Fisioterapia na Recuperação Funcional do Ombro de um ... - APF
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Revista Portuguesa <strong>de</strong> <strong>Fisioterapia</strong> no Desporto<br />
Na procura <strong>de</strong> estabelecer <strong>um</strong>a relação entre as<br />
causas referidas anteriormente relembramos que o<br />
mecanismo <strong>de</strong> lesão aconteceu no fim <strong>de</strong> <strong>um</strong> treino<br />
<strong>de</strong> musculação quan<strong>do</strong> colocou o saco no ombro<br />
esquer<strong>do</strong> (realizan<strong>do</strong> <strong>um</strong> movimento brusco <strong>de</strong><br />
abdução e rotação exter<strong>na</strong>), altura em que<br />
possivelmente quer os músculos escapulo-torácicos<br />
quer os músculos da coifa <strong>do</strong>s rota<strong>do</strong>res se<br />
encontravam “fatiga<strong>do</strong>s” e propensos a <strong>de</strong>senvolver<br />
disfunção muscular <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a alteração <strong>do</strong>s padrões<br />
<strong>de</strong> activação. Esta disfunção po<strong>de</strong> ter esta<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />
origem da alteração <strong>do</strong> ritmo escapulo-<strong>um</strong>eral que<br />
po<strong>de</strong> ter leva<strong>do</strong> a <strong>um</strong>a sobrecarga <strong>do</strong>s<br />
estabiliza<strong>do</strong>res passivos (neste caso o labr<strong>um</strong><br />
glenoi<strong>de</strong>u) crian<strong>do</strong> assim <strong>um</strong>a instabilida<strong>de</strong> <strong>na</strong><br />
gleno-<strong>um</strong>eral, que vai provocar alterações ao nível<br />
<strong>do</strong> ritmo escápulo-<strong>um</strong>eral e <strong>de</strong>scentragem dinâmica<br />
da cabeça <strong>do</strong> úmero.<br />
Estas alterações levam a compensações e a <strong>um</strong><br />
conflito sub-acromial secundário que se manifestará<br />
reproduzin<strong>do</strong> sintomas (<strong>do</strong>r e instabilida<strong>de</strong>)<br />
compatíveis com sobrecarga nos tendões da coifa<br />
<strong>do</strong>s rota<strong>do</strong>res, incapacida<strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>l e alteração<br />
<strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> movimento como vem <strong>de</strong>scrito <strong>na</strong><br />
história clínica.<br />
O diagnóstico clinico é fundamental para se<br />
<strong>de</strong>spistar estas lesões estruturais (lesão <strong>do</strong> labr<strong>um</strong>)<br />
das lesões associadas ao simples conflito subacromial,<br />
procuran<strong>do</strong> minimizar as potenciais<br />
complicações a médio e a longo prazo (episódios<br />
<strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> com sub-luxação e condropatias<br />
secundárias associadas).<br />
Não nos po<strong>de</strong>mos esquecer <strong>do</strong>s factores<br />
individuais neste caso <strong>um</strong>a vez que se trata <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />
indivíduo bastante activo fisicamente quer pela<br />
solicitação da própria profissão quer pelos<br />
<strong>de</strong>sportos/activida<strong>de</strong>s físicas que pratica. O<br />
conjunto <strong>de</strong>ssas activida<strong>de</strong>s parece ter predisposto<br />
à lesão.<br />
Parece-nos importante reflectir sobre as hipóteses<br />
levantadas e <strong>de</strong>scritas <strong>um</strong>a vez que para além da<br />
lesão n<strong>um</strong> <strong>do</strong>s estabiliza<strong>do</strong>res passivos (labr<strong>um</strong><br />
glenoi<strong>de</strong>u) verificava-se <strong>um</strong>a disfunção <strong>de</strong> base,<br />
instabilida<strong>de</strong> dinâmica, com a consequente<br />
alteração <strong>do</strong> controlo motor, o que nos sugere ter<br />
esta<strong>do</strong> <strong>na</strong> origem <strong>de</strong> to<strong>do</strong> este processo<br />
“pathokinesiológico”.<br />
Sen<strong>do</strong> coerente com este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> análise <strong>do</strong>s<br />
si<strong>na</strong>is e sintomas <strong>de</strong>scritos nesta condição clínica o<br />
sucesso da intervenção passa igualmente por <strong>um</strong><br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> intervenção multidiscipli<strong>na</strong>r coor<strong>de</strong><strong>na</strong><strong>do</strong><br />
e sintoniza<strong>do</strong> nos objectivos terapêuticos e<br />
funcio<strong>na</strong>is que se po<strong>de</strong>m res<strong>um</strong>ir em 3 fases<br />
fundamentais:<br />
• Diagnóstico clínico e funcio<strong>na</strong>l correcto e tão<br />
precoce quanto possível para a escolha<br />
a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> <strong>um</strong> plano terapêutico<br />
• Reparação cirúrgica a<strong>de</strong>quada das lesões<br />
estruturais existentes (apesar <strong>de</strong> <strong>um</strong> diagnóstico<br />
diferencial mais tardio neste caso).<br />
• Plano <strong>de</strong> reeducação funcio<strong>na</strong>l centra<strong>do</strong> no<br />
paciente e <strong>de</strong>vidamente articula<strong>do</strong> com o<br />
cirurgião e com o tipo <strong>de</strong> cirurgia.<br />
Consi<strong>de</strong>ramos fi<strong>na</strong>lmente que este é <strong>um</strong> caso <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> eficiência <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s<br />
implementa<strong>do</strong> pela equipa responsável (médico e<br />
fisioterapeutas), <strong>um</strong>a vez que ape<strong>na</strong>s foram<br />
realizadas treze sessões <strong>de</strong> <strong>Fisioterapia</strong> para<br />
assegurar <strong>um</strong>a recuperação funcio<strong>na</strong>l ple<strong>na</strong> no pósoperatório<br />
<strong>de</strong> <strong>um</strong>a cirurgia <strong>de</strong> reconstrução <strong>do</strong><br />
labr<strong>um</strong> glenoi<strong>de</strong>iu <strong>de</strong> <strong>um</strong> paciente com elevadas<br />
exigências físicas ao nível <strong>do</strong>s membros<br />
superiores. No entanto este reduzi<strong>do</strong> nº <strong>de</strong> sessões<br />
foi compensa<strong>do</strong> pelo excelente trabalho realiza<strong>do</strong><br />
pelo próprio paciente que <strong>de</strong>vidamente orienta<strong>do</strong><br />
c<strong>um</strong>pria <strong>um</strong> programa <strong>de</strong> auto-tratamento.<br />
Vol<strong>um</strong>e 4 | Número 1 57