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pdf - Laboratório de Ecologia do Ictioplâncton - Furg

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Um cruzeiro científico caracteriza-se por ser multi e interdisciplinar, abrangen<strong>do</strong><br />

levantamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s nos quatro ramos da Oceanografia: a Biológica, a Física, a<br />

Química e a Geológica em que são utiliza<strong>do</strong>s equipamentos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aqueles<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s mais simples como um termômetro aos mais sofistica<strong>do</strong>s como CTDs e<br />

eco-sondas para prospecção pesqueira e geológica.<br />

Este manual foi elabora<strong>do</strong> para dar a educa<strong>do</strong>res, pesquisa<strong>do</strong>res, técnicos e alunos<br />

das áreas ligadas aos estu<strong>do</strong>s oceanográficos uma visão <strong>do</strong>s equipamentos, sua<br />

função, seu funcionamento e os cuida<strong>do</strong>s em sua manutenção antes, durante e <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> embarques à bor<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma embarcação <strong>de</strong> pesquisa.<br />

Danilo Calazans (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r)


i<br />

SUMÁRIO<br />

I. O ensino <strong>de</strong> Graduação em Oceanografia no Brasil.......................................... 1<br />

II. Embarques Científicos em Oceanografia<br />

1. Introdução.............................................................................................................. 4<br />

2. Planejan<strong>do</strong> um cruzeiro oceanográfico.................................................................. 5<br />

2.1. Consi<strong>de</strong>rações básicas....................................................................................... 5<br />

2.2. Escolhen<strong>do</strong> a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> estações a cobertura espacial......................................... 7<br />

2.3. Escolhen<strong>do</strong> os instrumentos............................................................................... 9<br />

2.4. As operações <strong>de</strong> convés e sua logística............................................................. 9<br />

2.5. O registro das informações................................................................................. 11<br />

2.6. Acondicionamento e estocagem........................................................................ 11<br />

2.7. Resulta<strong>do</strong>s preliminares e relatórios.................................................................. 11<br />

3. Consi<strong>de</strong>rações finais.............................................................................................. 12<br />

III. Oceanografia Química<br />

1. Introdução.............................................................................................................. 13<br />

2. Cuida<strong>do</strong>s na preparação para coletas em oceanográfia química........................... 14<br />

2.1. Anteriomente a saída.......................................................................................... 14<br />

2.2. Descontaminação <strong>do</strong>s frascos............................................................................ 14<br />

3. Cuida<strong>do</strong>s na coleta................................................................................................ 15<br />

3.1. Preservação das amostras.................................................................................. 15<br />

4. Temperatura........................................................................................................... 16<br />

4.1. Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> coleta................................................................................................ 17<br />

4.1.1. Termômetro comum........................................................................................ 17<br />

4.1.2. Equipamentos digitais...................................................................................... 17<br />

4.1.3. CTD.................................................................................................................. 17<br />

5. Salinida<strong>de</strong>............................................................................................................... 17<br />

5.1. Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta.............................................................................................. 18<br />

5.1.1. Refratômetro...................................................................................................... 18<br />

5.1.2. Equipamentos digitais...................................................................................... 19<br />

5.1.3. Cuida<strong>do</strong>s na obtenção <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s............................................................. 20<br />

6. pH........................................................................................................................... 20<br />

6.1. Determinação <strong>do</strong> pH........................................................................................... 20<br />

6.2. Material necessário............................................................................................. 21<br />

6.3. Calibração <strong>do</strong> aparelho medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> pH............................................................... 21<br />

6.4. Coleta e medida <strong>do</strong> pH........................................................................................ 22<br />

6.5. Interferências na análise..................................................................................... 22<br />

7. Turbi<strong>de</strong>z................................................................................................................. 23<br />

7.1. Determinação da turbi<strong>de</strong>z................................................................................... 23<br />

7.2. Interferentes........................................................................................................ 24<br />

7.3. Material necessário............................................................................................. 24


ii<br />

7.4. Análise................................................................................................................ 24<br />

7.4.1. Turbi<strong>de</strong>z menor que 40 unida<strong>de</strong>s..................................................................... 24<br />

7.4.2. Turbi<strong>de</strong>z maior que 40 unida<strong>de</strong>s...................................................................... 25<br />

7.5. Procedimentos.................................................................................................... 25<br />

8. Transparência da água.......................................................................................... 25<br />

8.1. Disco <strong>de</strong> Secchi................................................................................................... 26<br />

8.1.1. Coeficiente <strong>de</strong> atenuação vertical.................................................................... 26<br />

8.1.2. Vantagens........................................................................................................ 27<br />

8.1.3. Medição da transparência da água.................................................................. 27<br />

8.1.4. Cuida<strong>do</strong>............................................................................................................ 27<br />

9. Oxigênio dissolvi<strong>do</strong>................................................................................................ 28<br />

9.1. Determinação <strong>do</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong>................................................................. 28<br />

9.1.1. Méto<strong>do</strong> químico............................................................................................... 28<br />

9.1.2. Equipamentos digitais...................................................................................... 30<br />

9.1.3. Cuida<strong>do</strong>s na obtenção <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s............................................................. 31<br />

10. DBO....................................................................................................................... 31<br />

10.1. Procedimento...................................................................................................... 32<br />

10.1.1. Cálculo para amostra sem diluição................................................................. 33<br />

10.1.2. Procedimento com amostras que necessitam <strong>de</strong> diluição.............................. 33<br />

10.1.3. Cálculo para amostra com diluição................................................................ 34<br />

11. Material particula<strong>do</strong> em suspensão...................................................................... 35<br />

11.1. Equipamentos e materiais necessários............................................................. 35<br />

11.2. Limpeza e pesagem <strong>do</strong>s filtros.......................................................................... 36<br />

11.3. Teste em branco............................................................................................... 36<br />

11.4. Filtragem das amostras..................................................................................... 36<br />

11.5. Lavagem <strong>do</strong> filtro............................................................................................... 37<br />

11.6. Teste para <strong>de</strong>terminar presença <strong>de</strong> cloretos..................................................... 37<br />

11.6.1 Teste positivo.................................................................................................. 37<br />

11.6.2 Teste negativo................................................................................................. 38<br />

11.7. Remoção <strong>do</strong> filtro.............................................................................................. 38<br />

12. Nutrientes inorgânicos: nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal, fosfato e silicato..... 38<br />

13. Referências bibliográficas.................................................................................... 39<br />

IV. Hidroacústica<br />

1. Introdução à teoria acústica básica........................................................................ 41<br />

2. Ecossonda científica Simrad Ek500....................................................................... 47<br />

2.1. Estrutura <strong>de</strong> menus............................................................................................ 48<br />

2.1.1. Operation menu……………………………………………………………………… 48<br />

2.1.2. Display menu………………………………………………………………………… 48<br />

2.1.3. Printer menu……………………………………………………………….…………. 49<br />

2.1.4. Transciever menu……………………………………………………….…………... 50<br />

2.1.5. Bottom <strong>de</strong>tection menu……………………………………………………………... 50<br />

2.1.6. Log menu……………………………………………………………………………... 50


iii<br />

2.1.7. Layer menu…………………………………………………………………………… 51<br />

2.1.8. TS <strong>de</strong>tection menu………………………………………………………………….. 51<br />

2.1.9. Ethernet communication menu……………………………………………………. 51<br />

2.1.10. Serial communication menu……………………………………………………… 53<br />

2.1.11. Annotation menu…………………………………………………………………… 54<br />

2.1.12. Navigation menu…………………………………………………………………… 54<br />

2.1.13. Sound velocity menu……………………………………………………………… 54<br />

2.1.14. Motion sensor menu………………………………………………………………. 55<br />

2.1.15. Utility menu…………………………………………………………………………. 55<br />

2.1.16. Test menu…………………………………………………………………………… 55<br />

3. Operation menu………………………………………………………………………….. 56<br />

3.1. Ping mo<strong>de</strong>………………………………………………………………………………. 56<br />

3.2. Ping interval…………………………………………………………………………….. 56<br />

4. Display menu……………………………………………………………………………... 56<br />

4.1. Echogram speed……………………………………………………………………….. 56<br />

4.2. Echogram……………………………………………………………………………….. 56<br />

4.3. Echogram #.……………………………………………………………………………. 56<br />

5. Printer Menu……………………………………………………………………………… 58<br />

5.1. Printer…………………………………………………………………………………… 58<br />

6. Transceiver menu………………………………………………………………………... 59<br />

6.1. Transceiver……………………………………………………………………………... 59<br />

7. Bottom <strong>de</strong>tection menu…………………………………………………………………. 60<br />

8. Log menu…………………………………………………………………………………. 60<br />

9. Layer menu……………………………………………………………………………….. 61<br />

10. TS <strong>de</strong>tection menu……………………………………………………………………... 62<br />

11. Ethernet communication menu……………………………………………………….. 62<br />

12. Serial communication menu………………………………………............................ 63<br />

13. Portas <strong>de</strong> comunicação......................................................................................... 63<br />

13.1. Porta serial (RS232 – ASCII)............................................................................. 64<br />

13.1.1. Telegramas asincrônicos (PR, PE, CS, GL, ST)............................................. 64<br />

13.1.2. Telegrama <strong>de</strong> pulso (Ping-based)................................................................... 65<br />

13.1.3. Telegrama <strong>de</strong> log (Odômetro – Log-based)................................................... 66<br />

13.1.4. Ecograma......................................................................................................... 67<br />

14. Referências bibliográficas...................................................................................... 68<br />

V. Organismos Planctônicos<br />

1. Definição.................................................................................................................. 69<br />

2. Classificação <strong>do</strong>s 0rganismos planctônicos........................................................... 69<br />

2.1. Classificação por tamanho.................................................................................... 69<br />

2.2. Classificação por aspectos ecológicos................................................................. 70<br />

2.2.1. Hábitat................................................................................................................ 70<br />

2.2.2. Distribuição vertical............................................................................................ 71<br />

2.2.3. Ciclo <strong>de</strong> vida...................................................................................................... 71


3. Adaptações à vida pelágica..................................................................................... 71<br />

4. Amostragem <strong>do</strong> plâncton......................................................................................... 73<br />

4.1. Desenho amostral................................................................................................. 75<br />

4.2. Amostra qualitativa............................................................................................... 75<br />

4.3. Amostra quantitativa............................................................................................. 75<br />

5. Equipamento <strong>de</strong> coleta............................................................................................ 76<br />

5.1. Garrafa.................................................................................................................. 76<br />

5.1.1. Garrafa aberta.................................................................................................... 76<br />

5.1.2. Garrafa fechada................................................................................................. 77<br />

5.2. Bomba <strong>de</strong> Sucção................................................................................................. 80<br />

5.2.1. Bomba externa................................................................................................... 81<br />

5.2.2. Bomba submersa............................................................................................... 82<br />

5.2.3. Bomba com coletor múltiplo............................................................................... 82<br />

5.3. Re<strong>de</strong> Coletora....................................................................................................... 84<br />

5.3.1. Tamanho <strong>de</strong> re<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al...................................................................................... 86<br />

5.3.2. Malha <strong>de</strong> re<strong>de</strong>................................................................................................... 86<br />

5.3.3. Fazen<strong>do</strong> uma re<strong>de</strong> ciclindro cônica.................................................................. 88<br />

5.3.4. Montagem da re<strong>de</strong>............................................................................................. 91<br />

5.3.5. Tipos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s................................................................................................... 93<br />

6. Sistemas Ópticos..................................................................................................... 113<br />

6.1. Sistemas ópticos que produzem imagem............................................................. 115<br />

6.1.1 Vi<strong>de</strong>o Plankton Recor<strong>de</strong>r – VPR......................................................................... 116<br />

6.1.2 O Sistema ZooVis............................................................................................... 116<br />

6.1.3 Un<strong>de</strong>rwater Vi<strong>de</strong>o Profiler – UVP....................................................................... 117<br />

6.1.4 O Observatório 3D <strong>de</strong> zooplânton...................................................................... 117<br />

6.1.5 Un<strong>de</strong>rwater Electronic Holographic Camera – eHoloCam…….………………… 118<br />

6.2. Sistemas ópticos <strong>de</strong> interrupção <strong>de</strong> luz................................................................ 119<br />

6.2.1 Optical Plankton Counter – OPC…………………………………………………… 119<br />

6.2.2. Laser Optical Plankton Counter – LOPC………………………………………… 120<br />

6.3. Vantagens e <strong>de</strong>svantagens.................................................................................. 121<br />

7. Equipamentos auxiliares.......................................................................................... 122<br />

7.1. Fluxômetro............................................................................................................ 122<br />

7.1.1. Como calcular volume....................................................................................... 122<br />

7.1.2. Montagem <strong>do</strong> fluxômetro na re<strong>de</strong>...................................................................... 124<br />

7.2. Clinômetro............................................................................................................. 125<br />

7.3. Depressor............................................................................................................. 125<br />

7.4. Mecanismo <strong>de</strong> fechamento................................................................................... 126<br />

7.5. Polia o<strong>do</strong>métrica.................................................................................................. 126<br />

8. Lista <strong>de</strong> equipamentos............................................................................................ 126<br />

9. Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> trajeto.................................................................................................. 128<br />

9.1. Vertical.................................................................................................................. 128<br />

9.2. Horizontal.............................................................................................................. 130<br />

9.3. Oblíquo................................................................................................................. 134<br />

iv


v<br />

10. Planílha <strong>de</strong> amostragem........................................................................................ 137<br />

11. Referências bibliográficas...................................................................................... 141<br />

VI. Organismos Bentônicos<br />

1. Definição.................................................................................................................. 145<br />

2.1. Classificação por tamanho.................................................................................... 145<br />

2.1.1. Macrofauna........................................................................................................ 145<br />

2.1.2. Meiofauna.......................................................................................................... 145<br />

2.1.3. Microfauna......................................................................................................... 145<br />

2.2. Classificação quanto ao tipo <strong>de</strong> relação com o substrato..................................... 146<br />

2.2.1. Epifauna............................................................................................................. 146<br />

2.2.2. Infauna............................................................................................................... 149<br />

3. Amostragem <strong>do</strong>s organismos bentônicos................................................................ 152<br />

3.1. Tipos <strong>de</strong> amostragem........................................................................................... 152<br />

3.1.1. Qualitativa.......................................................................................................... 153<br />

3.1.2. Quali-quantitativa ou semi-quantitativa.............................................................. 153<br />

3.1.3. Quantitativas...................................................................................................... 153<br />

3.2. Amostra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> ambientes profun<strong>do</strong>s................................................................ 153<br />

3.2.1. Equipamentos <strong>de</strong> arrasto................................................................................... 153<br />

3.2.2. Cilindros (mergulho), tubos extratores, placas metálicas.................................. 156<br />

3.2.3. Amostra<strong>do</strong>res que funcionam por sucção......................................................... 157<br />

3.2.4. Pega<strong>do</strong>res <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>........................................................................................... 157<br />

4. Peneiramento........................................................................................................... 158<br />

VII. Organismos Nectônicos<br />

1. Introdução................................................................................................................ 160<br />

2. Pesca e pescarias.................................................................................................... 160<br />

2.1. Classificação das pescarias.................................................................................. 161<br />

2.1.1 Pescarias industriais........................................................................................... 161<br />

2.1.2. Pescarias <strong>de</strong> pequena escala............................................................................ 162<br />

2.1.3. Pescaria artesanal............................................................................................. 162<br />

2.1.4. Pescaria esportiva ou recreacional.................................................................... 162<br />

2.1.5. Pescaria comercial............................................................................................. 162<br />

2.1.6. Pescaria <strong>de</strong> subsistência................................................................................... 162<br />

2.1.7. Pescaria tradicional............................................................................................ 162<br />

2.2. Esta<strong>do</strong> das pescarias mundiais............................................................................ 162<br />

3. Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> nécton................................................................................... 165<br />

3.1. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cerco..................................................................................................... 166<br />

3.2. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto.................................................................................................. 167<br />

3.2.1. “Beam-trawl” ou re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto-<strong>de</strong>-viga........................................................... 171<br />

3.2.2 Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> portas <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>................................................................... 172<br />

3.2.3 Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> portas <strong>de</strong> meia-água........................................................... 174<br />

3.2.4 Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto em parelha............................................................................... 174


3.3. Linha e anzol......................................................................................................... 175<br />

3.3.1. Pesca com linha <strong>de</strong> mão e com vara ou caniço................................................ 176<br />

3.3.2. Vara e isca viva................................................................................................. 177<br />

3.3.3. Espinheis........................................................................................................... 178<br />

3.4. Covos.................................................................................................................... 180<br />

3.5. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhar................................................................................................. 181<br />

3.6. Dragas.................................................................................................................. 184<br />

4. Amostragem biológica............................................................................................. 184<br />

4.1. Amostragem biológica <strong>do</strong>s peixes....................................................................... 185<br />

4.2. Amostragem biológica <strong>do</strong>s crustáceos................................................................. 187<br />

5. Referências bibliográficas........................................................................................ 190<br />

vi


1<br />

I. O ensino <strong>de</strong> Graduação em Oceanografia no Brasil<br />

Luiz Carlos Krug<br />

A criação <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> Oceanografia no Brasil po<strong>de</strong> ser dividida em três ciclos. O<br />

primeiro teve início com a criação <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Oceanologia da FURG em 1971 (ano <strong>de</strong><br />

ingresso da primeira turma) e se esten<strong>de</strong>u até pouco além da meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong><br />

90. Neste perío<strong>do</strong> foram cria<strong>do</strong>s outros <strong>do</strong>is cursos, um na Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro – UERJ (Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ), em 1977, e o outro na Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Vale <strong>do</strong> Itajaí – UNIVALI (Itajaí/SC), em 1992. A criação <strong>de</strong>stes cursos teve por base a<br />

convicção <strong>de</strong> que o mar era um manancial inesgotável <strong>de</strong> recursos, pesqueiros em<br />

particular, razão pela qual havia necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> um profissional capaz <strong>de</strong><br />

contribuir para a exploração or<strong>de</strong>nada <strong>de</strong>stas riquezas.<br />

O segun<strong>do</strong> ciclo foi <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong> pela aprovação da Lei N° 9.394 (Lei <strong>de</strong> Diretrizes e<br />

Bases da Educação Nacional – LDB), <strong>de</strong> 20.12.96, que garantiu às instituições<br />

reconhecidas como universida<strong>de</strong>s e centros universitários autonomia para criar cursos<br />

<strong>de</strong> graduação. Até então, todas as instituições tinham que solicitar autorização prévia<br />

ao Ministério da Educação – MEC. Num momento em que a preocupação com as<br />

questões ambientais começava a ganhar cada vez mais espaço junto à socieda<strong>de</strong>,<br />

para o que muito contribuiu a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e<br />

o Desenvolvimento – CNUMAD (ECO’92/Rio’92), a criação <strong>de</strong> novos cursos que<br />

tinham como foco principal a preservação e a exploração sustentável <strong>de</strong> recursos<br />

aquáticos ocorreu como um processo natural. Assim, foram cria<strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong><br />

Oceanografia no Centro Universitário Monte Serrat – UNIMONTE (Santos/SP), em<br />

1998, na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Espírito Santo – UFES (Vitória/ES), em 2000, na<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Pará – UFPA (Belém/PA), também em 2000, na Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo – USP (São Paulo/SP), em 2002, na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia –<br />

UFBA (Salva<strong>do</strong>r/BA), em 2004 e, naquele mesmo ano, na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong><br />

Paraná – UFPR (Pontal <strong>do</strong> Sul/PR). Neste perío<strong>do</strong> também foi cria<strong>do</strong> um curso da<br />

modalida<strong>de</strong> na Faculda<strong>de</strong> Metropolitana <strong>de</strong> Camaçari (Camaçari/BA) (Parecer N°<br />

234/2006 SESu - Portaria MEC N° 500, <strong>de</strong> 10/02/2006). No entanto, até o presente<br />

não houve o ingresso <strong>de</strong> nenhuma turma <strong>de</strong> estudantes.<br />

Ainda em andamento, o terceiro ciclo foi <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>cisão governamental<br />

<strong>de</strong> implantar o Programa <strong>de</strong> Apoio a Planos <strong>de</strong> Reestruturação e Expansão das<br />

Universida<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>rais (REUNI), que tem por objetivo criar condições para a<br />

ampliação <strong>do</strong> acesso e permanência na educação superior, no nível <strong>de</strong> graduação,<br />

nas universida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais. Neste contexto, algumas instituições que tinham grupos <strong>de</strong>


2<br />

pesquisa e/ou programas <strong>de</strong> pós-graduação na área Ciências <strong>do</strong> Mar 1 trataram <strong>de</strong><br />

aproveitar as condições favoráveis e propuseram a criação <strong>de</strong> novos cursos <strong>de</strong><br />

Oceanografia. Assim, em 2008 foram cria<strong>do</strong>s cursos na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Santa Catarina – UFSC (Florianópolis/SC), na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Ceará – UFC<br />

(Fortaleza/CE) e na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco – UFPE (Recife/PE), este<br />

último com previsão para iniciar em 2009. Os planos <strong>de</strong> expansão da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Sergipe – UFS (São Cristovão/SE) e da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São<br />

Paulo – UNIFESP (São Paulo/SP) também prevêem a criação <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong>sta<br />

modalida<strong>de</strong>. A Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Alagoas – UFAL (Maceió/AL), embora não<br />

mencione explicitamente em seu plano <strong>de</strong> expansão, trabalha com a perspectiva <strong>de</strong><br />

criar um curso <strong>de</strong> Oceanografia no âmbito <strong>do</strong> REUNI. Em to<strong>do</strong>s estes casos, por força<br />

das normas <strong>do</strong> programa governamental, o prazo limite para o ingresso da primeira<br />

turma é 2012.<br />

Confirmada a criação <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Oceanografia propostos pelas universida<strong>de</strong>s<br />

fe<strong>de</strong>rais no âmbito <strong>do</strong> REUNI, o Brasil terá até 2012 um total <strong>de</strong> 17 cursos, envolven<strong>do</strong><br />

12 universida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais e 2 estaduais, além <strong>de</strong> 3 instituições privadas (1<br />

universida<strong>de</strong>, 1 centro universitário e 1 faculda<strong>de</strong>), que irão oferecer em torno <strong>de</strong> 800<br />

vagas para ingresso <strong>de</strong> novos alunos<br />

2 . Com uma taxa <strong>de</strong> sucesso (número <strong>de</strong><br />

ingressos ao ano/número <strong>de</strong> gradua<strong>do</strong>s ao ano) que tem gira<strong>do</strong> em torno <strong>de</strong> 50%, a<br />

expectativa é <strong>de</strong> que estes cursos graduem próximo <strong>de</strong> 400 profissionais por ano.<br />

Mas em 2012, quan<strong>do</strong> se espera estejam em funcionamento os 17 cursos previstos,<br />

somente 13 <strong>do</strong>s 17 esta<strong>do</strong>s costeiros terão instituições preparan<strong>do</strong> profissionais neste<br />

<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> conhecimento. Isto porque Santa Catarina (2), São Paulo (3) e Bahia (2)<br />

terão mais <strong>de</strong> um curso cada, ao passo que Paraíba, Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, Piauí e<br />

Amapá não terão nenhum. Talvez fosse conveniente para o país que se a<strong>do</strong>tasse<br />

como política incentivar a existência <strong>de</strong> pelo menos um curso <strong>de</strong> Oceanografia por<br />

esta<strong>do</strong> costeiro.<br />

A recente aprovação da Lei N° 11.760, <strong>de</strong> 31.07.08, que regula o exercício da<br />

profissão <strong>de</strong> Oceanógrafo, po<strong>de</strong> ter um reflexo positivo na relação candidatos/vaga<br />

<strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Oceanografia <strong>do</strong> Brasil. Este crescimento da <strong>de</strong>manda por vagas nos<br />

cursos, caso se confirme, po<strong>de</strong>rá, em médio prazo, <strong>de</strong>spertar o interesse <strong>de</strong><br />

1 Área <strong>do</strong> saber que se <strong>de</strong>dica à produção e disseminação <strong>de</strong> conhecimentos sobre os componentes,<br />

processos e recursos <strong>do</strong> ambiente marinho e zonas <strong>de</strong> transição.<br />

2 FURG (40); UERJ (40); UNIVALI (90, com <strong>do</strong>is ingressos <strong>de</strong> 45); UNIMONTE (120, com <strong>do</strong>is<br />

ingressos <strong>de</strong> 60); UFES (30); UFPA (30); USP (40); UFBA (25); UFPR (40); UFSC (30); UFC (40);<br />

FAMEC (80, com <strong>do</strong>is ingressos <strong>de</strong> 40); UFPE (25), UFMA (30); UFS (50); UNIFESP (50) e UFAL<br />

(não há <strong>de</strong>finição).


3<br />

instituições pela formação nesta área <strong>de</strong> conhecimento, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> um novo ciclo<br />

<strong>de</strong> criação <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong>. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são a um novo ciclo <strong>de</strong><br />

criação <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> Oceanografia é mais viável nas instituições que estão localizadas<br />

nas proximida<strong>de</strong>s da zona costeira e marinha, ou mantêm alguma unida<strong>de</strong> ali situada,<br />

e têm alguma tradição na área <strong>de</strong> Ciências <strong>do</strong> Mar.<br />

O Brasil é um país com vocação e patrimônio marítimo, que tem no seu Mar Territorial<br />

e na sua Zona Econômica Exclusiva recursos naturais incomensuráveis, vivos e nãovivos,<br />

conheci<strong>do</strong>s ou por serem <strong>de</strong>scobertos, em exploração ou ainda intoca<strong>do</strong>s, que<br />

precisam ser protegi<strong>do</strong>s e racionalmente utiliza<strong>do</strong>s. A formação <strong>de</strong> profissionais<br />

capazes <strong>de</strong> contribuir para a preservação e exploração or<strong>de</strong>nada das riquezas <strong>de</strong>ste<br />

mar é uma necessida<strong>de</strong> que se impõe cada vez mais. Mas o Brasil também tem cerca<br />

<strong>de</strong> 8.500 km <strong>de</strong> costa, 395 municípios costeiros e aproximadamente 30% <strong>de</strong> sua<br />

população viven<strong>do</strong> na zona costeira. A i<strong>de</strong>ntificação, monitoramento, proposição e<br />

implementação <strong>de</strong> medidas mitigatórias para os problemas ambientais <strong>de</strong>correntes da<br />

ativida<strong>de</strong> econômica e da ocupação <strong>de</strong>stes espaços estão entre as atribuições <strong>do</strong>s<br />

Oceanógrafos, o que reforça a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>stes profissionais.


4<br />

II. Embarques Científicos em Oceanografia<br />

Jorge P. Castello<br />

1. Introdução<br />

A Terra é possivelmente um planeta único no universo. Na verda<strong>de</strong> ele <strong>de</strong>veria ser<br />

chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> Planeta Água, uma vez que ela cobre 71% <strong>de</strong> sua superfície, ou se fosse<br />

observa<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o espaço, ser chamada <strong>de</strong> Planeta Azul, já que essa é sua cor<br />

pre<strong>do</strong>minante.<br />

Porque estudar o Oceano?<br />

Algumas respostas possíveis são:<br />

• O oceano exerce uma influência marcante sobre o clima e o tempo<br />

• É fonte <strong>de</strong> alimentos, energia, recursos minerais, princípios ativos <strong>de</strong><br />

medicamentos, etc.<br />

• Proporciona vias <strong>de</strong> navegação<br />

• Tem importância militar<br />

• Proporciona usos recreacionais<br />

• É um rico cenário cultural e histórico<br />

Sua superfície encontra-se em constante movimento respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos ventos, às<br />

correntes e a uma série <strong>de</strong> forças físicas que controlam sua dinâmica. Se a superfície<br />

po<strong>de</strong> ser agitada e sen<strong>do</strong> possível <strong>de</strong> ser observada, a água que se encontra em<br />

maiores profundida<strong>de</strong>s é um meio estranho para o homem o que limita sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observação direta. Entretanto, é nesse mun<strong>do</strong> submerso que se<br />

encontra a maior diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambientes e seres vivos.<br />

A oceanografia é um exemplo <strong>de</strong> ciência multidisciplinar e interdisciplinar. Cada feição<br />

oceanográfica tem uma “assinatura” física, química, biológica e geológica. Por isso é<br />

necessário ter uma abordagem múltipla e articulada. Isto tem leva<strong>do</strong> a que cientistas,<br />

curiosos e ávi<strong>do</strong>s por enten<strong>de</strong>r mais e melhor, conscientes <strong>de</strong>ssa multidisciplinarida<strong>de</strong><br />

colaborem para respon<strong>de</strong>r à importantes questões.<br />

Para enten<strong>de</strong>r o que suce<strong>de</strong> no mar é necessário, na maioria das vezes, estar no mar<br />

e coletar informações que permitam “observar” o que está na superfície, mas também<br />

o que se encontra na coluna <strong>de</strong> água e sobre o leito marinho. O sensoreamento<br />

remoto é uma ferramenta importante com a gran<strong>de</strong> vantagem da sinoticida<strong>de</strong> e larga<br />

abrangência <strong>de</strong> escalas espaciais e temporais. No entanto, ele ainda é essencialmente<br />

limita<strong>do</strong> a uma lâmina superficial <strong>de</strong> água. Para saber mais e examinar com maior<br />

<strong>de</strong>talhe é necessário aumentar a profundida<strong>de</strong> das observações. A maneira <strong>de</strong>


5<br />

resolver isso é baixar equipamentos e re<strong>de</strong>s ao longo da coluna <strong>de</strong> água e/ou<br />

posicioná-los sobre o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar.<br />

Então, o emprego <strong>de</strong> uma embarcação é fundamental. No entanto, não po<strong>de</strong> ser<br />

qualquer embarcação. Ela <strong>de</strong>ve reunir um mínimo <strong>de</strong> requisitos que levem em<br />

consi<strong>de</strong>ração, segurança, autonomia <strong>de</strong> combustível e água, navegabilida<strong>de</strong>,<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter posições, meios <strong>de</strong> comunicação, espaço <strong>de</strong> convés, potência,<br />

velocida<strong>de</strong> média, potência elétrica <strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>res, número <strong>de</strong> tripulantes, <strong>do</strong>tação<br />

para cientistas, técnico e alunos, instrumentação fixa, tipo e número <strong>de</strong> guinchos para<br />

operar equipamentos e re<strong>de</strong>s, etc.<br />

Quan<strong>do</strong> propomos realizar um cruzeiro oceanográfico estaremos comprometi<strong>do</strong>s com<br />

a procura <strong>de</strong> respostas para uma série <strong>de</strong> perguntas e hipóteses. Essas perguntas<br />

surgem <strong>do</strong> exame <strong>do</strong>s antece<strong>de</strong>ntes publica<strong>do</strong>s, da<strong>do</strong>s pretéritos, necessida<strong>de</strong>s<br />

i<strong>de</strong>ntificadas, etc.<br />

Dessa forma, procura-se minimizar o risco <strong>de</strong> não obter as respostas procuradas e a<br />

conseqüente dilapidação <strong>de</strong> recursos. Os custos operativos <strong>de</strong> uma embarcação <strong>de</strong><br />

pesquisa são muito onerosos e, por isso, um planejamento cuida<strong>do</strong>so e a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> é<br />

fundamental.<br />

2.Planejan<strong>do</strong> um cruzeiro oceanográfico<br />

2.1.Consi<strong>de</strong>rações básicas<br />

A <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> objetivo <strong>do</strong> cruzeiro e a meto<strong>do</strong>logia que será utilizada são aspectos<br />

cruciais, da mesma maneira que quan<strong>do</strong> se planeja uma pesquisa no laboratório.<br />

Após ter <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> um ou mais objetivos para o cruzeiro é recomendável pesquisar os<br />

antece<strong>de</strong>ntes. Uma análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s pretéritos costuma revelar que já se sabe mais<br />

<strong>do</strong> que se imagina. Entre as informações importantes para um bom planejamento se<br />

encontram as seguintes:<br />

• Extensão da área a ser pesquisada.<br />

• Principais características batimétricas topográficas.<br />

• Cartas náuticas disponíveis e suas escalas.<br />

• Regime meteorológico da região (temperatura média <strong>do</strong> ar, pressão<br />

atmosférica média, direção e intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s principais ventos, freqüência <strong>de</strong>


6<br />

passagem <strong>de</strong> frentes atmosféricas), <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a época <strong>do</strong> ano. Lembrar<br />

que as diferenças são mais marcadas quanto mais alta é a latitu<strong>de</strong>.<br />

• Regime oceanográfico <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a época <strong>do</strong> ano, distância da costa,<br />

profundida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>clive da plataforma continental, etc. (isto envolve a distribuição<br />

espacial <strong>de</strong> parâmetros como temperatura, salinida<strong>de</strong>, teor <strong>de</strong> oxigênio<br />

dissolvi<strong>do</strong>, concentração <strong>de</strong> nutrientes, material em suspensão, transparência e<br />

turbi<strong>de</strong>z da água, penetração da luz, ondas <strong>de</strong> maré, etc.). Hoje em dia existem<br />

bancos <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s conten<strong>do</strong> muita informação acumulada e<br />

interpretada.<br />

• Presença ou ausência <strong>de</strong> aporte <strong>de</strong> águas continentais.<br />

• Níveis médios <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> primária.<br />

• Principais espécies vegetais e animais e suas inter-relações tróficas.<br />

• Disponibilida<strong>de</strong> e acesso a da<strong>do</strong>s satelitais em tempo quase real<br />

(fundamentalmente, temperatura da superfície <strong>do</strong> mar – TSM, ventos, ondas e<br />

topografia submarinha).<br />

Em função <strong>de</strong>ssas informações, ou <strong>de</strong> parte <strong>de</strong>las, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar a questão das<br />

escalas espaciais e temporais.<br />

Determina<strong>do</strong>s componentes <strong>do</strong> ecossistema e seus processos ou fenômenos<br />

abrangem escalas temporais da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> minutos/horas e escalas espaciais da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> centímetros/metros (plâncton, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ovos e larvas, etc.) e<br />

outros abrangem escalas espaciais <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas a centenas ou milhares <strong>de</strong> quilômetros<br />

e escalas temporais da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> dias a meses ou anos (giros oceânicos, frentes<br />

termo-halinas, formação e <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> termo-clinas, migração <strong>de</strong> plâncton, peixes,<br />

mamíferos marinhos, etc) (Fig. 1).<br />

Isto significa que a extensão espacial e duração <strong>de</strong> um evento condicionam a melhor<br />

estratégia e escolha <strong>de</strong> amostragem. Provavelmente não sempre será possível fazer a<br />

escolha i<strong>de</strong>al e o pesquisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong>verá a<strong>do</strong>tar um compromisso viável com<br />

conhecimento das limitações inerentes à sua escolha.<br />

Levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração a questão espacial e temporal se <strong>de</strong>fine(m) o(s)<br />

equipamento(s) que será (ão) utiliza<strong>do</strong>(s), a freqüência <strong>de</strong> amostragem e o grau <strong>de</strong><br />

cobertura.


7<br />

Figura 1. Ilustração mostran<strong>do</strong> o espectro <strong>de</strong> escalas temporais e espaciais <strong>do</strong>s fenômenos<br />

(escalas logarítmicas) oceanográficos. (Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> McGowan & Field, 2002).<br />

2.2. Escolhen<strong>do</strong> a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> estações a cobertura espacial<br />

A escolha da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> estações e o grau <strong>de</strong> cobertura espacial requer equacionar a<br />

extensão da área <strong>de</strong> trabalho, os dias <strong>de</strong> navio disponíveis, o número <strong>de</strong> tripulantes e<br />

técnicos/cientistas que executarão o trabalho, o regime <strong>de</strong> horas (18-24 hs), o número<br />

<strong>de</strong> estações a serem ocupadas, o tempo médio <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong>ssas estações, etc.<br />

Normalmente as estações são dispostas espacialmente para formar uma retícula on<strong>de</strong><br />

a distância linear entre elas costuma ser <strong>de</strong> 20 mn (1milha náutica: 1852 m). Por sua<br />

vez as estações costumam ser alinhadas numa transversal perpendicular à costa (o<br />

que em RS equivale ao rumo 120° no senti<strong>do</strong> costa – mar). Essas transversais são<br />

regularmente separadas por 15-20 mm. A embarcação segue então um percurso<br />

seqüencial visitan<strong>do</strong> cada uma <strong>de</strong>ssas estações e executan<strong>do</strong> as observações e<br />

coletas previstas.


8<br />

Quan<strong>do</strong> outras observações, não pontuais (em estações), são previstas (hidroacústica,<br />

coleta contínua <strong>de</strong> plâncton, registro <strong>de</strong> temperatura, salinida<strong>de</strong>, etc) a<br />

embarcação po<strong>de</strong> seguir uma rota em zig-zag ou retangular (“letra grega”) (Fig. 2)<br />

efetuan<strong>do</strong> uma varredura. A escolha <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> percurso tem que levar em conta<br />

distância, tempo disponível e eficiência da cobertura.<br />

Figura 2. Exemplo <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> estações oceanográficas (círculos cheios) em duas regiões<br />

da Plataforma Continental <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil que a embarcação visita seqüencialmente<br />

<strong>de</strong>screven<strong>do</strong> um percurso retangular ou em “letra grega” (linha contínua).<br />

Ainda, é possível que em <strong>de</strong>terminadas circunstâncias seja necessário permanecer<br />

num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> local por um tempo prolonga<strong>do</strong> realizan<strong>do</strong> observações in situ<br />

durante 24 hs ou mais. Nesse caso, a estratégia é outra e ela é recomendada para<br />

acompanhar processos intensivamente em pequena área, mas com alta cobertura<br />

temporal.


9<br />

2.3. Escolhen<strong>do</strong> os equipamentos<br />

Em função <strong>do</strong>s parâmetros que escolhemos mensurar e das coletas <strong>de</strong> material vivo<br />

ou não-vivo que seja necessário recolher serão feitas as escolhas <strong>do</strong>s equipamentos<br />

<strong>de</strong> medição (direção e intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> vento, ecossonda, roseta oceanográfica, CTD,<br />

correntômetro, irradiômetro, fluorímetro, garrafa <strong>de</strong> Niskin, turbidímetro, etc.) e <strong>de</strong><br />

artefatos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> plâncton (re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fito, zooplâncton e ictioplâncton), <strong>de</strong> coleta<br />

<strong>de</strong> sedimentos e organismos <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> (dragas, beam-trawl, etc.) <strong>de</strong> peixes <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />

ou na coluna <strong>de</strong> água (re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> e meia água, emalhe, espinhel, etc).<br />

Cada um <strong>de</strong>sses equipamentos e artefatos tem <strong>de</strong>mandas específicas <strong>de</strong> guinchos,<br />

bitola <strong>de</strong> cabo, resistência e velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida/iça<strong>do</strong> ou arrasto.<br />

Os instrumentos <strong>de</strong> medição <strong>de</strong>vem estar previamente calibra<strong>do</strong>s e o usuário ter os<br />

respectivos manuais <strong>de</strong> uso e manutenção sempre disponíveis. Detalhes como<br />

baterias com baixa carga ou sulfatadas, infiltração <strong>de</strong> água, umida<strong>de</strong>, conexões USB<br />

ou RS 32 <strong>de</strong>feituosas, etc. po<strong>de</strong>m provocar leituras erradas, que <strong>de</strong>pois não po<strong>de</strong>rão<br />

ser corrigidas, ou ainda, impedir a leitura <strong>de</strong> um ou mais parâmetros.<br />

Sempre que possível e se não houver restrições orçamentárias, é recomendável ter<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reposição à bor<strong>do</strong>.<br />

Já para os equipamentos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avarias ou<br />

perda. Portanto, cabos <strong>de</strong> segurança, revisão e reforço <strong>de</strong> manilhas (por exemplo, a<br />

maior parte <strong>do</strong>s barcos propulsa<strong>do</strong>s por motor diesel, sofre com a trepidação que se<br />

transmite por toda a estrutura da embarcação provocan<strong>do</strong> o afrouxamento e soltura <strong>de</strong><br />

parafusos), panos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> para substituição é quase obrigatório.<br />

2.4. As operações <strong>de</strong> convés e sua logística<br />

As operações <strong>de</strong> convés necessitam ter um bom planejamento. Com esse fim, o chefe<br />

científico tem que pensar na seqüência das operações quan<strong>do</strong> a embarcação é<br />

posicionada numa estação.<br />

É praxe que os trabalhos na estação comecem com o lançamento da roseta armada<br />

com o CTD, as garrafas <strong>de</strong> Niskin, um fluorímetro, etc. Depois costumam serem<br />

lançadas as re<strong>de</strong>s para coleta <strong>de</strong> plâncton, seguidas pelos amostra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>,<br />

restan<strong>do</strong> por último as operações <strong>de</strong> pesca, que variam <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as espécies<br />

visadas.<br />

Em todas estas operações o i<strong>de</strong>al é que uma tripulação permanente trabalhe no navio<br />

la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong> com os cientistas, técnicos e alunos. No entanto, aquelas operações ou


10<br />

manobras que envolvam guinchos <strong>de</strong> qualquer natureza são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

tripulantes após serem instruí<strong>do</strong>s pelo comandante.<br />

Neste aspecto é necessário ressaltar que o comandante <strong>do</strong> navio é a máxima<br />

autorida<strong>de</strong> à bor<strong>do</strong>, responsável pela segurança das vidas e da embarcação.<br />

Por isso, é recomendável que o chefe científico <strong>do</strong> cruzeiro mantenha uma reunião<br />

prévia com o comandante explican<strong>do</strong> a este o roteiro <strong>de</strong> navegação, todas as<br />

operações previstas e o pessoal técnico/científico que será aloca<strong>do</strong> às diversas<br />

tarefas.<br />

A experiência indica que antes <strong>de</strong> iniciar um cruzeiro que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandar 15 a 25 dias<br />

<strong>de</strong> navegação se contemple a realização <strong>de</strong> uma saída piloto <strong>de</strong> apenas 1 ou 2 dias<br />

<strong>de</strong> duração on<strong>de</strong> serão testadas todas as operações. Dessa forma, tem-se a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verificar a viabilida<strong>de</strong>, dificulda<strong>de</strong>s, riscos e acertar/corrigir <strong>de</strong>talhes<br />

que po<strong>de</strong>m poupar a ocorrência <strong>de</strong> problemas não previstos.<br />

Cada barco é diferente <strong>de</strong> outro e, portanto, é difícil indicar um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> operações<br />

único. No entanto, com um pouco <strong>de</strong> experiência é possível chegar-se a um plano <strong>de</strong><br />

trabalho on<strong>de</strong> cada ativida<strong>de</strong> tem um lugar e uma seqüência certa no convés (Fig. 3).<br />

Figura 3. Planta <strong>do</strong> convés <strong>do</strong> N/Oc “Atlântico Sul” mostran<strong>do</strong> o arranjo <strong>do</strong>s diversos guinchos<br />

e os locais indica<strong>do</strong>s para as diferentes operações.


11<br />

2.5. O registro das informações<br />

Durante um cruzeiro muitas informações são geradas. Portanto, organizar as mesmas<br />

visan<strong>do</strong> sua pronta recuperação e uso é algo indispensável. Planilhas e formulários<br />

bem elabora<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> fácil interpretação e uso amigável é fundamental.<br />

Cruzeiros oceanográficos requerem a interrelação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. Assim, para cada<br />

estação e as respectivas coletas <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s ambientais e <strong>de</strong> material biológico ou<br />

geológico é necessário saber to<strong>do</strong>s os pormenores que ajudarão na melhor<br />

interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />

Ainda, numa etapa mais avançada das análises, é preciso realizar testes estatísticos<br />

diversos, portanto, planilhas e formulários bem organiza<strong>do</strong>s são <strong>de</strong> fundamental<br />

importância.<br />

O material biológico ou geológico coleta<strong>do</strong> que será processa<strong>do</strong> e analisa<strong>do</strong> em terra<br />

tem que estar <strong>de</strong>vidamente conserva<strong>do</strong>, i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> e rotula<strong>do</strong>. Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da<br />

natureza da amostra coletada, os rótulos têm que ser <strong>de</strong> material resistente a água e<br />

ao manuseio como papel vegetal ou mesmo papiro e <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma a conter<br />

informações básicas como nome <strong>do</strong> projeto, número da estação e data <strong>de</strong> coleta.<br />

Também é necessária para cada tipo <strong>de</strong> coleta uma planilha <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s on<strong>de</strong> serão<br />

anotadas todas as observações pertinentes.<br />

Vale a pena lembrar que uma amostra coletada com i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>ficiente equivale a<br />

uma amostra perdida <strong>de</strong> difícil ou impossível substituição.<br />

2.6. Acondicionamento e estocagem<br />

O acondicionamento das amostras, em vidros, sacos plásticos, congeladas ou<br />

conservadas em formol ou álcool é outro aspecto importante a consi<strong>de</strong>rar. Devi<strong>do</strong> ao<br />

balanço <strong>do</strong> navio é importante que as amostras sejam estocadas <strong>de</strong> forma segura até<br />

o momento <strong>do</strong> <strong>de</strong>sembarque, sob pena <strong>de</strong> comprometer total ou parcialmente o<br />

esforço dispendi<strong>do</strong> na coleta.<br />

2.7. Resulta<strong>do</strong>s preliminares e relatórios<br />

É recomendável analisar os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma preliminar durante a própria<br />

execução <strong>do</strong> cruzeiro. As facilida<strong>de</strong>s presentes <strong>de</strong> computação com softwares que<br />

permitem a rápida elaboração <strong>de</strong> gráficos proporcionam uma ferramenta importante<br />

para uma análise inicial <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s numa estação ou perfil/transversal.<br />

Desta forma é possível obter informações que aju<strong>de</strong>m a tomar <strong>de</strong>cisões para<br />

direcionar melhor as amostragens ou ainda <strong>de</strong>tectar erros que po<strong>de</strong>m ser repara<strong>do</strong>s.


12<br />

Seguin<strong>do</strong> uma rotina pré-estabelecida po<strong>de</strong>-se elaborar um relatório <strong>de</strong> cruzeiro que<br />

será distribuí<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os cientistas <strong>do</strong> cruzeiro sintetizan<strong>do</strong> as principais ativida<strong>de</strong>s e<br />

os resulta<strong>do</strong>s preliminares.<br />

3.Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Apesar <strong>do</strong> planejamento, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar a ocorrência <strong>de</strong> diversos imprevistos.<br />

Condições meteorológicas adversas, problemas mecânicos da embarcação,<br />

anomalias nos equipamentos, problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s tripulantes ou cientistas, etc,<br />

costumam ser os imprevistos.<br />

Para minimizar seus efeitos po<strong>de</strong>-se reservar 10% <strong>de</strong> tempo adicional na programação<br />

e cálculo <strong>de</strong> custos.


13<br />

III. Oceanografia Química<br />

Rogério Portantiolo Manzolli & Luana Portz<br />

1. Introdução<br />

Dadas às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> amostragem inerentes ao próprio meio, a oceanografia é<br />

uma das ciências que mais tem se beneficia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s avanços tecnológicos da<br />

humanida<strong>de</strong> para o aprimoramento <strong>de</strong> seus méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesquisa. A partir <strong>do</strong> início <strong>do</strong><br />

Século XX houve uma enorme evolução <strong>do</strong>s equipamentos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

oceanográficos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o surgimento <strong>de</strong> engenhos mecânicos e eletrônicos até, mais<br />

recentemente, a popularização <strong>de</strong> equipamentos digitais e o uso <strong>de</strong> informações<br />

geradas por satélites em órbita ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> planeta (Bonetti, 2009).<br />

A coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s oceanográficos, tanto em oceano aberto, quanto na plataforma<br />

continental, ou ainda, em mares interiores e estuários são muito onerosos. Isso se<br />

<strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> que a realização da coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s em corpos hídricos requer,<br />

necessariamente, a utilização <strong>de</strong> uma embarcação, excetuan<strong>do</strong>-se os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />

através <strong>de</strong> sensoriamento remoto.<br />

Para tanto, o Para a Oceanografia Química o <strong>de</strong> um cruzeiro <strong>de</strong>ve ser feito <strong>de</strong> tal<br />

forma que sob qualquer adversida<strong>de</strong> se possa ter uma solução imediata. Cada<br />

amostra requer meto<strong>do</strong>logia, equipamentos e reagentes distintos. Neste senti<strong>do</strong>, é<br />

necessário estabelecer os objetivos <strong>do</strong> cruzeiro, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> os tipos <strong>de</strong> análises a serem<br />

realizadas, a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> coleta, além <strong>do</strong> número e da periodicida<strong>de</strong> da coleta.<br />

Em linhas gerais, os itens <strong>do</strong> planejamento são:<br />

• Definição da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> a ser amostrada, plotan<strong>do</strong> em um mapa as<br />

posições das estações oceanográficas;<br />

• Definição da estratégia e parâmetros <strong>de</strong> amostragem;<br />

• Cálculo <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> cruzeiro, levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração todas as ativida<strong>de</strong>s<br />

planejadas, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os imprevistos, sen<strong>do</strong> necessário acrescentar um<br />

tempo extra;<br />

• Tempo <strong>de</strong> coleta em cada ponto <strong>de</strong> amostragem;<br />

• Listagem <strong>do</strong>s equipamentos e materiais necessários para coleta, análise e<br />

preservação das amostras;<br />

• Cuida<strong>do</strong> na obtenção <strong>de</strong> amostras;<br />

• Transporte das amostras;<br />

A principal parte <strong>de</strong> um cruzeiro oceanográfico ocorre antes <strong>do</strong> embarque<br />

propriamente dito, pois a preparação <strong>do</strong> material necessário <strong>de</strong>ve seguir passos


14<br />

corretos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a separação <strong>do</strong>s equipamentos e vidrarias até o acondicionamento<br />

minucioso <strong>de</strong>ntro da embarcação.<br />

De maneira a facilitar o entendimento, este manual esta dividi<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma a orientar as<br />

coletas <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s por parâmetros químicos, indican<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> analítico usa<strong>do</strong> e os<br />

equipamentos que po<strong>de</strong>m substituir estes méto<strong>do</strong>s tradicionais.<br />

2. Cuida<strong>do</strong>s na preparação para coletas em oceanográfia química<br />

A coleta <strong>de</strong> amostras, embora possa parecer uma tarefa simples, po<strong>de</strong> representar o<br />

sucesso ou não <strong>de</strong> uma pesquisa ou <strong>de</strong> um monitoramento. As recomendações e<br />

cuida<strong>do</strong>s aqui cita<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s para o bom <strong>de</strong>senvolvimento nos<br />

trabalhos <strong>de</strong> campo.<br />

2.1. Anteriomente a saída<br />

• Verificar o número <strong>de</strong> frascos disponíveis para armazenar as amostra, assim<br />

como verificar se há algum tipo <strong>de</strong> vazamento, frascos sem tampa, etc.,<br />

separan<strong>do</strong> alguns frascos <strong>de</strong> reserva;<br />

• Dar preferência a materiais <strong>de</strong> plástico: pipeta, proveta, bequer, etc; caso a<br />

análise não permita, acondicioná-los com segurança;<br />

• Verificar o esta<strong>do</strong> físico <strong>do</strong> equipamento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> água, proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a sua<br />

calibração antes da chegada em campo;<br />

• Verificar as soluções padrões <strong>de</strong> calibração e as soluções <strong>de</strong> preservação ou<br />

fixa<strong>do</strong>ras, quanto aos prazos <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>, presença <strong>de</strong> materiais em<br />

suspensão ou sedimenta<strong>do</strong>s, etc;<br />

• Verificar to<strong>do</strong>s os equipamentos eletrônicos quanto a baterias, pilhas, soluções<br />

<strong>de</strong> calibração, e, aqueles que necessitam <strong>de</strong> energia externa, conferir a<br />

voltagem;<br />

• Provi<strong>de</strong>nciar água <strong>de</strong>stilada para lavagem <strong>do</strong>s materiais utiliza<strong>do</strong>s;<br />

• Provi<strong>de</strong>nciar material para anotação e registro <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s e<br />

observações <strong>de</strong> campo.<br />

2.2. Descontaminação <strong>do</strong>s frascos<br />

Os materiais <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s às análises físico-químicas po<strong>de</strong>m ser prepara<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> diversas maneiras, existin<strong>do</strong> para isso vários méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontaminação que<br />

utilizam soluções ácidas ou uma combinação <strong>de</strong>stas com agentes oxidantes,<br />

proporcionan<strong>do</strong> limpeza eficiente da superfície interna <strong>do</strong> recipiente <strong>de</strong> vidro ou <strong>de</strong><br />

plástico.


15<br />

Os frascos e tampas <strong>de</strong>vem ser lava<strong>do</strong>s em banhos <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> <strong>de</strong>tergentes que<br />

garantam a limpeza total e sem resíduos (ex: Extran), sen<strong>do</strong> enxagua<strong>do</strong>s com água<br />

corrente. Após, este procedimento estes <strong>de</strong>verão ser coloca<strong>do</strong>s em solução <strong>de</strong> áci<strong>do</strong><br />

nítrico 10 %, seguin<strong>do</strong>-se por enxágües com água <strong>de</strong>stilada.<br />

Os frascos para análise <strong>de</strong> macronutrientes, como os sais dissolvi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> nitrogênio e<br />

fósforo, <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>scontamina<strong>do</strong>s com uma solução <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> clorídrico a 5 %.<br />

3. Cuida<strong>do</strong>s na coleta<br />

• Evitar a coleta <strong>de</strong> partículas gran<strong>de</strong>s, folhas, <strong>de</strong>tritos ou outro tipo <strong>de</strong> material<br />

estranho aci<strong>de</strong>ntalmente, exceto no caso <strong>de</strong> sedimento <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>;<br />

• Proce<strong>de</strong>r à calibração <strong>do</strong>s equipamentos <strong>de</strong> medição in situ com as<br />

respectivas soluções padrões <strong>de</strong> referência;<br />

• Utilizar reagentes preservantes ou fixa<strong>do</strong>res, <strong>de</strong> grau analítico 3 , observan<strong>do</strong> a<br />

integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s reagentes, como prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>, contaminantes grosseiros<br />

(material em suspensão), coloração <strong>do</strong> reagente, etc.;<br />

• Ter cuida<strong>do</strong> para evitar a contaminação <strong>do</strong>s frascos e equipamentos <strong>de</strong> coleta,<br />

evitan<strong>do</strong> a exposição a outras impurezas que possam ser gran<strong>de</strong> fonte <strong>de</strong><br />

contaminação como gasolina, óleo, fumaça <strong>de</strong> exaustão <strong>de</strong> veículos e<br />

cigarros.<br />

• Utilizar durante a coleta das amostras luvas plásticas não-coloridas,<br />

preferencialmente cirúrgicas.<br />

3.1. Preservação das amostras<br />

Os principais objetivos <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> amostras são:<br />

• Retardar a ação biológica e a hidrólise <strong>do</strong>s compostos químicos e complexos;<br />

• Reduzir a volatilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s constituintes e os efeitos <strong>de</strong> adsorção;<br />

• Preservar organismos, evitan<strong>do</strong> alterações morfológicas e fisiológicas.<br />

Após a coleta, as amostras <strong>de</strong>verão ser acondicionadas imediatamente até a chegada<br />

ao laboratório <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> para as análises. As amostras que exigirem refrigeração para<br />

manutenção <strong>de</strong> sua integrida<strong>de</strong> física e química <strong>de</strong>vem ser acondicionadas em caixa<br />

térmica com gelo; valen<strong>do</strong> ressaltar que alguns parâmetros dispensam este tipo <strong>de</strong><br />

procedimento, como é o caso <strong>do</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> (OD), fixa<strong>do</strong> em campo. As ações<br />

biológicas po<strong>de</strong>m ocasionar mudança <strong>de</strong> valência <strong>do</strong>s elementos, incorporação <strong>de</strong><br />

substâncias dissolvidas à matéria orgânica, ruptura das células, liberan<strong>do</strong> substâncias<br />

3 Grau Analítico – Significa que os reagentes <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong> “Pureza Analítica” (P.A.), ou seja, com alto<br />

grau <strong>de</strong> pureza.


16<br />

intracelulares para o meio exterior, etc. As transformações mediadas por<br />

microrganismos po<strong>de</strong>m ser perfeitamente sentidas no caso <strong>do</strong>s ciclos biogeoquímicos<br />

<strong>do</strong> nitrogênio e fósforo, quan<strong>do</strong> as formas inorgânicas e orgânicas dissolvidas po<strong>de</strong>m<br />

ser interconvertidas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as condições ambientais.<br />

Mudanças nas condições físico-químicas da amostra po<strong>de</strong>m resultar em gran<strong>de</strong>s<br />

alterações na sua composição inicial através da precipitação <strong>de</strong> metais dissolvi<strong>do</strong>s ou<br />

formação <strong>de</strong> complexos com outros constituintes, mudança no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> oxidação <strong>de</strong><br />

cátions e ânions, dissolução ou volatilização com o tempo, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adsorção<br />

<strong>de</strong> íons pelas pare<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s frascos ou perda através <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> troca iônica.<br />

Tabela 1: Resumo <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s analíticos utiliza<strong>do</strong>s para cada parâmetro.<br />

Volume<br />

necessário<br />

Tempo máximo<br />

armazenamento<br />

Análise<br />

Preservação<br />

Méto<strong>do</strong> analítico<br />

Temperatura 50 mL - Medi<strong>do</strong> no local<br />

Termosalinômetro<br />

/ Multiparâmetro<br />

Salinida<strong>de</strong> 50 mL - Medi<strong>do</strong> no local<br />

Salinômetro /<br />

Multiparâmetro<br />

pH 50 mL - Medi<strong>do</strong> no local Peagâmetro<br />

Transparência - - Medi<strong>do</strong> no local<br />

Uso <strong>de</strong> um Disco<br />

<strong>de</strong> Secchi<br />

Turbi<strong>de</strong>z<br />

200 mL<br />

No escuro, sem<br />

variação térmica<br />

24 horas Turbidimetro<br />

Oxigênio<br />

Fixar a amostra<br />

Oxímetro / Méto<strong>do</strong><br />

300 mL<br />

24 horas<br />

dissolvi<strong>do</strong><br />

com R1 e R2<br />

químico<br />

Fixar 1 frasco e<br />

DBO 5<br />

2 X 300 mL incubar 1 por 5 24 horas / 5 dias Méto<strong>do</strong> químico<br />

dias<br />

MaterialParticula<strong>do</strong><br />

em suspensão<br />

Nutrientes<br />

inorgânicos<br />

500 mL<br />

250 mL<br />

Filtrar a amostra<br />

imediatamente<br />

Filtrar a amostra<br />

imediatamente<br />

-<br />

Gravimetria <strong>de</strong><br />

Volatilização<br />

- Espectrofotometria<br />

4. Temperatura<br />

A temperatura é consi<strong>de</strong>rada um parâmetro químico importante na avaliação da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água por representar as variações locais e sazonais <strong>do</strong> ambiente. A<br />

temperatura influencia na velocida<strong>de</strong> das reações químicas e biológicas, além disso, a<br />

variação da temperatura afeta diretamente a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da água, e como<br />

conseqüência, altera os processos <strong>de</strong> transporte. Um exemplo importante <strong>do</strong>s efeitos<br />

da temperatura sobre a química da água é o seu impacto sobre o oxigênio, que em<br />

temperatura mais elevadas afeta a sua solubilida<strong>de</strong> na água, fazen<strong>do</strong> com que esse<br />

gás se difunda mais facilmente para a atmosfera. Isso acarreta uma diminuição <strong>de</strong> sua<br />

disponibilida<strong>de</strong>, prejudican<strong>do</strong> diversas formas <strong>de</strong> vida aeróbicas aquáticas. Alguns<br />

compostos também se tornam mais tóxicos para a vida aquática em temperaturas<br />

mais elevadas. Além disso, o impacto da variação térmica exerce um efeito<br />

particularmente nocivo para as formas estenotérmicas (que não toleram gran<strong>de</strong>s


17<br />

variações <strong>de</strong> temperatura) como o salmão e a truta. A temperatura po<strong>de</strong> variar em<br />

função <strong>de</strong> fontes naturais (energia solar) e fontes antropogênicas (<strong>de</strong>spejos industriais<br />

e águas <strong>de</strong> resfriamento <strong>de</strong> máquinas). Portanto, a temperatura é um parâmetro muito<br />

importante na obtenção <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s oceanográficos.<br />

4.1. Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> coleta<br />

Em um cruzeiro oceanográfico a temperatura po<strong>de</strong> ser medida utilizan<strong>do</strong>-se um<br />

termômetro comum ou através <strong>de</strong> equipamentos digitais, tais como:<br />

termosalinômetros, termopeagâmetros ou sondas multiparâmetros.<br />

4.1.1. Termômetro comum<br />

Coletar água em um recipiente (ex: bal<strong>de</strong>) e introduzir um termômetro com uma boa<br />

precisão (<strong>de</strong> preferência 0,1°C) <strong>de</strong>ixar 30 segun<strong>do</strong>s para a estabilização da<br />

temperatura, retirar da água e ler o resulta<strong>do</strong> o mais rápi<strong>do</strong> possível para não haver<br />

alteração da temperatura. É possível medir diretamente no corpo hídrico, protegen<strong>do</strong><br />

o termômetro com um compartimento metálico ou <strong>de</strong> plástico on<strong>de</strong> o bulbo permanece<br />

imerso numa espécie <strong>de</strong> copo com cerca <strong>de</strong> 200 mL <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> permitin<strong>do</strong> a<br />

leitura da temperatura mesmo com o instrumento fora d’água.<br />

4.1.2. Equipamentos digitais<br />

Utilizar equipamentos como, por exemplo, termosalinômetro, termopeagâmetro ou<br />

sondas multiparâmetros, baseia-se no mesmo princípio <strong>do</strong> termômetro comum, porém<br />

é um “probe” que é <strong>de</strong>sci<strong>do</strong> até o corpo hídrico. Depois <strong>de</strong> esperar por 30 segun<strong>do</strong>s a<br />

leitura é feita diretamente no equipamento. Normalmente estes equipamentos <strong>de</strong>vem<br />

ser calibra<strong>do</strong>s antes <strong>de</strong> começar as coletas. Estes equipamentos facilitam a coleta <strong>de</strong><br />

da<strong>do</strong>s, pois realizam a leitura <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um parâmetro embora sejam mais utiliza<strong>do</strong>s<br />

para leituras <strong>de</strong> parâmetros em coletas muito superficiais.<br />

4.1.3. CTD<br />

Para a coleta da temperatura em profundida<strong>de</strong>s abaixo da subsuperfície usa-se<br />

equipamentos como o CTD. Descrição <strong>do</strong> procedimento <strong>de</strong> calibragem e coleta na<br />

parte <strong>de</strong> Oceanografia Física.<br />

5. Salinida<strong>de</strong><br />

A salinida<strong>de</strong> é a quantida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> material dissolvi<strong>do</strong> na água <strong>do</strong> mar. Esta é uma<br />

convenção que se aproxima à massa em gramas <strong>do</strong>s sóli<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> 1 Kg


18<br />

<strong>de</strong> água <strong>do</strong> mar, quan<strong>do</strong> os sóli<strong>do</strong>s tenham si<strong>do</strong> seca<strong>do</strong>s a 480 º C até peso constante,<br />

e nessa secagem, a matéria orgânica tenha si<strong>do</strong> completamente oxidada, e os<br />

brometos e os io<strong>de</strong>tos da amostra substituí<strong>do</strong>s por uma quantida<strong>de</strong> equivalente <strong>de</strong><br />

cloretos, e os carbonatos converti<strong>do</strong>s a óxi<strong>do</strong>s (Aminot & Chaussepied, 1983).<br />

A salinida<strong>de</strong> é uma gran<strong>de</strong>za física adimensional por ser a relação proporcional entre<br />

outras gran<strong>de</strong>zas. Por esta razão usualmente <strong>de</strong> salinida<strong>de</strong>s são medi<strong>do</strong>s em termos<br />

<strong>de</strong> ppm (partes por mil ou “ppt – parts per thousand”). Com a mudança da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

salinida<strong>de</strong> (relação entre a condutivida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong> mar e a <strong>de</strong> uma solução<br />

balanceada <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio) foi estabeleci<strong>do</strong> uma relação <strong>de</strong>finitiva entre a<br />

condutivida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong> mar e a sua salinida<strong>de</strong>, chamada Escala Prática <strong>de</strong><br />

Salinida<strong>de</strong>s (EPS ou “PSS – Practical Salinity Scale”). Como a salinida<strong>de</strong> prática é<br />

uma razão (divisão <strong>de</strong> <strong>do</strong>is termos com mesma unida<strong>de</strong>) não existe nenhuma unida<strong>de</strong><br />

(que se cancelam na divisão). A unida<strong>de</strong> "psu - practical salinity unit" não tem muito<br />

senti<strong>do</strong> e seu uso é fortemente <strong>de</strong>sencoraja<strong>do</strong>.<br />

A partir <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s da salinida<strong>de</strong>, temperatura e da pressão é possível <strong>de</strong>terminar a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da água. Esta diminui quan<strong>do</strong> a temperatura aumenta e cresce com o<br />

aumento da salinida<strong>de</strong> e da pressão. A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> é importante porque o oceano ten<strong>de</strong><br />

a mover-se <strong>de</strong> maneira que a água mais <strong>de</strong>nsa esteja no fun<strong>do</strong> e a menos <strong>de</strong>nsa na<br />

superfície.<br />

5.1. Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta<br />

Até 1950, eram usa<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s químicos <strong>de</strong> laboratório para se estabelecer à<br />

salinida<strong>de</strong>, como o méto<strong>do</strong> clássico <strong>de</strong> Mohr (titrimetria <strong>de</strong> precipitação), embora já se<br />

soubesse da viabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> emprego <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias físicas. A utilização <strong>de</strong><br />

refratômetros também era, e, ainda é, bastante utilizada. Porém, com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> técnicas para medir a condutivida<strong>de</strong> elétrica, começaram a serem<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s estes méto<strong>do</strong> físico, por serem muito mais rápi<strong>do</strong> e prático. Como a<br />

condutivida<strong>de</strong> elétrica é diretamente proporcional à salinida<strong>de</strong>, conversões<br />

algorítmicas são empregadas para a <strong>de</strong>terminação da salinida<strong>de</strong>.<br />

5.1.1. Refratômetro<br />

O refratômetro utiliza o princípio da refração da luz, uma vez que a salinida<strong>de</strong> é<br />

diretamente proporcional à refração da luz provocada pelos cristais <strong>de</strong> sal, bem como<br />

à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, neste senti<strong>do</strong> as medições <strong>de</strong>stas variáveis po<strong>de</strong>m conduzir a valores <strong>de</strong><br />

salinida<strong>de</strong>.


19<br />

O refratômetro (Fig. 1) <strong>de</strong> mão é simples <strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong>, porém não possui uma boa<br />

precisão, varian<strong>do</strong> em torno <strong>de</strong> 0,2 <strong>de</strong> salinida<strong>de</strong>. Para realizar a medição da<br />

salinida<strong>de</strong> utilizan<strong>do</strong> um refratômetro é importante seguir os seguintes passos:<br />

• Abrir a tampa<br />

• Lavar a janela e a tampa com água <strong>de</strong>stilada;<br />

• Secar a janela com papel macio;<br />

• Por uma amostra <strong>de</strong> água sobre a janela, cobrin<strong>do</strong>-a completamente;<br />

• Realizar a leitura, olhan<strong>do</strong> contra a luz;<br />

• Lavar a janela e a tampa, novamente, com água <strong>de</strong>stilada;<br />

• Secar com papel macio;<br />

Figura 1. Refratômetro. 1, Janela; 2, Tampa; 3, Parafuso <strong>de</strong> ajuste; 4, Segura<strong>do</strong>r; 5, Ajuste <strong>de</strong><br />

foco <strong>do</strong> visor. (Fonte: www.iepa.ap.gov.br)<br />

5.1.2. Equipamentos digitais<br />

Os aparelhos digitais, tais como os salinômetros, termosalinômetros, multiparâmetros<br />

e até mesmo os CTD`s são <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um sensor que, internamente, possui pares <strong>de</strong><br />

eletro<strong>do</strong>s que me<strong>de</strong>m a corrente e a diferença <strong>de</strong> voltagem entre os eletro<strong>do</strong>s. A<br />

voltagem medida é convertida em um valor <strong>de</strong> condutância em Mili-Siemens (ou Mili-<br />

Mhos) e para converter esse valor para o valor <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> (condutância<br />

específica) Mili-Siemens por cm (mS. cm -1 ), a condutância é multiplicada pela<br />

constante da probe que tem unida<strong>de</strong>s em cm (cm -1 ). To<strong>do</strong> este processo é realiza<strong>do</strong><br />

automaticamente pelo aparelho, fornecen<strong>do</strong> no visor o valor da condutivida<strong>de</strong> e da<br />

salinida<strong>de</strong>.<br />

Muitas vezes, associa<strong>do</strong>s aos salinômetros existem sensores <strong>de</strong> temperatura, pH, OD,<br />

entre outros e alguns até mesmo <strong>de</strong> pressão, que coletam estes parâmetros,<br />

concomitantemente, para a correção <strong>do</strong> valor da salinida<strong>de</strong>, que é bastante<br />

influenciada pela temperatura e pela pressão.


20<br />

5.1.3. Cuida<strong>do</strong>s na obtenção <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

• Efetuar a calibração e a medição das amostras <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as instruções<br />

<strong>do</strong> fabricante <strong>do</strong> aparelho;<br />

• Transferir uma alíquota da amostra coletada para um frasco;<br />

• Introduzir o(s) eletro<strong>do</strong>(s) na amostra e esperar até o estabelecimento <strong>do</strong><br />

equilíbrio, fazer a leitura da salinida<strong>de</strong> e/ou condutivida<strong>de</strong>;<br />

• Lavar o eletro<strong>do</strong> antes e entre as medições <strong>de</strong> cada amostra, com água<br />

<strong>de</strong>stilada e secar com papel macio;<br />

• Realizar a coleta mergulhan<strong>do</strong> o eletro<strong>do</strong> diretamente no ambiente, na<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada. Para leituras em profundida<strong>de</strong>s diferente, fazer as<br />

leituras controlan<strong>do</strong> a profundida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> marcas no cabo <strong>de</strong> imersão;<br />

6. pH<br />

O pH, potencial hidrogeniônico, é um índice que indica a aci<strong>de</strong>z, neutralida<strong>de</strong> ou<br />

alcalinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> meio. O termo pH foi obti<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como a<br />

concentração <strong>de</strong> íons <strong>de</strong> hidrogênio é calculada - é o logaritmo negativo <strong>do</strong> íon<br />

hidrogênio (H + ), ou seja, em pH mais eleva<strong>do</strong>, há menos íons <strong>de</strong> hidrogênio livre, e<br />

uma mudança <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> pH reflete uma mudança <strong>de</strong> <strong>de</strong>z vezes a concentração<br />

<strong>do</strong> íon hidrogênio. Por exemplo, há 10 vezes mais íons <strong>de</strong> hidrogênio disponível em<br />

um pH <strong>de</strong> 7 <strong>do</strong> que em um pH <strong>de</strong> 8. O escala <strong>de</strong> pH varia <strong>de</strong> 0 a 14, sen<strong>do</strong> um pH <strong>de</strong><br />

7 consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> neutro. Substâncias com pH inferior a 7 são ácidas e as substâncias<br />

com pH superior a 7 são básicas.<br />

O pH da água <strong>de</strong>termina a solubilida<strong>de</strong> (montante que po<strong>de</strong> ser dissolvi<strong>do</strong> na água) e<br />

disponibilida<strong>de</strong> biológica (montante que po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong> pela vida aquática) <strong>de</strong><br />

constituintes químicos, como nutrientes (fósforo, nitrogênio e carbono) e metais<br />

pesa<strong>do</strong>s (chumbo, cobre, cádmio, etc.). Por exemplo, além <strong>de</strong> afetar quanto e qual a<br />

forma <strong>de</strong> fósforo é mais abundante na água, o pH po<strong>de</strong> também <strong>de</strong>terminar se a vida<br />

aquática po<strong>de</strong> usá-lo. No caso <strong>do</strong>s metais pesa<strong>do</strong>s, o grau em que são solúveis<br />

<strong>de</strong>termina a sua toxicida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sta forma os metais ten<strong>de</strong>m a ser mais tóxicos em<br />

águas com pH mais áci<strong>do</strong>, por serem mais solúveis.<br />

6.1. Determinação <strong>do</strong> pH<br />

Os méto<strong>do</strong>s disponíveis para <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> pH são fundamentalmente<br />

colorimétricos e eletrométricos. Apesar <strong>de</strong>stes últimos serem atualmentew mais<br />

utiliza<strong>do</strong>s, os méto<strong>do</strong>s colorimétricos foram favoreci<strong>do</strong>s por muitos anos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta


21<br />

<strong>de</strong> conhecimentos técnicos que pu<strong>de</strong>ssem fazer <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s eletrométricos algo<br />

rotineiro.<br />

Os méto<strong>do</strong>s colorimétricos foram usa<strong>do</strong>s empiricamente durante décadas, embora<br />

teorias físico-químicas, hoje, expliquem o princípio <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res utiliza<strong>do</strong>s. Eles se<br />

baseiam na mudança <strong>de</strong> cor quan<strong>do</strong> certas substâncias entram em contato com meio<br />

áci<strong>do</strong> ou alcalino.<br />

A partir <strong>de</strong> 1920 os procedimentos eletrométricos começaram a ganhar espaço, pois<br />

superavam <strong>de</strong>ficiências <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s colorimétricos. Em 1934 Beckman <strong>de</strong>senvolveu o<br />

primeiro medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> pH bem-sucedi<strong>do</strong>. Com o passar <strong>do</strong>s anos, foram introduzidas<br />

gran<strong>de</strong>s melhorias nos medi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> pH até sua forma atual, incluin<strong>do</strong> eletro<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

vidro <strong>de</strong> alta estabilida<strong>de</strong>.<br />

O princípio <strong>do</strong>s peagâmetros atuais é a <strong>de</strong>terminação da força eletromotriz (f.e.m.) <strong>de</strong><br />

uma célula eletroquímica constituída por uma solução cujo pH se <strong>de</strong>seja medir e <strong>do</strong>is<br />

eletro<strong>do</strong>s. Um <strong>de</strong>les é o eletro<strong>do</strong> <strong>de</strong> referência, cujo potencial in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> pH da<br />

solução. O outro é o eletro<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r, o qual adquire um potencial <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> pH<br />

da solução sob exame. O eletro<strong>do</strong> <strong>de</strong> vidro é o mo<strong>de</strong>lo mais usa<strong>do</strong> para as medidas<br />

<strong>de</strong> pH.<br />

6.2.Material necessário<br />

• Frascos <strong>de</strong> polietileno com tampa rosqueada (50ml) ou frascos <strong>de</strong> vidro com<br />

tampa esmerilhada (um para cada amostra);<br />

• Bequers <strong>de</strong> 100 ml (um para cada amostra e para cada solução tampão);<br />

• Soluções tampão com pH 7 e 4;<br />

• Solução <strong>de</strong> KCl 3M;<br />

• Lenços <strong>de</strong> papel absorvente macio;<br />

• Termômetro <strong>de</strong> mercúrio (caso o peagâmetro não tenha registro e calibração<br />

automática <strong>de</strong> temperatura).<br />

6.3. Calibração <strong>do</strong> aparelho medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> pH<br />

A calibração e a medição das amostras <strong>de</strong>vem ser efetuadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<br />

instruções <strong>do</strong> fabricante <strong>do</strong> aparelho.<br />

Para a maioria <strong>do</strong>s equipamentos existem <strong>do</strong>is controles importantes:<br />

• O controle <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio lateral usa<strong>do</strong> para corrigir <strong>de</strong>svios laterais da curva<br />

potencial <strong>do</strong> eletro<strong>do</strong> em função <strong>do</strong> pH, com relação ao ponto isopotencial. A<br />

calibração <strong>do</strong> instrumento com soluções tampão é uma aplicação prática <strong>de</strong>


22<br />

correção <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>svio lateral;<br />

• O controle <strong>de</strong> inclinação usa<strong>do</strong> para corrigir <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> inclinação, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, por<br />

exemplo, à influência da temperatura, promove uma rotação da curvatura <strong>do</strong><br />

eletro<strong>do</strong> em torno <strong>do</strong> ponto isopotencial (pH = 7 e E = 0). Na prática, para<br />

evitar a inclinação da curva, para uma dada temperatura, também calibrar o<br />

eletro<strong>do</strong> com soluções tampão.<br />

• Os ajustes <strong>do</strong> <strong>de</strong>svio lateral e <strong>de</strong> inclinação utilizan<strong>do</strong> soluções tampões<br />

padrões que constituem os procedimentos básicos <strong>de</strong> calibração instrumental<br />

para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> pH.<br />

• O aparelho <strong>de</strong>ve ser liga<strong>do</strong> meia hora antes da calibração, para que ocorra a<br />

estabilização;<br />

• Caso o aparelho não compense automaticamente a temperatura, colocar o<br />

compensa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> temperatura <strong>do</strong> aparelho na temperatura <strong>de</strong> trabalho.<br />

• Colocar inicialmente o eletro<strong>do</strong>, previamente lava<strong>do</strong> com água <strong>de</strong>stilada e<br />

retirar o excesso <strong>de</strong> água com um papel absorvente macio, na solução tampão<br />

<strong>de</strong> pH=7 e corrigir o <strong>de</strong>svio lateral. Após retirar o eletro<strong>do</strong> e novamente lavar<br />

com água <strong>de</strong>stilada e secar; repetin<strong>do</strong> este procedimento para as soluções<br />

tampão <strong>de</strong> pH=4.<br />

6.4. Coleta e medida <strong>do</strong> pH<br />

• Transferir uma alíquota da amostra coletada para um frasco, evitan<strong>do</strong> o<br />

borbulhamento e a exposição prolongada da amostra ao ar.<br />

• Manter a amostra, após a coleta, em local sem a presença <strong>de</strong> luz até a análise,<br />

<strong>de</strong>ven<strong>do</strong> esta não ser extendida por longo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo.<br />

• Introduzir o(s) eletro<strong>do</strong>(s) na amostra e esperar até o estabelecimento <strong>do</strong><br />

equilíbrio, fazer a leitura <strong>do</strong> pH.<br />

• Lavar o(s) eletro<strong>do</strong>(s) com água <strong>de</strong>stilada entre as medidas e secá-lo(s) com<br />

papel absorvente macio.<br />

6.5. Interferências na análise<br />

• O aumento da temperatura causa um aumento da inclinação da curva potencial<br />

<strong>do</strong> eletro<strong>do</strong> versus pH, sen<strong>do</strong> que a 0°C a inclinação é <strong>de</strong> 54mV/unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pH<br />

e aumenta cerca <strong>de</strong> 5mV/unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pH a cada 25°C;<br />

• Efeitos químicos causa<strong>do</strong>s por mudanças no equilíbrio químico (variação <strong>de</strong><br />

temperatura, concentração <strong>de</strong> reagentes, etc.) que agem, por exemplo, sobre<br />

tampões <strong>de</strong> pH padrões.


23<br />

• Em pH maior que 10 ocorre a interferência da ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sódio (causan<strong>do</strong><br />

resulta<strong>do</strong>s mais baixos) a qual po<strong>de</strong> ser contornada com o uso <strong>de</strong> um eletro<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> vidro projeta<strong>do</strong> para minimizar esse erro. Também em meios com pH menor<br />

que 1 o eletro<strong>do</strong> <strong>de</strong> vidro padrão produz resulta<strong>do</strong>s maiores que os reais<br />

haven<strong>do</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> especificação <strong>de</strong> um eletro<strong>do</strong> próprio.<br />

7. Turbi<strong>de</strong>z<br />

A turbi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong> água é o grau <strong>de</strong> atenuação <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> que um<br />

feixe <strong>de</strong> luz sofre ao atravessá-la. Esta redução ocorre <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à absorção e<br />

espalhamento da luz, uma vez que as partículas que provocam a turbi<strong>de</strong>z nas águas<br />

são maiores que o comprimento <strong>de</strong> onda da luz branca.<br />

As principais causas da turbi<strong>de</strong>z da água são: presença <strong>de</strong> matérias sólidas em<br />

suspensão (silte, argila, sílica, colói<strong>de</strong>s, etc.), matéria orgânica e inorgânica,<br />

organismos microscópicos e algas.<br />

O conhecimento <strong>de</strong>sse parâmetro é fundamental para se <strong>de</strong>terminar à intensida<strong>de</strong> da<br />

luz penetrante sobre o sistema aquático superficial, on<strong>de</strong> os produtores primários<br />

produzem matéria orgânica graças à fotossíntese.<br />

As mudanças nos valores <strong>de</strong>ste parâmetro po<strong>de</strong>m estar associa<strong>do</strong>s a dragagens,<br />

aumento <strong>de</strong> vazões, enchentes e, até mesmo, por organismos que remobilizam o<br />

sedimento <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> (bioturbação) aumentan<strong>do</strong> a turbi<strong>de</strong>z das águas.<br />

Concentrações elevadas <strong>de</strong> partículas em suspensão em águas rasas como lagos e<br />

baías po<strong>de</strong>m interferir na fotossíntese levan<strong>do</strong> ao sufocamento <strong>do</strong>s habitats aquáticos.<br />

Partículas finas po<strong>de</strong>m também obstruir ou causar danos sensíveis as estruturas <strong>de</strong><br />

alguns organismos (Ex: Bivalvos Filtra<strong>do</strong>res).<br />

7.1. Determinação da turbi<strong>de</strong>z<br />

A turbi<strong>de</strong>z po<strong>de</strong> ser medida por turbidímetro, que é um aparelho basea<strong>do</strong> na<br />

comparação da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz espalhada pela amostra em condições <strong>de</strong>finidas,<br />

com a intensida<strong>de</strong> da luz espalhada por uma suspensão consi<strong>de</strong>rada padrão. Quanto<br />

maior a intensida<strong>de</strong> da luz espalhada maior será a turbi<strong>de</strong>z da amostra analisada. O<br />

turbidímetro é o aparelho utiliza<strong>do</strong> para a leitura, este aparelho é constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> um<br />

nefelômetro, sen<strong>do</strong> a turbi<strong>de</strong>z expressa em Unida<strong>de</strong>s Nefelométricas <strong>de</strong> Turbi<strong>de</strong>z<br />

(UNT).


24<br />

O nefelômetro consta <strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> luz, para iluminar a amostra, e um <strong>de</strong>tector<br />

fotoelétrico com um dispositivo para indicar a intensida<strong>de</strong> da luz espalhada em ângulo<br />

reto ao caminho da luz inci<strong>de</strong>nte.<br />

A <strong>de</strong>terminação po<strong>de</strong> ser feita diretamente no ambiente, ou po<strong>de</strong>-se recolher as<br />

amostras a serem analisadas em frascos <strong>de</strong> vidro ou plástico, para <strong>de</strong>terminação<br />

posterior. É aconselha<strong>do</strong> que as amostras sejam armazenadas em local escuro à<br />

temperatura ambiente e as análises realizadas num perío<strong>do</strong> máximo <strong>de</strong> 24 horas. É<br />

importante tomar o cuida<strong>do</strong> <strong>de</strong> verificar a presença <strong>de</strong> partículas ou materiais<br />

estranhos.<br />

O aparelho <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>tectar diferenças <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> 0,02 unida<strong>de</strong>s para águas com<br />

turbi<strong>de</strong>z menor que 1 unida<strong>de</strong> (ex: águas oceânicas), a turbi<strong>de</strong>z máxima a ser medida<br />

é 40 UNT, sen<strong>do</strong> necessário realizar diluições se a medida da turbi<strong>de</strong>z for superar ao<br />

valor máximo.<br />

7.2. Interferentes<br />

• Presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos e materiais grosseiros em suspensão que se <strong>de</strong>positam<br />

rapidamente, o que levará a resulta<strong>do</strong>s subestima<strong>do</strong>s;<br />

• Cor, <strong>de</strong>vida à sua proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorver luz interferin<strong>do</strong> negativamente;<br />

• Bolhas pequenas provocarão resulta<strong>do</strong>s superestima<strong>do</strong>s.<br />

7.3. Material necessário<br />

• Turbidímetro com nefelômetro;<br />

• Tubo para amostra, <strong>de</strong> vidro incolor;<br />

• Água <strong>de</strong>stilada, para diluição, se necessário passar a água <strong>de</strong>stilada através<br />

<strong>de</strong> um filtro <strong>de</strong> membrana <strong>de</strong> porosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 0,45 microns, para a garantia <strong>de</strong><br />

que não existe material em suspensão;<br />

• Solução para calibração.<br />

7.4. Análise<br />

• Calibrar o aparelho <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as instruções <strong>do</strong> fabricante<br />

• Medir os padrões no turbidímetro, cobrin<strong>do</strong> todas as faixas <strong>de</strong> interesses e<br />

preparar curvas <strong>de</strong> calibração <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> interesse das amostras.<br />

7.4.1. Turbi<strong>de</strong>z menor que 40 unida<strong>de</strong>s<br />

• Homogeneizar a amostra para que ocorra a dispersão <strong>do</strong>s sóli<strong>do</strong>s;


25<br />

• Fazer a leitura da amostra no turbidímetro após o <strong>de</strong>saparecimento das bolhas<br />

<strong>de</strong> ar.<br />

7.4.2. Turbi<strong>de</strong>z maior que 40 unida<strong>de</strong>s<br />

• Diluir a amostra com água <strong>de</strong>stilada, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que, as leituras estejam <strong>de</strong>ntro<br />

da faixa <strong>de</strong>sejada;<br />

•<br />

• Cálculo <strong>de</strong> diluição Turbi<strong>de</strong>z (UNT) = A (x) F;<br />

on<strong>de</strong>:<br />

A= leitura da amostra,<br />

F= fator da diluição<br />

7.5. Procedimentos<br />

• Selecionar a faixa <strong>de</strong> 20 NTU através da chave seletora <strong>de</strong> faixas;<br />

• Introduzir a cubeta <strong>do</strong> padrão <strong>de</strong> 10 NTU na câmara fechan<strong>do</strong>-a, limpa<strong>do</strong> o<br />

tubo com papel absorvente macio antes.<br />

• Calibrar o aparelho, giran<strong>do</strong> o botão calibração (STANDARDIZE).<br />

• Desligar o aparelho, utilizan<strong>do</strong> somente a chave seletora <strong>de</strong> faixas (OFF).<br />

• Colocar a amostra a ser analisada na cubeta, evitan<strong>do</strong> a formação <strong>de</strong> bolhas.<br />

Fechar com a tampa, limpan<strong>do</strong> a cubeta com papel absorvente macio.<br />

• Inserir o tubo na câmara e fechá-la.<br />

• Selecionar a faixa apropriada através da chave seletora <strong>de</strong> faixa.<br />

• Anotar o valor em NTU assim que a leitura estabilizar.<br />

8. Transparência da água<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista óptico, a transparência da água po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada o oposto da<br />

turbi<strong>de</strong>z. A transparência é uma medida <strong>de</strong> extinção da luz, indican<strong>do</strong> a distância que<br />

um raio <strong>de</strong> luz consegue penetrar na coluna d’água, varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> poucos centímetros a<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> metros.<br />

A transparência da água é afetada basicamente por 2 fatores: algas e material em<br />

suspensão. Quan<strong>do</strong> há muitos nutrientes na água, as algas multiplicam-se, diminuin<strong>do</strong><br />

a transparência. Do mesmo mo<strong>do</strong>, quanto mais material em suspensão estiver<br />

presente, maior será a turbi<strong>de</strong>z e, consequentemente, menor será a transparência.<br />

A medida da transparência da água po<strong>de</strong> ser obtida <strong>de</strong> maneira muito simples, através<br />

<strong>de</strong> um equipamento, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> disco <strong>de</strong> Secchi.


26<br />

8.1. Disco <strong>de</strong> Secchi<br />

Este disco foi inventa<strong>do</strong> pelo padre italiano Pietro Ângelo Secchi, sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> pela<br />

primeira vez em 1865, durante suas viagens na nave Papal Imaculada Conceição,<br />

para medir a transparência da água <strong>do</strong> Mar Mediterrâneo. Era, na época, constituí<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> um pesa<strong>do</strong> disco <strong>de</strong> metal preso por uma corda graduada afunda<strong>do</strong> na água até<br />

seu <strong>de</strong>saparecimento. Inicialmente foram utiliza<strong>do</strong>s discos <strong>de</strong> diâmetro variável, ten<strong>do</strong><br />

atingi<strong>do</strong> até 2 m. Atualmente são utiliza<strong>do</strong>s discos com 20-30 cm <strong>de</strong> diâmetro. Este<br />

po<strong>de</strong> ser inteiramente branco, como utiliza<strong>do</strong> por muitos grupos <strong>de</strong> pesquisa no Brasil,<br />

ou po<strong>de</strong> ter alterna<strong>do</strong> partes brancas e pretas (Fig. 2). Segun<strong>do</strong> a literatura, este<br />

último oferece melhores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ser contrasta<strong>do</strong> com a água, sen<strong>do</strong> a<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada melhor relacionada com a transparência da água.<br />

Figura 2. Disco <strong>de</strong> Secchi<br />

8.1.1. Coeficiente <strong>de</strong> atenuação vertical<br />

Mesmo não fornecen<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s qualitativos e quantitativos sobre a radiação<br />

subaquática, é possível calcular o coeficiente <strong>de</strong> atenuação vertical (Kds) da luz<br />

através das medidas da profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> disco <strong>de</strong> Secchi. A transparência <strong>do</strong> disco <strong>de</strong><br />

Secchi (Zds) é basicamente função da reflexão da luz na superfície <strong>do</strong> disco, sen<strong>do</strong><br />

também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da intensida<strong>de</strong> luminosa sub-superficial (Io) e da intensida<strong>de</strong><br />

luminosa na profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>saparecimento visual <strong>do</strong> disco <strong>de</strong> Secchi (Ids) e, <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com a lei <strong>de</strong> Lambert-Bouguer, temos:<br />

Zds = ln(Io/Ids) / Kds (equação 1)<br />

Como a relação Io/Ids é <strong>de</strong> aproximadamente 1,7, po<strong>de</strong>-se calcular Kds através da<br />

seguinte relação:


27<br />

Kds = 1,7/Zds (equação 2)<br />

Desta forma, a partir das equações 1 e 2 po<strong>de</strong>m ser calcula<strong>do</strong>s fatores que quan<strong>do</strong><br />

multiplica<strong>do</strong>s pela profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> disco <strong>de</strong> Secchi permitem a obtenção <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes a percentuais da luz inci<strong>de</strong>nte na coluna <strong>de</strong> água subsuperficial.<br />

Para calcular a profundida<strong>de</strong> na massa <strong>de</strong> água cuja intensida<strong>de</strong> luminosa<br />

corresponda a 1% <strong>do</strong> valor da sub-superfície <strong>de</strong>ve-se multiplicar a profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

disco <strong>de</strong> Secchi por um fator fz <strong>de</strong> 2,709.<br />

8.1.2.Vantagens<br />

• Simplicida<strong>de</strong>;<br />

• Baixo custo;<br />

• Facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte;<br />

• Muitas informações po<strong>de</strong>m ser obtidas com o seu uso;<br />

• Uso generaliza<strong>do</strong> entre os pesquisa<strong>do</strong>res, permitin<strong>do</strong> comparações.<br />

8.1.3. Protocolo <strong>de</strong> medição da transparência da água<br />

• Posicionar-se no la<strong>do</strong> da sombra projeta<strong>do</strong> por um <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s <strong>do</strong> barco e<br />

mergulhar o disco <strong>de</strong> Secchi preso por um cabo gradua<strong>do</strong> em centímetros;<br />

• O observa<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ve se posicionar <strong>de</strong> forma a visualizar o disco <strong>de</strong> cima para<br />

baixo;<br />

• A profundida<strong>de</strong> em que o observa<strong>do</strong>r per<strong>de</strong>-o <strong>de</strong> vista é anota<strong>do</strong> (profundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecimento). Em seguida, <strong>de</strong>ve-se iça-lo até uma profundida<strong>de</strong> em<br />

que se torne visível novamente (profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reaparecimento). Anotar a<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> seu aparecimento;<br />

• Utilizar a média das medidas das profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecimento e<br />

aparecimento na coluna da água.<br />

8.1.4. Cuida<strong>do</strong>s<br />

• Todas as leituras <strong>de</strong>vem ser realizadas pelo mesmo opera<strong>do</strong>r, uma vez que a<br />

sensibilida<strong>de</strong> da visão varia para cada pessoa;<br />

• Preferivelmente, as medidas <strong>de</strong>vem ser realizadas entre as 10:00 e 16:00<br />

horas, já que neste perío<strong>do</strong> os raios solares inci<strong>de</strong>m em ângulo similar.


28<br />

9. Oxigênio dissolvi<strong>do</strong><br />

O oxigênio dissolvi<strong>do</strong> (OD) é o elemento principal no metabolismo <strong>do</strong>s microrganismos<br />

aeróbios. Nas águas naturais, o oxigênio é indispensável também para outros seres<br />

vivos, como peixes, sen<strong>do</strong> que a maioria das espécies não sobrevive a concentrações<br />

<strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> na água inferior a 4,0 mg.L -1 .<br />

A água em condições normais contém OD, cujo teor <strong>de</strong> saturação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

profundida<strong>de</strong> e da temperatura. Neste senti<strong>do</strong>, quanto maior a pressão, maior a<br />

dissolução, e quanto maior a temperatura, menor a dissolução <strong>de</strong>sse gás.<br />

Águas com baixos teores indicam que po<strong>de</strong>m estar receben<strong>do</strong> matéria orgânica, pois<br />

a <strong>de</strong>composição <strong>de</strong>sta por bactérias aeróbicas é, geralmente, acompanhada pelo<br />

consumo e, conseqüentemente, pela redução <strong>do</strong> OD da água. Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>puração <strong>do</strong> ecossistema, a concentração <strong>de</strong> Oxigênio po<strong>de</strong><br />

alcançar valores muito baixos, ou zero, propician<strong>do</strong>, até mesmo, a extinção <strong>do</strong>s<br />

organismos aquáticos.<br />

A <strong>de</strong>terminação da concentração <strong>de</strong> OD nas águas também se faz necessária para a<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> DBO, ou seja, a Demanda Bioquímica <strong>de</strong> Oxigênio, que representa o<br />

potencial <strong>de</strong> matéria orgânica bio<strong>de</strong>gradável nas águas naturais ou em esgotos<br />

sanitários e efluentes industriais.<br />

9.1. Determinação <strong>do</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong><br />

A <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> OD na água po<strong>de</strong> ser realizada pelo méto<strong>do</strong> químico que está<br />

basea<strong>do</strong> no méto<strong>do</strong> clássico <strong>de</strong> Winkler (titrimetria <strong>de</strong> oxidação e redução), ou por<br />

equipamentos digitais como Oxímetros.<br />

9.1.1. Méto<strong>do</strong> químico<br />

A <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> OD pelo méto<strong>do</strong> químico é uma <strong>de</strong>terminação indireta da real<br />

concentração <strong>de</strong> oxigênio no meio aquoso. A quantida<strong>de</strong> equivalente <strong>de</strong> oxigênio<br />

molecular dissolvi<strong>do</strong> na água é titulada, com Tiossulfato <strong>de</strong> Sódio (Na 2 S 2 O 3 ) usan<strong>do</strong>se<br />

como indica<strong>do</strong>r uma suspensão <strong>de</strong> ami<strong>do</strong>, na forma <strong>de</strong> Io<strong>do</strong> (I) molecular.<br />

Para a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> na água pelo Méto<strong>do</strong> Químico <strong>de</strong>ve-se<br />

seguir os seguintes procedimentos:<br />

9.1.1.1. Material necessário<br />

• Frascos <strong>de</strong> DBO;<br />

• Frascos Erlemeyer;<br />

• Reagentes R1 e R2;


29<br />

• Áci<strong>do</strong> Sulfúrico;<br />

• Pipetas;<br />

• Bureta para titulação<br />

9.1.1.2. Amostragem, fixação <strong>do</strong> oxigênio nas amostras e armazenamento.<br />

• Coletar a amostra (ex: garrafa coletora, Niskin) e retirar uma subamostra para<br />

um frasco <strong>de</strong> DBO (com a tampa esmerilhada), evitan<strong>do</strong> a formação <strong>de</strong> bolhas<br />

<strong>de</strong> ar. Po<strong>de</strong> ser utilizada uma mangueira acoplada a torneira <strong>de</strong> saída <strong>de</strong> água<br />

<strong>de</strong> uma garrafa coletora, sen<strong>do</strong> esta introduzida até o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> frasco <strong>de</strong> DBO.<br />

• Sifonar a amostra usan<strong>do</strong> um tubo flexível para minimizar a formação <strong>de</strong><br />

bolhas <strong>de</strong> ar para subamostragem, quan<strong>do</strong> a amostra for coletada com um<br />

bal<strong>de</strong>.<br />

• Adicionar 1 mL <strong>do</strong> reativo R1 (Solução <strong>de</strong> Sulfato Manganoso {MnSO 4 }) e 1 mL<br />

<strong>do</strong> R2 (Solução alcalina <strong>de</strong> Io<strong>de</strong>to <strong>de</strong> Potássio {KI + NaOH}), logo após a<br />

transferência da amostra para o frasco <strong>de</strong> DBO ainda no local da amostragem,<br />

toman<strong>do</strong> o cuida<strong>do</strong> <strong>de</strong> colocar a ponta da pipeta abaixo da superfície da<br />

amostra.<br />

• Fechar o frasco com cuida<strong>do</strong>, evitan<strong>do</strong> a formação <strong>de</strong> bolhas <strong>de</strong> ar e<br />

homogeneizar a amostra até o precipita<strong>do</strong> marrom ficar disperso.<br />

• Os frascos conten<strong>do</strong> as amostras com o oxigênio já fixa<strong>do</strong> quimicamente<br />

po<strong>de</strong>m ser estoca<strong>do</strong>s por até 24 horas, toman<strong>do</strong> o cuida<strong>do</strong> para não sofrerem<br />

trocas térmicas.<br />

9.1.1.3. Acidificação das amostras fixadas e titulação com Tiossulfato <strong>de</strong> Sódio<br />

• Para a titulação <strong>de</strong>ve-se adicionar 1 mL <strong>de</strong> Áci<strong>do</strong> Sulfúrico concentra<strong>do</strong>.<br />

• Fechar o frasco com cuida<strong>do</strong> e misturar até que o precipita<strong>do</strong> dissolva-se. As<br />

amostras acidificadas são estáveis por muitas horas ou dias, quan<strong>do</strong> não<br />

apresentarem muita matéria orgânica, e po<strong>de</strong>m ser mantidas a temperatura<br />

ambiente. Porém é melhor não retardar a titulação em mais <strong>de</strong> 1 hora, já que o<br />

io<strong>do</strong> forma<strong>do</strong> na acidificação po<strong>de</strong> ser lentamente consumi<strong>do</strong> na oxidação da<br />

matéria orgânica.<br />

• Realizar a titulação com Tiossulfato <strong>de</strong> Sódio, utilizan<strong>do</strong> uma solução <strong>de</strong> ami<strong>do</strong><br />

como indica<strong>do</strong>r.<br />

9.1.1.4. Reagentes e soluções<br />

Reagentes (R1) Sulfato <strong>de</strong> manganês: dissolver 365g <strong>de</strong> sulfato manganoso<br />

monoidrata<strong>do</strong> (MnSO . 4 H 2 O) em água <strong>de</strong>stilada e aferir o volume a um litro. A solução


30<br />

<strong>de</strong>ve ser guardada em frasco escuro.<br />

Reagentes (R2) Io<strong>de</strong>to alcalino <strong>de</strong> Potássio: dissolver 500g <strong>de</strong> hidróxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> sódio<br />

(NaOH) em 500ml <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada. Dissolver 300 g <strong>de</strong> io<strong>de</strong>to <strong>de</strong> potássio (KI) em<br />

450 mL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada e misturar as duas soluções. Como esta reação libera calor,<br />

<strong>de</strong>ve-se esperar o resfriamento para após aferir a um litro. Armazenar a solução em<br />

frascos <strong>de</strong> plástico.<br />

Áci<strong>do</strong> Sulfúrico: Utiliza-se Áci<strong>do</strong> Sulfúrico (H 2 SO 4 ) P.A.<br />

Suspensão <strong>de</strong> Ami<strong>do</strong>: dissolver <strong>de</strong> 2 a 3 g <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> em 100 mL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada,<br />

aquecen<strong>do</strong> a suspensão até ebulir. Esfria-se e adiciona-se 1 mL <strong>de</strong> clorofórmio para<br />

preservar a suspensão.<br />

9.1.1.5. Titulação da amostra<br />

• Transferir 50 mL da amostra fixada para o frasco <strong>de</strong> Erlenmeyer utilizan<strong>do</strong> uma<br />

pipeta volumétrica;<br />

• Adicionar 1 mL <strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> ami<strong>do</strong>, o ami<strong>do</strong> forma com o io<strong>do</strong> molecular um<br />

complexo <strong>de</strong> cor azul;<br />

• Titular com solução padrão <strong>de</strong> tiossulfato <strong>de</strong> sódio, gota a gota, até a cor azul<br />

tornar-se incolor. Anotar o volume gasto <strong>do</strong> tiossulfato e repetir a titulação para<br />

obter um volume médio.<br />

9.1.1.6. Cálculos da concentração <strong>de</strong> OD<br />

[O 2 ] mg.L -1 =M(x)(V-b)(x)1000(x)32<br />

4(x)50<br />

9.1.2. Equipamentos digitais<br />

A <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> na água também po<strong>de</strong> ser feita por<br />

equipamentos digitais <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s oxímetros. Existem vários mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> oxímetros<br />

digitais no merca<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aqueles que me<strong>de</strong>m oxigênio dissolvi<strong>do</strong> no sangue até<br />

aqueles que me<strong>de</strong>m oxigênio dissolvi<strong>do</strong> na água.<br />

Os oxímetros possuem diferentes méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> oxigênio, varian<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com o fabricante. Po<strong>de</strong>m variar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os <strong>de</strong> membranas permeáveis até os <strong>de</strong><br />

emissores <strong>de</strong> luz.<br />

Os mais utiliza<strong>do</strong>s na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> na água são os <strong>de</strong><br />

membrana permeáveis, estes <strong>de</strong>terminam o oxigênio dissolvi<strong>do</strong> na água através <strong>de</strong><br />

uma membrana permeável ao oxigênio sobre um sensor potenciométrico. O oxigênio<br />

que atravessa a membrana encontra o sensor sob tensão polarizante, e reage no


31<br />

cáto<strong>do</strong> fazen<strong>do</strong> fluir uma corrente elétrica que é a medida num galvanômetro. A força<br />

que faz com que o oxigênio se difunda através da membrana é proporcional à pressão<br />

absoluta <strong>do</strong> oxigênio fora da membrana (<strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> ambiente em estu<strong>do</strong>) uma vez que<br />

<strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> (no sensor) a pressão <strong>do</strong> oxigênio po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada nula já que o<br />

consumo <strong>de</strong> oxigênio é muito rápi<strong>do</strong>.<br />

A maioria <strong>do</strong>s oxímetros encontra<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> possui acopla<strong>do</strong>s ao seu sistema<br />

sensores <strong>de</strong> temperatura, facilitan<strong>do</strong> a obtenção <strong>de</strong>ste parâmetro, pois a temperatura<br />

está diretamente associada à concentração <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> na água. Para os<br />

que não possuem o sensor <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong>ve-se realizar a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong><br />

oxigênio dissolvi<strong>do</strong> na água no mesmo momento da leitura da temperatura, para ser<br />

feita uma correção.<br />

9.1.3. Cuida<strong>do</strong>s na obtenção <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

• Lavar o probe com água <strong>de</strong>stilada;<br />

• Secar com papel macio;<br />

• Efetuar a calibração e a medição das amostras <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as instruções<br />

<strong>do</strong> fabricante <strong>do</strong> aparelho;<br />

• Transferir uma alíquota da amostra coletada para um frasco (<strong>de</strong>ve-se tomar<br />

cuida<strong>do</strong> para não gerar bolhas);<br />

• Introduzir o probe na amostra, agitan<strong>do</strong> levemente para realizar um fluxo<br />

continuo <strong>de</strong> água na membrana (<strong>de</strong>ve-se tomar cuida<strong>do</strong> para não gerar<br />

bolhas);<br />

• Realizar a leitura;<br />

• Lavar o eletro<strong>do</strong> antes e entre as medições <strong>de</strong> cada amostra, com água<br />

<strong>de</strong>stilada e seco com papel macio.<br />

10. DBO<br />

É a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio necessária à oxidação da matéria orgânica por ação <strong>de</strong><br />

bactérias aeróbias. Representa, portanto, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio que seria<br />

necessário fornecer às bactérias aeróbias, para consumirem a matéria orgânica<br />

presente em um líqui<strong>do</strong>. Este teste bioquímico empírico se baseia na diferença <strong>de</strong><br />

concentrações <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> em amostras integrais ou diluídas, durante um<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> incubação <strong>de</strong> 5 dias a 20°C.


32<br />

A estabilização ou <strong>de</strong>composição biológica da matéria orgânica lançada ou presente<br />

na água envolve o consumo <strong>de</strong> oxigênio (molecular) dissolvi<strong>do</strong> na água, nos<br />

processos metabólicos <strong>de</strong>sses organismos biológicos aeróbicos.<br />

Em função <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> anteriormente, a redução da taxa <strong>de</strong> OD em um recurso hídrico<br />

po<strong>de</strong> indicar ativida<strong>de</strong> bacteriana <strong>de</strong>compon<strong>do</strong> matéria orgânica.<br />

Logo, surge o conceito da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> oxigênio em relação à matéria orgânica, sen<strong>do</strong><br />

muito utilizada a <strong>de</strong>manda bioquímica <strong>de</strong> oxigênio (DBO) que é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

oxigênio molecular necessária à estabilização da matéria orgânica carbonada<br />

<strong>de</strong>composta aerobicamente por via biológica e a <strong>de</strong>manda química <strong>de</strong> oxigênio (DQO)<br />

que é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio molecular necessária à estabilização da matéria<br />

orgânica por via química.<br />

Os processos oxidativos, <strong>de</strong>ntre estes ocupam lugar prepon<strong>de</strong>rante os respiratórios,<br />

po<strong>de</strong>m causar um gran<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> oxigênio nas águas <strong>de</strong> um manancial.<br />

Microrganismo e vegetais heterótrofos, quan<strong>do</strong> em gran<strong>de</strong> número po<strong>de</strong>m reduzir o<br />

OD a nível zero. Sen<strong>do</strong> que a proliferação <strong>de</strong> tais organismos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das fontes <strong>de</strong><br />

alimento, ou seja, matéria orgânica.<br />

A <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> oxigênio provocada pela introdução <strong>de</strong> <strong>de</strong>spejos orgânicos em recurso<br />

hídrico é uma <strong>de</strong>manda respiratória, uma vez que a oxidação <strong>de</strong>sse material é<br />

realizada exclusivamente por via enzimática, logo trata-se <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>manda<br />

bioquímica <strong>de</strong> oxigênio.<br />

A DBO 5 é um teste padrão, realiza<strong>do</strong> a uma temperatura constante e durante um<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> incubação, também fixo <strong>de</strong> 5 dias. É medida pela diferença <strong>do</strong> OD antes e<br />

<strong>de</strong>pois <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> incubação.<br />

Este texto recebe críticas, principalmente porque as condições ambientais <strong>de</strong><br />

laboratórios não reproduzem aquelas <strong>do</strong>s corpos d’água (temperatura, luz solar,<br />

população biológica e movimentos das águas), mas mesmo com críticas é ainda<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um parâmetro significativo para avaliação da carga orgânica lançada nos<br />

recursos hídricos.<br />

10.1. Procedimento<br />

• As coletas das amostras <strong>de</strong>vem seguir o procedimento <strong>de</strong>scrito no parâmetro<br />

<strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong>;<br />

• Para cada local <strong>de</strong> amostragem serão necessários 2 subamostras para as<br />

análises <strong>de</strong> DBO;


33<br />

• Uma das subamostras <strong>de</strong>verá passar pelo procedimento <strong>de</strong> Fixação <strong>do</strong><br />

oxigênio e Acidificação, como <strong>de</strong>scrito anteriormente, para se <strong>de</strong>terminar o<br />

oxigênio dissolvi<strong>do</strong> no momento da coleta (OD1);<br />

• A outra amostra <strong>de</strong>verá ser estocada em ambiente controla<strong>do</strong> com 12 horas<br />

luz/12 horas escuro, a 20 °C, por 5 dias;<br />

• Após os 5 dias proce<strong>de</strong>r a fixação e acidificação da amostra, como <strong>de</strong>scrito<br />

anteriormente, para se <strong>de</strong>terminar o oxigênio dissolvi<strong>do</strong> após os 5 dias <strong>de</strong><br />

incubação (OD5);<br />

• Quan<strong>do</strong> a amostra a ser analisada é <strong>de</strong> natureza <strong>de</strong>sconhecida, é necessário<br />

que se prepare diluições, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que se consiga uma <strong>de</strong>pleção <strong>do</strong> OD, em 5<br />

dias, <strong>de</strong> aproximadamente 2,5 mg.L -1 ;<br />

• Após ter os <strong>do</strong>is valores <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> realizar o cálculo da DBO5.<br />

10.1.1. Cálculo para amostra sem diluição<br />

DBO 5 (mg.L -1 ) = (OD1 – OD5) (x) 100<br />

on<strong>de</strong>:<br />

OD1 = Oxigênio Dissolvi<strong>do</strong> no momento da coleta<br />

OD5 = Oxigênio Dissolvi<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 5 dias <strong>de</strong> incubação<br />

10.1.2. Procedimento com amostras que necessitam <strong>de</strong> diluição<br />

10.1.2.1. Preparo da água <strong>de</strong> diluição<br />

Utilizan<strong>do</strong> um compressor <strong>de</strong> ar comprimi<strong>do</strong>, saturar com ar a água <strong>de</strong>ionizada <strong>de</strong><br />

maneira a obter um eleva<strong>do</strong> teor <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> (tempo recomenda<strong>do</strong>: ~12<br />

horas). Após a saturação manter a água 30 minutos em repouso para a estabilização.<br />

Para cada litro <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ionizada, adicionar:<br />

• 1 mL da solução tampão fosfato;<br />

• 1 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> magnésio;<br />

• 1 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> cálcio;<br />

• 1 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> cloreto férrico;<br />

Não é recomenda<strong>do</strong> o armazenamento da água <strong>de</strong> diluição.<br />

10.1.2.2. DBO da amostra <strong>de</strong> diluição<br />

Proce<strong>de</strong>r como <strong>de</strong>scrito anteriormente para a análise <strong>de</strong> DBO, para a verificação da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa água em termos <strong>de</strong> matéria orgânica bio<strong>de</strong>gradável. Para que a água


34<br />

<strong>de</strong> diluição tenha um padrão aceitável não <strong>de</strong>verá haver após 5 dias uma <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong><br />

oxigênio superior a 0,2 mg.<br />

10.1.2.3. Diluição<br />

Caso a diluição não possa ser feita em campo, conservar a amostra a ser diluída em<br />

ambiente sem presença <strong>de</strong> luz e refrigerada até a chegada no laboratório.<br />

• Em um balão volumétrico <strong>de</strong> um litro, adicionar o volume <strong>de</strong> amostra<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao percentual <strong>de</strong> diluição previamente <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>;<br />

• Completar o volume <strong>do</strong> balão com a água <strong>de</strong> diluição;<br />

• Homogeneizar;<br />

• Encher os <strong>do</strong>is frascos <strong>de</strong> DBO com a amostra diluída, evitan<strong>do</strong> o<br />

borbulhamento durante esse enchimento.<br />

10.1.2.4. Escolha <strong>do</strong> percentual <strong>de</strong> diluição<br />

Saben<strong>do</strong>-se que em 5 dias a percentagem <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> oxigênio é <strong>de</strong><br />

aproximadamente 68 % e, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que para a análise da DBO é recomenda<strong>do</strong><br />

um mínimo <strong>de</strong> 1 mg.L -1 <strong>de</strong> oxigênio ao final da incubação, po<strong>de</strong>-se aplicar o seguinte<br />

raciocínio:<br />

-1<br />

[OD1] mg.L original da amostra 100 %<br />

x mg.L -1 <strong>de</strong> OD<br />

68 %<br />

1 mg.L -1 OD 100 % da amostra<br />

[OD1] mg.L -1 original da amostra - x mg.L -1 <strong>de</strong> OD Y % da amostra<br />

Y = % da amostra que <strong>de</strong>verá ser usada para obter no final da incubação (<strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> 5 dias), um mínimo <strong>de</strong> 1 mg.L -1 <strong>de</strong> oxigênio.<br />

10.1.3. Cálculo para amostra com diluição<br />

DBO<br />

5 (mg.L -1 ) = (DBO 5 AD) – (DBO 5 BR) (x) 100<br />

% da amostra na diluição<br />

Sen<strong>do</strong> que:<br />

DBO 5 AD = OD1 da amostra sem diluição – OD5 da amostra com diluição<br />

DBO 5 BR = OD1 da água <strong>de</strong> diluição – OD5 da água <strong>de</strong> diluição<br />

OD1 = Oxigênio Dissolvi<strong>do</strong> no momento da coleta<br />

OD5 = Oxigênio Dissolvi<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 5 dias <strong>de</strong> incubação


35<br />

Se ocorrer algum imprevisto na avaliação <strong>do</strong> OD <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s 5 dias, por exemplo,<br />

antecipan<strong>do</strong>-se ou atrasan<strong>do</strong>-se a avaliação <strong>do</strong> OD, utilizar a seguinte tabela para<br />

correção <strong>do</strong> cálculo da DBO:<br />

• 3 dias: ? valor da DBO encontra<strong>do</strong> x 1,360<br />

• 4 dias: ? valor da DBO encontra<strong>do</strong> x 1,133<br />

• 5 dias: ? valor da DBO encontra<strong>do</strong> x 1,000<br />

• 6 dias: ? valor da DBO encontra<strong>do</strong> x 0,907<br />

• 7 dias: ? valor da DBO encontra<strong>do</strong> x 0,850<br />

11. Material particula<strong>do</strong> em suspensão<br />

O material particula<strong>do</strong> em suspensão são partículas pequenas, com diâmetro maior<br />

que 0,45 µm, que se encontram presentes na água. Este po<strong>de</strong> ser composto <strong>de</strong> uma<br />

fração mineral ou inorgânica (material mineral ou resíduo fixo em suspensão) e outra<br />

orgânica (material orgânico ou volátil em suspensão).<br />

As concentrações na água <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da hidrodinâmica <strong>do</strong> sistema, da constituição <strong>do</strong><br />

substrato e margens, <strong>de</strong> fatores metereológicos, entre outros. Em geral as águas<br />

oceânicas profundas são pobres em material particula<strong>do</strong> em suspensão varian<strong>do</strong> em<br />

média 50 μg.L -1 , enquanto as continentais, principalmente as estuarinas são mais<br />

enriquecidas (Ivanoff, 1972). Quan<strong>do</strong> presente em alta concentração sua distribuição<br />

po<strong>de</strong> ser usada para inferir os padrões <strong>de</strong> circulação da água e os locais <strong>de</strong> maiores<br />

<strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> drenagem ou esgotos, responsáveis pelo aporte <strong>de</strong> sedimento para os<br />

corpos d'água.<br />

O princípio da <strong>de</strong>terminação é o <strong>de</strong> gravimetria <strong>de</strong> volatilização através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Strickland & Parsons (1972) com modificações citadas por Sharp (1974) e Bodungen<br />

et al. (1991). Este méto<strong>do</strong> consiste na filtragem <strong>de</strong> um volume conheci<strong>do</strong> <strong>de</strong> amostra<br />

por filtros <strong>de</strong> membrana <strong>de</strong> 0,45 μm <strong>de</strong> porosida<strong>de</strong>.<br />

11.1. Equipamentos e materiais necessários<br />

• Água <strong>de</strong>stilada;<br />

• Filtros <strong>de</strong> acetato <strong>de</strong> celulose ou <strong>de</strong> ésteres 0,45 µm <strong>de</strong> poro;<br />

• Pinça <strong>de</strong> ponta chata;<br />

• Bomba <strong>de</strong> pressão a vácuo;<br />

• Kitasato, funil <strong>de</strong> Büchner (ou assemelha<strong>do</strong>) e Mangueira.


36<br />

11.2. Limpeza e pesagem <strong>do</strong>s filtros<br />

Preparar, anters <strong>do</strong> cruzeiro, os filtros seguin<strong>do</strong> o seguinte procedimento:<br />

• Lavar os filtros com água <strong>de</strong>stilada, seguran<strong>do</strong> estes com auxilio <strong>de</strong> uma pinça;<br />

• Colocar o filtro em uma placa <strong>de</strong> Petry, previamente limpa, e tampar<br />

parcialmente;<br />

• Levar para a estufa à 30°C por 2 horas;<br />

• As placas conten<strong>do</strong> os filtros <strong>de</strong>verão permanecer em <strong>de</strong>sseca<strong>do</strong>r por 2 horas;<br />

• Pesar o filtro em balança analítica <strong>de</strong> precisão, manusean<strong>do</strong> com auxílio <strong>de</strong><br />

pinça; anotar os pesos em uma planilha e no recipiente <strong>de</strong> acondicionamento<br />

<strong>do</strong>s filtros.<br />

11.3. Teste em branco<br />

Para cada <strong>de</strong>z amostras, três filtros não <strong>de</strong>verão ser utiliza<strong>do</strong>s no equipamento <strong>de</strong><br />

filtração, porém <strong>de</strong>vem passar por todas as etapas <strong>de</strong> lavagem e pesa<strong>do</strong>s conforme os<br />

<strong>de</strong>mais filtros.<br />

Os filtros para o teste branco <strong>de</strong>verão ser repesa<strong>do</strong>s junto com o lote das amostras<br />

para a obtenção da diferença <strong>do</strong> peso entre as etapas. A média da diferença para os<br />

filtros <strong>do</strong> teste em branco será o valor <strong>de</strong>sconta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da segunda<br />

pesagem <strong>do</strong>s filtros utiliza<strong>do</strong>s para as amostras.<br />

11.4.Filtragem das amostras<br />

• Montar o equipamento <strong>de</strong> filtração (Fig. 3);<br />

• Com o auxílio da pinça, colocar o filtro pré-pesa<strong>do</strong> sobre o suporte poroso <strong>do</strong><br />

equipamento. Colocar o béquer <strong>de</strong> filtração, cuida<strong>do</strong>samente, sobre o filtro e<br />

pren<strong>de</strong>r com as garras ou rosca apropriadas;<br />

• Homogeneizar a amostra, e medir em uma proveta 250 mL <strong>de</strong> amostra; (caso a<br />

amostra esteja turva, po<strong>de</strong>rá ser utiliza<strong>do</strong> um volume menor e caso a amostra<br />

seja <strong>de</strong> água marinha, po<strong>de</strong>-se utilizar um volume maior, até 2 L).<br />

• Ligar o vácuo (0,2 a 0,4 atmosferas <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> vácuo) e começar e<br />

<strong>de</strong>rramar lentamente a amostra sobre o béquer <strong>do</strong> equipamento.


37<br />

Figura 3. Esquema <strong>de</strong> montagem para filtração.<br />

11.5. Lavagem <strong>do</strong> filtro<br />

Este procedimento é realiza<strong>do</strong> nas amostras <strong>de</strong> ambientes marinho e estuarino<br />

com o objetivo <strong>de</strong> remover os sais (ex: NaCl), que cristaliza<strong>do</strong>s no filtro após a<br />

secagem, super-estiman<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s da análise.<br />

• Após filtrar a amostra, caso seja necessário amostras para nutrientes, <strong>de</strong>sligar<br />

o vácuo e, retirar a amostra <strong>de</strong> água <strong>do</strong> frasco <strong>de</strong> Kitasato enchen<strong>do</strong> os frascos<br />

das subamostras <strong>de</strong>stinadas as análises <strong>de</strong> nutrientes dissolvi<strong>do</strong>s;<br />

• Lavar o frasco Kitasato com água <strong>de</strong>stilada e recolocá-lo no equipamento <strong>de</strong><br />

filtração;<br />

• Ligar a bomba <strong>de</strong> pressão à vácuo e passar pelo filtro 5 mL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada,<br />

para remoção <strong>do</strong>s cloretos <strong>do</strong> filtro; repetin<strong>do</strong> este procedimento três vezes;<br />

• No caso <strong>de</strong> amostras com alta salinida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve-se fazer uma verificação para<br />

i<strong>de</strong>ntificação química <strong>do</strong> momento <strong>do</strong> fim da lavagem.<br />

11.6. Teste para <strong>de</strong>terminar presença <strong>de</strong> cloretos<br />

• Após a terceira lavagem <strong>do</strong> filtro, colocar em uma placa <strong>de</strong> Petry a água<br />

<strong>de</strong>stilada armazenada no frasco Kitasato;<br />

• Pingar algumas gotas <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> Nitrato <strong>de</strong> Prata.<br />

11.6.1. Teste positivo<br />

Forman<strong>do</strong>-se um precipita<strong>do</strong> branco <strong>de</strong>ve-se repetir os procedimentos <strong>de</strong> lavagem <strong>do</strong><br />

filtro (Lembran<strong>do</strong> que para repetir este procedimento toda a vidraria utilizada <strong>de</strong>ve ser<br />

lavada com água <strong>de</strong>stilada).


38<br />

11.6.2. Teste negativo<br />

Não haverá a formação <strong>do</strong> precipita<strong>do</strong> branco, permanecen<strong>do</strong> a amostra incolor,<br />

<strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> o fim da lavagem.<br />

11.7. Remoção <strong>do</strong> filtro<br />

Após a remoção <strong>do</strong>s cloretos <strong>do</strong> filtro, retirar com a pinça, o filtro disposto sobre<br />

o suporte <strong>do</strong> equipamento <strong>de</strong> filtração. Colocá-lo envolto em papel alumínio calcina<strong>do</strong><br />

e após em embalagem individual previamente i<strong>de</strong>ntificada.<br />

Manter o filtro congela<strong>do</strong> à -18°C, até a análise final.<br />

12. Nutrientes inorgânicos: nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal, fosfato e<br />

silicato.<br />

Os nutrientes no meio aquático são elementos biologicamente significativos que<br />

compõe estruturas e teci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> organismos vivos como esqueletos <strong>de</strong> diatomáceas,<br />

aminoáci<strong>do</strong>s, matéria prima para a formação <strong>de</strong> hemoglobina entre outros. São<br />

essenciais para a manutenção da produtivida<strong>de</strong> primária, especialmente o nitrogênio,<br />

o fósforo e o silício.<br />

Nos ecossistemas aquáticos os nutrientes estão disponíveis para a utilização <strong>do</strong>s<br />

organismos na forma inorgânica dissolvida. Em mares e oceanos, eles ocorrem em<br />

baixas concentrações, atuan<strong>do</strong> como limitantes da produtivida<strong>de</strong> primária <strong>do</strong><br />

fitoplâncton.<br />

Para a análise <strong>de</strong> nutrientes dissolvi<strong>do</strong>s são utilizadas subamostras tiradas da amostra<br />

que foi filtrada para a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> material particula<strong>do</strong> em suspensão.<br />

As amostras <strong>de</strong>stinadas às análises <strong>do</strong>s nutrientes dissolvi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser filtradas,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da análise <strong>de</strong> material particula<strong>do</strong> em suspensão para que haja a<br />

separação das formas solúveis e <strong>do</strong>s materiais particula<strong>do</strong>s em suspensão,<br />

diminuin<strong>do</strong> as interferências nas análises espectrofotométricas.<br />

A amostra filtrada <strong>de</strong>verá ser subdividida em cinco frascos, <strong>de</strong> preferência com as<br />

tampas em cores distintas, para as análises <strong>do</strong>s nutrientes:<br />

• 25ml para nitrito;<br />

• 25ml para fosfato;<br />

• 25ml para silicato;<br />

• 25ml para amônio;<br />

• 100ml para nitrato.


39<br />

Lembrar <strong>de</strong> realizar a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> local, data, profundida<strong>de</strong> e parâmetro a ser<br />

analisa<strong>do</strong>.<br />

A estratégia <strong>de</strong> utilizar frascos individuais para cada parâmetro apresenta as seguintes<br />

vantagens:<br />

• Eliminação das alterações da composição química original da amostra,<br />

causadas pelas sucessivas etapas congela/<strong>de</strong>scongela, necessárias a cada<br />

vez que cada parâmetro tenha que ser analisa<strong>do</strong>, caso uma única amostra seja<br />

congelada para as análises <strong>do</strong>s cinco nutrientes;<br />

• Diminuição da possível contaminação, ten<strong>do</strong> em vista que com as análises<br />

feitas diretamente nos frascos <strong>de</strong> armazenamento, evita-se o uso <strong>de</strong> vidraria <strong>de</strong><br />

laboratório, mais especificadamente das provetas para o <strong>de</strong>senvolvimento das<br />

reações colorimétricas;<br />

• Aumento na otimização <strong>do</strong> tempo gasto para as análises, principalmente<br />

porque elimina o preparo das provetas, caso a reação fosse nelas<br />

<strong>de</strong>senvolvida;<br />

• Diminuição da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material <strong>de</strong> laboratório nas análises.<br />

As amostras para a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s nutrientes inorgânicos <strong>de</strong>vem ser congeladas a<br />

– 18 °C.<br />

13. Referências bibliográficas<br />

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41<br />

IV. Hidroacústica<br />

Antonio B. Greig & Lauro Saint Pastous Madureira<br />

1. Introdução à teoria acústica básica<br />

O estu<strong>do</strong> da distribuição e ecologia <strong>de</strong> espécies no oceano apresenta-se mais difícil <strong>do</strong><br />

que estes estu<strong>do</strong>s para organismos terrestres. O ambiente pelágico, para citar um<br />

exemplo, é aberto e <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à ocorrência <strong>de</strong> transporte contínuo, mistura <strong>de</strong><br />

comunida<strong>de</strong>s e migrações periódicas <strong>do</strong> nécton, raramente atinge um esta<strong>do</strong> estável.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, a intensa amostragem horizontal e vertical da coluna d’água em um<br />

curto espaço <strong>de</strong> tempo, por meio da utilização <strong>de</strong> som, representa um avanço para a<br />

compreensão <strong>de</strong>ste ambiente.<br />

O som é uma onda mecânica. Assim sen<strong>do</strong>, necessita <strong>de</strong> um meio material para se<br />

propagar. Caracteriza-se por uma seqüência <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> expansão e contração <strong>de</strong><br />

partículas <strong>do</strong> meio e, se emiti<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> uma fonte pontual num meio homogêneo,<br />

propaga-se <strong>de</strong> maneira omni-direcional, crian<strong>do</strong> frentes <strong>de</strong> pressão esféricas (Fig. 1).<br />

Figura 1. Propagação <strong>do</strong> som em meio homogêneo, forman<strong>do</strong> frente <strong>de</strong> pressão esférica<br />

A passagem por um mesmo ponto <strong>de</strong> duas zonas <strong>de</strong> contração (ou expansão)<br />

consecutivas <strong>de</strong>termina um ciclo e a distância entre elas, o comprimento <strong>de</strong> onda<br />

(lambda - λ). O tempo <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> um ciclo <strong>de</strong>fine o perío<strong>do</strong> da onda (T),<br />

enquanto o número <strong>de</strong> ciclos que passam pelo mesmo ponto em um segun<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>termina a frequência da onda em hertz (Hz). O gradiente entre as zonas <strong>de</strong><br />

expansão e contração indica a amplitu<strong>de</strong>.<br />

Na i<strong>de</strong>ntificação e avaliação <strong>de</strong> estoques pesqueiros trabalha-se com um pacote <strong>de</strong><br />

som <strong>de</strong> tamanho e intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s. Durante as varreduras acústicas são<br />

envia<strong>do</strong>s Pulso acústicos para o interior da coluna d’água. Um pulso compreen<strong>de</strong> uma<br />

série <strong>de</strong> ondas acústicas emitidas durante um intervalo <strong>de</strong> tempo e seu comprimento


42<br />

se dará <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagação <strong>do</strong> som no meio e o tempo <strong>de</strong><br />

transmissão. Na água marinha a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> som é <strong>de</strong> aproximadamente 1500 m/s,<br />

varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> diretamente proporcional à temperatura, salinida<strong>de</strong> e pressão. O<br />

comprimento <strong>de</strong> um pulso está associa<strong>do</strong> ao tempo <strong>de</strong> emissão através da relação “L<br />

= cτ”, on<strong>de</strong> “L” é o comprimento <strong>do</strong> pulso, “c” é a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> som no meio e “τ” é a<br />

duração <strong>do</strong> pulso acústico.<br />

Figura 2. Padrão <strong>de</strong> diretivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> feixe acústico a partir <strong>de</strong> um transdutor com a, lóbulo<br />

principal; b, lóbulos secundários e c, regiões nulas.<br />

Para localizar um alvo é necessário direcionar a propagação acústica. Isto é possível<br />

mediante o uso <strong>de</strong> transdutores piezoelétricos; aparelhos que convertem energia<br />

elétrica para energia acústica, constituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um elemento ou uma série <strong>de</strong>les<br />

justapostos que emitem, individualmente, pulsos acústicos sincroniza<strong>do</strong>s. A interação<br />

<strong>do</strong>s pulsos forma uma estrutura com lóbulo principal e lóbulos secundários<br />

separa<strong>do</strong>s por regiões on<strong>de</strong> a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia propagada é nula (Fig. 2). Os<br />

transdutores também recebem os ecos na forma <strong>de</strong> energia mecânica, reverten<strong>do</strong>-os<br />

para energia elétrica. Os ecos são as reflexões <strong>de</strong> energia causadas pelo encontro<br />

das ondas que se propagam com alvos posiciona<strong>do</strong>s na coluna d’água.


43<br />

A trajetória <strong>de</strong>scrita pela propagação <strong>do</strong> pulso direciona<strong>do</strong> <strong>de</strong>screve um feixe<br />

acústico com gradiente <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> cujo valor máximo no eixo longitudinal diminui<br />

em direção às bordas. Convencionou-se que o “Padrão <strong>de</strong> Diretivida<strong>de</strong>” gera<strong>do</strong> possui<br />

o valor máximo um.<br />

Figura 3 .Feixe acústico cônico mostran<strong>do</strong> o pulso acústico.<br />

Aproximadamente 99% da energia é transmitida <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> lóbulo principal (Foote<br />

1980, MacLennan e Simmonds 1992). Assim, somente são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s relevantes<br />

os ecos recebi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> alvos <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stes limites <strong>do</strong> feixe. Define-se então<br />

a “Largura <strong>do</strong> Feixe” (Beam Width) como sen<strong>do</strong> o ângulo entre o eixo principal e o<br />

ponto on<strong>de</strong> o padrão <strong>de</strong> diretivida<strong>de</strong> atinge uma certa intensida<strong>de</strong>. Normalmente o<br />

valor a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> é <strong>de</strong> 3 dB em relação à intensida<strong>de</strong> no eixo. Para fins <strong>de</strong> análise da<br />

energia refletida a<strong>do</strong>ta-se um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> feixe i<strong>de</strong>al cônico, on<strong>de</strong> o vértice possui um<br />

ângulo sóli<strong>do</strong> <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> “Ângulo <strong>do</strong> Feixe Equivalente” (Equivalent Beam Angle)<br />

<strong>de</strong>nota<strong>do</strong> pelo letra grega “Ψ”. Este ângulo <strong>de</strong>screve o volume efetivamente coberto<br />

pelo feixe (Fig. 3). Para fins <strong>de</strong> quantificação <strong>de</strong> biomassa este é o volume amostra<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada transmissão da sonda.<br />

Como a propagação acústica se dá originalmente <strong>de</strong> forma esférica, sua intensida<strong>de</strong><br />

se dispersa com a expansão da área superficial proporcionalmente ao quadra<strong>do</strong> da<br />

distância da fonte <strong>de</strong> emissão. Esta forma <strong>de</strong> atenuação <strong>do</strong> som é <strong>de</strong>nominada perda<br />

por espalhamento geométrico. No entanto, esta não é a única forma <strong>de</strong> atenuação <strong>do</strong><br />

sinal acústico no ambiente aquático uma vez que também ocorre redução na<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sinal através <strong>do</strong> espalhamento por partículas que se encontram na


44<br />

coluna d’água, ou por absorção <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à viscosida<strong>de</strong> <strong>do</strong> meio e a reações químicas<br />

geradas em íons como o sulfato <strong>de</strong> magnésio.<br />

As perdas na intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sinal <strong>de</strong>vem ser compensadas quan<strong>do</strong> se tem por<br />

objetivo medir a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ecos retornan<strong>do</strong> <strong>de</strong> refletores a diferentes distâncias<br />

da fonte. Para isso é incorpora<strong>do</strong> a função TVG (Time Varied Gain) ou ganho cronovariável<br />

nas ecossondas. Esta função compensa a atenuação da intensida<strong>de</strong> acústica<br />

sofrida ao longo <strong>do</strong> trajeto <strong>de</strong> ida e volta entre o transdutor e o alvo <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>.<br />

Nominalmente o TVG possui o formato 40logR + 2αR quan<strong>do</strong> se realiza estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

ecos individuais ou 20logR + 2αR quan<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> eco-integra<strong>do</strong>res, sen<strong>do</strong> R a<br />

distância entre o transdutor e o alvo e o coeficiente <strong>de</strong> absorção α, expresso em dB<br />

por quilômetro (Johannesson e Mitson 1983).<br />

Para estudar a coluna d’água <strong>de</strong> maneira qualitativa e quantitativa, é necessário<br />

primeiro <strong>de</strong>finir uma unida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> volume <strong>de</strong>ntro da qual será medida a<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia. Estipula-se o volume amostral (V A ), <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />

equação:<br />

V A<br />

=<br />

( ψR<br />

2<br />

cτ<br />

)<br />

2<br />

Embora a sonda possa ser configurada para captar da<strong>do</strong>s a um intervalo <strong>de</strong> até 10<br />

cm, sua acurácia não é inferior ao da meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> pulso, visto que esta<br />

é a distância vertical mínima que <strong>de</strong>ve separar <strong>do</strong>is alvos para que eles sejam<br />

discrimina<strong>do</strong>s, caso contrário a contribuição energética <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is é medida como sen<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> um alvo só.<br />

A intensida<strong>de</strong> (I) <strong>do</strong> som é <strong>de</strong>finida como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia acústica que passa<br />

por uma <strong>de</strong>terminada área <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo. Esta medida é utilizada<br />

para <strong>de</strong>screver pulsos longos ou contínuos, porém em pulsos mais curtos utiliza-se a<br />

integral da energia transmitida durante o seu intervalo. Assim temos o fluxo <strong>de</strong> energia<br />

por tempo (J) que é obtida através da integração <strong>de</strong> “I” e, com a integração <strong>de</strong> “J”<br />

temos a energia total por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área (E). Este méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> quantificar a energia é<br />

utiliza<strong>do</strong> na técnica <strong>de</strong> eco-integração que será <strong>de</strong>scrita mais adiante. Como os<br />

valores encontra<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m cobrir um espectro gran<strong>de</strong>, convencionou-se usar um<br />

equivalente logarítmico da razão entre duas medições <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong>cibel (dB).<br />

O méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> eco-integração foi introduzi<strong>do</strong> por Dragesund e Olsen na década <strong>de</strong> 60,<br />

sen<strong>do</strong> aperfeiçoa<strong>do</strong> em mea<strong>do</strong>s da década <strong>de</strong> 70 (Thorne 1983, MacLennan e<br />

Holliday 1996). Possui duas premissas principais: os alvos <strong>de</strong>vem estar distribuí<strong>do</strong>s


45<br />

<strong>de</strong> maneira aleatória para refletir energia acústica <strong>de</strong> forma linear, ou seja, existe<br />

igual probabilida<strong>de</strong> para qualquer diferença <strong>de</strong> fase entre os ecos, e a energia<br />

acústica não po<strong>de</strong> sofrer extinção ou espalhamento múltiplo, efeitos que po<strong>de</strong>m<br />

ocorrer em cardumes muito <strong>de</strong>nsos (Foote 1983). Isto torna possível integrar a energia<br />

captada manten<strong>do</strong> a proporcionalida<strong>de</strong> com a biomassa. A medida que a embarcação<br />

se <strong>de</strong>sloca, os ecos recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s V A são integra<strong>do</strong>s verticalmente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

camadas <strong>de</strong> integração pré-estabelecidas. Ao final <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distância é<br />

calculada a média aritmética <strong>do</strong>s valores integra<strong>do</strong>s. A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distância é<br />

<strong>de</strong>nominada ESDU (Elementary Sampling Distance Unit) e normalmente representa<br />

uma milha náutica (Fig. 4).<br />

Figura 4. Pulso acústico <strong>de</strong>tectan<strong>do</strong> porção <strong>de</strong> um cardume. A energia total refletida será ecointegrada.<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia integrada num V A é representada por “sv”, e quan<strong>do</strong><br />

expressa em dB (10log(sv)) utiliza-se “S V ”. Em cruzeiros <strong>de</strong> eco-integração aplica-se<br />

um valor <strong>de</strong> limiar <strong>de</strong> S V para diminuir o volume <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s capta<strong>do</strong>s, reduzin<strong>do</strong> a<br />

porção correspon<strong>de</strong>nte ao ruí<strong>do</strong> <strong>de</strong> reverberação. Assim, quaisquer contribuições <strong>de</strong><br />

Sv abaixo <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> valor não são acrescidas aos da<strong>do</strong>s. Ao longo <strong>de</strong> uma<br />

ESDU é obti<strong>do</strong> o valor médio <strong>de</strong> retroespalhamento por volume (MVBS - Mean Volume<br />

Backscattering Strength), que é a média aritmética <strong>do</strong>s valores integra<strong>do</strong>s<br />

verticalmente. Este valor po<strong>de</strong> ser converti<strong>do</strong> <strong>de</strong> volume para área, obten<strong>do</strong>-se o<br />

parâmetro NASC (Nautical Área Scattering Coefficient) , que representa a soma das<br />

seções acústicas transversais <strong>do</strong>s alvos <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s, e é medida em m 2 /mn 2 . A energia<br />

obtida por área é integrada verticalmente e posteriormente é estimada a média<br />

aritmética por mn 2 .


46<br />

Para converter o valor <strong>de</strong> NASC à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> numérica é necessário conhecer as<br />

características <strong>de</strong> reflexão individual da espécie que está sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>tectada. Estas são<br />

<strong>de</strong>scritas através da equação <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> reflexão acústica teórico (TS teórico ) que<br />

relaciona, linearmente, o comprimento e/ou o peso <strong>do</strong>s indivíduos com um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> índice <strong>de</strong> reflexão (TS). Para obter o valor <strong>de</strong> TS <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />

indivíduo é essencial que este esteja isola<strong>do</strong> num V A , fornecen<strong>do</strong> assim a intensida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> energia refletida pela sua seção acústica transversal. O TS po<strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong><br />

como a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um indivíduo refletir a energia que acústica que inci<strong>de</strong> sobre si.<br />

Figura 5. O índice <strong>de</strong> reflexão acústica é a expressão em dB da área da seção acústica<br />

transversal <strong>de</strong> um alvo e é medi<strong>do</strong> através da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia acústica<br />

retroespalhada (azul).<br />

O parâmetro “TS” representa a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia acústica refletida por um alvo<br />

individual, sen<strong>do</strong> expressa em <strong>de</strong>cibéis (dB) através da fórmula Erro! Indica<strong>do</strong>r não<br />

<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>. TS = 10log(σ bs ). O “σ bs ” é a área, em metros quadra<strong>do</strong>s, da seção<br />

transversal responsável pelo retroespalhamento <strong>de</strong> energia acústica <strong>do</strong> alvo<br />

<strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>. Sua expressão matemática é representada por σ bs = R 2 *(I b /I i ), on<strong>de</strong> R é a<br />

distância entre o transdutor e o alvo, enquanto I b e I i são a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia<br />

retroespalhada e inci<strong>de</strong>nte sobre o alvo, respectivamente. A função logarítmica<br />

transforma os valores para dB e é introduzida para simplificar os valores a serem<br />

trabalha<strong>do</strong>s (MacLennan e Simmonds 1992) (Fig. 5).<br />

É importante notar que as leituras <strong>de</strong> TS e a eco-integração são <strong>do</strong>is processos<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Na EK500 existe o canal para da<strong>do</strong>s via TVG 40logR (alvos isola<strong>do</strong>s)<br />

e via TVG 20logR (eco-integração). Um alvo isola<strong>do</strong> no volume amostral será<br />

processa<strong>do</strong> pelos <strong>do</strong>is canais, resultan<strong>do</strong> num da<strong>do</strong> <strong>de</strong> TS e num da<strong>do</strong> <strong>de</strong> “sv”.<br />

Enquanto o primeiro expressa a intensida<strong>de</strong> com que o alvo reflete energia, o segun<strong>do</strong><br />

expressa a “<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>” energética <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> volume amostral (Fig. 6).


47<br />

40logR<br />

20logR<br />

Figura 6. Alvos <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s isoladamente num volume amostral po<strong>de</strong>m ser interpreta<strong>do</strong>s pelo<br />

canal 40logR (esquerda) ou pelo canal 20logR (direita) na ecossonda EK500. No<br />

primeiro caso temos o da<strong>do</strong> <strong>de</strong> TS e no segun<strong>do</strong> um valor <strong>de</strong> “sv” ecointegra<strong>do</strong>.<br />

2. Ecossonda científica Simrad Ek500<br />

A ecossonda científica EK500 representa uma mudança gran<strong>de</strong> na concepção <strong>de</strong><br />

levantamentos hidroacústicos <strong>de</strong> recursos pesqueiros. Isto se dá principalmente pela<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aquisição digital <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s e pela impressão <strong>de</strong> ecogramas colori<strong>do</strong>s<br />

que ampliam significativamente a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diferenciar as concentrações<br />

<strong>de</strong>tectadas. Outra novida<strong>de</strong> é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenar os ecogramas em forma<br />

digital, além da tradicional impressão em papel. Atualmente existem softwares para o<br />

pós-processamento <strong>do</strong>s ecogramas digitais, o que permite simular o cruzeiro em<br />

laboratório e analisar os da<strong>do</strong>s sobre diferentes configurações <strong>de</strong> ganho ou <strong>de</strong><br />

camadas. Alguns exemplos <strong>de</strong> softwares são o Movies + e o EchoView.<br />

Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> eco-integração, índice <strong>de</strong> reflexão acústica e fun<strong>do</strong> são armazena<strong>do</strong>s em<br />

mídia, automatizan<strong>do</strong> este processo e facilitan<strong>do</strong> o pós-processamento e análise. A<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> georeferenciamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, ou melhor dito, <strong>do</strong>s pulsos emiti<strong>do</strong>s<br />

permite uma análise espacial bem mais precisa <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. Para tanto é necessário<br />

que a Sonda esteja conectada a Um GPS ou DGPS.<br />

A ecossonda científica EK500 possibilita a divisão da coluna d’água em nove camadas<br />

fixas, <strong>de</strong>finidas antes <strong>do</strong> cruzeiro, e uma dinâmica <strong>de</strong>nominada Super Layer que po<strong>de</strong>


48<br />

ser reconfigurada durante o cruzeiro para observar estratos da coluna <strong>de</strong> interesse ao<br />

opera<strong>do</strong>r. Esta camada permite visualizar os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maneira concomitante à sua<br />

coleta, enquanto os da<strong>do</strong>s das <strong>de</strong>mais camadas são armazena<strong>do</strong>s sem visualização.<br />

A estratificação permite analisar a coluna d’água em maior <strong>de</strong>talhe.<br />

As configurações da ecossonda são acessadas através <strong>do</strong>s menus que po<strong>de</strong>m ser<br />

visualiza<strong>do</strong>s no monitor. Algumas configurações são estabelecidas previamente e<br />

mantidas durante o cruzeiro to<strong>do</strong>, como os ajustes da calibração, os limites das<br />

camadas <strong>de</strong> integração, características <strong>do</strong> pulso, telegramas armazena<strong>do</strong>s e outros.<br />

Outras configurações <strong>de</strong>vem ser alteradas ao longo <strong>do</strong> cruzeiro, como por exemplo, os<br />

limites da super layer. A EK500 possui 16 menus principais que servem para<br />

configurar a ecossonda, cada um com submenus que po<strong>de</strong>m apresentar um terceiro<br />

nível ainda. A estrutura <strong>de</strong> menus está representada abaixo <strong>de</strong> forma hierarquizada<br />

para facilitar a compreensão da relação entre os diferentes itens a serem<br />

configura<strong>do</strong>s. É importante notar que alguns coman<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser altera<strong>do</strong>s em mais<br />

<strong>de</strong> um nível, como a escala que necessita ser alterada no display, na impressão e na<br />

aquisição <strong>do</strong> ecograma digital via porta LAN.<br />

2.1. Estrutura <strong>de</strong> menus<br />

2.1.1. Operation menu<br />

ping mo<strong>de</strong><br />

ping auto start<br />

ping interval<br />

transmit power<br />

noise margin<br />

2.1.2. Display menu<br />

color set<br />

event marker<br />

echogram speed<br />

echogram<br />

echogram #<br />

transducer number<br />

range<br />

range start<br />

auto range<br />

bottom range


49<br />

bottom range start<br />

bottom range pres.<br />

sub-bottom gain<br />

presentation<br />

TVG<br />

scale lines<br />

bot. <strong>de</strong>t. line<br />

trawl lines<br />

layer lines<br />

integration line<br />

TS color minimum<br />

Sv color minimum<br />

2.1.3. Printer menu<br />

Printer # (# = número da impressora)<br />

mo<strong>de</strong>l type<br />

navigation interval<br />

event marker<br />

annotation<br />

nautical mile marker<br />

TS distribution<br />

integrator table<br />

echogram speed<br />

echogram<br />

echogram #<br />

transd. number<br />

range<br />

range start<br />

auto range<br />

bottom range<br />

bot. range start<br />

bot. range pres.<br />

sub. bottom gain<br />

presentation<br />

TVG<br />

scale lines


50<br />

bot. <strong>de</strong>t. Line<br />

trawl lines<br />

layer lines<br />

integration lines<br />

TS color minimum<br />

Sv color minimum<br />

2.1.4. Transciever menu<br />

transciever #<br />

mo<strong>de</strong><br />

transducer type<br />

transducer sequence<br />

transducer <strong>de</strong>pth<br />

absortion coef.<br />

pulse length<br />

bandwidth<br />

max. power<br />

2-way beam angle<br />

Sv transd. gain<br />

TS transd. Gain<br />

angle sens. along.<br />

angle sens. athw.<br />

3 dB beamwidth along.<br />

3 dB beamwidth athw.<br />

alongship offset<br />

athw. ship offset<br />

2.1.5. Bottom <strong>de</strong>tection menu<br />

bottom <strong>de</strong>tection - #<br />

minimum <strong>de</strong>pth<br />

maximum <strong>de</strong>pth<br />

min-<strong>de</strong>pth alarm<br />

max-<strong>de</strong>pth alarm<br />

bottom lost alarm<br />

mínimum level<br />

2.1.6. Log menu<br />

mo<strong>de</strong>


51<br />

ping interval<br />

time interval<br />

dist. interval<br />

distance<br />

Nm pulse rate<br />

2.1.7. Layer menu<br />

super layer<br />

layer # (1 a 10)<br />

type<br />

range<br />

range start<br />

margin<br />

Sv threshold<br />

No. of sublayers<br />

2.1.8. TS <strong>de</strong>tection menu<br />

TS <strong>de</strong>tection #<br />

min. value<br />

min. echo length<br />

max. echo length<br />

max. gain comp.<br />

max. phase <strong>de</strong>v.<br />

2.1.9. Ethernet communication menu<br />

telegram menu<br />

remote control<br />

sample range<br />

status<br />

parameter<br />

annotation<br />

navigation<br />

sound velocity<br />

motion sensor<br />

<strong>de</strong>pth<br />

<strong>de</strong>pth NMEA<br />

echogram<br />

echo-trace<br />

Sv


52<br />

sample angle<br />

sample power<br />

sample Sv<br />

sample TS<br />

vessel log<br />

layer<br />

integrator<br />

TS distribution<br />

towed fish<br />

UDP port menu<br />

status<br />

parameter<br />

annotation<br />

navigation<br />

sound velocity<br />

motion sensor<br />

<strong>de</strong>pth<br />

<strong>de</strong>pth NMEA<br />

echogram<br />

echo-trace<br />

Sv<br />

sample angle<br />

sample power<br />

sample Sv<br />

sample TS<br />

vessel log<br />

layer<br />

integrator<br />

TS distribution<br />

towed fish<br />

echogram - # menu<br />

range<br />

range start<br />

auto range<br />

bottom range<br />

bot. range start<br />

no. of main val.


53<br />

no. of bot. val.<br />

TVG<br />

local ETH addr.<br />

local IP addr.<br />

remote ETH addr.<br />

remote IP addr.<br />

2.1.10. Serial communication menu<br />

telegram menu<br />

format<br />

mo<strong>de</strong>m control<br />

remote control<br />

status<br />

parameter<br />

annotation<br />

navigation<br />

sound velocity<br />

motion sensor<br />

<strong>de</strong>pth<br />

<strong>de</strong>pth NMEA<br />

echogram<br />

echo-trace<br />

Sv<br />

vessel-log<br />

layer<br />

integrator<br />

TS distribution<br />

Towed fish<br />

usart menu<br />

baudrate<br />

bits per char.<br />

stop bits<br />

parity<br />

echogram - # menu<br />

range<br />

range start<br />

auto start


54<br />

bottom range<br />

bot. range start<br />

no. of main val.<br />

no. of bot. val.<br />

TVG<br />

2.1.11. Annotation menu<br />

event counter<br />

counter mo<strong>de</strong><br />

time interval<br />

baudrate<br />

bits per char<br />

stop bits<br />

parity<br />

2.1.12. Navigation menu<br />

navig. input<br />

start sequence<br />

separation char<br />

stop character<br />

first field no.<br />

no. of fields<br />

speed input<br />

manual speed<br />

NMEA transfer<br />

baudrate<br />

bits per char<br />

stop bits<br />

parity<br />

2.1.13. Sound velocity menu<br />

profile type<br />

<strong>de</strong>pth upper<br />

<strong>de</strong>pth lower<br />

velocity min.<br />

velocity max.<br />

change profile<br />

load profile<br />

baudrate


55<br />

bits per char.<br />

stop bits<br />

parity<br />

2.1.14. Motion sensor menu<br />

heave<br />

roll<br />

pitch<br />

Td - # Ath. offset<br />

Td - # Alo. offset<br />

2.1.15. Utility menu<br />

beeper<br />

status messages<br />

RD display<br />

FIFO output<br />

date<br />

time<br />

password<br />

<strong>de</strong>fault settings<br />

language<br />

2.1.16. Test menu<br />

analog input<br />

pulse input<br />

ethernet<br />

transceiver<br />

message<br />

version<br />

counter<br />

scope<br />

serial port<br />

simrad<br />

Abaixo po<strong>de</strong>m ser acessadas informações e explicações para as funções <strong>de</strong>stacadas<br />

na lista acima. Estão selecionadas as principais utilizadas pelo opera<strong>do</strong>r da EK500<br />

durante uma varredura acústica. De qualquer forma, a compreensão <strong>de</strong>stes tópicos se<br />

dá mediante o conhecimento da teoria básica e da manipulação da ecossonda em si,


56<br />

sen<strong>do</strong> a leitura <strong>de</strong>ste guia por si só uma introdução ao sistema. A auto-suficiência<br />

operacional será atingida com o uso freqüente <strong>do</strong> equipamento.<br />

3. Operation menu<br />

3.1. Ping mo<strong>de</strong><br />

Define o regime em que opera a transmissão <strong>de</strong> pulsos acústicos pela sonda quan<strong>do</strong> a<br />

mesma está ligada e o transceiver está ativa<strong>do</strong>.<br />

off > o equipamento fica <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong> na função Off, nesta posição o transdutor não emite<br />

pulso.<br />

normal > nesta posição a emissão <strong>de</strong> pulsos se dá normalmente <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o<br />

tempo da ecossonda.<br />

External Trigger > utiliza<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> a sonda emite pulsos a partir <strong>do</strong> coman<strong>do</strong> <strong>de</strong> um<br />

terceiro aparelho que <strong>de</strong>fine a cadência <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> pulsos.<br />

3.2. Ping interval<br />

Define o intervalo entre um pulso e outro po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> variar <strong>de</strong> 0.0 a 20.0 segun<strong>do</strong>s.<br />

Normalmente a sonda está configurada em 0.0 s, o que faz com que o pulso seja<br />

emiti<strong>do</strong> com a maior freqüência possível, isto é, sen<strong>do</strong> somente atrasa<strong>do</strong> pelo tempo<br />

necessário a propagação <strong>do</strong> som na coluna d’água na profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho e pelo<br />

processamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s capta<strong>do</strong>s.<br />

4. Display menu<br />

4.1. Echogram speed<br />

Define a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> ecograma. Na velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1:1 cada pulso<br />

emiti<strong>do</strong> é visualiza<strong>do</strong> no display, na velocida<strong>de</strong> 1:2 existe um registro a cada <strong>do</strong>is<br />

pulsos, na velocida<strong>de</strong> 1:3, um registro a cada três pulsos. Isto só influencia o display,<br />

não afetan<strong>do</strong> a aquisição <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s em outros níveis.<br />

4.2. Echogram<br />

Define qual (is) ecograma(s) será(ão) apresenta<strong>do</strong>(s) no display, mesmo ocorren<strong>do</strong><br />

coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s em mais <strong>de</strong> uma freqüência não é necessário visualizar todas as<br />

freqüências no monitor. As opções <strong>de</strong> visualização são: 1, 2, 1&2, 3, 1&3, 2&3, 1&2&3<br />

4.3. Echogram #<br />

Seleciona o ecograma e abre o sub-menu para configura-lo.


57<br />

transducer number: <strong>de</strong>termina o transdutor ao qual correspon<strong>de</strong>rá o ecograma.<br />

range: <strong>de</strong>fine a escala em que vai ser exibi<strong>do</strong> o ecograma no display. As opções são:<br />

1 m, 5 m, 10 m, 15 m, 25 m, 50 m, 100 m, 150 m, 250 m, 500 m, 750 m, 1.000 m,<br />

1.500 m, 2.500 m, 5.000 m, 10.000 m.<br />

range start: <strong>de</strong>fine a profundida<strong>de</strong> inicial a partir da qual será exibi<strong>do</strong> o ecograma,<br />

soman<strong>do</strong>-se a partir <strong>de</strong>sta a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escala (range). As opções variam <strong>de</strong> 0,0<br />

a 10000,0 metros em passos <strong>de</strong> 1 metro.<br />

auto range: ajusta o início da escala <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> automaticamente para que<br />

numa mesma escala <strong>de</strong> operação o fun<strong>do</strong> sempre seja visualiza<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> esta<br />

opção está ligada o range start é anula<strong>do</strong>.<br />

bottom range: regula a escala <strong>de</strong> visualização <strong>do</strong> ecograma <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> 0 a<br />

100 metros em passos <strong>de</strong> 1 metro.<br />

bottom range start: varia <strong>de</strong> –100 m a +100 m em passos <strong>de</strong> 1 metro. Define o início<br />

da visualização <strong>do</strong> ecograma <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>. O valor configura<strong>do</strong> é da<strong>do</strong> em relação ao<br />

fun<strong>do</strong>, com números positivos representan<strong>do</strong> distâncias acima <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> e números<br />

negativos representan<strong>do</strong> distâncias abaixo <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>. Assim, se o bottom range está<br />

configura<strong>do</strong> para 25 metros e o bottom range upper configura<strong>do</strong> para +20 metros, o<br />

ecograma <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> mostrará 20 metros acima <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> e cinco metros abaixo <strong>do</strong><br />

fun<strong>do</strong>.<br />

bottom range presentation: <strong>de</strong>fine a posição em que será exibi<strong>do</strong> o ecograma <strong>de</strong><br />

fun<strong>do</strong> no display. As opções são: Off, Upper (superior), Lower (inferior) ou Bottom<br />

(imediatamente após o fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>).<br />

sub. bottom gain: regula a apresentação <strong>do</strong>s ecos <strong>de</strong> sub-superfície. Quan<strong>do</strong><br />

configura<strong>do</strong> para 0,5 dB/m um ganho <strong>de</strong> 0,5 dB é acrescenta<strong>do</strong> para cada metro<br />

abaixo <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira a compensar as perdas por absorção no fun<strong>do</strong>.<br />

Presentation: <strong>de</strong>fine a forma <strong>de</strong> representação <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>. Po<strong>de</strong> ser<br />

NORMAL on<strong>de</strong> o fun<strong>do</strong> é registra<strong>do</strong> conforme o eco recebi<strong>do</strong> continuamente pelo<br />

transdutor; WHITE LINE <strong>de</strong>ixa uma linha branca entre o fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> e o último<br />

eco recebi<strong>do</strong> da coluna d’água, facilitan<strong>do</strong> a diferenciação <strong>de</strong> organismos e fun<strong>do</strong>;<br />

CONTOUR mantém a representação <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> somente como uma linha, sem mostrar<br />

os ecos <strong>de</strong> sub-superfície.<br />

TVG: <strong>de</strong>fine o algoritmo <strong>de</strong> TVG a ser emprega<strong>do</strong> para visualizar os registros. 20logR<br />

fornece o ecograma <strong>de</strong> Sv, enquanto 40logR apresenta as leituras <strong>de</strong> TS.


58<br />

scale lines: permite ao opera<strong>do</strong>r entrar com um número <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> escala<br />

eqüidistantes para facilitar a leitura <strong>do</strong> ecograma no display. Os valores vão <strong>de</strong> 0 a 250<br />

em passos <strong>de</strong> 1.<br />

bott. <strong>de</strong>tection line: introduz uma linha artificial para representar o fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>.<br />

Branca ou preta para o transceiver 1, vermelho para o transceiver 2 e ver<strong>de</strong> para o<br />

transceiver 3.<br />

layer lines: o opera<strong>do</strong>r po<strong>de</strong> incluir ou não no ecograma <strong>do</strong> display, linhas que<br />

representam as camada <strong>de</strong> integração configuradas no layer menu.<br />

integration line: a integração da energia na Super Layer é plotada como um<br />

“integrama”. O valor configura<strong>do</strong> nesta opção <strong>de</strong>fine a variação <strong>de</strong> NASC englobada<br />

no limite vertical <strong>do</strong> ecograma. Assim, se for configura<strong>do</strong> o valor 10.000, o integrama<br />

partirá da porção inferior <strong>do</strong> ecograma em direção a porção superior, que representará<br />

um acumulo total <strong>de</strong> 10.000 m 2 /mn 2 .<br />

TS color minimum: Define o limite inferior da escala <strong>de</strong> cores (cinza) em relação ao<br />

TS. Se, por exemplo, o TVG para o display estiver em 40logR, o TS minimum value<br />

estiver em –65 dB e o TS color minimum estiver em –60 dB, todas as leituras <strong>de</strong> TS<br />

<strong>de</strong>tectadas entre –65,0 e –60,1 dB não serão visíveis no display, embora os da<strong>do</strong>s<br />

esteja sen<strong>do</strong> armazena<strong>do</strong>.<br />

Sv color minimum: limite inferior da escala <strong>de</strong> cores (cinza) para o Sv. Se este<br />

parâmetro estiver configura<strong>do</strong> para –70 dB, o menor valor visualiza<strong>do</strong> no display será<br />

–70 dB, mesmo com os da<strong>do</strong>s sen<strong>do</strong> adquiri<strong>do</strong>s num limiar inferior.<br />

5. Printer menu<br />

5.1. Printer #<br />

Seleciona qual impressora será configurada (1, 2 ou 3)<br />

mo<strong>de</strong>l type: seleciona o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> impressora ligada à ecossonda. Existem <strong>do</strong>is<br />

mo<strong>de</strong>los: PaintJet e DeskJet da HP.<br />

navigation interval: <strong>de</strong>fine o número <strong>de</strong> telegramas <strong>de</strong> navegação entradas na sonda<br />

por página <strong>de</strong> ecograma impressa. Por exemplo, se a sonda recebe 1 telegrama <strong>de</strong><br />

navegação por segun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>finir o navigation interval para 120 retornará uma<br />

impressão <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> navegação (posição geográfica) no ecograma a cada <strong>do</strong>is<br />

minutos.


59<br />

nautical mile marker: quan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> imprime um linha vertical com um número<br />

indican<strong>do</strong> o vessel log atual (distância percorrida).<br />

TS distribution: quan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> imprime no ecograma uma tabela da distribuição <strong>de</strong><br />

freqüência relativa <strong>de</strong> TS a cada ESDU navegada. Po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> o ecograma<br />

em que vai ser impressa (1, 2, 3 ou uma combinação <strong>de</strong>stes).<br />

integrator tables: quan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> imprime no ecograma as tabelas com os valores <strong>de</strong><br />

NASC por camada, a cada ESDU. Po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> o ecograma em que vai ser<br />

impressa (1, 2, 3 ou uma combinação <strong>de</strong>stes).<br />

echogram speed: <strong>de</strong>fine a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> ecograma. Na velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

1:1 cada pulso emiti<strong>do</strong> é impresso, na velocida<strong>de</strong> 1:2 existe uma impressão a cada<br />

<strong>do</strong>is pulsos, na velocida<strong>de</strong> 1:3, uma impressão a cada três pulsos. Esta função é<br />

análoga ao echogram speed <strong>do</strong> display, mas é importante notar que os coman<strong>do</strong>s são<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, ou seja, o que está configura<strong>do</strong> no display não está automaticamente<br />

configura<strong>do</strong> na impressão.<br />

echogram: <strong>de</strong>fine qual ecograma será impresso na impressora. Po<strong>de</strong> ser o ecograma<br />

<strong>do</strong> transceiver 1, 2, 3 ou uma combinação.<br />

echogram #: permite selecionar qual ecograma será configura<strong>do</strong> para a impressora.<br />

As configurações permitidas são análogas aquelas para o Display Manu/echogram #.<br />

Novamente é importante esclarecer que as configurações <strong>do</strong> display menu e da printer<br />

menu, embora análogas, são totalmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Este ponto merece atenção<br />

no transcorrer <strong>do</strong> cruzeiro, principalmente no que diz respeito a mudança <strong>de</strong> escala<br />

(range).<br />

6. Transceiver menu<br />

6.1. Transceiver #<br />

Seleciona o transciever a ser configura<strong>do</strong><br />

mo<strong>de</strong>: o canal <strong>de</strong> transceiver <strong>de</strong>ve ser ativa<strong>do</strong> (ACTIVE) para iniciar a entrada <strong>de</strong><br />

da<strong>do</strong>s. Na posição PASSIVE, embora o transceiver esteja operan<strong>do</strong> normalmente, o<br />

transmissor fica <strong>de</strong>sabilita<strong>do</strong> e no mo<strong>do</strong> TEST o transmissor fica <strong>de</strong>sabilita<strong>do</strong>.<br />

transducer <strong>de</strong>pth: permite informar à sonda a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instalação <strong>do</strong><br />

transdutor em relação à superfície.<br />

pulse length: o opera<strong>do</strong>r po<strong>de</strong>rá escolher entre três comprimentos <strong>de</strong> pulso: curto,<br />

médio e longo. Estes estão <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a duração <strong>do</strong> pulso (τ). Para


60<br />

o transdutor <strong>de</strong> 38 kHz, 0.3µs, 1.0µs e 3.0µs são as durações para curto, médio e<br />

longo respectivamente, enquanto no transceiver <strong>de</strong> 120 kHz as durações são 0.1µs,<br />

0.3µs e 1.0µs.<br />

bandwidth: <strong>de</strong>termina a largura <strong>de</strong> banda a ser captada, ou seja, a variação da<br />

frequência efetiva a ser captada. Po<strong>de</strong>rá ser estreita (NARROW), larga (WIDE) ou<br />

automaticamente selecionada. No transciever <strong>de</strong> 38 kHz a largura <strong>de</strong> banda, em kHz,<br />

po<strong>de</strong> ser 0.38 ou 3.8 para estreita e larga respectivamente, enquanto no transceiver <strong>de</strong><br />

120 kHz, estas larguras serão 1.2 e 12.0 respectivamente. No mo<strong>do</strong> AUTO a largura<br />

<strong>de</strong> banda será <strong>de</strong>finida <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a configuração <strong>de</strong> pulse length. As<br />

combinações serão as seguintes: estreito para uma duração longa e Largo para<br />

durações curtas e médias.<br />

7. Bottom <strong>de</strong>tection menu<br />

bottom <strong>de</strong>tection #: seleciona o transceiver a ser configura<strong>do</strong> quanto a <strong>de</strong>tecção <strong>do</strong><br />

fun<strong>do</strong>.<br />

minimum <strong>de</strong>pth: <strong>de</strong>fine a profundida<strong>de</strong> mínima para funcionamento <strong>do</strong> algoritmo <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>.<br />

maximum <strong>de</strong>pth: <strong>de</strong>fine a profundida<strong>de</strong> máxima para funcionamento <strong>do</strong> algoritmo <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>.<br />

min-<strong>de</strong>pth alarm: aciona alarme quan<strong>do</strong> a profundida<strong>de</strong> registrada é inferior à<br />

<strong>de</strong>terminada nesta opção.<br />

max-<strong>de</strong>pth alarm: aciona alarme quan<strong>do</strong> a profundida<strong>de</strong> registrada é superior à<br />

<strong>de</strong>terminada nesta opção.<br />

bottom lost alarm: aciona alarme quan<strong>do</strong> o fun<strong>do</strong> não é <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> (perdi<strong>do</strong>).<br />

minimum level: <strong>de</strong>fine o nível mínimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> em dB.<br />

8. Log menu<br />

Neste menu é possível <strong>de</strong>finir o intervalo (ESDU) <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> qual serão calcula<strong>do</strong>s os<br />

parâmetros TS e NASC.<br />

mo<strong>de</strong>: <strong>de</strong>fine o mo<strong>do</strong> como será medi<strong>do</strong> um ESDU. Este po<strong>de</strong> ser por número <strong>de</strong><br />

pulsos emiti<strong>do</strong>s, intervalo <strong>de</strong> tempo ou pela velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida no Navegation Menu.


61<br />

Po<strong>de</strong>-se ainda configurar a opção Nm Pulse que requer a entrada <strong>de</strong> 10 ou 200<br />

pulsos/mn <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> log externo, informa<strong>do</strong> numa opção abaixo.<br />

ping interval: <strong>de</strong>termina o número <strong>de</strong> pings que irão compor uma ESDU. Opera<br />

quan<strong>do</strong> for selecionada a opção Ping no menu mo<strong>de</strong>.<br />

time interval: <strong>de</strong>termina o tempo em segun<strong>do</strong>s que irá durar uma ESDU. Opera<br />

quan<strong>do</strong> for selecionada a opção Time no menu mo<strong>de</strong>.<br />

Distance interval: <strong>de</strong>termina o intervalo <strong>de</strong> distância em décimos <strong>de</strong> milha náutica<br />

que irá compor uma ESDU. Opera quan<strong>do</strong> for selecionada a opção Speed <strong>do</strong> menu<br />

mo<strong>de</strong>.<br />

distance: configura o odômetro interno (conta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> log). A contagem é mostrada na<br />

porção inferior <strong>do</strong> campo <strong>do</strong> Log Menu.<br />

Nm pulse rate: informa a razão <strong>de</strong> pulsos envia<strong>do</strong>s por unida<strong>de</strong> externa <strong>de</strong> contagem<br />

<strong>de</strong> log. Po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> 200 pulso/mn ou 10 pulsos/mn.<br />

9. Layer menu<br />

super layer: <strong>de</strong>fine-se aqui qual das 10 camadas configuráveis irá correspon<strong>de</strong>r à<br />

super layer. Associadas à esta camada existem as seguintes funções visíveis no<br />

display: histograma <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong> TS; janela <strong>de</strong> comportamento <strong>de</strong><br />

alvo; integrama no display e impressora; da<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sv na porta FIFO (não apresentada<br />

neste manual); SCOPE no display e impressora. Estas funções são anuladas quan<strong>do</strong><br />

a SL está configurada como camada 0. Os limites da super layer são representa<strong>do</strong>s no<br />

display e na impressão por duas linhas vermelhas.<br />

layer #: configura os limites e tipo <strong>de</strong> integração das camadas 1 a 10.<br />

type: aqui as camadas <strong>de</strong> integração são “<strong>de</strong>sligadas” ou configuradas para integrar<br />

em relação à superfície (surface - requer <strong>de</strong>tecção <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> para integração e<br />

medidas <strong>de</strong> TS), em relação ao fun<strong>do</strong> (bottom - a camada acompanha o relevo <strong>do</strong><br />

fun<strong>do</strong>) ou pelágica (pelagic – limites ocorrem em relação à superfície mas não requer<br />

<strong>de</strong>tecção <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>).<br />

range: <strong>de</strong>fine a espessura da camada em passos <strong>de</strong> 10cm. Deve possuir pelo menos<br />

<strong>do</strong>is intervalos <strong>de</strong> amostra.<br />

range start: <strong>de</strong>fine a profundida<strong>de</strong> inicial da camada <strong>de</strong> integração. Este limite po<strong>de</strong><br />

ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> em relação à superfície (valores positivos abaixo da superfície) ou em<br />

relação ao fun<strong>do</strong> (valores positivos em relação ao fun<strong>do</strong>).


62<br />

margin: esta opção permite interromper a integração a uma distância <strong>de</strong>terminada <strong>do</strong><br />

fun<strong>do</strong> (em camadas <strong>de</strong> superfície) ou a uma distância <strong>do</strong> transdutor (em camadas <strong>de</strong><br />

fun<strong>do</strong>). Em camadas pelágicas esta função é ignorada.<br />

Sv threshold: <strong>de</strong>fine o limiar inferior para a aquisição <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> integração.<br />

No. of sublayers: permite dividir a camada em até 50 subcamadas eqüidistantes.<br />

Serão forneci<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> NASC para cada sub-camada ao final <strong>de</strong> cada ESDU. Não<br />

são forneci<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Sv por pulso para cada subcamada.<br />

10. TS <strong>de</strong>tection menu<br />

TS <strong>de</strong>tection - # menu: acessa as configurações <strong>do</strong>s diferentes transceivers.<br />

min. value: <strong>de</strong>fine o limite inferior para a aquisição <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> TS.<br />

11. Ethernet communication menu<br />

telegram menu: com exceção <strong>do</strong>s itens remote control e sample range, lista os<br />

telegramas que po<strong>de</strong>m ser envia<strong>do</strong>s via porta <strong>de</strong> comunicação ethernet. Cada item<br />

<strong>de</strong>ste menu po<strong>de</strong> ser configura<strong>do</strong> em off ou on <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da informação que se<br />

preten<strong>de</strong> armazenar. Em função <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> informação, por vezes é necessário<br />

sacrificar alguns telegramas em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outros mais relevantes para os<br />

objetivos <strong>do</strong> cruzeiro.<br />

remote control: permite ao sistema interpretar (on) ou ignorar (off) telegramas <strong>de</strong><br />

sistemas externos <strong>de</strong> controle remoto.<br />

navigation: quan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> permite aquisição <strong>do</strong>s telegramas <strong>de</strong> navegação via porta<br />

ethernet (LAN).<br />

<strong>de</strong>pth: quan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> permite aquisição <strong>do</strong>s telegramas <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> via porta<br />

ethernet (LAN) para os diferentes transceivers.<br />

echogram: quan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> permite aquisição <strong>do</strong>s telegramas <strong>de</strong> ecograma via porta<br />

ethernet (LAN) para ser usa<strong>do</strong> por softwares <strong>de</strong> pos-processamento. Po<strong>de</strong>m ser<br />

seleciona<strong>do</strong>s os transceivers.<br />

echo-trace: quan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> permite aquisição <strong>do</strong>s telegramas <strong>de</strong> TS via porta ethernet<br />

(LAN). Po<strong>de</strong>m ser seleciona<strong>do</strong>s os transceivers.<br />

Sv: quan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> permite aquisição <strong>do</strong>s telegramas <strong>de</strong> Sv por pulso por camada via<br />

porta ethernet (LAN). Po<strong>de</strong>m ser seleciona<strong>do</strong>s os transceivers.


63<br />

vessel log: quan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> permite aquisição <strong>do</strong>s telegramas <strong>de</strong> vessel-log via porta<br />

ethernet (LAN).<br />

layer: quan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> permite aquisição <strong>do</strong>s telegramas <strong>de</strong> configuração <strong>de</strong> camadas<br />

via porta ethernet (LAN).<br />

integrator: quan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> permite aquisição <strong>do</strong>s telegramas <strong>de</strong> integração por ESDU<br />

(Sa) via porta ethernet (LAN). Po<strong>de</strong>m ser seleciona<strong>do</strong>s os transceivers.<br />

UDP port menu: permite informar a porta <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino para cada telegrama envia<strong>do</strong> via<br />

ethernet.<br />

echogram - # menu: permite configurar os ecogramas <strong>do</strong>s diferentes transceivers<br />

para a porta ethernet. Neste ponto é importante relembrar que estas configurações<br />

são análogas àquelas apresentadas para o display e para a printer, mas como naquele<br />

caso, os coman<strong>do</strong>s aqui também são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Normalmente durante o cruzeiro<br />

é necessário alterar a escala (range) em que se visualiza o ecograma. Isto precisa ser<br />

efetua<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os menus on<strong>de</strong> houver aquisição <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ecograma<br />

(normalmente display, printer, ethernet e serial). As funções mais importantes po<strong>de</strong>m<br />

ser vistas nas explicações <strong>do</strong> menu display menu/echogram - #.<br />

12. Serial communication menu<br />

telegram menu: com exceção <strong>do</strong>s itens format, mo<strong>de</strong>m control e remote control, lista<br />

os telegramas que po<strong>de</strong>m ser envia<strong>do</strong>s via porta <strong>de</strong> comunicação serial. Cada item<br />

<strong>de</strong>ste menu po<strong>de</strong> ser configura<strong>do</strong> em off ou on <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da informação que se<br />

preten<strong>de</strong> armazenar. Em função <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> informação, por vezes é necessário<br />

sacrificar alguns telegramas em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outros mais relevantes para os<br />

objetivos <strong>do</strong> cruzeiro.<br />

format: permite escolher o formato em que serão envia<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s via porta serial.<br />

As opções são ASCII e binário.<br />

echogram - # menu: seleciona o ecograma para o qual se <strong>de</strong>seja estabelecer<br />

configurações. A <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong>s itens configuráveis encontra-se na seção echogram - #<br />

<strong>do</strong> Display Menu.<br />

13. Portas <strong>de</strong> comunicação<br />

A EK500 possui duas portas para output <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s. Uma porta serial <strong>do</strong> tipo RS232, e<br />

outra <strong>de</strong> re<strong>de</strong> local, a Porta LAN (Local Area Network), que funciona através <strong>de</strong>


64<br />

entradas ethernet. Neste manual somente será apresentada em maior <strong>de</strong>talhe a Porta<br />

Serial, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auxiliar a interpretação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s envia<strong>do</strong>s em formato<br />

ASCII para a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento.<br />

13.1. Porta serial (RS232 – ASCII)<br />

Através <strong>de</strong>sta porta são envia<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s telegramas <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s. Estes<br />

telegramas possuem algumas características em comum. As principais são:<br />

- O i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r, composto <strong>de</strong> <strong>do</strong>is caracteres, e.g. LL, VL, A#, E#, GL, on<strong>de</strong> “#”<br />

é um número <strong>de</strong> 1 a 3 que i<strong>de</strong>ntifica qual <strong>do</strong>s três transcivers enviou os da<strong>do</strong>s;<br />

- Os campos <strong>de</strong> informação <strong>do</strong>s telegramas são separa<strong>do</strong>s por vírgulas;<br />

- To<strong>do</strong>s os telegramas possuem, após o i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r, um da<strong>do</strong> <strong>de</strong> horário no<br />

formato hora, minuto, segun<strong>do</strong> e centésimo <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> (e.g. 10024311).<br />

Os telegramas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> entrada ou <strong>de</strong> saída. Neste manual nos concentraremos<br />

nos telegramas <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, que são os <strong>de</strong> saída. Eles po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> três tipos:<br />

1 – Telegramas Asincrônicos;<br />

2 – Telegrama <strong>de</strong> Pulso (Ping-based);<br />

3 – Telegrama <strong>de</strong> Log (Odômetro – Log-based);<br />

13.1.1.Telegramas asincrônicos (PR, PE, CS, GL, ST)<br />

Estes telegramas são envia<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maneira in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da transmissão <strong>de</strong> pulsos ou<br />

da distância percorrida. São basicamente telegramas que retornam parâmetros<br />

requisita<strong>do</strong>s ou altera<strong>do</strong>s pelo opera<strong>do</strong>r, indicam sobrecarga <strong>de</strong> informação no sistema<br />

ou a posição da embarcação <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a taxa <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> GPS.<br />

PR: Parameter Request > é retorna<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> o opera<strong>do</strong>r envia um telegrama<br />

requisitan<strong>do</strong> um parâmetro (telegrama <strong>de</strong> entrada). Possui as seguintes informações:<br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (PR), horário, “path” <strong>do</strong> parâmetro, parâmetro requisita<strong>do</strong>.<br />

ex: PR,10024311,/ OPERATION MENU/,Ping Mo<strong>de</strong>=Normal<br />

PE: Parameter Entered > registra a entrada <strong>de</strong> um parâmetro <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à coman<strong>do</strong><br />

manual efetua<strong>do</strong> por operação <strong>do</strong> menu. Possui as seguintes informações:<br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (PE), horário, “path” <strong>do</strong> parâmetro, parâmetro entra<strong>do</strong>.<br />

ex: PE,10024723,/OPERATION MENU/,Ping Interval=1.3sec<br />

CS: Comment String > registra a entrada <strong>de</strong> um string <strong>de</strong> comentário (via porta serial 2<br />

ou telegrama <strong>de</strong> entrada). Possui as seguintes informações: i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (CS), horário,<br />

comentário entra<strong>do</strong>.<br />

ex: CS,10031142, medidas <strong>de</strong> TS feitas durante o cruzeiro TESTE 1


65<br />

GL: Geografic Location > contém da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> e longitu<strong>de</strong>. Possui as seguintes<br />

informações: i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (GL), horário, latitu<strong>de</strong> (grau, minuto, centésimo <strong>de</strong> minuto),<br />

hemisfério, longitu<strong>de</strong> (grau, minuto, centésimo <strong>de</strong> minuto), hemisfério.<br />

ex: GL,10031522,2835.24,S,4551.35,W<br />

ST: Status Telegram > registra erros, sobrecargas <strong>do</strong> sistema e alarmes. Possui as<br />

seguintes informações: i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (ST), horário, mensagem.<br />

ex: ST,10041148,Ping-interval warning.<br />

13.1.2. Telegrama <strong>de</strong> pulso (Ping-based)<br />

Estes telegramas são envia<strong>do</strong>s para a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento a cada pulso<br />

emiti<strong>do</strong> pela ecossonda. Retornam da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> TS, Sv, Profundida<strong>de</strong> e movimentos da<br />

embarcação.<br />

D#: Depth > retorna a profundida<strong>de</strong> e a intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> eco <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> (BSBS – bottom<br />

surface backscattering strength). Possui as seguintes informações: i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (D#),<br />

horário, profundida<strong>de</strong> em metros, BSBS em dB.<br />

ex: D1,10024331,74.42,-18<br />

MS: Motion Sensor > retorna as medidas <strong>do</strong>s sensores <strong>de</strong> movimento. Para tanto os<br />

sensores necessitam estar instala<strong>do</strong>s na embarcação. Possui as seguintes<br />

informações: i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (MS), horário, queda livre (metro), balanço (volt), caturro<br />

(volt).<br />

ex: MS,10024331,-1.23,0.0,0.0<br />

E#: Echotrace > retorna da<strong>do</strong>s relativos às leituras <strong>de</strong> TS. Possui as seguintes<br />

informações: i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (E#), horário, número <strong>de</strong> leituras efetuadas, profundida<strong>de</strong> da<br />

leitura, TS corrigi<strong>do</strong>, TS não corrigi<strong>do</strong>, ângulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção proa-popa, ângulo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tecção bombor<strong>do</strong>-boreste.<br />

ex: E1,10024331,3 32.41,-41.6,-43.2,-2.3,3.4<br />

S#: Mean Sv > retorna o valor <strong>de</strong> Sv médio por pulso para cada camada <strong>de</strong> integração<br />

configurada. Possui as seguintes informações: i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (S#), horário, número <strong>de</strong><br />

camadas <strong>de</strong> integração ativadas (1 a 10), i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> camada, Sv médio por pulso<br />

na camada em dB,<br />

ex: S1,10024331,3<br />

1,-87.5,30.00<br />

2,-56.3,28.72<br />

3,-61.6,20.00


66<br />

Q#: contém da<strong>do</strong>s relativos ao ecograma que serão li<strong>do</strong>s por softwares <strong>de</strong> pósprocessamento.<br />

Possui as seguintes informações: i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (Q#), horário, TVG<br />

utiliza<strong>do</strong>, profundida<strong>de</strong> em metros, profundida<strong>de</strong> inicial em metros, profundida<strong>de</strong> final<br />

em metros, número <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> ecograma, profundida<strong>de</strong> inicial para o ecograma <strong>de</strong><br />

fun<strong>do</strong> em metros, profundida<strong>de</strong> final para o ecograma <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> em metros, número <strong>de</strong><br />

valores <strong>do</strong> ecograma <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ecograma em dB.<br />

ex: Q1, 10024331,0,74.42, 0.0, 100.0, 250, 10.0, -5.0, 75,valores.<br />

13.1.3. Telegrama <strong>de</strong> log (Odômetro – Log-based)<br />

Estes telegramas são envia<strong>do</strong>s a cada vez que se conclui um ESDU ou regularmente<br />

durante um ESDU. Apresentam da<strong>do</strong>s relativos ao ESDU recém navega<strong>do</strong> como<br />

configurações <strong>de</strong> camada, além <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s processa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ecointegração e TS.<br />

VL: Vessel Log > este telegrama po<strong>de</strong> ser envia<strong>do</strong> 200 vezes ou 10 vezes a cada<br />

ESDU navega<strong>do</strong>. Fornece uma atualização na distância navegada. Possui as<br />

seguintes informações: i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (VL), horário, data (ano, mês, dia), distância<br />

atualizada.<br />

ex: VL, 10030741, 960523, 1834.015<br />

LL: Layer Settings > é envia<strong>do</strong> ao Final <strong>de</strong> um ESDU e contém as configurações<br />

atualizadas das camadas <strong>de</strong> integração utilizadas. Possui as seguintes informações:<br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (LL), horário, data (ano, mês, dia), distância percorrida em milhas<br />

náuticas, camada relativa à super layer, número <strong>de</strong> camadas ativas, número da<br />

camada, tipo <strong>de</strong> integração (S – superfície, P – pelágica, B – fun<strong>do</strong>), limite superior da<br />

camada em metros, limite inferior da camada em metros, distância <strong>de</strong> margem em<br />

metros, número <strong>de</strong> subcamadas, valor <strong>de</strong> limiar <strong>de</strong> Sv utiliza<strong>do</strong> na camada.<br />

ex: LL, 10031124,960523,1835.000,1,3<br />

1,S, 10.0, 40.0,1.0, 3, -80.0<br />

2,S, 40.0, 70.0,1.0, 4, -80.0<br />

3,B, 20.0, 0.0,5.0, 2, -80.0<br />

A#: Integrator Table > retorna os valores <strong>de</strong> Sa calcula<strong>do</strong>s para cada camada <strong>de</strong><br />

integração e subcamadas, para a ESDU recém navegada. Possui as seguintes<br />

informações: i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (A#), horário, data (ano, mês, dia), Sa da subcamada 1 da<br />

primeira camada (m 2 /mn 2 ), Sa da subcamada 2 da primeira camada (m 2 /mn 2 ), Sa da<br />

subcamada 3 da primeira camda (m 2 /mn 2 ), Sa da subcamada 1 da segunda camada<br />

(m 2 /mn 2 ), e assim por diante.<br />

ex: A1, 10031124,960523<br />

31, 32, 72


67<br />

121, 37E-2, 15E-1, 11<br />

27E-1, 145<br />

H#: TS Distribution Table > retorna a distribuição <strong>de</strong> freqüência relativa <strong>de</strong> TS em cada<br />

camada da ESDU recém navegada. Esta distribuição se apresenta em 24 classes <strong>de</strong><br />

1,5 dB, cobrin<strong>do</strong> um total <strong>de</strong> 36 dB a partir <strong>do</strong> TS mínimum <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> no TS<br />

Detection Menu. Possui as seguintes informações: i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r (H#), horário, data<br />

(ano, mês, dia), TS mínimo configura<strong>do</strong>, número total <strong>de</strong> ecos individuais <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s<br />

na primeira camada, 24 campos com a distribuição <strong>de</strong> freqüência relativa <strong>do</strong> TS para a<br />

primeira camada, número total <strong>de</strong> ecos individuais <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s na segunda camada, 24<br />

campos com a distribuição <strong>de</strong> freqüência relativa <strong>do</strong> TS para a segunda camada e<br />

assim por diante.<br />

ex: H1, 10033128, 960523, -50.0<br />

818, 38,38,17,6,1,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0<br />

73, 0,0,0,0,4,4,11,16,14,10,4,18,10,3,3,3,0,1,0,0,0,0,0,0<br />

88, 0,0,0,0,3,3,9,16,11,9,5,18,12,6,2,2,1,1,0,0,0,0,0<br />

13.1.4. Ecograma<br />

1 – representação da superfície;<br />

2 – limite superior da super layer (linha vermelha);<br />

3 – registro <strong>de</strong> organismos;<br />

4 – limite <strong>de</strong> camada <strong>de</strong> integração (linha preta sólida);<br />

5 – limite inferior da super layer (linha vermelha);<br />

6 – limite da camada <strong>de</strong> integração (linha preta sólida);<br />

7 – linha <strong>de</strong> escala (linha pontilhada);<br />

8 – representação <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>;<br />

9 – contagem <strong>de</strong> milhas (log);<br />

10 – posição geográfica (latitu<strong>de</strong>, longitu<strong>de</strong>);<br />

11 – data e hora;<br />

12 - escala empregada na visualização <strong>do</strong> ecograma;<br />

13 – integrama;<br />

14 – número <strong>do</strong> transceiver e Sv color mínimum configura<strong>do</strong>.


68<br />

14. Referências bibliográficas<br />

Foote, K. G. (1980). Averaging of fish target strength functions. J. Acoust. Soc. Am., 67(2) 504-<br />

515.<br />

Johannesson, K. A, & R. B Mitson. (1983). Fisheries acoustics: a practical manual for aquatic<br />

biomass estimation. FAO Fish. Tech. Paper, 240: 249 p.<br />

Maclennan, D. N. & E. J simmond. (1992). Fisheries Acoustics. Chapman & Hall. Fish and<br />

Fisheries Series 5.<br />

Thorne, R. E.. (1983). Hydroacoustics. In: J. Nielsen & D. Johnson (Eds.) Fisheries Techniques:<br />

239-259<br />

Maclennan, D. N. & D. V. Holliday, (1996). Fisheries and plankton acoustics: past, present and<br />

future. ICES, J. Mar. Sci., 53: 513-516.


69<br />

V. Organismos Planctônicos<br />

Danilo Calazans & José Henrique Muelbert<br />

1. Definição<br />

O Plâncton (<strong>do</strong> Grego Πλανκτοξ = errante) é constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> organismos que estão na<br />

coluna d’água e que não possuem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> locomoção suficiente para evitar o<br />

transporte passivo pelas massas <strong>de</strong> água. Por este motivo sua distribuição é<br />

controlada por processos físicos como corrente, maré, vento e turbulência. Os animais<br />

que constituem o plâncton são conheci<strong>do</strong>s como Zooplâncton, plantas como<br />

Fitoplâncton, as bactérias e algas cianobactérias como Bacterioplâncton, e os vírus<br />

aquáticos como Virioplâncton. Em sua gran<strong>de</strong> maioria os organismos planctônicos são<br />

muito pequenos (<strong>de</strong> alguns micrômetros a 5 mm <strong>de</strong> comprimento) embora alguns<br />

possam chegar a ter mais <strong>de</strong> 20 cm <strong>de</strong> comprimento como as medusas. Alguns<br />

organismos com boa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção tais como eufausiáceos, misidáceos,<br />

larvas <strong>de</strong> peixes e <strong>de</strong> crustáceos, também pertencem ao plâncton. Embora sem muita<br />

locomoção horizontal algumas <strong>de</strong>stas espécies po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>slocar-se verticalmente<br />

algumas centenas <strong>de</strong> metros entre o dia e a noite (comportamento <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

migração nictimeral). É importante mencionar que na prática não existe um limite<br />

rígi<strong>do</strong> entre o que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como um organismo planctônico ou nectônico.<br />

Lulas, peixes pequenos e camarões pelágicos com comprimento total maior <strong>do</strong> que 20<br />

mm po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como organismos micronectônicos, mas também po<strong>de</strong>m ser<br />

trata<strong>do</strong>s como metaplanctônicos.<br />

2. Classificação <strong>do</strong>s organismos planctônicos<br />

Os organismos planctônicos po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> várias maneiras como, por<br />

exemplo, em relação ao seu tamanho ou em função <strong>do</strong>s aspectos ecológicos como o<br />

seu hábitat, sua distribuição vertical ou seu ciclo <strong>de</strong> vida.<br />

2.1. Classificação por tamanho<br />

Os organismos planctônicos po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>do</strong>s em vários grupos ao ser leva<strong>do</strong><br />

em conta o seu tamanho. Embora seja artificial por estar baseada no tamanho, esta<br />

classificação tem um importante significa<strong>do</strong> para <strong>de</strong>terminar a melhor abertura <strong>de</strong><br />

malha a ser utilizada no equipamento coletor para a captura <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> grupo<br />

<strong>de</strong> organismos.


70<br />

Dussart (1965) propôs as seguintes categorias <strong>de</strong> tamanho para classificar os<br />

organismos planctônicos levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração os organismos que passam ou não<br />

através <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> com malha muito fina <strong>de</strong> 20 µm. Desta forma ele dividiu o<br />

plâncton em 5 categorias: 1) Ultrananoplâncton (2000 µm). Nibakken (1993) dividiu os organismos planctônicos em 7 categorias<br />

levan<strong>do</strong> em conta a coleta com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> malha <strong>de</strong> 200 µm e o aumento<br />

<strong>do</strong> conhecimento nos estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s vírus e das bactérias marinhas: 1) Fentoplâncton<br />

(0,02-0,2 µm); 2) Picoplâncton (0,2-2 µm); 3) Nanoplâncton (2-20 µm); 4)<br />

Microplâncton (20-200 µm); 5) Mesoplâncton (0,2-20 mm); 6) Macroplâncton (2-20 cm)<br />

e 7) Megaplâncton (20 a 200 cm). A tabela 1 lista as categorias propostas por<br />

Nybakken (1993) e seus principais grupos <strong>de</strong> organismos.<br />

Tabela 1. Classificação <strong>de</strong> categorias <strong>de</strong> organismos planctônicos por classe <strong>de</strong> tamanho.<br />

(adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Nibakken, 1993)<br />

Classe <strong>de</strong> tamanho Tamanho Principais grupos <strong>de</strong> organismos<br />

1.Fentoplâncton 0,02-0,2 µm Virus<br />

2.Picoplâncton 0,2-2 µm Bacterias, Cianobacterias<br />

3.Nanoplâncton 2-20 µm Protistas (Fungos, Cilia<strong>do</strong>s, Flagela<strong>do</strong>s, Feofíceas,<br />

Clorofíceas),<br />

4.Microplâncton 20-200 µm Diatomáceas, Dinoflagela<strong>do</strong>s, Foraminíferos, Larva<br />

Náuplio <strong>de</strong> crustáceos<br />

5.Mesoplâncton 0,2-20 mm Copépo<strong>do</strong>s, Cladóceros e Larvas Zoé e Megalopa <strong>de</strong><br />

Crustáceos, <strong>de</strong> Moluscos, <strong>de</strong> Equino<strong>de</strong>rmos, <strong>de</strong> Peixes<br />

6.Macroplâncton 2-20 cm Eufauciáceos, Misidáceos, Chaetognatos, Larvas <strong>de</strong> Peixe<br />

e <strong>de</strong> Lagostas<br />

7.Megaplâncton 20 a 200 cm Cifomedusas e Pyrosomata<br />

*As categorias 1 a 3 são coletadas preferencialmente com garrafas, 4 a 7 preferencialmente com re<strong>de</strong>s<br />

2.2. Classificação por aspectos ecológicos<br />

Os organismos planctônicos po<strong>de</strong>m também ser agrupa<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> aspectos<br />

naturais e ecológicos tais como:<br />

2.2.1. Hábitat<br />

Em função <strong>do</strong> seu hábitat eles po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>do</strong>s como:<br />

1) Haliplâncton, que são os organismos planctônicos marinhos, incluin<strong>do</strong> os<br />

oceânicos, os neríticos e estuarinos;<br />

2) Limnoplâncton que são os organismos planctônicos <strong>de</strong> águas continentais.


71<br />

2.2.2. Distribuição vertical<br />

Em função <strong>de</strong> sua distribuição vertical os organismos planctônicos po<strong>de</strong>m ser<br />

classifica<strong>do</strong>s como:<br />

1) Pleuston os que vivem na superfície <strong>do</strong> oceano, com parte <strong>de</strong> seu corpo projeta<strong>do</strong><br />

para fora da superfície. São transporta<strong>do</strong>s mais pelo vento <strong>do</strong> que pelas correntes. Ex.<br />

Velella sp. (Hydrozoa);<br />

2) Neuston os que vivem nos primeiros centímetros da camada superficial <strong>do</strong>s<br />

oceanos;<br />

3) Plâncton Epipelágico os que vivem até 300 m da coluna da água durante o dia;<br />

4) Plâncton Mesopelágico os que vivem entre profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 300 a 1000 m durante o<br />

dia;<br />

5) Plâncton Batipelágico os que vivem entre 1000 e 4000 m;<br />

6) Plâncton Abissopelágico os que vivem entre 4000 e 6000 m;<br />

7) Plâncton Ha<strong>do</strong>pelágico os que vivem em profundida<strong>de</strong>s superiores a 6000 m;<br />

8) Plâncton Epibentônico os que vivem perto ou temporariamente em contato <strong>do</strong><br />

fun<strong>do</strong>.<br />

2.2.3. Ciclo <strong>de</strong> vida<br />

É possível classificar os organismos segun<strong>do</strong> a duração <strong>de</strong> sua existência planctônica<br />

durante seu ciclo <strong>de</strong> vida como:<br />

1) Holoplâncton são os organismos que vivem permanentemente como planctônicos,<br />

por exemplo, copépo<strong>do</strong>s, eufauciáceos, chaetoganatos, pterópo<strong>do</strong>s e os crustáceos<br />

<strong>de</strong>cápo<strong>do</strong>s <strong>do</strong> gênero Lucifer;<br />

2) Meroplâncton são os organismos que vivem parte <strong>de</strong> sua vida como planctônicos,<br />

por exemplo, larvas <strong>de</strong> invertebra<strong>do</strong>s bentônicos como: moluscos, equino<strong>de</strong>rmos,<br />

poliqueta, crustáceos <strong>de</strong>cápo<strong>do</strong>s bentônicos, e ovos e larvas <strong>de</strong> peixes.<br />

3. Adaptações à vida pelágica<br />

Existe uma gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas planctônicas, mas é possível distinguir<br />

algumas características comuns <strong>de</strong>stes organismos principalmente em relação à<br />

pigmentação e as suas dimensões. Ao contrário <strong>do</strong>s organismos bentônicos e<br />

nectônicos, os plantônicos são pouco pigmenta<strong>do</strong>s, em sua maioria até transparentes<br />

e com tamanho que dificilmente ultrapassa poucos milímetros no caso <strong>de</strong> organismos<br />

zooplanctônicos e <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas ou poucas centenas <strong>de</strong> micrômetros no caso <strong>do</strong><br />

fitoplâncton.


72<br />

Os organismos planctônicos (Fig. 1) <strong>de</strong>senvolveram diversos processos que resultam<br />

numa melhor adaptação à vida na coluna d’água. Entre estes processos po<strong>de</strong>m ser<br />

cita<strong>do</strong>s: 1) elementos <strong>de</strong> sustentação <strong>do</strong> corpo (em geral exoesqueletos) menos<br />

<strong>de</strong>nsos; 2) composição química específica; 3) teci<strong>do</strong>s com maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água e<br />

com substâncias gelatinosas; 4) presença <strong>de</strong> gotas <strong>de</strong> gordura; 5) presença <strong>de</strong><br />

espinhos e cerdas e; 6) <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> apêndices flutua<strong>do</strong>res.<br />

Figura 1. Exemplo <strong>de</strong> organismos planctônicos. A, Espinhos em Asterionellopsis glacialis; B,<br />

Exoesqueleto em Diatomus sp.; C, Substâncias gelatinosas em Palau stingless; D,<br />

Gotas <strong>de</strong> gordura em Megalopa <strong>de</strong> Neograpsus altimanus; E, Espinhos em Sergestes<br />

sp.; F, Apêndices flutua<strong>do</strong>res em Veliger <strong>de</strong> Gastropoda. (Fonte: A, Jan Rines; B, Lab.<br />

Zooplancton FURG; C, Graeme; D, Danilo Calazans; E e F, imagequest 3D.com).<br />

Com o auxílio <strong>de</strong> um aparelho <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o ou simplesmente mergulhan<strong>do</strong> é possível<br />

observar a difícil tarefa <strong>de</strong> capturar a<strong>de</strong>quadamente organismos com senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

natação e que ten<strong>de</strong>m a formar agrupamentos (Fig. 2).


73<br />

Figura 2. Distribuição <strong>de</strong> organismos planctônicos na coluna d’água.<br />

4. Amostragem <strong>do</strong> plâncton<br />

Amostras planctônicas (Fig. 3) através <strong>de</strong> um equipamento coletor, principalmente<br />

re<strong>de</strong>, são feitas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1828 quan<strong>do</strong> Thompson utilizou uma re<strong>de</strong> para coletar larvas<br />

<strong>de</strong> crustáceos e <strong>de</strong> cracas.<br />

Figura 3. Trajeto <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> planctônica.<br />

O gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> amostra<strong>do</strong>res <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s para estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> organismos<br />

planctônicos se <strong>de</strong>ve a vários fatores, mas o principal é que nenhum equipamento


74<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> i<strong>de</strong>al para a coleta <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> organismos<br />

planctônicos, presentes em uma massa <strong>de</strong> água. Consi<strong>de</strong>re-se, por exemplo, o fato <strong>de</strong><br />

que poucos litros <strong>de</strong> água, coleta<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser suficientes para obter-se uma amostra<br />

representativa <strong>de</strong> fitoplâncton e que muitos metros cúbicos <strong>de</strong> água filtrada ainda não<br />

seriam suficientes para um bom resulta<strong>do</strong> em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> organismos<br />

megaplanctônicos para a mesma área estudada. Atualmente são utilizadas para<br />

coletar organismos planctônicos re<strong>de</strong>s, bombas <strong>de</strong> sucção, garrafas e equipamentos<br />

ópticos para observação in loco.<br />

A estimativa precisa da abundância <strong>de</strong> organismos planctônicos em uma região<br />

<strong>de</strong>manda muito tempo, e pessoas envolvidas no processo <strong>de</strong> coleta e observação das<br />

amostras. Mesmo assim, apesar <strong>do</strong>s recursos necessários, é difícil saber se as<br />

<strong>de</strong>cisões tomadas sobre os procedimentos <strong>de</strong> coletas e <strong>de</strong> análises permitem o<br />

conhecimento preciso sobre uma população e comunida<strong>de</strong> planctônica. Desta forma, é<br />

importante fazer um programa <strong>de</strong> amostragem para maximizar o tempo e os recursos<br />

gastos para completar as coletas, e minimizar os problemas causa<strong>do</strong>s pelos<br />

equipamentos e pelas análises das amostras.<br />

O conteú<strong>do</strong> informativo <strong>de</strong> uma amostra é medi<strong>do</strong> pela exatidão ou precisão, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a observação da composição ou abundância das espécies existentes<br />

no meio natural. A exatidão reflete as características verda<strong>de</strong>iras da população e da<br />

comunida<strong>de</strong> pelo aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações alcançadas por<br />

procedimentos amostrais bem elabora<strong>do</strong>s. Por outro la<strong>do</strong> a precisão é <strong>de</strong>finida como<br />

uma medida <strong>de</strong> dispersão ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> uma abundância ou composição média.<br />

Portanto, não implica numa <strong>de</strong>scrição verda<strong>de</strong>ira das características da população e<br />

da comunida<strong>de</strong> estudada, através das amostras e das análises realizadas. Por este<br />

motivo os conceitos são distintos e não <strong>de</strong>vem ser confundi<strong>do</strong>s.<br />

Nas primeiras tentativas <strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s quantitativos a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

estava baseada nas leis básicas da estatística segun<strong>do</strong> Omori & Ikeda (1984): 1) a<br />

coleta não <strong>de</strong>ve ser seletiva; 2) <strong>de</strong>ve ser feita ao acaso e; 3) as coletas <strong>de</strong>vem ser<br />

consi<strong>de</strong>radas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes entre si. Estes princípios são praticamente impossíveis<br />

<strong>de</strong> serem controla<strong>do</strong>s em estu<strong>do</strong>s com organismos planctônicos pelos vários fatores<br />

externos que influenciam a coleta. Entre as principais razões uma é que nenhum <strong>do</strong>s<br />

coletores serve para to<strong>do</strong>s os organismos planctônicos sen<strong>do</strong> então necessário<br />

selecionar um amostra<strong>do</strong>r. Outra importante razão é que as coletas <strong>de</strong> organismos<br />

planctônicos são feitas em um ambiente dinâmico como é, por exemplo, uma região<br />

marinha costeira ou um estuário; e, por um meio móvel como é uma embarcação. A<br />

combinação <strong>de</strong>stes fatores viola as 3 regras básicas mencionadas acima, e dificulta a


75<br />

análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. Para evitar qualquer tipo <strong>de</strong> interferência seria necessário realizar<br />

todas as coletas previstas simultaneamente o que é impossível. Desta forma se torna<br />

fácil enten<strong>de</strong>r que nos estu<strong>do</strong>s com organismos planctônicos existem erros<br />

sistemáticos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da estratégia <strong>de</strong> amostragem utilizada. Estes erros são<br />

menos senti<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> uma gran<strong>de</strong> área ou então vários anos são estuda<strong>do</strong>s em que<br />

os acontecimentos ecológicos <strong>do</strong>minantes po<strong>de</strong>m ser reconheci<strong>do</strong>s facilmente. Por<br />

outro la<strong>do</strong> estes erros são mais senti<strong>do</strong>s em áreas menores ou por um perío<strong>do</strong> menor<br />

<strong>de</strong> tempo on<strong>de</strong> os acontecimentos ecológicos são mais variáveis mascaran<strong>do</strong> os<br />

resulta<strong>do</strong>s.<br />

4.1. Desenho amostral<br />

O <strong>de</strong>senho amostral é tão importante quanto à análise e as técnicas usadas no<br />

laboratório e precisa ser planeja<strong>do</strong> com muita atenção. As etapas listadas abaixo<br />

<strong>de</strong>vem ser levadas em consi<strong>de</strong>ração: 1) propósito <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>; 2) tipo <strong>de</strong> organismo e as<br />

suas características biológicas; 3) características físicas <strong>do</strong> local <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, como<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente e relevo <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>; 4) tipo <strong>de</strong> embarcação; 5) tipo <strong>de</strong> coletor<br />

mais apropria<strong>do</strong>; 6) tipo <strong>de</strong> coleta; 7) freqüência <strong>de</strong> amostra e; 8) número <strong>de</strong> amostra.<br />

Também é preciso assumir que o volume <strong>de</strong> água amostra<strong>do</strong> representa to<strong>do</strong> o<br />

volume da área pesquisada. Ao assumir isto várias amostras <strong>de</strong> um volume limita<strong>do</strong><br />

serão necessárias para estimar a abundância e composição <strong>de</strong> uma espécie em<br />

particular ou um grupo <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> toda uma área po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>.<br />

4.2. Amostra qualitativa<br />

Realizada para estudar o número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> uma região, suas distribuições e<br />

flutuações sazonais. É importante selecionar áreas em que amostras possam ser<br />

realizadas durante to<strong>do</strong> o ano sempre utilizan<strong>do</strong> a mesma meto<strong>do</strong>logia e on<strong>de</strong> os<br />

fatores ambientais <strong>do</strong> meio sejam já bem conheci<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>seja coletar o<br />

maior número possível <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> certa região, talvez se faça necessário o uso <strong>de</strong><br />

uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparatos <strong>de</strong> coleta. Para coletar organismos que ten<strong>de</strong>m a<br />

uma distribuição agrupada ou que ocorram muito raramente, talvez seja necessário<br />

aumentar o volume <strong>de</strong> água filtrada por coleta.<br />

4.3. Amostra quantitativa<br />

Realizada para estudar o número ou a abundância <strong>de</strong> organismos que vivem em um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> lugar em certo intervalo <strong>de</strong> tempo. Numerosas variações <strong>de</strong> abundância<br />

ocorrem em um amplo espectro <strong>de</strong> escalas espaciais e temporais no plâncton.


76<br />

Algumas variações po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>vidas a processos biológicos como o crescimento, a<br />

reprodução, a morte ou a migração nas populações, e outras po<strong>de</strong>m estar<br />

relacionadas a processos físicos <strong>de</strong> mistura ou transporte. A estimativa da abundância<br />

po<strong>de</strong> variar também <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a problemas amostrais como o escape ou a distribuição<br />

agrupada (heterogeneida<strong>de</strong> espacial em <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e composição) da comunida<strong>de</strong><br />

planctônica. A influência <strong>do</strong>s ritmos diários e <strong>de</strong> maré nesta variação po<strong>de</strong> significar<br />

um problema quan<strong>do</strong> da interpretação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> plâncton provenientes <strong>de</strong><br />

amostras feitas em intervalos regulares <strong>de</strong> um dia ou mais longo e um vício po<strong>de</strong> ser<br />

gera<strong>do</strong>. Por exemplo, quan<strong>do</strong> efeitos <strong>de</strong> maré e/ou lunares são importantes, amostras<br />

regulares mensais po<strong>de</strong>m per<strong>de</strong>r eventos biológicos importantes causa<strong>do</strong>s pelos<br />

ritmos <strong>de</strong> maré/lunar.<br />

5. Equipamento <strong>de</strong> coleta<br />

O sucesso <strong>de</strong> amostragem é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da estratégia, da seleção <strong>do</strong> equipamento<br />

coletor, <strong>do</strong> tamanho <strong>de</strong> malha utilizada, e <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> coleta. O equipamento <strong>de</strong>ve ser<br />

utiliza<strong>do</strong> levan<strong>do</strong>-se em consi<strong>de</strong>ração os objetivos da investigação.<br />

A captura <strong>de</strong> organismos planctônicos em ambientes aquáticos envolve, <strong>de</strong> uma<br />

maneira geral, quatro procedimentos: 1) coleta por meio <strong>de</strong> garrafas; 2) sucção<br />

através <strong>de</strong> bombas; 3) filtragem por re<strong>de</strong>s e; 4) observação através <strong>de</strong> equipamentos<br />

ópticos.<br />

5.1. Garrafa<br />

Amostra<strong>do</strong>r utiliza<strong>do</strong> principalmente para coletar organismos muito pequenos ou com<br />

pouca mobilida<strong>de</strong>. É mais utiliza<strong>do</strong> para estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Fento, Pico, Nano e<br />

Microplâncton. Uma garrafa <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> preferência <strong>de</strong> material não tóxico como<br />

policloreto <strong>de</strong> vinila (PVC), polietileno <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (PEAD), acrílico ou polimetilmetacrilato<br />

(PMMA), teflon ou politetrafluoretileno (PTFE) para não contaminar a<br />

amostra. A capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> volume coleta<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da dimensão da garrafa po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

variar <strong>de</strong> 1 até 30 litros. Garrafa com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5 ou 10 litros são as mais<br />

comuns. ´Po<strong>de</strong> ser classificada em aberta e fechada.<br />

5.1.1. Garrafa aberta<br />

É <strong>de</strong>scida aberta até a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada, e <strong>de</strong>pois fechada, através <strong>de</strong> um<br />

mensageiro.


77<br />

Garrafa <strong>do</strong>s tipos Niskin (Fig. 4A), Van Dorn (Fig. 4B) ou Kammerer (Fig. 4C), são as<br />

mais utilizadas para coleta tanto em superfície como em profundida<strong>de</strong>. Em geral estas<br />

garrafas são compostas por um cilindro com ambas as extremida<strong>de</strong>s abertas,<br />

normalmente feitas <strong>de</strong> PVC. Estas garrafas têm capacida<strong>de</strong> que varia <strong>de</strong> 1,7 a 20<br />

litros. As tampas <strong>do</strong>s seus extremos são ligadas por uma mangueira em geral <strong>de</strong> látex<br />

bem esticada que passa pelo cilindro. Para coletar a mostra estas tampas são presas<br />

<strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora <strong>do</strong> cilindro por fios <strong>de</strong> náilon engancha<strong>do</strong>s num libera<strong>do</strong>r permitin<strong>do</strong> a<br />

livre passagem da água pelo cilindro. Através <strong>de</strong> um mensageiro lança<strong>do</strong> contra o<br />

libera<strong>do</strong>r, as tampas fecham as extremida<strong>de</strong>s coletan<strong>do</strong> uma porção <strong>de</strong> água da<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com sua capacida<strong>de</strong>. O plâncton coleta<strong>do</strong>, por ser<br />

muito pequeno, é concentra<strong>do</strong> por sedimentação, centrifugação ou fina filtração.<br />

Figura 4. Garrafa <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> água. A, Niskin; B, Van Dorn e C, Kammerer. (Fonte: Danilo<br />

Calazans).<br />

5.1.2. Garrafa fechada<br />

Este tipo <strong>de</strong> garrafa “Go-Flow” é <strong>de</strong>scida fechada até a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada e só<br />

então um mecanismo abre a garrafa para a coleta d’água. Outro mecanismo fecha a<br />

garrafa após um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tempo. Evita-se, <strong>de</strong>sta forma, a contaminação com água<br />

<strong>de</strong> níveis superiores.


78<br />

É possível colocar várias garrafas abertas em série conseguin<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma,<br />

amostrar várias profundida<strong>de</strong>s simultaneamente, quan<strong>do</strong> o 1º mensageiro é liberta<strong>do</strong> à<br />

superfície, fecha a 1ª garrafa, e aciona um mecanismo que faz libertar o 2º mensageiro<br />

que vai fechar a 2º garrafa e assim sucessivamente.<br />

O uso <strong>de</strong> garrafa tem as seguintes vantagens:<br />

1) Normalmente é pequena e <strong>de</strong> fácil manuseio;<br />

2) Conhecimento exato da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água filtrada;<br />

3) Coleta não seletiva capturan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os organismos planctônicos existentes no<br />

volume <strong>de</strong> água amostra<strong>do</strong>;<br />

4) Coleta <strong>de</strong> amostras isoladas, e não integran<strong>do</strong> toda ou uma porção da coluna <strong>de</strong><br />

água<br />

5) Não danifica os organismos coleta<strong>do</strong>s;<br />

6) Não existe problema <strong>de</strong> colmatação;<br />

7) Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recolha simultânea <strong>de</strong> amostras para análise <strong>de</strong> parâmetros físicoquímicos;<br />

8) Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operar vários coletores num mesmo momento.<br />

A garrafa apresenta as seguintes <strong>de</strong>svantagens:<br />

1) O baixo tamanho amostral;<br />

2) Organismos maiores escapam;<br />

3) Organismos em <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s muito pequenas não são recolhi<strong>do</strong>s em número<br />

significativo pelas garrafas <strong>de</strong> 5-10 litros, para estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> abundância total;<br />

4) Garrafa <strong>de</strong> maior volume são muito pesadas e pouco manuseáveis, sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

embarcações pequenas<br />

Material<br />

Planilha <strong>de</strong> Coleta<br />

Garrafa<br />

Mensageiro<br />

Lastro <strong>de</strong> 15 kg<br />

Bal<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20 L<br />

Frasco Coletor<br />

Reagentes<br />

Protocolo <strong>de</strong> amostragem para uma Garrafa tipo Niskin (Fig. 5).<br />

Parar embarcação


79<br />

Escolher uma profundida<strong>de</strong><br />

Preencher planilha <strong>de</strong> coleta com da<strong>do</strong>s da estação<br />

Verificar se o suspiro da garrafa está fecha<strong>do</strong><br />

Armar a Garrafa (Obs. cuida<strong>do</strong> para não agarrar a garrafa posicionan<strong>do</strong> os <strong>de</strong><strong>do</strong>s<br />

entre a abertura da garrafa e as válvulas <strong>de</strong> fechamento)<br />

Pren<strong>de</strong>r firme a garrafa no cabo <strong>do</strong> guincho a uma distância <strong>de</strong> 1,5 a 2 metros <strong>do</strong><br />

lastro<br />

Baixar a garrafa até a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada<br />

Lançar mensageiro<br />

Verificar o fechamento da garrafa tocan<strong>do</strong> o cabo.<br />

Içar a garrafa até a superfície<br />

Trazer a garrafa para o convés da embarcação<br />

Abrir o suspiro da garrafa<br />

Despejar a água em um bal<strong>de</strong> ou frasco coletor<br />

Fechar novamente o suspiro<br />

Armar novamente a garrafa<br />

Baixar a garrafa até a próxima profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada.<br />

Figura 5. Esquema <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> uma Garrafa tipo Niskin. A, Aberta; B, Fechada<br />

Quan<strong>do</strong> a coleta estiver sen<strong>do</strong> feita <strong>de</strong>ve-se evitar ao máximo qualquer or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

distúrbio na água para prevenir reações <strong>de</strong> fuga <strong>do</strong>s organismos planctônicos.


80<br />

Se o cabo em que a garrafa está presa não permanece na vertical, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao<br />

<strong>de</strong>slocamento da embarcação, po<strong>de</strong> ser necessário recorrer à <strong>de</strong>terminação indireta<br />

da profundida<strong>de</strong> para ajuste da correta profundida<strong>de</strong>. A coleta com garrafa é mais<br />

utilizada em zonas rasas, particularmente em estuários e lagoas calmas. Entretanto, o<br />

uso <strong>de</strong> garrafas montadas em rosetas é comumente utiliza<strong>do</strong> em regiões oceânicas.<br />

5.2. Bomba <strong>de</strong> sucção<br />

A captura <strong>de</strong> organismos planctônicos por bombeamento é conhecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1887<br />

quan<strong>do</strong> Hensen utilizou uma bomba manual movida a vapor, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 30<br />

L/min. para suas coletas (Aron, 1958).<br />

Em uma retrospectiva sobre os sistemas <strong>de</strong> bombas como coletores <strong>de</strong> organismos<br />

planctônicos, Powlik et al (1991) relatam que o sistema <strong>de</strong> bombeamento na coleta é<br />

restringi<strong>do</strong> pela potência <strong>do</strong> equipamento e pelas forças físicas e biológicas que<br />

po<strong>de</strong>m reduzir a performance <strong>do</strong> equipamento a níveis críticos. Neste caso a eficiência<br />

da captura é o resulta<strong>do</strong> entre a capacida<strong>de</strong> e as restrições <strong>de</strong> coleta.<br />

Solemdal & Ellertsen (1984) listaram consi<strong>de</strong>rações para amostrar larvas <strong>de</strong> peixes<br />

usan<strong>do</strong> o sistema <strong>de</strong> bomba que po<strong>de</strong> ser generaliza<strong>do</strong> para to<strong>do</strong>s os organismos<br />

planctônicos. As consi<strong>de</strong>rações são as seguintes:<br />

1) Tamanho da bomba/filtro <strong>de</strong>ve correspon<strong>de</strong>r ao tamanho <strong>do</strong>s organismos que estão<br />

sen<strong>do</strong> amostra<strong>do</strong>s;<br />

2) Taxa <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong>ve fornecer uma amostra <strong>de</strong> volume a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> num perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

tempo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>;<br />

3) Os organismos coletadas <strong>de</strong>vem estar em boas condições;<br />

4) Impedir escape <strong>de</strong> organismos das proximida<strong>de</strong>s da boca da mangueira e;<br />

5) Ser fácil <strong>de</strong> operar in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das condições <strong>do</strong> tempo ou da superfície <strong>do</strong> mar.<br />

No sistema <strong>de</strong> bomba externa situada no convés da embarcação, um obstáculo a ser<br />

supera<strong>do</strong> é o início <strong>do</strong> bombeamento já que a bomba está acima <strong>do</strong> nível da<br />

superfície, enquanto que a ponta da mangueira está abaixo <strong>do</strong> nível da superfície. A<br />

dificulda<strong>de</strong> é causada pela resistência <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à fricção da mangueira e a altura que a<br />

água tem que percorrer até passar pela bomba e ser <strong>de</strong>scarregada. Uma solução é<br />

sempre encher a mangueira com água e baixá-la o mais rápi<strong>do</strong> possível. Outra<br />

alternativa é utilizar uma pequena bomba a vácuo a prova <strong>de</strong> água submersa próxima<br />

<strong>do</strong> terminal da mangueira.


81<br />

A potência requerida para operar a bomba é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> diâmetro da mangueira,<br />

da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vazão e da profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostragem. As bombas são utilizadas<br />

para coleta <strong>de</strong> nano, micro e mesoplancton.<br />

As vantagens são:<br />

1) Conhecimento exato da profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta, quan<strong>do</strong> a embarcação está parada;<br />

2) Coleta simultânea <strong>de</strong> amostra <strong>de</strong> plâncton e da<strong>do</strong>s ambientais;<br />

3) Volume <strong>de</strong> água conheci<strong>do</strong>;<br />

4) Separação <strong>do</strong>s organismos por tamanho, com a utilização <strong>de</strong> telas <strong>de</strong> tamanho<br />

variável.<br />

5) Controle direto <strong>do</strong> aparelho, se não funcionar o problema é <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> rapidamente;<br />

As <strong>de</strong>svantagens são:<br />

1) Pouco volume <strong>de</strong> água filtrada;<br />

2) Espécies po<strong>de</strong>m ser danificadas;<br />

3) Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta em maiores profundida<strong>de</strong>s;<br />

4) São difíceis <strong>de</strong> manobrar com barco em andamento;<br />

5) Permitem escape <strong>de</strong> animais maiores;<br />

6) Sistema complexo.<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da categoria, o sistema é composto basicamente por uma bomba <strong>de</strong><br />

sucção, mangueiras flexíveis <strong>de</strong> entrada e <strong>de</strong> saída <strong>de</strong> água e um recipiente com tela<br />

para filtrar a água. Miller & Judkins (1981) dividiram os sistemas <strong>de</strong> bombas em duas<br />

categorias: 1) externa situada no convés da embarcação (Fig. 6A) e; 2) submersa<br />

próxima <strong>do</strong> terminal da mangueira (Fig. 6B).<br />

5.2.1. Bomba externa<br />

É mais utilizada para amostragem em locais <strong>de</strong> baixa profundida<strong>de</strong> ou então para<br />

amostrar até uma profundida<strong>de</strong> não maior <strong>do</strong> que 10 metros da superfície. Neste<br />

sistema a bomba para a sucção é geralmente <strong>do</strong> tipo centrífuga operada por um motor<br />

elétrico ou a gasolina. Quanto maior a potência <strong>do</strong> motor maior será o seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

sucção po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> uma profundida<strong>de</strong> maior ser amostrada. A mangueira <strong>de</strong> sucção <strong>de</strong>ve<br />

ter no mínimo 5 cm <strong>de</strong> diâmetro e um comprimento não inferior a máxima<br />

profundida<strong>de</strong> que se queira amostrar. A mangueira <strong>de</strong>ve estar presa a um cabo <strong>de</strong> aço<br />

<strong>de</strong> 3 ou 4 mm <strong>de</strong> um guincho manual, com um lastro <strong>de</strong> aproximadamente 15 kg na<br />

sua extremida<strong>de</strong>. Um medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> vazão <strong>de</strong> água po<strong>de</strong> ser coloca<strong>do</strong> na mangueira <strong>de</strong><br />

saída <strong>de</strong> água para cálculo <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> cada amostra.


82<br />

Figura 6. Esquema <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> uma bomba <strong>de</strong> sucção. A, Externa; B, Submersa. 1.Bomba<br />

<strong>de</strong> sucção; 2. Suga<strong>do</strong>r; 3. Mangueira; 4. Filtra<strong>do</strong>r, 5. Medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Fluxo.(adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Omori & Ikeda, 1984).<br />

5.2.2. Bomba Submersa<br />

Este sistema requer uma bomba à prova d’água e não tem limitação <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> coleta. As mangueiras <strong>de</strong>ste sistema preferencialmente <strong>de</strong>vem ser secionáveis<br />

para tornar seu uso mais fácil.<br />

5.2.3. Bomba com coletor múltiplo<br />

Yamazi (1960) <strong>de</strong>senvolveu um sistema <strong>de</strong> bomba submergível montada em um aro<br />

circular em forma <strong>de</strong> bacia. O fluxo <strong>de</strong> água é direciona<strong>do</strong> a um disco achata<strong>do</strong> on<strong>de</strong><br />

estão presos <strong>de</strong> 16 a 24 pequenos coletores. Um mecanismo <strong>de</strong>nta<strong>do</strong> roda este disco<br />

permitin<strong>do</strong> a mudança das re<strong>de</strong>s para o caminho <strong>do</strong> fluxo. Este sistema tem sensor <strong>de</strong><br />

temperatura e <strong>de</strong> luz. Beers et al (1967) <strong>de</strong>senvolveram um sistema mais simples em


83<br />

que a saída d'água passa por um complexo <strong>de</strong> peneiras similares ao utiliza<strong>do</strong> por<br />

geólogos para separar o sedimento por tamanho granulométrico. Neste caso o número<br />

<strong>de</strong> bacias po<strong>de</strong> ser variável, mas sempre a <strong>de</strong> cima tem que ter malha maior <strong>do</strong> que a<br />

<strong>de</strong> baixo. Este sistema po<strong>de</strong> separar já na hora da coleta os organismos por tamanho.<br />

Material necessário<br />

Bomba Centrífuga <strong>de</strong> no mínimo 1 HP elétrica trifásica ou a gasolina<br />

Dois pedaços <strong>de</strong> Mangueira <strong>de</strong> 5 cm<br />

Recipiente com tela com malha<br />

Material <strong>de</strong> apoio<br />

Medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> água<br />

Guincho manual com cabo <strong>de</strong> 3 ou 4 mm<br />

Polia o<strong>do</strong>métrica para cabo <strong>de</strong> 4 mm<br />

Lastro<br />

Protocolo <strong>de</strong> amostragem<br />

Parar a embarcação<br />

Preencher planilha<br />

Selecionar profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta<br />

Encher <strong>de</strong> água a mangueira <strong>de</strong> entrada<br />

Posicionar boca <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> água na água<br />

Ligar a bomba<br />

Esperar que a água passe por algum tempo (30 segun<strong>do</strong>s) pela mangueira <strong>de</strong> saída<br />

Posicionar a boca da mangueira na profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada<br />

Colocar mangueira <strong>de</strong> saída antes <strong>do</strong> aparato com tela filtrante, e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />

estratégia:<br />

1. Sem Medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Volume<br />

Marcar o tempo <strong>de</strong> filtração<br />

Desligar a bomba ao terminar tempo <strong>de</strong> coleta estabeleci<strong>do</strong><br />

2. Com medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> volume<br />

Ver número inicial <strong>do</strong> marca<strong>do</strong>r<br />

Desligar a bomba quan<strong>do</strong> volume estabeleci<strong>do</strong> for alcança<strong>do</strong><br />

Filtragem<br />

O passo final <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> amostragem com sistema <strong>de</strong> bomba é a saída da água<br />

passan<strong>do</strong> por um sistema <strong>de</strong> filtragem. A água que sai pelo final da mangueira <strong>de</strong>


84<br />

saída <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ve ser filtrada por uma malha <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o tamanho <strong>do</strong><br />

organismo objeto <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> ou então po<strong>de</strong> passar por uma série <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s com malhas<br />

<strong>de</strong> tamanhos diferentes o que possibilita a separação <strong>do</strong>s organismos por tamanho no<br />

momento da filtragem.<br />

5.3. Re<strong>de</strong> coletora<br />

Müller (1844) utilizou uma pequena re<strong>de</strong> cônica com um corpo <strong>de</strong> malha muito fina<br />

fixada num aro para coleta <strong>de</strong> organismos aquáticos muito pequenos. Desta forma<br />

estava inventada uma re<strong>de</strong> cônica para coletar organismos planctônicos. Esta<br />

<strong>de</strong>scoberta proporcionou o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> um novo e, até então, pouco explora<strong>do</strong> grupo <strong>de</strong><br />

organismos. Embora a forma <strong>de</strong>sta re<strong>de</strong> cônica simples seja usada como um padrão<br />

<strong>de</strong> amostragem até hoje, vários outros tipos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso mais específicos foram<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s sempre basea<strong>do</strong>s no princípio <strong>de</strong> filtração da coluna d'água com três<br />

características básicas.<br />

1) Abertura (boca) em geral rígida na porção anterior por on<strong>de</strong> entra a água durante o<br />

trajeto feito <strong>de</strong>limitada por um aro que dá forma à re<strong>de</strong>. Existem três tipos <strong>de</strong> estrutura:<br />

a) a circular (Fig. 7A); b) a quadrada ou retangular e; c) a pentagonal.<br />

2) Corpo (Fig. 7B) que é o elemento principal da re<strong>de</strong> sen<strong>do</strong> composta <strong>de</strong> uma malha<br />

filtrante em geral fina e po<strong>de</strong> variar em comprimento <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a espessura da<br />

malha utilizada.<br />

3) Coletor (Fig. 7C) tipo copo que é on<strong>de</strong> fica <strong>de</strong>positada a amostra coletada. É fixa<strong>do</strong><br />

no extremo posterior em um encaixe preso à re<strong>de</strong> através <strong>de</strong> abraça<strong>de</strong>iras.<br />

Figura 7. Esquema <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> coletora Cilindro cônica. A, abertura circular; B, corpo; C,<br />

coletor tipo copo.<br />

O tamanho <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> malha <strong>do</strong> corpo <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> é a principal <strong>de</strong>cisão a ser<br />

tomada ainda durante o <strong>de</strong>senho amostral já que ela irá <strong>de</strong>terminar quais organismos<br />

serão coleta<strong>do</strong>s. O tamanho <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> malha varia <strong>de</strong> 20µm a 500µm. O símbolo<br />

“µm” significa micrômetro que é 1/1000 <strong>de</strong> um milímetro.<br />

As re<strong>de</strong>s são os coletores mais utiliza<strong>do</strong>s para micro, meso e macroplâncton, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

variar em forma e tamanho e serem específicas para um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fim, mas como


85<br />

já foi dito anteriormente para a escolha correta <strong>do</strong> aparato <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong>ve-se levar em<br />

consi<strong>de</strong>ração vários fatores tais como: propósito <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, características biológicas<br />

e ecológicas <strong>do</strong>s organismos, geografia da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, tipo <strong>de</strong> embarcação, etc.<br />

As re<strong>de</strong>s são também mais utilizadas para coletas em que se necessita uma gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água filtrada e, como resulta<strong>do</strong>, uma amostra representativa <strong>do</strong>s<br />

organismos em um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> volume. As re<strong>de</strong>s servem tanto para amostras<br />

qualitativas como para quantitativas.<br />

Certos problemas estão associa<strong>do</strong>s com a utilização das re<strong>de</strong>s como coletores, tais<br />

como: a fuga da re<strong>de</strong> por organismos maiores, a perda ou fuga <strong>de</strong> organismos<br />

menores através da malha, e o entupimento da malha causan<strong>do</strong> variação na eficiência<br />

<strong>de</strong> filtração durante o arrasto. A eficiência <strong>de</strong> filtração varia para diferentes tipos <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>s, <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> organismos presentes na região e também com a velocida<strong>de</strong> com<br />

que se arrasta a re<strong>de</strong>. No caso <strong>de</strong> uma amostra quantitativa, filtrar um gran<strong>de</strong> volume<br />

<strong>de</strong> água po<strong>de</strong> diminuir o efeito da rarida<strong>de</strong> ou <strong>do</strong> agrupamento <strong>de</strong> organismos o que<br />

em pequeno volume seria quase impossível <strong>de</strong> acontecer. Em outras palavras pela<br />

amostragem com re<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos medir a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média (geralmente subestimada<br />

por causa <strong>do</strong> escape) <strong>de</strong> organismos presentes numa certa área significativa, não<br />

sen<strong>do</strong> possível ter o conhecimento da abundância ou distribuição em áreas muito<br />

pequenas.<br />

As vantagens das re<strong>de</strong>s são:<br />

1) Filtração rápida <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> água;<br />

2) Probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> captura <strong>de</strong> espécies mais raras;<br />

3) Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da malha <strong>do</strong> corpo utiliza<strong>do</strong>, ela po<strong>de</strong> ser bem seletiva capturan<strong>do</strong><br />

apenas os organismos alvo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

As <strong>de</strong>svantagens são:<br />

1) Colmatação da re<strong>de</strong> o que altera a sua eficiência;<br />

2) Contaminação por misturar organismos estranhos a camada <strong>de</strong> água preferencial<br />

quan<strong>do</strong> a re<strong>de</strong> é içada;<br />

3) Extrusão que é a fuga <strong>de</strong> organismos menores pela abertura <strong>de</strong> malha escolhida<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta;<br />

4) Evitamento que é a fuga <strong>de</strong> organismos maiores ou <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a baixa velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

arrasto;<br />

5) Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostrar estratos específicos;<br />

6) Não <strong>de</strong>tecta a distribuição agrupada <strong>do</strong>s organismos em pequena escala


86<br />

5.3.1. Tamanho <strong>de</strong> re<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al<br />

Já é conheci<strong>do</strong> que não existe re<strong>de</strong> ou coletor i<strong>de</strong>al para to<strong>do</strong>s os organismos<br />

planctônicos. Por este motivo é muito importante levar em consi<strong>de</strong>ração alguns<br />

elementos como: 1) variação <strong>de</strong> tamanho <strong>do</strong> organismo ou organismos alvos; 2)<br />

concentração <strong>do</strong>s organismos da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>; 3) duração <strong>do</strong>s arrastos e; 4)<br />

porosida<strong>de</strong> da malha. A malha da re<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser muito bem escolhida e por isto<br />

merece um <strong>de</strong>staque especial.<br />

5.3.2. Malha <strong>de</strong> re<strong>de</strong><br />

As malhas multifilamento <strong>de</strong> seda foram muito usadas na construção das re<strong>de</strong>s no<br />

passa<strong>do</strong>, mas por serem caras e se <strong>de</strong>teriorarem muito facilmente em contacto com<br />

água salgada elas foram sen<strong>do</strong> substituídas pelas malhas monofilamento <strong>de</strong> poliéster<br />

ou preferencialmente poliamida (náilon) por serem mais fortes quan<strong>do</strong> estão sen<strong>do</strong><br />

arrastadas. A resistência e a porosida<strong>de</strong> da malha estão relacionadas com o diâmetro<br />

<strong>do</strong> fio e abertura <strong>do</strong> poro. As melhores malhas para coletar organismos planctônicos<br />

<strong>de</strong>vem ser incolores, duráveis, com fios finos, alta porosida<strong>de</strong> e que não <strong>de</strong>formem ao<br />

sofrerem a pressão <strong>do</strong> arrasto. As malhas estão padronizadas a partir <strong>de</strong> 1989 pelo<br />

ISO 9354 ou DIN 16611. Para compreen<strong>de</strong>r as especificações da malha é necessário<br />

<strong>de</strong>finir os seguintes termos:<br />

1) Abertura <strong>de</strong> Malha (w): é a distância entre os fios contíguos da trama;<br />

2) Número <strong>de</strong> Fios (n): é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fios por cm;<br />

3) Diâmetro <strong>do</strong> Fio (d): é a espessura <strong>do</strong> fio antes <strong>de</strong> ser teci<strong>do</strong>;<br />

4) Superfície livre: é a quantida<strong>de</strong> em percentagem <strong>de</strong> todas as aberturas <strong>de</strong> malhas<br />

em relação à superfície total <strong>do</strong> teci<strong>do</strong>. É calculada a partir <strong>do</strong>s valores médios<br />

correspon<strong>de</strong>ntes às aberturas <strong>de</strong> malha e às larguras efetivas <strong>do</strong> fio.<br />

α₀ = w² x 100/(w+d²)<br />

d(µm) = (10000/n) – w<br />

Figura 8. Malhas <strong>de</strong> Poliamida (Náilon) em mícra: A, 20; B, 140; C, 200; D, 300 e E, 500.<br />

As características principais das malhas <strong>de</strong> Poliamida (Náilon) monofilamento<br />

disponíveis para serem utilizadas estão especificadas na tabela 2. Como exemplo é<br />

possível citar três fornece<strong>do</strong>res no Brasil que ven<strong>de</strong>m telas para fabricação das re<strong>de</strong>s.


87<br />

Tabela 2. Características das malhas monofilamento <strong>de</strong> Poliamida (PA) (náilon) mais usadas<br />

nas re<strong>de</strong>s para coleta <strong>de</strong> organismos planctônicos.<br />

Abertura <strong>de</strong> Malha Número <strong>de</strong> fios Diâmetro <strong>do</strong> fio Superficie Livre Código <strong>do</strong> Teci<strong>do</strong> <strong>do</strong> Fornece<strong>do</strong>r<br />

(µm)<br />

(±n/in)<br />

(µm)<br />

(%)<br />

1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3<br />

22 25 21 420 450 508 39 30 30 13 19 17 165 HD 30 W TW 21 TW<br />

38 40 40 330 350 330 39 35 38 25 27 26 130 HD 130-35 W PW 40 TW<br />

90 88 90 156 150 158 70 70 70 32 29 30 61 HD 61-70 W PW 90 PW<br />

140 141 140 115 110 110 83 90 90 40 36 36 45 HD 43-90 W PW 140 PW<br />

200 210 215 76 100 74 145 120 140 34 40 46 30 HD 30-120 W PW 215 PW<br />

300 330 300 54 50 58 200 220 140 36 35 46 21 HD 18-220 W PW 300 PW<br />

500 521 500 30 50 30 300 220 300 39 39 38 12 HD 12-300 W PW 500 PW<br />

Fornece<strong>do</strong>res no Brasil. 1, Tegape; 2, Sefar Latino America Ltda.; 3, Cemyc. HD, Alta Densida<strong>de</strong>; W, Transparente;<br />

PW, Armação Tela; TW, Armação Sarja<br />

Uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> malha muito fina em geral entope (colmata) prejudican<strong>do</strong> a sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> filtração. Por este motivo é aconselhável não utilizar re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> malhas<br />

inferiores a 100 µm em mar aberto e <strong>de</strong> 200 µm em ambientes costeiros. As re<strong>de</strong>s<br />

também po<strong>de</strong>m per<strong>de</strong>r organismos por extrusão, isto é, organismos menores ou pouco<br />

maiores <strong>do</strong> que a abertura da malha que ao serem pressiona<strong>do</strong>s passam pela<br />

abertura da malha e não são captura<strong>do</strong>s. Organismos <strong>de</strong> 320 µm <strong>de</strong> comprimento<br />

serão coleta<strong>do</strong>s por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200 µm, mas po<strong>de</strong>m não ser por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> 300<br />

µm. Na prática é recomendável utilizar uma re<strong>de</strong> com abertura <strong>de</strong> malha 75% menor<br />

<strong>do</strong> que o tamanho <strong>do</strong> organismo alvo. Re<strong>de</strong>s pequenas <strong>de</strong> 20 µm e 40 µm são usadas<br />

para coletas superficiais qualitativas <strong>de</strong> fitoplâncton. Estas coletas são feitas no<br />

convés com o barco para<strong>do</strong>.<br />

Para capturar, por exemplo, organismos que tenham entre 250 e 350 µm <strong>de</strong> tamanho<br />

numa área medianamente rica em material em suspensão uma re<strong>de</strong> cilindro cônica<br />

com aro <strong>de</strong> 60 cm (diâmetro <strong>de</strong> boca) <strong>de</strong>ve ter o seguinte comprimento:<br />

Escolha da abertura da malha que, neste caso, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> 200 µm (Fig. 8C) que<br />

equivale ao menor tamanho apresenta<strong>do</strong> pelo organismo. A porosida<strong>de</strong> da malha (β) é<br />

geralmente dada pelo fabricante, que suponhamos seja 0,40 (40%), a boca da re<strong>de</strong> é<br />

60 cm (r 1 =0,30 m), o diâmetro <strong>do</strong> recipiente coletor é 12 cm (r 2 =0,06m) e a relação <strong>de</strong><br />

superfície filtrante é 8 (R = 8).<br />

Com estes da<strong>do</strong>s conheci<strong>do</strong>s é possível calcular a superfície total da re<strong>de</strong> e o<br />

comprimento (altura) da parte cilíndrica anterior e cônica posterior. A cilíndrica <strong>de</strong>ve<br />

ter, por exemplo, 3/8 da superfície filtrante total (a) e a cônica os 5/8 restantes.<br />

De acor<strong>do</strong> com a relação exposta anteriormente:<br />

R = β(x)a/A<br />

On<strong>de</strong> a área é calculada por:<br />

2<br />

a = R(x)A/β, mas A = π(x)r 1 , logo<br />

a = R(x)π(x)r1 2 /β, que neste caso é


88<br />

a = 8(x)3,1416(x)0,30 2 /0,40 = 5,65 m 2 que é a superfície total <strong>do</strong> corpo da re<strong>de</strong><br />

Três oitavos <strong>de</strong>sta superfície total é a parte cilíndrica anterior, ou seja, a 1 = 2,12 m<br />

e seu comprimento (altura) (h<br />

a1 = 2π(x)r 1 (x) h 1 , então h 1 = a 1 /2π (x) r<br />

1<br />

) será:<br />

h1 = 2,12 / 2(x)3,1416(x)0,30 = 1,00 m<br />

1<br />

2<br />

Cinco oitavos da superfície total é a parte cônica posterior, ou seja, a 2 = 3,53 m<br />

a2 = π (r 1 +r 2 )(x)[h 2 2 + (r 1 -r 2 ) 2 ]<br />

E seu comprimento (h<br />

2<br />

) será:<br />

1/2<br />

h2 = [ a 2 2 / π 2 (r 1 +r 2 ) - (r 1 -r 2 ) 2 ] 1/2 então<br />

h2 = [ 3,53 2 / 3,1416 2 (x)(0,30 + 0,06) – (0,30 – 0,06) 2 ]<br />

h2 = 2,04 m<br />

1/2<br />

2<br />

Portanto para satisfazer os requisitos, a porção cilíndrica da re<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ter 1 m e a<br />

cônica 2,04 m <strong>de</strong> comprimento. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comprimento muito gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />

incômodas para operar a bor<strong>do</strong>. A realização <strong>de</strong> um lance mais breve, ou o uso <strong>de</strong> tela<br />

<strong>de</strong> maior porosida<strong>de</strong> ou, o menor diâmetro da boca permite reduzir a relação <strong>de</strong><br />

superfície filtrante (R) e, em conseqüência o comprimento da re<strong>de</strong>.<br />

É possível comprar re<strong>de</strong>s prontas no Brasil (ver, como exemplo <strong>de</strong> fornece<strong>do</strong>res, os<br />

sites da Milan Equipamentos Científicos, Lunus Comércio e Representação e Okeanus<br />

Ltda. Representações <strong>de</strong> Equipamentros Oceanográficos). Basta saber qual é a<br />

melhor para contemplar o objetivo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. As re<strong>de</strong>s prontas são em geral<br />

importadas e <strong>de</strong> custo eleva<strong>do</strong>. As re<strong>de</strong>s mais convencionais, como as cônicas e as<br />

cilindro cônicas, são fáceis <strong>de</strong> serem confeccionadas.<br />

5.3.3. Fazen<strong>do</strong> uma re<strong>de</strong> ciclindro cônica<br />

Para uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fechamento com malha <strong>de</strong> 200 µm, diâmetro da boca <strong>de</strong> 60 cm e<br />

comprimento da parte cilíndrica <strong>de</strong> 100 cm e a cônica <strong>de</strong> 204 cm com coletor <strong>de</strong> 12 cm<br />

<strong>de</strong> diâmetro então é possível construir a re<strong>de</strong> seguin<strong>do</strong> os seguintes passos:<br />

5.3.3.1. Aro<br />

O aro (Fig. 7A) é a boca da re<strong>de</strong> feita <strong>de</strong> aço-inoxidável ou <strong>de</strong> ferro galvaniza<strong>do</strong> (que<br />

<strong>de</strong>ve ser pinta<strong>do</strong> com zarcão) <strong>de</strong> 3/8” <strong>de</strong> espessura. Para o diâmetro <strong>de</strong> 60 cm é<br />

necessário uma vara <strong>de</strong> 188 cm (para os outro diâmetros padrões <strong>de</strong> 30 cm, 50 cm e<br />

100 cm são necessários 94 cm, 157 cm e 314 cm <strong>de</strong> vara respectivamente). O aro


89<br />

<strong>de</strong>ve ter três anéis distribuí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma eqüidistante <strong>de</strong> on<strong>de</strong> saem três cabos 6 mm<br />

que serão uni<strong>do</strong>s ao cabo <strong>de</strong> reboque por manilha reta e <strong>de</strong>storce<strong>do</strong>r.<br />

Material <strong>de</strong> consumo<br />

188 cm vara maciça 3/8” <strong>de</strong> aço-inoxidável ou <strong>de</strong> ferro galvaniza<strong>do</strong><br />

3 elos <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> 3/8” <strong>do</strong> mesmo material<br />

3 manilhas 3/8”<br />

Procedimento <strong>de</strong> construção numa serralheria<br />

Encurvar a vara até ficar com um aro <strong>de</strong> exatos 60 cm <strong>de</strong> diâmetro interno<br />

Soldar<br />

Cortar ao meio os três elos <strong>de</strong> corrente<br />

Soldar os elos ao aro <strong>de</strong> forma eqüidistante, ou seja, a cada 63 cm <strong>do</strong> círculo<br />

5.3.3.2. Corpo da re<strong>de</strong><br />

A malha filtrante é o elemento <strong>de</strong> maior importância da re<strong>de</strong>. Em geral a malha para a<br />

re<strong>de</strong> é náilon monofilamento importada, mas fácil <strong>de</strong> ser encontrada em fornece<strong>do</strong>res<br />

já cita<strong>do</strong>s no Brasil.<br />

Material <strong>de</strong> consumo<br />

600 centímetros <strong>de</strong> tela <strong>de</strong> náilon <strong>de</strong> 200 µm<br />

200 centímetros <strong>de</strong> lona encerada locomotiva <strong>de</strong> 180 centímetros <strong>de</strong> largura<br />

Linha <strong>de</strong> costura <strong>de</strong> náilon Setanil 40 (para lona) e 60 (para malha)<br />

600 centímetros <strong>de</strong> fita <strong>de</strong> náilon gorgurão <strong>de</strong> 25 mm <strong>de</strong> espessura<br />

20 ilhoses <strong>de</strong> latão n° 0<br />

6 argolas <strong>de</strong> latão <strong>de</strong> 23 mm<br />

3 manilhas 3/8”<br />

Procedimento <strong>de</strong> construção feito numa correaria<br />

Para o corpo da re<strong>de</strong>, fazer um mol<strong>de</strong> com a porção inicial (cilíndrica) <strong>de</strong> 63 cm <strong>de</strong><br />

largura e 100 cm <strong>de</strong> comprimento e uma porção cônica com comprimento <strong>de</strong> 204 cm<br />

terminan<strong>do</strong> com 13 cm <strong>de</strong> largura.(Fig. 7B)<br />

Deixar mais 2 cm além das medidas <strong>do</strong> mol<strong>de</strong> da re<strong>de</strong> em to<strong>do</strong> o contorno para a<br />

costura que <strong>de</strong>ve ser feita.<br />

Cortar 3 partes da tela <strong>de</strong> náilon <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o mol<strong>de</strong><br />

Emendar as partes utilizan<strong>do</strong> a linha <strong>de</strong> costura zig-zag<br />

Não costurar as duas últimas partes (as partes ficam abertas)<br />

Cortar 192 (188+4) x 22 (10+10+1+1) cm da lona para a boca da re<strong>de</strong>


90<br />

Cortar 192 (188+4) x 12 (10+2) cm da lona para tira <strong>de</strong> fechamento<br />

Cortar 15 (11+4) x 22 (10+10+1+1) cm da lona para porção final da re<strong>de</strong><br />

Pren<strong>de</strong>r as argolas na tira <strong>de</strong> fechamento usan<strong>do</strong> um pedaço <strong>de</strong> lona como suporte<br />

Costurar a tira <strong>de</strong> fechamento <strong>de</strong> 10 cm <strong>de</strong> largura nas 3 partes da re<strong>de</strong><br />

Deixar cerca <strong>de</strong> 4 cm livres no final <strong>de</strong> uma das partes da re<strong>de</strong> para arrematar a<br />

costura quan<strong>do</strong> fechar totalmente a re<strong>de</strong>.<br />

Fechar totalmente a re<strong>de</strong> unin<strong>do</strong> as partes<br />

Na porção menor, a <strong>do</strong> coletor, colocar a lona <strong>do</strong>brada e costurar<br />

Na porção maior, correspon<strong>de</strong>nte a boca da re<strong>de</strong>, colocar a lona por cima da re<strong>de</strong> a<br />

aproximadamente 8 cm da borda da re<strong>de</strong> e costurar<br />

Passar a lona para o la<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da boca da re<strong>de</strong><br />

Costurar novamente as duas <strong>do</strong>bras da lona (a <strong>de</strong> fora e a <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro)<br />

Colocar os ilhóses distantes <strong>de</strong> 8 a 10 cm um <strong>do</strong> outro e a aproximadamente 1 cm da<br />

borda da lona da re<strong>de</strong><br />

5.3.3.3. Coletor<br />

O coletor (Fig. 7C) é constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> um copo e um encaixe que pren<strong>de</strong> o copo na re<strong>de</strong>.<br />

O coletor mais usa<strong>do</strong> é <strong>de</strong> material rígi<strong>do</strong> em geral PVC <strong>de</strong> 70 ou 110 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro. A capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> copo <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> 300 a 500 mL. O copo <strong>de</strong>ve ter duas<br />

janelas laterais para liberar o excesso <strong>de</strong> água. O coletor tipo bolsa <strong>de</strong> malha possui a<br />

vantagem <strong>de</strong> permitir passagem da água por toda a sua superfície, mas é incômo<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> manusear e po<strong>de</strong> danificar os organismos coleta<strong>do</strong>s. Para coleta <strong>de</strong> fitoplâncton<br />

não é necessário um copo propriamente dito, mas um coletor com torneira na<br />

extremida<strong>de</strong>, para facilitar a transferência da amostra para o recipiente <strong>de</strong><br />

armazenagem. Um problema apresenta<strong>do</strong> por este tipo <strong>de</strong> coletor é que<br />

freqüentemente ele entope, principalmente quan<strong>do</strong> na área <strong>de</strong> coleta são encontra<strong>do</strong>s<br />

organismos gelatinosos.<br />

Material <strong>de</strong> consumo para um coletor <strong>de</strong> PVC <strong>de</strong> 110 mm <strong>de</strong> diâmetro<br />

260 mm <strong>de</strong> cano hidráulico <strong>de</strong> 110 mm <strong>de</strong> diâmetro externo<br />

1 cap hidráulico <strong>de</strong> 110 mm <strong>de</strong> diâmetro interno (para o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> copo)<br />

1 luva hidráulica <strong>de</strong> 110 mm <strong>de</strong> diâmetro interno (para o encaixe <strong>do</strong> copo à re<strong>de</strong>)<br />

1 tubo pequeno <strong>de</strong> cola para cano hidráulico<br />

1 abraça<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> aço inoxidável <strong>de</strong> 15 mm <strong>de</strong> largura e diâmetro 114-133mm<br />

2 parafusos <strong>de</strong> aço inoxidável tamanho 35 mm e diâmetro 3/16”<br />

2 borboletas <strong>de</strong> aço inoxidável para o parafuso<br />

Cola tipo Araldite 24 horas (a <strong>de</strong> secagem rápida não serve)


91<br />

Procedimento num serralheiro ou funileiro<br />

Os passos <strong>de</strong>vem ser segui<strong>do</strong>s nesta or<strong>de</strong>m para facilitar a confecção <strong>do</strong> copo:<br />

Abrir no cano <strong>de</strong> 260 mm, duas janelas eqüidistantes <strong>de</strong> aproximadamente 60x90 mm<br />

a uma altura <strong>de</strong> aproximadamente 80 mm <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> para permitir a saída da água<br />

pelas laterais <strong>do</strong> coletor<br />

Fazer <strong>do</strong>is furos eqüidistantes acima da janela a 20 mm <strong>do</strong> extremo<br />

Passar os parafusos com a cabeça <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora. Eles po<strong>de</strong>m ser atarraxa<strong>do</strong>s<br />

ou cola<strong>do</strong>s<br />

Usinar o cap para diminuir o tamanho e peso<br />

Encaixe <strong>do</strong> copo (Luva hidráulica <strong>de</strong> 110 mm <strong>de</strong> diâmetro interno)<br />

Usinar a junção, para diminuir o diâmetro externo e peso, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> uma pequena<br />

elevação numa das extremida<strong>de</strong>s para fixação da abraça<strong>de</strong>ira. A outra extremida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ve ser lisa<br />

Na extremida<strong>de</strong> lisa abrir duas frisas <strong>de</strong> 7 mm <strong>de</strong> largura em L vira<strong>do</strong>, eqüidistantes e<br />

opostos para o encaixe <strong>do</strong>s parafusos<br />

Procedimento para colar a tela nas janelas <strong>do</strong> copo e terminar o coletor<br />

Cortar <strong>do</strong>is pedaços <strong>de</strong> 80x110 mm da mesma tela <strong>de</strong> malha <strong>do</strong> corpo da re<strong>de</strong><br />

Passar cola em 1,5 a 2 cm no entorno interno das janelas<br />

Depositar o pedaço <strong>de</strong> tela sobre a cola com auxílio <strong>de</strong> uma pinça<br />

Esticar a tela o máximo possível<br />

Deixar secar bem<br />

Passar cola PVC na parte externa <strong>do</strong> cano<br />

Passar cola PVC na parte interna <strong>do</strong> cap<br />

Empurrar o cano contra o cap até chegar ao fun<strong>do</strong><br />

5.3.4. Montagem da re<strong>de</strong> (Fig. 9)<br />

Material<br />

1 corpo da re<strong>de</strong> com 60 cm <strong>de</strong> boca e 304 cm <strong>de</strong> comprimento<br />

1 aro <strong>de</strong> 60 cm<br />

1 encaixe <strong>do</strong> copo<br />

1 copo coletor com borboletas<br />

3 manilhas retas <strong>de</strong> 3/8”<br />

2 manilhas retas <strong>de</strong> ½” para fixar o <strong>de</strong>storce<strong>do</strong>r ao cabo <strong>de</strong> reboque na re<strong>de</strong>.<br />

1 Destorce<strong>do</strong>r <strong>de</strong> ½”<br />

4 cabos <strong>de</strong> aço inoxidável 4 mm, com 1 metro cada e com laços nas extremida<strong>de</strong>s


92<br />

10 m <strong>de</strong> cabo <strong>de</strong> náilon seda trança<strong>do</strong> <strong>de</strong> 4 ou 6 mm<br />

1 abraça<strong>de</strong>ira inoxidável <strong>de</strong> 15 mm <strong>de</strong> largura e diâmetro <strong>de</strong> 114-133mm<br />

1 fluxômetro (optativo)<br />

1 profundímetro (optativo)<br />

1 lastro (optativo para trajetos <strong>de</strong> superfície, obrigatório para os <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>)<br />

Figura 9. Componentes <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> coletora <strong>de</strong> plâncton. 1, corpo da re<strong>de</strong>; 2, aro; 3, coletor;<br />

4, encaixe <strong>do</strong> coletor; 5, manilhas retas <strong>de</strong> 3/8”; 6, manilhas retas <strong>de</strong> ½”; 7,<br />

<strong>de</strong>storce<strong>do</strong>r; 8, cabos <strong>de</strong> aço; 9, cabo <strong>de</strong> náilon seda trança<strong>do</strong>; 10, abraça<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> aço<br />

inox; 11, fluxômetro; 12, profundimetro, 13, lastros.


93<br />

Procedimento <strong>de</strong> montar a re<strong>de</strong><br />

Abrir o corpo da re<strong>de</strong> ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> aro<br />

Passar o cabo <strong>de</strong> náilon seda em zigue-zague pelos ilhoses e o aro<br />

Apertar bem o corpo da re<strong>de</strong> contra o aro e dar um nó<br />

Cortar o excesso <strong>de</strong> cabo <strong>de</strong> naylon<br />

Introduzir o encaixe <strong>do</strong> copo coletor na porção final da re<strong>de</strong><br />

Pren<strong>de</strong>r com abraça<strong>de</strong>ira<br />

Inserir o copo nas frisas <strong>do</strong> encaixe e girá-lo<br />

Apertar firme as borboletas<br />

Passar os três cabos <strong>de</strong> aço nos elos da re<strong>de</strong><br />

Pren<strong>de</strong>r os 3 cabos numa manilha reta <strong>de</strong> ½” (13 mm)<br />

Passar manilha no <strong>de</strong>storce<strong>do</strong>r conecta<strong>do</strong> ao cabo <strong>de</strong> reboque.<br />

Colocar lastro (opcional) na manilha <strong>de</strong> ½” <strong>do</strong> cabo <strong>de</strong> reboque<br />

5.3.5. Tipos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s<br />

As re<strong>de</strong>s foram <strong>de</strong>senvolvidas, como uma solução na tentativa <strong>de</strong> melhorar o<br />

conhecimento sobre a biologia, abundância, distribuição e dispersão <strong>do</strong>s organismos<br />

planctônicos. Os tipos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser divididas em: 1) sem mecanismo <strong>de</strong><br />

abertura e fechamento; 2) com mecanismo <strong>de</strong> abertura e fechamento 3) <strong>de</strong> alta<br />

velocida<strong>de</strong>.<br />

5.3.5.1. Re<strong>de</strong>s simples<br />

O mo<strong>de</strong>lo mais simples é composto <strong>de</strong> uma abertura (boca) rígida por on<strong>de</strong> entra a<br />

água, <strong>de</strong> uma malha filtrante e <strong>de</strong> um recipiente coletor. Este mo<strong>de</strong>lo possui várias<br />

formas sen<strong>do</strong> as mais comuns as <strong>de</strong> boca arre<strong>do</strong>ndada cônica (Fig. 10A); cilindrocônica<br />

(Fig. 10B) ou cônica com boca reduzida (Fig. 10C). Algumas re<strong>de</strong>s são<br />

quadradas ou ainda pentagonais e não são com abertura rígida. São arrastadas a uma<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1 a 2 nós e por tempo não superior a 5 minutos.<br />

Existem vários mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s muito semelhantes entre si. A maioria leva o nome<br />

<strong>do</strong> autor que a i<strong>de</strong>alizou. As especificações das mais utilizadas serão <strong>de</strong>scritas em<br />

<strong>de</strong>talhe seguin<strong>do</strong> as características dadas pelos autores que as <strong>de</strong>screveram.<br />

Alterações em tamanho <strong>de</strong> abertura, da malha e <strong>do</strong> coletor po<strong>de</strong>m ser feitas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com as necessida<strong>de</strong>s e objetivos da coleta.


94<br />

Figura 10. Formas <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s mais comuns arre<strong>do</strong>ndada A, Cônica; B, Cilindro cônica e C,<br />

Cônica com boca reduzida. (adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Omori & Ikeda, 1984).<br />

5.3.5.1.1. Cônica<br />

CalCoFI<br />

A mais simples das re<strong>de</strong>s utilizada para arrastos horizontais em qualquer tipo <strong>de</strong><br />

ambiente aquático. Seu nome vem <strong>do</strong> programa California Cooperative Fisheries<br />

Investigation. Desenvolvida por Ahlstrom (1948) com abertura <strong>de</strong> 100 cm <strong>de</strong> diâmetro,<br />

500 cm <strong>de</strong> comprimento e malha <strong>de</strong> 330 µm (Fig. 11A). Uma variação muito utilizada<br />

tem abertura <strong>de</strong> boca com aros <strong>de</strong> 50 ou 60 cm, comprimento <strong>de</strong> 180 cm ou 250 cm e<br />

malha <strong>de</strong> 200 ou 330 µm. O coletor po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> 70 mm ou 110 mm <strong>de</strong> diâmetro.


95<br />

Figura 11. Re<strong>de</strong>s simples. A, CalCoFi; B, ICITA; C, WP2; D, IOSN.<br />

ICITA<br />

Re<strong>de</strong> padrão utilizada durante o International Cooperative Investigations of the<br />

Tropical Atlantic foi i<strong>de</strong>alizada por Jossi (1966) com 100 cm <strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong> boca com<br />

um corpo <strong>de</strong> re<strong>de</strong> cônico com uma curta secção <strong>de</strong> 18 cm <strong>de</strong> lona e 330 cm <strong>de</strong><br />

comprimento com malha <strong>de</strong> 280 µm (Fig. 11B). Utilizada para arrastos horizontais e<br />

oblíquos.


96<br />

5.3.5.1.2. Cilindro cônica<br />

WP-2<br />

É a re<strong>de</strong> padrão recomendada pelo Working Party n° 2 da Unesco (Fraser, 1966) para<br />

o estu<strong>do</strong> quantitativo, comparativo e <strong>de</strong> biomassa <strong>do</strong> meso e macroplâncton até a<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200 metros. Possui uma abertura <strong>de</strong> boca com 57 cm <strong>de</strong> diâmetro;<br />

corpo com uma secção cilíndrica com 95 cm <strong>de</strong> comprimento e cônica com 166 cm e<br />

malha <strong>de</strong> 200 µm e um copo coletor <strong>de</strong> 110 mm <strong>de</strong> diâmetro (Fig. 11C). A porção<br />

cilíndrica aumenta a eficiência <strong>de</strong> filtragem permitin<strong>do</strong> que a re<strong>de</strong> seja menor em<br />

tamanho sem alterar a área <strong>de</strong> filtração. É utilizada para arrasto vertical e horizontal.<br />

IOSN<br />

A Indian Ocean Standard Net (IOSN) foi <strong>de</strong>senvolvida por Currie (1963) com abertura<br />

<strong>de</strong> boca <strong>de</strong> 113 cm <strong>de</strong> diâmetro e 500 cm <strong>de</strong> comprimento. O setor cilíndrico da re<strong>de</strong><br />

tem 3 malhas diferentes, sen<strong>do</strong> os primeiros 70 cm com tela <strong>de</strong> 12,5 m segui<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

uma cinta <strong>de</strong> lona <strong>de</strong> 30 cm e na porção final uma malha <strong>de</strong> 330 µm com 100 cm <strong>de</strong><br />

comprimento. A porção cônica <strong>de</strong>sta re<strong>de</strong> tem 300 cm <strong>de</strong> comprimento com malha <strong>de</strong><br />

330 µm (Fig. 11D). Utilizada para arrastos horizontais e oblíquos. É recomendada pela<br />

FAO como padrão para coletas em mar aberto.<br />

Bongo (MARMAP)<br />

A re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bongo (Fig. 12A) foi <strong>de</strong>senvolvida por Posgay & Marak (1980) para<br />

utilização no programa Mid-Atlantic Resources Mapping. É uma re<strong>de</strong> com abertura da<br />

boca dupla com 61 cm <strong>de</strong> diâmetro por 30 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> em aço inoxidável ou<br />

fibra <strong>de</strong> vidro. Re<strong>de</strong> com 147 cm <strong>de</strong> comprimento na secção cilíndrica e 153 cm na<br />

cônica. A porção final da re<strong>de</strong> on<strong>de</strong> está anexa<strong>do</strong> o copo coletor com 110 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro. Tem um <strong>de</strong>pressor hidrodinâmico <strong>de</strong> 40 kg (Fig. 11D). Os <strong>do</strong>is cilindros são<br />

uni<strong>do</strong>s entre si por meio <strong>de</strong> um eixo on<strong>de</strong> é conecta<strong>do</strong> ao cabo <strong>de</strong> reboque. Por este<br />

motivo não existe qualquer tipo <strong>de</strong> material que atrapalhe o fluxo da água na frente da<br />

boca da re<strong>de</strong>. Cada cilindro correspon<strong>de</strong> a uma boca <strong>de</strong> re<strong>de</strong> o que permite fazer<br />

arrastos com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> malhas diferentes o que é uma vantagem. Po<strong>de</strong> ser arrastada a<br />

velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> até 6 nós, sen<strong>do</strong> usada preferencialmente para trajeto oblíquo, mas<br />

serve para qualquer tipo <strong>de</strong> trajeto.<br />

5.3.5.1.3. Retangulares<br />

Re<strong>de</strong> Tucker<br />

Re<strong>de</strong> com formato retangular não era comum até Tucker (1951) <strong>de</strong>senvolver uma com<br />

183x183 cm <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> boca flexível e 914 cm <strong>de</strong> comprimento com os primeiros


97<br />

457 cm da re<strong>de</strong> com malha <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> 1,8 cm e <strong>de</strong>pois com 1,3 cm. No final uma<br />

malha <strong>de</strong> náilon <strong>de</strong> 1 mm com 152 cm <strong>de</strong> comprimento, serve como coletor (Fig. 12B).<br />

Esta re<strong>de</strong> é equipada com um sistema <strong>de</strong> registro mecânico <strong>de</strong> tempo e profundida<strong>de</strong>.<br />

Foi <strong>de</strong>senhada para coletar organismos associa<strong>do</strong>s a gran<strong>de</strong>s dispersões em relação<br />

à profundida<strong>de</strong> como eufausiáceos, scifonóforos e peixes <strong>de</strong> meia água. Também<br />

possibilitou o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s com sistemas <strong>de</strong><br />

abertura/fechamento.<br />

Re<strong>de</strong> Neustônica<br />

São re<strong>de</strong>s construídas para coletas <strong>de</strong> fauna superficial, sobre a película <strong>de</strong> água até<br />

alguns poucos centímetros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. A importância <strong>de</strong>ste ambiente <strong>de</strong><br />

condições ecológicas muito particulares foi ignorada até a década <strong>de</strong> 1960 quan<strong>do</strong><br />

então foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s coletores especiais para o seu estu<strong>do</strong>. Zaitzev (1959) foi o<br />

primeiro a construir uma re<strong>de</strong> para amostrar organismos neustônicos. A re<strong>de</strong> original<br />

tem uma boca retangular metálica <strong>de</strong> 60x20 cm e 250 cm <strong>de</strong> comprimento com uma<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> malha <strong>de</strong> 500 µm (Fig. 12 C). Nas laterais foram coloca<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is flutua<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

20x10x4 cm para manter a re<strong>de</strong> na superfície. Ela po<strong>de</strong> ser utilizada com velocida<strong>de</strong>s<br />

entre 1 a 2 nós, na lateral das embarcações ou em embarcações fun<strong>de</strong>adas.<br />

Re<strong>de</strong> Manta<br />

Brown & Cheng (1981) <strong>de</strong>senvolveram uma modificação da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> neuston<br />

tradicional com 100x20 cm <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> boca, equipada com duas asas acima da<br />

linha d'água e um par <strong>de</strong> aletas para guiar a re<strong>de</strong> para fora <strong>do</strong> navio, e a <strong>de</strong>nominaram<br />

<strong>de</strong> Re<strong>de</strong> Manta. Originalmente foi utilizada uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> 240 cm <strong>de</strong> comprimento e 505<br />

µm (corpo <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> Bongo). Um lastro <strong>de</strong> 100 kg foi utiliza<strong>do</strong> para manter o cabo<br />

<strong>de</strong> reboque abaixo da boca da re<strong>de</strong> (Fig 12D).<br />

5.3.5.1.4. Pentagonal<br />

Re<strong>de</strong> Issacs-Kidd<br />

Re<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida por Isaacs & Kidd (1953) para coletar organismos pelágicos<br />

rápi<strong>do</strong>s como larvas <strong>de</strong> peixes, peixes pequenos, lulas e camarões pelágicos<br />

(macroplâncton ou micronécton). É <strong>de</strong> forma pentagonal com uma armação fixa <strong>de</strong><br />

aproximadamente 30 cm <strong>de</strong> largura em forma <strong>de</strong> V que serve como um <strong>de</strong>pressor.<br />

Esta armação ajuda a manter a boca da re<strong>de</strong> aberta e exerce uma força hidrodinâmica<br />

que permite alcançar a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada durante o arrasto. A re<strong>de</strong> original tem<br />

304 cm por 457 cm <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> boca e 745 cm <strong>de</strong> comprimento. O corpo da re<strong>de</strong> é<br />

composto por 4 malhas diferentes. Uma externa <strong>de</strong> 5 cm entre nós, que serve apenas


98<br />

para sustentar as outras 3 internas, sen<strong>do</strong> a porção anterior com malha <strong>de</strong> 5 mm entre<br />

nós e comprimento <strong>de</strong> 270 cm, a mediana com 3 mm entre nós com 330 cm <strong>de</strong><br />

comprimento e a mais posterior com uma malha náilon <strong>de</strong> 1 mm ou 500 µm com 145<br />

cm <strong>de</strong> comprimento. Dois círculos são coloca<strong>do</strong>s para amarrar as malhas internas<br />

entre si e para manter a forma arre<strong>do</strong>ndada da re<strong>de</strong> durante a coleta. (Fig. 12E). As<br />

re<strong>de</strong>s mais utilizadas atualmente po<strong>de</strong>m ser escolhidas entre quatro tamanhos <strong>de</strong><br />

abertura <strong>de</strong> boca 91 cm, 183 cm, 304 cm e 457 cm. A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto po<strong>de</strong> ser<br />

maior <strong>do</strong> que 8 nós no trajeto oblíquo. Esta re<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser usada em conjunto com<br />

ecosonda como um amostra<strong>do</strong>r teste antes <strong>de</strong> arrastos com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> meia água<br />

comercial.<br />

Figura 12. Re<strong>de</strong>s especiais. A, Bongo; B, Tucker; C, Neustônica; D, Manta; E, Isaacs-Kidd.


99<br />

5.3.5.1.5. Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> plânctonbentos<br />

Assim com na superfície, o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> oceano po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um habitat especial<br />

<strong>de</strong> difícil acesso para coletar organismos planctônicos. Hutchinson (1967) <strong>de</strong>finiu estes<br />

organismos como Plânctonbentos. Poucos são os amostra<strong>do</strong>res <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s para<br />

coleta muito próximo <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> e o seu princípio é basicamente o mesmo das outras<br />

re<strong>de</strong>s planctônicas. Russel (1928) foi um <strong>do</strong>s primeiros a <strong>de</strong>senvolver uma re<strong>de</strong><br />

retangular típica para amostrar o plânctonbentos com boca <strong>de</strong> 122 cm <strong>de</strong> largura 30<br />

cm <strong>de</strong> altura e 240 cm <strong>de</strong> comprimento monta<strong>do</strong> em uma armação <strong>de</strong> re<strong>de</strong> tipo trenó a<br />

20 cm acima <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> (Fig. 13A). Nenhum mecanismo <strong>de</strong> abertura e fechamento foi<br />

emprega<strong>do</strong>. Utilizan<strong>do</strong> um equipamento muito similar Bossanyi (1951) colocou<br />

mecanismos que permitiram a abertura e o fechamento na boca da re<strong>de</strong>. Esta nova<br />

re<strong>de</strong> tinha 90 cm <strong>de</strong> largura, 50 cm <strong>de</strong> altura e 210 cm <strong>de</strong> comprimento e com uma tela<br />

<strong>de</strong> 15,7 malhas por cm.<br />

Em maiores profundida<strong>de</strong>s o plâncton próximo <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser coleta<strong>do</strong> com<br />

pequenas re<strong>de</strong>s, com malha <strong>de</strong> 233 µm montadas na frente <strong>do</strong>s submergíveis e com<br />

mecanismos <strong>de</strong> abertura e fechamento da boca da re<strong>de</strong>.<br />

Figura 13. Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Plânctonbentos (adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Russel,1928)<br />

Para amostrar próximo ao fun<strong>do</strong> em recifes <strong>de</strong> corais on<strong>de</strong> a corrente é fraca Rützeler<br />

et al (1980) <strong>de</strong>senvolveram o Horizontal Plankton Sampler (HOPLASA) que cria sua<br />

própria corrente. Este amostra<strong>do</strong>r é composto <strong>de</strong> um cilindro <strong>de</strong> 18,5 cm <strong>de</strong> diâmetro e<br />

40 cm <strong>de</strong> largura feito <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> vidro que abriga um motor elétrico e um hélice para


100<br />

provocar o fluxo. Presa no final <strong>do</strong> cilindro está uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> 80 cm <strong>de</strong> comprimento<br />

com malha <strong>de</strong> 250 µm. Tem autonomia <strong>de</strong> 5 a 8 horas <strong>de</strong> operação com fluxo <strong>de</strong> 20 a<br />

30 cm por segun<strong>do</strong>.<br />

5.3.5.2. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fechamento<br />

Para o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> distribuição e migração vertical <strong>do</strong>s organismos planctônicos é<br />

necessário coletar amostras <strong>de</strong> várias camadas <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> separadamente. Com<br />

este propósito vários tipos <strong>de</strong> amostra<strong>do</strong>res foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s para fechar a<br />

abertura da boca, estrangular o corpo da re<strong>de</strong> e até mesmo fechar o coletor.<br />

O sistema <strong>de</strong> fechamento mais simples e mais eficiente é o feito por estrangulamento<br />

da porção anterior da re<strong>de</strong>. Outros mo<strong>de</strong>los utilizam uma rampa <strong>de</strong>slisável ou giratória<br />

na frente da abertura da re<strong>de</strong> com resulta<strong>do</strong>s nem sempre satisfatórios. Os requisitos<br />

fundamentais que <strong>de</strong>ve reunir um mecanismo dispara<strong>do</strong>r a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e versátil são: 1)<br />

Deve ser <strong>de</strong> fácil manuseio e <strong>de</strong> baixa complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção; 2) Deve funcionar<br />

pelo menos em 90% <strong>do</strong>s casos; 3) Deve ser utiliza<strong>do</strong> com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tamanho<br />

consi<strong>de</strong>rável e <strong>de</strong> alta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> filtração. As re<strong>de</strong>s mais utilizadas são:<br />

Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nansen<br />

É uma re<strong>de</strong> cilindro cônica <strong>de</strong>senvolvida por Nansen (1915) <strong>de</strong> 35 a 100 cm <strong>de</strong><br />

diâmetro <strong>de</strong> boca com a porção cilíndrica feita <strong>de</strong> lona e com 50 cm <strong>de</strong> comprimento.<br />

A porção cônica tem 150 cm <strong>de</strong> comprimento e o corpo da re<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ter uma malha<br />

com abertura <strong>de</strong> 140 ou 200µm (Fig. 14A). Ao final da porção cônica vai uma cinta <strong>de</strong><br />

lona <strong>de</strong> aproximadamente 10 cm <strong>de</strong> espessura on<strong>de</strong> são fixadas várias argolas <strong>de</strong> 2<br />

cm <strong>de</strong> diâmetro por on<strong>de</strong> passa um cabo resistente, como um laço por toda a volta<br />

<strong>de</strong>ste cinturão. O lastro <strong>de</strong> aproximadamente 15 kg e o copo coletor são também<br />

ata<strong>do</strong>s ao aro da boca por meio <strong>de</strong> três cabos. A re<strong>de</strong> é presa ao mecanismo <strong>de</strong><br />

fechamento através <strong>de</strong> <strong>do</strong>is elos, um móvel para as amarras da boca da re<strong>de</strong> e um<br />

fixo para o cabo que passa pelo cinturão <strong>de</strong> lona. Uma vez que se alcance a base <strong>do</strong><br />

estrato que se queira amostrar, a re<strong>de</strong> começa a ser içada lentamente<br />

(aproximadamente 1m/seg) até alcançar a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada. Termina<strong>do</strong> este<br />

trajeto o mensageiro é lança<strong>do</strong> da superfície através <strong>do</strong> cabo <strong>de</strong> reboque para liberar<br />

os três cabos da boca da re<strong>de</strong> que estão no elo móvel, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que a tensão feita<br />

pelo lastro é transferida ao cabo que passa pelo cinturão <strong>de</strong> lona, preso no elo fixo,<br />

<strong>de</strong>ten<strong>do</strong> a entrada <strong>de</strong> material pela boca da re<strong>de</strong> (Fig. 14B).<br />

Re<strong>de</strong> WP2


101<br />

Já citada e <strong>de</strong>scrita, também é muito utilizada para arrastos verticais.<br />

Figura 14. Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fechamento. A, Aberta; B, Fechada.<br />

5.3.5.3. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> abertura e fechamento<br />

Re<strong>de</strong>s com mecanismos <strong>de</strong> abertura e fechamento são mais utilizadas para trajetos<br />

horizontais e oblíquos.<br />

5.3.5.3.1. Fechamento simples<br />

Re<strong>de</strong> Kofoid<br />

Kofoid (1911) <strong>de</strong>senvolveu uma re<strong>de</strong> cônica com um aro <strong>de</strong> 37 cm <strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong><br />

boca, com 200 cm <strong>de</strong> comprimento total com malha <strong>de</strong> seda. Utilizada em arrastos<br />

horizontais <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. O sistema envolve duas placas semi-esféricas on<strong>de</strong> a<br />

re<strong>de</strong> é presa (Fig.15A). O primeiro mensageiro libera a semi-esfera <strong>de</strong> baixo que se<br />

<strong>do</strong>bra para frente e <strong>de</strong>sce 180° abrin<strong>do</strong> a re<strong>de</strong>. O segun<strong>do</strong> mensageiro libera a<br />

segunda semi-esfera que se <strong>do</strong>bra para baixo, fechan<strong>do</strong> a re<strong>de</strong>. Não foi muito a<strong>do</strong>tada<br />

em pesquisas oceânicas porque <strong>de</strong>ve ser presa ao final <strong>do</strong> cabo <strong>de</strong> reboque por causa<br />

<strong>de</strong> seu mecanismo <strong>de</strong> abertura/fechamento o que compromete a eficiência <strong>do</strong> arrasto.


102<br />

Clarke-Bumpus<br />

Clarke & Bumpus (1950) <strong>de</strong>senvolveram uma re<strong>de</strong> com duplo mensageiro com 12,7<br />

cm <strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong> boca e um tubo <strong>de</strong> 16 cm <strong>de</strong> comprimento e uma re<strong>de</strong> com 61 cm<br />

<strong>de</strong> comprimento no final <strong>do</strong> tubo (Fig. 15B). Uma armação presa acima e abaixo <strong>do</strong><br />

cabo <strong>de</strong> reboque suporta a re<strong>de</strong>. Este tubo é equipa<strong>do</strong> com uma tampa giratória na<br />

boca <strong>do</strong> coletor que permite a sua <strong>de</strong>scida fechada. Quan<strong>do</strong> o primeiro mensageiro é<br />

lança<strong>do</strong> a placa gira 90º abrin<strong>do</strong> a re<strong>de</strong> e permitin<strong>do</strong> o fluxo d’água. Um segun<strong>do</strong><br />

mensageiro gira a placa outros 90º fechan<strong>do</strong> a re<strong>de</strong>. Um medi<strong>do</strong>r no final <strong>do</strong> tubo<br />

me<strong>de</strong> o fluxo <strong>de</strong> água que passa pelo tubo. Por ser pequena é possível ter várias<br />

re<strong>de</strong>s trabalhan<strong>do</strong> ao mesmo tempo em níveis <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> diferentes. Por este<br />

motivo ainda é muito utilizada nos dias <strong>de</strong> hoje.<br />

Bongo com fechamento<br />

McGowan & Brown (1966) <strong>de</strong>senvolveram uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> abertura e fechamento com<br />

<strong>do</strong>is cilindros metálicos <strong>de</strong> 70 cm <strong>de</strong> diâmetro uni<strong>do</strong>s entre si por meio <strong>de</strong> um eixo<br />

on<strong>de</strong> é conecta<strong>do</strong> ao cabo <strong>de</strong> reboque quan<strong>do</strong> é arrasta<strong>do</strong>. A re<strong>de</strong> tem uma porção<br />

cilíndrica <strong>de</strong> 81 cm e a porção cônica 420 cm com tela <strong>de</strong> náilon <strong>de</strong> 505 µm. Uma<br />

porta <strong>de</strong> Dracon cobre as duas bocas da re<strong>de</strong> ao baixá-la até a profundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sejada. Um mensageiro <strong>do</strong>bra as portas <strong>de</strong> Dracon acima <strong>do</strong>s cilindros liberan<strong>do</strong> a<br />

boca da re<strong>de</strong> para filtragem da água. Um medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> fluxo após um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />

número <strong>de</strong> rotações libera as duas re<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s cilindros metálicos que são então<br />

estranguladas por cabos e içadas até a superfície. Não é muito utilizada pela<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> armar o sistema a cada lance.<br />

Re<strong>de</strong> Tucker modificada<br />

Sameoto & Jaroszynski (1976) modificaram uma re<strong>de</strong> Tucker quadrada <strong>de</strong> 100 cm <strong>de</strong><br />

la<strong>do</strong> com um duplo mecanismo <strong>de</strong> abertura e fechamento mecânicos (Fig. 15C). A<br />

malha é <strong>de</strong> lona. Possui um <strong>de</strong>pressor retangular coloca<strong>do</strong> na porção inferior da re<strong>de</strong>.<br />

A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto po<strong>de</strong> ser entre 2 e 4 nós.


Figura 15. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> abertura e fechamento simples. A, Re<strong>de</strong> Kofoid; B, Clarke-Bumpus; C,<br />

Re<strong>de</strong> Tucker modificada.1. Fechada em cima; 2, Aberta; 3, Fechada embaixo. (Fonte: A<br />

e B, Noaa Photo Llibrary fotos <strong>de</strong> Y. Berard; C, Baker et al.,1973)<br />

103


104<br />

5.3.5.3.2. Fechamento Múltiplo<br />

MPS<br />

O primeiro sistema <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s múltiplas Multiple Plankton Sampler (MPS) foi<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> para arrastos verticais por Bé (1959) sen<strong>do</strong> composto <strong>de</strong> 3 re<strong>de</strong>s<br />

quadradas <strong>de</strong> 50 cm <strong>de</strong> la<strong>do</strong>, colocadas em um aro para serem abertas e fechadas em<br />

seqüência por 4 mensageiros. A re<strong>de</strong> tem 300 cm <strong>de</strong> comprimento com uma cinta <strong>de</strong><br />

náilon <strong>de</strong> 50 cm da porção anterior e 240 cm <strong>do</strong> corpo da re<strong>de</strong> com malha <strong>de</strong> 200 µm<br />

e uma cinta <strong>de</strong> 100 cm para atar o coletor. Esta re<strong>de</strong> foi modificada por Bé (1962)<br />

<strong>de</strong>nominada MPS para arrastos horizontais e oblíquos sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> um mecanismo<br />

<strong>de</strong> abertura e fechamento a base <strong>de</strong> pressão pré-estabelecida <strong>de</strong> 0-100 m, 100-250 m,<br />

250-500 m. Foram também construídas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 100 cm <strong>de</strong> la<strong>do</strong><br />

RMT<br />

Clarke (1969) <strong>de</strong>screveu uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong>nominada Rectangular Mouth Opening Trawl<br />

(RMT) <strong>de</strong> boca flexível retangular <strong>de</strong> 200x400 cm (8 m²) com 1200 cm <strong>de</strong> comprimento<br />

e 5 mm <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> malha. A re<strong>de</strong> é aberta e fechada por pulsos acústicos. A<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto é <strong>de</strong>terminada por um profundímetro. Variações <strong>de</strong>sta re<strong>de</strong><br />

são a RMT 1+8 (Baker et al, 1973) (Fig. 16A) e a RTM 8.<br />

MOCNESS<br />

Wiebe et al (1976) modificaram a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> meia água Tucker colocan<strong>do</strong> um mecanismo<br />

<strong>de</strong> abertura e fechamento controla<strong>do</strong> eletronicamente para amostrar e coletar da<strong>do</strong>s<br />

em diferentes profundida<strong>de</strong>s, conheci<strong>do</strong> como Multiple Opening/Closing Net and<br />

Environmental Sampling System (MOCNESS). É um sistema <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> boca<br />

rígida <strong>de</strong> 100x141 cm com até 9 re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 600 cm <strong>de</strong> comprimento, corpo com malha<br />

<strong>de</strong> 330 µm e com sinal <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> remoto a partir da embarcação (Fig. 16B). Além<br />

das amostras <strong>de</strong> plâncton em diferentes profundida<strong>de</strong>s, sensores como os <strong>de</strong> pressão,<br />

temperatura, condutivida<strong>de</strong> e turbi<strong>de</strong>z po<strong>de</strong>m ser acopla<strong>do</strong>s ao sistema permitin<strong>do</strong><br />

coletas simultâneas <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s bióticos e abióticos. To<strong>do</strong>s os sinais <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> são<br />

envia<strong>do</strong>s por um computa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> bor<strong>do</strong> através <strong>de</strong> um cabo. Comercialmente existem<br />

várias versões <strong>de</strong>ste sistema <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s com aberturas <strong>de</strong> boca que po<strong>de</strong>m variar <strong>de</strong><br />

0,25; 1,0; 2,0; 4,0; 10,0 e 20,0 m² e vários sensores <strong>de</strong> fatores abióticos. Esta é uma<br />

das re<strong>de</strong>s mais utilizadas atualmente porque permite replicar amostras na mesma<br />

profundida<strong>de</strong> na investigação. Po<strong>de</strong> ser aberta ou fechada quan<strong>do</strong> certas condições<br />

físicas <strong>de</strong> interesse (por ex. termoclina) ou químicas são <strong>de</strong>tectadas relacionadas com<br />

a distribuição <strong>do</strong>s organismos planctônicos.


105<br />

BIONESS<br />

A Bedford Institute of Oceanography Net and Environmental Sensing System<br />

(BIONESS) é constituída <strong>de</strong> 10 re<strong>de</strong>s e foi <strong>de</strong>senvolvida por Sameoto et al (1980) a<br />

partir da re<strong>de</strong> múltipla <strong>de</strong> Bé (1962). O sistema eletrônico consiste <strong>de</strong> um cabo elétrico<br />

<strong>de</strong> reboque controla<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> à bor<strong>do</strong> para medições em tempo real.<br />

Um sistema mecânico alternativo armazena os da<strong>do</strong>s no próprio equipamento e tem<br />

por um cabo <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> reboque. Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, volume, temperatura e<br />

condutivida<strong>de</strong> também são coleta<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> sensores. Dois medi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> fluxo<br />

estão acopla<strong>do</strong>s, um externo para medir a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto e outro interno à<br />

armação da re<strong>de</strong> para medir o volume filtra<strong>do</strong> da amostra. A re<strong>de</strong> funciona bem até<br />

1000 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong> ser arrasta a uma velocida<strong>de</strong> entre 1 a 5 nós. Dois<br />

mo<strong>de</strong>los são ofereci<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong>, um <strong>de</strong> 100x100 cm (1 m²) e outro <strong>de</strong> 50x50 cm<br />

(0,25 m²) <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> boca.<br />

Figura 16. Re<strong>de</strong>s Múltiplas <strong>de</strong> Fechamento. A, RMT;1+8 B, Mocness; C, Lochness.


106<br />

LOCHNESS<br />

Versão melhorada da BIONESS a Large Opening Closing High Speed Net and<br />

Environmental Sensing System (LOCHNESS) foi <strong>de</strong>senvolvida por Dunn et al (1993b).<br />

Neste caso a armação tem 300 cm lateral e 200 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, com 5 re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

230x230 cm <strong>de</strong> boca e 1400 cm <strong>de</strong> comprimento com malha <strong>de</strong> poliéster <strong>de</strong> 2 mm.<br />

Uma asa estabiliza<strong>do</strong>ra está presente na porção posterior da armação (Fig. 16C). Um<br />

sistema acusticamente envia<strong>do</strong> controla a abertura e o fechamento da re<strong>de</strong> e monitora<br />

a pressão, o fluxo e o esta<strong>do</strong> da bateria. Um registra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s (data logger) é<br />

monta<strong>do</strong> na armação para registrar da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, condutivida<strong>de</strong> e<br />

temperatura. Outros da<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser coleta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da montagem diferentes<br />

registra<strong>do</strong>res. A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto po<strong>de</strong> ser superior a 6 nós.<br />

MULTINET<br />

Weikert & John (1981) <strong>de</strong>senvolveram a Multinet, oferecida no merca<strong>do</strong> pela<br />

Hydrobios, modifican<strong>do</strong> a MPS. O sistema coletor é composto <strong>de</strong> uma armação <strong>de</strong> aço<br />

inoxidável <strong>de</strong> 50 x 50 cm <strong>de</strong> la<strong>do</strong> por 60 cm <strong>de</strong> largura e po<strong>de</strong> levar 5 re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 250 cm<br />

<strong>de</strong> comprimento e a abertura <strong>de</strong> malha é <strong>de</strong> 300 µm (Fig. 17). As re<strong>de</strong>s são atadas a<br />

lona da armação por meio <strong>de</strong> um zíper permitin<strong>do</strong> troca rápida <strong>de</strong> re<strong>de</strong> se a operação<br />

exigir re<strong>de</strong>s com corpos <strong>de</strong> malhas diferentes como, por exemplo, 3 corpos <strong>de</strong> 300 µm<br />

e <strong>do</strong>is corpos <strong>de</strong> 200 µm. As re<strong>de</strong>s são abertas e fechadas eletronicamente via cabo<br />

condutor simples ou múltiplo conecta<strong>do</strong> à uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coman<strong>do</strong> à bor<strong>do</strong>.<br />

Sistemas semelhantes <strong>de</strong> 35 x 35 cm e <strong>de</strong> 71 x 71 cm são também ofereci<strong>do</strong>s.<br />

Figura 17. Re<strong>de</strong> Múltipla (Fonte: Catálogo da Hydrobios).<br />

Dois medi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> fluxo eletrônicos po<strong>de</strong>m ser coloca<strong>do</strong>s no sistema coletor um<br />

interno para medir o volume e outro externo para medir o entupimento da re<strong>de</strong>.<br />

Transmite também os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pressão o que possibilita saber a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>


107<br />

arrasto. Vários outros sensores po<strong>de</strong>m ser acopla<strong>do</strong>s ao sistema inclusive uma garrafa<br />

coletora <strong>de</strong> água. Para arrastos horizontais e oblíquos é necessário o uso <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>pressor hidrodinâmico.<br />

Uma gran<strong>de</strong> vantagem <strong>de</strong>ste sistema é que o mecanismo i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> para abrir e<br />

fechar re<strong>de</strong>s também possibilita o uso seria<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>is ou mais equipamentos ao<br />

mesmo tempo. Esta operação apesar <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>licada permite a realização <strong>de</strong> várias<br />

coletas simultâneas diminuin<strong>do</strong> o tempo total <strong>de</strong> operação em relação à coleta com<br />

re<strong>de</strong> convencional que precisa <strong>de</strong>scer e subir várias vezes para realizar o mesmo<br />

trabalho.<br />

Pela sua versatilida<strong>de</strong> este sistema é também muito utiliza<strong>do</strong> em conjunto com a<br />

observação hidroacústica na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> aglomerações formadas por organismos<br />

planctônicos, sen<strong>do</strong> o padrão atual para coletas em to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> trajetos.<br />

Detalhes <strong>de</strong> sua operação são da<strong>do</strong>s a seguir.<br />

Protocolo <strong>de</strong> operação em um trajeto oblíquo entre estratos<br />

Observação: Foi nota<strong>do</strong> pela equipe <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> N/Oc. Atlântico Sul, que<br />

para a estabilização <strong>do</strong> sistema o melhor foi abrir a primeira re<strong>de</strong> antes da linha<br />

d’água, ao contrário <strong>do</strong> indica<strong>do</strong> pelo manual <strong>do</strong> fabricante que instrui para que libere<br />

a primeira re<strong>de</strong> na profundida<strong>de</strong> estabelecida. Por este motivo neste protocolo <strong>de</strong> uso<br />

da Multinet orientamos para esta possibilida<strong>de</strong>, com os seguintes passos:<br />

Conectar o sistema na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coman<strong>do</strong><br />

Fazer observação hidroacústica <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> organismos planctônicos (p. ex.<br />

Observação <strong>de</strong> <strong>do</strong>is estratos <strong>de</strong> aglomeração um <strong>de</strong> 80 a 120 m e outro <strong>de</strong> 20 a 40 m<br />

<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>).<br />

Estabelecer estratos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com esta observação (p.ex. <strong>de</strong> 120 a 80 m;<br />

<strong>de</strong> 80 a 60 m; <strong>de</strong> 40 a 20 m e <strong>de</strong> 20 m até a superfície).<br />

Completar planilha com da<strong>do</strong>s da estação e <strong>de</strong> observação hidroacústica<br />

Ligar a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coman<strong>do</strong><br />

Testar o sistema<br />

Armar as re<strong>de</strong>s<br />

Levar o sistema até a linha d´água<br />

Abrir a primeira re<strong>de</strong><br />

Baixar o sistema em trajeto oblíquo até a maior profundida<strong>de</strong> estabelecida (no caso<br />

120 m)<br />

Anotar o volume filtra<strong>do</strong> da primeira re<strong>de</strong>


108<br />

Disparar a segunda re<strong>de</strong>, que fecha a primeira, após atingir a maior profundida<strong>de</strong><br />

estabelecida e içar o sistema vagarosamente em trajeto oblíquo até a segunda<br />

profundida<strong>de</strong> estabelecida (no caso 80 m)<br />

Anotar o volume filtra<strong>do</strong> da segunda re<strong>de</strong><br />

Repetir procedimento para as re<strong>de</strong>s 3 e 4 respeitan<strong>do</strong> as profundida<strong>de</strong>s préestabelecidas.<br />

Manter a re<strong>de</strong> 5 aberta da última profundida<strong>de</strong> até a superfície<br />

Içar o sistema para o convés<br />

Lavar as re<strong>de</strong>s<br />

Concentrar as amostras nos coletores<br />

Liberar cuida<strong>do</strong>samente o coletor<br />

Despejar a amostra na garrafa plástica numerada com o auxílio <strong>de</strong> um funil<br />

Anotar o número da garrafa para a re<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte<br />

Guardar a garrafa<br />

Recolocar o coletor na sua respectiva re<strong>de</strong><br />

Protocolo <strong>de</strong> operação em um trajeto horizontal no estrato<br />

Para o mesmo exemplo <strong>de</strong> observação hidroacústica acima<br />

Estabelecer estratos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com esta observação (p.ex. <strong>de</strong> 120 a 80 m;<br />

<strong>de</strong> 80 a 60 m; <strong>de</strong> 40 a 20 m e <strong>de</strong> 20 m até a superfície).<br />

Completar planilha com da<strong>do</strong>s da estação e <strong>de</strong> observação hidroacústica<br />

Ligar a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coman<strong>do</strong><br />

Testar o sistema<br />

Armar as re<strong>de</strong>s<br />

Levar o sistema até a linha d´água<br />

Baixar o sistema até a profundida<strong>de</strong> estabelecida (que neste caso po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> 100 m)<br />

Abrir a primeira re<strong>de</strong><br />

Manter um trajeto horizontal até alcançar o volume <strong>de</strong> 100 m³ <strong>de</strong> água filtrada<br />

Disparar a segunda re<strong>de</strong>, que fecha a primeira, após atingir o volume estabeleci<strong>do</strong> e<br />

içar o sistema vagarosamente em trajeto oblíquo até a segunda profundida<strong>de</strong><br />

estabelecida (no caso 70 m)<br />

Anotar o volume filtra<strong>do</strong> da segunda re<strong>de</strong><br />

Repetir procedimento para as re<strong>de</strong>s 3 e 4 respeitan<strong>do</strong> a profundida<strong>de</strong> e o volume préestabeleci<strong>do</strong>s.<br />

Manter a re<strong>de</strong> 5 aberta da última profundida<strong>de</strong> até a superfície<br />

Içar o sistema para o convés<br />

Lavar as re<strong>de</strong>s


109<br />

Concentrar as amostras nos coletores<br />

Liberar cuida<strong>do</strong>samente o coletor<br />

Despejar a amostra na garrafa plástica numerada com o auxílio <strong>de</strong> um funil<br />

Anotar o número da garrafa para a re<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte<br />

Guardar a garrafa<br />

Recolocar o coletor na sua respectiva re<strong>de</strong><br />

Protocolo <strong>de</strong> operação em um trajeto vertical nos estratos<br />

O protocolo é semelhante ao apresenta<strong>do</strong> no trajeto oblíquo apenas <strong>de</strong> difere no<br />

senti<strong>do</strong> vertical.<br />

5.3.5.4. Amostra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong><br />

Amostra<strong>do</strong>res <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s para arrastos a velocida<strong>de</strong>s acima <strong>de</strong> 10 nós. Des<strong>de</strong> o<br />

início <strong>do</strong> século XX vários amostra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. Em<br />

geral são pequenos tubos <strong>de</strong> 5-12 cm <strong>de</strong> diâmetro e com comprimentos variável <strong>de</strong> 25<br />

a 50 cm pareci<strong>do</strong>s com um torpe<strong>do</strong> com abertura <strong>de</strong> boca <strong>de</strong> no máximo 4 cm que são<br />

arrasta<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> um cabo reboque coloca<strong>do</strong> na porção frontal <strong>do</strong> equipamento.<br />

Possuem as seguintes vantagens sobre as re<strong>de</strong>s convencionais: 1) po<strong>de</strong>m ser<br />

arrasta<strong>do</strong>s com mal tempo; 2) Po<strong>de</strong>m ser feitos com a embarcação em velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cruzeiro; 3) po<strong>de</strong>m ser realiza<strong>do</strong>s entre as estações <strong>de</strong> coleta; 4) reduzem o efeito <strong>de</strong><br />

escape <strong>do</strong>s organismos planctônicos maiores e mais rápi<strong>do</strong>s. Sua <strong>de</strong>svantagem é a<br />

abertura da boca da re<strong>de</strong> que em geral é menor <strong>do</strong> que 5 cm <strong>de</strong> diâmetro, o que po<strong>de</strong><br />

também causar alguns danos aos organismos maiores.<br />

HPI<br />

O Hardy Plankton Indicator (Fig. 18A) <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Hardy (1926) para permitir aos<br />

pesca<strong>do</strong>res amostrar e relacionar a qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plâncton com o número<br />

<strong>de</strong> peixes captura<strong>do</strong>s com a embarcação em velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro. Tem 17,8 cm <strong>de</strong><br />

diâmetro e 91,4 cm <strong>de</strong> comprimento, com um filtro circular para reter os organismos<br />

planctônicos. Em 1936 este Indica<strong>do</strong>r foi modifica<strong>do</strong> sen<strong>do</strong> que o seu tamanho<br />

diminuiu para 7,6 cm <strong>de</strong> diâmetro e 56 cm <strong>de</strong> comprimento fican<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> como<br />

Small Plankton Indicator (SPI). Glover (1953) modificou o SPI colocan<strong>do</strong> uma pequena<br />

re<strong>de</strong> (3,2 cm <strong>de</strong> diâmetro e 8,9 cm <strong>de</strong> comprimento) <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um torpe<strong>do</strong>. Seu<br />

equipamento foi <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> Small Plankton Recor<strong>de</strong>r (SPR).


110<br />

Figura 18. Amostra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Alta Velocida<strong>de</strong>. A, HPI; B, Gulf 1-A; C, Gulf III, 1, Carcaça<br />

protetora; 2, Filtra<strong>do</strong>r; D, MAFF (adapata<strong>do</strong>s <strong>de</strong>.FAO catalogo).<br />

Série Gulf<br />

Arnold (1952) <strong>de</strong>senhou um amostra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>, o Gulf 1-A (Fig. 18B),<br />

pareci<strong>do</strong> com um torpe<strong>do</strong>, composto <strong>de</strong> um cilindro externo <strong>de</strong> 151 cm <strong>de</strong><br />

comprimento com 11,7 cm <strong>de</strong> diâmetro e uma abertura <strong>de</strong> boca, no nariz <strong>do</strong> torpe<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong> 2,4 cm <strong>de</strong> diâmetro. Internamente há um aro <strong>de</strong> 7,6 cm <strong>de</strong> diâmetro e 91 cm <strong>de</strong>


111<br />

comprimento com um corpo <strong>de</strong> re<strong>de</strong> com malha <strong>de</strong> 380 µm. Po<strong>de</strong> ser arrasta<strong>do</strong> a<br />

aproximadamente 10 nós e tem um medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> fluxo.<br />

Outro amostra<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ste tipo foi <strong>de</strong>scrito por Gehringer (1952) e <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Gulf III<br />

(Fig. 18C), com um cilindro externo <strong>de</strong> 152 cm <strong>de</strong> comprimento e 50 cm <strong>de</strong> diâmetro e<br />

com uma re<strong>de</strong> cônica <strong>de</strong> malha <strong>de</strong> 380 µm e diâmetro <strong>de</strong> boca <strong>de</strong> 49,5 cm. Po<strong>de</strong> ser<br />

arrasta<strong>do</strong> a 5 nós e possui um medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> fluxo.<br />

O amostra<strong>do</strong>r Gulf V foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Arnold (1959) sen<strong>do</strong> basicamente o mesmo<br />

Gulf III sem o cilindro externo.<br />

Tanto o Gulf III como o Gulf V são utiliza<strong>do</strong>s até hoje como amostra<strong>do</strong>res padrões <strong>de</strong><br />

alta velocida<strong>de</strong>, embora tenham recebi<strong>do</strong> várias modificações e melhorias. Nash et al<br />

(1998) <strong>de</strong>screveram a Gulf VII/Pro e a MAFF (Fig. 18D) para velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 5 a 7 nós.<br />

O sistema consiste <strong>de</strong> uma armação rígida <strong>de</strong> 275 cm <strong>de</strong> comprimento e 76 cm <strong>de</strong><br />

diâmetro com ponteira cônica <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> vidro com abertura <strong>de</strong> boca <strong>de</strong> 40 cm <strong>de</strong><br />

diâmetro. Uma re<strong>de</strong> cônica <strong>de</strong> 230 cm <strong>de</strong> comprimento e uma abertura <strong>de</strong> malha <strong>de</strong><br />

270 µm está colocada na porção final da armação. Estes equipamentos possuem<br />

sensores <strong>de</strong> pressão, temperatura e condutivida<strong>de</strong> e a medição <strong>do</strong> fluxo é realizada<br />

por <strong>do</strong>is medi<strong>do</strong>res e po<strong>de</strong> ser feita a bor<strong>do</strong> <strong>do</strong> navio ou armazenada na armação da<br />

re<strong>de</strong>.<br />

5.3.5.5. Coletores contínuos <strong>de</strong> plâncton<br />

CPR<br />

O Continuous Plankton Recor<strong>de</strong>r (CPR) po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como uma classe <strong>de</strong><br />

coletores <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>. Desenvolvi<strong>do</strong> por Hardy (1926), é um amostra<strong>do</strong>r<br />

hermético que pesa 87 kg com 50 cm <strong>de</strong> largura, 50 cm <strong>de</strong> altura e 100 cm <strong>de</strong><br />

comprimento (Fig. 19A). A abertura quadrada por on<strong>de</strong> entra a água tem 1,27 cm <strong>de</strong><br />

la<strong>do</strong> expandin<strong>do</strong>-se em um túnel <strong>de</strong> fluxo d’água. O túnel passa através da porção<br />

mais baixa <strong>do</strong> amostra<strong>do</strong>r e sai por trás. Abaixo <strong>do</strong> túnel tem um carretel <strong>de</strong> 15,25 cm<br />

<strong>de</strong> largura, com gase <strong>de</strong> seda com 270 µm <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> malha que atravessa o<br />

túnel e captura os organismos planctônicos. Um segun<strong>do</strong> carretel com gase <strong>de</strong> seda<br />

fica acima <strong>do</strong> túnel e é aperta<strong>do</strong> contra a gase filtra<strong>do</strong>ra comprimin<strong>do</strong> os organismos<br />

coleta<strong>do</strong>s entre as duas gases. As gases são enroladas em um carretel que está<br />

coloca<strong>do</strong> num tanque localiza<strong>do</strong> acima <strong>do</strong> túnel <strong>de</strong> fluxo d’água com formalina que<br />

preserva o plâncton captura<strong>do</strong>. O carretel coletor é movimenta<strong>do</strong> por um hélice<br />

localiza<strong>do</strong> na porção posterior <strong>do</strong> amostra<strong>do</strong>r, atrás <strong>do</strong>s estabiliza<strong>do</strong>res (Fig. 19B).<br />

Este amostra<strong>do</strong>r é utiliza<strong>do</strong> hoje como padrão para arrastos <strong>de</strong> até 500 Mn e lances <strong>de</strong>


112<br />

cerca <strong>de</strong> 10 Mn (18,52 km) a uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro <strong>de</strong> 20 nós em profundida<strong>de</strong>s<br />

entre 6 e 10 metros.<br />

LHPR<br />

O Longhurst-Hardy Plankton Recor<strong>de</strong>r foi uma modificação inova<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> CPR<br />

i<strong>de</strong>alizada por Longhurst et al (1966). Um par <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 50 cm <strong>de</strong> diâmetro foi<br />

monta<strong>do</strong> la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong> em uma armação. Junto ao copo coletor <strong>de</strong> uma das re<strong>de</strong>s está<br />

um registra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> plâncton com um túnel entran<strong>do</strong> no centro e dividin<strong>do</strong>-se em duas<br />

secções que passam pelas laterais da caixa e saem pela sua porção posterior. Dois<br />

rolos com tiras <strong>de</strong> náilon (330 e 500 µm <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> malha) são passa<strong>do</strong>s através<br />

<strong>do</strong> túnel logo após a divisão filtran<strong>do</strong> os organismos planctônicos. As tiras <strong>de</strong> náilon<br />

são enroladas em um carretel simples que está localizada entre a divisão <strong>do</strong> túnel. O<br />

carretel coletor avança <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com um tempo programa<strong>do</strong> (15-60 s) por um<br />

sistema elétrico monta<strong>do</strong> na armação comprimin<strong>do</strong> os organismos entre duas tiras <strong>de</strong><br />

náilon. Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pressão, temperatura e volume são também armazena<strong>do</strong>s. O LHPR<br />

é arrasta<strong>do</strong> entre 1,5 e 2,5 nós e po<strong>de</strong> coletar até 100 amostras. Foi i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> para<br />

recolher da<strong>do</strong>s precisos <strong>de</strong> distribuição vertical e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> algumas modificações<br />

também foi utiliza<strong>do</strong> para análise <strong>de</strong> distribuição horizontal <strong>do</strong> plâncton.<br />

ARIES<br />

Uma evolução <strong>do</strong> LHPR é o Autosampling and Recording Instrumental Environmental<br />

Sampler (ARIES) <strong>de</strong>scrito por Dunn et al,1993a. Este amostra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> plâncton tem 35<br />

cm <strong>de</strong> diâmetro com um cone que se expan<strong>de</strong> a 76 cm <strong>de</strong> diâmetro. Com a armação<br />

são três sistemas <strong>de</strong> coleta. Uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> plâncton na porção posterior <strong>do</strong> cone<br />

antece<strong>de</strong> o sistema coletor múltiplo que consiste em uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200 cm <strong>de</strong><br />

comprimento equipa<strong>do</strong> <strong>de</strong> um cinto <strong>de</strong> 16 cm <strong>de</strong> largura com 110 pequenos coletores<br />

<strong>de</strong> 6 cm <strong>de</strong> diâmetro com malha <strong>de</strong> 200 µm. Um motor periodicamente aumenta o<br />

cinto, moven<strong>do</strong> as re<strong>de</strong>s para um alimenta<strong>do</strong>r na posição <strong>de</strong> coleta com 60 garrafas<br />

<strong>de</strong> 250 mL que estão num carrossel pareci<strong>do</strong> com um amostra<strong>do</strong>r tipo roseta.<br />

Temperatura, condutivida<strong>de</strong>, pressão, volume e tempo <strong>de</strong> amostra que varia <strong>de</strong> 1 seg.<br />

a 60 min. são registra<strong>do</strong>s. A informação sobre a profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> arrasto é transmitida<br />

acusticamente em tempo real para o monitoramento da coleta. A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto<br />

é <strong>de</strong> 4 a 5 nós.<br />

UOR<br />

Como o CPR tem a <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong> coletar só horizontalmente as camadas mais<br />

superficiais <strong>do</strong> oceano, Bruce & Aiken (1975) <strong>de</strong>senvolveram o Undulating


113<br />

Oceanographic Recor<strong>de</strong>r (UOR), quer é basea<strong>do</strong> no CPR, com forma hidrodinâmica<br />

<strong>de</strong> 98 cm <strong>de</strong> largura, 75 cm <strong>de</strong> altura e 156 cm <strong>de</strong> comprimento, com 180 kg <strong>de</strong> peso.<br />

Po<strong>de</strong> ser programa<strong>do</strong> para ondular entre 7 e 15 a 70 m (comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> 3 a<br />

30 km) a uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> 7 a 15 nós. O UOR po<strong>de</strong> levar sensores<br />

programa<strong>do</strong>s para medir temperatura, salinida<strong>de</strong>, profundida<strong>de</strong> e armazenar da<strong>do</strong>s<br />

coleta<strong>do</strong>s com intervalos <strong>de</strong> até 2 segun<strong>do</strong>s. Cada lance <strong>de</strong> coleta po<strong>de</strong> durar 12<br />

horas.<br />

Figura 19. Continuous Plankton Recor<strong>de</strong>r (CPR). A, Carcaça protetora; B, Partes<br />

componentes: 1, abertura; 2, carretel <strong>de</strong> gase filtrante, 3, túnel. 4, carretel <strong>de</strong> gase <strong>de</strong><br />

cobertura; 5, tanque coletor; 6, engrenagem <strong>de</strong> movimentação; 7, hélice. (Fonte: A,<br />

Sahfos; B, adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Hardy, 1926).<br />

6. Sistemas Ópticos<br />

Os sistemas ópticos foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s para quantificar a abundância e i<strong>de</strong>ntificar<br />

organismos planctônicos e outras partículas na coluna da água. As primeiras<br />

tentativas <strong>de</strong> quantificar o plâncton com o auxílio óptico ocorreram durante a década<br />

<strong>de</strong> 1950 (Jaffe, 2005). Recentemente, a revolução tecnológica e a fácil aquisição <strong>de</strong><br />

componentes ópticos mo<strong>de</strong>rnos permitiram que engenheiros ópticos <strong>de</strong>senvolvessem<br />

uma nova geração <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> amostragem. Dois sistemas são i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

maneira básica: os sistemas <strong>de</strong> imagem ativos e passivos. No caso <strong>do</strong>s passivos, o<br />

objeto não é ilumina<strong>do</strong> pelo sistema. Assim, alguma fonte alternativa <strong>de</strong> luz, ou


114<br />

ambiental ou outra, é necessária. No caso <strong>de</strong> sistemas ativos, a fonte <strong>de</strong> luz é própria.<br />

Embora sistemas passivos possam ser menos invasivos <strong>do</strong> que os ativos, apenas em<br />

casos <strong>de</strong> águas muito transparentes, estes sistemas po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s para<br />

produzir imagens <strong>de</strong> zooplâncton. Isto é um problema comum na maioria <strong>do</strong>s casos,<br />

uma vez que estes organismos valorizam o fato <strong>de</strong> serem transparentes, ou difíceis <strong>de</strong><br />

serem percebi<strong>do</strong>s, para evitar preda<strong>do</strong>res. Conseqüentemente, os sistemas óticos<br />

submersos <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> zooplâncton i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s nesta revisão usam uma<br />

fonte ativa <strong>de</strong> iluminação. Esta fonte po<strong>de</strong> ser um “flash”, ou uma luz estroboscópica,<br />

ou algum tipo <strong>de</strong> laser, emiti<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma contínua ou em pulsos.<br />

A propagação <strong>de</strong> luz na água po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrita <strong>de</strong> uma maneira simplificada através<br />

<strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> radiância. Radiância é a intensida<strong>de</strong> direcional em três dimensões da<br />

propagação da luz em um da<strong>do</strong> instante e local. Uma vez que a radiância é a variável<br />

<strong>de</strong> esta<strong>do</strong> para a radiação óptica, a distribuição radiante <strong>de</strong>screve tu<strong>do</strong> o que é<br />

conheci<strong>do</strong> em um experimento óptico. Por exemplo, cameras me<strong>de</strong>m a energia<br />

radiante através da integração da radiância <strong>de</strong> um pixel na camera.<br />

Os parâmetros ambientais que <strong>de</strong>screvem a propagação da luz <strong>de</strong>terminam sua<br />

qualida<strong>de</strong>. Estes parâmetros são a absorção e o espalhamento da água e a<br />

reflectivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> objeto. Embora estes parâmetros tenham si<strong>do</strong> medi<strong>do</strong>s, os <strong>de</strong>talhes<br />

<strong>de</strong> cada situação ambiental <strong>de</strong>sempenham um papel fundamental na <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong><br />

resulta<strong>do</strong> da aquisição <strong>de</strong> uma imagem óptica submarina. Isto é <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato <strong>do</strong>s<br />

oceanos manterem fortes gradientes <strong>de</strong> substâncias absorventes e espalhantes que<br />

também variam com o tempo. Absorção é um escalar, porém a situação mais<br />

complicada <strong>do</strong> espalhamento <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scrito por um vetor que indica o grau <strong>de</strong><br />

espalhamento da luz em função <strong>do</strong> ângulo inci<strong>de</strong>nte e <strong>do</strong> ângulo <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r (Fig.<br />

20).<br />

Figura 20. Esquema <strong>de</strong> um sistema óptico <strong>de</strong> imagem submarino e os componentes <strong>de</strong> uma<br />

imagem que resultam da categorização da luz recuperada (Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> Jaffe, 2005).


115<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas ópticos submersíveis eficientes também é auxilia<strong>do</strong><br />

pela utilização <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los computacionais. Estes mo<strong>de</strong>los po<strong>de</strong>m mimetizar a<br />

propagação da luz na água e prever o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada situação. Os<br />

mo<strong>de</strong>los permitem o usuário colocar cameras e iluminação em locais diferentes com<br />

várias orientações em relação ao objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. Os mo<strong>de</strong>los variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

simulações Monte Carlo até o uso <strong>de</strong> formulação semi-analítica, e utiliza conceitos da<br />

teoria <strong>de</strong> sistemas lineares.<br />

Os sistemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> partículas me<strong>de</strong>m e transmitem a secção transversal <strong>de</strong><br />

cada partícula que passa através <strong>de</strong> um feixe <strong>de</strong> luz. O princípio básico <strong>do</strong> conta<strong>do</strong>r<br />

óptico <strong>de</strong> partículas (OPC) ou <strong>do</strong> conta<strong>do</strong>r óptico <strong>de</strong> partículas a laser (LOPC) é<br />

praticamente o mesmo, ou seja, a área <strong>de</strong> uma secção transversal bloqueada pela<br />

partícula no feixe é medida relativamente a área <strong>do</strong> fotodió<strong>do</strong> que <strong>de</strong>tecta a oclusão. O<br />

OPC me<strong>de</strong> a seção transversal <strong>de</strong> partículas no seu feixe entre um tamanho <strong>de</strong> 250 a<br />

25.000 mm. O LOPC divi<strong>de</strong> este intervalo em duas partes através da (i) medida da<br />

seção transversal da área das partículas no seu feixe entre tamanhos <strong>de</strong> 10 a 1500<br />

mm no que se convencionou chamar <strong>de</strong> elemento singular <strong>do</strong> plâncton (SEP); e da (ii)<br />

medida da forma <strong>do</strong> perfil (duas dimensões) da partícula entre os tamanhos <strong>de</strong> 1500 e<br />

35000 mm, no que se convencionou chamar multielemento <strong>do</strong> plâncton (MEP).<br />

Através da soma <strong>de</strong> SEPs e MPEs, a distribuição <strong>de</strong> tamanho <strong>do</strong> plâncton fica mais<br />

completa, enquanto que os perfis <strong>do</strong> MEP po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s para fins <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação taxonômica (Herman et al., 2004).<br />

Os sistemas ópticos po<strong>de</strong>m ser dividi<strong>do</strong>s em três categorias: 1) os que produzem uma<br />

imagem <strong>de</strong> organismos planctônicos como o VPR (<strong>do</strong> inglês Vi<strong>de</strong>o Plankton<br />

Recor<strong>de</strong>r); ou, 2) os que usam da interrupção <strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> luz para <strong>de</strong>tectar e<br />

estimar o tamanho <strong>de</strong> uma partícula como o OPC (Optical Plankton Counter) e o<br />

LOPC (Laser Optical Plankton Counter).<br />

6.1. Sistemas ópticos que produzem imagem<br />

Estes aparelhos produzem uma ótima informação sobre a distribuição <strong>de</strong> partículas,<br />

geran<strong>do</strong> também informações para i<strong>de</strong>ntificação e tamanho <strong>de</strong> seus alvos além <strong>do</strong>s<br />

seus movimentos. Nas primeiras vezes que foram utiliza<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> ainda estavam<br />

sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s estes instrumentos eram acopla<strong>do</strong>s as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coleta, mas<br />

atualmente já são utiliza<strong>do</strong>s sem a necessida<strong>de</strong> da conferência <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s porque já<br />

estão bem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s e confiáveis.<br />

O uso <strong>de</strong> sistemas ópticos que produzem imagem para a observação <strong>de</strong> zooplâncton<br />

in situ tem si<strong>do</strong> feito com sucesso em muitas situações, e uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas


116<br />

tem si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s tanto para levantamentos <strong>de</strong> rotina como para i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s<br />

organismos.<br />

6.1.1. Vi<strong>de</strong>o Plankton Recor<strong>de</strong>r - VPR<br />

Este registra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong> plâncton tem si<strong>do</strong> muito utiliza<strong>do</strong> em campo para fazer<br />

imagens <strong>do</strong> zooplâncton (Davis et al., 1996). Várias cameras filmam diferentes<br />

volumes <strong>de</strong> água simultaneamente proporcionan<strong>do</strong> informação em diferentes escalas.<br />

O VPR é um microscópio submarino monta<strong>do</strong> com um sistema <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o que po<strong>de</strong><br />

fazer um trajeto na coluna d'água para observar pequenos organismos <strong>de</strong><br />

aproximadamente 0,2 a 20 mm, como copépo<strong>de</strong>s e medusas (Fig. 21). A qualida<strong>de</strong><br />

das imagens gerada é suficiente para distinguir entre espécies, e as imagens po<strong>de</strong>m<br />

ser classificadas automaticamente através <strong>de</strong> programas específicos. O VPR foi<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> durante o Programa Regional para “Georges Bank”, um componente <strong>do</strong><br />

“US GLOBEC” (Davis et al., 1996; Benfield et al., 1996; Ashjian et al., 2001).<br />

Figura 21. O VPR sen<strong>do</strong> monta<strong>do</strong> para utilização em trabalho <strong>de</strong> campo, e uma imagem <strong>de</strong><br />

copépo<strong>de</strong> obtida com estes sistema (Fonte: coml.org)<br />

6.1.2. O Sistema ZooVis<br />

Este sistema <strong>de</strong> visualização utiliza um plano <strong>de</strong> luz estroboscópica branca (Benfield<br />

2001). O sistema produz imagens <strong>de</strong> zooplâncton em um plano <strong>de</strong> visão <strong>de</strong> 12 cm<br />

com uma resolução <strong>de</strong> 50 µm. O equipamento é um perfila<strong>do</strong>r dimensiona<strong>do</strong> para<br />

coletar imagens quantitativas <strong>do</strong> zooplâncton a uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> até 250 m (Fig.<br />

22). A camera aponta para baixo em um plano <strong>de</strong> 12 cm <strong>de</strong> largura e 3 cm <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong>. Com a profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> campo <strong>de</strong> visão igual ou superior ao campo <strong>do</strong><br />

plano <strong>de</strong> luz, somente alvos que estão focaliza<strong>do</strong>s são ilumina<strong>do</strong>s e registra<strong>do</strong>s na<br />

imagem.


117<br />

Figura 22 O sistema ZooVis, e uma imagem <strong>de</strong> zooplâncton obtida com estes sistema.<br />

Importante notar a escala <strong>de</strong> tamanho <strong>de</strong> o volume relativo amostra<strong>do</strong> (Fonte: Benfield &<br />

Wiebe, 2007).<br />

6.1.3. Un<strong>de</strong>rwater Vi<strong>de</strong>o Profiler - UVP<br />

O perfila<strong>do</strong>r submarino <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>o é um sistema <strong>de</strong> imagem composto <strong>de</strong> uma camera<br />

<strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o Hi-8 (resolução <strong>de</strong> 512 x 512) capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar tamanhos a partir <strong>de</strong> 100 µm<br />

composto <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle e aquisição <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, baterias e sistemas <strong>de</strong><br />

iluminação (Gorsky et al., 1992). O UPV po<strong>de</strong> ter <strong>do</strong>is sistemas <strong>de</strong> iluminação: 1) um<br />

campo <strong>de</strong> luz colima<strong>do</strong>s na frente da camera que visualiza 0,28 litros através da<br />

iluminação <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> 1,5 cm, utiliza<strong>do</strong> para estu<strong>do</strong> da distribuição <strong>de</strong> partículas;<br />

ou, 2) um sistema que usa quatro holofotes para visualilzar um volume <strong>de</strong> 70 L <strong>de</strong><br />

água. O sistema foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> Gorsky e colabora<strong>do</strong>res em 1992 para registrar<br />

informação sobre zooplâncton e neve marinha, mas tem si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> com sucesso<br />

para outros animais (Fig. 23). Em um uso típico, o sistema <strong>de</strong>sce com uma taxa <strong>de</strong> 1<br />

ms -1 através <strong>de</strong> um cabo, resultan<strong>do</strong> em uma amostragem vertical a cada 4 cm. O<br />

instrumento tem si<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> com sucesso no Mediterrâneo (Baussant et al., 1993;<br />

Stemmann et al., 2000; Gorsky et al., 2000; Gorsky et al., 2002).<br />

6.1.4. O Observatório 3D <strong>de</strong> zooplânton<br />

Strickler & Hwang (2000) <strong>de</strong>senvolveram um equipamento para obter informação<br />

sobre a trajetória em 3 dimensões <strong>do</strong> zooplâncton. Este sistema utiliza visualização<br />

Schlieren em conjunto com um sistema múltiplo <strong>de</strong> cameras para obter projeções


118<br />

ortogonais <strong>de</strong> organismos em um volume <strong>de</strong> 1 L. O sistema permite observar <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

fitoplâncton ate peixes, e promete fornecer informações sobre o comportamento <strong>do</strong><br />

zooplâncton em laboratório.<br />

Figura 23. A versão mais recente <strong>do</strong> UVP. 1, Baterias; 2, CTD, fluorímetro;3, luz contínua <strong>de</strong><br />

holofote; 4, luz <strong>de</strong> comunicação; 5, câmera; 6,compartimento protetor; 7, luz colimada;<br />

8, sistema óptico. (Fonte: Benfield & Wiebe, 2007).<br />

6.1.5. Un<strong>de</strong>rwater Electronic Holographic Camera - eHoloCam<br />

O lançamento mais recente para observação <strong>de</strong> organismos planctônicos “in situ” é a<br />

camera holográfica submarina eletrônica <strong>de</strong>senvolvida por Sun et al. (2007) (Fig. 24).<br />

A eHoloCam (Fig. 24A) usa um pulso <strong>de</strong> laser <strong>de</strong> Nd-YAG para paralisar quadros <strong>de</strong><br />

partículas moven<strong>do</strong>-se rapidamente, e um sensor semicondutor <strong>de</strong> metal oxida<strong>do</strong><br />

(CMOS) (Fig. 24B) para capturar as imagens. Hologramas digitais em 3 dimensões e<br />

ví<strong>de</strong>os holográficos são captura<strong>do</strong>s em taxas <strong>de</strong> 5 a 25 Hz por várias horas, e capazes<br />

<strong>de</strong> registrar todas os organismos em um volume <strong>de</strong> 36,8 cm 3 . Foi utilizada em conjunto<br />

com o amostra<strong>do</strong>r ambiental AIRES a uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 4 kt, com a obtenção <strong>de</strong><br />

imagens <strong>de</strong> vários organismos planctônicos (Figs. 24C, D), em especial <strong>de</strong> copépo<strong>de</strong>s<br />

Calanus. O uso <strong>de</strong>ste sistema se intensificou nos últimos anos em função da<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> implementação e utilização <strong>de</strong> sistemas basea<strong>do</strong>s em fotografias ou<br />

ví<strong>de</strong>os ópticos. Além da velocida<strong>de</strong>, conveniência, e in<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> uso <strong>de</strong><br />

produtos químicos, uma vantagem particular <strong>do</strong> registro eletrônico é a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

gravar ví<strong>de</strong>os holográficos (eHoloVi<strong>de</strong>o), o que introduz na análise uma quarta<br />

dimensão, o tempo.


119<br />

Figura 24. eHoloCam. A, componente mecânico: 1, compartimento primário; 2, conectores<br />

subaquáticos; 3, direção <strong>do</strong> fluxo; 4, feixe <strong>de</strong> luz; 5, compartimento secundário; B<br />

componentes eletrônicos e ópticos:1, unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> força <strong>do</strong> laser; 2, unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> força <strong>do</strong><br />

SBC; 3, conversores <strong>de</strong> DC para AC; 4, cabeça <strong>do</strong> laser; 5, micro controle <strong>de</strong> bor<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

laser; 6, saída <strong>do</strong>s raio óptico; 7, encaixe da caixa <strong>do</strong> compartimento primário. Imagem<br />

holográfica reconstituída <strong>de</strong> C, larvacea e; D, quetognata. (Fonte: Sun et al., 2007).<br />

6.2. Sistemas ópticos <strong>de</strong> interrupção <strong>de</strong> luz<br />

6.2.1 Optical Plankton Counter - OPC<br />

No final da década <strong>de</strong> 80 e começo da <strong>de</strong> 90 surgiram os conta<strong>do</strong>res ópticos <strong>de</strong><br />

plâncton (OPC). Para contar os organismos marinhos, o novo dispositivo produz<br />

medidas instantâneas <strong>de</strong> abundância <strong>de</strong> zooplâncton ao longo <strong>do</strong> tempo e<br />

profundida<strong>de</strong> nas quais as coletas são realizadas. Outros instrumentos acompanham<br />

este dispositivo para registrar temperatura e salinida<strong>de</strong> da água, bem como to<strong>do</strong> o<br />

fitoplâncton associa<strong>do</strong>. Esta informação é transmitida para a embarcação em tempo<br />

real, on<strong>de</strong> ela po<strong>de</strong> ser revisada enquanto o cruzeiro ainda está em andamento. Ao<br />

mesmo tempo <strong>de</strong>vem ser coleta<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s hidrográficos para contribuir com os da<strong>do</strong>s<br />

coleta<strong>do</strong>s pelo OPC.<br />

O OPC foi originalmente <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> no Bedford Institute of Oceanography (Canadá)<br />

como um sensor remoto reboca<strong>do</strong> por uma embarcação capaz <strong>de</strong> fornecer informação<br />

em tempo real sobre o tamanho <strong>do</strong> zooplâncton (Herman et al., 2004). A intenção <strong>de</strong><br />

sua utilização inicial era complementar a informação obtida por re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plâncton,<br />

fornecen<strong>do</strong> medidas sobrepostas e <strong>de</strong> alta resolução. Foi <strong>de</strong>senha<strong>do</strong> com o objetivo


120<br />

<strong>de</strong> ser uma ferramenta para separar o zooplâncton por classes <strong>de</strong> tamanho que<br />

pu<strong>de</strong>ssem ser associadas a grupos taxonômicos.<br />

Desta forma, o OPC foi utiliza<strong>do</strong> com uma ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> plataformas e re<strong>de</strong>s<br />

como: SeaSoar, AquaShuttle, Batfish, Scanfish, MOCNESS, BIONESS, V-fins, ARIES,<br />

LHPR, ROVs, e integra<strong>do</strong> a re<strong>de</strong>s Bongo. Muitos estu<strong>do</strong>s oceanográficos utilizaram o<br />

OPC,como por exemplo: 1) investigação sobre o macrozooplâncton na Corrente da<br />

California (Checkley, 2001; Mullin et al., 2003; Beaulieu et al., 1999); 2) estu<strong>do</strong>s sobre<br />

a distribuição vertical e horizontal <strong>de</strong> C. finmarchicus durante sua invernada no<br />

Atlântico Norte (Heath, 1995; 1999); 3) estu<strong>do</strong>s sobre o espectro da biomassa <strong>do</strong><br />

plâncton em sistemas <strong>de</strong> água <strong>do</strong>ce (Sprules et al., 1998; Sprules, 2002); 4)<br />

mo<strong>de</strong>lagem <strong>do</strong> espectro normaliza<strong>do</strong> da biomassa <strong>do</strong> zooplâncton e estu<strong>do</strong>s da<br />

dinâmica <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> zooplâncton estruturadas por tamanho (Zhou & Huntley,<br />

1997; Zhou et al., 2001); 5) medidas da distribuição <strong>de</strong> tamanho <strong>do</strong> zooplâncton ao<br />

longo das estações <strong>do</strong> programa CALCOFI ao leste da Baia <strong>de</strong> Monterey (Hopcroft et<br />

al., 2002); e, 6) medidas da abundância <strong>de</strong> zooplâncton e biovolume em águas com<br />

alta quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>trito (Zhang et al., 2000).<br />

6.2.2. Laser Optical Plankton Counter - LOPC<br />

O conta<strong>do</strong>r óptico <strong>de</strong> plâncton a laser (Fig. 25A) utiliza um laser <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> em<br />

conjunto com equipamentos ópticos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> precisão para criar um feixe <strong>de</strong> laser ou<br />

plano que é utiliza<strong>do</strong> para <strong>de</strong>tectar mudanças na trajetória <strong>do</strong> feixe ou bloquear a luz,<br />

ndican<strong>do</strong> que uma partícula esta se <strong>de</strong>slocan<strong>do</strong> através <strong>do</strong> túnel (Herman et al., 2004).<br />

A banda <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção é muito estreita (1 mm) e a taxa <strong>de</strong> medição extremamente<br />

rápida (35 µs). Esta combinação permite ao LOPC operar em altas concentrações <strong>de</strong><br />

plâncton (Fig. 25B), e manter os níveis <strong>de</strong> “limite <strong>de</strong> coincidência” muito baixos.<br />

Figura 25. Laser Optical Plankton Counter (LOPC ). A, Desenho esquemático: 1, túnel <strong>de</strong><br />

coleta; 2, caixa pressurizada <strong>de</strong> ópticos e eletrônicos; 3, direção <strong>do</strong> arrasto. B, perfis <strong>de</strong><br />

multielementos <strong>do</strong> plâncton (MEPs) obti<strong>do</strong>s com o LOPC. (Fonte: Herman et al., 2004).


121<br />

6.3. Vantagens e <strong>de</strong>svantagens<br />

A gran<strong>de</strong> vantagem <strong>do</strong>s sistemas ópticos em relação às re<strong>de</strong>s coletoras é <strong>do</strong> aumento<br />

<strong>de</strong> informação da distribuição tanto vertical como horizontal <strong>do</strong>s organismos<br />

planctônicos através <strong>de</strong> suas imagens. Além <strong>de</strong> integrar a abundância <strong>de</strong> uma espécie<br />

em particular que está sen<strong>do</strong> capturada durante um arrasto com uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

plâncton, os sistemas ópticos tem o potencial <strong>de</strong> informar da<strong>do</strong>s sobre a abundância<br />

por pequenos intervalos <strong>de</strong> tempo no caminho da re<strong>de</strong>. Esta informação po<strong>de</strong> ser<br />

dada para qualquer tipo <strong>de</strong> organismo ou classe <strong>de</strong> tamanho <strong>de</strong> interesse. Outra<br />

vantagem é que os organismos mais frágeis, que po<strong>de</strong>m ser danifica<strong>do</strong>s pela re<strong>de</strong>,<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s por instrumentos ópticos sem serem danifica<strong>do</strong>s. Alguns<br />

sistemas utiliza<strong>do</strong>s em conjunto com programas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação permitem a<br />

classificação automática, o reduz a enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s necessários para a<br />

<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> concentração <strong>do</strong> zooplâncton (Tang et al., 1998).<br />

Talvez a principal vantagem <strong>do</strong>s OPCs seja a sua habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medir continuamente<br />

uma ampla gama <strong>de</strong> distribuições <strong>de</strong> tamanho <strong>de</strong> forma rápida, em tempo real e<br />

simultaneamente com outros parâmetros ambientais. Os OPCs também oferecem alta<br />

resolução espacial e temporal enquanto são reboca<strong>do</strong>s em áreas gran<strong>de</strong>s sem a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paradas para recuperação <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e manutenção. Com o advento<br />

<strong>do</strong> LOPC foi reduzida a principal <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong>stes tipos <strong>de</strong> instrumentos, pois com<br />

a utilização <strong>de</strong> um dio<strong>do</strong> a laser, uma maior precisão é obtida e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> zooplâncton maior <strong>do</strong> que 1 mm é aumentada através da medida da<br />

forma <strong>do</strong> plâncton.<br />

A principal <strong>de</strong>svantagem <strong>do</strong>s sistemas ópticos é sua <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> luz alternativa.<br />

Sistemas ativos são mais invasivos, e com isto alteram o comportamento <strong>do</strong>s<br />

organismos. Fontes ativas <strong>de</strong> luz também po<strong>de</strong>m criar “fantasmas” em águas com<br />

muitas partículas em suspensão, o que dificulta o seu uso em regiões costeiras.<br />

Sistemas basea<strong>do</strong>s em fotografias ou ví<strong>de</strong>os ópticos também produzem um aumento<br />

significativo <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, e geralmente estes da<strong>do</strong>s necessitam <strong>de</strong> sistemas com gran<strong>de</strong><br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento. Quan<strong>do</strong> não são usa<strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> análises <strong>de</strong><br />

imagens automatiza<strong>do</strong>s, o processamentos das imagens requer muito tempo e<br />

<strong>de</strong>dicação <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r. Estes sistemas ainda são muito caros, e composto por<br />

constituintes sofistica<strong>do</strong>s que requerem pessoal altamente treina<strong>do</strong> na sua utilização.


122<br />

7. Equipamentos auxiliares<br />

7.1. Fluxômetro<br />

Os fluxômetros são equipamentos muni<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um rotor que gira durante a passagem<br />

da água e cujas revoluções são transmitidas a um conta<strong>do</strong>r por meio <strong>de</strong> um jogo <strong>de</strong><br />

engrenagens. Desta maneira é possível saber o volume <strong>de</strong> água filtra<strong>do</strong> durante o<br />

trajeto da re<strong>de</strong>, o que é importante para estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> abundância e distribuição <strong>de</strong><br />

organismos planctônicos numa região.<br />

Existem vários mo<strong>de</strong>los sen<strong>do</strong> os mais utiliza<strong>do</strong>s os <strong>do</strong> tipo TSK (Fig. 26A) e os <strong>do</strong><br />

tipo torpe<strong>do</strong> (Fig. 26B). A partir da década <strong>de</strong> 80 também estão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s os<br />

mo<strong>de</strong>los eletrônicos, com Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coman<strong>do</strong> instalada a bor<strong>do</strong>.<br />

Amostragem com re<strong>de</strong>, no entanto, só po<strong>de</strong> ter seu volume calcula<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma maneira<br />

aproximada, através <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> um cilindro <strong>de</strong>limita<strong>do</strong> pela abertura da boca da<br />

re<strong>de</strong>, ao ser rebocada na água por uma distância. Alguns fatores relativos à re<strong>de</strong><br />

utilizada <strong>de</strong>vem ser leva<strong>do</strong>s em consi<strong>de</strong>ração neste cálculo tais como: 1) sua forma e;<br />

2) sua eficiência <strong>de</strong> filtragem os quais fazem com que o volume calcula<strong>do</strong> seja<br />

diferente <strong>do</strong> real.<br />

O fluxômetro que me<strong>de</strong> a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água que entra na abertura da boca da re<strong>de</strong> é<br />

o equipamento auxiliar que permite minimizar a diferença <strong>do</strong> valor calcula<strong>do</strong> <strong>do</strong> valor<br />

real <strong>do</strong> volume.<br />

7.1.1. Como calcular volume<br />

O valor que se obtém com um fluxômetro após um lance <strong>de</strong> plâncton é o número <strong>de</strong><br />

revoluções proporcional a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água que foi filtra<strong>do</strong> pela re<strong>de</strong>. Este número<br />

<strong>de</strong>ve ser transforma<strong>do</strong> em um valor <strong>de</strong> volume e esta transformação requer um<br />

conhecimento da relação revoluções/volume, que é obtida na curva <strong>de</strong> calibração.<br />

Cada fluxômetro, inclusive os <strong>de</strong> idêntica construção, tem características próprias e<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Cada um vem com um número <strong>de</strong> série original, para marca e mo<strong>de</strong>lo<br />

e com uma curva <strong>de</strong> calibração correspon<strong>de</strong>nte, que é dada pela empresa construtora<br />

e que é utiliza<strong>do</strong> para o cálculo <strong>do</strong> volume filtra<strong>do</strong>.<br />

No caso <strong>de</strong> um fluxômetro torpe<strong>do</strong> Marca General Oceanics Mod. 2030 com hélice<br />

standard o volume <strong>de</strong> água filtra<strong>do</strong> por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> 60 cm <strong>de</strong> diâmetro é calcula<strong>do</strong><br />

através da seguinte fórmula:<br />

Vol (m³) = π(x)r²(x)h<br />

On<strong>de</strong>


123<br />

π = 3,1416<br />

r=0,30 m<br />

h=distância percorrida (no caso é LF-LI <strong>do</strong> fluxometro(x)constante <strong>do</strong> rotor/999999)<br />

on<strong>de</strong>, a constante <strong>do</strong> rotor = 26.873 (dada pelo fabricante);<br />

Leitura Inicial (LI) = 67.384 e;<br />

Leitura Final (LF) = 81.759<br />

h = 14.375(x)26.873/999999 ou<br />

h = 386,299 m<br />

Vol (m³) = 3.1416(x)0,09 m²(x)386,299 m = 109,22 m³<br />

Com o tempo <strong>de</strong> uso, o fluxômetro po<strong>de</strong> apresentar <strong>de</strong>sajustes sen<strong>do</strong> necessário uma<br />

recalibragem periódica. O méto<strong>do</strong> mais simples para esta recalibragem consiste em<br />

submergir o aparelho, fixa<strong>do</strong> num aro com bóias, numa piscina com comprimento<br />

conheci<strong>do</strong> realizan<strong>do</strong> em torno <strong>de</strong> 20 percursos em tempos diferentes ou num canal<br />

artificial com fluxo controla<strong>do</strong>. A diferença entre a leitura inicial e a final <strong>do</strong> aparelho<br />

equivale ao número <strong>de</strong> rotações <strong>do</strong> fluxômetro para a distância percorrida naquele<br />

tempo, obten<strong>do</strong>-se um parâmetro rot/seg. Ao dividir a distância da piscina (12,2 m)<br />

pelo número <strong>de</strong> rotações por segun<strong>do</strong> (rot/seg) resulta na distância percorrida a cada<br />

rotação (metros/rot). A tabela <strong>de</strong> calibração <strong>do</strong> fluxômetro n°XXX reboca<strong>do</strong> ao longo<br />

<strong>de</strong> uma piscina <strong>de</strong> 12,2m apresentou os resulta<strong>do</strong>s na Tabela 3. A média <strong>de</strong> metros/rot<br />

Tab. 3 coluna X) é chamada <strong>de</strong> constante <strong>de</strong> calibração <strong>do</strong> fluxômetro que no caso é<br />

0,1173076.<br />

Tabela 3: Da<strong>do</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes a tabela <strong>de</strong> calibração <strong>do</strong> Fluxômetro n°XXX para 12,2<br />

metros percorri<strong>do</strong>s.(1 e 2=primeiro e segun<strong>do</strong> ensaios).<br />

SEGUNDOS(Seg) ROTAÇÕES(rot) rot/Seg metros/rot<br />

1 2 1 2 1<br />

(III/I)<br />

2<br />

(IV/II)<br />

Média<br />

(V+VII/2)<br />

1<br />

(12,2/III)<br />

2<br />

(12,2/IV)<br />

Média<br />

(VIII+IX)/2<br />

I II III IV V VI VII VIII IX X<br />

14.2 14,7 105 102 7,39 6,94 7,16 0,116 0,119 0,117<br />

16,7 16,0 106 101 6,35 6,31 6,33 0,115 0,121 0,118<br />

18,8 17,5 105 107 5,58 6,11 5,84 0,116 0,114 0,115<br />

19,7 20,6 107 107 5,43 5,19 5,31 0,114 0,114 0,114<br />

21,7 24,3 106 105 4,88 4,32 4,60 0,115 0,116 0,115<br />

23,5 21,1 105 103 4,47 4,88 4,67 0,116 0,118 0,117<br />

25,8 22,7 107 102 4,14 4,49 4,31 0,114 0,119 0,116<br />

28,4 30,2 103 101 3,63 4,34 3,48 0,118 0,121 0,119<br />

29,4 29,3 105 100 3,57 3,41 3,49 0,116 0,122 0,119<br />

31,8 31,8 104 101 3,27 3,18 3,22 0,117 0,121 0,119<br />

34,0 31,2 103 101 4,29 3,24 3,76 0,118 0,121 0,119<br />

35,5 36,1 106 100 2,98 2,77 2,87 0,115 0,122 0,118<br />

38,0 39,4 104 101 2,74 2,56 2,65 0,117 0,121 0,119


124<br />

O fluxômetro n°XXX cuja leitura inicial (LI) foi 8.735 foi reboca<strong>do</strong> em uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1m<br />

<strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong> boca por 11 minutos e 45 segun<strong>do</strong>s (705 segun<strong>do</strong>s) apresentan<strong>do</strong> no<br />

final uma leitura final (LF) <strong>de</strong> 11.767.<br />

(LF)-(LI) = rotações no tempo <strong>do</strong> trajeto<br />

11.767 – 8.735 = 3.032 rotações no tempo <strong>do</strong> trajeto<br />

Que correspon<strong>de</strong> a 3.032/705 ou 4,30 rot/seg.<br />

Na tabela 3 ao valor <strong>de</strong> 4,30 rot/seg correspon<strong>de</strong> aproximadamente 0,116 metros/rot.<br />

Então, 0,116 (x) 3032 = 351,71 m (distância percorrida no trajeto pela re<strong>de</strong>)<br />

O volume <strong>do</strong> cilindro <strong>de</strong> 1m <strong>de</strong> diâmetro (boca da re<strong>de</strong>) por 351,71 m (distância que<br />

equivale à altura) (h) é: π (x) r 2 (x) h, ou seja,<br />

3,1416 (x) 0,5 2 (x) 351,71 = 276,23 m 3 que é o volume <strong>de</strong> água filtrada pela re<strong>de</strong> neste<br />

trajeto.<br />

7.1.2. Montagem <strong>do</strong> fluxômetro na re<strong>de</strong><br />

O fluxômetro é, em geral, posiciona<strong>do</strong> ao centro da abertura da boca da re<strong>de</strong>. A<br />

montagem é feita através <strong>de</strong> 2 (Fig. 26C) ou 3 (Fig. 26D) cabos finos ata<strong>do</strong>s ao aro da<br />

re<strong>de</strong>. A exata posição <strong>do</strong> medi<strong>do</strong>r na boca é um problema que já foi muito investiga<strong>do</strong><br />

no passa<strong>do</strong>. Como conclusão é possível dizer que em re<strong>de</strong>s rebocadas por cabos que<br />

não estão diretamente em frente à boca, o fluxo da água é mais ou menos uniforme<br />

em to<strong>do</strong>s os pontos e o fluxômetro po<strong>de</strong> ser coloca<strong>do</strong> em qualquer posição da boca da<br />

re<strong>de</strong>, mas em geral é centralizada.<br />

Figura 26. Equipamentos auxiliares: Fluxômetros. A, Tipo TSK; B, Tipo torpe<strong>do</strong>. Posição <strong>do</strong><br />

fluxômetro na re<strong>de</strong>. C, com duas amarras, D, com três amarras.


125<br />

7.2. Clinômetro<br />

Equipamento também conheci<strong>do</strong> como inclinômetro é utiliza<strong>do</strong> para observar os<br />

ângulos <strong>de</strong> inclinação, em graus, <strong>do</strong> cabo <strong>de</strong> reboque para calcular a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cabo a ser lança<strong>do</strong>, a fim <strong>de</strong> ser alcançada a profundida<strong>de</strong> pré-estabelecida. Po<strong>de</strong> ser<br />

manual (Fig. 27A) ou preso ao cabo (Fig. 27B) perto <strong>de</strong> uma polia.<br />

7.3. Depressor<br />

Equipamento, em geral, em forma <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> (Fig. 27C) utiliza<strong>do</strong>s em coletores como a<br />

re<strong>de</strong> Bongo e a Multinet ou; <strong>de</strong> uma lâmina, como no caso da re<strong>de</strong> Isaacs-Kidd. Não<br />

são muito pesa<strong>do</strong>s mas permitem reduzir o ângulo <strong>de</strong> inclinação <strong>do</strong> cabo <strong>de</strong> reboque<br />

manten<strong>do</strong> o coletor numa profundida<strong>de</strong> constante durante o trajeto <strong>de</strong> coleta com a<br />

menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cabo possível. Po<strong>de</strong>m permitir vários ajustes <strong>de</strong> ângulo <strong>de</strong><br />

ataque à água.<br />

Figura 27. Equipamentos auxiliares. A, Clinômetro manual; B, Clinômetro <strong>de</strong> cabo; C,<br />

Depressor tipo <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong>; D, Mecanismo <strong>de</strong> Fechamento e Mensageiro; E, Polia<br />

o<strong>do</strong>métrica mecânica.


126<br />

7.4. Mecanismo <strong>de</strong> fechamento<br />

Equipamento que possui duas presilhas uma móvel, on<strong>de</strong> são presas as amarras da<br />

boca da re<strong>de</strong> e outra fixa on<strong>de</strong> é presa a amarra que está em volta <strong>do</strong> corpo da re<strong>de</strong><br />

(Fig. 27D). Ao terminar o trajeto <strong>de</strong> coleta, um mensageiro mecanicamente libera as<br />

amarras da boca da re<strong>de</strong> que fica presa pela amarra em volta <strong>do</strong> corpo da re<strong>de</strong>, não<br />

permitin<strong>do</strong> mais a filtração <strong>do</strong> coletor. Existe também libera<strong>do</strong>res ativa<strong>do</strong>s por<br />

eletricida<strong>de</strong>, por acústica ou por pressão. Utiliza<strong>do</strong> principalmente nos trajetos verticais<br />

para manter a re<strong>de</strong> aberta durante o percurso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida e fechada durante o<br />

percurso <strong>de</strong> subida após o trajeto entre os estratos.<br />

7.5. Polia o<strong>do</strong>métrica<br />

Equipamento usa<strong>do</strong> para <strong>de</strong>terminar <strong>de</strong> maneira acurada o alcance da profundida<strong>de</strong><br />

pré-estabelecida pelo coletor medin<strong>do</strong> o cabo que passa pela polia. Dois mo<strong>de</strong>los<br />

básicos são utiliza<strong>do</strong>s: 1) mecânico, com um conta<strong>do</strong>r geralmente acopla<strong>do</strong> à própria<br />

polia, com marcação em metro (Fig 27E) ou em pés. A cada novo lançamento é<br />

necessário zerá-lo; 2) eletrônico com várias unida<strong>de</strong>s a escolher (metros, pés),<br />

coloca<strong>do</strong> em qualquer parte da embarcação e que po<strong>de</strong> ser li<strong>do</strong> mais facilmente<br />

durante a noite.<br />

8. Lista <strong>de</strong> equipamentos<br />

Quan<strong>do</strong> se dá início a um cruzeiro científico to<strong>do</strong> equipamento e material que será<br />

usa<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve estar a bor<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> em conta que é impossível retornar ao porto se algo<br />

foi esqueci<strong>do</strong>. Desta forma é muito importante relacionar to<strong>do</strong> o material necessário<br />

que será utiliza<strong>do</strong>, antes <strong>do</strong> início <strong>do</strong> cruzeiro. Também é impossível retornar ao porto<br />

quan<strong>do</strong> um equipamento <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> funcionar ou é danifica<strong>do</strong>. Assim, to<strong>do</strong>s os<br />

equipamentos <strong>de</strong>vem ter pelo menos um sobressalente. Uma lista <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

equipamentos utiliza<strong>do</strong>s em coleta <strong>de</strong> organismos planctônicos está na tabela 4 que<br />

<strong>de</strong>verá ser preenchida durante a preparação <strong>do</strong> cruzeiro.


127<br />

Tabela 4. Planilha com lista <strong>do</strong> material necessário para coleta e armazenagem <strong>de</strong> plâncton.<br />

Material Quant. Retira<strong>do</strong> Por: Devolvi<strong>do</strong> por:<br />

Set completo* <strong>de</strong> re<strong>de</strong>(s)<br />

Fluxômetro<br />

Polia O<strong>do</strong>métrica<br />

Depressores<br />

Clinômetro<br />

Disco <strong>de</strong> Secchi<br />

Tabela <strong>de</strong> ângulos<br />

Mecanismo <strong>de</strong> Fechamento<br />

Mensageiro<br />

Profundímetro<br />

Termosalinômetro<br />

Planilha<br />

Material <strong>de</strong> Escritório**<br />

Bal<strong>de</strong><br />

Ban<strong>de</strong>ja Plástica<br />

Formol Puro<br />

Funil<br />

Engrada<strong>do</strong> <strong>de</strong> Garrafas Plásticas<br />

Papel toalha<br />

Luvas<br />

Lanterna<br />

Set <strong>de</strong> Pilhas<br />

Notebook<br />

GPS<br />

Chave <strong>de</strong> fenda<br />

Alicate<br />

Parafusos<br />

Borboletas<br />

Pedaços <strong>de</strong> tela (=corpo da re<strong>de</strong>)<br />

Cola Silicone<br />

Cola Araldite 24h<br />

Cabos trança<strong>do</strong>s <strong>de</strong> náilon<br />

Cabos <strong>de</strong> aço<br />

Tesoura<br />

Para material vivo<br />

Bombas <strong>de</strong> ar<br />

Bombas <strong>de</strong> ar a pilha<br />

Caixa <strong>de</strong> isopor<br />

Conecção plásticas p/ espagueti<br />

Espagueti plástico<br />

Extensão T<br />

Fio <strong>de</strong> extensão<br />

Frasco plásticos<br />

Monobloco<br />

Pedra p/ ar<br />

Pilhas para bombas <strong>de</strong> ar<br />

Frascos <strong>de</strong> vidro <strong>de</strong> 30 e 100mL<br />

Pipetas<br />

Pinça<br />

*Set Completo da re<strong>de</strong>(s) a ser(em) utilizada(s) compreen<strong>de</strong>: Aro, Corpo da re<strong>de</strong>, Coletor completo, Abraça<strong>de</strong>ira,<br />

Manilhas, Cabos para as amarras.<br />

**Material <strong>de</strong> Escritório compreen<strong>de</strong>: Envelopes A4, Papel A4, Caneta Esferográfica, Lápis, Aponta<strong>do</strong>r, Borracha,<br />

Atilho, Régua, Prancheta, Etiquetas A<strong>de</strong>sivas, Fita a<strong>de</strong>siva tipo crepe, Pincel atômico, clips, grampea<strong>do</strong>r, grampos,<br />

CDr; DVDr.


128<br />

9. Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> trajeto<br />

9.1. Vertical<br />

Trajeto vertical (Fig. 28) é útil em estu<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>terminar presença e abundância <strong>de</strong><br />

organismos planctônicos em diferentes intervalos <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>s na coluna d’água.<br />

Em estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> variações dia/noite <strong>de</strong> abundância entre a superfície e <strong>de</strong>terminada<br />

profundida<strong>de</strong>, os estratos <strong>de</strong> coleta po<strong>de</strong>m ser escolhi<strong>do</strong>s previamente como, por<br />

exemplo, <strong>de</strong> 200 a 100 m; <strong>de</strong> 100 a 50 m e <strong>de</strong> 50 m até a superfície. Entretanto, se o<br />

interesse <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> estiver relaciona<strong>do</strong> com certos aspectos físicos como, por<br />

exemplo, a presença <strong>de</strong> termoclinas, conhecida pouco antes, os estratos não po<strong>de</strong>rão<br />

ser pré-estabeleci<strong>do</strong>s, mas escolhi<strong>do</strong>s praticamente no momento da coleta.<br />

Figura 28. Tipos <strong>de</strong> trajeto vertical.<br />

Como neste tipo <strong>de</strong> arrasto é possível saber exatamente a distância percorrida, que é<br />

o intervalo entre as profundida<strong>de</strong>s o volume <strong>de</strong> água filtrada po<strong>de</strong> ser calcula<strong>do</strong><br />

através <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> um cilindro cuja fórmula é V = Axh on<strong>de</strong> A = πxr² é a área da<br />

boca da re<strong>de</strong> e h é o intervalo entre as profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coleta (Fig. 29). Num arrasto<br />

vertical entre a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100 e 50 metros em que foi usada uma re<strong>de</strong> cilindro<br />

cônica com 60 cm <strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong> boca o volume é V=3,1416x0,302x50= 14,14 m³


129<br />

Figura 29. Cálculo <strong>do</strong> volume <strong>de</strong> água filtrada num arrasto com distâncias percorridas<br />

conhecidas.<br />

Material utiliza<strong>do</strong><br />

Planilha <strong>de</strong> amostragem<br />

Re<strong>de</strong> cônica ou cilindro cônica<br />

Mecanismo <strong>de</strong> fechamento<br />

Mensageiro<br />

Lastro<br />

Garrafas plásticas com 35 mL <strong>de</strong> formol<br />

Clinômetro<br />

Tabela <strong>de</strong> Ângulos<br />

Protocolo <strong>de</strong> coleta <strong>do</strong> trajeto vertical<br />

No ponto da estação com a embarcação parada<br />

Preencher da<strong>do</strong>s da estação na planilha <strong>de</strong> amostragem vertical <strong>de</strong> zooplâncton<br />

Escolher os intervalos <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> a serem amostra<strong>do</strong>s<br />

Verificar se o coletor está bem preso<br />

Baixar lentamente a re<strong>de</strong> até a superfície<br />

Afundar a re<strong>de</strong> até a maior profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> intervalo


130<br />

Observar a inclinação <strong>do</strong> cabo para ajustar profundida<strong>de</strong><br />

Parar a <strong>de</strong>scida<br />

Observar inclinação <strong>do</strong> cabo novamente<br />

Içar a re<strong>de</strong> até a menor profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> intervalo<br />

Passar o mensageiro no cabo<br />

Soltar o mensageiro<br />

Sentir no cabo o disparo <strong>do</strong> mecanismo <strong>de</strong> fechamento<br />

Subir a re<strong>de</strong> até a superfície<br />

Lavar a re<strong>de</strong><br />

Colocar a re<strong>de</strong> no convés<br />

Lavar bem o final da re<strong>de</strong> e o coletor<br />

Abrir o coletor<br />

Colocar amostra na garrafa plástica com o auxílio <strong>de</strong> um funil<br />

Agitar a garrafa lateralmente para fixar bem a amostra<br />

Anotar número da garrafa na planilha<br />

Guardar a garrafa<br />

Repetir procedimento tantas vezes quantas forem os intervalos amostra<strong>do</strong>s<br />

9.2. Horizontal<br />

Embora possa ser realiza<strong>do</strong> em profundida<strong>de</strong>, normalmente utiliza-se em zonas pouco<br />

profundas, nas quais os outros tipos <strong>de</strong> arrasto não po<strong>de</strong>m ser realiza<strong>do</strong>s Amostra<br />

apenas uma <strong>de</strong>terminada camada <strong>de</strong> água, normalmente superficial ou subsuperficial.<br />

É o mais utiliza<strong>do</strong> para amostra qualitativa <strong>de</strong> organismos planctônicos <strong>de</strong> uma região.<br />

No trajeto horizontal a re<strong>de</strong> é arrastada com o barco em movimento <strong>de</strong><br />

aproximadamente 2 a 3 nós por um tempo não superior a 5 minutos sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s<br />

para o conhecimento quali-quantitativo <strong>do</strong>s organismos planctônicos <strong>de</strong> uma região.<br />

No arrasto <strong>de</strong> superfície (Fig. 30A) é possível acompanhar o trajeto da re<strong>de</strong> e observar<br />

seu funcionamento. Para evitar a turbulência causada pelo hélice da embarcação é<br />

aconselhável navegar em curva <strong>de</strong> aproximadamente 20°. Nenhum tipo <strong>de</strong> peso é<br />

necessário neste arrasto.<br />

No horizontal <strong>de</strong> meia água ou próximo ao fun<strong>do</strong> (Fig. 30B) é necessário um lastro que<br />

afun<strong>de</strong> a re<strong>de</strong> o mais rápi<strong>do</strong> possível (é conveniente baixar a re<strong>de</strong> com a embarcação<br />

inician<strong>do</strong> a navegação) até um pouco mais <strong>do</strong> que a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada,<br />

aumentan<strong>do</strong> a velocida<strong>de</strong> para que a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong>sejada seja<br />

alcançada. Ao término <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> arrasto içar a re<strong>de</strong> rapidamente com a<br />

embarcação já paran<strong>do</strong>.


131<br />

Figura 30. Trajetos horizontais. A, <strong>de</strong> superfície; B, <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong><br />

Uma preocupação neste tipo <strong>de</strong> trajeto é monitorar constantemente a profundida<strong>de</strong><br />

exata <strong>de</strong> arrasto para impedir que a re<strong>de</strong> toque no fun<strong>do</strong>.<br />

Para isto uma alternativa simples, menos onerosa, porém não muito exata, é calcular a<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto através da seguinte fórmula trigonométrica <strong>de</strong> um triângulo<br />

retângulo (Fig. 31):<br />

cos α =cateto adjacente/hipotenusa<br />

on<strong>de</strong><br />

O ângulo é medi<strong>do</strong> por um clinômetro na hora <strong>do</strong> arrasto<br />

Cateto adjacente (X) é a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> e<br />

Hipotenusa é comprimento <strong>do</strong> cabo lança<strong>do</strong> para atingir a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto.<br />

Figura 31. Esquema <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cabo a ser lança<strong>do</strong> para alcançar a<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada.


132<br />

Para arrasto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, a profundida<strong>de</strong> base para o cálculo é sempre <strong>do</strong>is metros a<br />

menos <strong>do</strong> que a da estação. Manten<strong>do</strong> a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto constante e a mesma<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta, a inclinação <strong>do</strong> ângulo varia pouco e sempre nos mesmos intervalos.<br />

Por exemplo, para uma embarcação a 2 nós <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>, uma re<strong>de</strong> cilindro cônica<br />

<strong>de</strong> 60 cm <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> boca e 200 µm <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> malha com um lastro <strong>de</strong> 15 kg,<br />

o intervalo varia entre 60° (cosseno = 0,5) e 70° (cosseno = 0,34). Então, para<br />

alcançar 30 metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cabo lança<strong>do</strong> <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong> 60<br />

m e 88 m, respectivamente. É recomendável, ao içar a re<strong>de</strong>, também parar o barco<br />

para que a re<strong>de</strong> filtre o menor volume possível no caminho <strong>de</strong> volta. Na tabela 5, como<br />

um exemplo, está indicada a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cabo que <strong>de</strong>ve ser lançada para alcançar<br />

a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong>sejada.<br />

Outra alternativa é utilizar um profundímetro na abertura da boca da re<strong>de</strong> que informa<br />

o correto trajeto da re<strong>de</strong> durante o arrasto e também coletar da<strong>do</strong>s sobre temperatura,<br />

condutivida<strong>de</strong> e oxigênio dissolvi<strong>do</strong>.<br />

Tabela 5. Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cabo lança<strong>do</strong> (em metros) para alcançar a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>talhada<br />

até 100 metros <strong>de</strong>sejada com diferentes inclinações <strong>de</strong> cabo.<br />

α 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 75 80<br />

10 13 13 13 14 14 15 16 17 17 18 20 21 22 24 26 29 38 57<br />

12 15 16 16 17 17 18 19 20 21 22 24 25 27 29 32 35 46 69<br />

14 18 18 19 20 20 21 22 23 25 26 28 29 31 34 37 41 54 80<br />

16 20 21 22 23 23 24 25 27 28 30 32 34 36 39 42 47 61 92<br />

18 23 24 25 25 26 28 29 30 32 33 36 38 41 44 48 53 69 103<br />

20 26 26 27 28 29 31 32 34 35 37 40 42 45 49 53 58 77 115<br />

22 28 29 30 31 32 34 35 37 39 41 44 46 50 54 58 64 85 126<br />

24 31 32 33 34 35 37 38 40 42 45 48 51 54 63 64 70 92 138<br />

26 33 34 36 37 38 40 42 44 46 49 52 55 69 65 69 76 100 149<br />

28 36 37 38 40 41 43 45 47 50 52 56 59 63 68 74 82 108 161<br />

30 39 40 41 43 44 46 48 51 53 56 60 63 68 73 80 88 115 172<br />

32 41 43 44 46 47 49 51 54 57 60 64 68 72 78 85 94 123 184<br />

34 44 45 47 48 50 52 55 57 70 64 68 72 77 83 90 99 131 195<br />

36 46 48 50 51 53 56 58 61 64 67 72 76 82 88 96 105 139 207<br />

38 49 51 52 54 56 59 61 64 67 71 76 80 86 93 101 111 146 218<br />

40 52 53 55 57 59 62 64 68 71 75 80 85 91 98 106 117 154 230<br />

42 55 57 58 60 63 65 68 71 75 79 84 89 95 103 112 122 162 241<br />

44 57 59 61 63 66 68 71 74 78 83 88 94 100 108 117 129 170 253<br />

46 60 62 64 66 69 72 74 78 82 86 92 98 105 113 122 134 177 265<br />

48 63 65 67 69 72 75 77 81 85 90 96 102 109 118 128 140 185 275<br />

50 65 67 70 72 75 78 81 85 89 94 100 107 114 123 133 146 193 289<br />

52 67 70 72 75 78 81 84 88 92 98 104 110 118 127 138 152 200 299<br />

54 70 73 75 78 81 84 87 91 96 101 108 115 123 132 144 157 208 310<br />

56 73 75 78 81 84 87 90 95 100 105 112 119 127 137 149 163 216 322<br />

58 76 78 81 83 87 90 94 98 103 109 116 123 132 142 154 169 224 334<br />

60 78 81 83 86 90 93 97 102 107 113 120 127 136 147 160 175 231 345<br />

65 84 87 90 93 97 101 105 110 116 122 130 138 148 159 173 190 251 374<br />

70 91 94 97 101 105 109 114 119 125 132 140 149 160 172 187 205 270 403<br />

80 104 108 111 115 119 124 130- 136 143 151 160 170 182 197 214 234 309 461<br />

90 117 121 125 130 134 140 146 153 161 170 180 192 205 221 240 263 347 518<br />

100 130 135 139 144 149 155 162 170 179 189 200 213 228 246 267 292 386 576<br />

P. 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 75 80<br />

α= ângulo; P.=Profundida<strong>de</strong><br />

Material Utiliza<strong>do</strong><br />

Planilha <strong>de</strong> amostragem<br />

Re<strong>de</strong> cônica ou cilindro cônica<br />

Fluxômetro


133<br />

Profundímetro (opcional)<br />

Lastro (para lance em profundida<strong>de</strong>)<br />

Clinômetro (para lance em profundida<strong>de</strong>)<br />

Tabela <strong>de</strong> ângulo (para lance em profundida<strong>de</strong>)<br />

Garrafas plásticas com 35 mL <strong>de</strong> formol<br />

Funil<br />

Protocolo <strong>de</strong> coleta para trajetos horizontais <strong>de</strong> superfície<br />

Verificar se a re<strong>de</strong> está bem presa ao cabo <strong>de</strong> reboque<br />

Verificar se o fluxômetro está bem amarra<strong>do</strong> à abertura boca da re<strong>de</strong><br />

Verificar se o coletor está bem preso a re<strong>de</strong><br />

Preencher da<strong>do</strong>s da estação na planilha <strong>de</strong> amostragem horizontal <strong>de</strong> zooplâncton<br />

Escolher as profundida<strong>de</strong>s a serem amostradas<br />

Anotar número inicial <strong>do</strong> fluxômetro<br />

Iniciar a navegação a até 2 nós em movimento semi circular<br />

Baixar lentamente a re<strong>de</strong> até a superfície<br />

Liberar cabo reboque até a re<strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecer da superfície<br />

Anotar tempo inicial <strong>do</strong> trajeto<br />

Observar constantemente se a re<strong>de</strong> está submersa, caso contrário liberar um pouco<br />

mais <strong>de</strong> cabo reboque<br />

Anotar tempo final <strong>do</strong> arrasto<br />

Trazer a re<strong>de</strong> até a borda da embarcação<br />

Içar a re<strong>de</strong><br />

Lavar com água <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro cuida<strong>do</strong>samente o corpo da re<strong>de</strong><br />

Puxar a re<strong>de</strong> para o convés<br />

Anotar número final <strong>do</strong> fluxômetro<br />

Ter em mãos uma garrafa i<strong>de</strong>ntificada e o funil para <strong>de</strong>spejar a amostra<br />

Bater com cuida<strong>do</strong> a lateral <strong>do</strong> coletor (nunca na tela diretamente)<br />

Diminuir o volume até abaixo das janelas<br />

Desatarraxar as borboletas<br />

Liberar cuida<strong>do</strong>samente o coletor<br />

Despejar amostra na garrafa<br />

Girar a garrafa lateralmente para fixar bem a amostra<br />

Anotar número da garrafa na planilha<br />

Guardar a garrafa<br />

Recolocar o coletor na re<strong>de</strong> apertan<strong>do</strong> bem as borboletas


134<br />

Protocolo <strong>de</strong> coleta para trajeto horizontal <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong><br />

As verificações e anotações iniciais são as mesmas <strong>do</strong> arrasto <strong>de</strong> superfície<br />

O lastro <strong>de</strong>ve estar preso na manilha <strong>do</strong> cabo <strong>de</strong> reboque<br />

Lançar a re<strong>de</strong> imediatamente após o início da navegação<br />

Observar a inclinação <strong>do</strong> cabo para ajustar profundida<strong>de</strong><br />

Diminuir a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida <strong>do</strong> cabo reboque<br />

Observar inclinação <strong>do</strong> cabo novamente<br />

Anotar inclinação <strong>do</strong> ângulo a cada 20 -30 metros, <strong>de</strong> cabos libera<strong>do</strong>s<br />

Parar a <strong>de</strong>scida quan<strong>do</strong> alcançada a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong>sejada<br />

Marcar o tempo <strong>de</strong> início <strong>de</strong> arrasto<br />

Anotar tempo final <strong>de</strong> arrasto<br />

Içar a re<strong>de</strong> rapidamente<br />

Subir a re<strong>de</strong> até a superfície<br />

A partir da lavagem da re<strong>de</strong> os passos são os mesmos <strong>do</strong> arrasto <strong>de</strong> superfície<br />

É possível calcular o volume <strong>de</strong> água filtra<strong>do</strong> sem fluxômetro. Assim como explica<strong>do</strong><br />

no arrasto vertical o cálculo é o <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> um cilindro. A diferença é que no trajeto<br />

horizontal a embarcação está em movimento. A distância percorrida (a altura da<br />

fórmula) é calculada multiplican<strong>do</strong> a velocida<strong>de</strong> da embarcação pelo tempo <strong>de</strong> arrasto.<br />

A velocida<strong>de</strong> da embarcação é dada em nós, ou seja, milhas por hora sen<strong>do</strong><br />

necessário multiplicar 1.853 metros pela velocida<strong>de</strong> em nós para saber a velocida<strong>de</strong><br />

em metros por hora. Se o tempo <strong>de</strong> arrasto foi <strong>de</strong> alguns minutos é necessário dividir<br />

este tempo <strong>do</strong> arrasto por 60 min. ten<strong>do</strong> assim o tempo em fração <strong>de</strong> hora. O uso <strong>de</strong><br />

GPS resolve o problema dan<strong>do</strong> a distância percorrida in loco.<br />

9.3. Oblíquo<br />

É muito utiliza<strong>do</strong> principalmente com re<strong>de</strong> Bongo, em zonas profundas, que<br />

normalmente se caracterizam por menor abundância <strong>de</strong> organismos (Fig. 32). Desta<br />

forma, numa mesma camada <strong>de</strong> água consegue-se filtrar um maior volume e serve<br />

para trabalhos sobre distribuição e abundância <strong>do</strong>s organismos na coluna d’água,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> efeito dia e noite, <strong>de</strong> sua distribuição. Este tipo <strong>de</strong> trajeto po<strong>de</strong> ser<br />

realiza<strong>do</strong> inclusive com mau tempo.


135<br />

Figura 32. Trajeto oblíquo.<br />

Material Utiliza<strong>do</strong><br />

Planilha <strong>de</strong> amostragem<br />

Re<strong>de</strong> Bongo<br />

Fluxômetro<br />

Depressor <strong>de</strong> 40-50 kg a 1,5 2 metros abaixo da re<strong>de</strong><br />

Clinômetro preso ao cabo <strong>de</strong> reboque<br />

Tabela <strong>de</strong> ângulo<br />

Garrafas plásticas com 35 mL <strong>de</strong> formol<br />

Funil<br />

Protocolo <strong>de</strong> coleta para trajetória oblíqua<br />

Com a embarcação parada<br />

Pren<strong>de</strong>r o clinômetro no cabo <strong>de</strong> reboque<br />

Preencher a planilha com da<strong>do</strong>s da estação<br />

Ter tabela <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> em mãos<br />

Separar duas garrafas numeradas e funil<br />

Checar:<br />

a profundida<strong>de</strong> local<br />

se a re<strong>de</strong> Bongo está bem presa no cabo <strong>de</strong> reboque<br />

se os cintos que pren<strong>de</strong>m as re<strong>de</strong>s estão bem coloca<strong>do</strong>s e aperta<strong>do</strong>s<br />

se o fluxômetro está bem preso


136<br />

se os copos coletores estão bem presos às re<strong>de</strong>s<br />

se o <strong>de</strong>pressor está bem preso à re<strong>de</strong><br />

Anotar número inicial <strong>do</strong> Fluxômetro<br />

Iniciar navegação<br />

Içar a re<strong>de</strong> ao costa<strong>do</strong> da embarcação<br />

Baixar a re<strong>de</strong> até a linha d’água<br />

Checar velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> 2 nós<br />

Zerar a polia o<strong>do</strong>métrica<br />

Liberar o cabo reboque a uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 50 m/min<br />

Iniciar a marcação <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida<br />

Checar ângulo <strong>de</strong> inclinação <strong>do</strong> cabo<br />

Checar quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cabo a cada 30 metros lança<strong>do</strong> até alcançar a profundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sejada<br />

Anotar tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida<br />

Iniciar imediatamente subida da re<strong>de</strong><br />

Anotar ângulo final<br />

Anotar quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cabo libera<strong>do</strong><br />

Anotar o tempo <strong>de</strong> da chegada da re<strong>de</strong> à superfície<br />

Anotar tempo <strong>de</strong> subida<br />

Içar re<strong>de</strong>s<br />

Lavar re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cima para baixo e <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro<br />

Concentrar a amostra nos coletores<br />

Baixar re<strong>de</strong>s no convés<br />

Anotar número final <strong>do</strong> fluxômetro<br />

Lavar re<strong>de</strong>s, próximo <strong>do</strong>s coletores, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora<br />

Bater com cuida<strong>do</strong> a lateral <strong>do</strong> coletor da re<strong>de</strong> n° 1<br />

Diminuir o volume até abaixo das janelas<br />

Desatarraxar as borboletas <strong>do</strong> coletor<br />

Liberar cuida<strong>do</strong>samente o coletor<br />

Despejar amostra na garrafa plástica com auxílio <strong>de</strong> um funil<br />

Girar a garrafa lateralmente para fixar bem a amostra<br />

Anotar número da garrafa para re<strong>de</strong> n° 1<br />

Guardar a garrafa<br />

Recolocar o coletor na re<strong>de</strong> n° 1 apertan<strong>do</strong> bem as borboletas<br />

Repetir procedimento para coleta da re<strong>de</strong> n° 2


137<br />

10. Planílha <strong>de</strong> amostragem<br />

A planilha <strong>de</strong> amostragem é o histórico <strong>do</strong>s acontecimentos <strong>de</strong> uma coleta. As<br />

planilhas <strong>de</strong> bor<strong>do</strong> são elaboradas para serem preenchidas <strong>de</strong> uma maneira simples e<br />

em seqüência lógica para relatar os acontecimentos da coleta. O responsável pelas<br />

anotações na planilha <strong>de</strong>ve ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> para, se necessário, esclarecer fatos<br />

duvi<strong>do</strong>sos. É muito importante que todas as informações referentes à coleta, não<br />

apenas estejam bem relatadas na planilha, mas também <strong>de</strong> maneira clara. Anotar<br />

tu<strong>do</strong>, mesmo aqueles fatos ocorri<strong>do</strong>s, que no momento possam não parecer<br />

importantes, <strong>de</strong>vem ser anota<strong>do</strong>s porque po<strong>de</strong>m ser esqueci<strong>do</strong>s após algum tempo.<br />

Vale lembrar que uma amostra faz parte <strong>do</strong> acervo <strong>de</strong> uma instituição, fican<strong>do</strong> a<br />

disposição por anos, servin<strong>do</strong> para diversos tipos <strong>de</strong> análise. Por este motivo várias<br />

pessoas, po<strong>de</strong>rão usá-las e por isto as planilhas com os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão ser<br />

as mais completas possíveis. Exemplos <strong>de</strong> planilhas <strong>de</strong> coleta com trajetos vertical,<br />

horizontal, oblíquo e com re<strong>de</strong> Multinet estão sugeridas a seguir.


138<br />

FICHA DE COLETA VERTICAL<br />

Embarcação: _________________<br />

PROJETO: ___________________________<br />

CRUZEIRO: _________ ESTAÇÃO: __________ DATA: ____/____/_______<br />

POSIÇÃO: Lat _____°_________S Long _____°_______W PROF: _________m<br />

HORA LOCAL: ___________<br />

HORA GMT:___________<br />

REDE<br />

Tipo: _____ Cônica _____ Cilindro-cônica<br />

Aro (cm): _____30 _____50 _____60 _____100<br />

Malha (µm): _____20 _____40 _____90 ____140 ___200 _____300 _____500<br />

Peso (kg): ____2 ____5 ____10 ____20<br />

ARRASTO<br />

Lance 1 2 3 4 5 6 7 8 9<br />

Interv Prof.<br />

Garrafa<br />

FLUXÔMETRO: _____Não usa<strong>do</strong> ______Usa<strong>do</strong> N° <strong>de</strong> Série:___________<br />

Tipo: _____Torpe<strong>do</strong> ____General Oceanic _____ Hidrobios _____Outro<br />

_____ TSK ____ Kalshico ______ OSK _____Outro<br />

Leitura: Inicial: _______________ Final:_________________ Diferença:__________<br />

Cálculo <strong>do</strong> volume (<strong>de</strong> um cilindro): π x r² x h on<strong>de</strong><br />

π = 3,1416; r = raio <strong>do</strong> aro e h= distância percorrida<br />

Volume Filtra<strong>do</strong>:<br />

_________ m³<br />

Frasco n° ______________<br />

Tabela <strong>de</strong> cabo a ser lança<strong>do</strong> (prof/cosα)<br />

Prof► 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50<br />

5 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50<br />

10 10 12 24 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 49 50<br />

12 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 37 39 41 43 45 47 49 51<br />

14 10 12 14 16 18 20 22 24 26 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 50 51<br />

16 10 12 14 16 18 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 48 50 52<br />

18 10 12 14 16 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 40 42 44 46 48 50 52<br />

20 10 12 15 17 19 21 23 254 27 29 32 34 36 38 40 42 44 47 49 51 53<br />

22 10 13 15 17 19 21 23 25 28 30 32 34 36 38 41 43 45 47 49 51 54<br />

24 11 13 15 17 19 21 24 26 28 30 32 35 37 39 41 43 45 48 50 52 54<br />

26 11 13 15 17 20 22 24 26 28 31 33 35 37 40 42 44 46 48 51 53 55<br />

28 11 13 15 18 20 22 24 27 29 31 33 36 38 40 42 44 47 50 52 54 56<br />

30 11 13 16 18 20 22 25 27 29 32 34 36 38 41 43 45 48 51 53 55 57<br />

α▲ 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50


139<br />

FICHA DE COLETA HORIZONTAL<br />

CRUZEIRO: _______ ESTAÇÃO: __________ DATA: ____/____/_______<br />

POSIÇÃO: Lat _____°_________S Long _____°_______W PROF: _________m<br />

HORAL LOCAL: ___________<br />

HORA GMT:___________ Coleta: ____/____ (ver códigos)<br />

REDE: _____ Cônica _____ Cilindro-cônica<br />

Aro (cm): _____30 _____50 _____60 _____100<br />

Malha (µm): ____140 ___200 _____300 _____500<br />

FLUXÔMETRO N° <strong>de</strong> Série:___________<br />

Tipo: _____Torpe<strong>do</strong> ____General Oceanic<br />

_____ Hidrobios _____Outro<br />

Horizontal <strong>de</strong> Superfície<br />

Tempo <strong>de</strong> arrasto: ____ min _____ s<br />

Fluxômetro: Inicial: _________ Final:_________ Diferença:_______ Dist. Perc.:______m<br />

Cálculo <strong>do</strong> volume: π x r² x h on<strong>de</strong>: π = 3,1416; r = raio <strong>do</strong> aro e h= distância percorrida (cte <strong>do</strong><br />

fluxômetro x diferença da leitura)<br />

Volume Filtra<strong>do</strong>: __________ m³<br />

ARMAZENAGEM DAS COLETAS - Frasco(s):__________ __________ _________<br />

Horizontal <strong>de</strong> Fun<strong>do</strong><br />

TEMPO <strong>de</strong> Descida:____ min ____ s <strong>de</strong> arrasto:____ min ____ s <strong>de</strong> subida:____ min ____ s<br />

Fluxômetro: Inicial: _________ Final:_________ Diferença:_______ Dist. Perc.:______m<br />

Cálculo <strong>do</strong> volume: π x r² x h on<strong>de</strong>:π = 3,1416; r = raio <strong>do</strong> aro e h= distância percorrida (cte <strong>do</strong> fluxômetro<br />

x diferença da leitura)<br />

Volume Filtra<strong>do</strong>: _________ m³<br />

ARMAZENAGEM DAS COLETAS - Frasco(s):__________ __________ _________<br />

Leitura <strong>do</strong> ângulo (ver também tabela <strong>de</strong> ângulos)<br />

Ângulo<br />

Cabo 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200<br />

Cabo=Cabo Lança<strong>do</strong><br />

Quant. Final <strong>de</strong> Cabo Lança<strong>do</strong>:_______m Âng Final:______° Prof. <strong>do</strong> Arrasto:________m<br />

Profundímetro: _____ Sim Prof.: _________m ___Não<br />

Códigos da Coleta:<br />

0/0 Amostra feita/Fluxômetro li<strong>do</strong><br />

1/0 Parte da amostra perdida/Fluxômetro li<strong>do</strong><br />

0/9 Amostra feita/ Fluxômetro não li<strong>do</strong> ou com <strong>de</strong>feito<br />

1/9 Parte da amostra perdida/ Fluxômetro não li<strong>do</strong> ou com <strong>de</strong>feito


140<br />

FICHA DE ARRASTO OBLÍQUO<br />

CRUZEIRO: _________ ESTAÇÃO: __________ DATA: ____/____/_______<br />

POSIÇÃO: Lat _____°_________S Long _____°_______W PROF: _________m<br />

HORAL LOCAL: ___________<br />

FLUXÔMETRO N°1 n° <strong>de</strong> Série:___________<br />

Tipo: _____Torpe<strong>do</strong> ____General Oceanic<br />

HORA GMT:___________ Coleta: ____/____ (ver códigos)<br />

_____ Hidrobios _____Outro<br />

Fluxômetro: Inicial: _________ Final:_________ Diferença:_______ Dist. Perc.:______m<br />

FLUXÔMETRO N°2 n° <strong>de</strong> Série:___________<br />

Tipo: _____Torpe<strong>do</strong> ____General Oceanic _____ Hidrobios _____Outro<br />

Fluxômetro: Inicial: _________ Final:_________ Diferença:_______ Dist. Perc.:______m<br />

FLUXÔMETRO: Kalshico N° <strong>de</strong> Série:___________<br />

Leitura <strong>de</strong> rotações: _______________<br />

Cálculo <strong>do</strong> volume (<strong>de</strong> um cilindro): π x r² x h on<strong>de</strong><br />

π = 3,1416; r = raio <strong>do</strong> aro e h= distância percorrida (constante <strong>do</strong> fluxômetro x diferença da leitura)<br />

Volume Filtra<strong>do</strong>: _________ m³<br />

TEMPO <strong>de</strong> Descida:____ min ______s<br />

<strong>de</strong> subida:____ min ______s<br />

Leitura <strong>do</strong> ângulo (ver também tabela <strong>de</strong> ângulos)<br />

Ângulo<br />

Cabo 20 30 40 50 60 70 80 90 100 120 140 160 180 200<br />

Quant. Final <strong>de</strong> Cabo Lança<strong>do</strong>:_______m Âng Final:_____° Prof. <strong>do</strong> Arrasto:________m<br />

Profundímetro: ___ Sim __________m<br />

_____Não<br />

ARMAZENAGEM DAS COLETAS<br />

Frasco(s) Re<strong>de</strong> 1:__________ __________ _________ __________<br />

Frasco(s) Re<strong>de</strong> 2:__________ __________ _________ __________<br />

Códigos da Coleta: 0/0 Amostra feita/Fluxômetro li<strong>do</strong><br />

1/0 Parte da amostra perdida/Fluxômetro li<strong>do</strong><br />

0/9 Amostra feita/ Fluxômetro não li<strong>do</strong> ou com <strong>de</strong>feito<br />

1/9 Parte da amostra perdida/ Fluxômetro não li<strong>do</strong> ou com <strong>de</strong>feito


141<br />

FICHA DE COLETA REDE MÚLTIPLA<br />

CRUZEIRO: _________ ESTAÇÃO: __________ DATA: ____/____/_______<br />

POSIÇÃO: Lat _____°_________S Long _____°_______W PROF: _________m<br />

HORAL LOCAL: ___________<br />

TEMPO <strong>de</strong> Descida:____ min ______s<br />

HORA GMT:___________<br />

<strong>de</strong> subida:____ min ______s<br />

Lance n°: _____________ Hora:____________ Coleta: ____/____<br />

REDE 1: Vol. Filt.:_______m³ Prof: ______________ Frasco(s): _____ ____<br />

Obs:______________________________________________________<br />

REDE 2: Vol. Filt.:_______m³ Prof: ______________ Frasco (s): _____ ____<br />

Obs:______________________________________________________<br />

REDE 3: Vol. Filt.:_______m³ Prof: ______________ Frasco (s): _____ ____<br />

Obs:______________________________________________________<br />

REDE 4: Vol. Filt.:_______m³ Prof: ______________ Frasco (s): _____ ____<br />

Obs:______________________________________________________<br />

REDE 5: Vol. Filt.:_______m³ Prof: ______________ Frasco (s): _____ ____<br />

Obs:______________________________________________________<br />

Códigos da Coleta: 0/0 Amostra feita/Fluxômetro li<strong>do</strong><br />

1/0 Parte da amostra perdida/Fluxômetro li<strong>do</strong><br />

0/9 Amostra feita/ Fluxômetro não li<strong>do</strong> ou com <strong>de</strong>feito<br />

1/9 Parte da amostra perdida/ Fluxômetro não li<strong>do</strong> ou com <strong>de</strong>feito<br />

Estes são os procedimentos <strong>de</strong> coleta e armazenagem à bor<strong>do</strong>. Vale salientar que os<br />

procedimentos <strong>de</strong> transporte e os <strong>de</strong> laboratório como armazenagem, observação,<br />

triagem e tratamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s também são muito importantes, mas não foram<br />

aborda<strong>do</strong>s neste manual.<br />

11. Referências bibliografias<br />

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145<br />

VI. Organismos Bentônicos<br />

Carlos Emilio Benvenuti & Leonir André Colling<br />

1. Definição<br />

O ambiente marinho po<strong>de</strong> ser dividi<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s <strong>do</strong>mínios: o bentônico, que<br />

compreen<strong>de</strong> a totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> substrato oceânico, e o pelági<strong>do</strong>, que correspon<strong>de</strong> à<br />

massa d’água total situada acima <strong>do</strong> leito submarino.<br />

A palavra “bentos” origina-se <strong>do</strong> grego “benthos” (fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar), assim como<br />

“pelagos” (mar aberto). Organismos bentônicos são aqueles que vivem em relação<br />

direta com o fun<strong>do</strong>. Além da classificação taxonômica os invertebra<strong>do</strong>s bentônicos<br />

po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> funcional quanto ao tamanho, tipo <strong>de</strong> relação com o<br />

substrato. É difícil separar o pélagos <strong>do</strong> bentos, uma vez que o <strong>do</strong>mínio bentônico<br />

mantém uma relação continua com o pelagial, inclusive muitos macroinvertebra<strong>do</strong>s<br />

bentônicos possuem fase larval pelágica.<br />

2. Classificação<br />

Os organismos bentônicos po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>do</strong>s em relação ao seu tamanho ou em<br />

função <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> relação com o substrato.<br />

2.1. Classificação por tamanho<br />

Os organismos bentônicos po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>do</strong>s quanto ao tamanho: macrofauna<br />

(macrobentos), meiofauna (meiobentos) e microfauna (microbentos).<br />

2.1.1. Macrofauna: organismos com mais <strong>de</strong> 1 mm <strong>de</strong> tamanho. Estes organismos<br />

ficariam reti<strong>do</strong>s em peneiras <strong>de</strong> 1 mm <strong>de</strong> malha. Na prática, entretanto, são muito<br />

utilizadas peneiras com poros <strong>de</strong> 0,5 mm ou menores (0,3 mm). É composta por<br />

organismos maiores como estrelas-<strong>do</strong>-mar, mexilhões, a maioria <strong>do</strong>s moluscos, corais<br />

etc.<br />

2.1.2. Meiofauna: metazoários com tamanhos entre 0,1 mm e 1 mm, que ficariam<br />

reti<strong>do</strong>s em peneiras <strong>de</strong> 0,1 mm <strong>de</strong> malha. Na maioria <strong>do</strong>s trabalhos são, entretanto,<br />

utilizadas peneiras com poros entre 0,064 e 0,04 mm. Inclui pequenos moluscos e<br />

poliquetas, alguns grupos <strong>de</strong> pequenos crustáceos (incluin<strong>do</strong> copépo<strong>do</strong>s bentônicos),<br />

e nemato<strong>do</strong>s.<br />

2.1.3. Microfauna: organismos menores <strong>do</strong> que 0,5 mm, que passam por malhas <strong>de</strong><br />

0,1 mm <strong>de</strong> abertura. São protozoários cilia<strong>do</strong>s, bactérias.


146<br />

2.2. Classificação quanto ao tipo <strong>de</strong> relação com o substrato<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o tipo <strong>de</strong> relação com o substrato po<strong>de</strong>-se fazer a seguinte classificação<br />

funcional da macrofauna bentônica (guildas): organismos epifaunais sésseis,<br />

se<strong>de</strong>ntários e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>; e os infaunais cava<strong>do</strong>res, perfurantes e<br />

construtores <strong>de</strong> tubos.<br />

2.2.1. Epifauna<br />

Sésseis<br />

Organismos sésseis são aqueles que vivem fixos em substratos consolida<strong>do</strong>s (fun<strong>do</strong>s<br />

duros). Para os organismos sésseis é fundamental encontrar e garantir um local em<br />

substratos duros. Talvez, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à escassez <strong>de</strong> espaço disponível em fun<strong>do</strong>s<br />

consolida<strong>do</strong>s, a maioria das formas sésseis não resolveu o problema da fixação<br />

através <strong>de</strong> uma ampla base <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência no substrato. Espécies <strong>de</strong> esponjas,<br />

briozoários e cnidários que se fixam através <strong>de</strong> formas achatadas possuem<br />

mecanismos para impedir a epibiose.<br />

A fase larval é <strong>de</strong> extrema importância para os organismos sésseis, pois esta fase é a<br />

responsável pela dispersão das populações. As larvas, além <strong>de</strong> encontrar um local<br />

para assentar, <strong>de</strong>vem também garantir uma posição favorável para a obtenção <strong>do</strong><br />

alimento. Como a maioria <strong>do</strong>s organismos sésseis a<strong>do</strong>ta uma alimentação<br />

suspensívora, que <strong>de</strong>termina uma condição bastante passiva para a obtenção <strong>do</strong><br />

alimento, um posicionamento favorável no momento <strong>do</strong> assentamento é fundamental.<br />

Também a vida agregada em bancos parece uma estratégia a<strong>do</strong>tada por estas<br />

espécies a fim <strong>de</strong> obter um maior êxito durante a reprodução e proteção contra<br />

preda<strong>do</strong>res. Nessas condições é mais provável o encontro <strong>do</strong>s produtos sexuais <strong>do</strong>s<br />

machos e das fêmeas ou até a fecundação direta por cópula, ex. cirripédios (cracas).<br />

O assentamento em bancos aumenta também a resistência <strong>do</strong>s organismos sésseis<br />

ao batimento das ondas, até um ponto em que a aglomeração e a formação <strong>de</strong><br />

estratos tornam os organismos mais suscetíveis ao arrancamento pelo efeito da<br />

hidrodinâmica.<br />

Alguns exemplos <strong>de</strong> organismos sésseis: ostras, cirripédios, esponjas, ascídias,<br />

briozoários, poliquetas Serpullidae, anêmonas, mexilhões (os <strong>do</strong>is últimos po<strong>de</strong>m<br />

realizar certos movimentos no substrato, sen<strong>do</strong> as vezes <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> semisésseis)<br />

(Fig 1A, 1B, 1C, 1D).


147<br />

Se<strong>de</strong>ntários<br />

Os organismos se<strong>de</strong>ntários são aqueles capazes <strong>de</strong> realizar pequenos <strong>de</strong>slocamentos<br />

(escala <strong>de</strong> metros), tanto em fun<strong>do</strong>s consolida<strong>do</strong>s como nos inconsolida<strong>do</strong>s. Existe<br />

uma estreita relação entre o tipo <strong>de</strong> movimentação, estrutura geral e ecologia <strong>do</strong>s<br />

organismos. Com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção o espectro alimentar é maior pela<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar ativamente o alimento, os organismos po<strong>de</strong>m evitar melhor os<br />

preda<strong>do</strong>res e existe maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variar o tipo <strong>de</strong> fecundação (maior<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontro entre os machos e as fêmeas, os estímulos visuais se<br />

ampliam e o comportamento se altera).<br />

A<br />

B<br />

C<br />

D<br />

E<br />

F<br />

G<br />

H<br />

Figura 1. Exemplos <strong>de</strong> organismos sésseis. A, Cirripedia; B, Bivalvia- Ostrea, C, Cnidaria; D,<br />

Bivalvia-Perna perna. Exemplos <strong>de</strong> organismos se<strong>de</strong>ntários: E, Gastropoda; F,<br />

Platelmintea. Exemplos <strong>de</strong> organismos bentônicos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>: G,<br />

Neohelice granulata; H, Ocypo<strong>de</strong> quadrata.(Fonte: Leonir André Colling)


148<br />

Entre os organismos se<strong>de</strong>ntários é comum o movimento <strong>de</strong> reptação. Os<br />

equino<strong>de</strong>rmos, cuja maioria das espécies é composta por organismos se<strong>de</strong>ntários,<br />

reptam utilizan<strong>do</strong> pés ambulacrais, as estrelas e os ofiuros utilizam também a flexão<br />

<strong>do</strong>s braços. Os gastrópo<strong>de</strong>s (Fig. 1E) movimentam-se, principalmente, através <strong>de</strong><br />

ondas <strong>de</strong> contração muscular que percorrem o pé. Ex: Acmaea, Thais. Poliquetas da<br />

fam. Nereididae reptam através <strong>de</strong> movimentos ondulatórios <strong>do</strong> corpo efetuan<strong>do</strong> a<br />

contração <strong>do</strong>s metâmeros e movimentação <strong>do</strong>s parapódios. Espécies <strong>de</strong> Platelminteos<br />

e Nemertineos ondulam o corpo sobre secreções mucosas (Fig. 1F).<br />

Alguns organismos se<strong>de</strong>ntários realizam movimentos semelhantes à natação, como os<br />

poliquetas da família Nereididae durante o fenômeno da epitoquia. Nestes a<br />

locomoção ocorre através da movimentação <strong>do</strong> corpo, parapódios e cerdas. Entre os<br />

crustáceos, cujas extremida<strong>de</strong>s articuladas permitem caminhar ou saltar, em regiões<br />

estuarinas são comuns entre os se<strong>de</strong>ntários espécies <strong>de</strong> isópo<strong>do</strong>s, anfípo<strong>do</strong>s e<br />

tanaidáceos.<br />

Gran<strong>de</strong> Mobilida<strong>de</strong><br />

Entre os organismos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> (vágeis) a distribuição numa ampla escala<br />

(a partir <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> metros), além da efetuada pelas larvas, passa a ser feita<br />

também pelos adultos. Estes organismos po<strong>de</strong>m realizar migrações tróficas e<br />

reprodutivas.<br />

Os crustáceos <strong>de</strong>cápo<strong>do</strong>s representam o grupo com o maior número <strong>do</strong><br />

macrozoobentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> (Fig. 1G, 1H). Os caranguejos como os<br />

Majidae, com patas longas e fortes são espécies marcha<strong>do</strong>ras, capazes <strong>de</strong> realizar<br />

<strong>de</strong>slocamentos por longas distâncias. Os caranguejos Portunidae realizam movimento<br />

natatório próximo ao fun<strong>do</strong>, auxilia<strong>do</strong>s pelo último par <strong>de</strong> apêndices toráxicos e pela<br />

hidrodinâmica <strong>do</strong> corpo. Os camarões Penaeidae e Caridae nadam com gran<strong>de</strong><br />

eficiência utilizan<strong>do</strong> o movimento <strong>do</strong>s pleópo<strong>do</strong>s, que são auxilia<strong>do</strong>s pelos<br />

pereiópo<strong>do</strong>s.<br />

Existem espécies capazes <strong>de</strong> realizar rápi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>slocamentos como os caranguejos<br />

corre<strong>do</strong>res, Ocypo<strong>de</strong> spp. (fam. Ocypodidae, Fig. 1H) que possuem um exoesqueleto<br />

leve, as patas longas e olhos gran<strong>de</strong>s com visão bem <strong>de</strong>senvolvida. Observa-se que<br />

mesmo as formas com maior mobilida<strong>de</strong> não prescin<strong>de</strong>m da proteção <strong>do</strong> substrato,<br />

obtida através <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>rijos ou pela escavação. Caranguejos <strong>de</strong> marismas<br />

(Neohelice granulata (Fig. 1G), Uca uruguayensis) e <strong>de</strong> mangues (Cardisoma<br />

guanhumi, Uci<strong>de</strong>s cordatus, Aratus pisoni), apesar <strong>de</strong> passarem gran<strong>de</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

dia em suas tocas não são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s formas infaunais.


149<br />

2.2.2. Infauna<br />

Cava<strong>do</strong>res<br />

Após o assentamento os organismos cava<strong>do</strong>res passam sua vida quase que,<br />

exclusivamente, no interior <strong>do</strong> sedimento, construin<strong>do</strong> tubos, tocas ou galerias. A vida<br />

no interior <strong>do</strong> substrato favorece os cava<strong>do</strong>res pelo tamponamento <strong>do</strong> estresse físico -<br />

químico <strong>do</strong> meio ambiente e pela proteção contra os preda<strong>do</strong>res. A movimentação <strong>de</strong><br />

apêndices como o pé em bivalvos, a probósci<strong>de</strong> em poliquetas e as patas em<br />

crustáceos são fundamentais para a escavação ao aumentar a flui<strong>de</strong>z <strong>do</strong> substrato.<br />

Para cava<strong>do</strong>res como poliquetas e bivalvos a concentração <strong>de</strong> fluí<strong>do</strong>s da hemocele,<br />

na probósci<strong>de</strong> ou no pé, permite a ancoragem <strong>do</strong>s animais no substrato, possibilitan<strong>do</strong><br />

que o corpo seja “puxa<strong>do</strong>” para o interior <strong>do</strong> sedimento durante a escavação.<br />

Ocorrem cava<strong>do</strong>res num gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> bivalvos, poliquetas e em<br />

vários outros grupos <strong>de</strong> invertebra<strong>do</strong>s bentônicos. Os poliquetas cava<strong>do</strong>res da fam.<br />

Nephtyidae, Glyceridae e Arenicolidae cavam utilizan<strong>do</strong> a faringe e contrações <strong>do</strong><br />

corpo. A faringe incha como um balão e ancora o animal, então o corpo é puxa<strong>do</strong>. O<br />

mesmo ocorre em Echiuri<strong>do</strong>s e Priapuli<strong>do</strong>s.<br />

Os bivalvos utilizam o pé para escavar e através da dilatação da base <strong>do</strong> pé no interior<br />

<strong>do</strong> sedimento ocorre a ancoragem no substrato, a partir das qual os músculos<br />

contratores puxam o corpo <strong>do</strong> bivalvo. Os anfípo<strong>do</strong>s Corophium e Bathyporeiapus<br />

cavam superficialmente o substrato utilizan<strong>do</strong> suas patas articuladas.<br />

Cava<strong>do</strong>res superficiais como Emerita e Donax (Fig. 2A, 2B) e cava<strong>do</strong>res profun<strong>do</strong>s<br />

como Meso<strong>de</strong>sma, realizam migrações mareais aproveitan<strong>do</strong> a dinâmica <strong>de</strong> praias<br />

arenosas. Em ambientes protegi<strong>do</strong>s como enseadas ou baías costeiras o bivalvo<br />

Tagelus plebeius, que escava profundamente no substrato (mais <strong>de</strong> 50 cm <strong>de</strong> prof.)<br />

em fun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s por sedimentos finos, possui o manto “sela<strong>do</strong>” para evitar a<br />

entrada <strong>de</strong> lama no interior <strong>do</strong> corpo.<br />

Construtores <strong>de</strong> tubos<br />

São consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s construtores <strong>de</strong> tubos (“tube buil<strong>de</strong>rs”) os organismos cujos tubos<br />

sobressaem na superfície <strong>do</strong> sedimento (Fig. 2C, 2D). Ex. poliquetas Diopatra, Eunice,<br />

Clymenella. Diferenciam-se <strong>do</strong>s cava<strong>do</strong>res pela função ecológica <strong>de</strong> seus tubos que,<br />

em <strong>de</strong>nsas concentrações, alteram a circulação da água, modificam a sedimentação<br />

aumentan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> finos, criam microhábitats em volta <strong>do</strong>s tubos para on<strong>de</strong><br />

são atraídas bactérias e integrantes da meiofauna, além <strong>de</strong> come<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito e<br />

preda<strong>do</strong>res pertencentes a macrofauna.


150<br />

Organismos perfurantes<br />

Perfurantes <strong>de</strong> Material Inorgânico: após o assentamento vivem exclusivamente no<br />

interior <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s consolida<strong>do</strong>s. Entre os perfurantes <strong>de</strong> rochas calcáreas, lama<br />

endurecida e arenitos pre<strong>do</strong>minam os moluscos Pholadidae (Fig. 2E). Os bivalvos<br />

perfurantes iniciam a escavação após o assentamento larval e vão aumentan<strong>do</strong> suas<br />

tocas a medida que crescem. A perfuração <strong>do</strong> substrato se dá a partir <strong>de</strong> movimentos<br />

rotatórios das valvas. Estes organismos ficam enterra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> permanente, caso<br />

sejam retira<strong>do</strong>s não conseguem escavar uma outra toca. São espécies que se<br />

alimentam <strong>de</strong> fitoplancton.<br />

A<br />

B<br />

C<br />

D<br />

E<br />

F<br />

Figura 2. Exemplos <strong>de</strong> organismos cava<strong>do</strong>res: A, Emerita brasiliensis; B, Donax hanleyanus.<br />

Exemplos <strong>de</strong> organismos construtores <strong>de</strong> tubos: C, Diopatra sp. (Polychaeta); D, Riftia<br />

pachyptila. Organismos perfurantes <strong>de</strong> material inorgânico E, Pholas sp (Mollusca) e F,<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, Bankia fimbriatula.(Fonte: Leonir André Colling).<br />

Entre os perfurantes as esponjas <strong>do</strong> gen. Clyona estas emitem pseudópo<strong>do</strong>s que<br />

introduzi<strong>do</strong>s no substrato calcáreo (po<strong>de</strong> ser concha <strong>de</strong> moluscos) liberam enzimas


151<br />

com elevada aci<strong>de</strong>z com pH semelhante ao áci<strong>do</strong> clorídrico. Causam gran<strong>de</strong>s<br />

prejuízos aos cria<strong>do</strong>res <strong>de</strong> ostras.<br />

Perfurantes <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira: entre os crustáceos encontram-se os isópo<strong>do</strong>s <strong>do</strong> gen.<br />

Limnoria e anfípo<strong>do</strong>s <strong>do</strong> gen Chelura. Estes peracári<strong>do</strong>s realizam uma escavação<br />

superficial da ma<strong>de</strong>ira não causan<strong>do</strong> prejuízos econômicos significativos.<br />

Os bivalvos perfurantes da família Teredinidae (Tere<strong>do</strong> navalis, Lyrodus pedicellatus,<br />

Bankia fimbriatula, B. setacea e B. indica, entre outros), por outro la<strong>do</strong>, tem um efeito<br />

<strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>r sobre ma<strong>de</strong>iras submersas (Fig. 2F). Existem registros <strong>de</strong> ataques <strong>de</strong><br />

perfurantes 350 A. C. por Theophrastus. Colombo na sua 4 o . viagem per<strong>de</strong>u to<strong>do</strong>s<br />

seus navios <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos Teredinidae. Em 1730 houve a invasão <strong>do</strong>s diques<br />

Holan<strong>de</strong>ses por bivalvos perfurantes. Em 1914 organismos perfurantes causaram<br />

sérios prejuízos na baia <strong>de</strong> São Francisco (estuário <strong>de</strong> origem tectônica). O ataque<br />

<strong>do</strong>s perfurantes é bastante sério em regiões tropicais, especialmente, em países<br />

asiáticos (no Japão é proibi<strong>do</strong> jogar ma<strong>de</strong>ira no mar).<br />

Nos Teredinidae a concha está reduzida a duas valvas anteriores pequenas. O corte<br />

da ma<strong>de</strong>ira é efetua<strong>do</strong> por um golpe inicial das valvas, enquanto que o extremo<br />

anterior <strong>do</strong> corpo é fixa<strong>do</strong> na cova através <strong>do</strong> pequeno pé. O manto, que compreen<strong>de</strong><br />

a maior parte <strong>do</strong> corpo atrás das valvas, produz um revestimento calcáreo no túnel. Os<br />

Teredinidae possuem sifões longos e finos que sobressaem na superfície da ma<strong>de</strong>ira,<br />

sen<strong>do</strong> a entrada da toca fechada pelas paletas quan<strong>do</strong> os sifões se retraem. Este<br />

grupo utiliza a ma<strong>de</strong>ira escavada como alimento. O estômago possui nestes casos um<br />

ceco para o armazenamento da celulose e uma seção da glândula digestiva está<br />

especializada para tratar partículas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. A importância da celulose e <strong>do</strong><br />

fitoplâncton na alimentação reflete-se no tamanho <strong>do</strong> ceco e das brânquias nos<br />

diversos grupos <strong>de</strong>sta família. Bactérias que digerem celulose ocorrem no trato<br />

digestivo <strong>do</strong>s Teredinidae. Graças a reserva <strong>de</strong> glicogênio os Teredinidae po<strong>de</strong><br />

sobreviver anaerobicamente por um longo perío<strong>do</strong>. O animal é capaz <strong>de</strong> retirar energia<br />

<strong>do</strong> glicogênio na ausência <strong>de</strong> O<br />

2<br />

. É necessário manter a espécie mais <strong>de</strong> 30 dias<br />

exposta ao ar para ser obtida a extinção <strong>de</strong>stes organismos.<br />

O controle <strong>do</strong>s Teredinidae, tanto em termos <strong>de</strong> eficiência como <strong>de</strong> economia, <strong>de</strong>ve<br />

ser feito durante a vida larval. A partir <strong>de</strong> uma infestação registrada no verão <strong>de</strong> 2005,<br />

a região estuarina da Lagoa <strong>do</strong>s Patos foi invadida pelo Teredinidae Bankia<br />

fimbriatula, espécie que vem causan<strong>do</strong> sérios prejuízos aos pesca<strong>do</strong>res artezanais<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a infestação <strong>de</strong> trapiches e embarcações. A colonização <strong>de</strong> B. fimbriatula<br />

coincidiu com a intensa salinização registrada na região estuarina da Lagoa <strong>do</strong>s Patos,


152<br />

<strong>de</strong>corrente da estiagem que ocorreu no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul no verão <strong>de</strong> 2005. Esta<br />

espécie seguiu ocorren<strong>do</strong> em gran<strong>de</strong> número e causan<strong>do</strong> prejuízos durante 2006 e<br />

2007, haven<strong>do</strong> localida<strong>de</strong>s habitadas por pesca<strong>do</strong>res, como a Torotama, em que<br />

100% <strong>do</strong>s calões <strong>do</strong>s trapiches e 50% <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> das embarcações tiveram que ser<br />

troca<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> as perfurações <strong>de</strong> B. fimbriatula (que é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> “broca” pelos<br />

pesca<strong>do</strong>res artesanais).<br />

Para evitar as infestações são utilizadas pinturas com tintas tóxicas, que vão<br />

lentamente liberan<strong>do</strong> substâncias tóxicas na água. O estu<strong>do</strong> da biologia da espécie<br />

torna o controle <strong>do</strong> assentamento mais econômico e menos prejudicial ao meio<br />

ambiente. É importante conhecer quais são as espécies infestantes, qual o efeito das<br />

mesmas, a taxa <strong>de</strong> crescimento, a época da reprodução, a duração da vida larval, a<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior ataque, a face <strong>de</strong> maior infestação e a cor <strong>do</strong> substrato<br />

(fototaxia da larva).<br />

3. Amostragem <strong>do</strong>s organismos bentônicos<br />

Os estu<strong>do</strong>s em ecologia aquática visam principalmente conhecer os fatores<br />

responsáveis pela distribuição e abundância <strong>do</strong>s organismos. Dentre as distintas<br />

etapas que envolvem os trabalhos científicos em ecologia aquática a etapa <strong>de</strong><br />

obtenção <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s ou amostras, a amostragem, é consi<strong>de</strong>rada fundamental. A<br />

eficácia <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> amostragem está relacionada com a possibilida<strong>de</strong> que se<br />

ofereça uma generalização satisfatória da população, a partir da obtenção <strong>de</strong><br />

amostras.<br />

A qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através da amostragem é que irá <strong>de</strong>terminar o nível<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s pelo trabalho. Tratamentos estatísticos refina<strong>do</strong>s ou uma<br />

redação elegante não po<strong>de</strong>rão qualificar da<strong>do</strong>s ou amostras incorretas ou <strong>de</strong> baixa<br />

confiabilida<strong>de</strong>.<br />

Um embasamento teórico sobre amostragem é necessário para evitar o <strong>de</strong>sperdício<br />

<strong>de</strong> esforço amostral em excesso ou pela obtenção <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s praticamente sem<br />

utilida<strong>de</strong> ou inconclusivos. Para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um plano amostral <strong>de</strong>ve haver a<br />

preocupação com: o que amostrar; o quanto amostrar; como e on<strong>de</strong> amostrar.<br />

3.1. Tipos <strong>de</strong> amostragem<br />

A amostragem em ecologia aquática <strong>de</strong>ve, inicialmente, ser caracterizada quanto aos<br />

seus objetivos e as condições em que po<strong>de</strong> ser efetuada.


153<br />

3.1.1. Qualitativa<br />

A elaboração <strong>de</strong> levantamentos taxonômicos sem quaisquer medidas <strong>de</strong> abundância.<br />

Para estes estu<strong>do</strong>s as amostragens <strong>de</strong>vem tentar cobrir o maior número <strong>de</strong> hábitats e<br />

situações possíveis buscan<strong>do</strong> intencionalmente a coleta <strong>do</strong> maior número <strong>de</strong><br />

exemplares.<br />

3.1.2. Quali-quantitativa ou semi-quantitativa<br />

Elaborar um levantamento, com medidas <strong>de</strong> abundância relativas. Para esta<br />

finalida<strong>de</strong> as amostragens <strong>de</strong>vem operar <strong>de</strong> forma padrão em to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong><br />

hábitats ou substratos a serem investiga<strong>do</strong>s.<br />

3.1.3. Quantitativas<br />

Estimar o número e/ou biomassa por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se fazer comparações<br />

e inferências sobre as diferenças espaço-temporais nos parâmetros. São as<br />

amostragens quantitativas. A complexida<strong>de</strong> e o esforço amostral neste tipo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong><br />

são comparativamente bem maiores <strong>do</strong> que nos <strong>do</strong>is anteriores.<br />

3.2. Amostra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> ambientes profun<strong>do</strong>s<br />

O tipo <strong>de</strong> aparelho utiliza<strong>do</strong> para a execução da amostragem <strong>de</strong>ve ser escolhi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com os objetivos <strong>do</strong> trabalho, área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, operacionalida<strong>de</strong>, eficiência e<br />

custo <strong>do</strong> amostra<strong>do</strong>r e da amostragem (tempo, pessoal, embarcação, etc.). Em<br />

algumas situações a amostragem por equipamentos convencionais (i.e. dragas, re<strong>de</strong>s,<br />

pega<strong>do</strong>res <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> etc.) é praticamente impossível, nestes casos o emprego da<br />

fotografia, televisão e submersíveis constitui-se na única alternativa.<br />

3.2.1. Equipamentos <strong>de</strong> arrasto<br />

Os equipamentos <strong>de</strong> arrasto são <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s para realizar a coleta percorren<strong>do</strong> o<br />

fun<strong>do</strong> através <strong>de</strong> um cabo. São <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s para obter o melhor <strong>de</strong>sempenho sen<strong>do</strong><br />

reboca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma que o cabo trabalhe manten<strong>do</strong>-se paralelo ao fun<strong>do</strong>. Desta<br />

maneira recomenda-se que o comprimento <strong>do</strong> cabo corresponda entre 3 e 4 vezes a<br />

profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> local <strong>do</strong> lance. Estes tipos <strong>de</strong> equipamentos são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s semiquantitativos<br />

por permitir comparar a abundância <strong>do</strong>s organismos entre diferentes<br />

locais, não referi<strong>do</strong>s a uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superfície, mas a uma mesma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

esforço <strong>de</strong> amostragem.<br />

Para validar as comparações, se recomenda que os lances <strong>de</strong> cada local <strong>de</strong> coleta<br />

sejam efetua<strong>do</strong>s sob as mesmas condições operacionais, observan<strong>do</strong> sempre a


154<br />

relação entre o comprimento <strong>do</strong> cabo e a profundida<strong>de</strong> e utilizan<strong>do</strong> o mesmo tempo <strong>do</strong><br />

arrasto e a uma velocida<strong>de</strong> padrão (~ 1 nó). Os principais tipos <strong>de</strong> aparelhos são: 1)<br />

Re<strong>de</strong>s e barras <strong>de</strong> arrasto ou “Beam trawl” 2) Trenós epibênticos 3) Dragas <strong>de</strong> arrasto.<br />

Beam-trawls e similares<br />

Este equipamento é emprega<strong>do</strong> em coletas qualitativas e semi-quantitativas da<br />

epifauna. As re<strong>de</strong>s, representadas principalmente pelas camaroneiras <strong>de</strong> portas,<br />

possuem a vantagem <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r efetuar amostras <strong>de</strong> mega-bentos <strong>de</strong> alta mobilida<strong>de</strong><br />

por po<strong>de</strong>r ter aberturas <strong>de</strong> boca <strong>de</strong> vários metros.<br />

Possuem uma barra transversal metálica que mantém a boca <strong>do</strong> equipamento aberta<br />

(Fig. 3). Nas extremida<strong>de</strong>s da barra <strong>do</strong>is <strong>de</strong>sliza<strong>do</strong>res laterais, que funcionam como<br />

esquis, evitam o enterramento <strong>do</strong> aparelho. São utiliza<strong>do</strong>s na pesca comercial <strong>de</strong><br />

invertebra<strong>do</strong>s e peixes bentônicos.<br />

Uma das <strong>de</strong>svantagens é que a largura da boca po<strong>de</strong> variar em função da intensida<strong>de</strong><br />

das correntes entre um local e outro. Por isso para invertebra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> é comum o<br />

uso das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> barra ou “beam trawl” que consistem <strong>de</strong> barras <strong>de</strong> ferro com<br />

<strong>de</strong>sliza<strong>do</strong>res laterais que mantém a abertura da re<strong>de</strong> numa largura constante (Fig. 3).<br />

As barras <strong>de</strong> arrasto tem tamanhos que variam entre 3 e 6 m <strong>de</strong> largura e são mais<br />

simples <strong>de</strong> manobrar a bor<strong>do</strong>.<br />

Caso seja necessário, tanto para as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> porta como em algumas barras <strong>de</strong><br />

arrasto, existem recursos para aumentar sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escavação, utilizan<strong>do</strong><br />

correntes na tralha inferior.<br />

Figura 3. Draga <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> (beam-trawl).


155<br />

Trenós epibênticos (Bottom sledges)<br />

São <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s para não se enterrar no substrato, sen<strong>do</strong> mais eficientes na captura<br />

<strong>de</strong> pequenos organismos que vivem na camada superficial, principalmente crustáceos<br />

peracári<strong>do</strong>s, larvas e formas juvenis <strong>de</strong> varia<strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> organismos. A malha <strong>do</strong>s<br />

sacos <strong>de</strong> coleta geralmente varia entre 0,5 e 1 mm.<br />

Po<strong>de</strong>m coletar organismos na interface coluna d’água-sedimento. Possuem<br />

<strong>de</strong>sliza<strong>do</strong>res laterais e a boca com uma moldura metálica larga. Po<strong>de</strong>m apresentar<br />

sistemas <strong>de</strong> fechamento <strong>do</strong> saco e fluxômetros (Fig. 4). Existem mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s<br />

para fazer coletas múltiplas, possuin<strong>do</strong> sacos com diferentes tamanhos <strong>de</strong> malha,<br />

odômetro e câmaras fotográficas<br />

Figura 4. Bottom-sledges, com <strong>de</strong>staque para a boca com estrutura metálica e <strong>de</strong>sliza<strong>do</strong>res<br />

laterais.<br />

Dragas <strong>de</strong> arrasto e dragas âncora<br />

São instrumentos para amostragem semi-quantitativa para epifauna e infauna. As<br />

dragas <strong>de</strong> arrasto po<strong>de</strong>m ser divididas em três tipos: a) Dragas <strong>de</strong> arrasto retangulares<br />

simples, cuja profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escavação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> dureza ou compactação<br />

<strong>do</strong> substrato. b) Dragas âncora, <strong>de</strong>senhadas para escavar profundamente no substrato<br />

através <strong>de</strong> lâminas inclinadas. c) Dragas para substratos consolida<strong>do</strong>s, reforçadas, e<br />

<strong>de</strong>senhadas para conseguir raspar ou coletar pedaços <strong>de</strong> rochas.<br />

Construídas com uma boca metálica bastante resistente. Po<strong>de</strong>m operar em fun<strong>do</strong>s<br />

moles, bio<strong>de</strong>tríticos e até consolida<strong>do</strong>s. Neste caso são utiliza<strong>do</strong>s anéis metálicos no<br />

saco da draga. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escavação <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da orientação das<br />

lâminas da boca. Comumente usada, a Draga tipo Piccard (Fig. 5A) é um exemplo<br />

<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> amostra<strong>do</strong>r.


156<br />

Nas dragas-âncora (Fig. 5B) placas metálicas horizontais na boca po<strong>de</strong>m apresentar<br />

um ângulo inclina<strong>do</strong> em relação à superfície <strong>do</strong> sedimento, provocan<strong>do</strong> a penetração<br />

no substrato que po<strong>de</strong> ser ou não limitada. Em geral não são arrasta<strong>do</strong>s por longas<br />

distâncias. São baixa<strong>do</strong>s ao fun<strong>do</strong> com embarcação a <strong>de</strong>riva ou em baixa velocida<strong>de</strong>.<br />

A<br />

B<br />

Figura 5. Draga. A, tipo Piccard; B, Âncora <strong>de</strong> San<strong>de</strong>rs.<br />

Uma <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong>stas dragas é que em fun<strong>do</strong>s arenosos compacta<strong>do</strong>s o<br />

preenchimento da draga se efetua após um maior percurso <strong>de</strong> arrasto em relação ao<br />

curto percurso em que se completa o enchimento nos fun<strong>do</strong>s lamosos, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à maior<br />

escavação da draga. Estas condições <strong>de</strong>terminam diferenças consi<strong>de</strong>ráveis na<br />

avaliação da abundância <strong>de</strong> organismos entre locais que apresentam diferentes tipos<br />

<strong>de</strong> substrato. Este inconveniente po<strong>de</strong> ser atenua<strong>do</strong> modifican<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senho ou<br />

incorporan<strong>do</strong> estruturas, que limitem a excessiva profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escavação em<br />

fun<strong>do</strong>s lamosos.<br />

Estas modificações são mais efetivas nas chamadas dragas âncora, que são<br />

<strong>de</strong>senhadas para escavar profundamente no substrato através <strong>de</strong> lâminas inclinadas.<br />

Sua eficiência <strong>de</strong> escavação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> tamanho, peso, largura das lâminas e ângulo<br />

<strong>de</strong> inclinação.<br />

Para as dragas <strong>de</strong> arrasto qualitativas ou semi-quantitativas é importante padronizar o<br />

tempo e a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto e evitar a repleção <strong>do</strong> sedimento.<br />

3.2.2. Cilindros (mergulho), tubos extratores, placas metálicas<br />

Estes equipamentos fornecem estimativas quantitativas bastante precisas das<br />

assembléias, ainda mais quan<strong>do</strong> é padronizada a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enterramento. Os<br />

tubos extratores permitem a retirada <strong>de</strong> seções transversais da amostra.


157<br />

3.2.3. Amostra<strong>do</strong>res que funcionam por sucção<br />

Utiliza<strong>do</strong>s em áreas on<strong>de</strong> é possível o mergulho autônomo, estes amostra<strong>do</strong>res são<br />

opera<strong>do</strong>s manualmente. A aspiração se realiza por injeção <strong>de</strong> ar comprimi<strong>do</strong> no<br />

extremo inferior <strong>de</strong> um tubo <strong>de</strong> maneira que as bolhas arrastam a água através <strong>de</strong>le,<br />

aspiran<strong>do</strong> o substrato junto com os organismos. A ponta <strong>do</strong> tubo possui um cilindro<br />

amostra<strong>do</strong>r que o mergulha<strong>do</strong>r enterra para <strong>de</strong>limitar a amostra a ser aspirada. A<br />

amostra é recolhida no extremo superior em um recipiente <strong>de</strong> malha fina (0,5 a 1mm)<br />

conecta<strong>do</strong> em um saco plástico on<strong>de</strong> os organismos ficam reti<strong>do</strong>s.<br />

3.2.4. Pega<strong>do</strong>res <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />

Os pega<strong>do</strong>res <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> são <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s para funcionar <strong>de</strong>scen<strong>do</strong> verticalmente<br />

através <strong>de</strong> um cabo e quan<strong>do</strong> o pega<strong>do</strong>r toca no fun<strong>do</strong> é aciona<strong>do</strong> um mecanismo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sengate, após o qual, a força exercida pelo cabo, ao ser puxa<strong>do</strong> verticalmente,<br />

aciona o fechamento <strong>do</strong> pega<strong>do</strong>r. Estes instrumentos são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s quantitativos<br />

por coletar um número <strong>de</strong> organismos correspon<strong>de</strong>ntes a uma <strong>de</strong>terminada unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> área.<br />

Pega<strong>do</strong>res mor<strong>de</strong>ntes ou <strong>de</strong> garras<br />

Neste sistema <strong>de</strong> amostragem o aparelho é lança<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> um cabo vertical e<br />

mor<strong>de</strong> o substrato <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> similar a uma escava<strong>de</strong>ira. Os pega<strong>do</strong>res tipo Petersen<br />

(Fig. 6A) funcionam bem em fun<strong>do</strong>s pouco compacta<strong>do</strong>s. Apresenta problemas <strong>de</strong><br />

fechamento em locais mais firmes, pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> peso <strong>do</strong> aparelho para o<br />

enterramento. Já os pega<strong>do</strong>res tipo van Veen (Fig. 6B) tem o funcionamento facilita<strong>do</strong><br />

pela existência <strong>de</strong> braços fusiona<strong>do</strong>s a cada pá que funcionam como um sistema <strong>de</strong><br />

alavancas.<br />

Testes indicaram que o pega<strong>do</strong>r <strong>de</strong> van Veen apresenta maior eficiência <strong>de</strong> captura<br />

que o <strong>de</strong> Petersen. Mesmo com esta vantagem, os <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> pega<strong>do</strong>res<br />

apresentam problemas <strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong> captura em substratos arenosos, on<strong>de</strong> os<br />

aparelhos têm menor penetração. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

pega<strong>do</strong>res po<strong>de</strong> ser melhorada com o uso <strong>de</strong> lastros <strong>de</strong> chumbo que aumentam o<br />

peso <strong>do</strong> instrumento.<br />

Os pega<strong>do</strong>res tipo Smith-McIntyre (Fig. 6C) possuem seu sistema monta<strong>do</strong> no interior<br />

<strong>de</strong> uma estrutura metálica que aumenta a estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> pega<strong>do</strong>r no fun<strong>do</strong>. As pás<br />

são enterradas no substrato através <strong>do</strong> disparo <strong>de</strong> duas molas.


158<br />

A limitação <strong>do</strong>s pega<strong>do</strong>res <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> é a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enterramento e o percurso<br />

circular percorri<strong>do</strong> pelas pás no interior <strong>do</strong> sedimento.<br />

A<br />

B<br />

C<br />

Figura 6. Exemplos <strong>de</strong> pega<strong>do</strong>res <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>: A, Draga <strong>de</strong> Petersen; B, Draga tipo van Veen e;<br />

C, Draga <strong>de</strong> Smith-McIntyre.<br />

Box-corers<br />

São caixas ou cilindros vaza<strong>do</strong>s que penetram no sedimento por mecanismos <strong>de</strong><br />

disparo ou pela força gravitacional (Fig. 7). São equipamentos mais eficientes, mas<br />

são bastante pesa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> construção mais complexa e custo eleva<strong>do</strong>.<br />

4. Peneiramento<br />

A maior parte <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre Bentos compreen<strong>de</strong> a coleta <strong>de</strong> macrofauna.<br />

Usualmente as amostras consistem em um volume consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> sedimentos <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem ser retira<strong>do</strong>s os organismos, o que é realiza<strong>do</strong> por peneiramento.<br />

Na maior parte <strong>do</strong>s casos o processamento das amostras inicia no campo. A bor<strong>do</strong>,<br />

um <strong>do</strong>s problemas que se apresenta é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efetuar o lava<strong>do</strong> da amostra.<br />

A tarefa em geral é <strong>de</strong>morada e dificultosa <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às condições instáveis que<br />

geralmente se apresentam no convés. Para facilitar a tarefa e evitar perda <strong>de</strong> material


159<br />

é recomenda<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong> cavaletes especiais com estruturas <strong>de</strong> suporte para<br />

acondicionamento das peneiras e aparelhos projeta<strong>do</strong>s para a lavagem da lama.<br />

Figura 7. Exemplo <strong>de</strong> um amostra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> tipo Box-cores e esquema <strong>de</strong> funcionamento.<br />

Em geral, é recomenda<strong>do</strong> que, na medida <strong>do</strong> possível seja utilizada a malha <strong>de</strong> 0,5<br />

mm <strong>de</strong> poro para a separação <strong>de</strong> macrofauna, principalmente quan<strong>do</strong> os objetivos da<br />

pesquisa incluem a avaliação <strong>de</strong> exemplares juvenis. Entretanto nas amostras <strong>de</strong><br />

plataforma, on<strong>de</strong> geralmente a granulometria é fina e o volume das amostras<br />

consi<strong>de</strong>rável, a operação <strong>de</strong> peneiramento com malha <strong>de</strong> 0,5 mm po<strong>de</strong> prejudicar<br />

operacionalmente as tarefas por exigir uma consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> tempo e<br />

esforço. Neste caso, po<strong>de</strong>m ser utlizadas malhas com 1 mm <strong>de</strong> abertura e, se<br />

possível, empregadas sub-amostras peneiradas com malha <strong>de</strong> 0,5 mm para avaliar as<br />

possíveis perdas ocasionais pelo uso da malha <strong>de</strong> maior tamanho.


160<br />

VII. Organismos Nectônicos<br />

Santiago Montealegre-Quijano, Luiz Felipe Cestari Dumont & Denis Dolci,<br />

1. Introdução<br />

Os organismos <strong>do</strong> nécton são animais com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> natação livre que, em<br />

contraste com o plâncton, são suficientemente fortes para nadar contra as correntes e<br />

direcionar seu rumo sen<strong>do</strong>, portanto, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s movimentos da água<br />

(Lerman, 1986; Lalli e Parsons, 1993). Os peixes representam a maior porção <strong>do</strong>s<br />

organismos <strong>do</strong> nécton, embora gran<strong>de</strong>s crustáceos, lulas e outros cefalopo<strong>do</strong>s,<br />

serpentes marinhas, tartarugas marinhas, e mamíferos marinhos possam ser espécies<br />

<strong>do</strong>minantes em certas áreas. Algumas aves oceânicas são incluídas nesta categoria<br />

também, entre elas os albatrozes, petreis, gaivotas e aves tropicais, todas elas<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> mar, exceto para nidificar (Lalli & Parsons, 1993).<br />

Os gran<strong>de</strong>s animais <strong>do</strong> nécton po<strong>de</strong>m ter profunda influência nas comunida<strong>de</strong>s<br />

marinhas em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>predação. Da mesma forma, muitas das espécies<br />

epipelágicas figuram <strong>de</strong> forma importante nas capturas da pesca comercial. Na<br />

atualida<strong>de</strong> os peixes <strong>do</strong>minam as capturas marinhas, e as lulas estão sen<strong>do</strong><br />

capturadas em números crescentes. A captura <strong>de</strong> mamíferos aves e tartarugas<br />

marinhas está diminuin<strong>do</strong>, pois a opinião pública para a conservação <strong>de</strong> muitas<br />

<strong>de</strong>ssas espécies cada dia exerce maior pressão (Lalli & Parsons, 1993).<br />

Os organismos <strong>do</strong> nécton po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>do</strong>s em relação à sua função trófica no<br />

ecossistema, como planctíboros, (sardinhas, algumas baleias, etc), herbívoros (peixes<br />

recifais, manaties, algumas tartarugas); ou carnívoros (a gran<strong>de</strong> maioria das espécies<br />

<strong>do</strong> nécton). Também, em função <strong>do</strong> ambiente ocupa<strong>do</strong>, o nécton po<strong>de</strong> ser classifica<strong>do</strong><br />

como <strong>de</strong>mersal (animais que permanecem no fun<strong>do</strong>) ou pelágico (animais que<br />

permanecem na coluna <strong>de</strong> água). O nécton pelágico po<strong>de</strong> ainda ser subdividi<strong>do</strong> em<br />

relação à profundida<strong>de</strong> da camada pelágica na qual permanece a maior parte <strong>do</strong><br />

tempo como: epipelágico (até 200m), mesopelágico (200 a 1000 m), batipelágico<br />

(1000 a 4000) ou abisal (> 4000 m). No plano horizontal, a fauna <strong>do</strong> nécton po<strong>de</strong> ser<br />

classificada como nerítica (animais costeiros) ou oceânica (animais encontra<strong>do</strong>s além<br />

da plataforma continental).<br />

2. Pesca e pescarias<br />

A pesca é a extração <strong>de</strong> organismos aquáticos <strong>do</strong> seu meio natural para diversos fins,<br />

tais como a alimentação humana, a recreação (pesca recreativa ou pesca <strong>de</strong>sportiva),


161<br />

a ornamentação (captura <strong>de</strong> espécies ornamentais), ou para fins industriais, on<strong>de</strong> se<br />

inclui a fabricação <strong>de</strong> rações alimentícias para animais e a produção <strong>de</strong> substâncias<br />

com interesse para a saú<strong>de</strong>, como o óleo <strong>de</strong> fíga<strong>do</strong> <strong>de</strong> peixe (especialmente o óleo <strong>de</strong><br />

fíga<strong>do</strong> <strong>de</strong> bacalhau). Esta <strong>de</strong>finição engloba o conceito <strong>de</strong> aqüicultura em que as<br />

espécies capturadas são inicialmente criadas em instalações apropriadas, como<br />

tanques, gaiolas ou viveiros.<br />

Os termos: “pesca” e “pescaria”, não <strong>de</strong>vem ser confundi<strong>do</strong>s. Embora sejam com<br />

freqüência usa<strong>do</strong>s como sinônimos, para cientistas e administra<strong>do</strong>res pesqueiros,<br />

possuem diferentes significa<strong>do</strong>s. Enquanto que a pesca é o próprio ato <strong>de</strong> capturar<br />

animais aquáticos ou <strong>de</strong> os criar, uma pescaria é o conjunto <strong>do</strong> ecossistema e <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong>s os meios que nele atuam para capturar uma espécie ou um grupo <strong>de</strong> espécies,<br />

como os barcos e artes <strong>de</strong> pesca. O termo pescaria aplica-se à ativida<strong>de</strong> pesqueira<br />

que é excercida em um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> lugar como por exemplo, pescaria <strong>do</strong> Mar <strong>do</strong><br />

Norte, pescaria <strong>do</strong> Sul <strong>do</strong> Brasil, etc. Também o termo pescaria é utiliza<strong>do</strong> para<br />

distinguir as operações <strong>de</strong> barcos que se especializam na captura <strong>de</strong> uma espécie ou<br />

<strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> espécies, como por exemplo pescaria <strong>de</strong> atuns, pescaria da lagosta,<br />

pescaria <strong>de</strong> camarões, etc. Também, o termo pescaria po<strong>de</strong> indicar o sistema <strong>de</strong><br />

pesca emprega<strong>do</strong>,como por exemplo pescaria <strong>de</strong> arrasto, pescaria <strong>de</strong> espinhel,<br />

pescaria <strong>de</strong> cerco,etc. (Gimenez, et al., 1993). Logicamente essas conotações estão<br />

todas interligadas e nesse senti<strong>do</strong> o termo é suficientemente flexível, como por<br />

exemplo a pescaria <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> camarão <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil, ou a pescaria <strong>de</strong> arenque<br />

<strong>do</strong> Mar <strong>do</strong> Norte, a pescaria <strong>de</strong> anchoveta <strong>do</strong> Peru e <strong>do</strong> Chile, a pescaria recreativa <strong>de</strong><br />

achigã (black bass) no lago Ontário, etc.<br />

2.1. Classificação das pescarias<br />

A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> alguns conceitos é importante para que as ativida<strong>de</strong>s pesqueiras<br />

possam ser classificadas e, portanto melhor compreendidas. Os principais tipos <strong>de</strong><br />

pescarias são:<br />

2.1.1 Pescarias industriais<br />

Intenso capital econômico envolvi<strong>do</strong>. São usa<strong>do</strong>s barcos relativamente gran<strong>de</strong>s com<br />

alto grau <strong>de</strong> mecanização, que incluem dispositivos <strong>de</strong> procura por cardumes e <strong>de</strong><br />

navegação. Nestas pescarias o nível <strong>de</strong> produção e a captura por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esforço<br />

são normalmente altas.


162<br />

2.1.2. Pescarias <strong>de</strong> pequena escala<br />

Pesca on<strong>de</strong> o trabalho humano é intenso, usan<strong>do</strong> barcos relativamente pequenos com<br />

pouco capital e pouco equipamento. Frequentemente é uma ativida<strong>de</strong> familiar,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser comercial ou <strong>de</strong> subsistência.<br />

2.1.3. Pescaria artesanal<br />

Pescarias tradicionais, administradas pelos próprios pesca<strong>do</strong>res, on<strong>de</strong> se usa pouco<br />

capital e esforço <strong>de</strong> pesca reduzi<strong>do</strong>, operan<strong>do</strong> em viagens <strong>de</strong> curta duração e produto<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong> ao consumo local. Na prática a pescaria artesanal varia muito entre os<br />

países, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser representada por coletores manuais <strong>de</strong> organismos (moluscos,<br />

por exemplo) ou canoas operadas por um único pesca<strong>do</strong>r. A pescaria artesanal po<strong>de</strong><br />

ser <strong>de</strong> subsistência ou comercial, geran<strong>do</strong> conflito com as ativida<strong>de</strong>s industriais já que<br />

em muitos casos compartilham o mesmo recurso.<br />

2.1.4. Pescaria esportiva ou recreacional<br />

Explotação <strong>do</strong> recurso para o uso pessoal, lazer ou pelo <strong>de</strong>safio em si. Pescaria<br />

recreativa não inclui a venda, troca ou qualquer negociação <strong>do</strong> produto.<br />

2.1.5. Pescaria comercial<br />

Pescaria <strong>de</strong>senvolvida com o intuito <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> lucro, com produto <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a<br />

algum merca<strong>do</strong> ou indústria.<br />

2.1.6. Pescaria <strong>de</strong> subsistência<br />

O pesca<strong>do</strong> é dividi<strong>do</strong> e consumi<strong>do</strong> entre as famílias <strong>do</strong>s pesca<strong>do</strong>res, ao invés <strong>de</strong> ser<br />

comercializa<strong>do</strong>. Pescarias <strong>de</strong> subistência puras são raras, pois o produto normalmente<br />

é vendi<strong>do</strong> ou troca<strong>do</strong> por serviços ou bens.<br />

2.1.7. Pescaria tradicional<br />

Pescaria estabelecida há um longo perío<strong>do</strong> na qual as regras e os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesca<br />

foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pelos pesca<strong>do</strong>res. Refletem traços culturais das comunida<strong>de</strong>s<br />

sen<strong>do</strong> influenciadas por fatores religiosos ou sociais. O conhecimento é transmiti<strong>do</strong><br />

entre as gerações pela palavra, sen<strong>do</strong> normalmente <strong>de</strong> pequena escala ou artesanal.<br />

2.2. Esta<strong>do</strong> das pescarias mundiais<br />

A produção pesqueira atingiu 95,0 milhões <strong>de</strong> toneladas em 2005, representan<strong>do</strong> um<br />

aumento <strong>de</strong> 5% em comparação com o ano <strong>de</strong> 2003, quan<strong>do</strong> as capturas <strong>de</strong>clinaram<br />

para 90,5 milhões <strong>de</strong> toneladas (Fig. 1). As capturas mundiais, somadas ao volume da


163<br />

produção em cativeiro, forneceram 106 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> frutos <strong>do</strong> mar em<br />

2004 <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a China, enquanto estimativas <strong>de</strong> 142 milhões <strong>de</strong> toneladas<br />

foram produzidas no total, resultan<strong>do</strong> em aproximadamente 16,6kg <strong>de</strong> pesca<strong>do</strong> por<br />

pessoa o que representa um novo recor<strong>de</strong> nas estatísticas. Deste total, a aqüicultura<br />

representa 43%. Excluin<strong>do</strong> a China, o consumo cresceu 0,4% por ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992. No<br />

mun<strong>do</strong> inteiro, a produção pesqueira forneceu alimento para 2,6 bilhões <strong>de</strong> pessoas<br />

com pelo menos 20% <strong>de</strong> sua dieta baseada em proteína animal. A China é o maior<br />

produtor, com uma produção reportada <strong>de</strong> 47,5 milhões <strong>de</strong> toneladas (16,9 e 28,4, da<br />

pesca e aqüicultura, respectivamente), resultan<strong>do</strong> em um consumo per capta <strong>de</strong> 28,4<br />

kg.<br />

Figura 1. Produção mundial <strong>de</strong> pesca<strong>do</strong> (Fonte: FAO, 2007).<br />

A produção mundial, oriunda da captura por pesca, atingiu 95,0 milhões <strong>de</strong> toneladas<br />

em 2005, com um valor estima<strong>do</strong> <strong>de</strong> 84,9 bilhões <strong>de</strong> dólares. China, Peru e Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s são os maiores produtores (Fig. 2).<br />

As capturas têm se manti<strong>do</strong> relativamente estáveis durante a última década, exceto<br />

por variações causadas por eventos naturais como o El Niño no Pacífico Su<strong>de</strong>ste que<br />

reduziu drasticamente a produção <strong>de</strong> anchoveta peruana. As principais espécies<br />

exploradas no mun<strong>do</strong> pertencem aos grupos <strong>do</strong>s peixes, <strong>do</strong>s crustáceos e <strong>do</strong>s<br />

moluscos. No entanto, são também cultiva<strong>do</strong>s e captura<strong>do</strong>s pelo homem, várias<br />

espécies <strong>de</strong> crocodilos, batráquios (principalmente rãs), mamíferos marinhos<br />

(principalmente baleias) e algas.


164<br />

Figura 2. Produção pesqueira discriminada por país (Fonte: FAO, 2007).<br />

As capturas por espécie registram um aumento drástico nas estatísticas <strong>do</strong>s camarões<br />

e cefalópo<strong>de</strong>s (47,2% e 28,4%) e ao final da última década ambos atingiram a marca<br />

<strong>de</strong> aproximadamente 4 milhões <strong>de</strong> toneladas cada. Entretanto, a espécie mais<br />

capturada mundialmente, é <strong>de</strong> longe, a anchoveta <strong>do</strong> Pacífico, atingin<strong>do</strong> valores <strong>de</strong><br />

aproximadamente 11 milhões <strong>de</strong> toneladas (Fig. 3).<br />

Figura 3. Produção pesqueira das principais espécies individuais mundialmente capturadas<br />

(Fonte: FAO, 2007).<br />

Durante as últimas três décadas o número <strong>de</strong> pesca<strong>do</strong>res e aqüicultores cresceu a<br />

uma taxa mais elevada <strong>do</strong> que o crescimento da população mundial e mais <strong>do</strong> que o<br />

crescimento da oferta <strong>de</strong> trabalho na agricultura. Em 2004 estima-se que 41 milhões<br />

<strong>de</strong> pessoas trabalharam produzin<strong>do</strong> pesca<strong>do</strong> (pesca mais aqüicultura), sen<strong>do</strong> a


165<br />

maioria em países em <strong>de</strong>senvolvimento. Destes 41 milhões, aproximadamente 10<br />

milhões estiveram emprega<strong>do</strong>s na aqüicultura.<br />

A frota pesqueira mundial está estimada em 4 milhões <strong>de</strong> barcos, sen<strong>do</strong> 1,3 milhões<br />

cabina<strong>do</strong>s e 2,7 milhões <strong>de</strong> embarcações abertas. Muitos países a<strong>do</strong>taram medidas<br />

para limitar o crescimento das frotas nacionais, como forma <strong>de</strong> manter a pesca<br />

economicamente viável para as empresas que exploram o recurso.<br />

Assim como o esforço pesqueiro parece estar estabiliza<strong>do</strong>, o nível <strong>de</strong> exploração <strong>do</strong>s<br />

estoques também parece estar estável. Ao longo <strong>do</strong>s últimos 10-15 anos, a proporção<br />

<strong>de</strong> estoques sobre-explora<strong>do</strong>s se manteve constante, após mostrar um drástico<br />

aumento durante as décadas <strong>de</strong> 70 e 80. Aproximadamente ¼ <strong>do</strong>s estoques<br />

pesqueiros estão sub-explora<strong>do</strong>s e po<strong>de</strong>riam produzir mais, enquanto que meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

estoques já se encontram em sua capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> exploração.<br />

Algumas décadas atrás, os esforços públicos foram concentra<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver as pescarias e a aqüicultura mundial, asseguran<strong>do</strong> o crescimento da<br />

produção e <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> produtos pesqueiros. Até que na década <strong>de</strong> 80, à medida<br />

que vários recursos ficaram plenamente explora<strong>do</strong>s e sobre-explora<strong>do</strong>s, os órgãos<br />

toma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão começaram a mudar o foco da produção para o manejo<br />

sustentável <strong>do</strong>s estoques pesqueiros. A aqüicultura continua a se <strong>de</strong>senvolver<br />

mundialmente, enquanto que a pesca parece ter atingi<strong>do</strong> o seu potencial máximo.<br />

3. Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> nécton<br />

Para fins científicos, os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> nécton são os mesmos disponíveis na<br />

pesca comercial ou esportiva. De acor<strong>do</strong> com Sainsbury (1996), vários fatores <strong>de</strong>vem<br />

ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s para a escolha <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>. Entre os principais aspectos estão: 1) a<br />

especificida<strong>de</strong> <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> peixes a ser coleta<strong>do</strong>, pois as espécies variam nos seus<br />

padrões <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, nas suas necessida<strong>de</strong>s ecológicas e nos seus hábitos e<br />

comportamento; 2) as características <strong>do</strong> ambiente a ser amostra<strong>do</strong>, pois a eficiência<br />

<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesca está diretamente relacionada a este fator; 3) a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

coleta, pois diferentes méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesca estão <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s para atuar em<br />

<strong>de</strong>terminadas camadas <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>; 4) aspectos técnicos como a seletivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

aparelhos <strong>de</strong> pesca.<br />

Uma classificação encontrada na literatura agrupa os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesca em passivos<br />

e ativos. Os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta passiva incluem aparelhos que não são movimenta<strong>do</strong>s<br />

pelo homem ou por máquinas, nos quais os peixes ou outros animais aquáticos ficam


166<br />

enreda<strong>do</strong>s ou presos (Hubert, 1983). Os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta ativa capturam peixes ou<br />

invertebra<strong>do</strong>s como se fossem “peneira<strong>do</strong>s” <strong>do</strong> meio aquático por meio <strong>de</strong> re<strong>de</strong> que<br />

são ativamente movimentadas pelo homem ou máquinas (Hayes, 1983). Entretanto,<br />

essa classificação não é <strong>de</strong> uso comum e po<strong>de</strong> ser controversa. A FAO estabeleceu<br />

em julho <strong>de</strong> 1980 a classificação internacional padronizada <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesca<br />

(ISSCFG), na qual os principais méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesca comercial são agrupa<strong>do</strong>s em 13<br />

categorias, sem fazer distinção entre méto<strong>do</strong>s passivos e ativos. No presente manual,<br />

os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesca utiliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> embarcações são apresenta<strong>do</strong>s seguin<strong>do</strong> os<br />

critérios da classificação internacional proposta pela FAO.<br />

3.1. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cerco<br />

Como o próprio nome o indica, as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cerco são aparelhos utiliza<strong>do</strong>s para cercar<br />

os peixes. Estas artes <strong>de</strong> pesca possuem dimensões que permitem a captura massiva,<br />

mas não seletiva, <strong>de</strong> espécies pelágicas que formam cardumes. O comportamento <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> cardumes torna as espécies particularmente vulneráveis à pesca com<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cerco (King, 1995).<br />

As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cerco são <strong>de</strong>senhadas para serem puxadas forman<strong>do</strong> um arco ao re<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong>s peixes. O aparelho consiste basicamente <strong>de</strong> um longo painel <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, que possui<br />

flutua<strong>do</strong>res na tralha superior e lastros e argolas na tralha inferior, que fica estendi<strong>do</strong><br />

verticalmente pelo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> flutuação da tralha superior e <strong>do</strong> peso da tralha inferior<br />

(Figura 4). Pelas argolas da tralha inferior passa um cabo, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> carrega<strong>de</strong>ira,<br />

que permite fechar a re<strong>de</strong> por baixo, forman<strong>do</strong> um saco on<strong>de</strong> o peixe fica reti<strong>do</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> os peixes são localiza<strong>do</strong>s, com ajuda <strong>de</strong> equipamentos acústicos como sonar<br />

ou ecossonda, ou inclusive em com visualização aérea mediante sobrevôos <strong>de</strong><br />

helicópteros, uma extremida<strong>de</strong> da re<strong>de</strong> é fixada a uma bóia ou a um bote menor, e o<br />

navio começa a lançar a re<strong>de</strong> enquanto navega rapidamente <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> um arco ao<br />

re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> cardume até completar os 360º <strong>de</strong> circunferência. A re<strong>de</strong> fica armada com o<br />

formato <strong>de</strong> um cilindro. Nesse momento as duas extremida<strong>de</strong>s são içadas e inicia-se o<br />

recolhimento da “carrega<strong>de</strong>ira”, que fecha o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> cilindro, e evita que os peixes<br />

escapem por baixo. Parte da re<strong>de</strong> é recolhida e o pesca<strong>do</strong> fica confina<strong>do</strong> no<br />

ensaca<strong>do</strong>r da re<strong>de</strong> (Fig. 4).<br />

Normalmente a tralha superior flutuante sustenta a re<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a superfície, porém<br />

existe um tipo <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerco que a tralha superior fica submersa à meia água,<br />

sustentada por bóias através <strong>de</strong> cabos.


167<br />

Algumas espécies capturadas com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cerco e respectivas frotas são sardinhas,<br />

enchovas e tainhas (Brasil/ Europa/ Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s/ Rússia), anchoveta (Peru/ Chile),<br />

anchoita (Argentina), savelha (Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s), bonito (Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s/ Rússia/<br />

Japão/ Noruega), atum (Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s/ Rússia/ Japão/ Noruega) e salmão (Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s/ Rússia/ Japão).<br />

Figura 4. Esquema <strong>de</strong> um barco utilizan<strong>do</strong> a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerco, após ter completa<strong>do</strong> a<br />

circunferência com a re<strong>de</strong> e no ato <strong>do</strong> puxar a carrega<strong>de</strong>ira para fechar o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

cilindro (Fonte: fao.org).<br />

3.2. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto<br />

As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto são utilizadas para capturar peixes e outros animais aquáticos<br />

quan<strong>do</strong> rebocadas por uma ou duas embarcações. É uma arte <strong>de</strong> pesca pouco<br />

seletiva. Estas re<strong>de</strong>s têm formas cônicas, em cuja abertura horizontal anterior<br />

<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> boca, penetra o pesca<strong>do</strong> direciona<strong>do</strong> pelas asas, passa pelo corpo<br />

localiza<strong>do</strong> na parte central da re<strong>de</strong>, e fica confina<strong>do</strong> na parte posterior <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong><br />

copo ou saco (Fig. 5). O volume das capturas é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pelas dimensões e<br />

conformação da re<strong>de</strong>, e pelo tempo <strong>do</strong> arrasto. A eficiência da arte <strong>de</strong> pesca <strong>de</strong><br />

arrasto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> propulsão, <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> abertura horizontal da re<strong>de</strong> e<br />

<strong>do</strong> tipo e formato da re<strong>de</strong> (Fig. 5).<br />

Propulsão: As artes <strong>de</strong> pesca <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> tração das<br />

embarcações. Quanto maior o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> tração, teoricamente maiores serão as re<strong>de</strong>s<br />

que po<strong>de</strong>m ser rebocadas.


168<br />

Sistema <strong>de</strong> abertura horizontal: As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto quan<strong>do</strong> rebocadas por <strong>do</strong>is<br />

barcos, cada um puxa numa extremida<strong>de</strong>. A distância entre os barcos e o<br />

comprimento <strong>do</strong> cabo que os une à re<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminará a abertura horizontal. Quan<strong>do</strong><br />

rebocadas por uma embarcação, sem dispositivo <strong>de</strong> abertura, a tendência da re<strong>de</strong> é<br />

<strong>de</strong> fechar a abertura horizontal diminuin<strong>do</strong> a sua eficiência, precisan<strong>do</strong> por tanto <strong>de</strong> um<br />

dispositivo para abri-la horizontalmente e permitir a entrada <strong>do</strong> pesca<strong>do</strong>. Estes<br />

dispositivos po<strong>de</strong>m ser: a) uma estrutura rígida ou armação que permita que a re<strong>de</strong><br />

fique aberta na horizontal, dragas; b) uma vara estendida entre as suas duas<br />

extremida<strong>de</strong>s anteriores, “beam-trawl”; c) uma estrutura hidrodinâmica, que rebocada,<br />

sob ação da água, permita que a re<strong>de</strong> fique aberta horizontalmente, estas estruturas<br />

são <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> portas.<br />

A arte <strong>de</strong> pesca: As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto são usadas para capturar diversas espécies <strong>de</strong><br />

animais <strong>de</strong>mersais e pelágicas. Assim, cada arte <strong>de</strong> pesca tem as características <strong>de</strong><br />

formato e méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> captura específica para cada espécie ou grupos <strong>de</strong> espécies com<br />

comportamentos semelhantes.<br />

Figura 5. Típica re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto sen<strong>do</strong> operada, on<strong>de</strong> se ilustra o sistema d epropulsão por um<br />

único barco, sistema <strong>de</strong> abertura horizontal da re<strong>de</strong> por portas e o tipo <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

arrasto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>. Na parte inferior se apresenta um esquema com as principais partes<br />

da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto (Fonte: fao.org).


169<br />

Segun<strong>do</strong> Gamba (1994), ao dimensionar uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto, para ser rebocada por<br />

uma embarcação, <strong>de</strong>ve-se procurar obter um equilíbrio perfeito entre a re<strong>de</strong> e o bote,<br />

pois esta harmonia redundará em melhor eficiência <strong>de</strong> captura, economia na sua<br />

construção, perfeita operação e diminuição <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> combustível. As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

arrasto possuem formato <strong>de</strong> cone, composto por um painel superior que constitui o céu<br />

da re<strong>de</strong>, um painel inferior que constitui o fun<strong>do</strong>, e <strong>do</strong>is painéis laterais. A construção<br />

<strong>de</strong>stas re<strong>de</strong>s é guiada por plantas (Fig. 6), on<strong>de</strong> são especificadas as dimensões <strong>de</strong><br />

cada painel, o número <strong>de</strong> panos utiliza<strong>do</strong>s, o tamanho das malhas nas diferentes partes<br />

da re<strong>de</strong>, o material e outras informações técnicas necessárias.<br />

Figura 6. Planta da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto utilizada no N/Oc “Atlântico Sul”, durante o projeto <strong>de</strong><br />

seletivida<strong>de</strong> realiza<strong>do</strong> nos anos 1980 e 1981 A linha tracejada no meio separa o painel<br />

superior (esquerda) e inferior (direita). (Fonte: Vooren, 1983).<br />

Em linhas gerais, a re<strong>de</strong> é lançada ao mar e rebocada a uma velocida<strong>de</strong> em torno <strong>de</strong><br />

2.0 a 5.0 nós, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da espécie alvo. O diâmetro <strong>do</strong> fio e o tamanho da malha no<br />

pano da re<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das espécies alvo. Assim, as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stinadas à captura <strong>de</strong>


170<br />

camarão possuem fios e malhas menores, <strong>do</strong> que as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong>stinadas à<br />

captura <strong>de</strong> peixes. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto e <strong>do</strong><br />

comprimento, peso e diâmetro <strong>do</strong> cabo real (Fig. 5), no entanto, o valor mínimo da<br />

relação entre cabo real e profundida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> <strong>do</strong>is para um.<br />

As embarcações para pesca com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto variam conforme os diversos tipos<br />

<strong>de</strong> fainas <strong>de</strong> pesca. As embarcações po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> pequeno porte, menor que 18m,<br />

médio porte e gran<strong>de</strong> porte, maiores que 36 m. As embarcações <strong>de</strong> pequeno porte,<br />

normalmente <strong>de</strong>senvolvem as ativida<strong>de</strong>s em águas interiores e costeiras, são providas<br />

<strong>de</strong> casa <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> com equipamento <strong>de</strong> navegação e hidroacústico para localização<br />

<strong>do</strong>s cardumes; o convés com guinchos, pescantes, polias para distribuição <strong>do</strong>s cabos<br />

no lançamento e recolhimento da re<strong>de</strong>. O pau <strong>de</strong> carga ou monkeys auxiliam na<br />

<strong>de</strong>spesca. O pesca<strong>do</strong> é conserva<strong>do</strong> em gelo. As embarcações <strong>de</strong> médio porte têm<br />

porão para armazenamento <strong>do</strong> pesca<strong>do</strong> no gelo, às vezes com câmaras frigoríficas.<br />

As embarcações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte processam e industrializam o pesca<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>m ficar<br />

vários meses no mar.<br />

Existem numerosas modificações nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto, mas basicamente são<br />

agrupadas como re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> ou re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> meia água (FAO,<br />

1980). O arrasto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> normalmente é efetua<strong>do</strong> para capturar espécies <strong>de</strong>mersais<br />

e ou se<strong>de</strong>ntárias que passam a maior parte ou toda vida no fun<strong>do</strong>. Peixes, crustáceos,<br />

moluscos e algas são captura<strong>do</strong>s com estes mecanismos. Os peixes que vivem no<br />

fun<strong>do</strong> e que têm forma achatada <strong>de</strong>slocam-se com velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 4 a 5 vezes o seu<br />

comprimento por segun<strong>do</strong> e não migram na vertical sob influência <strong>de</strong> fatores químicos<br />

e físicos. Quan<strong>do</strong> assusta<strong>do</strong>s por algum componente <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> arrasto po<strong>de</strong>m<br />

fugir radialmente em todas as direções, porém normalmente para frente e após<br />

enterram-se. A abertura vertical da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong> habitat e<br />

comportamento da espécie, para aquelas espécies com formato achata<strong>do</strong> que se<br />

afastam até um metro acima <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> é conveniente o uso <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s com pouco mais<br />

<strong>de</strong> um metro <strong>de</strong> abertura vertical. Para espécies <strong>de</strong> peixes com formato pisciforme e<br />

que vivem até cinco metros acima <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> é conveniente o uso <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s com<br />

abertura vertical em torno <strong>de</strong> cinco metros ou mais. Na pesca <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> é comum o uso<br />

<strong>de</strong> ecossonda com dispositivo <strong>de</strong> separação peixe e fun<strong>do</strong>, que refletem ecos<br />

diferentes. O arrasto <strong>de</strong> meia água é efetua<strong>do</strong> para capturar espécies pelágicas que<br />

formam cardumes.<br />

Alguns aspectos operacionais e <strong>de</strong> conformação <strong>do</strong>s aparelhos são utiliza<strong>do</strong>s tanto em<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, como em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> meia água. Portanto,<br />

apresentam-se aqui os tipos básicos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto, salientan<strong>do</strong> se o uso é


171<br />

exclusivo <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is ambientes ou se pelo contrário, a re<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser utilizada em<br />

ambos os ambientes.<br />

3.2.1. “Beam-trawl” ou re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto-<strong>de</strong>-viga<br />

Este tipo <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto é exclusivo <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, usadas para capturar pequenos<br />

peixes e crustáceos. Este tipo <strong>de</strong> re<strong>de</strong> é utiliza<strong>do</strong> no N/Oc Atlântico Sul (Fig. 7). O uso<br />

<strong>de</strong>stas re<strong>de</strong>s data <strong>do</strong> século VII. Foi a primeira re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto a ser rebocada por<br />

barcos, e continua a ser utilizada em escala comercial. As embarcações para arrasto<br />

<strong>de</strong> “beam trawl” po<strong>de</strong>m trabalhar com <strong>do</strong>is ou três aparelhos <strong>de</strong> pesca, que po<strong>de</strong>m ser<br />

arrasta<strong>do</strong>s pleos costa<strong>do</strong>s e/ou pela popa <strong>do</strong> barco.<br />

Como todas as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto, no “beam-trawl” as re<strong>de</strong>s são confeccionadas em<br />

formato <strong>de</strong> cone, mas se caracterizam pela presença <strong>de</strong> uma viga <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou<br />

metal na boca da re<strong>de</strong>, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> <strong>de</strong>riva o nome <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto (em<br />

inglês, “beam” = viga; “trawl” = arrasto). A função da viga é manter a abertura<br />

horizontal da boca da re<strong>de</strong>. Nas extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa viga po<strong>de</strong> haver <strong>do</strong>is estribos <strong>de</strong><br />

ferro adapta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maneira a formar um ângulo reto com a viga horizontal e prover a<br />

abertura vertical da boca da re<strong>de</strong>. Desta forma, no “beam-trawl” não são necessárias<br />

forças hidrodinâmicas para manter a re<strong>de</strong> aberta. Entretanto, quanod não há estrivos,<br />

a abertura vertical é proveniente das forças <strong>do</strong>s flutua<strong>do</strong>res na tralha superior, <strong>do</strong>s<br />

lastros na tralha inferior e da força hidrodinâmica agin<strong>do</strong> na re<strong>de</strong> (Fig. 7).<br />

O corpo <strong>de</strong>stas re<strong>de</strong>s é composto por <strong>do</strong>is panos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> relativamente curtos,<br />

costura<strong>do</strong>s um ao outro. O tamanho da malha e <strong>do</strong>s fios <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> tamanho <strong>do</strong>s<br />

peixes a serem captura<strong>do</strong>s. O pano superior é costura<strong>do</strong> diretamente à vara<br />

horizontal. O pano inferior é um pouco mais longo <strong>do</strong> que o pano superior e com<br />

freqüência lastra<strong>do</strong> com correntes. A re<strong>de</strong> é puxada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um cabo único, que é uni<strong>do</strong><br />

aos extremos da vara horizontal por meio <strong>de</strong> ré<strong>de</strong>as curtas. Estas re<strong>de</strong>s são<br />

relativamente fáceis <strong>de</strong> construir e po<strong>de</strong>m ser operadas em tamanhos convenientes<br />

para diversos objetivos <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> peixes, uma vez que po<strong>de</strong>m ser facilmente<br />

manobradas para evitar obstáculos (Hayes, 1983; Gamba, 1994).<br />

Em um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> prospecção <strong>de</strong> um molusco bivalve no sul <strong>do</strong> Brasil, Pezzuto &<br />

Borzone (2001) incorporaram modificações <strong>de</strong> peso e comprimento no beam-trawl, no<br />

intuito <strong>de</strong> padronizar a eficiência da re<strong>de</strong>. A abertura <strong>de</strong> boca da re<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 2,0 metros<br />

<strong>de</strong> largura por 0,45 metros <strong>de</strong> altura. O peso da armação foi modifica<strong>do</strong> pela adição <strong>de</strong><br />

chapas <strong>de</strong> ferro, varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> 40 a 140 kg. A tralha inferior, <strong>de</strong> cabo <strong>de</strong> sisal <strong>de</strong> 10 mm<br />

ou <strong>de</strong> cabo <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> 8 mm, teve comprimentos <strong>de</strong> 2,2 a 3,5 metros. A malha da re<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> náilon seda <strong>de</strong> 5 cm entre nós opostos.


172<br />

Figura 7. Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> viga ou “beam-trawl”. Acima ilutra-se o formato geralda re<strong>de</strong> com<br />

as suas partes principais (fao.org), e embaixo duas imagens <strong>do</strong> “beam-trawl” sen<strong>do</strong><br />

opera<strong>do</strong> no N/Oc Atlântico Sul.<br />

3.2.2 Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> portas <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />

Na pesca <strong>de</strong> arrasto-<strong>de</strong>-portas arrasto existe necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dispositivos<br />

hidrodinâmicos que fazem com que a re<strong>de</strong> trabalhe aberta na horizontal, estes<br />

dispositivos são <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> portas. Basicamente as portas são duas pranchas<br />

fortes <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e/ou aço, que variam em tamanho, peso e formato segun<strong>do</strong> as<br />

dimensões da re<strong>de</strong> e potência <strong>do</strong> motor propulsor da embarcação (Gamba, 1994;<br />

King, 1995). A re<strong>de</strong> possui formato cônico ou afunila<strong>do</strong>, e termina em um saco on<strong>de</strong> os<br />

peixes são reti<strong>do</strong>s (Fig. 8). A re<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser prolongada lateralmente em sua parte<br />

dianteira por painéis <strong>de</strong> re<strong>de</strong> (asas ou mangas) posiciona<strong>do</strong>s na abertura, e longos<br />

cabos (brincos) que ajudam a direcionar os peixes para a abertura <strong>do</strong> corpo principal<br />

da re<strong>de</strong> ou túnel. Cada porta é puxada por um cabo <strong>de</strong> aço (cabo-real) e sua função é<br />

manter aberta a boca da re<strong>de</strong>. Na boca da re<strong>de</strong> as panagens superior e inferior são<br />

entralhadas em cabos <strong>de</strong> aço. A tralha superior é <strong>do</strong>tada <strong>de</strong> flutua<strong>do</strong>res que ajudam<br />

na abertura vertical da boca da re<strong>de</strong>, e na tralha inferior são coloca<strong>do</strong>s pesos <strong>de</strong><br />

chumbo ou corrente que ajudam a manter o fun<strong>do</strong> da re<strong>de</strong> sobre a superfície <strong>do</strong> leito<br />

marinho. Existem muitas modificações na confecção das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto-<strong>de</strong>-portas


173<br />

que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m principalmente <strong>do</strong> alvo das capturas. Mas em termos gerais, nas asas<br />

o tamanho <strong>de</strong> malha é maior, e esse vai diminuin<strong>do</strong> è medida que se aproxima <strong>do</strong><br />

saco da re<strong>de</strong>. As portas têm formato conforme o tipo <strong>de</strong> pesca, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser: 1) portas<br />

confeccionadas com longarinas e sapata larga, usada na pesca <strong>do</strong> camarão,<br />

normalmente <strong>de</strong> uso em fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> lama; 2) portas alto curvadas, confeccionada com<br />

ferro, é uma porta que tem boa estabilida<strong>de</strong> a meia água e usada nesse méto<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

pesca; 3) porta retangular plana, que é o tipo mais comum das portas <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong><br />

fun<strong>do</strong>; 4) porta em V, que é um tipo <strong>de</strong> porta usa<strong>do</strong> principalmente para fun<strong>do</strong>s duros<br />

(Fig. 8).<br />

Figura 8. a. Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> com portas (fao.org); b. Porta em V; c. porta quadrada<br />

com sapata larga; d, porta alto curvada.<br />

Gamba (1994) comenta que quan<strong>do</strong> projetada uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto-<strong>de</strong>-portas é<br />

necessário conhecer o número <strong>de</strong> HP e tipo <strong>de</strong> hélice <strong>do</strong> barco que vai operá-la, pois é<br />

em função da força <strong>de</strong> reboque da embarcação que a re<strong>de</strong> e as suas portas po<strong>de</strong>m<br />

ser projetadas <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a não sobrecarregar a força <strong>do</strong> motor <strong>do</strong> barco, tornan<strong>do</strong> a<br />

operação da re<strong>de</strong> mais eficiente e menos dispendiosa.


174<br />

3.2.3 Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> portas <strong>de</strong> meia-água<br />

Este aparelho é utiliza<strong>do</strong> para capturar <strong>de</strong> peixes pelágicos em diferentes<br />

profundida<strong>de</strong>s da coluna <strong>de</strong> água. Estas re<strong>de</strong>s são com freqüência mais longas <strong>do</strong> que<br />

as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> portas e possuem brincos mais longos. As portas que<br />

abrem a re<strong>de</strong> são <strong>de</strong> seção curva, <strong>de</strong>senhadas para auxiliar na estabilida<strong>de</strong> e<br />

manobra da re<strong>de</strong> (Fig. 9). A operação <strong>de</strong> pesca está condicionada a <strong>do</strong>is instrumentos:<br />

ecobatímetro e ecosonda <strong>de</strong> re<strong>de</strong> (Gamba, 1984). Com o ecobatímetro é localiza<strong>do</strong> o<br />

cardume, e <strong>de</strong>terminada a sua profundida<strong>de</strong> na coluna <strong>de</strong> água. Em seguida o barco<br />

volta para capturar o cardume, já rebocan<strong>do</strong> a re<strong>de</strong> à profundida<strong>de</strong> registrada no<br />

ecobatímetro, e com a ecosonda <strong>de</strong> re<strong>de</strong> é verificada a profundida<strong>de</strong> exata da boca da<br />

re<strong>de</strong>, pois o transdutor <strong>de</strong>sta ecosonda é posiciona<strong>do</strong> na tralha superior da boca da<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto. A ecosonda <strong>de</strong> re<strong>de</strong> permite observar a profundida<strong>de</strong> em que a re<strong>de</strong><br />

está sen<strong>do</strong> rebocada. No intuito <strong>de</strong> que a profundida<strong>de</strong> da re<strong>de</strong> coincida com a <strong>do</strong><br />

cardume, po<strong>de</strong> ser altera<strong>do</strong> o comprimento <strong>do</strong> cabo real ou a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto.<br />

Figura 9. Porta <strong>de</strong> seção curva e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> meia água (Fonte: fao.org).<br />

3.2.4. Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto em parelha<br />

Neste tipo <strong>de</strong> pescaria a re<strong>de</strong> é rebocada por duas embarcações, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser no<br />

fun<strong>do</strong> ou à meia água. Diferencia-se <strong>do</strong> arrasto <strong>de</strong> portas por possuir asas mais longas<br />

e maior abertura vertical da boca da re<strong>de</strong>. Durante a operação os <strong>do</strong>is barcos <strong>de</strong>vem


175<br />

manter velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> navegação e distância entre eles constante no intuito <strong>de</strong> manter<br />

a abertura horizontal da boca da re<strong>de</strong> e para uma melhor eficiência <strong>do</strong> arrasto.<br />

Entretanto, neste méto<strong>do</strong> também po<strong>de</strong> ser utilizadas portas. Este tipo <strong>de</strong> aparelho <strong>de</strong><br />

pesca é utiliza<strong>do</strong> principalmente para a captura <strong>de</strong> peixes (Fig. 10).<br />

Na pesca <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> o alvo principal é a fauna <strong>de</strong>mersal, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam<br />

os camarões e algumas espécies <strong>de</strong> peixes <strong>de</strong> importância comercial. Alguns<br />

exemplos para o sul <strong>do</strong> Brasil são a corvina, a pescada, a castanha, a papa-terra, a<br />

abrótea, etc. Na pesca <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> meia água os alvos são peixes pelágicos que<br />

formam cardumes, como as sardinhas e outros clupeiformes.<br />

Figura 10. Esquema <strong>de</strong> barco <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> parelha, com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> (acima) e <strong>de</strong> meia<br />

água (embaixo) (Fonte: fao.org).<br />

3.3. Linha e anzol<br />

O anzol é um aparelho <strong>de</strong> pesca, usa<strong>do</strong> para capturar peixes fisgan<strong>do</strong>-os pela boca<br />

ou, com menor freqüência, por outra parte <strong>do</strong> corpo. Consta <strong>de</strong> uma ponta localizada<br />

no final <strong>de</strong> uma curva, com ou sem farpa, com função <strong>de</strong> fisga. A outra extremida<strong>de</strong> no<br />

final <strong>de</strong> uma haste, com argolas ou palhetas, serve para puxar o instrumento e retirar o<br />

peixe da água. Para capturar animais aquáticos com o uso <strong>de</strong> anzóis, na gran<strong>de</strong><br />

maioria <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fio têxtil (linha) para pren<strong>de</strong>r o anzol, e <strong>de</strong><br />

iscas a serem usadas como chamariz das espécies a serem capturadas.


176<br />

Existem vários tipos <strong>de</strong> anzol po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser classifica<strong>do</strong>s como: 1) Simples, com um<br />

anzol; 2) duplos, com <strong>do</strong>is anzóis; ou 3) triplo, com três anzóis (garatéia, com farpas<br />

externas ou internas). A numeração <strong>do</strong>s anzóis varia segun<strong>do</strong> o tamanho <strong>do</strong>s<br />

mesmos, mais comumente <strong>de</strong> #1 a #17, sen<strong>do</strong> o anzol #1 o <strong>de</strong> maior tamanho e o #17<br />

o <strong>de</strong> menor. O material normalmente é aço ou aço inoxidável, no entanto alguns<br />

fabricantes acrescentam carbono, obten<strong>do</strong> maior resistência e menor diâmetro, o que<br />

melhora a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> anzol. Muito importante nos anzóis é a sua resistência à<br />

<strong>de</strong>formação por forças provenientes <strong>do</strong>s peixes ou da manobra <strong>de</strong> pesca.<br />

Os anzóis são utiliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma individual ou em grupos. Os aparelhos que usam<br />

anzóis <strong>de</strong> forma individual são a pesca com linha, a pesca com vara e molinete, a<br />

pesca com vara e isca viva. No entanto, nestas modalida<strong>de</strong>s é possível aumentar o<br />

número <strong>de</strong> anzóis para melhorar a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> captura <strong>do</strong>s peixes. Os aparelhos<br />

que usam os anzóis <strong>de</strong> forma agrupada são conheci<strong>do</strong>s com o nome <strong>de</strong> espinheis,<br />

que serão <strong>de</strong>scritos mais adiante.<br />

3.3.1. Pesca com linha <strong>de</strong> mão e com vara ou caniço<br />

Neste méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> captura <strong>de</strong> peixes existe uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> apetrechos <strong>de</strong> pesca,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a simples linha <strong>de</strong> pesca até o uso <strong>de</strong> varas. Inclui-se neste grupo a pesca com<br />

isca viva e a gran<strong>de</strong> maioria das pescarias praticadas por lazer. Na pesca com linha<br />

<strong>de</strong> mão, utiliza-se linha <strong>de</strong> náilon, com um ou vários anzóis coloca<strong>do</strong>s na sua<br />

extremida<strong>de</strong>. Neste tipo <strong>de</strong> pesca po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s flutua<strong>do</strong>res próximos ao anzol,<br />

quan<strong>do</strong> o objetivo é capturar peixes da coluna <strong>de</strong> água. Para capturar peixes no fun<strong>do</strong><br />

ou em águas com correnteza, usam-se chumbadas <strong>de</strong> diferentes pesos. A pesca com<br />

vara é a prática mais comum na pesca esportiva, que po<strong>de</strong> ser realizada <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

embarcações ou às margens <strong>de</strong> rios, portos e praias. Este méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> peixes<br />

é amplamente usa<strong>do</strong> na pesca <strong>de</strong> espécies costeiras e <strong>de</strong> águas interiores. É uma<br />

meto<strong>do</strong>logia apropriada para capturar peixes em ambientes rochosos ou coralinos.<br />

Quan<strong>do</strong> realizada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> embarcações com o barco em movimento é conhecida como<br />

pesca <strong>de</strong> corrico (Fig. 11), e <strong>de</strong>stina-se à captura <strong>de</strong> <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s, cavalas e alguns atuns<br />

que são atraí<strong>do</strong>s pelas iscas em movimento.<br />

Basicamente em qualquer uma das modalida<strong>de</strong>s, o aparelho <strong>de</strong> pesca consiste <strong>de</strong><br />

uma vara ou caniço, linha, alça e anzol. Nas comunida<strong>de</strong>s pesqueiras artesanais são<br />

usadas varas <strong>de</strong> bambú, e na pesca esportiva na atualida<strong>de</strong> são usadas varas <strong>de</strong><br />

materiais mais sofistica<strong>do</strong>s, como fibra <strong>de</strong> vidro ou titânio, e as varas são equipadas<br />

com molinetes que facilitam o lançamento e recolhimento <strong>do</strong>s anzóis. Muitos


177<br />

pesca<strong>do</strong>res dispensam o uso <strong>de</strong> vara, e operam as linhas e os anzóis diretamente<br />

com as mãos.<br />

Figura 11. Pesca <strong>de</strong> corrico na qual, com o barco em movimento, são rebocadas linhas com<br />

anzóis isca<strong>do</strong>s (Fonte: fao.org).<br />

3.3.2. Vara e isca viva<br />

A pesca com isca viva é uma pesca realizada também com vara e anzol executada em<br />

alto mar. O apetrecho <strong>de</strong> captura é semelhante à pesca <strong>de</strong> vara apresentada<br />

anteriormente, mas difere na meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> atração <strong>do</strong>s peixes, sen<strong>do</strong> primeiro,<br />

mediante o lançamento <strong>de</strong> pequenos peixes vivos ao mar que servem como chamariz<br />

das espécies alvo. As iscas vivas se movimentam na superfície da água provocan<strong>do</strong><br />

turbulência, o que atrai os cardumes alvo. Para manter a concentração <strong>de</strong> espécies<br />

alvo, lança-se no mar água em forma <strong>de</strong> chuva (com chuveiros) imitan<strong>do</strong> a turbulência<br />

das iscas vivas ao se movimentarem na superfície da água. Os anzóis são<br />

<strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> farpa e isca (quan<strong>do</strong> possuem iscas são artificiais), e presos às varas<br />

por meio <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> náilon <strong>de</strong> 0,1 a 0,2 mm <strong>de</strong> diâmetro. As espécies alvo são<br />

atraídas pelo brilho <strong>do</strong>s anzóis. As varas <strong>de</strong> pesca, <strong>de</strong> fibra ou <strong>de</strong> bambu com 3 a 5 m<br />

<strong>de</strong> comprimento, são levantadas pelos pesca<strong>do</strong>res (cada vara é operada por um<br />

tripulante) e os peixes ao caírem no convés, soltam-se <strong>do</strong>s anzóis sem barbelas. No<br />

<strong>de</strong>slocamento até os locais <strong>de</strong> pesca, é necessário garantir alta taxa <strong>de</strong> sobrevivência<br />

das iscas, que são acondicionadas em tinas nas embarcações. Estas iscas são<br />

constituídas principalmente por pequenas sardinhas, que são capturadas em baias ou<br />

enseadas. Esta meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> captura é utilizada principalmente para atuns, mas<br />

também são captura<strong>do</strong>s <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s.


178<br />

3.3.3. Espinheis<br />

O equipamento <strong>de</strong> pesca <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> espinhel, conheci<strong>do</strong> também como “long-line”,<br />

consiste basicamente em uma linha principal (linha mestra), na qual são enganchadas<br />

linhas secundárias a intervalos constantes, que possuem anzóis isca<strong>do</strong>s nas suas<br />

extremida<strong>de</strong>s. Os espinheis po<strong>de</strong>m ser fixos ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva, horizontais ou verticais, e<br />

são utiliza<strong>do</strong>s para capturar peixes pelágicos ou <strong>de</strong>mersais (Fig. 12). O espinhel tem<br />

si<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século IXX em pesca comercial. Este aparelho <strong>de</strong> pesca não<br />

causa impactos negativos no ambiente físico e é relativamente seletivo, em função da<br />

isca e tamanho <strong>de</strong> anzol que são utiliza<strong>do</strong>s. No entanto, na pesca com espinhel são<br />

capturadas muitas espécies que não são o alvo da pescaria, pelo qual esta<br />

modalida<strong>de</strong> pesqueira causa gran<strong>de</strong> polêmica na atualida<strong>de</strong> pela incidência <strong>de</strong> aves,<br />

tartarugas e mamíferos nas capturas.<br />

Figura 12. Tipos básicos <strong>de</strong> espinheis (Fonte: fao.org).<br />

No espinhel <strong>de</strong> tipo vertical a linha principal possui em uma das suas extremida<strong>de</strong>s um<br />

flutua<strong>do</strong>r com um sinaliza<strong>do</strong>r, que po<strong>de</strong> ser uma ban<strong>de</strong>ira ou um pisca, e na outra<br />

extremida<strong>de</strong> um peso, que faz a função <strong>de</strong> manter a linha principal verticalmente<br />

esticada. Este tipo <strong>de</strong> espinhel é usa<strong>do</strong> na pesca <strong>de</strong> pequenos peixes <strong>de</strong> recife, como<br />

pargos e garoupas (Fig. 12).<br />

O espinhel horizontal <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva é o mais usa<strong>do</strong> na atualida<strong>de</strong> na pesca oceânica, e<br />

<strong>de</strong>stina-se à captura <strong>de</strong> atuns, espadartes e tubarões principalmente (Fig. 12). É<br />

composto <strong>de</strong> linha principal <strong>de</strong> mono ou polifilamento, cujo comprimento po<strong>de</strong> variar<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> umas centenas <strong>de</strong> metros até 80 ou 100 quilômetros. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> anzóis<br />

coloca<strong>do</strong>s varia em relação à capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> barco e ao comprimento da linha mestra,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser <strong>de</strong> umas centenas até 3000 ou mais anzóis. A distância entre os anzóis é


179<br />

geralmente <strong>de</strong> aproximadamente 50 metros. O tamanho <strong>de</strong> anzol e a isca variam<br />

também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da espécie alvo e da frota.<br />

No inicio das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca com espinhel <strong>de</strong> superfície no Brasil, entre as<br />

décadas <strong>de</strong> 1960 e 1980, o espinhel utiliza<strong>do</strong> era o <strong>do</strong> tipo japonês, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> para<br />

a captura <strong>de</strong> atuns. Caracterizava-se por sua linha principal <strong>de</strong> polifilamento e pelo<br />

sistema <strong>de</strong> rolos em que era recolhi<strong>do</strong>, armazena<strong>do</strong> e lança<strong>do</strong>. Na atualida<strong>de</strong> o<br />

espinhel <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong> uso comum no Brasil é o <strong>do</strong> tipo americano, que consta <strong>de</strong><br />

uma linha principal <strong>de</strong> monofilamento <strong>de</strong> poliamida, com 4 mm <strong>de</strong> diâmetro e que po<strong>de</strong><br />

variar entre 80 e 200 km <strong>de</strong> comprimento. O espinhel é suspenso por bóias, cujos<br />

cabos <strong>de</strong> poliamida com 3 mm <strong>de</strong> diâmetro possuem entre 10 e 20 m <strong>de</strong> comprimento.<br />

Um número varia<strong>do</strong> <strong>de</strong> linhas secundárias é disposto entre cada duas bóias, o que<br />

constitui a unida<strong>de</strong> básica <strong>do</strong> espinhel, o samburá. As linhas secundárias são<br />

conectadas à linha principal por meio <strong>de</strong> presilhas <strong>de</strong> aço a intervalos constantes e<br />

com velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> navegação <strong>de</strong> sete nós durante o lançamento, com o qual ficam<br />

distanciadas a intervalos aproxima<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 52 m na linha principal. As linhas<br />

secundárias, também <strong>de</strong> poliamida, possuem 1,8 mm <strong>de</strong> diâmetro e <strong>de</strong> 10 a 20 m <strong>de</strong><br />

comprimento, são equipadas com ponteiras adicionais compostas por <strong>de</strong>storce<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

20 g, linha <strong>de</strong> poliamida <strong>de</strong> 1,8 mm <strong>de</strong> diâmetro e 2,5 m <strong>de</strong> comprimento, e anzol tipo J<br />

No. 9/0. Quan<strong>do</strong> é <strong>de</strong>sejada a captura <strong>de</strong> tubarões, nas extremida<strong>de</strong>s das linhas<br />

secundárias são colocadas linhas <strong>de</strong> aço, <strong>de</strong> 1,5 mm <strong>de</strong> diâmetro e 0,5 m <strong>de</strong><br />

comprimento, conhecidas com o termo “estropo”, às quais são presos os anzóis<br />

isca<strong>do</strong>s. Estes “estropos” <strong>de</strong> aço evitam que os tubarões escapem, pois no caso das<br />

linhas <strong>de</strong> náilon, estes animais po<strong>de</strong>m facilmente cortar a linha com os <strong>de</strong>ntes.<br />

Quan<strong>do</strong> o objetivo é captura <strong>de</strong> peixes próximos à superfície, a linha mestre é lançada<br />

com a mesma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> navegação (13 km/h), para obter pequena curvatura<br />

catenária da linha mestre entre flutua<strong>do</strong>res. Quan<strong>do</strong> o objetivo é capturar peixes a<br />

maiores profundida<strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> modificar os comprimentos <strong>de</strong> cabos-<strong>de</strong>-bóia e linhas<br />

secundárias, e <strong>do</strong> número <strong>de</strong> anzóis nos samburás, alguns barcos utilizam um<br />

dispositivo conheci<strong>do</strong> como “line-setter”, o qual permite lançar a linha secundária a<br />

uma velocida<strong>de</strong> maior <strong>do</strong> que a <strong>de</strong> navegação, com o qual a curvatura catenária entre<br />

duas bóias adjacentes é acentuada. Entretanto, em pesca experimental no talu<strong>de</strong><br />

continental <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil, com espinhel <strong>de</strong> monofilamento, cabos <strong>de</strong> bóia <strong>de</strong> 16 m<br />

<strong>de</strong> comprimento, linhas secundárias <strong>de</strong> 10 m <strong>de</strong> comprimento e samburás com seis<br />

anzóis, Vooren et al. (1999) observaram no N/Oc. Atlântico Sul que o espinhel lança<strong>do</strong><br />

com velocida<strong>de</strong> igual àquela <strong>do</strong> barco não permanecia estica<strong>do</strong> durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

imersão, mas se <strong>de</strong>formava irregularmente, <strong>de</strong> tal maneira que os anzóis centrais <strong>do</strong>


180<br />

samburá pescavam <strong>de</strong> forma imprevisível em uma amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 26 a<br />

125 m, porém atuan<strong>do</strong> a maioria das vezes na faixa <strong>de</strong> 30 a 80m. Entre as<br />

características operacionais <strong>de</strong>staca-se: 1) o uso <strong>de</strong> bastões luminosos, ou “light<br />

sticks”, que são coloca<strong>do</strong>s próximos aos anzois das linhas secundárias, no intuito <strong>de</strong><br />

aumentar a captura <strong>de</strong> espadartes, a principal espécie alvo; 2) as iscas utilizadas,<br />

sen<strong>do</strong> as mais comuns lulas, bonito e sardinhas; 3) o horário <strong>de</strong> lançamento, <strong>do</strong><br />

espinhel, que para atuns é durante o dia e para espadartes e tubarões é durante a<br />

noite.<br />

3.4. Covos<br />

Estes méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> captura po<strong>de</strong>m ser usa<strong>do</strong>s em águas costeiras ou oceânicas. São<br />

mecanismos <strong>de</strong> pesca usa<strong>do</strong>s com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> confinar animais aquáticos num<br />

compartimento com livre acesso e <strong>de</strong> difícil retorno. Muitos peixes, crustáceos e polvos<br />

procuram tocas para se escon<strong>de</strong>r, por este motivo os covos coloca<strong>do</strong>s pelo homem<br />

atuam como falsos escon<strong>de</strong>rijos permitin<strong>do</strong> a captura <strong>de</strong>stes animais. Além disto,<br />

estímulos como o<strong>do</strong>r e luz, po<strong>de</strong>m também servir como atraí<strong>do</strong>s.<br />

O formato <strong>do</strong>s covos <strong>de</strong>ve permitir o fácil acesso ao seu interior e dificultar o escape.<br />

Existem diversos formatos, tipo garrafa, ovói<strong>de</strong>, tubular, afunila<strong>do</strong>, hexagonal,<br />

quadra<strong>do</strong>, retangular, losangular, triangular, em Z, circular (Fig. 13). As entradas<br />

po<strong>de</strong>m ter também os mais varia<strong>do</strong>s formatos, estreitan<strong>do</strong>-se em forma <strong>de</strong> V,<br />

afunilan<strong>do</strong>-se, cilíndricas ou tubulares. As aberturas normalmente estão localizadas<br />

nas laterais e na parte superior, porém po<strong>de</strong>m se localizar na parte inferior, como no<br />

caso das garrafas. O espaço interior <strong>do</strong> compartimento <strong>de</strong> cada covo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />

espécie. Deve ser o menor possível para evitar custo <strong>de</strong>snecessário e gran<strong>de</strong> o<br />

suficiente para prevenir canibalismo ou predação. Para octópo<strong>de</strong>s a armadilha tem em<br />

torno <strong>de</strong> 600 cm 3 , para camarão <strong>de</strong> 4000 a 7000 cm 3 , para caranguejo real <strong>de</strong> 2500 a<br />

4500 cm 3 , para siri 20000 cm 3 e para pargo 4 m 3 .<br />

Para construir uma armadilha, a armação é a responsável pela forma da mesma, que<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da espécie a ser capturada, das condições ambientais e <strong>do</strong> custo. O<br />

material da armação <strong>de</strong>ve ser liso para não causar danos ao pesca<strong>do</strong>, forte, resistente<br />

ao tempo, e ter baixo teor <strong>de</strong> corrosão. Os materiais utiliza<strong>do</strong>s compreen<strong>de</strong>m bambu;<br />

ferro; alumínio; plástico; PVC e fibra <strong>de</strong> vidro. O material <strong>de</strong> confinamento é<br />

compreendi<strong>do</strong> <strong>de</strong> panos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> poliamida, <strong>de</strong> polietileno; <strong>de</strong> polipropileno ou <strong>de</strong><br />

poliéster. Os panos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser com ou sem nós.


181<br />

Figura 13. Exemplos <strong>de</strong> covos <strong>de</strong> uso comum na pesca artesanal (Fonte: fao.org).<br />

3.5. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhar<br />

As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhar são artes <strong>de</strong> pesca passiva <strong>de</strong> uso universal e apresentam<br />

diversida<strong>de</strong> nos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> captura (Campos 1980). Este tipo <strong>de</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> captura<br />

<strong>de</strong> peixes consiste basicamente em uma longa pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong> ser lançada<br />

sobre o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo <strong>de</strong> água, quan<strong>do</strong> o objetivo é capturar espécies <strong>de</strong>mersais, ou<br />

em qualquer profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a meia-água até a superfície quan<strong>do</strong> é <strong>de</strong>sejada a<br />

captura <strong>de</strong> espécies pelágicas (Fig. 14). A captura é <strong>de</strong>terminada pelo encontro fortuito<br />

<strong>do</strong>s peixes com a re<strong>de</strong>. Estas re<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>ixadas fixas, geralmente em regiões<br />

próximas ao litoral em águas rasas, sen<strong>do</strong> colocadas âncoras em seus extremos, ou<br />

po<strong>de</strong>m também ser <strong>de</strong>ixadas à <strong>de</strong>riva, on<strong>de</strong> as marés e os ventos <strong>de</strong>terminam o seu<br />

<strong>de</strong>slocamento.<br />

As re<strong>de</strong>s são dispostas verticalmente na água, sustentadas por uma tralha superior<br />

com bóias e <strong>de</strong> uma tralha inferior com lastro, tracionan<strong>do</strong> o pano para baixo. O pano<br />

trabalha como uma cortina, fican<strong>do</strong> espaços por <strong>de</strong>ntro da malha aberta. Os peixes,<br />

por sua forma hidrodinâmica e <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua organização muscular, nadam para frente,<br />

<strong>de</strong>slocam-se por movimentos ondulatórios <strong>do</strong> corpo, e ao tentarem passar por entre os<br />

espaços das malhas, estas se amoldam e tomam a forma <strong>do</strong> perímetro <strong>do</strong> peixe,<br />

penetran<strong>do</strong> na pele ou pressionan<strong>do</strong>, nas reentrâncias e nas saliências <strong>do</strong> corpo<br />

(nada<strong>de</strong>ira peitoral e nada<strong>de</strong>ira <strong>do</strong>rsal), ou enredan<strong>do</strong>-se na panagem ou pren<strong>de</strong>n<strong>do</strong>se<br />

pelos <strong>de</strong>ntes. Este tipo <strong>de</strong> apetrecho é eficiente na seletivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos, pois<br />

os menores po<strong>de</strong>m nadar entre os espaços vazios das malhas, e os maiores não


182<br />

conseguem ultrapassar o pano, ou seja, não entram no interior da malha, baten<strong>do</strong> no<br />

pano e retornan<strong>do</strong>.<br />

As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tresmalho ou feticeiras (Fig.14) são apetrechos <strong>de</strong> pesca semelhantes às<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhar quanto à construção e meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> lançamento, recolhimento e<br />

fixação, mas se diferenciam pelo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> pren<strong>de</strong>r os peixes. Diferentemente das<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhar que possuem um único pano, as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tresmalho são<br />

constituídas por três panos, os externos são <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> alvitanas, possuem<br />

malhas maiores e fios mais fortes, e o pano interno é <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> morto e possui<br />

malhas menores e fios mais finos e flexíveis, altura <strong>do</strong> pano <strong>de</strong> 30 a 60% maior que as<br />

alvitanas, geralmente 40%. Nestas re<strong>de</strong>s os peixes po<strong>de</strong>m passar através <strong>do</strong>s três<br />

panos, po<strong>de</strong>m passar através <strong>do</strong> primeiro pano (primeira alvitana) e ficar emalha<strong>do</strong>s<br />

no pano central (morto), ou po<strong>de</strong>m passar através da primeira alvitana e ao entrar em<br />

contato com o pano central, empurrar este pano para frente, o qual penetrará em uma<br />

malha <strong>do</strong> terceiro pano (segunda alvitana), fican<strong>do</strong> o peixe totalmente envolvi<strong>do</strong> pela<br />

panagem central (Fig. 14).<br />

Figura 14. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhar. São ilustra<strong>do</strong>s os três níveis <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> estas re<strong>de</strong>s<br />

po<strong>de</strong>m atuar (Fonte: fao.org).<br />

As tralhas constituem a estrutura básica na qual se sustenta a armação da re<strong>de</strong>. A<br />

tralha superior é constituída por um cabo resistente que sustenta o pano da re<strong>de</strong> na<br />

vertical através <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> flutua<strong>do</strong>res. Os flutua<strong>do</strong>res po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> diversos


183<br />

materiais (ma<strong>de</strong>ira, isopor, vidro, plástico, etc.) e <strong>de</strong> diversas formas (cilíndricas, ovais,<br />

globulares), varian<strong>do</strong> em tamanho e número conforme as necessida<strong>de</strong>s. Os<br />

flutua<strong>do</strong>res normalmente <strong>de</strong>vem possuir dimensões que não permitam que eles<br />

penetrem nas malhas evitan<strong>do</strong> que fiquem emaranha<strong>do</strong>s com o pano (geralmente<br />

maiores <strong>do</strong> que as malhas), e a distância entre flutua<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> no máximo<br />

75% da altura da re<strong>de</strong> (Friedman, 1986). Os flutua<strong>do</strong>res <strong>de</strong>vem ser resistentes para<br />

suportar a pressão da água e <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, pois flutua<strong>do</strong>res ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s em<br />

gran<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m per<strong>de</strong>r total ou parcialmente o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> flutuação. A<br />

tralha inferior é constituída por um cabo resistente e material pesa<strong>do</strong> (mais <strong>de</strong>nso que<br />

a água), tracionan<strong>do</strong> o pano na vertical para baixo. Os lastros utiliza<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong><br />

diversos materiais (chumbo, ferro, cerâmica, tijolo, saco <strong>de</strong> areia, etc.) e <strong>de</strong> várias<br />

formas (tubular, cilíndrica, em elos, retangular, etc.). Estes pesos <strong>de</strong>vem ser coloca<strong>do</strong>s<br />

na direção <strong>do</strong>s flutua<strong>do</strong>res e proporcional ao empuxo da tralha superior conforme o<br />

tipo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>. A tralha inferior também influi na tensão <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s das malhas, no caso,<br />

<strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> superfície.<br />

O fio que pren<strong>de</strong> a panagem às tralhas é <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> entralho. A panagem é<br />

pendida às tralhas em distâncias fixas <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> encala. A cada encala colocase<br />

um número <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> <strong>de</strong> malhas que será responsável pela forma <strong>de</strong> armação<br />

da re<strong>de</strong>. O fio <strong>do</strong> entralho <strong>de</strong>ve ser mais forte <strong>do</strong> que o fio da construção <strong>do</strong> pano. No<br />

entralhamento os cabos das tralhas <strong>de</strong>vem estar bem estica<strong>do</strong>s e não po<strong>de</strong>m se torcer<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> presos à panagem.<br />

A confecção <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s com monofilamento apresenta algumas vantagens em relação a<br />

custos e algumas proprieda<strong>de</strong>s físicas, como transparência, resistência, elasticida<strong>de</strong>,<br />

flexibilida<strong>de</strong>, estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s nós e diâmetro <strong>do</strong> fio. A superfície <strong>do</strong> pano <strong>de</strong> re<strong>de</strong> é um<br />

<strong>do</strong>s parâmetros que relaciona<strong>do</strong> com sua altura e com o comportamento <strong>do</strong> peixe<br />

influem significativamente para a eficiência <strong>do</strong> apetrecho <strong>de</strong> pesca, já que as re<strong>de</strong>s<br />

po<strong>de</strong>m ser confeccionadas para a faixa <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> localização da espécie que<br />

se quer capturar. Re<strong>de</strong>s com mesma superfície po<strong>de</strong>m ter rendimento <strong>de</strong> captura por<br />

m² diferente para a mesma espécie, se houver variação no parâmetro <strong>de</strong> altura. Re<strong>de</strong>s<br />

para captura <strong>de</strong> espécies pelágicas. que possuem maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> migração na<br />

vertical, necessitam <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s com maior altura cobrin<strong>do</strong> por vezes toda coluna vertical<br />

<strong>de</strong> água. No Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul as re<strong>de</strong>s para espécies pelágicas, geralmente <strong>de</strong><br />

enchovas cobrem toda coluna da água pois gran<strong>de</strong> captura é efetuada nas zonas<br />

costeiras. Re<strong>de</strong>s para captura <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, com forma achatada, não se<br />

<strong>de</strong>slocam mais 1m a cima <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>. Re<strong>de</strong>s para lingua<strong>do</strong> e também para camarões,


184<br />

não <strong>de</strong>ve ter mais <strong>do</strong> que 1,5 a 2,0 m <strong>de</strong> altura. Bagre, pescada, castanha, pescada<br />

olhuda, corvina, re<strong>de</strong>s com 4 a 5 m e até 7 metros <strong>de</strong> altura.<br />

3.6. Dragas<br />

Este méto<strong>do</strong> é usa<strong>do</strong> principalmente para a captura <strong>de</strong> moluscos bivalves tais como<br />

ostras, e vieiras <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> marinho, embora também é usa<strong>do</strong> para a coleta <strong>de</strong> ouriços<strong>do</strong>-mar.<br />

Este aparelho tem evoluí<strong>do</strong> por séculos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o simples aparelho aciona<strong>do</strong> à<br />

mão até sofisticadas dragas com sistemas <strong>de</strong> esguichos d’água para <strong>de</strong>senterrar<br />

moluscos. Basicamente a draga é um cesto <strong>de</strong> metal, molda<strong>do</strong> sobre uma armação <strong>de</strong><br />

aço, com o fun<strong>do</strong> composto por anéis <strong>de</strong> aço conecta<strong>do</strong>s ou por re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arame. A<br />

borda dianteira inferior da armação possui uma barra que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>ntada ou não, o<br />

<strong>de</strong>senho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das características das espécies a serem capturadas. Uma pesada<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> aço posicionada logo atrás da barra dianteira serve para reter a captura. A<br />

barra <strong>de</strong>ntada é enterrada no fun<strong>do</strong> marinho e arrastada pela embarcação, com a qual<br />

os mariscos são arrasta<strong>do</strong>s da areia ou lama e <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s na re<strong>de</strong>. As embarcações<br />

<strong>de</strong> maior capacida<strong>de</strong> arrastam várias dragas em ambos os la<strong>do</strong>s (Fig. 15). Nas dragas<br />

<strong>de</strong> sucção e hidráulicas, jatos <strong>de</strong> água são direciona<strong>do</strong>s aos sedimentos, <strong>de</strong>slocan<strong>do</strong><br />

os mariscos que são coleta<strong>do</strong>s em uma re<strong>de</strong> (draga hidráulica) o succiona<strong>do</strong>s da<br />

superfície através <strong>de</strong> um tubo (draga <strong>de</strong> sucção).<br />

4. Amostragem biológica<br />

No estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> recursos pesqueiros, a principal<br />

fonte <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s são as próprias pescarias. A composição específica das capturas e os<br />

seus respectivos volumes e estruturas <strong>de</strong> tamanhos são da<strong>do</strong>s essenciais. Os<br />

cruzeiros oceanográficos <strong>de</strong> prospecção <strong>de</strong> recursos pesqueiros são vantajosos para<br />

a coleta <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, pois em <strong>de</strong>sembarques comerciais, parte da captura que<br />

não possui interesse é <strong>de</strong>scartada no mar.<br />

Num cruzeiro científico os principais méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> peixes são as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

arrasto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> e <strong>de</strong> meia água. As capturas com estes méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesca po<strong>de</strong>m ser<br />

volumosas, sen<strong>do</strong> necessário dividir ou quartear a captura em pequenas subamostras<br />

para a coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. Para tanto, toda a captura é pesada em balaios ou<br />

monoblocos, enchi<strong>do</strong>s com todas as espécies misturadas e apanhadas <strong>de</strong> forma<br />

aleatória. Uma subamostra consi<strong>de</strong>rada representativa <strong>do</strong> total captura<strong>do</strong> é <strong>de</strong><br />

aproximadamente 20% em peso <strong>de</strong>ste total (Sparre & Venema, 1993). Assim, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> pesada toda captura, escolhe-se o número <strong>de</strong> monoblocos que somam 20% <strong>do</strong>


185<br />

peso da captura para <strong>de</strong>terminar a sua composição específica, o percentual em peso<br />

representa<strong>do</strong> por cada espécie e outros da<strong>do</strong>s biológicos. Se a captura for muito<br />

gran<strong>de</strong>, a subamostra po<strong>de</strong> ainda ser subdividida, com as respectivas proporções para<br />

a estimativa <strong>do</strong> total da espécie.<br />

Figura 15. Exemplos <strong>de</strong> dragas utilizadas na pesca <strong>de</strong> moluscos bivalves, e ilustração <strong>de</strong> várias<br />

dragas sen<strong>do</strong> arrastadas <strong>de</strong> forma simultânea para maior eficiência da operação <strong>de</strong><br />

pesca (Fonte: fao.org). Na imagem apresenta-se a draga operada no N/Oc Atlântico Sul.<br />

4.1. Amostragem biológica <strong>do</strong>s peixes<br />

Para <strong>de</strong>terminar a estrutura <strong>de</strong> tamanhos realiza-se primeiro a triagem das espécies<br />

na subamostra. Os indivíduos <strong>de</strong> cada espécie são medi<strong>do</strong>s e pesa<strong>do</strong>s<br />

individualmente. As medidas <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> uso comum em peixes são: o<br />

comprimento total (CT), o comprimento furcal (CF) e o comprimento padrão (CP) (Fig.<br />

16). O CT é medi<strong>do</strong> da ponta <strong>do</strong> focinho <strong>do</strong> peixe ao extremo distal da nada<strong>de</strong>ira<br />

caudal. O CF é medi<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o focinho ao vértice <strong>do</strong> ângulo forma<strong>do</strong> entre os lobos<br />

superior e inferior da nada<strong>de</strong>ira caudal. O CP é medi<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o focinho até o extremo<br />

distal da coluna vertebral nos peixes ósseos, ou até o inicio da nada<strong>de</strong>ira caudal nos<br />

tubarões. Nas raias são usa<strong>do</strong>s o comprimento total ou a largura <strong>do</strong> disco.


186<br />

Entretanto, algumas <strong>de</strong>stas medições po<strong>de</strong>m ser mais precisas em algumas espécies<br />

e menos em outras. Em peixes ósseos, por exemplo, muitas espécies possuem raios<br />

nas suas nada<strong>de</strong>iras, que <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua fragilida<strong>de</strong>, freqϋentemente se quebram ou<br />

danificam durante o arrasto. Desta forma o CT ou o CF <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> serem medidas<br />

precisas, sen<strong>do</strong> aconselha<strong>do</strong> o uso <strong>do</strong> CP.<br />

Figura 16. Medidas <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> uso comum em peixes. CT, comprimento total; CP,<br />

comprimento padrão; C, comprimento furcal; LD, largura <strong>de</strong> disco (Fonte: fishbase.org).<br />

Dentro da amostragem biológica há uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostras e da<strong>do</strong>s que<br />

po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ser coleta<strong>do</strong>s. Os parâmetros populacionais <strong>de</strong> reprodução,<br />

crescimento, mortalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>mografia são informações indispensáveis para a<br />

avaliação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> exploração <strong>do</strong>s recursos pesqueiros e a sua estimativa passa<br />

pela coleta <strong>de</strong> material para análise e da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s indivíduos na amostragem biológica.<br />

Para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s estoques ou unida<strong>de</strong>s populacionais, uma abordagem é a<br />

coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s morfométricos e merísticos, on<strong>de</strong> são registradas dimensões lineares<br />

<strong>de</strong> diferentes partes <strong>do</strong> corpo, como nada<strong>de</strong>iras, boca, narinas, distâncias entre<br />

estruturas, e a contagem <strong>de</strong> estruturas repetidas como espinhos, raios, <strong>de</strong>ntes, rastros<br />

branquiais, etc. No estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> crescimento, além <strong>de</strong> registrar o comprimento <strong>do</strong> peixe,<br />

sexo e data da captura são coletadas estruturas rígidas como espinhos, otólitos,<br />

escamas ou vértebras, para serem utiliza<strong>do</strong>s como estruturas <strong>de</strong> aposição, isto é,


187<br />

estruturas calcificadas que <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao padrão <strong>de</strong> crescimento são registradas marcas<br />

que po<strong>de</strong>m ser relacionadas ao tempo, e com isso permitem estimativas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. No<br />

estu<strong>do</strong> da reprodução se coletam as gônadas, que são avaliadas quanto ao grau <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento para po<strong>de</strong>r estabelecer o ciclo reprodutivo da espécie, i<strong>de</strong>ntificar<br />

área e épocas críticas a esse ciclo e ainda estimar o tamanho em que 50% <strong>do</strong>s<br />

indivíduos da espécie atingem a maturação sexual. Todas estas informações<br />

constituem a base para o manejo e uso racional <strong>do</strong>s recursos pesqueiros e <strong>de</strong> posse<br />

<strong>de</strong>las po<strong>de</strong>m ser propostas medidas <strong>de</strong> manejo e <strong>de</strong> uso sustenta<strong>do</strong>.<br />

4.2. Amostragem biológica <strong>do</strong>s crustáceos<br />

A amostragem biológica em crustáceos fornece informações extremamente valiosas<br />

sobre a população estudada. Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (ou tamanho), maturação,<br />

épocas e áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> estoques, crescimento e mortalida<strong>de</strong>,<br />

po<strong>de</strong>m ser obti<strong>do</strong>s através <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> amostragem.<br />

No que diz respeito à obtenção <strong>de</strong> informações sobre a estrutura populacional, seja <strong>de</strong><br />

tamanho ou <strong>de</strong> estoque, alguns da<strong>do</strong>s morfométricos são extremamente váli<strong>do</strong>s. Estas<br />

medidas lineares são obtidas <strong>de</strong> maneira simples utilizan<strong>do</strong> normalmente um<br />

paquímetro ou régua. Para estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estrutura etária da população utiliza-se<br />

normalmente a medida <strong>de</strong> comprimento da carapaça (CC), já que esta guarda uma<br />

relação direta com o comprimento total <strong>do</strong> animal e não está tão sujeita à quebra como<br />

a medida anteriormente citada (Fig. 17).<br />

Figura 17. Medidas utilizadas em estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> biometria em crustáceos. CR, comprimento <strong>do</strong><br />

rostro; CC, comprimento da carapaça; CT, comprimento total, Ctel, comprimento <strong>do</strong><br />

télso. O número <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes no rostro (ND) po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong> como variável merística,<br />

enquanto que as <strong>de</strong>mais medidas são classificadas como variáveis morfométricas.<br />

Para estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s estoques utilizam-se técnicas morfométricas ou<br />

merísticas. A morfometria consiste em utilizar uma combinação <strong>de</strong> medidas lineares e<br />

compará-las entre grupos <strong>de</strong> locais distintos, testan<strong>do</strong> possíveis diferenças entre


188<br />

grupos da mesma espécie, que po<strong>de</strong>m ser reflexo <strong>do</strong> ambiente em que vivem ou por<br />

isolamento reprodutivo. Já a merística, consiste em contar o número <strong>de</strong> estruturas<br />

fixas (espinhos, <strong>de</strong>ntes) e comparar o padrão encontra<strong>do</strong> em diferentes subgrupos da<br />

mesma espécie. Desta forma, também se po<strong>de</strong> inferir o grau <strong>de</strong> isolamento <strong>de</strong> cada<br />

um <strong>do</strong>s e criar medidas <strong>de</strong> manejo compatíveis com cada um <strong>de</strong>les.<br />

No que diz respeito à amostragem biológica, outra questão importante é a obtenção <strong>de</strong><br />

informações reprodutivas. O primeiro passo para se estudar a reprodução <strong>de</strong> um<br />

crustáceo, é i<strong>de</strong>ntificar o estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da gônada <strong>do</strong> indivíduo. Para<br />

isto, coleta-se o ovário ou testículo ainda fresco fixan<strong>do</strong>-os normalmente em formalina<br />

10%. Uma referência cromática <strong>do</strong> ovário é normalmente tomada por comparação com<br />

uma tabela <strong>de</strong> cores padrão (Pantone) para que se possa estabelecer uma relação<br />

entre o observa<strong>do</strong> macroscopicamente e a condição <strong>de</strong> maturação histológica <strong>do</strong><br />

teci<strong>do</strong> ovariano (Fig. 18). O teci<strong>do</strong> fixa<strong>do</strong> é então submeti<strong>do</strong> a um processo histológico<br />

tradicional, sen<strong>do</strong> cora<strong>do</strong> com Hematoxilina e Eosina e posteriormente monta<strong>do</strong> em<br />

lâmina permanente. Desta forma, se cria uma relação entre a caracterização<br />

macroscópica e a microscópica <strong>do</strong>s ovários e testículos, resultan<strong>do</strong> em um méto<strong>do</strong><br />

prático <strong>de</strong> classificação das gônadas em laboratório (Fig. 19). Adicionalmente, po<strong>de</strong>-se<br />

estabelecer uma razão entre o peso da gônada e o peso total <strong>do</strong> indivíduo, o que é<br />

chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> Índice Gona<strong>do</strong>ssomático (IGS). A variação sazonal <strong>de</strong>ste índice po<strong>de</strong><br />

indicar a época reprodutiva para uma <strong>de</strong>terminada espécie, já que a importância<br />

relativa <strong>do</strong> peso da gônada <strong>de</strong>senvolvida é maior durante este perío<strong>do</strong>.<br />

Figura 18. Classificação macroscópica <strong>do</strong> ovário <strong>de</strong> camarão-rosa (Farfantepenaeus<br />

paulensis).


189<br />

Uma vez que se po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o grau <strong>de</strong> maturação das gônadas, é possível<br />

<strong>de</strong>terminar quais as épocas e áreas reprodutivas, assim como <strong>de</strong>terminar o tamanho<br />

médio <strong>de</strong> primeira maturação para a população estudada, fornecen<strong>do</strong> uma valiosa<br />

informação para o manejo eficiente <strong>do</strong>s estoques pesqueiros.<br />

Normalmente são i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s quatro estágios histológicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

gônada feminina <strong>de</strong> camarões, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com características das células nos ovários<br />

estes estágios são:<br />

Estágio I (pré-vitelogênese ou imaturo):<br />

Neste estágio as células mais abundantes são as oogônias (og), que fazem parte <strong>do</strong><br />

epitélio germinativo. As oogônias são as células menores, ovaladas ou arre<strong>do</strong>ndadas.<br />

Seu núcleo é esférico, ocupan<strong>do</strong> quase toda a célula. Apresenta um núcleo<br />

excêntrico e o citoplasma com intensa basilifilia. Essas células ocupam a porção<br />

central <strong>do</strong> ovário, forman<strong>do</strong> a zona <strong>de</strong> proliferação.<br />

Os ovócitos imaturos (ovI) ocupam a porção mais periférica da gônada e são<br />

caracteriza<strong>do</strong>s por um citoplasma basófilo e um maior tamanho (Fig. 18) que as<br />

oogônias. O diâmetro médio <strong>de</strong>stas células durante esse estágio é 56,9 µm. Os<br />

ovócitos <strong>do</strong> estágio I possuem forma arre<strong>do</strong>ndada ou angulada, com núcleo esférico,<br />

apresentan<strong>do</strong> nucléolos na região periférica <strong>do</strong> núcleo.<br />

Estágio II (vitelogênese inicial ou maturação inicial)<br />

Essa fase é marcada pelo início da vitelogênese, já que começam a aparecer<br />

vesículas pouco coradas no citoplasma. O diâmetro médio da célula aumenta para<br />

127 µm. O núcleo é gran<strong>de</strong> e possui forma esférica. O citoplasma torna-se acidófilo,<br />

adquirin<strong>do</strong> a cor rosa quan<strong>do</strong> cora<strong>do</strong> por HE. Ovócitos característicos <strong>do</strong> estágio I<br />

também estão presentes.<br />

Estágio III (vitelogênese final ou maduro):<br />

Os ovócitos continuam a aumentar <strong>de</strong> tamanho e o diâmetro médio nesse estágio é<br />

183 µm. Nesta fase as vesículas aumentam <strong>de</strong> tamanho e são chamadas <strong>de</strong><br />

grânulos, que agora são acidófilos (maior afinida<strong>de</strong> pela eosina) e concentram-se na<br />

região cortical. Durante este estágio foram encontra<strong>do</strong>s ovócitos I e II<br />

simultaneamente com os ovócitos III.<br />

Estágio IV (<strong>de</strong>sova<strong>do</strong>):<br />

Neste estágio o ovário per<strong>de</strong> a organização celular, restan<strong>do</strong> lacunas geradas pela<br />

liberação <strong>do</strong>s ovócitos maduros, células foliculares e grânulos <strong>de</strong> vitelo. Alguns<br />

ovócitos em estágio III permanecem no ovário.


190<br />

Figura 19. Resulta<strong>do</strong> final da classificação macroscóica associada ao resulta<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> através<br />

<strong>do</strong> processamento histológico para Farfantepenaeus paulensis.<br />

5. Referências bibliográficas<br />

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