pdf - Laboratório de Ecologia do Ictioplâncton - Furg

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178 3.3.3. Espinheis O equipamento de pesca denominado espinhel, conhecido também como “long-line”, consiste basicamente em uma linha principal (linha mestra), na qual são enganchadas linhas secundárias a intervalos constantes, que possuem anzóis iscados nas suas extremidades. Os espinheis podem ser fixos ou de deriva, horizontais ou verticais, e são utilizados para capturar peixes pelágicos ou demersais (Fig. 12). O espinhel tem sido usado desde o século IXX em pesca comercial. Este aparelho de pesca não causa impactos negativos no ambiente físico e é relativamente seletivo, em função da isca e tamanho de anzol que são utilizados. No entanto, na pesca com espinhel são capturadas muitas espécies que não são o alvo da pescaria, pelo qual esta modalidade pesqueira causa grande polêmica na atualidade pela incidência de aves, tartarugas e mamíferos nas capturas. Figura 12. Tipos básicos de espinheis (Fonte: fao.org). No espinhel de tipo vertical a linha principal possui em uma das suas extremidades um flutuador com um sinalizador, que pode ser uma bandeira ou um pisca, e na outra extremidade um peso, que faz a função de manter a linha principal verticalmente esticada. Este tipo de espinhel é usado na pesca de pequenos peixes de recife, como pargos e garoupas (Fig. 12). O espinhel horizontal de deriva é o mais usado na atualidade na pesca oceânica, e destina-se à captura de atuns, espadartes e tubarões principalmente (Fig. 12). É composto de linha principal de mono ou polifilamento, cujo comprimento pode variar desde umas centenas de metros até 80 ou 100 quilômetros. A quantidade de anzóis colocados varia em relação à capacidade do barco e ao comprimento da linha mestra, podendo ser de umas centenas até 3000 ou mais anzóis. A distância entre os anzóis é

179 geralmente de aproximadamente 50 metros. O tamanho de anzol e a isca variam também dependendo da espécie alvo e da frota. No inicio das atividades de pesca com espinhel de superfície no Brasil, entre as décadas de 1960 e 1980, o espinhel utilizado era o do tipo japonês, desenvolvido para a captura de atuns. Caracterizava-se por sua linha principal de polifilamento e pelo sistema de rolos em que era recolhido, armazenado e lançado. Na atualidade o espinhel de superfície de uso comum no Brasil é o do tipo americano, que consta de uma linha principal de monofilamento de poliamida, com 4 mm de diâmetro e que pode variar entre 80 e 200 km de comprimento. O espinhel é suspenso por bóias, cujos cabos de poliamida com 3 mm de diâmetro possuem entre 10 e 20 m de comprimento. Um número variado de linhas secundárias é disposto entre cada duas bóias, o que constitui a unidade básica do espinhel, o samburá. As linhas secundárias são conectadas à linha principal por meio de presilhas de aço a intervalos constantes e com velocidade de navegação de sete nós durante o lançamento, com o qual ficam distanciadas a intervalos aproximados de 52 m na linha principal. As linhas secundárias, também de poliamida, possuem 1,8 mm de diâmetro e de 10 a 20 m de comprimento, são equipadas com ponteiras adicionais compostas por destorcedor de 20 g, linha de poliamida de 1,8 mm de diâmetro e 2,5 m de comprimento, e anzol tipo J No. 9/0. Quando é desejada a captura de tubarões, nas extremidades das linhas secundárias são colocadas linhas de aço, de 1,5 mm de diâmetro e 0,5 m de comprimento, conhecidas com o termo “estropo”, às quais são presos os anzóis iscados. Estes “estropos” de aço evitam que os tubarões escapem, pois no caso das linhas de náilon, estes animais podem facilmente cortar a linha com os dentes. Quando o objetivo é captura de peixes próximos à superfície, a linha mestre é lançada com a mesma velocidade de navegação (13 km/h), para obter pequena curvatura catenária da linha mestre entre flutuadores. Quando o objetivo é capturar peixes a maiores profundidades, além de modificar os comprimentos de cabos-de-bóia e linhas secundárias, e do número de anzóis nos samburás, alguns barcos utilizam um dispositivo conhecido como “line-setter”, o qual permite lançar a linha secundária a uma velocidade maior do que a de navegação, com o qual a curvatura catenária entre duas bóias adjacentes é acentuada. Entretanto, em pesca experimental no talude continental do sul do Brasil, com espinhel de monofilamento, cabos de bóia de 16 m de comprimento, linhas secundárias de 10 m de comprimento e samburás com seis anzóis, Vooren et al. (1999) observaram no N/Oc. Atlântico Sul que o espinhel lançado com velocidade igual àquela do barco não permanecia esticado durante o período de imersão, mas se deformava irregularmente, de tal maneira que os anzóis centrais do

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3.3.3. Espinheis<br />

O equipamento <strong>de</strong> pesca <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> espinhel, conheci<strong>do</strong> também como “long-line”,<br />

consiste basicamente em uma linha principal (linha mestra), na qual são enganchadas<br />

linhas secundárias a intervalos constantes, que possuem anzóis isca<strong>do</strong>s nas suas<br />

extremida<strong>de</strong>s. Os espinheis po<strong>de</strong>m ser fixos ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva, horizontais ou verticais, e<br />

são utiliza<strong>do</strong>s para capturar peixes pelágicos ou <strong>de</strong>mersais (Fig. 12). O espinhel tem<br />

si<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século IXX em pesca comercial. Este aparelho <strong>de</strong> pesca não<br />

causa impactos negativos no ambiente físico e é relativamente seletivo, em função da<br />

isca e tamanho <strong>de</strong> anzol que são utiliza<strong>do</strong>s. No entanto, na pesca com espinhel são<br />

capturadas muitas espécies que não são o alvo da pescaria, pelo qual esta<br />

modalida<strong>de</strong> pesqueira causa gran<strong>de</strong> polêmica na atualida<strong>de</strong> pela incidência <strong>de</strong> aves,<br />

tartarugas e mamíferos nas capturas.<br />

Figura 12. Tipos básicos <strong>de</strong> espinheis (Fonte: fao.org).<br />

No espinhel <strong>de</strong> tipo vertical a linha principal possui em uma das suas extremida<strong>de</strong>s um<br />

flutua<strong>do</strong>r com um sinaliza<strong>do</strong>r, que po<strong>de</strong> ser uma ban<strong>de</strong>ira ou um pisca, e na outra<br />

extremida<strong>de</strong> um peso, que faz a função <strong>de</strong> manter a linha principal verticalmente<br />

esticada. Este tipo <strong>de</strong> espinhel é usa<strong>do</strong> na pesca <strong>de</strong> pequenos peixes <strong>de</strong> recife, como<br />

pargos e garoupas (Fig. 12).<br />

O espinhel horizontal <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva é o mais usa<strong>do</strong> na atualida<strong>de</strong> na pesca oceânica, e<br />

<strong>de</strong>stina-se à captura <strong>de</strong> atuns, espadartes e tubarões principalmente (Fig. 12). É<br />

composto <strong>de</strong> linha principal <strong>de</strong> mono ou polifilamento, cujo comprimento po<strong>de</strong> variar<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> umas centenas <strong>de</strong> metros até 80 ou 100 quilômetros. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> anzóis<br />

coloca<strong>do</strong>s varia em relação à capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> barco e ao comprimento da linha mestra,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser <strong>de</strong> umas centenas até 3000 ou mais anzóis. A distância entre os anzóis é

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