pdf - Laboratório de Ecologia do Ictioplâncton - Furg

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148 Entre os organismos sedentários é comum o movimento de reptação. Os equinodermos, cuja maioria das espécies é composta por organismos sedentários, reptam utilizando pés ambulacrais, as estrelas e os ofiuros utilizam também a flexão dos braços. Os gastrópodes (Fig. 1E) movimentam-se, principalmente, através de ondas de contração muscular que percorrem o pé. Ex: Acmaea, Thais. Poliquetas da fam. Nereididae reptam através de movimentos ondulatórios do corpo efetuando a contração dos metâmeros e movimentação dos parapódios. Espécies de Platelminteos e Nemertineos ondulam o corpo sobre secreções mucosas (Fig. 1F). Alguns organismos sedentários realizam movimentos semelhantes à natação, como os poliquetas da família Nereididae durante o fenômeno da epitoquia. Nestes a locomoção ocorre através da movimentação do corpo, parapódios e cerdas. Entre os crustáceos, cujas extremidades articuladas permitem caminhar ou saltar, em regiões estuarinas são comuns entre os sedentários espécies de isópodos, anfípodos e tanaidáceos. Grande Mobilidade Entre os organismos de grande mobilidade (vágeis) a distribuição numa ampla escala (a partir de centenas de metros), além da efetuada pelas larvas, passa a ser feita também pelos adultos. Estes organismos podem realizar migrações tróficas e reprodutivas. Os crustáceos decápodos representam o grupo com o maior número do macrozoobentos de grande mobilidade (Fig. 1G, 1H). Os caranguejos como os Majidae, com patas longas e fortes são espécies marchadoras, capazes de realizar deslocamentos por longas distâncias. Os caranguejos Portunidae realizam movimento natatório próximo ao fundo, auxiliados pelo último par de apêndices toráxicos e pela hidrodinâmica do corpo. Os camarões Penaeidae e Caridae nadam com grande eficiência utilizando o movimento dos pleópodos, que são auxiliados pelos pereiópodos. Existem espécies capazes de realizar rápidos deslocamentos como os caranguejos corredores, Ocypode spp. (fam. Ocypodidae, Fig. 1H) que possuem um exoesqueleto leve, as patas longas e olhos grandes com visão bem desenvolvida. Observa-se que mesmo as formas com maior mobilidade não prescindem da proteção do substrato, obtida através de esconderijos ou pela escavação. Caranguejos de marismas (Neohelice granulata (Fig. 1G), Uca uruguayensis) e de mangues (Cardisoma guanhumi, Ucides cordatus, Aratus pisoni), apesar de passarem grandes períodos do dia em suas tocas não são considerados formas infaunais.

149 2.2.2. Infauna Cavadores Após o assentamento os organismos cavadores passam sua vida quase que, exclusivamente, no interior do sedimento, construindo tubos, tocas ou galerias. A vida no interior do substrato favorece os cavadores pelo tamponamento do estresse físico - químico do meio ambiente e pela proteção contra os predadores. A movimentação de apêndices como o pé em bivalvos, a probóscide em poliquetas e as patas em crustáceos são fundamentais para a escavação ao aumentar a fluidez do substrato. Para cavadores como poliquetas e bivalvos a concentração de fluídos da hemocele, na probóscide ou no pé, permite a ancoragem dos animais no substrato, possibilitando que o corpo seja “puxado” para o interior do sedimento durante a escavação. Ocorrem cavadores num grande número de famílias de bivalvos, poliquetas e em vários outros grupos de invertebrados bentônicos. Os poliquetas cavadores da fam. Nephtyidae, Glyceridae e Arenicolidae cavam utilizando a faringe e contrações do corpo. A faringe incha como um balão e ancora o animal, então o corpo é puxado. O mesmo ocorre em Echiuridos e Priapulidos. Os bivalvos utilizam o pé para escavar e através da dilatação da base do pé no interior do sedimento ocorre a ancoragem no substrato, a partir das qual os músculos contratores puxam o corpo do bivalvo. Os anfípodos Corophium e Bathyporeiapus cavam superficialmente o substrato utilizando suas patas articuladas. Cavadores superficiais como Emerita e Donax (Fig. 2A, 2B) e cavadores profundos como Mesodesma, realizam migrações mareais aproveitando a dinâmica de praias arenosas. Em ambientes protegidos como enseadas ou baías costeiras o bivalvo Tagelus plebeius, que escava profundamente no substrato (mais de 50 cm de prof.) em fundos dominados por sedimentos finos, possui o manto “selado” para evitar a entrada de lama no interior do corpo. Construtores de tubos São considerados construtores de tubos (“tube builders”) os organismos cujos tubos sobressaem na superfície do sedimento (Fig. 2C, 2D). Ex. poliquetas Diopatra, Eunice, Clymenella. Diferenciam-se dos cavadores pela função ecológica de seus tubos que, em densas concentrações, alteram a circulação da água, modificam a sedimentação aumentando a deposição de finos, criam microhábitats em volta dos tubos para onde são atraídas bactérias e integrantes da meiofauna, além de comedores de depósito e predadores pertencentes a macrofauna.

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2.2.2. Infauna<br />

Cava<strong>do</strong>res<br />

Após o assentamento os organismos cava<strong>do</strong>res passam sua vida quase que,<br />

exclusivamente, no interior <strong>do</strong> sedimento, construin<strong>do</strong> tubos, tocas ou galerias. A vida<br />

no interior <strong>do</strong> substrato favorece os cava<strong>do</strong>res pelo tamponamento <strong>do</strong> estresse físico -<br />

químico <strong>do</strong> meio ambiente e pela proteção contra os preda<strong>do</strong>res. A movimentação <strong>de</strong><br />

apêndices como o pé em bivalvos, a probósci<strong>de</strong> em poliquetas e as patas em<br />

crustáceos são fundamentais para a escavação ao aumentar a flui<strong>de</strong>z <strong>do</strong> substrato.<br />

Para cava<strong>do</strong>res como poliquetas e bivalvos a concentração <strong>de</strong> fluí<strong>do</strong>s da hemocele,<br />

na probósci<strong>de</strong> ou no pé, permite a ancoragem <strong>do</strong>s animais no substrato, possibilitan<strong>do</strong><br />

que o corpo seja “puxa<strong>do</strong>” para o interior <strong>do</strong> sedimento durante a escavação.<br />

Ocorrem cava<strong>do</strong>res num gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> bivalvos, poliquetas e em<br />

vários outros grupos <strong>de</strong> invertebra<strong>do</strong>s bentônicos. Os poliquetas cava<strong>do</strong>res da fam.<br />

Nephtyidae, Glyceridae e Arenicolidae cavam utilizan<strong>do</strong> a faringe e contrações <strong>do</strong><br />

corpo. A faringe incha como um balão e ancora o animal, então o corpo é puxa<strong>do</strong>. O<br />

mesmo ocorre em Echiuri<strong>do</strong>s e Priapuli<strong>do</strong>s.<br />

Os bivalvos utilizam o pé para escavar e através da dilatação da base <strong>do</strong> pé no interior<br />

<strong>do</strong> sedimento ocorre a ancoragem no substrato, a partir das qual os músculos<br />

contratores puxam o corpo <strong>do</strong> bivalvo. Os anfípo<strong>do</strong>s Corophium e Bathyporeiapus<br />

cavam superficialmente o substrato utilizan<strong>do</strong> suas patas articuladas.<br />

Cava<strong>do</strong>res superficiais como Emerita e Donax (Fig. 2A, 2B) e cava<strong>do</strong>res profun<strong>do</strong>s<br />

como Meso<strong>de</strong>sma, realizam migrações mareais aproveitan<strong>do</strong> a dinâmica <strong>de</strong> praias<br />

arenosas. Em ambientes protegi<strong>do</strong>s como enseadas ou baías costeiras o bivalvo<br />

Tagelus plebeius, que escava profundamente no substrato (mais <strong>de</strong> 50 cm <strong>de</strong> prof.)<br />

em fun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s por sedimentos finos, possui o manto “sela<strong>do</strong>” para evitar a<br />

entrada <strong>de</strong> lama no interior <strong>do</strong> corpo.<br />

Construtores <strong>de</strong> tubos<br />

São consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s construtores <strong>de</strong> tubos (“tube buil<strong>de</strong>rs”) os organismos cujos tubos<br />

sobressaem na superfície <strong>do</strong> sedimento (Fig. 2C, 2D). Ex. poliquetas Diopatra, Eunice,<br />

Clymenella. Diferenciam-se <strong>do</strong>s cava<strong>do</strong>res pela função ecológica <strong>de</strong> seus tubos que,<br />

em <strong>de</strong>nsas concentrações, alteram a circulação da água, modificam a sedimentação<br />

aumentan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> finos, criam microhábitats em volta <strong>do</strong>s tubos para on<strong>de</strong><br />

são atraídas bactérias e integrantes da meiofauna, além <strong>de</strong> come<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito e<br />

preda<strong>do</strong>res pertencentes a macrofauna.

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