos na zona do parque eólico varia muito com as<br />
características específicas da zona do parque eólico, sendo que nos casos em que a implantação<br />
do parque eólico se dá em zonas montanhosas, que correspon<strong>de</strong>m muitas vezes a áreas inóspitas<br />
e sem qualquer tipo <strong>de</strong> ocupação ou intervenção humana, a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste impacte é reduzida.<br />
Os restantes impactes sobre os solos, indicados no esquema anterior <strong>para</strong> a fase <strong>de</strong> construção,<br />
tais como, ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> óleos e combustíveis <strong>de</strong>correntes da utilização <strong>de</strong> máquinas<br />
e veículos afectos às obras e a rejeição <strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> resíduos sólidos (embalagens <strong>de</strong><br />
papel, plásticos, metais e vidros) responsáveis por situações <strong>de</strong> poluição pontual, são impactes<br />
<strong>de</strong> fácil controlo e directamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do comportamento do empreiteiro e respectivos<br />
trabalhadores em obra. De facto, estes impactes são evitáveis não só através da introdução <strong>de</strong><br />
normas ambientais <strong>de</strong> aplicação obrigatória nos ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> encargos das obras, mas<br />
principalmente através <strong>de</strong> fiscalização no <strong>de</strong>curso das obras por forma a garantir a aplicação das<br />
medidas minimizadoras apresentadas no respectivo EIA e posteriormente introduzidas no<br />
ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> encargos e contratos <strong>de</strong> adjudicação das obras.<br />
Na Fotografia 16 observa-se o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> resíduos sólidos resultantes das operações <strong>de</strong><br />
montagem das torres e respectivos aerogeradores na base <strong>de</strong> um contentor, <strong>para</strong> posterior<br />
transporte <strong>para</strong> local a<strong>de</strong>quado.<br />
Base do contentor<br />
Fotografia 16 – Depósito <strong>de</strong> resíduos sólidos resultantes das operações <strong>de</strong> montagem<br />
das torres e respectivos aerogeradores.<br />
Fotografia 17 – Aparência da plataforma provisória <strong>para</strong> a montagem dos aerogeradores,<br />
já terminada a sua montagem.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
32<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
6.2.5. Recursos hídricos<br />
As activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estaleiro, incluindo o uso das instalações sanitárias, as operações <strong>de</strong><br />
betonagem, pavimentação e construção civil são responsáveis pela produção <strong>de</strong> águas residuais<br />
e <strong>de</strong>rrames aci<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong> óleos e combustíveis, que ao serem rejeitadas irão contaminar os solos<br />
e consequentemente, após chuvadas, as linhas <strong>de</strong> água existentes na zona.<br />
Relativamente às operações <strong>de</strong> betonagem, é importante referir que terminada a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong><br />
betão, a <strong>de</strong>scarga das águas resultantes da lavagem das betoneiras <strong>de</strong>verá ser feita em locais<br />
indicados pelas autorida<strong>de</strong>s competentes na matéria, e nunca em linhas <strong>de</strong> água ou qualquer<br />
outro local como se observa na Fotografia 18.<br />
Durante a fase <strong>de</strong> construção tem <strong>de</strong> ser garantido que as linhas <strong>de</strong> água existentes nas áreas<br />
intervencionadas não são obstruídas, com a construção <strong>de</strong> caminhos adicionais (Fotografia 19) e<br />
<strong>de</strong>posição in<strong>de</strong>vida <strong>de</strong> materiais resultantes <strong>de</strong> escavações.<br />
As activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> limpeza da área <strong>de</strong> implantação das obras que envolvem essencialmente<br />
operações <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatação, remoção da camada superficial <strong>de</strong> solo e terraplenagens produzem<br />
sedimentos que, no caso <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> chuvadas, po<strong>de</strong>m ser arrastados <strong>para</strong> as linhas <strong>de</strong> água<br />
existentes no local, afectando a sua qualida<strong>de</strong>.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
33<br />
Fotografia 18 – Descarga <strong>de</strong> águas resultantes<br />
da lavagem <strong>de</strong> betoneiras na cabeceira <strong>de</strong> uma<br />
linha <strong>de</strong> água.<br />
Fotografia 19 – Passagem hidráulica.<br />
6.2.6. Qualida<strong>de</strong> do ar<br />
Os impactes sobre a qualida<strong>de</strong> do ar durante a fase <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>vem-se à utilização <strong>de</strong><br />
maquinaria pesada e ao aumento temporário do tráfego <strong>de</strong> veículos pesados nas vias <strong>de</strong><br />
comunicação <strong>de</strong> acesso ao parque eólico, responsáveis pela emissão <strong>de</strong> gases como monóxido <strong>de</strong><br />
carbono, dióxido <strong>de</strong> carbono, óxidos <strong>de</strong> azoto, óxidos <strong>de</strong> enxofre e partículas sólidas <strong>para</strong> a<br />
execução das acções acima indicadas (Fotografia 20).<br />
De referir também, que as operações que envolvem movimentação geral <strong>de</strong> terras são<br />
responsáveis pela libertação <strong>de</strong> poeiras (Fotografia 20).<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
34<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
Fotografia 20 – Emissão <strong>de</strong> gases e poeiras <strong>de</strong>vido aos trabalhos <strong>de</strong> movimentação <strong>de</strong> terras.<br />
6.2.7. Socioeconomia<br />
No esquema que se segue, apresentam-se as acções e os respectivos impactes na socioeconomia<br />
<strong>de</strong>correntes da fase <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um parque eólico.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
35<br />
6.2.8. Património<br />
A i<strong>de</strong>ntificação e caracterização prévia dos elementos patrimoniais ocorrentes na zona <strong>de</strong><br />
implantação do parque eólico é fundamental <strong>para</strong> a aplicação das necessárias medidas <strong>de</strong><br />
protecção ao património existente na zona, durante a fase <strong>de</strong> construção, nomeadamente através<br />
da sinalização das ocorrências mais sensíveis na proximida<strong>de</strong> das áreas <strong>de</strong> intervenção das obras,<br />
por forma a evitar qualquer dano involuntário.<br />
A <strong>de</strong>terminação da localização dos aerogeradores, do traçado dos caminhos, valas <strong>para</strong> cabos<br />
eléctricos, assim como da subestação, edifício <strong>de</strong> comando e estaleiro <strong>de</strong>ve ser condicionada <strong>de</strong><br />
modo a que o património existente seja salvaguardado.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
36<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
6.3. Fase <strong>de</strong> exploração<br />
6.3.1. Paisagem<br />
Em termos paisagísticos, os impactes <strong>de</strong> um projecto <strong>de</strong>sta natureza resultam da introdução <strong>de</strong><br />
elementos na paisagem e da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> outros elementos<br />
característicos <strong>de</strong>ssa mesma paisagem, reflectindo-se no seu carácter e qualida<strong>de</strong>.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista paisagístico os aerogeradores são elementos <strong>de</strong> apreciação subjectiva<br />
(Fotografia 21). Contudo, a magnitu<strong>de</strong> do seu impacte <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá em gran<strong>de</strong> parte, não só da<br />
capacida<strong>de</strong> que a paisagem possui <strong>para</strong> absorver os elementos resultantes da implementação<br />
<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> aproveitamentos, como também da visibilida<strong>de</strong> do parque eólico, e da frequência e<br />
número <strong>de</strong> observadores a partir <strong>de</strong> locais acessíveis na sua envolvente (aglomerados<br />
populacionais e vias <strong>de</strong> comunicação).<br />
Fotografia 21 – Parque eólico <strong>de</strong> Fonte da Mesa (serra das Meadas)<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
37<br />
No que diz respeito à integração paisagística <strong>de</strong> aerogeradores, existe um conjunto <strong>de</strong> factores<br />
<strong>para</strong> além das características específicas do local <strong>de</strong> implantação do parque eólico, <strong>de</strong>terminantes<br />
do seu impacte visual, tais como: número <strong>de</strong> aerogeradores; altura dos aerogeradores;<br />
configuração resultante da distribuição dos aerogeradores, "<strong>de</strong>sign" e cor dos próprios<br />
aerogeradores (LUBBERS, 1993).<br />
Em zonas planas, geralmente é preferível a adopção <strong>de</strong> um padrão geométrico simples, sendo<br />
também viável a opção da colocação dos aerogeradores ao longo <strong>de</strong> uma linha recta. Ocorrem<br />
por vezes situações, especialmente junto a zonas costeiras, em que a colocação dos<br />
aerogeradores a acompanhar a linha <strong>de</strong> costa po<strong>de</strong> resultar numa configuração mais favorável.<br />
Contudo, em zonas montanhosas a solução geralmente adoptada e mais viável é a colocação dos<br />
aerogeradores ao longo da linha <strong>de</strong> cumeada.<br />
Para a produção da mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia, é necessário um número inferior <strong>de</strong><br />
aerogeradores <strong>de</strong> potência unitária elevada (> 1000kW), com<strong>para</strong>tivamente à utilização <strong>de</strong><br />
aerogeradores <strong>de</strong> potência unitária mais baixa. Do ponto <strong>de</strong> vista paisagístico, os aerogeradores<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dimensão po<strong>de</strong>m ser vantajosos, não só pela redução do número <strong>de</strong> aerogeradores<br />
necessários, mas também <strong>de</strong>vido ao facto da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação das pás ser menor com<strong>para</strong>da<br />
com a <strong>de</strong> aerogeradores <strong>de</strong> pequena dimensão. Deste modo, os aerogeradores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
dimensões não atraem o olhar da mesma forma como geralmente atraem objectos com<br />
movimentos rápidos (DWTMA, data da consulta: 03-09-01).<br />
Durante os últimos 20 anos, as torres predominantemente utilizadas são do tipo estrutura <strong>de</strong> ferro<br />
em treliça ou tubulares <strong>de</strong> aço. Geralmente as torres em treliça, utilizadas principalmente em<br />
aerogeradores <strong>de</strong> potência inferior a 100 kW, são mais facilmente absorvidas pela paisagem. No<br />
entanto, <strong>para</strong> aerogeradores com capacida<strong>de</strong> superior a 100-150 kW é necessário uma estrutura<br />
em treliça mais <strong>de</strong>nsa e <strong>de</strong> maiores dimensões, resultando no mesmo impacte visual das torres<br />
tubulares (BONUS, 1999).<br />
A maior parte das torres tubulares, apresentam uma cor branca, ou cinzento claro, sendo os<br />
argumentos mais frequentes <strong>para</strong> a justificação da sua utilização, o facto <strong>de</strong> estas cores<br />
combinarem mais facilmente com a alteração constante das tonalida<strong>de</strong>s do céu, especialmente<br />
no clima temperado da Europa. As tintas aplicadas não <strong>de</strong>vem possuir brilho, <strong>de</strong> forma a evitar<br />
<strong>de</strong>masiados reflexos (EWEA, 2000).<br />
Num estudo efectuado num parque eólico on<strong>de</strong> estão instalados simultaneamente aerogeradores<br />
<strong>de</strong> duas marcas, que aplicam tintas <strong>de</strong> cores diferentes, concluiu-se que a aparência/visibilida<strong>de</strong><br />
dos aerogeradores é alterada com as condições climatéricas. A cor branca sobressai em dias com<br />
muita luminosida<strong>de</strong>, enquanto que o cinzento distingue-se mais em dias enublados (BONUS,<br />
1999).<br />
Face ao exposto, têm sido realizados alguns ensaios, por parte <strong>de</strong> diferentes construtores, <strong>para</strong><br />
<strong>de</strong>terminar a cor mais a<strong>de</strong>quada <strong>para</strong> os aerogeradores. Contudo, até ao momento, as<br />
experiências efectuadas ainda não resultaram em nenhuma mudança na cor que tem vindo a ser<br />
aplicada.<br />
Em <strong>de</strong>terminadas situações já são utilizadas torres que apresentam na sua base um gradiente <strong>de</strong><br />
tons ver<strong>de</strong>s <strong>para</strong> uma melhor camuflagem com a vegetação envolvente (Fotografia 22).<br />
Outro aspecto que importa aqui referir é a ampliação dos efeitos resultantes da exposição do solo<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
38<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
Fotografia 22 – Parque eólico em que as torres dos aerogeradores apresentam um gradiente <strong>de</strong> tons ver<strong>de</strong>s <strong>para</strong><br />
camuflagem da base da torre com a vegetação envolvente.<br />
Fotografia 23 Fotografia 24<br />
Fotografia 23 e 24 – Talu<strong>de</strong>s nos caminhos <strong>de</strong> acesso a parques eólicos – serra do Marão (esquerda) e serra do<br />
Larouco (direita).<br />
aos agentes erosivos, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> acabamentos <strong>de</strong> obra, nomeadamente a execução <strong>de</strong><br />
sistemas <strong>de</strong> drenagem a<strong>de</strong>quados e revegetação <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>s, constitui outra situação com<br />
implicações na paisagem, na medida em que os acessos constituem "rasgos" nas encostas das<br />
serras (Fotografia 23 e 24), bastante visíveis a distâncias consi<strong>de</strong>ráveis.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
39<br />
6.3.2. Ecologia<br />
Os parques eólicos não requerem durante a fase <strong>de</strong> exploração um gran<strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> pessoal<br />
nem <strong>de</strong> veículos. Logo a perturbação sobre a fauna gerada pela utilização <strong>de</strong> caminhos é reduzida<br />
(Fotografia 25), sendo mínimo o risco <strong>de</strong> atropelamento nestas vias <strong>de</strong>vido ao pouco tráfego que<br />
suportarão.<br />
No entanto, a existência <strong>de</strong> caminhos em boas condições em zonas que anteriormente à<br />
construção do parque eólico eram pouco acessíveis, po<strong>de</strong>rá constituir um impacte negativo sobre<br />
as espécies que encontram refúgio nas zonas mais inóspitas e afastadas do Homem.<br />
É expectável que a maior parte da vegetação afectada em fase <strong>de</strong> obra, encontre, durante o<br />
período <strong>de</strong> exploração, condições a<strong>de</strong>quadas à sua recuperação a médio/longo prazo,<br />
principalmente se forem adoptadas medidas mitigadoras.<br />
Em resultado da maior frequência <strong>de</strong> pessoas em <strong>de</strong>terminadas zonas que possuam um elevado<br />
valor ambiental é possível a ocorrência <strong>de</strong> pisoteio <strong>de</strong> espécies protegidas, gerando um impacte<br />
cuja magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das características específicas <strong>de</strong> cada zona.<br />
No entanto, durante a fase <strong>de</strong> exploração os principais impactes causados na fauna dizem<br />
respeito ao risco <strong>de</strong> colisão das aves e morcegos com os aerogeradores.<br />
Do <strong>de</strong>scritor indicado no esquema anterior, é <strong>de</strong> referir que as aves são aquelas que têm suscitado<br />
mais preocupações. Des<strong>de</strong> os finais dos anos setenta, que os impactes sobre a avifauna têm sido<br />
alvo <strong>de</strong> discussões acerca dos impactes negativos <strong>de</strong> parques eólicos. Durante bastante tempo,<br />
foi opinião generalizada <strong>de</strong> que os aerogeradores teriam um efeito muito negativo na avifauna,<br />
baseada em argumentos subjectivos e até por vezes emocionais. Para isso contribuiu o escasso<br />
conhecimento acerca das afectações que os aerogeradores provocam efectivamente na avifauna.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
40<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
Fotografia 25 – Garranos a atravessar o caminho <strong>de</strong> acesso principal ao parque eólico <strong>de</strong> Cabeço<br />
Fazer projecções sobre a magnitu<strong>de</strong> potencial dos impactes dos parques eólicos na avifauna é<br />
problemático <strong>de</strong>vido à relativa juventu<strong>de</strong> da indústria <strong>de</strong> energia eólica e da escassez <strong>de</strong><br />
resultados <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> longo prazo. Deste modo, a introdução <strong>de</strong>sta componente na avaliação<br />
<strong>de</strong> impacte ambiental revela-se <strong>de</strong> extrema importância <strong>para</strong> que sejam analisados os diversos<br />
factores directamente relacionados com os potenciais riscos associados à interacção entre as aves<br />
e um parque eólico, tais como:<br />
- espécies ocorrentes na zona, sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, distribuição, activida<strong>de</strong>/comportamento e<br />
corredores migratórios;<br />
- características do parque eólico instalado, nomeadamente número <strong>de</strong> aerogeradores, sua<br />
distribuição geográfica, tipo <strong>de</strong> aerogerador, entre outras;<br />
- características orográficas da zona do parque eólico; e<br />
- condições atmosféricas/meteorológicas.<br />
Os impactes resultantes da instalação <strong>de</strong> um parque eólico sobre as aves po<strong>de</strong>m ser divididos em<br />
(CLAUSEGER e NØHR, 1996):<br />
O risco <strong>de</strong> colisão <strong>de</strong> aves nos aerogeradores tem sido o impacte directo mais óbvio e até ao<br />
momento os diversos estudos têm-se concentrado especialmente neste risco e tem-se verificado<br />
um gran<strong>de</strong> esforço no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> metodologias <strong>para</strong> a análise do número <strong>de</strong> colisões<br />
(CLAUSEGER e NØHR, 1996).<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
41<br />
A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar aves mortas por colisão com aerogeradores <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários<br />
factores tais como: activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> predadores na zona, eficiência <strong>de</strong> busca do observador, tempo<br />
dispendido na busca, habitat, vegetação, época do ano e condições meteorológicas. Para uma<br />
correcta avaliação do potencial risco <strong>de</strong> colisão das aves com os aerogeradores é necessário que<br />
os estudos <strong>de</strong> monitorização <strong>de</strong>senvolvidos tenham em consi<strong>de</strong>ração este tipo <strong>de</strong> variáveis<br />
específicas <strong>para</strong> que os resultados obtidos não sejam subestimados como acontece com diversos<br />
estudos já efectuados, sendo necessário aplicar factores <strong>de</strong> correcção (CLAUSEGER e NØHR,<br />
1996).<br />
Até ao momento, po<strong>de</strong>-se concluir a partir dos resultados obtidos em diversos estudos<br />
<strong>de</strong>senvolvidos na Europa, que o risco <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aves <strong>de</strong>vido a colisões com<br />
aerogeradores é reduzido, estando frequentemente associado a condições <strong>de</strong> fraca visibilida<strong>de</strong><br />
(nevoeiros, nuvens baixas) e corredores migratórios. O risco existente não tem criado<br />
preocupações no que diz respeito à dimensão <strong>de</strong> populações, uma vez que a maioria das colisões<br />
registadas correspon<strong>de</strong>m a espécies comuns (CLAUSEGER e NØHR, 1996). As aves <strong>de</strong> rapina<br />
e os passeriformes são referências habituais entre os grupos <strong>de</strong> aves mortas por colisão com os<br />
aerogeradores.<br />
Existem estudos em que foi igualmente <strong>de</strong>tectada a colisão <strong>de</strong> morcegos com os aerogeradores,<br />
sendo influenciados pelos mesmos factores responsáveis pela colisão <strong>de</strong> aves com os<br />
aerogeradores (condições meteorológicas, abundância e activida<strong>de</strong>/comportamento da espécie,<br />
características orográficas e corredores <strong>de</strong> migração ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocação diária) (OSBORN et al.,<br />
1996).<br />
Um dos exemplos alarmantes a que muitas vezes se faz referência é a elevada mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
aves <strong>de</strong> rapina registada na Califórnia (EUA) no parque eólico <strong>de</strong> Altamont Pass. Este número<br />
elevado <strong>de</strong> colisões foi atribuído à gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> presas existentes na zona, orografia da<br />
região e elevada concentração <strong>de</strong> aerogeradores (mais <strong>de</strong> 5000) neste parque eólico. É <strong>de</strong> referir,<br />
no entanto, que existem estudos relativamente a outros parques eólicos na Califórnia que fazem<br />
referência a uma mortalida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ravelmente mais baixa, principalmente no que diz respeito<br />
a colisões <strong>de</strong> aves <strong>de</strong> rapina. Sendo que existem diversos estudos em parques eólicos situados<br />
noutros estados dos EUA on<strong>de</strong> não se registou nenhuma ocorrência <strong>de</strong> colisões <strong>de</strong> aves com<br />
aerogeradores (NWCC, 2001).<br />
O esquema que se apresenta na página seguinte (Figura 1) sintetiza os resultados <strong>de</strong> uma série<br />
<strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> monitorização <strong>de</strong>senvolvidos em diversos parques eólicos nos EUA.<br />
As conclusões <strong>de</strong> cada estudo estão necessariamente relacionadas com as características<br />
específicas <strong>de</strong> cada zona, no entanto, os resultados obtidos permitem-nos afirmar que em parques<br />
eólicos com reduzido número <strong>de</strong> aerogeradores o risco <strong>de</strong> colisão é quase nulo.<br />
Na Europa, é <strong>de</strong> salientar as preocupações originadas pela instalação <strong>de</strong> parques eólicos na<br />
região <strong>de</strong> Tarifa (Espanha), uma vez que se trata <strong>de</strong> uma zona com elevado valor ambiental tendo<br />
sido classificada como zona <strong>de</strong> protecção especial pela Directiva Aves (Directiva<br />
nº79/409/CEE), <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> um corredor migratório <strong>de</strong> um número significativo <strong>de</strong><br />
aves que fazem a travessia entre a Europa e África, através do Estreito <strong>de</strong> Gibraltar, e é um local<br />
por excelência <strong>de</strong> nidificação <strong>de</strong> um número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> espécies protegidas.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
42<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
Estado<br />
Oregão<br />
Colisões<br />
12 (0 aves <strong>de</strong> rapina)<br />
nº <strong>de</strong> aerogeradores no PE 38<br />
Data/Durabilida<strong>de</strong> do estudo 1999<br />
(ERIKSON ET AL., 2000)<br />
Estado<br />
Wisconsin<br />
Colisões<br />
21 (0 aves <strong>de</strong> rapina)<br />
nº <strong>de</strong> aerogeradores no PE 31<br />
Data/Durabilida<strong>de</strong> do estudo 1998-2000<br />
(HOWE, 2001)<br />
Estado<br />
Minesota<br />
Colisões<br />
22 (0 aves <strong>de</strong> rapina)<br />
nº <strong>de</strong> aerogeradores no PE 143<br />
Data/Durabilida<strong>de</strong> do estudo 1998-1999<br />
(JOHNSON ET AL., 2000)<br />
Estado<br />
Nova York<br />
Colisões 0<br />
nº <strong>de</strong> aerogeradores no PE 2<br />
Data/Durabilida<strong>de</strong> do estudo 1994<br />
(CURRY E KERLINGER, 2001)<br />
Estado<br />
Vermont<br />
Colisões 0<br />
nº <strong>de</strong> aerogeradores no PE 11<br />
Data/Durabilida<strong>de</strong> do estudo 1997<br />
(KERLINGER, 1997)<br />
Estado<br />
Massachusetts<br />
Colisões 0<br />
nº <strong>de</strong> aerogeradores no PE 8<br />
Data/Durabilida<strong>de</strong> do estudo 1993<br />
(CURRY E KERLINGER, 2001)<br />
Estado<br />
Pensilvânia<br />
Colisões 0<br />
nº <strong>de</strong> aerogeradores no PE 8<br />
Data/Durabilida<strong>de</strong> do estudo 2000-2001<br />
(KERLINGER, 2000)<br />
Estado<br />
Colorado<br />
Colisões<br />
9 (0 aves <strong>de</strong> rapina)<br />
nº <strong>de</strong> aerogeradores no PE 29<br />
Data/Durabilida<strong>de</strong> do estudo 1998-2000<br />
(KERLINGER ET AL., 2000)<br />
Estado<br />
Wyoming<br />
Colisões<br />
95 (5 aves <strong>de</strong> rapina)<br />
nº <strong>de</strong> aerogeradores no PE 69<br />
Data/Durabilida<strong>de</strong> do estudo 1998-1999<br />
Estado<br />
Parque Eólico Altamont Pass<br />
Califórnia<br />
San Gorgonio Tehachapi Pass<br />
Colisões 256 (117 aves <strong>de</strong> rapina) 42 (7 aves <strong>de</strong> rapina) 147 (46 aves <strong>de</strong> rapina)<br />
nº <strong>de</strong> aerogeradores no PE 5400 2700 3700<br />
Data/Durabilida<strong>de</strong> do estudo 1998-2000 1997-1998 1995-1998<br />
(THELANDER, 2000)<br />
(ANDERSON, 2000) (ANDERSON, 2000)<br />
(JOHNSON ET AL., 2001)<br />
(PE: PARQUE EÓLICO)<br />
Figura 1 – Resultados <strong>de</strong> alguns estudos sobre colisões <strong>de</strong> aves com aerogeradores realizados nos EUA (NWCC,<br />
CURRY, KERLINGER, 2001).<br />
De facto, num estudo <strong>de</strong>senvolvido em dois parques eólicos (PESUR e EEE) em Tarifa<br />
obtiveram-se resultados <strong>de</strong> colisões <strong>de</strong> aves <strong>de</strong> rapina muito superiores aos indicados <strong>para</strong> a<br />
Europa (LOWTHER, 1998). No entanto, noutros estudos efectuados na mesma região<br />
obtiveram-se resultados opostos. Num estudo realizado no parque eólico <strong>de</strong> La Peña, não foi<br />
possível provar que o parque eólico constituísse um impacte importante nas aves presentes na<br />
zona, tendo-se registado apenas duas colisões mortais, o que não é significativo face à utilização<br />
da área por um número elevado <strong>de</strong> aves (CERELOLS, MARTINEZ E FERRER, 1996).<br />
As conclusões relativamente ao sucesso reprodutor e outros tipos <strong>de</strong> perturbações nas aves<br />
(impactes indirectos) <strong>de</strong>monstram que a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> impactes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das espécies<br />
<strong>de</strong> aves em consi<strong>de</strong>ração. Existem referências a espécies nidificantes na área abrangida por<br />
parques eólicos que rapidamente se adaptaram à presença dos aerogeradores, enquanto que<br />
noutros casos verificam-se efeitos perturbadores noutras espécies que utilizam a zona<br />
temporariamente <strong>para</strong> alimentação e repouso. Os registos <strong>de</strong> grupos mais sensíveis<br />
correspon<strong>de</strong>m a aves aquáticas e gansos, sendo que tipicamente a distância <strong>de</strong> reacção à presença<br />
dos aerogeradores varia entre 250 m e 800 m (CLAUSEGER e NØHR, 1996).<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
43<br />
6.3.3. Ruído<br />
O ruído originado pelo funcionamento dos aerogeradores constitui uma componente importante<br />
na avaliação do impacte ambiental <strong>de</strong> um parque eólico, especialmente quando este se localiza<br />
na vizinhança <strong>de</strong> aglomerados populacionais.<br />
A origem do ruído emitido por um aerogerador em funcionamento resulta <strong>de</strong> duas componentes<br />
distintas:<br />
- Mecânica gerada pelo funcionamento da caixa <strong>de</strong> engrenagem e do gerador; e<br />
- Aerodinâmica gerada pelo movimento das pás do aerogerador.<br />
Componente Mecânica<br />
As máquinas construídas até ao início dos anos 80 emitem um nível <strong>de</strong> ruído significativo, numa<br />
vizinhança próxima do aerogerador. No entanto, e tendo-se consciência que o ruído po<strong>de</strong>ria ser<br />
um factor limitante à implementação <strong>de</strong> aerogeradores em zonas próximas <strong>de</strong> habitações,<br />
consi<strong>de</strong>rou-se prioritária a investigação <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aerogeradores mais<br />
silenciosos. Esta problemática foi seriamente encarada pelos construtores dinamarqueses, que<br />
efectuaram em 1995 um levantamento da situação existente e <strong>de</strong>monstraram que o ruído com<br />
origem mecânica <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> constituir actualmente uma preocupação <strong>para</strong> os construtores, uma<br />
vez que, nos últimos anos, os níveis <strong>de</strong> ruído diminuíram <strong>para</strong> meta<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido à adopção <strong>de</strong><br />
novas técnicas <strong>de</strong> engenharia na construção dos aerogeradores (DWTMA, data da consulta: 03-<br />
09-01).<br />
O ruído proveniente da componente mecânica predomina em aerogeradores com diâmetros das<br />
pás até 20 m, enquanto que em aerogeradores com diâmetros superiores já é o ruído proveniente<br />
da componente aerodinâmica que prevalece (RNL, data da consulta: 24-09-01).<br />
No mercado actual <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> aerogeradores o isolamento sonoro não é o principal<br />
objectivo. Em geral, é mais eficiente a resolução <strong>de</strong> problemas sonoros na sua origem, ou seja,<br />
na estrutura da própria máquina, evitando vibrações, através <strong>de</strong> sistemas elasticamente<br />
amortecidos nas uniões e aclopamentos dos principais componentes no interior da cabine<br />
(DWTMA, data da consulta: 03-09-01).<br />
As caixas <strong>de</strong> engrenagem utilizadas nos actuais aerogeradores já não são mo<strong>de</strong>los industriais<br />
comuns, mas adaptados especificamente <strong>para</strong> um funcionamento mais silencioso dos<br />
aerogeradores (DWTMA, data da consulta: 03-09-01).<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
44<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
Componente Aerodinâmica<br />
O ruído, com origem aerodinâmica, tem vindo a diminuir drasticamente nos últimos anos <strong>de</strong>vido<br />
ao melhoramento da configuração das pás dos aerogeradores, nomeadamente, da sua<br />
extremida<strong>de</strong> e bordo <strong>de</strong> fuga (DWTMA, data da consulta: 03-09-01).<br />
O manuseamento cauteloso das pás dos aerogeradores durante a fase <strong>de</strong> construção, também<br />
constitui um factor importante <strong>para</strong> evitar a criação <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos nas pás, que contribuem <strong>para</strong> o<br />
aumento <strong>de</strong> ruído emitido durante o seu funcionamento (DWTMA, data da consulta: 03-09-01).<br />
DECIBEIS<br />
AVIÃO<br />
%<br />
150<br />
140<br />
INDÚSTRIA<br />
INTERIOR<br />
DO CARRO<br />
HABITAÇÕES<br />
'<br />
&<br />
"<br />
130<br />
120<br />
110<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
$<br />
#<br />
) #<br />
MARTELO<br />
PNEUMÁTICO<br />
APARELHAGEM<br />
STER<strong>EO</strong><br />
ESCRITÓRIO<br />
QUARTO<br />
QUEDA DE<br />
FOLHAS<br />
*+<br />
,<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
("<br />
AEROGERADOR<br />
SUSSURRAR<br />
Figura 2 – Com<strong>para</strong>ção dos níveis sonoros emitidos por um aerogerador (a uma distância <strong>de</strong> 250 m) com outras<br />
fontes <strong>de</strong> ruído (AWEA, data da consulta: 19-09-01).<br />
Para uma melhor percepção do ruído que os aerogeradores mais recentes produzem, apresentase<br />
um esquema (Figura 2) sobre o seu enquadramento relativamente aos diversos ruídos do nosso<br />
quotidiano.<br />
Por análise à Figura 2 constata-se que actualmente os níveis sonoros dos aerogeradores da<br />
maioria dos construtores a uma distância <strong>de</strong> 250 m são valores inferiores a 50 dB (A) (AWEA,<br />
data da consulta: 19-09-01).<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
45<br />
6.3.4. Solos<br />
Não é expectável a ocorrência <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> impacte sobre o solo durante a fase <strong>de</strong><br />
exploração, uma vez que as operações <strong>de</strong> exploração e manutenção restringem-se às áreas<br />
ocupadas pelos acessos, subestação, edifício <strong>de</strong> comando e áreas restritas <strong>de</strong> localização dos<br />
aerogeradores, não sendo necessário a afectação <strong>de</strong> mais nenhum local <strong>de</strong>ntro da área abrangida<br />
pelo parque eólico.<br />
Salienta-se, no entanto, que a conclusão acima apresentada pressupõe a aplicação e execução <strong>de</strong><br />
todas as medidas <strong>de</strong> minimização indicadas no EIA <strong>de</strong> forma correcta, garantindo que os<br />
possíveis impactes nos solos na fase <strong>de</strong> construção não sejam ampliados na fase posterior <strong>de</strong><br />
exploração.<br />
Importa referir que relativamente à afectação <strong>de</strong> usos existentes anteriormente à presença do<br />
parque eólico, existem diversos exemplos que <strong>de</strong>monstram a compatibilida<strong>de</strong> entre a presença e<br />
funcionamento <strong>de</strong> um parque eólico com outro tipo <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s. As Fotografias 26 a 30<br />
ilustram como a ocupação inicial da área afecta ao parque eólico mantém-se tanto numa zona<br />
agrícola, como numa zona <strong>de</strong> pastagem <strong>de</strong> gado.<br />
Fotografia 26 - Parque eólico instalado numa zona agrícola<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
46<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
Fotografia 27 – Aerogerador instalado junto a<br />
um parque recreativo.<br />
Fotografia 28 – Utilização <strong>de</strong> uma área <strong>para</strong> pastagem <strong>de</strong><br />
gado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um parque eólico.<br />
Fotografia 29 – Utilização <strong>de</strong> uma área <strong>para</strong> pastagem <strong>de</strong> gado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> parques eólicos.<br />
Fotografia 30 – Parque eólico instalado numa zona agrícola.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
47<br />
6.3.5. Recursos hídricos e qualida<strong>de</strong> do ar<br />
Caso se verifique a aplicação correcta <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> minimização, as acções <strong>de</strong>correntes da<br />
exploração <strong>de</strong> um parque eólico não afectarão nem a qualida<strong>de</strong> do ar, nem a qualida<strong>de</strong> da água.<br />
Contudo, as operações <strong>de</strong> manutenção e re<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> equipamentos po<strong>de</strong>rão resultar num<br />
impacte negativo sobre os recursos hídricos caso não se verifique um correcto manuseamento e<br />
a<strong>de</strong>quado encaminhamento <strong>de</strong> óleos e outros produtos afins <strong>para</strong> os operadores <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong><br />
resíduos.<br />
6.3.6. Socioeconomia<br />
Os impactes positivos sobre a socioeconomia que advêm da exploração <strong>de</strong> um parque eólico são<br />
apresentados no esquema que se segue:<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
48<br />
Impactes Ambientais Gerados Durante a Construção e Funcionamento <strong>de</strong> Parques Eólicos<br />
Fotografia 31 – Visita didáctica/turística a um aproveitamento eólico.<br />
6.3.7. Património<br />
No esquema que se segue apresentam-se os impactes sobre o património ocorrentes na fase <strong>de</strong><br />
exploração <strong>de</strong> um parque eólico:<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Medidas <strong>de</strong> Minimização e <strong>de</strong> Valorização dos Impactes Ambientais<br />
49<br />
7. MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO E DE VALORIZAÇÃO DOS<br />
IMPACTES AMBIENTAIS<br />
Para a compatibilização da construção e exploração <strong>de</strong> um parque eólico com o ambiente, é<br />
necessário um acompanhamento ambiental rigoroso, <strong>de</strong> forma a garantir a implementação <strong>de</strong><br />
medidas <strong>de</strong> minimização e <strong>de</strong> valorização dos impactes ambientais que visam reduzir e/ou<br />
valorizar a sua magnitu<strong>de</strong> e intensida<strong>de</strong>.<br />
Nesse sentido, é imprescindível a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> medidas e especificações <strong>de</strong><br />
protecção ambiental a integrar nos ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> encargos das obras a executar, <strong>de</strong>vendo estas ser<br />
rigorosamente cumpridas pelos empreiteiros, nomeadamente:<br />
• <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma planta <strong>de</strong> condicionantes;<br />
• <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> especificações técnicas <strong>para</strong> orientação dos responsáveis pela<br />
elaboração dos projectos das várias especialida<strong>de</strong>s;<br />
• <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> normas/procedimentos que o empreiteiro terá que cumprir<br />
durante a execução da obra; e<br />
• <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> normas/procedimentos que o dono da obra terá que cumprir<br />
após a entrada em funcionamento do aproveitamento.<br />
7.1. MEDIDAS A CONSIDERAR NA FASE DE PROJECTO<br />
As normas/especificações, em seguida discriminadas, <strong>de</strong>verão ser consi<strong>de</strong>radas na concepção<br />
dos projectos:<br />
• instalação do menor número possível <strong>de</strong> aerogeradores <strong>para</strong> uma dada potência total<br />
pretendida, na medida em que quanto maior a potência unitária dos aerogeradores, menor<br />
é o número <strong>de</strong> aerogeradores necessários;<br />
• localização das torres dos aerogeradores, da subestação e edifício <strong>de</strong> comando, caminhos<br />
a executar/beneficiar e das valas <strong>para</strong> cabos eléctricos <strong>de</strong> interligação entre os<br />
aerogeradores e a subestação condicionada pela existência <strong>de</strong> zonas sensíveis do ponto <strong>de</strong><br />
vista ecológico e arqueológico/arquitectónico. A <strong>de</strong>terminação da localização dos<br />
aerogeradores <strong>de</strong>verá contemplar, entre vários aspectos a disponibilida<strong>de</strong> das condições<br />
técnicas necessárias <strong>para</strong> a instalação provisória da plataforma <strong>para</strong> montagem dos<br />
aerogeradores, nomeadamente a área necessária <strong>para</strong> as gruas e espaço livre <strong>para</strong> a<br />
montagem das pás ainda junto ao terreno, condições estas que variam necessariamente<br />
com as dimensões dos aerogeradores a instalar;<br />
• o traçado dos caminhos a construir <strong>de</strong>verá ser sujeito à aprovação das entida<strong>de</strong>s<br />
competentes na matéria, contemplando os seguintes aspectos:<br />
• redução ao mínimo tecnicamente viável, dando preferência à utilização <strong>de</strong> caminhos já<br />
existentes;<br />
• acompanhamento das curvas <strong>de</strong> nível, sempre que possível, <strong>de</strong> modo a que a<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
50<br />
Medidas <strong>de</strong> Minimização e <strong>de</strong> Valorização dos Impactes Ambientais<br />
movimentação <strong>de</strong> terras <strong>para</strong> a execução das obras seja reduzida ao mínimo; e<br />
• evitar o atravessamento <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> água;<br />
• os cabos eléctricos <strong>de</strong> ligação entre os diversos aerogeradores e a subestação <strong>de</strong>verão ser<br />
instalados em vala, preferencialmente com <strong>de</strong>senvolvimento ao longo dos caminhos;<br />
• o troço da linha eléctrica <strong>de</strong> ligação à re<strong>de</strong> receptora que se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong>ntro da zona do<br />
parque eólico em local <strong>de</strong> maior visibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser instalado em vala; e<br />
• o edifício <strong>de</strong> comando e subestação <strong>de</strong>verão ser sujeitos a projecto <strong>de</strong> arquitectura e a<br />
<strong>de</strong>terminação da sua localização <strong>de</strong>verá ser pon<strong>de</strong>rada tendo em vista a sua melhor<br />
integração paisagística, através <strong>de</strong> um reconhecimento local. Medidas como a implantação<br />
do edifício semi-enterrado, com a maior profundida<strong>de</strong> compatível com a topografia,<br />
apenas <strong>de</strong> um piso e revestimento a<strong>de</strong>quado, contribuem <strong>para</strong> a sua integração<br />
paisagística.<br />
7.2. MEDIDAS A CONSIDERAR NA FASE DE CONSTRUÇÃO<br />
Com o objectivo <strong>de</strong> minimizar os impactes negativos que possam ocorrer na zona <strong>de</strong> implantação<br />
do parque eólico, durante a execução das obras, apresenta-se em seguida um conjunto <strong>de</strong> normas<br />
que o empreiteiro <strong>de</strong>verá cumprir. Tal como já referido no ponto anterior, as normas em seguida<br />
discriminadas, <strong>de</strong>verão constar nos ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> encargos das várias obras que integram o<br />
empreendimento.<br />
7.2.1. Medidas mitigadoras <strong>de</strong> carácter geral<br />
• Programação das obras <strong>para</strong> que a fase <strong>de</strong> limpeza e movimentação geral <strong>de</strong> terras <strong>para</strong><br />
a execução das obras, on<strong>de</strong> se verificam acções que envolvem a exposição do solo a nu<br />
(<strong>de</strong>smatação, limpeza <strong>de</strong> resíduos e <strong>de</strong>capagem <strong>de</strong> terra vegetal) ocorra preferencialmente<br />
no período seco. A programação das obras <strong>de</strong> modo a não coincidir com a época <strong>de</strong> chuvas<br />
permite evitar, com razoável eficiência, os riscos <strong>de</strong> erosão, transporte <strong>de</strong> sólidos e<br />
sedimentação. Caso contrário, <strong>de</strong>verá o empreiteiro adoptar as necessárias providências<br />
<strong>para</strong> o controle dos caudais nas zonas <strong>de</strong> obras, com vista à diminuição da sua capacida<strong>de</strong><br />
erosiva. Para o efeito, <strong>de</strong>verá consi<strong>de</strong>rar a construção <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> drenagem<br />
envolvente às zonas <strong>de</strong> obra, incluindo ou não revestimento das respectivas valas e a<br />
construção <strong>de</strong> bacias <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> sedimentos (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos <strong>de</strong>clives e caudais em<br />
jogo);<br />
• Informação aos trabalhadores e encarregados das possíveis consequências <strong>de</strong> uma<br />
atitu<strong>de</strong> negligente em relação às medidas mitigadoras, <strong>de</strong>vendo receber instruções sobre<br />
os procedimentos ambientalmente a<strong>de</strong>quados a ter em obra (sensibilização ambiental);<br />
• Implantação do estaleiro <strong>de</strong>ntro da zona <strong>de</strong>stinada à construção do parque eólico, mas<br />
fora das zonas condicionadas ou não aconselhadas, <strong>de</strong>finidas numa planta <strong>de</strong><br />
condicionantes. Antes <strong>de</strong> se proce<strong>de</strong>r à sua instalação, terá que ser apresentado às<br />
entida<strong>de</strong>s competentes na matéria uma planta com indicação do local exacto da sua<br />
localização e só após parecer favorável por parte <strong>de</strong>stas entida<strong>de</strong>s, se po<strong>de</strong>rá proce<strong>de</strong>r à<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Medidas <strong>de</strong> Minimização e <strong>de</strong> Valorização dos Impactes Ambientais<br />
51<br />
sua montagem e balizamento;<br />
• Limitar às áreas estritamente necessárias <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> acções, tais como,<br />
<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> coberto vegetal, movimentação <strong>de</strong> terras, circulação e parqueamento <strong>de</strong><br />
máquinas e veículos, através do balizamento das zonas sujeitas a este tipo <strong>de</strong> intervenções;<br />
Fotografia 32 Fotografia 33<br />
Fotografia 34<br />
Fotografia 32, 33 e 34 – Balizamento das zonas sujeitas a intervenções<br />
• Antes <strong>de</strong> se proce<strong>de</strong>r à abertura dos acessos, estes <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>vidamente assinalados<br />
no terreno. Posteriormente, após reconhecimento no local por parte <strong>de</strong> técnicos das<br />
entida<strong>de</strong>s competentes na matéria e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estas entida<strong>de</strong>s terem dado o parecer<br />
favorável sobre os mesmos e <strong>de</strong> ter-se procedido, caso necessário, aos ajustamentos<br />
<strong>de</strong>correntes das observações efectuadas, as zonas <strong>de</strong> intervenção <strong>para</strong> abertura dos acessos<br />
<strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>vidamente balizadas com uma margem a<strong>de</strong>quada <strong>para</strong> cada lado ficando os<br />
percursos <strong>de</strong> veículos e máquinas limitados a essas zonas;<br />
• Criação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> drenagem nas zonas <strong>de</strong> obra incluindo ou não revestimento<br />
das respectivas valas e construção <strong>de</strong> bacias <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> sedimentos (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos<br />
<strong>de</strong>clives e caudais em jogo);<br />
• Garantia <strong>de</strong> uma fiscalização eficiente durante a fase <strong>de</strong> movimentação <strong>de</strong> terras,<br />
nomeadamente <strong>para</strong> a execução <strong>de</strong> caminhos, fundações das torres dos aerogeradores e<br />
plataformas provisórias <strong>para</strong> montagem dos aerogeradores, no sentido <strong>de</strong> serem cumpridas<br />
com rigor as especificações impostas no projecto;<br />
• Não proce<strong>de</strong>r à exploração <strong>de</strong> inertes existentes no local <strong>de</strong> implantação do parque<br />
eólico. Exceptua-se o material sobrante das escavações necessárias à execução da obra;<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
52<br />
Medidas <strong>de</strong> Minimização e <strong>de</strong> Valorização dos Impactes Ambientais<br />
Fotografia 35 – Piquetagem <strong>de</strong> um caminho a abrir.<br />
Fotografia 36 – Balizamento da zona <strong>de</strong>stinada à<br />
abertura <strong>de</strong> um caminho.<br />
• Depósito temporário <strong>de</strong> materiais inertes provenientes <strong>de</strong> locais legalmente autorizados,<br />
necessários <strong>para</strong> os diversos aterros na obra em zonas a<strong>de</strong>quadas, a indicar pelas<br />
autorida<strong>de</strong>s competentes na matéria, e <strong>de</strong>vidamente balizadas <strong>para</strong> garantir que a área<br />
afectada se restringe à área pre<strong>de</strong>finida, e não é ampliada <strong>de</strong> acordo com conveniências<br />
pontuais;<br />
• O solo removido dos locais <strong>de</strong> escavação não po<strong>de</strong>rá ser misturado com o entulho<br />
produzido;<br />
• Remoção e <strong>de</strong>posição temporária <strong>de</strong> entulhos e dos restantes resíduos resultantes <strong>de</strong><br />
escavações, em locais a<strong>de</strong>quados, a indicar pelas autorida<strong>de</strong>s competentes. Os produtos<br />
sobrantes da escavação <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>positados/removidos <strong>de</strong> acordo com as seguintes<br />
indicações:<br />
- terra vegetal proveniente da <strong>de</strong>capagem dos solos – manter em zona plana a<br />
indicar pelas entida<strong>de</strong>s competentes na matéria, <strong>para</strong> posterior utilização na<br />
recuperação paisagística das zonas afectadas;<br />
Fotografia 37 – Depósito temporário <strong>de</strong> materiais inertes <strong>de</strong>vidamente balizado.<br />
- escombreiras generalizadas (materiais inertes) – colocada na plataforma adjacente<br />
ao aerogerador ou em locais planos, afastados <strong>de</strong> zonas sensíveis, <strong>para</strong> posterior<br />
utilização, em aterros diversos. O exce<strong>de</strong>nte será transportado <strong>para</strong> local a <strong>de</strong>finir<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Medidas <strong>de</strong> Minimização e <strong>de</strong> Valorização dos Impactes Ambientais<br />
53<br />
pelas entida<strong>de</strong>s competentes na matéria, fora da zona a intervencionar, e proce<strong>de</strong>r<br />
no final da obra à recuperação <strong>de</strong>sse local tendo em atenção as características do<br />
mesmo;<br />
• Depósito temporário <strong>de</strong> todo o tipo <strong>de</strong> resíduos resultantes das diversas obras <strong>de</strong><br />
construção (embalagens plásticas e metálicas, armações, cofragens, entre outros) em<br />
locais e condições a<strong>de</strong>quadas a indicar pelas entida<strong>de</strong>s competentes na matéria, <strong>para</strong><br />
posterior transporte <strong>para</strong> local <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito autorizado, nomeadamente encaminhamento<br />
<strong>para</strong> os operadores <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> resíduos indicados pelo Instituto <strong>de</strong> Resíduos – Ministério<br />
do Ambiente e Or<strong>de</strong>namento do Território;<br />
Fotografia 38 – Depósito temporário <strong>de</strong> terra vegetal <strong>para</strong> posterior utilização na recuperação <strong>de</strong> zonas afectadas.<br />
• Os resíduos vegetais não po<strong>de</strong>rão ser enterrados ou <strong>de</strong>positados próximo <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong><br />
água, em zonas on<strong>de</strong> possam vir a provocar a <strong>de</strong>gradação da qualida<strong>de</strong> da água. Po<strong>de</strong>rão<br />
ser aproveitados na fertilização dos solos por compostagem;<br />
• Acondicionamento e armazenamento em locais a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> substâncias poluentes<br />
como tintas, óleos, combustíveis, cimentos e outros produtos agressivos <strong>para</strong> o ambiente,<br />
<strong>de</strong> modo a evitar <strong>de</strong>rrames, especialmente nas zonas próximo das linhas <strong>de</strong> água. Caso,<br />
aci<strong>de</strong>ntalmente, ocorra algum <strong>de</strong>rrame, <strong>de</strong>ve o empreiteiro provi<strong>de</strong>nciar a remoção dos<br />
solos afectados <strong>para</strong> locais a<strong>de</strong>quados a indicar pelas entida<strong>de</strong>s competentes na matéria,<br />
on<strong>de</strong> não causem danos ambientais adicionais;<br />
• Proteger os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos e <strong>de</strong> materiais finos da acção dos ventos e das chuvas<br />
e, eventualmente, utilização <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> aspersão <strong>de</strong> água sobre as vias não<br />
pavimentadas e sobre todas as áreas significativas do solo que fiquem a <strong>de</strong>scoberto,<br />
especialmente em dias secos e ventosos;<br />
• Descarga das águas resultantes da limpeza das betoneiras em locais a indicar pelas<br />
entida<strong>de</strong>s competentes na matéria, e nunca em locais próximos <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> água.<br />
Depen<strong>de</strong>ndo do local em consi<strong>de</strong>ração, po<strong>de</strong>rá ser indicado a abertura <strong>de</strong> uma bacia <strong>de</strong><br />
retenção, <strong>de</strong> preferência num local <strong>de</strong> passagem obrigatória <strong>para</strong> todas as betoneiras. A<br />
bacia <strong>de</strong> retenção po<strong>de</strong>rá ter uma camada <strong>de</strong> brita, que ao fim <strong>de</strong> algumas lavagens po<strong>de</strong>rá<br />
ser removida e utilizada <strong>para</strong> a execução <strong>de</strong> aterros, proce<strong>de</strong>ndo-se <strong>de</strong> imediato à sua<br />
reposição <strong>de</strong>ntro da bacia <strong>de</strong> retenção;<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
54<br />
Medidas <strong>de</strong> Minimização e <strong>de</strong> Valorização dos Impactes Ambientais<br />
Fotografia 39 – Bacia <strong>de</strong> retenção das águas resultantes da lavagem das betoneiras.<br />
• Não utilizar gruas <strong>de</strong> lagartas na montagem dos aerogeradores. Este tipo <strong>de</strong><br />
equipamentos danifica gravemente as zonas que atravessam;<br />
• Utilização <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> protecção nos tubos <strong>de</strong> escape das viaturas em obra, <strong>de</strong> modo a<br />
que se evite a emissão <strong>de</strong> fagulhas e, consequentemente, se reduza o risco <strong>de</strong> incêndios;<br />
• Insonorização e isolamento a<strong>de</strong>quado das principais fontes <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> ruídos<br />
(equipamentos electromecânicos). Revisões periódicas aos veículos e à maquinaria <strong>de</strong><br />
forma a verificar as suas condições <strong>de</strong> funcionamento e, consequentemente, evitar que os<br />
seus níveis <strong>de</strong> potência sonora admissíveis sejam violados;<br />
• Sinalização dos vértices do Parque Eólico e do aerogerador com a cota absoluta mais<br />
elevada, após a instalação dos aerogeradores;<br />
• Utilização <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra local, quer na fase <strong>de</strong> construção do aproveitamento, quer na<br />
fase <strong>de</strong> exploração, reforçará o impacte positivo previsto;<br />
• Revestimento do edifício <strong>de</strong> comando com material a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> modo a permitir a sua<br />
integração paisagística. Este revestimento <strong>de</strong>verá ser efectuado a nível da cobertura e das<br />
pare<strong>de</strong>s.<br />
7.2.2. Medidas relativas a acabamentos da obra<br />
• Após conclusão dos trabalhos <strong>de</strong> construção, todos os locais do estaleiro e zonas <strong>de</strong><br />
trabalho <strong>de</strong>verão ser meticulosamente limpos <strong>de</strong>vido à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permanência <strong>de</strong><br />
materiais (óleos, resinas, etc.) que, mesmo em baixas concentrações, po<strong>de</strong>m comprometer,<br />
a longo prazo, a qualida<strong>de</strong> da água das linhas <strong>de</strong> água existentes na zona;<br />
• Re<strong>para</strong>ção do pavimento danificado nas estradas utilizadas nos percursos <strong>de</strong> acesso ao<br />
parque eólico pela circulação <strong>de</strong> veículos pesados durante a construção;<br />
• Proce<strong>de</strong>r à recuperação das zonas intervencionadas (reconstituição do coberto herbáceo,<br />
arbustivo ou arbóreo, estabilização <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>s, etc.) logo que os trabalhos, em particular<br />
os próximos <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> água e nas zonas <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>clive, estejam concluídos. Aqui<br />
também se incluem os acabamentos próprios da zona do estaleiro e das plataformas das<br />
diversas obras. Nas zonas a recuperar <strong>de</strong>ver-se-á proce<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>scompactação do solo e<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Medidas <strong>de</strong> Minimização e <strong>de</strong> Valorização dos Impactes Ambientais<br />
55<br />
recuperação do coberto vegetal. Deverá ser dada preferência ao uso <strong>de</strong> espécies<br />
autóctones, bem adaptadas às condições edafo-climáticas da região, por forma a evitar a<br />
aplicação <strong>de</strong> fertilizantes e fitofármacos, <strong>de</strong>vendo ainda ser feita a selecção das espécies<br />
em função das características ecológicas e aten<strong>de</strong>ndo às comunida<strong>de</strong>s vegetais<br />
envolventes. Estas espécies <strong>de</strong>verão, após a recuperação, constituir espaços naturais<br />
subarbustivos e herbáceos abertos, <strong>de</strong> forma a não interferir com o funcionamento do<br />
parque eólico. Irão diminuir os efeitos <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> poeiras no local e melhorar a<br />
área <strong>de</strong> intervenção em termos paisagísticos e ecológicos;<br />
Fotografia 40 – Recuperação <strong>de</strong> zona adjacente a um caminho <strong>de</strong> acesso ao parque eólico <strong>de</strong> Cabril com terra<br />
vegetal <strong>para</strong> posterior plantação/hidrosementeira com espécies autóctones.<br />
• Naturalização dos troços <strong>de</strong> caminhos existentes que por razões técnicas tenham sido<br />
sujeitos a <strong>de</strong>svios pontuais. Para isso, os troços <strong>de</strong> caminho que <strong>de</strong>vido à execução do<br />
referido <strong>de</strong>svio não serão utilizados, <strong>de</strong>verão ser cobertos com terra vegetal e proce<strong>de</strong>r-se<br />
à plantação/hidrosementeira <strong>de</strong> espécies autóctones, tendo em atenção as características<br />
do cenário actual, procurando estabelecer uma continuida<strong>de</strong> visual na paisagem;<br />
• Naturalização dos talu<strong>de</strong>s dos caminhos <strong>de</strong> acesso que se <strong>de</strong>senvolvem em aterro através<br />
da sua cobertura com terra vegetal e posterior plantação/hidrosementeira com espécies<br />
autóctones;<br />
• Naturalização das bermas dos caminhos <strong>de</strong> acesso <strong>de</strong>finitivos <strong>para</strong> a exploração do<br />
parque eólico, caso estes venham a ser alargados provisoriamente na fase <strong>de</strong> construção,<br />
<strong>de</strong>vido à movimentação da grua <strong>para</strong> a instalação dos aerogeradores;<br />
• Naturalização das valas <strong>para</strong> instalação dos cabos eléctricos <strong>de</strong> ligação entre os<br />
aerogeradores e a subestação, através da sua cobertura com terra vegetal e posterior<br />
plantação com espécies autóctones, quando em alguma situação esporádica estas, por<br />
questões técnicas não se <strong>de</strong>senvolverem ao longo dos caminhos.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
56<br />
Medidas <strong>de</strong> Minimização e <strong>de</strong> Valorização dos Impactes Ambientais<br />
7.2.3. Protecção <strong>de</strong> zonas especialmente sensíveis<br />
• Assinalar e vedar todos os elementos e áreas i<strong>de</strong>ntificadas nos estudos ambientais que<br />
exigem estatuto <strong>de</strong> protecção antes do início das obras. Todos os elementos<br />
patrimoniais/arqueológicos e naturais existentes na zona do parque eólico e sua<br />
envolvente próxima <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>vidamente assinalados <strong>de</strong> forma a serem preservados<br />
durante a execução das obras.<br />
7.3. MEDIDAS A CONSIDERAR NA FASE DE EXPLORAÇÃO<br />
• Acompanhamento da recuperação ambiental durante o primeiro ano <strong>de</strong> funcionamento<br />
do parque, tendo o empreiteiro que proce<strong>de</strong>r à recuperação do revestimento vegetal mal<br />
sucedido;<br />
• Encaminhamento dos diversos tipos <strong>de</strong> resíduos resultantes das operações <strong>de</strong><br />
manutenção e re<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> equipamentos <strong>para</strong> os operadores <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> resíduos<br />
indicados pelo Instituto <strong>de</strong> Resíduos – Ministério do Ambiente e do Or<strong>de</strong>namento do<br />
Território;<br />
• Limpeza e sinalização dos elementos patrimoniais i<strong>de</strong>ntificados na zona do parque<br />
eólico, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do valor <strong>de</strong>sses mesmos elementos, na perspectiva da sua integração<br />
num percurso <strong>de</strong> visitas turísticas e didácticas, <strong>de</strong> acordo com indicações das entida<strong>de</strong>s<br />
competentes na matéria;<br />
• Salvaguardar zonas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> elevada sensibilida<strong>de</strong> ecológica <strong>de</strong> uma circulação<br />
indiscriminada <strong>de</strong> veículos, através da instalação <strong>de</strong> barreiras (tipo vedações rústicas, entre<br />
outros) junto às áreas que se aproximam <strong>de</strong> zonas críticas do ponto <strong>de</strong> vista ecológico. A<br />
implementação <strong>de</strong> uma medida <strong>de</strong>sta natureza, <strong>de</strong>verá ser pon<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> forma equilibrada,<br />
no sentido <strong>de</strong> fornecer um grau aceitável <strong>de</strong> protecção, mas sem impedir ou restringir o<br />
acesso ao público e especialmente a circulação <strong>de</strong> animais.<br />
7.4. DESACTIVAÇÃO DO PARQUE EÓLICO<br />
• Remoção integral dos diversos tipos <strong>de</strong> infra-estruturas instalados no parque eólico, pelo<br />
dono da obra, no prazo <strong>de</strong> um ano;<br />
• Recuperação paisagística imediata das zonas afectadas.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Medidas <strong>de</strong> Minimização e <strong>de</strong> Valorização dos Impactes Ambientais<br />
57<br />
8. PLANOS DE MONITORIZAÇÃO<br />
De acordo com o novo regime jurídico <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Impacte Ambiental (AIA), disposto no<br />
Decreto-Lei nº 69/2000, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> Maio, o EIA, <strong>de</strong>ve incluir, um programa <strong>de</strong> monitorização do<br />
ambiente. Esta monitorização consiste num processo <strong>de</strong> observação e recolha sistemática <strong>de</strong><br />
dados sobre o estado do ambiente ou sobre os efeitos ambientais do projecto, e a respectiva<br />
<strong>de</strong>scrição periódica <strong>de</strong>sses efeitos através <strong>de</strong> relatórios da responsabilida<strong>de</strong> do proponente, com<br />
o objectivo <strong>de</strong> permitir a avaliação da eficácia das medidas previstas no procedimento <strong>de</strong> AIA<br />
<strong>para</strong> evitar, minimizar ou compensar os impactes ambientais significativos <strong>de</strong>correntes do<br />
projecto.<br />
O relatório <strong>de</strong> monitorização <strong>de</strong>verá apresentar uma estrutura <strong>de</strong> acordo com a legislação em<br />
vigor, nomeadamente a estrutura constante no Anexo V da Portaria nº 330/2001, <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> Abril.<br />
De facto, há domínios on<strong>de</strong> a aquisição <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> um modo sistemático e controlado,<br />
através <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> monitorização específicas, assume especial importância num controlo<br />
permanente que <strong>de</strong>verá ser mantido no âmbito <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> vigilância ambiental com vista à<br />
i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> potenciais impactes <strong>de</strong>correntes da fase <strong>de</strong> exploração, no sentido <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r à<br />
implementação <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quadas medidas minimizadoras <strong>de</strong> forma progressiva e ajustada à<br />
realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acordo com a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses impactes.<br />
A obtenção <strong>de</strong> conhecimentos no âmbito <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> vigilância ambiental <strong>de</strong> aproveitamentos<br />
<strong>de</strong>ste tipo, po<strong>de</strong> ainda contribuir <strong>para</strong> a adopção <strong>de</strong> técnicas e metodologias <strong>de</strong> análise <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>scritores ambientais mais ajustados.<br />
Nos casos relativos aos impactes <strong>de</strong> um parque eólico sobre a avifauna, na fase <strong>de</strong> exploração, a<br />
respectiva avaliação tem sido efectuada <strong>de</strong>pois dos parques eólicos estarem construídos,<br />
incidindo principalmente na questão da perturbação e da mortalida<strong>de</strong> directa causada pela<br />
colisão das aves com os aerogeradores. No entanto, os planos <strong>de</strong> monitorização <strong>de</strong>verão não só<br />
avaliar o comportamento isolado <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada espécie mas abranger os vários habitats<br />
presentes na zona.<br />
A avaliação dos impactes <strong>de</strong>correntes da instalação <strong>de</strong> um parque eólico pressupõe a execução<br />
<strong>de</strong> estudos que <strong>de</strong>verão <strong>de</strong>correr em três fases distintas: antes da construção (análise da situação<br />
<strong>de</strong> referência), na fase <strong>de</strong> construção e na fase <strong>de</strong> exploração do parque eólico. Desta forma,<br />
po<strong>de</strong>rá contribuir-se, a médio, longo prazo, <strong>para</strong> a i<strong>de</strong>ntificação da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adopção <strong>de</strong><br />
medidas <strong>de</strong> gestão mais ajustadas a este tipo <strong>de</strong> empreendimentos.<br />
Para além do objectivo principal do programa <strong>de</strong> monitorização que é a avaliação dos impactes<br />
e eficácia das medidas <strong>de</strong> minimização, há a consi<strong>de</strong>rar o gran<strong>de</strong> contributo que estes estudos<br />
po<strong>de</strong>m dar a médio/longo prazo <strong>para</strong> a consolidação da informação ambiental relativa a projectos<br />
<strong>de</strong>ste tipo a nível nacional, permitindo que em futuros projectos a implementar, em zonas com<br />
características similares, haja um conhecimento mais aprofundado dos potenciais impactes<br />
<strong>de</strong>correntes da construção e exploração <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> aproveitamentos.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Análise Ambiental Relativa às Obras <strong>de</strong> Alguns Parques Eólicos Construídos em Portugal<br />
59<br />
9. ANÁLISE AMBIENTAL RELATIVA ÀS OBRAS DE ALGUNS<br />
PARQUES EÓLICOS CONSTRUÍDOS EM PORTUGAL<br />
Em resultado <strong>de</strong> várias visitas efectuadas a alguns parques eólicos construídos em Portugal,<br />
constatou-se que existe uma gran<strong>de</strong> discrepância entre a concepção e os acabamentos das obras<br />
dos vários parques, incluindo-se aqui os próprios edifícios <strong>de</strong> comando e subestação.<br />
A título ilustrativo do que se acabou <strong>de</strong> referir, apresenta-se em seguida um conjunto <strong>de</strong><br />
fotografias <strong>de</strong> edifícios <strong>de</strong> comando e subestação <strong>de</strong> cinco parques eólicos diferentes.<br />
EDIFÍCIOS DE COMANDO E SUBESTAÇÃO<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
60<br />
Análise Ambiental Relativa às Obras <strong>de</strong> Alguns Parques Eólicos Construídos em Portugal<br />
Conforme se po<strong>de</strong> constatar, a integração paisagística dos vários edifícios é bastante distinta, não<br />
só pelo tipo <strong>de</strong> acabamentos, mas também pela sua localização e volumetria.<br />
No que diz respeito aos acabamentos dos caminhos <strong>de</strong> acesso verifica-se também uma gran<strong>de</strong><br />
disparida<strong>de</strong>, quer ao nível do sistema <strong>de</strong> drenagem, quer ao nível do próprio pavimento e<br />
acabamentos <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>s.<br />
Importa referir que em Portugal, <strong>de</strong> um modo geral, nas zonas on<strong>de</strong> estão construídos parques<br />
eólicos a precipitação ocorre com gran<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, sendo muito importante a existência <strong>de</strong> um<br />
bom sistema <strong>de</strong> drenagem.<br />
Tal como na situação acima referida sobre as diferentes subestações, as fotografias seguintes<br />
ilustram o que se acabou <strong>de</strong> referir.<br />
No caso da Fotografia 41 verifica-se que a vala longitudinal <strong>de</strong> drenagem, apesar <strong>de</strong> possuir uma<br />
secção gran<strong>de</strong>, não é suficiente <strong>para</strong> o escoamento dos caudais em jogo. O seu transbordamento,<br />
em resultado da secção ser insuficiente e apresentar fortes irregularida<strong>de</strong>s, provoca a <strong>de</strong>gradação<br />
do pavimento do caminho.<br />
Fotografia 41 – Caminho <strong>de</strong> acesso ao parque eólico <strong>de</strong> Pena Suar (serra do Marão).<br />
Fotografia 42 – Caminho no parque eólico <strong>de</strong> Fonte da Mesa (serra das Meadas).<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Análise Ambiental Relativa às Obras <strong>de</strong> Alguns Parques Eólicos Construídos em Portugal<br />
61<br />
Na Fotografia 42 apresenta-se um caminho com valetas <strong>de</strong> drenagem pavimentadas.<br />
O caminho que se observa na Fotografia 41, bem como o sistema <strong>de</strong> drenagem a ele associado,<br />
apesar <strong>de</strong> apresentar um aspecto mais naturalizado, <strong>de</strong>grada-se mais facilmente, necessitando<br />
mesmo <strong>de</strong> intervenções após a época das chuvas<br />
Ainda relativamente à drenagem apresenta-se em seguida duas fotografias <strong>de</strong> aquedutos, que<br />
apesar <strong>de</strong> terem as mesmas funções, apresentam características construtivas diferentes. O<br />
aqueduto que se apresenta na Fotografia 43 encontra-se mais bem enquadrado na paisagem.<br />
Trata-se <strong>de</strong> uma obra mais discreta, que após naturalização do talu<strong>de</strong> quase não se vê. No<br />
entanto, a falta <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> dos talu<strong>de</strong>s junto à manilha <strong>de</strong> betão po<strong>de</strong>rá provocar o<br />
assoreamento da linha <strong>de</strong> água e o consequente entupimento do aqueduto.<br />
No caso da obra que se apresenta na Fotografia 44, a protecção da boca do aqueduto está<br />
assegurada pelos muros adjacentes. Apesar <strong>de</strong> ser uma obra <strong>de</strong> maior envergadura, após o<br />
crescimento <strong>de</strong> vegetação nos talu<strong>de</strong>s que estão cobertos com terra vegetal, esta ficará<br />
<strong>de</strong>vidamente enquadrada na paisagem.<br />
Fotografia 43 – Talu<strong>de</strong> do caminho <strong>de</strong> acesso principal ao parque eólico <strong>de</strong> Cabeço Alto.<br />
Fotografia 44 – Aqueduto no caminho <strong>de</strong> acesso principal ao parque eólico <strong>de</strong> Cabril.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
62<br />
Análise Ambiental Relativa às Obras <strong>de</strong> Alguns Parques Eólicos Construídos em Portugal<br />
Apresenta-se também em seguida um exemplo <strong>de</strong> caminhos <strong>de</strong> um parque eólico que está<br />
concluído há cerca <strong>de</strong> um ano. As fotografias ilustram bem a falta <strong>de</strong> acabamentos das obras,<br />
incluindo-se aqui os talu<strong>de</strong>s das plataformas dos aerogeradores. De referir também a <strong>de</strong>struição<br />
localizada <strong>de</strong> algumas zonas adjacentes ao caminho <strong>de</strong> on<strong>de</strong> foram retirados materiais <strong>de</strong><br />
empréstimo e sobre as quais não houve qualquer intervenção <strong>para</strong> a sua recuperação paisagística<br />
(Fotografia 45, 46 e 47).<br />
O que acima se referiu <strong>de</strong>monstra a necessida<strong>de</strong> da implementação <strong>de</strong> medidas ambientais logo<br />
na fase inicial <strong>de</strong> concepção do projecto, e da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um acompanhamento ambiental das<br />
obras.<br />
De acordo com o <strong>de</strong>spacho do Ministério do Ambiente e do Or<strong>de</strong>namento do Território (MAOT)<br />
nº 12 006, <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2001 (2ª Série), quer nos casos em que se torna obrigatória a<br />
realização <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> impacte ambiental, quer naqueles casos abrangidos pelo n.º 2 do<br />
<strong>de</strong>spacho nº 11 091, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2001 (MAOT), no que se refere à informação a reunir <strong>para</strong><br />
efeitos da emissão do parecer da Direcção Regional <strong>de</strong> Ambiente e Or<strong>de</strong>namento do Território<br />
(DRAOT) territorialmente competente, é obrigatória a produção <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong><br />
acompanhamento ambiental da obra. Neste programa <strong>de</strong>verão constar as medidas mitigadoras<br />
<strong>de</strong>correntes dos estudos ambientais efectuados.<br />
Na Declaração <strong>de</strong> Impacte Ambiental ou no parecer obrigatório da DRAOT <strong>de</strong>verá constar<br />
expressamente a obrigatorieda<strong>de</strong> da introdução <strong>de</strong>ste programa nos ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> encargos e nos<br />
contratos <strong>de</strong> adjudicação das respectivas obras que venham a ser produzidos pelo proponente<br />
<strong>para</strong> efeitos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um parque eólico.<br />
Fotografia 45<br />
Fotografia 46<br />
Fotografia 47<br />
Fotografia 45, 46 e 47 – Caminhos <strong>de</strong> acesso ao parque eólico <strong>de</strong> Cabeço Alto (serra do Larouco).<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
Análise Ambiental Relativa às Obras <strong>de</strong> Alguns Parques Eólicos Construídos em Portugal<br />
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Assim, <strong>para</strong> além da monitorização que será feita pelo proponente, é fundamental que durante a<br />
execução das obras haja um acompanhamento ambiental com o objectivo <strong>de</strong> garantir que as<br />
medidas mitigadoras indicadas no EIA estão a ser cumpridas.<br />
Este acompanhamento <strong>de</strong>verá ser realizado com uma periodicida<strong>de</strong> em função das diferentes<br />
fases das obras. Consi<strong>de</strong>ra-se que na fase inicial, bem como na fase final, as <strong>de</strong>slocações à obra<br />
<strong>para</strong> fiscalização <strong>de</strong>verão ser feitas com maior frequência. Numa fase preliminar é fundamental<br />
que se <strong>de</strong>senvolva um intenso trabalho <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> acompanhamento dos construtores na<br />
escolha do local <strong>de</strong> instalação do estaleiro, do local exacto dos aerogeradores, e da posição das<br />
plataformas <strong>para</strong> a sua montagem. Após esta fase e no acompanhamento dos trabalhos seguintes<br />
é fundamental que se verifique se as medidas relacionadas com a movimentação geral <strong>de</strong> terras<br />
e com a <strong>de</strong>smatação estão a ser cumpridas. Salienta-se que <strong>de</strong>verá ser dada especial atenção à<br />
<strong>de</strong>smatação, quer no que diz respeito ao arranque da vegetação propriamente dito (restringindose<br />
apenas às áreas estritamente necessárias), quer no que diz respeito ao <strong>de</strong>stino final a dar à<br />
vegetação arrancada.<br />
Deverá, igualmente, ser verificado se o entulho resultante da execução das obras é colocado em<br />
local a<strong>de</strong>quado (zonas que não afectem património e valores naturais, e ainda zonas afastadas <strong>de</strong><br />
linhas <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> preferência com <strong>de</strong>clive suave), assim como, se a terra vegetal está a ser<br />
se<strong>para</strong>da e <strong>de</strong>vidamente acondicionada, <strong>para</strong> posterior utilização na recuperação paisagística dos<br />
talu<strong>de</strong>s.<br />
Na fase final o trabalho <strong>de</strong> assessoria ambiental à obra também se acentua pelo necessário<br />
acompanhamento do <strong>de</strong>smonte das plataformas provisórias e recuperação final <strong>de</strong> todas as obras,<br />
incluindo-se aqui também os acabamentos dos vários caminhos. O acompanhamento <strong>de</strong>verá ser<br />
feito no sentido <strong>de</strong> verificar se os talu<strong>de</strong>s e quaisquer "feridas" provocadas na paisagem estão a<br />
ser <strong>de</strong>vidamente recuperados, e se a zona afectada pelas obras fica totalmente limpa.<br />
De referir por último que o programa <strong>de</strong> acompanhamento ambiental das obras <strong>de</strong>verá ser<br />
encarado como um complemento do programa <strong>de</strong> monitorização a implementar, não o<br />
substituindo <strong>de</strong> forma alguma, <strong>de</strong>vendo mesmo estes <strong>de</strong>correrem em simultâneo durante a<br />
execução das obras.<br />
O programa <strong>de</strong> acompanhamento ambiental tem por objectivo garantir o cumprimento das<br />
medidas constantes no estudo <strong>de</strong> impacte ambiental. Por outro lado, o programa <strong>de</strong><br />
monitorização ambiental a implementar na fase <strong>de</strong> obras, tem por objectivo verificar os efeitos<br />
gerados nos <strong>de</strong>scritores ambientais afectados pelas acções <strong>de</strong>correntes das várias intervenções<br />
<strong>para</strong> execução das obras.<br />
A <strong>ENERGIA</strong> EÓLICA E O <strong>AMBIENTE</strong>
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