11.02.2014 Views

O Exame do Sêmen na Infertilidade Masculina: V- Exame ...

O Exame do Sêmen na Infertilidade Masculina: V- Exame ...

O Exame do Sêmen na Infertilidade Masculina: V- Exame ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE MICRORGANISMOS<br />

DETECTADOS NO SÊMEN<br />

O isolamento de bactérias e outros microrganismos no sêmen<br />

variam entre 10 e 100% das amostras a<strong>na</strong>lisadas, dependen<strong>do</strong><br />

da população estudada (61). A prevalência das<br />

espécies também é variável, pois há vários fatores que afetam<br />

o isolamento destes microrganismos, como segue:<br />

• As populações avaliadas em estu<strong>do</strong>s prévios foram heterogêneas<br />

(homens férteis, inférteis, com uretrite, prostatite,<br />

etc.) e os resulta<strong>do</strong>s bem varia<strong>do</strong>s (46);<br />

• Vários estu<strong>do</strong>s não usaram procedimentos, para evitar a<br />

contami<strong>na</strong>ção <strong>do</strong> sêmen pela flora bacteria<strong>na</strong> uretral durante<br />

a colheita, o que aumenta a freqüência bacteria<strong>na</strong> da<br />

amostra a<strong>na</strong>lisada (14);<br />

• As investigações reportadas previamente, de um mo<strong>do</strong><br />

geral, não pesquisaram to<strong>do</strong>s os microrganismos que podem<br />

ser detecta<strong>do</strong>s no sêmen.<br />

Desta forma, praticamente não há uma informação bem<br />

definida, sobre a prevalência de microrganismos no sêmen<br />

e seu papel etiológico em infecções genitais. São ape<strong>na</strong>s<br />

informações isoladas, muitas vezes conflitantes e, geralmente,<br />

de pouco valor clínico. Consultan<strong>do</strong> as informações<br />

disp.oníveis, resume-se, que os seguintes microrganismos<br />

podem ser detecta<strong>do</strong>s no sêmen (veja Tabela I):<br />

TABELA I<br />

Microrganismos comensais e potencialmente patogênicos<br />

que podem ser detecta<strong>do</strong>s no sêmen<br />

Bactérias aeróbicas<br />

Staphylococcus aureus<br />

Streptococcus epidermidis<br />

Staphylococcus saprophyticus<br />

Enterococcus faecalis<br />

Streptococcus sp.<br />

Enterobacteriaceae sp.<br />

Pseu<strong>do</strong>mo<strong>na</strong>s sp.<br />

Bactérias a<strong>na</strong>eróbicas e<br />

facultativas<br />

Peptococcus sp..<br />

Peptostreptococcus sp..<br />

Lactobacillus sp..<br />

Corynebacterium sp..<br />

Eubacterium sp..<br />

Bifi<strong>do</strong>bacterium sp..<br />

Propionibacterium sp..<br />

Bacillus sp..<br />

Clostridium sp..<br />

Neisseria sp..<br />

Neisseria gonorrhoeae<br />

Veillonella sp..<br />

Acinetobacter s.p<br />

Actinomyces sp..<br />

Bacteroides sp..<br />

Fusobacterium sp..<br />

Gardnerella sp..<br />

Mobiluncus sp..<br />

Fungos<br />

Candida albicans<br />

Candida krusei<br />

Candida tropicalis<br />

Torulopsis glabrata<br />

Rho<strong>do</strong>torula sp..<br />

Outros microrganismos<br />

Mycoplasma genitalium<br />

Mycoplasma hominis<br />

Ureaplasma urealyticum<br />

Chlamydia trachomatis<br />

Trichomo<strong>na</strong>s sp..<br />

Bactérias aeróbicas gram positivas<br />

São as bactérias mais comuns, pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> os cocos gram<br />

positivos (Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus saprophyticus,<br />

Staphylococcus aureus e Enterococcus faecalis)<br />

(71). Em pacientes assintomáticos, a colonização destas<br />

bactérias ocorre <strong>na</strong> glande, uretra proximal e uretra distal<br />

(22,81,98). O isolamento varia entre 10% e 100% das amostras<br />

e geralmente ocorre em baixas concentrações (10 4 ufc/ml é raro e sugestivo de infecção genital.<br />

Bactérias aeróbicas gram negativas<br />

Sua freqüência é menor que 10% (46) e raramente são isoladas<br />

em homens assintomáticos. Portanto, sua presença<br />

no sêmen é sugestiva de infecção genital. Escherichia coli<br />

é a bactéria mais comum, mas são também detecta<strong>do</strong>s Proteus<br />

sp., Klebsiella sp., Enterobacter sp. e raramente a<br />

Pseu<strong>do</strong>mo<strong>na</strong>s sp.. Estas bactérias geralmente afetam a motilidade<br />

espermática (40).<br />

Bactérias a<strong>na</strong>eróbicas<br />

A presença de bactérias a<strong>na</strong>eróbicas no sêmen é conhecida<br />

há muito tempo, mas, pouca atenção é dada a seu isolamento<br />

e sua etiologia em infecções genitais. Rotineiramente isolam-se<br />

Peptococcus sp. e Peptostreptococcus sp., Eubacterium<br />

sp., Bacteroides sp., Fusobacterium sp. e com menor freqüência<br />

Corynebacterium sp. (27,43). Este isolamento ocorre<br />

em indivíduos assintomáticos (98), com uretrite, prostatite,<br />

prostato-vesiculites e balanitis (74). De um mo<strong>do</strong> geral,<br />

as bactérias a<strong>na</strong>eróbicas são habitantes <strong>na</strong>turais da uretra,<br />

mas são potencialmente patogênicas. Desta forma, em algumas<br />

circunstâncias desenvolvem um processo infeccioso,<br />

geralmente de <strong>na</strong>tureza polimicrobia<strong>na</strong>. Assim é comum o<br />

isolamento de diferentes bactérias a<strong>na</strong>eróbicas (às vezes 5<br />

ou mais bactérias) <strong>na</strong> mesma amostra semi<strong>na</strong>l.<br />

No trato genital feminino é bem definida, a associação destas<br />

bactérias com infecções ginecológicas e obstétricas graves,<br />

vaginite e vaginose bacteria<strong>na</strong> (15,53,54). Contrastan<strong>do</strong><br />

com seu alto poder infectante, estes microrganismos<br />

também são isola<strong>do</strong>s em mulheres normais (54).<br />

Além das espécies citadas acima, também se isolam de roti<strong>na</strong><br />

no exame microbiológico <strong>do</strong> sêmen Lactobacillus sp.,<br />

Veillonella sp., Propionibacterium sp. e Bifi<strong>do</strong>bacterium<br />

sp.. Por outro la<strong>do</strong>, raramente são isoladas Actynomyces<br />

sp. e Clostridium sp., Neisseria sp. (incluin<strong>do</strong> a Neisseria<br />

gonorrhoeae) e algumas bactérias não convencio<strong>na</strong>is tais<br />

como Rubrivanex sp., Burkholde<strong>na</strong> sp. e Streptococcus<br />

pneumoniae (43). Ressalta-se que, em um estu<strong>do</strong> anterior<br />

(42), observou-se a aderência de bactérias a<strong>na</strong>eróbicas em<br />

células <strong>do</strong> epitélio uretral presentes no ejacula<strong>do</strong>. Desta<br />

forma, suspeita-se que o sêmen pode ser um veículo de<br />

transmissão destes microrganismos para o trato genital feminino,<br />

causan<strong>do</strong> a vaginose bacteria<strong>na</strong>. Tal característica<br />

também foi observada por este autor previamente (2).<br />

Micoplasmas<br />

Micoplasmas são microrganismos da classe Mollicutes, que<br />

abrange mais de 120 espécies, das quais, seis colonizam o<br />

trato genital masculino (84). Destas, três são considera<strong>do</strong>s<br />

clinicamente importantes: Mycoplasma hominis, Mycoplasma<br />

genitalium e Ureaplasma urealyticum. Estas<br />

espécies são potencialmente patogênicas e atuam como<br />

agentes etiológicos de infecções genitais, inclusive no trato<br />

genital feminino.<br />

Micoplasmas são conheci<strong>do</strong>s desde o século 19 (65), mas o<br />

primeiro isolamento em seres humanos somente foi reporta<strong>do</strong><br />

em 1937, por Dienes & Edsall (25), que detectaram um<br />

microrganismo com características sugestivas de Mycoplasma<br />

hominis em uma mulher com abscesso <strong>na</strong> glândula<br />

de Bartholin. Esta espécie somente foi definitivamente<br />

identificada nos anos 50, ao passo que o Ureaplasma urealyticum<br />

e Mycoplasma genitalium foram descobertos <strong>na</strong>s<br />

décadas de 50 e 80, respectivamente.<br />

Resume-se a importância clínica das esp.écies de micoplasmas<br />

no trato genital masculino como segue:<br />

Mycoplamas hominis – No homem é descrito como comensal,<br />

por ser freqüentemente isola<strong>do</strong> em indivíduos assinto-<br />

50 RBAC, vol. 40(1): 49-56, 2008

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!