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Inovação organizacional e formação em contexto de trabalho

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= Colecção DISSEMINAR = nº 1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

Inovação<br />

<strong>organizacional</strong><br />

e formação<br />

<strong>em</strong> <strong>contexto</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

MINISTÉRIO DO TRABALHO<br />

E DA SOLIDARIEDADE SOCIAL


índice<br />

03<br />

04<br />

05<br />

06<br />

08<br />

09<br />

14<br />

21<br />

22<br />

28<br />

32<br />

36<br />

36<br />

40<br />

40<br />

43<br />

45<br />

APRESENTAÇÃO<br />

BILHETE DE IDENTIDADE<br />

INTRODUÇÃO<br />

ORGANIZAÇÃO TEMÁTICA DAS “APRENDIZAGENS RT4”<br />

MENSAGENS-CHAVE RESULTANTES DOS PROJECTOS<br />

EQUAL RT4<br />

1. Metodologias inovadoras<br />

<strong>de</strong> formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

2. Motivação <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregadores<br />

e trabalhadores<br />

para Aprendizag<strong>em</strong><br />

ao Longo da Vida<br />

3. Validação e certificação<br />

<strong>de</strong> competências:<br />

ferramenta <strong>de</strong> <strong>em</strong>powerment<br />

e motivação<br />

RECOMENDAÇÕES POLÍTICAS<br />

Recomendações compl<strong>em</strong>entares<br />

Enquadramento político<br />

das recomendações<br />

ANEXO METODOLÓGICO<br />

1. Enquadramento t<strong>em</strong>ático<br />

geral<br />

2. Enquadramento conceptual<br />

3.1. A <strong>em</strong>presa como sist<strong>em</strong>a adaptativo<br />

3.2.Relações indivíduo-organização<br />

3.3. Que inovação <strong>organizacional</strong><br />

FICHA TÉCNICA:<br />

Autores = Alexandre Costa, Florindo Ramos<br />

Design Gráfico = UP - Agência <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong><br />

Tirag<strong>em</strong> = 600 ex<strong>em</strong>plares<br />

Agosto 2005<br />

Gabinete <strong>de</strong> Gestão EQUAL<br />

Avenida da República, 62, 7º<br />

1050-197 Lisboa<br />

Telefone = 217 994 930<br />

Fax = 217 933 920<br />

www.equal.pt<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº 1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

apresentação<br />

Documentos construídos<br />

ao longo do t<strong>em</strong>po<br />

(Living Document),<br />

que beneficiaram dos progressos<br />

efectuados durante dois anos<br />

e que receberam contributos<br />

escritos das próprias<br />

Parcerias <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

participantes <strong>em</strong> cada Re<strong>de</strong><br />

O Programa EQUAL, com a edição <strong>de</strong>sta colecção “Diss<strong>em</strong>inar”, inicia<br />

uma série <strong>de</strong> documentos t<strong>em</strong>áticos que resultaram da reflexão e<br />

do <strong>trabalho</strong> efectuado nas Re<strong>de</strong>s T<strong>em</strong>áticas EQUAL. Embora a sua<br />

elaboração e autoria seja da responsabilida<strong>de</strong> dos animadores das<br />

Re<strong>de</strong>s T<strong>em</strong>áticas (RTs), cada documento foi <strong>de</strong>senvolvido à medida<br />

que a reflexão t<strong>em</strong>ática foi sendo feita e que os projectos e os seus<br />

produtos foram sendo <strong>de</strong>senvolvidos e consolidados.<br />

São, pois, documentos construídos ao longo do t<strong>em</strong>po (Living Document),<br />

que beneficiaram dos progressos efectuados durante dois<br />

anos pelos projectos EQUAL e que, <strong>em</strong> muitos casos, receberam<br />

contributos escritos das próprias Parcerias <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

participantes <strong>em</strong> cada Re<strong>de</strong> e, até, <strong>de</strong> outros actores, incluindo peritos<br />

dos processos <strong>de</strong> validação <strong>de</strong> produtos que ocorreram nas RTs.<br />

Estes documentos t<strong>em</strong>áticos enquadram-se no esforço con jun to<br />

do Gabinete <strong>de</strong> Gestão EQUAL, dos projectos, das RTs e dos seus animadores,<br />

para a diss<strong>em</strong>ina ção <strong>de</strong> resultados no âmbito da EQUAL.<br />

Cada documento foi estruturado segundo a seguinte metodologia<br />

<strong>de</strong> elaboração:<br />

- Divisão por “t<strong>em</strong>as”, <strong>em</strong> princípio, coinci<strong>de</strong>ntes<br />

com os domínios que cada<br />

RT consi<strong>de</strong>rou pertinente e escolheu<br />

para <strong>de</strong>bate. Coube ao animador <strong>de</strong><br />

cada Re<strong>de</strong> elaborar um índice substantivo<br />

e <strong>de</strong>talhado do documento,<br />

consensualizá-lo com os participantes<br />

e promover o <strong>de</strong>bate sobre os t<strong>em</strong>as<br />

seleccionados.<br />

- Cada “t<strong>em</strong>a” integra um conjunto <strong>de</strong><br />

”mensagens-chave” políticas extraídas<br />

das práticas e produtos dos projectos.<br />

- Para cada “mensag<strong>em</strong>” foram, <strong>em</strong> geral,<br />

abordados:<br />

• a razão <strong>de</strong> ser da proposta <strong>de</strong> política/<br />

/intervenção ou probl<strong>em</strong>a que se preten<strong>de</strong><br />

resolver;<br />

• as soluções encontradas pelo(s) projecto(s)<br />

EQUAL, i<strong>de</strong>ntificando o que é<br />

novo e distintivo;<br />

• estratégias, metodologias, competências, ferramentas, materiais <strong>de</strong><br />

formação, etc., que pod<strong>em</strong> ser partilhados/diss<strong>em</strong>inados;<br />

• os respectivos processos <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação;<br />

• as recomendações políticas.<br />

- Cada “mensag<strong>em</strong>” foi ilustrada com as práticas <strong>de</strong> referência impl<strong>em</strong>en<br />

tadas na EQUAL, por forma a evi<strong>de</strong>nciar o seu valor acrescentado.<br />

Importa referir que a reflexão t<strong>em</strong>ática – e logo os documentos<br />

t<strong>em</strong>áticos – beneficiou da reflexão efectuada nos Grupos T<strong>em</strong>áticos<br />

Europeus no âmbito da EQUAL, com os quais as Re<strong>de</strong>s nacionais<br />

interagiram.<br />

Uma palavra <strong>de</strong> reconhecimento a todos aqueles que contribuíram<br />

para a elaboração <strong>de</strong>ste documento, <strong>em</strong> particular, aos animadores<br />

e participantes na Re<strong>de</strong>s T<strong>em</strong>ática 4 – Formação <strong>em</strong> Contexto <strong>de</strong><br />

Trabalho e Inovação Organizacional. Uma palavra, também, <strong>de</strong><br />

expectativa relativamente à sua utilida<strong>de</strong> para os que, <strong>de</strong>tendo<br />

responsabilida<strong>de</strong>s na área da concepção <strong>de</strong> políticas, possam nele<br />

encontrar informação útil ao seu <strong>trabalho</strong>.<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

3


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

bilhete<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

Nome:<br />

Data <strong>de</strong> nascimento:<br />

Valida<strong>de</strong>:<br />

Duração:<br />

Animadores:<br />

Coor<strong>de</strong>nador:<br />

Projectos envolvidos (13):<br />

Re<strong>de</strong> T<strong>em</strong>ática 4 – Inovação<br />

Organizacional e Formação<br />

<strong>em</strong> Contexto <strong>de</strong> Trabalho<br />

04 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2003<br />

31 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2004<br />

546 dias ou 1 ano e 180 dias<br />

Florindo Ramos<br />

e Alexandra Costa<br />

Pedro Neves<br />

Agir para a Igualda<strong>de</strong>,<br />

CAD,<br />

Ch@tmould,<br />

Co<strong>de</strong>ssus,<br />

F@do,<br />

Gl@ss Challenge,<br />

Melhor Restauração,<br />

Mo<strong>de</strong>lar,<br />

Percursos,<br />

Perfis <strong>de</strong> Formação Comércio Electrónico,<br />

Re-Adapt,<br />

Requal,<br />

Rotas da Cerâmica<br />

4 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

introdução<br />

Figura 1 = Organização t<strong>em</strong>ática<br />

do Living Document da RT4<br />

Este documento representa um resumo dos <strong>trabalho</strong>s <strong>de</strong>senvolvidos<br />

pela RT4 durante a sua existência <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong><br />

vista “político”, isto é, salientando as principais aprendizagens<br />

realizadas na re<strong>de</strong> e “transformando-as” <strong>em</strong> mensagens-chave<br />

capazes <strong>de</strong> influenciar <strong>de</strong>cisores a vários níveis com responsabilida<strong>de</strong>s<br />

no domínio do <strong>em</strong>prego,<br />

formação profissional, gestão <strong>de</strong><br />

recursos humanos, inovação <strong>organizacional</strong>,<br />

etc.<br />

A RT4 t<strong>em</strong> o seu enfoque t<strong>em</strong>ático<br />

nas questões relacionadas com a<br />

Inovação Organizacional <strong>em</strong> geral<br />

e com a formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>trabalho</strong> <strong>em</strong> particular. Assim, tentámos<br />

organizar este documento<br />

s<strong>em</strong>pre com a preocupação <strong>de</strong><br />

r<strong>em</strong>eter todas as aprendizagens<br />

sublinhadas no documento para<br />

aquele <strong>contexto</strong> t<strong>em</strong>ático.<br />

De uma forma mais esqu<strong>em</strong>ática<br />

e intuitiva, a Figura 1 ilustra aquele<br />

processo <strong>de</strong> organização t<strong>em</strong>ática<br />

da informação aqui sintetizada.<br />

Des<strong>de</strong> o início do seu funcionamento,<br />

a RT4 organizou-se <strong>em</strong> subgrupos<br />

<strong>de</strong>signados por “comunida<strong>de</strong>s<br />

virtuais” 1 . Estas, por sua vez, inspiraram-se na organização<br />

t<strong>em</strong>ática do Grupo T<strong>em</strong>ático Europeu (GTE) <strong>de</strong>dicado às<br />

questões da Adaptabilida<strong>de</strong> (GTE3).<br />

No Anexo Metodológico a este Living Document, apresentamos<br />

um enquadramento t<strong>em</strong>ático global, <strong>de</strong>vidamente<br />

integrado nas activida<strong>de</strong>s do GTE3.<br />

1 Esta <strong>de</strong>signação foi utilizada tendo <strong>em</strong> conta a expectativa <strong>de</strong> que estas<br />

comunida<strong>de</strong>s realizariam gran<strong>de</strong> parte do <strong>trabalho</strong> t<strong>em</strong>ático a distância,<br />

apoiados nas tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação (TIC).<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

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INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Organização<br />

t<strong>em</strong>ática das<br />

“aprendizagens RT4”<br />

Pouco após a sua criação, a RT4 organizou-se <strong>de</strong> acordo com a estrutura seguinte:<br />

RT4<br />

Inovação Organizacional<br />

Formação Contexto <strong>de</strong><br />

Trabalho<br />

Comunida<strong>de</strong> Virtual 1<br />

Metodologias inovadoras<br />

Formação Contexto<br />

Trabalho<br />

Comunida<strong>de</strong> Virtual 2<br />

Motivação para ALV<br />

Empregadores<br />

Trabalhadores<br />

Comunida<strong>de</strong> Virtual 3<br />

Validação e<br />

Certificação<br />

<strong>de</strong> Competências<br />

Assim, as aprendizagens e boas práticas realizadas nos projectos que integraram m<strong>em</strong>bros na<br />

RT4 foram agrupadas à volta dos 3 t<strong>em</strong>as centrais da re<strong>de</strong>:<br />

T<strong>em</strong>a 1 – Metodologias inovadoras <strong>de</strong> formação<br />

<strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

T<strong>em</strong>a 2 – Motivação <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregadores e trabalhadores<br />

para a Aprendizag<strong>em</strong> ao Longo da Vida<br />

T<strong>em</strong>a 3 – Validação e Certificação <strong>de</strong> Competências<br />

como veículo para o <strong>em</strong>powerment<br />

e motivação dos apren<strong>de</strong>ntes<br />

O ponto seguinte do Documento Síntese está estruturado <strong>em</strong> função daquelas t<strong>em</strong>áticas i<strong>de</strong>ntificando<br />

as mensagens- -chave associadas às respostas encontradas pelos projectos (“no terreno”)<br />

aos probl<strong>em</strong>as relacionadas com os t<strong>em</strong>as.<br />

No capítulo “Recomendações Politicas”, apresentar<strong>em</strong>os <strong>de</strong> forma transversal aos vários t<strong>em</strong>as as<br />

recomendações políticas que nos suger<strong>em</strong> as mensagens-chave i<strong>de</strong>ntificadas.<br />

A Figura 2 esqu<strong>em</strong>atiza <strong>de</strong> forma mais abrangente a organização e utilida<strong>de</strong> do Documento<br />

Síntese da RT4.<br />

6 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Figura 2 = Organização t<strong>em</strong>ática do Living Document da RT4<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

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INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Mensagens-chave<br />

resultantes dos<br />

projectos Equal RT4<br />

8 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

1. Metodologias Inovadoras <strong>de</strong> Formação <strong>em</strong> Contexto <strong>de</strong> Trabalho<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 1<br />

A formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> (FCT) permite actuar <strong>de</strong><br />

forma positiva na competitivida<strong>de</strong> das <strong>em</strong>presas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

<strong>de</strong>vidamente enquadrada numa metodologia <strong>de</strong> resolução<br />

<strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as da <strong>em</strong>presa, mediada e facilitada pela gestão<br />

da <strong>em</strong>presa e pela entida<strong>de</strong> formadora e dirigida às necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> individuais.<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Ch@tmould (2001/EQUAL/A2/AD/016)<br />

• Empresas metalomecânicas produtoras <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s metálicos<br />

• Empresários, gestores, chefias intermédias e operadores <strong>de</strong><br />

produção daquelas <strong>em</strong>presas<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

Aprendizagens significativas<br />

• Abordag<strong>em</strong> às <strong>em</strong>presas para sensibilizar para a formação por<br />

via do negócio e da resolução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>a concretos, sobretudo<br />

ligados à produção<br />

• FCT individualizada permite atenuar o argumento clássico<br />

resultante da dicotomia produção-formação<br />

• A intervenção no <strong>contexto</strong> da <strong>em</strong>presa é mediada interna e<br />

externamente<br />

• A mediação interna está a cargo <strong>de</strong> um Facilitador fort<strong>em</strong>ente<br />

ligado à gestão da <strong>em</strong>presa [<strong>em</strong>presário, filho do <strong>em</strong>presário (nas<br />

<strong>em</strong>presas <strong>de</strong> gestão familiar), gestores]<br />

• O Facilitador para além <strong>de</strong> “patrocinar” a intervenção formativa,<br />

faz a regulação das mudanças provocadas pela aprendizag<strong>em</strong> nas<br />

relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r previamente existentes na <strong>em</strong>presa<br />

• É necessário apoiar as <strong>em</strong>presas na fase <strong>de</strong> diagnóstico dos<br />

probl<strong>em</strong>as, mesmo os produtivos (mediação externa)<br />

• A interligação entre o Facilitador interno e a entida<strong>de</strong> formadora é<br />

fundamental (coor<strong>de</strong>nação entre mediação interna e externa)<br />

• A FCT t<strong>em</strong> <strong>de</strong> se adaptar à realida<strong>de</strong> produtiva da <strong>em</strong>presa,<br />

aproveitando t<strong>em</strong>pos mortos <strong>de</strong> equipamentos, pausas, etc., num<br />

mo<strong>de</strong>lo mais próximo <strong>de</strong> um conceito <strong>de</strong> formação durante o<br />

<strong>trabalho</strong> (FDT).<br />

• O envolvimento das chefias directas dos formandos, apesar da<br />

regulação efectuada pelo Facilitador e mediadores externos é<br />

<strong>de</strong>cisiva para a transferência das aprendizagens realizadas pelos<br />

operadores para os processos <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

• A metodologia <strong>de</strong> intervenção nas <strong>em</strong>presas registou dificulda<strong>de</strong>s<br />

acrescidas nas <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> gestão familiar não profissionalizada<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

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INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 2<br />

É possível intervir <strong>em</strong> variáveis estratégicas <strong>de</strong> pequenas<br />

<strong>em</strong>presas através <strong>de</strong> intervenções integradas que combin<strong>em</strong><br />

estratégias <strong>de</strong> marketing e componentes <strong>de</strong> formação ao longo<br />

da vida, nomeadamente <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>.<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

Aprendizagens significativas<br />

Melhor Restauração (2001/EQUAL/A2/AD/147)<br />

• Empresas <strong>de</strong> restauração e similares da região do Algarve<br />

• Chefias e funcionários daquelas <strong>em</strong>presas<br />

• Abordag<strong>em</strong> às <strong>em</strong>presas através <strong>de</strong> uma intervenção no<br />

negócio global das mesmas, fort<strong>em</strong>ente suportada <strong>em</strong><br />

variáveis competitivas ligadas ao marketing e <strong>em</strong> estratégias <strong>de</strong><br />

diferenciação do serviço prestado (<strong>em</strong> vez da aposta no factor<br />

preço)<br />

• Realização <strong>de</strong> focus-groups com <strong>em</strong>presários, trabalhadores<br />

e consumidores na <strong>de</strong>finição dos pilares do Clube Melhor<br />

Restauração<br />

• A intervenção integra os clientes finais das <strong>em</strong>presas-alvo do<br />

projecto através <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumidores<br />

• Para as <strong>em</strong>presas que <strong>de</strong>sejavam a<strong>de</strong>rir ao projecto, existia a<br />

obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar um número mínimo <strong>de</strong> horas <strong>de</strong><br />

formação por ano assim como um custo monetário real e directo<br />

• Formação por “pacotes”, altamente focalizados, direccionados e<br />

a<strong>de</strong>quados à realida<strong>de</strong> do sector <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> conteúdos, duração<br />

(3 horas por cada conteúdo) e organização dos períodos <strong>de</strong><br />

formação (entre as 15 e 18 horas)<br />

• Forte imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> marca e estratégia <strong>de</strong> marketing do próprio<br />

projecto, assente no Clube Melhor Restauração e a sua plataforma WEB,<br />

estimulou a incorporação das TIC <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas que, tradicionalmente<br />

valorizam pouco aquelas ferramentas no seu negócio<br />

• Workshop anual para chefias do sector <strong>de</strong> sensibilização para a<br />

importância da formação contínua<br />

• A obrigatorieda<strong>de</strong> do investimento <strong>em</strong> formação e monetário não<br />

levantou probl<strong>em</strong>as na a<strong>de</strong>são das <strong>em</strong>presas ao projecto porque<br />

se encontrava associada a outros benefícios valorizados pelas<br />

<strong>em</strong>presas<br />

• A dimensão sectorial e regional – Restauração / Algarve potenciou<br />

os bons resultados do projecto<br />

• A estratégia <strong>de</strong> “e-marketing” associada ao Clube forçou as<br />

<strong>em</strong>presas a incorporar competências relacionadas com as TIC<br />

• As TIC funcionaram como facilitadoras da mudança mas <strong>em</strong>presas<br />

e não como barreira ou obstáculo<br />

• As chefias das <strong>em</strong>presas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sensibilizadas e formadas,<br />

funcionam como mediadores e facilitadores das práticas<br />

<strong>de</strong>sejadas <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ao longo da vida junto dos restantes<br />

trabalhadores<br />

10 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 3<br />

O espaço i<strong>de</strong>al para reconversão profissional é o da própria<br />

<strong>em</strong>presa: reconversão interna é a solução. A reconversão interna<br />

t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser estimulada através <strong>de</strong> mediadores externos e ser<br />

patrocinada pelos <strong>em</strong>presários com práticas <strong>de</strong> <strong>em</strong>powerment.<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

Aprendizagens significativas<br />

Percursos (2001/EQUAL/A2/AD/233)<br />

• Trabalhadores <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregrados, essencialmente mulheres oriundo<br />

do sector têxtil<br />

• Empresas do sector têxtil<br />

• Fórum <strong>de</strong> <strong>em</strong>presários e <strong>em</strong>powerment<br />

• Metodologia <strong>de</strong> apoio à “reconversão interna”<br />

• Maior conhecimento concreto do perfil do <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregado oriundo<br />

do sector têxtil português<br />

• Exist<strong>em</strong> níveis muito significativos <strong>de</strong> abandono individual do<br />

sector têxtil (auto-exclusão e auto-discriminação) como tentativa <strong>de</strong><br />

preservação da <strong>em</strong>pregabilida<strong>de</strong> futura e essencialmente por frustração<br />

resultante da pouca atractivida<strong>de</strong> do <strong>trabalho</strong> no sector (condições <strong>de</strong><br />

<strong>trabalho</strong>, r<strong>em</strong>uneração, acesso a formação ao longo da vida, valorização<br />

social, etc.)<br />

• Pouca auto-motivação para a reconversão profissional, apesar da<br />

(aparente) d<strong>em</strong>onstração do contrário aquando do Balanço <strong>de</strong><br />

Competências, válida para a reconversão <strong>de</strong>ntro do sector, quer para<br />

fora do sector. Esta situação mantém-se mesmo após a frequência <strong>de</strong><br />

acções <strong>de</strong> formação técnica para reconversão <strong>de</strong>ntro do sector têxtil<br />

• As metodologias habituais <strong>de</strong> Balanço <strong>de</strong> Competências não<br />

permit<strong>em</strong> <strong>de</strong>linear projectos <strong>de</strong> vida fi<strong>de</strong>dignos<br />

• A <strong>em</strong>pregabilida<strong>de</strong> existente no sector têxtil concentra-se <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>terminadas profissões com requisitos <strong>de</strong> acesso específicos: maior<br />

qualificação, horários <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> flexíveis e sazonalida<strong>de</strong> da produção.<br />

Estes requisitos chocam com os interesses dos formandos que não aceitam<br />

as novas condicionantes contratuais, apesar <strong>de</strong> ter<strong>em</strong> sido preparados para<br />

os mesmos no âmbito da formação <strong>de</strong> Desenvolvimento Pessoal<br />

• Para as mulheres, a maioria no sector, as condições contratuais<br />

dificultam a conciliação da vida profissional com a vida familiar<br />

• Os <strong>em</strong>presários não se auto-mobilizam para a realização <strong>de</strong><br />

formação contínua<br />

• A “reconversão interna” proposta e elaborada com os industriais e<br />

suas chefias, nas próprias <strong>em</strong>presas gerou uma a<strong>de</strong>são maciça das<br />

<strong>em</strong>presas e <strong>em</strong>presários.<br />

• Ven<strong>de</strong>r a imag<strong>em</strong> do sector têxtil (marketing sectorial e<br />

profissional), para a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> novos técnicos, sobretudo através<br />

da crescente e inevitável incorporação <strong>de</strong> tecnologia no sector (<strong>em</strong><br />

todas as profissionais, inclusive as mais “produtivas”)<br />

• Forte motivação da população do sector têxtil, quer activos quer<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregados, para a utilização das TIC com forte enfoque para<br />

navegação Internet e uso <strong>de</strong> e-mail.<br />

• A participação activa do animador da formação, junto dos<br />

<strong>em</strong>presários, chefias, formadores e formandos foi factor <strong>de</strong> sucesso<br />

dos resultados da formação<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

11


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 4<br />

É possível intervir <strong>em</strong> variáveis estratégicas das <strong>em</strong>presas, nomeadamente,<br />

ao nível da certificação ambiental pela norma ISO<br />

14000, que integra um processo mais vasto <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação<br />

<strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> gestão integrado <strong>de</strong> ambiente, segurança,<br />

higiene e saú<strong>de</strong> no <strong>trabalho</strong> e segurança rodoviária, através da<br />

formação (com forte componente <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>) e<br />

integração <strong>de</strong> novos perfis profissionais na sua estrutura.<br />

Os agentes da mudança <strong>organizacional</strong> são os próprios colaboradores<br />

que actuam na <strong>em</strong>presa com base nas novas competências<br />

do perfil profissional <strong>de</strong>senvolvido.<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

CODESSUS (2001/EQUAL/A2/AD/96)<br />

• Dirigentes e quadros superiores <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas do sector dos<br />

transportes <strong>de</strong> passageiros e mercadorias<br />

• Trabalhadores <strong>de</strong> micro-<strong>em</strong>presas e PME’s do sector dos<br />

transportes <strong>de</strong> passageiros e mercadorias<br />

• Criação, formação e integração nas <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> dois perfis<br />

profissionais inovadores (Vigilante Ambiental e Motorista<br />

Eco-eficiente)<br />

• Mobilização dos <strong>em</strong>presários para as crescentes exigências <strong>de</strong><br />

mudança e inovação nas vertentes ambiental, <strong>de</strong> segurança,<br />

higiene e saú<strong>de</strong> no <strong>trabalho</strong> e segurança rodoviária<br />

• Tutoria dos Vigilantes Ambientais na autoformação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> orientada para os resultados dos Motoristas<br />

Aprendizagens significativas<br />

• A formação dos Vigilantes Ambientais e posterior mobilização das<br />

competências adquiridas para o posto <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> na <strong>em</strong>presa<br />

foram <strong>de</strong>cisivas para a obtenção da certificação ambiental <strong>de</strong>sejada<br />

• A opção pelo recrutamento interno para a formação dos vigilantes<br />

ambientais parece ter sido a mais acertada<br />

• A formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> dos Vigilantes Ambientais<br />

suscitou alguma resistência nalgumas <strong>em</strong>presas, dado que estes<br />

colaboradores <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham outras funções indispensáveis para o<br />

normal funcionamento das <strong>em</strong>presas<br />

• A formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> dos motoristas resultou na<br />

redução objectiva <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> combustíveis entre 0,5 e<br />

4 litros / 100 km<br />

12 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 5<br />

É possível aumentar a competitivida<strong>de</strong> das <strong>em</strong>presas, intervindo<br />

directamente <strong>em</strong> domínios <strong>de</strong> maior valor acrescentado<br />

através da formação e “integração apoiada” <strong>de</strong> novos perfis<br />

profissionais na área do <strong>de</strong>sign industrial, promovendo uma<br />

maior a<strong>de</strong>quação do produto às exigências do mercado e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas competências na organização e nos<br />

seus trabalhadores.<br />

Estes profissionais possibilitam à <strong>em</strong>presa dar resposta às<br />

solicitações e requisitos dos seus clientes, assim como conquistar<br />

novos mercados e reduzir a excessiva <strong>de</strong>pendência<br />

<strong>de</strong> um número reduzido <strong>de</strong> clientes.<br />

Estes novos profissionais funcionam como pivots da mudança<br />

<strong>organizacional</strong>, tendo <strong>de</strong> ser tutorados interna e externamente<br />

<strong>em</strong> relação ao <strong>contexto</strong> da <strong>em</strong>presa.<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

MODELAR (nº 2001/EQUAL/A2/IO/314)<br />

• Gestores <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas – que têm que reconhecer a importância <strong>de</strong><br />

integrar novos profissionais com novas competências;<br />

• Técnicos da área <strong>de</strong> Concepção, Designers – que têm que ser<br />

preparados para integrar<strong>em</strong> nas <strong>em</strong>presas;<br />

• Técnicos da área da Mo<strong>de</strong>lação – que têm <strong>de</strong> perceber que<br />

funções e que mais valias são trazidas pelos novos profissionais;<br />

• Técnicos da área Comercial e Marketing – têm <strong>de</strong> perceber como<br />

pod<strong>em</strong> recorrer às novas tecnologias para apoio à negociação com<br />

os clientes;<br />

• Quadros técnicos da área <strong>de</strong> Produção e da Qualida<strong>de</strong> – que<br />

pod<strong>em</strong> cooperar no processo criativo, <strong>de</strong> forma a incorporar as<br />

especificida<strong>de</strong>s dos processos na área <strong>de</strong> concepção.<br />

• Operacionalização da cooperação e integração entre as diferentes<br />

áreas funcionais das <strong>em</strong>presas (<strong>de</strong>sign, qualida<strong>de</strong> e Marketing) na<br />

concepção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produto.<br />

• Investimento monetário <strong>em</strong> TIC para apoio ao <strong>trabalho</strong> dos<br />

<strong>de</strong>signers efectuado pelas PME’s s<strong>em</strong> obstáculos<br />

Aprendizagens significativas<br />

• O processo <strong>de</strong> tutória interna (pelos <strong>em</strong>presários) e externa (por<br />

um formador/<strong>de</strong>signer sénior) dos <strong>de</strong>signers revelou-se <strong>de</strong>cisivo<br />

para o sucesso do projecto<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

13


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

2. Motivação <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregadores e trabalhadores para a Aprendizag<strong>em</strong> ao Longo da Vida<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 6<br />

É possível constituir e fazer funcionar, gerando benefícios para<br />

as <strong>em</strong>presas, comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prática virtuais <strong>em</strong> sectores pouco<br />

habituados à utilização das TIC, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam utilizadas<br />

metodologias <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> a<strong>de</strong>quadas (nomeadamente,<br />

blen<strong>de</strong>d learning) e existam mecanismos eficazes <strong>de</strong> resolução<br />

<strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> acesso e utilização das plataformas tecnológicas<br />

associadas (“mediação tecnológica”).<br />

É possível utilizar as TIC e as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prática para agir<br />

sobre factores <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> relevantes para o sector<br />

como a cooperação <strong>em</strong>presarial, internacionalização, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que exista mediação externa para conciliar interesses eventualmente<br />

incompatíveis entre os m<strong>em</strong>bros das comunida<strong>de</strong>s.<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

CAD (2001/EQUAL/A2/AD/73)<br />

• Empresários e chefias intermédias do Sector da Rocha Natural e<br />

Ornamental<br />

• Criação <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> formação ao longo da vida através <strong>de</strong><br />

comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prática virtuais com <strong>em</strong>presários e chefias das<br />

<strong>em</strong>presas<br />

Aprendizagens significativas<br />

• Quanto maior o envolvimento <strong>em</strong> todo o processo dos<br />

<strong>em</strong>presários/ chefias, maiores foram os níveis <strong>de</strong> participação na<br />

comunida<strong>de</strong> e acções <strong>de</strong> formação<br />

• Por via da participação no projecto, várias <strong>em</strong>presas criaram um<br />

consórcio para exploração do mercado Reino Unido<br />

• A participação nos círculos, <strong>de</strong>senvolveu competências nos<br />

<strong>em</strong>presários e chefias no manuseamento <strong>de</strong> ferramentas<br />

informáticas<br />

• Os animadores (equivalentes aos formadores na formação<br />

presencial) tiveram um papel fundamental<br />

• Probl<strong>em</strong>as com as línguas, pelos documentos informáticos <strong>em</strong> Inglês<br />

• Importância da mediação para a conciliação <strong>de</strong> interesses dos<br />

participantes<br />

14 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 7<br />

É possível resolver os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> info-exclusão (sobretudo relacionada<br />

com as novas TIC), através do <strong>trabalho</strong> <strong>em</strong> re<strong>de</strong> a nível local<br />

e fort<strong>em</strong>ente apoiado na figura do Mediador Local. Este actua<br />

<strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva na interface <strong>de</strong> ligação entre as organizações<br />

locais (incluindo as <strong>em</strong>presas) e os públicos mais <strong>de</strong>sfavorecidos.<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

Aprendizagens significativas<br />

F@DO (2001/EQUAL/A2/AD/211)<br />

• Públicos s<strong>em</strong> qualificações ou pouco qualificados<br />

• Trabalhadores activos (<strong>de</strong> micro-<strong>em</strong>presas, <strong>de</strong> PME e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>em</strong>presas/organizações)<br />

• Jovens excluídos ou <strong>em</strong> risco <strong>de</strong> exclusão<br />

• Figura do Mediador Local como actor-chave <strong>de</strong> toda a intervenção<br />

formativa;<br />

• A utilização <strong>de</strong> soluções avançadas <strong>de</strong> formação suportadas <strong>em</strong><br />

TIC para públicos info-excluídos;<br />

• A mobilização activa e <strong>em</strong>powerment da autarquia local no<br />

projecto foi <strong>de</strong>cisiva para o seu sucesso.<br />

• É fundamental a abordag<strong>em</strong> local aos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> info-exclusão<br />

• O estabelecimento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong> apoio às activida<strong>de</strong>s<br />

formativas é <strong>de</strong>cisiva (hardware, pontos <strong>de</strong> acesso locais, etc.)<br />

• Os mediadores locais actuam <strong>em</strong> várias interfaces: interinstitucional,<br />

recrutamento e selecção dos formandos e seu<br />

acompanhamento/apadrinhamento durante todo o percurso<br />

formativo<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

15


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 8<br />

O diálogo social e a negociação directa com as <strong>em</strong>presas po<strong>de</strong><br />

conduzir à concretização <strong>de</strong> acções positivas para eliminação<br />

das discriminações <strong>de</strong> género <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>de</strong>vidamente mediadas<br />

e orientadas para os interesses e motivações <strong>de</strong> trabalhadores<br />

e <strong>em</strong>presas.<br />

Na mobilização e negociação com as <strong>em</strong>presas, é fundamental<br />

que a mediação actue no sentido <strong>de</strong> sensibilizar os<br />

<strong>em</strong>presários/gestores para os benefícios que as acções positivas<br />

pod<strong>em</strong> trazer <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> negócio.<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

Aprendizagens significativas<br />

EQUAL – AGIR PARA A IGUALDADE (nº 2001/EQUAL/A2/IO/022)<br />

• 13 <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> vários sectores <strong>de</strong> activida<strong>de</strong><br />

• Empresários, gestores e directores <strong>de</strong> recursos humanos<br />

• Trabalhadores<br />

• Abertura, <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>em</strong>presarial, <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> intervenção no<br />

combate às discriminações <strong>de</strong> género;<br />

• Consolidação <strong>de</strong> novas metodologias e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negociação <strong>de</strong><br />

acções positivas nas <strong>em</strong>presas e organizações.<br />

• Negociação directa (diálogo social) com as <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> protocolos<br />

<strong>de</strong> acções positivas que visaram a eliminação das discriminações a<br />

que a mulher ainda está sujeita e a valorização da sua participação<br />

e importância no mundo do <strong>trabalho</strong> e, consequent<strong>em</strong>ente, <strong>em</strong><br />

termos sócio-económicos.<br />

Ao nível da negociação com as <strong>em</strong>presas e organizações, <strong>de</strong>staca-se:<br />

• A primeira reacção por parte das <strong>em</strong>presas e organizações foi<br />

<strong>de</strong> não-aceitação e assunção dos probl<strong>em</strong>as diagnosticados e a<br />

tentativa <strong>de</strong> focalizar na probl<strong>em</strong>ática do absentismo das mulheres<br />

<strong>de</strong>vido à condição <strong>de</strong> maternida<strong>de</strong>.<br />

• Na negociação com as <strong>em</strong>presas é necessário encontrar medidas<br />

<strong>de</strong> acção positiva que sejam viáveis para a <strong>em</strong>presa, do ponto <strong>de</strong><br />

vista financeiro e <strong>organizacional</strong>.<br />

• Qu<strong>em</strong> negoceia, sobretudo da parte do projecto, t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ter <strong>em</strong><br />

conta que se está perante um confronto <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e mentalida<strong>de</strong>s<br />

e, como tal, há que assumir uma atitu<strong>de</strong> assertiva. Isto é, <strong>de</strong>ve agir<br />

como o Mediador das negociações.<br />

• Um forte argumento para a negociação com as <strong>em</strong>presas é a boa<br />

imag<strong>em</strong> que estes resultados pod<strong>em</strong> dar à mesma.<br />

16 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 9<br />

É possível influenciar variáveis estratégicas e <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> PME’s, nomeadamente no que diz respeito à comunicação<br />

e canais <strong>de</strong> vendas alternativos (comércio electrónico), através<br />

<strong>de</strong> formação a distância na área do comércio electrónico<br />

<strong>de</strong>vidamente adaptada ao público-alvo.<br />

A metodologia <strong>de</strong> “blen<strong>de</strong>d learning” utilizada permitiu estimular<br />

a utilização das TIC <strong>de</strong> forma transversal a todas as áreas<br />

estratégicas nas PME’s<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

Aprendizagens significativas<br />

Perfis <strong>de</strong> Formação para o Comércio Electrónico<br />

(2001/EQUAL/A2/AD/237)<br />

• Consultores <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas;<br />

• Dirigentes e quadros superiores das <strong>em</strong>presas/organizações;<br />

• Trabalhadores activos (<strong>de</strong> micro <strong>em</strong>presas, <strong>de</strong> PME e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>em</strong>presas/organizações)<br />

• A introdução do blen<strong>de</strong>d learning neste sector é inovadora.<br />

• Materiais <strong>de</strong> suporte apelativos e inovadores<br />

• 100% dos formandos referiu que o curso era muito útil/útil para<br />

preparar um business plan.<br />

• Alguns formandos referiram que com a acção <strong>de</strong> formação<br />

melhoraram a sua capacida<strong>de</strong> técnica e o seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho no<br />

<strong>trabalho</strong> e que a sua <strong>em</strong>presa melhorou o relacionamento com os<br />

clientes, aumentou o n.º <strong>de</strong> clientes e melhorou a sua imag<strong>em</strong>.<br />

• A maior parte dos formandos consi<strong>de</strong>rou que a t<strong>em</strong>ática das<br />

Acções <strong>de</strong> Formação respond<strong>em</strong> a necessida<strong>de</strong>s do sector e do<br />

público-alvo a que se <strong>de</strong>stinam<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

17


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 10<br />

É possível aumentar a competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um território através<br />

<strong>de</strong> uma intervenção concertada num <strong>de</strong>terminado sector<br />

<strong>de</strong> activida<strong>de</strong> que mobilize as diferentes instituições locais <strong>de</strong><br />

forma harmoniosa, promovendo o <strong>trabalho</strong> <strong>em</strong> re<strong>de</strong> e a cooperação<br />

<strong>em</strong>presarial e inter-institucional.<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

Aprendizagens significativas<br />

Readapt (2001/EQUAL/A2/AD/205)<br />

• Região da Beira Interior, com especial incidência no concelho da Covilhã;<br />

• PME’s do sector têxtil (lanifícios);<br />

• Empresários;<br />

• Associações <strong>em</strong>presariais regionais;<br />

• Instituições representativas da região (Câmara Municipal, Universida<strong>de</strong>, etc.)<br />

• Criação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação sectoriais e multi-institucionais, <strong>de</strong> forte<br />

dimensão territorial;<br />

• Criação <strong>de</strong> uma nova marca e respectiva linha <strong>de</strong> produtos através <strong>de</strong> uma<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> PME’s s<strong>em</strong> cultura <strong>de</strong> cooperação anterior;<br />

• Desenvolvimento <strong>de</strong> produtos <strong>em</strong> parceria (colecção <strong>de</strong> blusões <strong>de</strong> lã<br />

- <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a produção dos fios, aos tecidos, o <strong>de</strong>sign dos diversos mo<strong>de</strong>los, a sua<br />

produção e confecção por <strong>em</strong>presas da região, auxiliadas pelos centros <strong>de</strong><br />

formação) levou a um melhor conhecimento das <strong>em</strong>presas e sua da forma<br />

<strong>de</strong> actuar por parceiros por vezes concorrentes e por vezes compl<strong>em</strong>entares;<br />

• Reorganização do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> inovação e reforço do capital social <strong>de</strong> uma região,<br />

<strong>em</strong> torno da resolução <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong><br />

das <strong>em</strong>presas, através da criação <strong>de</strong> um observatório <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

económico e social, da dinamização do cluster têxtil, do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

produtos <strong>em</strong> cooperação e da cooperação <strong>em</strong>presarial latus sensus;<br />

• A promoção da criação <strong>de</strong> um consórcio <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> lanifícios, <strong>de</strong> confecção,<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sign industrial, as associações <strong>em</strong>presariais da região, os centros<br />

<strong>de</strong> formação e tecnológicos, a Universida<strong>de</strong>, a Autarquia Local, beneficiando<br />

do esforço e da aprendizag<strong>em</strong> efectuada ao longo do processo <strong>de</strong> criação<br />

<strong>de</strong> um produto <strong>em</strong> parceria – o blusão marca Montneve by Covilhã – potenciou<br />

as estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>em</strong>presarial <strong>em</strong> cooperação.<br />

• A mediação das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação é fundamental para garantir os<br />

níveis <strong>de</strong> confiança necessários para a conciliação dos diferentes interesses<br />

institucionais e mesmo pessoais envolvidos;<br />

• Um el<strong>em</strong>ento-chave que <strong>de</strong>senvolve o capital social <strong>de</strong> uma região é<br />

o grau <strong>de</strong> confiança que existe entre os vários actores que a integram.<br />

A confiança não po<strong>de</strong> ser comprada, importada ou imposta, mas é<br />

fruto <strong>de</strong> um longo processo <strong>de</strong> interacção. A existência <strong>de</strong> relações <strong>de</strong><br />

confiança entre re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> uma região é um factor crítico<br />

para o sucesso competitivo. Os factores que contribu<strong>em</strong> para a presença<br />

<strong>de</strong> confiança não só são difíceis <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar, como implicam uma<br />

“aprendizag<strong>em</strong>” para esquecer o passado comum e para ultrapassar as<br />

limitações que levaram ao insucesso noutros <strong>contexto</strong>s.<br />

• A criação <strong>de</strong> <strong>de</strong> novo conhecimento ao nível do observatório <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

regional é um el<strong>em</strong>ento facilitador da acção e da mobilização<br />

territorial que estimula a capacida<strong>de</strong> dos actores territoriais para a<br />

resolução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as pertinentes.<br />

• A mediação dos actores favorece a aprendizag<strong>em</strong> para a acção, na<br />

medida <strong>em</strong> que promove a acção orientada para a melhoria das práticas<br />

existentes, reforçando o po<strong>de</strong>r dos participantes na resolução dos seus<br />

probl<strong>em</strong>as. Trata-se <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver consciência, facilitando<br />

a aprendizag<strong>em</strong> e o <strong>em</strong>powerment dos diferentes actores para<br />

resolução dos <strong>de</strong>safios que o território enfrenta.<br />

18 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 11<br />

É possível promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>organizacional</strong> <strong>em</strong> sectores<br />

tradicionais da indústria recorrendo a mo<strong>de</strong>los avançados<br />

<strong>de</strong> consultoria estratégica <strong>de</strong>vidamente adaptados à realida<strong>de</strong><br />

das PME’s e com fortes componentes <strong>de</strong> mediação com os <strong>em</strong>presários<br />

e trabalhadores<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

Aprendizagens significativas<br />

GL@SS CHALLENGE (2001/EQUAL/A2/AD/247)<br />

• Dirigentes e quadros superiores <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas/organizações<br />

• Chefias directas e quadros médios <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas/organizações<br />

• Responsáveis <strong>de</strong> recursos humanos<br />

• Trabalhadores activos (<strong>de</strong> micro-<strong>em</strong>presas e <strong>de</strong> PME)<br />

• O produto actua sobre todas as áreas críticas da gestão das PME’s<br />

• Aplicação <strong>de</strong> uma intervenção <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Organizacional a um sector tradicional (vidro)<br />

• A ligação ao negócio da <strong>em</strong>presa é crucial para a mobilização dos<br />

<strong>em</strong>presários e facilita a dos trabalhadores<br />

• É necessário apoiar as <strong>em</strong>presas na fase <strong>de</strong> diagnóstico global<br />

da <strong>em</strong>presa, orientação estratégica, adaptação dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

consultoria à sua realida<strong>de</strong>, etc.<br />

• O envolvimento directo do <strong>em</strong>presário apresenta efeitos<br />

<strong>de</strong>smultiplicadores <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> inovação e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>organizacional</strong><br />

• Os consultores que intervêm nas PME’s assum<strong>em</strong> funções<br />

<strong>de</strong> mediação <strong>de</strong> interesses fundamentais para o sucesso das<br />

intervenções.<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

19


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 12<br />

É possível intervir na totalida<strong>de</strong> da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminado sector ou subsector da indústria tradicional,<br />

projectando uma nova dimensão e imag<strong>em</strong> do <strong>trabalho</strong>,<br />

profissões, produtos e activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse sector (assim como<br />

ao próprio património existente nas <strong>em</strong>presas ou nos espaços<br />

museológicos) para fazer face à crise que os sectores produtivos<br />

tradicionais atravessam nos países <strong>de</strong>senvolvidos e que pod<strong>em</strong><br />

conduzir ao seu <strong>de</strong>saparecimento completo.<br />

Através <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> valorização do <strong>trabalho</strong> manual (fabril<br />

ou artesanal), é possível criar novos factores <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>,<br />

afirmando estratégias concorrenciais <strong>de</strong> diferenciação <strong>em</strong><br />

relação aos países <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra barata.<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

É possível utilizar diversas formas <strong>de</strong> cooperação (inter-<strong>em</strong>presarial,<br />

<strong>em</strong>presas/pequenos produtores artesanais ou criativos,<br />

interinstitucional (englobando autarquias, fundações, museus,<br />

etc.) para fomentar a criação <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesses<br />

partilhados na <strong>de</strong>fesa e promoção <strong>de</strong> produtos <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>áticos<br />

do país.<br />

Po<strong>de</strong> ser criado <strong>em</strong>prego qualificado, gerando novas dinâmicas<br />

<strong>em</strong> sectores s<strong>em</strong>inais como o turismo, cultura e lazer, associando<br />

<strong>de</strong> forma estratégica produção industrial e artesanal,<br />

cultura, património natural, arquitectural e cultural, gastronomia,<br />

qualida<strong>de</strong> do <strong>trabalho</strong> e <strong>de</strong> vida, valorização dos saberes-<br />

-fazer e do conhecimento.<br />

ROTAS DA CERÂMICA (2001/EQUAL/A2/AD/186)<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

Aprendizagens significativas<br />

• Indústria e produção artesanal <strong>de</strong> cerâmica e outros sectores<br />

ligados à activida<strong>de</strong> terciária como turismo, activida<strong>de</strong> cultural,<br />

acção social e cívica.<br />

• Gestores e responsáveis estratégicos <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas da indústria<br />

tradicional da cerâmica, trabalhadores do sector, produtores<br />

artesanais, trabalhadores <strong>de</strong> outros sectores conexos, como turismo<br />

(num sentido amplo) e cultura.<br />

• Concretização <strong>de</strong> uma estratégia integrada <strong>de</strong> acção no sector da<br />

cerâmica (entendido <strong>de</strong> forma extensiva, englobando <strong>em</strong>presas<br />

industriais <strong>de</strong> todos os subsectores, ateliers e oficinas <strong>de</strong> cerâmica<br />

tradicional e/ou cont<strong>em</strong>porânea, museus com espólio cerâmico,<br />

escolas <strong>de</strong> especialização na cerâmica, fundações com espólio<br />

cerâmico, autarquias com activida<strong>de</strong> cerâmica, etc.) para a criação<br />

duma re<strong>de</strong> colaborativa <strong>de</strong> enriquecimento do produto/obra e<br />

<strong>trabalho</strong> na cerâmica.<br />

• Criação e dinamização <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> locais e regionais relacionadas<br />

com a cerâmica e que pod<strong>em</strong> ser conhecidas/visitadas pelo público<br />

<strong>em</strong> geral, promovendo e transferindo boas práticas, possibilitando<br />

a melhoria ten<strong>de</strong>ncial do sector e das regiões on<strong>de</strong> se enquadra,<br />

conjugado com a valorização do <strong>trabalho</strong> manual.<br />

• Associação a outros sectores industriais tradicionais (s<strong>em</strong> relação<br />

directa com a cerâmica) para <strong>de</strong>senvolver práticas <strong>de</strong> cooperação<br />

como resposta às dificulda<strong>de</strong>s crescentes resultantes do aumento<br />

da competitivida<strong>de</strong> dos países <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra barata.<br />

• A valorização do <strong>trabalho</strong> artesanal e profissões <strong>de</strong> sectores<br />

tradicionais da indústria po<strong>de</strong> ajudar as <strong>em</strong>presas <strong>de</strong>stes sectores<br />

e seus trabalhadores a melhor se adaptar<strong>em</strong> ao paradigma da<br />

socieda<strong>de</strong> do conhecimento.<br />

• O envolvimento activo no projecto dos actores-chave nas<br />

<strong>em</strong>presas <strong>em</strong> práticas <strong>de</strong> valorização do <strong>trabalho</strong> e dos produtos<br />

ligados a <strong>de</strong>terminada tradição, saber-fazer e experiência foi<br />

fundamental para o sucesso do projecto.<br />

• O projecto lançou bases para a afirmação <strong>de</strong> uma activida<strong>de</strong> sustentável<br />

<strong>de</strong> “turismo industrial” à volta do sector da cerâmica <strong>em</strong> Portugal.<br />

• O projecto contribuiu para uma maior qualida<strong>de</strong> do <strong>trabalho</strong> e a<br />

imag<strong>em</strong> social do mesmo no sector da cerâmica, fomentando a<br />

cooperação entre as activida<strong>de</strong>s produtivas e a cultura, o <strong>trabalho</strong> e<br />

o lazer, o b<strong>em</strong> estar e tarefas mais duras ou difíceis.<br />

20 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

3. Validação e certificação <strong>de</strong> competências: ferramenta <strong>de</strong> <strong>em</strong>powerment e motivação<br />

Mensag<strong>em</strong>-chave 13<br />

É possível promover a adaptabilida<strong>de</strong> e a formação ao longo<br />

da vida <strong>de</strong> activos com baixos níveis <strong>de</strong> qualificação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

sejam criadas re<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong> formação através da mobilização<br />

das <strong>em</strong>presas <strong>em</strong>pregadoras e outros actores institucionais e<br />

sejam adoptadas metodologias <strong>de</strong> formação adaptadas à realida<strong>de</strong><br />

da formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>.<br />

Projecto Ex<strong>em</strong>plo:<br />

Área <strong>de</strong> aplicação e público-alvo:<br />

Aspectos inovadores a realçar:<br />

Aprendizagens significativas<br />

ReQual – Re<strong>de</strong> para a Qualificação do Trabalho e das<br />

Organizações (2001/EQUAL/A2/AD/139)<br />

• Empresas<br />

• Trabalhadores pouco qualificados<br />

• Organizações <strong>em</strong>presariais, sindicais e outras<br />

• Entida<strong>de</strong>s formadoras<br />

• Municípios<br />

• Entida<strong>de</strong>s e serviços <strong>de</strong>sconcentrados da Administração Pública<br />

• Chefias e quadros das organizações<br />

• Formadores<br />

• Utilização da metodologia b-learning na formação <strong>de</strong> activos com<br />

baixos níveis <strong>de</strong> qualificação<br />

• A sensibilização quer das <strong>em</strong>presas, quer dos trabalhadores para<br />

a importância da formação ao longo da vida é fundamental para o<br />

sucesso da intervenção.<br />

• A adopção <strong>de</strong> metodologias <strong>de</strong> formação adaptadas à realida<strong>de</strong><br />

da formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> constitui-se como um factor<br />

crítico do sucesso da prática.<br />

• O estabelecimento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong> apoio às activida<strong>de</strong>s<br />

formativas é <strong>de</strong>cisivo para o sucesso da formação<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

21


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Recomendações<br />

políticas<br />

As seguintes recomendações políticas resultantes das mensagens-chave<br />

i<strong>de</strong>ntificadas no capítulo anterior têm por<br />

referência os principais instrumentos que enquadram as<br />

questões da Adaptabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas e trabalhadores<br />

aos <strong>de</strong>safios da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação e do conhecimento,<br />

tal como <strong>de</strong>finidos e assumidos na estratégia <strong>de</strong> Lisboa.<br />

Estas recomendações r<strong>em</strong>et<strong>em</strong>, pois, para instrumentos <strong>de</strong> enquadramento<br />

global <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego, formação, educação,<br />

recursos humanos, economia e <strong>de</strong>senvolvimento social. Tais<br />

instrumentos po<strong>de</strong>rão ser, entre outros:<br />

• Estratégia europeia para o <strong>em</strong>prego;<br />

• Plano Nacional <strong>de</strong> Emprego;<br />

• Programas <strong>de</strong> apoio ao investimento e à mo<strong>de</strong>rnização da<br />

economia;<br />

• Programas <strong>de</strong> apoio ao <strong>de</strong>senvolvimento regional;<br />

• Programas <strong>de</strong> apoio à formação profissional;<br />

• Programas <strong>de</strong> apoio ao reconhecimento, validação e certificação<br />

<strong>de</strong> competências.<br />

• Programas <strong>de</strong> iniciativa comunitária<br />

(Equal, Leonardo da Vinci,<br />

Sócrates, etc.).<br />

Espera-se, assim, uma gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stas recomendações para diversas<br />

instituições e programas no sentido<br />

<strong>de</strong> que estes as possam incorporar<br />

nas suas orientações futuras.<br />

Em termos <strong>de</strong> referenciais para as<br />

recomendações, privilegiámos dois<br />

instrumentos inter-relacionados: as<br />

recomendações específicas efectuadas<br />

a Portugal pela União Europeia<br />

no âmbito da Estratégia Europeia<br />

para o Emprego e as Directrizes do<br />

Plano Nacional <strong>de</strong> Emprego.<br />

Estratégia Europeia para o Emprego<br />

e Plano Nacional <strong>de</strong> Emprego<br />

A Tabela 1 apresenta as recomendações efectuadas a Portugal<br />

para o ano <strong>de</strong> 2004, e que se mantêm inalteradas <strong>em</strong> 2005.<br />

A incorporação <strong>de</strong>stas recomendações no Plano Nacional <strong>de</strong><br />

Emprego facilita a potencial utilida<strong>de</strong> das recomendações<br />

políticas oriundas dos <strong>trabalho</strong>s e resultados da RT4.<br />

Modo <strong>de</strong> apresentação<br />

das recomendações RT4<br />

No que diz respeito à forma <strong>de</strong> apresentação das nossas recomendações<br />

políticas, optámos por efectuá-las obe<strong>de</strong>cendo<br />

aos seguintes critérios:<br />

• Orientação para a acção: à s<strong>em</strong>elhança das recomendações<br />

da União Europeia <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego, todas as recomendações<br />

utilizam verbos <strong>de</strong> acção na sua fraseologia;<br />

22 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

• Racional 2 : cada recomendação inclui uma pequena justificação<br />

da sua pertinência, baseada nas mensagens-chave<br />

i<strong>de</strong>ntificadas no capítulo anterior, mas com carácter mais<br />

objectivo e conciso;<br />

• Propostas <strong>de</strong> soluções: s<strong>em</strong>pre que a<strong>de</strong>quado, as recomendações<br />

são acompanhadas <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> medidas, programas,<br />

projectos cuja criação se consi<strong>de</strong>rou viável como forma<br />

<strong>de</strong> potenciar o conteúdo das mesmas.<br />

No que diz respeito ao Plano Nacional <strong>de</strong> Emprego, os <strong>trabalho</strong>s<br />

e resultados da RT4 apresentam especial interesse para<br />

as seguintes Directrizes:<br />

• Directriz 3<br />

Fazer face à mudança e promover a adaptabilida<strong>de</strong> no<br />

mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>;<br />

• Directriz 4<br />

Promover o <strong>de</strong>senvolvimento do capital humano e a<br />

aprendizag<strong>em</strong> ao longo da vida.<br />

Recomendações do Conselho relativas ao Emprego - 2004<br />

Aumentar a adaptabilida<strong>de</strong> dos trabalhadores e das <strong>em</strong>presas<br />

- promover a mo<strong>de</strong>rnização da organização do <strong>trabalho</strong>, a fim <strong>de</strong> reforçar<br />

a produtivida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> do <strong>em</strong>prego;<br />

- com base no novo Código do Trabalho, tornar o regime <strong>de</strong> contratação s<strong>em</strong><br />

termo mais aliciante para os <strong>em</strong>pregadores e os trabalhadores e contrariar a<br />

segmentação do mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>;<br />

- <strong>de</strong>senvolver um sist<strong>em</strong>a mais eficaz <strong>de</strong> antecipação e gestão das reestruturações.<br />

Tabela 1<br />

Recomendações para Portugal<br />

<strong>em</strong> matéria <strong>de</strong> Emprego 2004 - 2005<br />

Atrair pessoas para o mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> e fazer do <strong>trabalho</strong> uma opção real para todos<br />

- intensificar as medidas activas com incidência no mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> para<br />

os <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregados e os inactivos e garantir a sua eficácia; intensificar os esforços<br />

para integrar os imigrantes;<br />

- tomar medidas para combater os factores <strong>de</strong> diferenciação salarial entre homens<br />

e mulheres no sector privado e reforçar a disponibilida<strong>de</strong> e a acessibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preços<br />

das estruturas <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong> crianças e outros <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes;<br />

- <strong>de</strong>senvolver uma estratégia global <strong>de</strong> envelhecimento activo que elimine os<br />

incentivos à reforma antecipada, reforce o acesso à formação e garanta condições<br />

<strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> a<strong>de</strong>quadas.<br />

Investir mais e com maior eficácia no capital humano e na aprendizag<strong>em</strong> ao longo da vida<br />

- garantir que a estratégia nacional <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ao longo da vida produza<br />

resultados <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> um aumento dos níveis <strong>de</strong> habilitações educativas<br />

da força <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, incentivos à aprendizag<strong>em</strong> ao longo da vida e participação<br />

acrescida <strong>em</strong> acções <strong>de</strong> formação, <strong>em</strong> especial para pessoas com poucas<br />

qualificações;<br />

- reduzir o abandono escolar precoce e reforçar a relevância do ensino superior<br />

para o mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>.<br />

2 - Utilizamos aqui o termo “racional” inspirados na sua utilização habitual na<br />

linguag<strong>em</strong> anglo-saxónica (rational) e que r<strong>em</strong>ete para o quadro <strong>de</strong> reflexão<br />

e enquadramento conceptual que sustentam <strong>de</strong>terminadas propostas, sugestões,<br />

recomendações, etc.<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

23


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Recomendação 1<br />

Recomendação 2<br />

Conteúdo<br />

Promover o recurso por parte das PME’s a programas e<br />

projectos orientados para utilização <strong>de</strong> metodologias<br />

avançadas <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as capazes <strong>de</strong> intervir<br />

nos seus factores <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma integrada e<br />

que promovam a sua adaptabilida<strong>de</strong> à mudança e dos seus<br />

trabalhadores.<br />

Racional<br />

A a<strong>de</strong>são das <strong>em</strong>presas e trabalhadores para a resolução dos<br />

probl<strong>em</strong>as da adaptabilida<strong>de</strong> é facilitada quando a abordag<strong>em</strong><br />

se faz pela estratégia e competitivida<strong>de</strong> da <strong>em</strong>presa <strong>em</strong><br />

geral e não directamente pela via do investimento <strong>em</strong> formação<br />

profissional ou inovação <strong>organizacional</strong> <strong>em</strong> si mesmo.<br />

Soluções<br />

a)<br />

Reforçar o apoio a programas já existentes que trabalham<br />

com PME’s neste tipo <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong> (Re<strong>de</strong>, inPME, Formação<br />

PME, etc);<br />

b)<br />

Criar programas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> consultores/mediadores<br />

proficientes na utilização <strong>de</strong> metodologias avançadas <strong>de</strong><br />

intervenção estratégica <strong>em</strong> PME’s, com especial enfoque nas<br />

metodologias <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as e <strong>de</strong> melhoria do<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho (Performance Improv<strong>em</strong>ent).<br />

Conteúdo<br />

Promover a adaptabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas e trabalhadores,<br />

sobretudo <strong>em</strong> PME’s, através da integração, apoiada nas<br />

<strong>em</strong>presas, <strong>de</strong> mediadores capazes <strong>de</strong> facilitar a adopção <strong>de</strong><br />

práticas <strong>de</strong> inovação <strong>organizacional</strong> <strong>de</strong> forma eficaz.<br />

Racional<br />

• O know-how necessário para a condução <strong>de</strong>stes processos<br />

não existe na maioria das PME’s, mesmo ao nível dos <strong>em</strong>presários<br />

ou gestores;<br />

• A maioria das PME’s portuguesas não terão capacida<strong>de</strong><br />

financeira para integrar nos seus quadros permanentes <strong>de</strong><br />

pessoal estes mediadores;<br />

• Estes mediadores <strong>de</strong>verão ser formados no sentido <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> competências específicas nos domínios da<br />

inovação <strong>organizacional</strong> <strong>em</strong> geral e das metodologias <strong>de</strong><br />

formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> <strong>em</strong> particular;<br />

• A figura prevista num dos ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> encargos do PIC<br />

Equal (Fase 1) – Facilitador <strong>de</strong> Inovação Organizacional aproxima-se<br />

bastante do perfil i<strong>de</strong>al para este mediador.<br />

Soluções<br />

a)<br />

Criar um programa nacional <strong>de</strong> formação e integração <strong>em</strong><br />

PME’s <strong>de</strong> Mediadores <strong>de</strong> Inovação Organizacional e Formação<br />

<strong>em</strong> Contexto <strong>de</strong> Trabalho;<br />

b)<br />

Este programa <strong>de</strong>verá ser contratualizado com os parceiros<br />

sociais e dinamizado no terreno por organizações capazes <strong>de</strong><br />

garantir proximida<strong>de</strong> às PME’s (por ex<strong>em</strong>plo, associações <strong>em</strong>presariais)<br />

e sustentabilida<strong>de</strong> do programa, nomeadamente<br />

no que diz respeito ao enquadramento dos Mediadores nos<br />

quadros <strong>de</strong> pessoal <strong>de</strong>ssas organizações;<br />

c)<br />

A formação dos mediadores <strong>de</strong>verá cont<strong>em</strong>plar fortes componentes<br />

<strong>de</strong> coaching por parte <strong>de</strong> profissionais/consultores<br />

mais experientes e uma componente <strong>de</strong> integração <strong>em</strong> PME’s<br />

<strong>de</strong> longa duração (mínimo <strong>de</strong> 12 meses).<br />

24 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Recomendação 3<br />

Recomendação 4<br />

Conteúdo<br />

Incentivar a criação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> apoio à adaptabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>em</strong>presas e trabalhadores assentes <strong>em</strong> filosofias <strong>de</strong><br />

retorno do investimento.<br />

Racional<br />

Ficou d<strong>em</strong>onstrado no âmbito da RT4 que as <strong>em</strong>presas (incluindo<br />

PME’s) e trabalhadores estão dispostos a investir <strong>em</strong><br />

soluções <strong>de</strong> formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os<br />

benefícios <strong>de</strong>sse investimento sejam claros (situações ganhador-ganhador).<br />

Soluções<br />

a)<br />

Criar programas <strong>de</strong> carácter experimental <strong>em</strong> que a a<strong>de</strong>são<br />

das <strong>em</strong>presas aos respectivos incentivos seja condicionada<br />

ao pagamento <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada quantia <strong>em</strong> dinheiro;<br />

b)<br />

Os pagamentos <strong>de</strong>verão ser efectuados “à cabeça”, isto é, antes<br />

das <strong>em</strong>presas usufruír<strong>em</strong> dos benefícios dos respectivos programas<br />

(formação profissional, integração <strong>de</strong> mediadores, etc.);<br />

c)<br />

Os programas integrarão, com carácter obrigatório, acções<br />

<strong>de</strong> quantificação do retorno do investimento realizado pelas<br />

<strong>em</strong>presas nos mesmos;<br />

d)<br />

Os programas po<strong>de</strong>rão integrar “cláusulas <strong>de</strong> re<strong>em</strong>bolso”, no<br />

caso do retorno do investimento se averiguar negativo.<br />

Conteúdo<br />

Estimular a criação <strong>de</strong> programas e projectos <strong>de</strong> estímulo à<br />

adaptabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas e trabalhadores (promovendo<br />

a inovação <strong>organizacional</strong> e a formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>trabalho</strong>) que assumam como característica fundamental a<br />

dimensão territorial e/ou sectorial na sua actuação.<br />

Racional<br />

Os projectos Equal envolvidos na RT4 que melhor incorporaram<br />

esta dimensão na sua actuação (Melhor Restauração,<br />

ReAdapt, Rotas da Cerâmica) atingiram resultados muito<br />

positivos, fort<strong>em</strong>ente apoiados nos “princípios Equal” do <strong>trabalho</strong><br />

<strong>em</strong> parceria, <strong>trabalho</strong> <strong>em</strong> re<strong>de</strong>, cooperação institucional<br />

e <strong>em</strong>powerment.<br />

Soluções<br />

a)<br />

Nos programas <strong>de</strong> âmbito nacional, criar nas matrizes <strong>de</strong> análise<br />

das candidaturas indicadores que valoriz<strong>em</strong> a dimensão<br />

territorial dos projectos e princípios Equal, nomeadamente o<br />

<strong>trabalho</strong> <strong>em</strong> parceria e o <strong>em</strong>powerment;<br />

b)<br />

Nos programas <strong>de</strong> âmbito regional (ON, POR Alentejo, PRO<br />

Algarve, etc.), criar medidas específicas para a promoção <strong>de</strong><br />

projectos <strong>de</strong> inovação <strong>organizacional</strong> e formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> susceptíveis <strong>de</strong> promover<strong>em</strong> a adaptabilida<strong>de</strong><br />

das <strong>em</strong>presas e trabalhadores das regiões.<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

25


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Recomendação 5<br />

Recomendação 6<br />

Conteúdo<br />

Criar programas <strong>de</strong> apoio à gestão das reestruturações que<br />

promovam <strong>de</strong> forma activa a reconversão interna.<br />

Racional<br />

Tal como s<strong>em</strong> sido d<strong>em</strong>onstrado noutros <strong>contexto</strong>s, a reconversão<br />

profissional d<strong>em</strong>onstra resultados b<strong>em</strong> mais eficazes<br />

quando iniciada <strong>de</strong> forma preventiva no interior das <strong>em</strong>presas<br />

<strong>de</strong> sectores e regiões <strong>em</strong> reestruturação.<br />

Soluções<br />

a)<br />

No caso das PME’s, estes programas <strong>de</strong>verão ser apoiados por<br />

mediadores que possam apoiar os processos <strong>de</strong> reconversão<br />

internos;<br />

b)<br />

Os mediadores <strong>de</strong>verão <strong>de</strong>dicar especial atenção aos aspectos<br />

relacionados com o diálogo social, principalmente nas <strong>em</strong>presas<br />

com percentagens <strong>de</strong> trabalhadores sindicalizados significativas<br />

actuando como facilitadores <strong>de</strong> todo o processo;<br />

c)<br />

Estes programas <strong>de</strong>verão apresentar forte carácter sectorial e<br />

regional numa lógica <strong>de</strong> antecipação <strong>de</strong> reestruturações previsíveis<br />

face ao <strong>de</strong>senvolvimento da economia global.<br />

Conteúdo<br />

Promover programas <strong>de</strong> apoio à inserção <strong>de</strong> novos perfis<br />

profissionais nas <strong>em</strong>presas, sobretudo PME’s como forma<br />

<strong>de</strong> estimular a sua adaptabilida<strong>de</strong> e a adopção <strong>de</strong> novas<br />

formas <strong>de</strong> organização do <strong>trabalho</strong>.<br />

Racional<br />

• Na maioria dos sectores, os perfis profissionais-chave para a<br />

mo<strong>de</strong>rnização das <strong>em</strong>presas estão i<strong>de</strong>ntificados;<br />

• A experiência <strong>de</strong> alguns projectos da RT4 (Co<strong>de</strong>ssus, Mo<strong>de</strong>lar)<br />

d<strong>em</strong>onstra que estes novos profissionais, após a sua<br />

integração apoiada nas <strong>em</strong>presas, funcionam como agentes<br />

<strong>de</strong> mudança e mo<strong>de</strong>rnização da <strong>em</strong>presa na sua globalida<strong>de</strong>.<br />

Soluções<br />

a)<br />

Criar mecanismos <strong>de</strong> incentivo à integração <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas,<br />

sobretudo PME’s, <strong>de</strong> novos perfis profissionais previamente<br />

i<strong>de</strong>ntificados como fundamentais para a mo<strong>de</strong>rnização dos<br />

principais sectores <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> <strong>em</strong> Portugal (ex<strong>em</strong>plo: <strong>de</strong>signers<br />

industriais);<br />

b)<br />

Estes mecanismos po<strong>de</strong>rão ser isenções fiscais, isenção<br />

t<strong>em</strong>porária <strong>de</strong> contribuições para a segurança social, apoios<br />

directos à contratação, etc;<br />

c)<br />

As novas competências a <strong>de</strong>senvolver nos trabalhadores<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar fort<strong>em</strong>ente orientadas para as exigências dos<br />

mercados e dos clientes.<br />

26 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Recomendação 7<br />

Recomendação 8<br />

Conteúdo<br />

Apostar na integração das novas Tecnologias <strong>de</strong> Informação<br />

e Comunicação (TIC) <strong>em</strong> programas <strong>de</strong> promoção da<br />

adaptabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas e trabalhadores <strong>em</strong> geral e da<br />

inovação <strong>organizacional</strong> e formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

<strong>em</strong> particular.<br />

Racional<br />

• Todos os projectos envolvidos na RT4 que integraram uma<br />

componente TIC nas suas activida<strong>de</strong>s comprovaram que a sua<br />

boa utilização potencia <strong>de</strong> forma positiva os seus resultados;<br />

• Aquela constatação mantém a sua a<strong>de</strong>quação mesmo <strong>em</strong><br />

projectos fort<strong>em</strong>ente orientados para a resolução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as<br />

<strong>de</strong> info-exclusão.<br />

Soluções<br />

a)<br />

As vertentes mais tecnológicas aplicadas à inovação <strong>organizacional</strong><br />

e, sobretudo, à formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> (elearning,<br />

blen<strong>de</strong>d-learning, electronic performance support<br />

syst<strong>em</strong>s, etc.) <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser mais fort<strong>em</strong>ente estimuladas nos<br />

diversos programas já existentes <strong>de</strong> apoio à adaptabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>em</strong>presas e trabalhadores;<br />

b)<br />

Medidas <strong>de</strong> discriminação positiva po<strong>de</strong>rão ser criadas como<br />

forma <strong>de</strong> estímulo à integração tecnologia-inovação <strong>organizacional</strong>.<br />

Conteúdo<br />

Promover programas <strong>de</strong> cooperação para a mo<strong>de</strong>rnização<br />

<strong>de</strong> sectores tradicionais da indústria portuguesa baseados<br />

nos princípios do <strong>trabalho</strong> <strong>em</strong> re<strong>de</strong>, <strong>trabalho</strong> <strong>em</strong> parceria e<br />

<strong>em</strong>powerment, assim como na dimensão territorial e institucional.<br />

Racional<br />

• A cooperação <strong>em</strong>presarial entre PME’s é a única forma possível<br />

das <strong>em</strong>presas assumir<strong>em</strong> “dimensão crítica” para gerar<br />

novos factores <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> e explorar<strong>em</strong> zonas mais<br />

vantajosas das ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> valor.<br />

Soluções<br />

a)<br />

Os programas <strong>de</strong>veriam ser <strong>de</strong> âmbito sectorial com base<br />

nos já clusters-chave i<strong>de</strong>ntificados como fundamentais para<br />

Portugal;<br />

b)<br />

O investimento <strong>em</strong> inovação <strong>organizacional</strong> e adaptabilida<strong>de</strong><br />

das <strong>em</strong>presas e trabalhadores <strong>de</strong>verão ser dimensões mandatórias<br />

<strong>de</strong>stes programas;<br />

c)<br />

Os programas <strong>de</strong>verão prever a formação e intervenção <strong>de</strong><br />

“mediadores para a cooperação” capazes <strong>de</strong> dinamizar as<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação necessárias para o funcionamento dos<br />

projectos “no terreno”.<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

27


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Recomendações Compl<strong>em</strong>entares<br />

Para al<strong>em</strong> das 8 recomendações apresentadas e que <strong>de</strong>corr<strong>em</strong><br />

directamente das mensagens-chave retiradas dos projectos<br />

envolvidos na RT4, julgamos ser importante salientar alguns<br />

aspectos que a nossa Re<strong>de</strong> T<strong>em</strong>ática teve oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>bater ao longo da sua existência e que po<strong>de</strong>rão constituir<br />

recomendações compl<strong>em</strong>entares úteis para o próprio Gabinete<br />

<strong>de</strong> Gestão do programa <strong>em</strong> Portugal, para a Comissão<br />

Europeia e outros <strong>de</strong>cisores políticos.<br />

Agrupámos estes aspectos <strong>em</strong> torno dos seguintes pontos:<br />

• Os princípios Equal<br />

• As Re<strong>de</strong>s T<strong>em</strong>áticas<br />

• Os Grupos T<strong>em</strong>áticos Europeus<br />

• A cultura Equal<br />

Quanto mais<br />

os princípios Equal<br />

são incorporados<br />

nas activida<strong>de</strong>s<br />

dos projectos,<br />

maior a probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sucesso<br />

dos mesmos.<br />

Princípios Equal<br />

Uma das constatações mais marcantes<br />

que a RT4 proporcionou aos seus<br />

participantes foi a <strong>de</strong> validar a eficácia<br />

dos princípios Equal na gestão<br />

dos projectos “no terreno”.<br />

Foi possível verificar que os projectos<br />

que mais e melhor incorporaram<br />

nas suas activida<strong>de</strong>s:<br />

• o <strong>trabalho</strong> <strong>em</strong> parceria;<br />

• a inovação;<br />

• o <strong>em</strong>powerment;<br />

• a cooperação transnacional; e<br />

• a diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> resultados;<br />

foram aqueles que obtiveram<br />

melhores resultados no que diz<br />

respeito à eficácia e utilida<strong>de</strong> das<br />

activida<strong>de</strong>s durante a Acção 2 e na<br />

qualida<strong>de</strong> dos respectivos produtos<br />

<strong>de</strong>senvolvidos.<br />

Pod<strong>em</strong>os, pois, concluir que a incorporação<br />

dos Princípios Equal, com particular<br />

<strong>de</strong>staque para os 3 primeiros, são <strong>em</strong> si-mesmo factores<br />

críticos <strong>de</strong> sucesso dos projectos e não apenas aspectos a<br />

consi<strong>de</strong>rar numa lógica “politicamente correcta”.<br />

Esta conclusão é tanto mais po<strong>de</strong>rosa quanto ela é transversal<br />

às diferentes tipologias <strong>de</strong> projectos e parcerias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

(PD) que <strong>de</strong>senvolveram <strong>trabalho</strong> na Fase 1 do Equal<br />

<strong>em</strong> Portugal.<br />

Isto significa que as PD’s que, durante a Acção 2, mais e melhor<br />

trabalharam <strong>em</strong> parceria e <strong>em</strong> re<strong>de</strong>, mais inovação incorporaram<br />

nas suas activida<strong>de</strong>s e mais estimularam o <strong>em</strong>powerment<br />

foram capazes <strong>de</strong> gerar mais inovação <strong>organizacional</strong><br />

nas <strong>em</strong>presas, mais formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> e<br />

mais facilitaram, <strong>em</strong> geral, a adaptabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas e<br />

trabalhadores.<br />

Este aspecto foi <strong>de</strong> tal forma notório que, nalguns casos, talvez<br />

não fosse exagerado consi<strong>de</strong>rar que os princípios Equal<br />

tiveram um efeito no êxito das soluções <strong>de</strong> adaptabilida<strong>de</strong><br />

testadas idêntico ou mesmo superior às características técnicas<br />

<strong>de</strong>ssas soluções.<br />

Numa linguag<strong>em</strong> mais simples, e recorrendo a um pequeno<br />

ex<strong>em</strong>plo, parece ter sido mais eficaz para promover a formação<br />

<strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> <strong>em</strong> PME’s a capacida<strong>de</strong> das<br />

PD’s envolver<strong>em</strong> activamente os diferentes actores-chave<br />

(<strong>em</strong>presários, trabalhadores, chefias intermédias, etc.), isto é,<br />

aplicar<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada o princípio do <strong>em</strong>powerment,<br />

do que propriamente a qualida<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong>senvolvida.<br />

Isto significa que a qualida<strong>de</strong> e eficácia das soluções é tanto<br />

maior quando nela são envolvidos os actores pertinentes.<br />

Resumindo, e tentando resumir esta aprendizag<strong>em</strong> numa<br />

única frase, diríamos que:<br />

Quanto mais os princípios Equal são<br />

incorporados nas activida<strong>de</strong>s dos<br />

projectos, maior a probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sucesso dos mesmos.<br />

Desta constatação, <strong>de</strong>corr<strong>em</strong> recomendações<br />

óbvias. Uma primeira<br />

será a <strong>de</strong> se estimular a incorporação<br />

dos princípios Equal noutros<br />

programas nacionais e europeus<br />

com objectivos s<strong>em</strong>elhantes.<br />

Uma segunda, mais importante, é<br />

a <strong>de</strong> tentar garantir que a aprendizag<strong>em</strong><br />

e conhecimento gerados<br />

na Fase 1 do Equal possam ser capitalizados<br />

da melhor forma para<br />

a Fase 2. Des<strong>em</strong>penha aqui papel<br />

relevante o processo <strong>em</strong> curso <strong>de</strong><br />

avaliação externa do programa.<br />

É aconselhável que aquele processo<br />

não valorize apenas a avaliação<br />

dos produtos finais dos projectos, mas<br />

que procure isolar e evi<strong>de</strong>nciar a influência que os princípios<br />

Equal tiveram não apenas nos produtos, mas também nos resultados<br />

das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas junto dos utilizadores<br />

e beneficiários dos vários projectos.<br />

Consi<strong>de</strong>ramos a<strong>de</strong>quado que se i<strong>de</strong>ntifiqu<strong>em</strong> Estudos <strong>de</strong><br />

Caso/Boas Práticas <strong>de</strong> “Projectos Campeões <strong>em</strong> Princípios<br />

Equal”.<br />

No que diz respeito à cooperação transnacional, é <strong>de</strong> difícil<br />

avaliação e transformação <strong>em</strong> recomendações o seu impacte<br />

nos projectos que integraram a RT4.<br />

Essa será, certamente, uma dimensão a que o processo <strong>de</strong><br />

avaliação externa atribuirá uma atenção especial.<br />

Por fim, quanto à diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> resultados, r<strong>em</strong>et<strong>em</strong>os<br />

as recomendações para o ponto relacionado com as re<strong>de</strong>s<br />

t<strong>em</strong>áticas.<br />

28 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Re<strong>de</strong>s T<strong>em</strong>áticas<br />

A animação das re<strong>de</strong>s t<strong>em</strong>áticas foi também uma inovação<br />

relevante durante a Fase 1 do Equal. Os resultados <strong>de</strong>sta experiência<br />

serão, seguramente, objecto <strong>de</strong> avaliação objectiva<br />

e isenta e não nos cabe fazer aqui a sua apologia.<br />

No entanto, tendo <strong>em</strong> conta todo o <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong>senvolvido,<br />

julgamos a<strong>de</strong>quado po<strong>de</strong>r contribuir para a maximização <strong>de</strong><br />

alguns benefícios óbvios do funcionamento das re<strong>de</strong>s t<strong>em</strong>áticas.<br />

Nomeadamente.<br />

• Melhoria gerada na qualida<strong>de</strong> dos projectos <strong>em</strong> si<br />

mesmo;<br />

• Melhoria na incorporação dos princípios Equal;<br />

• Melhoria na qualida<strong>de</strong> dos produtos finais dos<br />

projectos;<br />

• Diferenciação face a projectos não envolvidos nas re<strong>de</strong>s<br />

t<strong>em</strong>áticas.<br />

Qualida<strong>de</strong> dos projectos<br />

Foi notório, ao longo do funcionamento<br />

da RT4, os resultados que<br />

a “pressão t<strong>em</strong>ática” exerceu sobre<br />

os projectos envolvidos na re<strong>de</strong> no<br />

sentido dos mesmos incorporar<strong>em</strong><br />

maiores níveis <strong>de</strong> exigência nas<br />

suas activida<strong>de</strong>s.<br />

Incorporação dos<br />

princípios Equal<br />

Esta foi uma das dimensões <strong>de</strong><br />

maior impacte da activida<strong>de</strong> da<br />

RT4. Sobretudo no que diz respeito<br />

aos princípios do <strong>trabalho</strong> <strong>em</strong> parceria,<br />

inovação e <strong>em</strong>powerment,<br />

o <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong>senvolvido na re<strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>ática permitiu aos seus participantes<br />

e projectos uma melhor<br />

compreensão do verda<strong>de</strong>iro alcance<br />

<strong>de</strong>stes princípios e <strong>de</strong> como eles po<strong>de</strong>riam ser integrados nas<br />

activida<strong>de</strong>s e, sobretudo, nos produtos finais.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma constatação muito significativa, uma vez<br />

que esse era precisamente um dos objectivos indirectos das<br />

re<strong>de</strong>s t<strong>em</strong>áticas: sendo, elas próprias, um instrumento <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

<strong>em</strong> re<strong>de</strong> e <strong>de</strong> <strong>em</strong>powerment dos seus participantes, é<br />

relevante constatar que isso teve um efeito <strong>de</strong>smultiplicador<br />

sobre os projectos que <strong>de</strong>correram durante o funcionamento<br />

da RT4.<br />

A Figura 3 representa este efeito <strong>de</strong> forma mais clara.<br />

Qualida<strong>de</strong> dos produtos e diferenciação<br />

A participação nas re<strong>de</strong>s t<strong>em</strong>áticas permitiu aos projectos<br />

da Fase 1 participar <strong>de</strong> forma muito activa e implicada na<br />

construção e concretização da metodologia <strong>de</strong> validação <strong>de</strong><br />

produtos Equal.<br />

Durante vários meses, esta foi uma activida<strong>de</strong> a que a re<strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>ática <strong>de</strong>dicou gran<strong>de</strong> parte do seu t<strong>em</strong>po e <strong>trabalho</strong>. Os<br />

benefícios da participação na re<strong>de</strong> ficaram d<strong>em</strong>onstrados <strong>de</strong><br />

forma inequívoca <strong>em</strong> três tipos <strong>de</strong> situações:<br />

a) projectos que adiaram as suas sessões <strong>de</strong> validação <strong>de</strong> produtos<br />

por compreen<strong>de</strong>r<strong>em</strong> que os mesmos não cumpriam<br />

requisitos mínimos <strong>de</strong> validação;<br />

b) projectos que viram os seus produtos não validados <strong>em</strong> sessões<br />

<strong>de</strong> validação promovidas para o efeito no âmbito da RT4;<br />

c) projectos que realizaram sessões <strong>de</strong> validação na RT4, mas<br />

que não integraram a re<strong>de</strong>.<br />

Na primeira situação, alguns projectos verificaram que os produtos<br />

que haviam inicialmente previsto como resultado das<br />

suas activida<strong>de</strong>s não correspondiam a verda<strong>de</strong>iros “produtos<br />

Figura 3<br />

Organização t<strong>em</strong>ática<br />

do Living Document<br />

da RT4<br />

Equal”. Isso foi muito positivo, pois obrigou os projectos a reformular<br />

esses produtos, incorporando nestes <strong>de</strong> forma mais<br />

vincada os princípios Equal e características indispensáveis à<br />

sua diss<strong>em</strong>inação.<br />

Já na segunda situação, alguns produtos apresentados para<br />

validação não reuniam as condições necessárias para a<br />

obtenção da mesma. Mesmo nesses casos, a aprendizag<strong>em</strong><br />

resultante do processo <strong>de</strong> validação foi muito significativa,<br />

tendo sido s<strong>em</strong>pre sugerido aos projectos que introduziss<strong>em</strong><br />

nos produtos as melhorias necessárias para que a validação<br />

pu<strong>de</strong>sse ocorrer. Foi o que suce<strong>de</strong>u.<br />

Por fim, a RT4 também realizou sessões <strong>de</strong> validação para<br />

projectos que não integravam a re<strong>de</strong>, mas que <strong>de</strong>senvolveram<br />

<strong>trabalho</strong> no âmbito das questões da Adaptabilida<strong>de</strong>. Foi<br />

b<strong>em</strong> notório o “défice” que estes projectos apresentavam dos<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

29


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

requisitos inerentes ao conceito <strong>de</strong> “Produto Equal”, às próprias<br />

rotinas do processo <strong>de</strong> validação <strong>de</strong> produtos e ainda à<br />

diss<strong>em</strong>inação pretendida na Acção 3.<br />

No caso específico da diss<strong>em</strong>inação e do que se pretendia no<br />

âmbito <strong>de</strong> uma candidatura à Acção 3, foi particularmente notado<br />

que os projectos que não acompanharam os <strong>trabalho</strong>s<br />

da RT4 não dominavam as características-chave do processo<br />

<strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação preconizado pelo Equal, nomeadamente<br />

confundido beneficiários finais com alvos <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação.<br />

A distinção entre estes conceitos foi amplamente discutida<br />

no âmbito da RT4 e permitiu evitar que muitas candidaturas<br />

à Acção 3 apresentass<strong>em</strong> activida<strong>de</strong>s que representavam a<br />

exacta duplicação <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s já <strong>de</strong>senvolvidas na Acção<br />

2, numa lógica pura <strong>de</strong> <strong>de</strong>smultiplicação a um maior número<br />

<strong>de</strong> beneficiários finais dos produtos <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

A recomendação que estas constatações suger<strong>em</strong> é muito<br />

simples: que as re<strong>de</strong>s t<strong>em</strong>áticas <strong>de</strong>veriam<br />

prosseguir a sua existência na Fase 2<br />

e que a participação dos projectos<br />

nas mesmas <strong>de</strong>veria ser mandatória,<br />

por forma a evitar a “discriminação<br />

negativa” a que, quase<br />

inevitavelmente, ficarão sujeitos os<br />

projectos que não particip<strong>em</strong> na<br />

activida<strong>de</strong> t<strong>em</strong>ática.<br />

No entanto, estamos b<strong>em</strong> conscientes<br />

que o carácter mandatório<br />

é contrário ao mo<strong>de</strong>lo das comunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> práticas que subjaz à<br />

sua criação e dinamização. Consi<strong>de</strong>ramos,<br />

no entanto, que é útil<br />

equacionar <strong>de</strong> forma equilibrada<br />

as vantagens e <strong>de</strong>svantagens da<br />

participação obrigatória nas re<strong>de</strong>s,<br />

tendo <strong>em</strong> conta a avaliação global<br />

das mesmas.<br />

Grupos T<strong>em</strong>áticos Europeus<br />

Durante o <strong>trabalho</strong> da RT4, foi possível a um dos seus animadores<br />

acompanhar com bastante proximida<strong>de</strong> a activida<strong>de</strong><br />

do GTE3 Adaptabilida<strong>de</strong>, com especial interesse para o Grupo<br />

<strong>de</strong> Trabalho Aprendizag<strong>em</strong> ao Longo da Vida.<br />

O que importa aqui salientar, como resultado <strong>de</strong>sse acompanhamento,<br />

é que nos pareceu muito claro que, nos vários<br />

países europeus, a concretização da Acção 2 dos projectos<br />

Equal po<strong>de</strong>rá resultar num conjunto <strong>de</strong> recomendações políticas<br />

muito s<strong>em</strong>elhantes às que apresentamos neste Living<br />

Document.<br />

Esta “impressão” é especialmente vincada no que diz respeito<br />

à questão da eficácia dos princípios Equal na gestão dos<br />

projectos.<br />

Cultura Equal<br />

Em jeito <strong>de</strong> conclusão final, parece-nos a<strong>de</strong>quado e mesmo<br />

inquestionável que a Fase 1 <strong>de</strong> execução do programa Equal<br />

criou e consolidou <strong>em</strong> Portugal e também nos restantes<br />

países europeus uma genuína “Cultura Equal” com valores<br />

muito fortes e altamente diferenciados da cultura reinante<br />

noutros programas nacionais e europeus com objectivos<br />

s<strong>em</strong>elhantes 3 .<br />

Dado que os resultados a nível europeu (conforme ficou<br />

amplamente d<strong>em</strong>onstrado na Conferência “EQUAL – Free<br />

Mov<strong>em</strong>ent of Good I<strong>de</strong>as” realizada a 25 e 26 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong><br />

2005, <strong>em</strong> Varsóvia) são muito positivos, é inevitável formular a<br />

recomendação que o Programa Equal possa ter continuida<strong>de</strong><br />

no próximo Quadro Comunitário <strong>de</strong> Apoio.<br />

O argumento segundo o qual a não continuação do programa<br />

enquanto tal não inviabiliza a diss<strong>em</strong>inação dos seus princípios e<br />

das suas boas práticas noutros programas<br />

e políticas, sendo razoável, é <strong>de</strong> fraca<br />

sustentação face a um conjunto <strong>de</strong><br />

evidências, das quais <strong>de</strong>stacamos as<br />

que nos parec<strong>em</strong> mais relevantes:<br />

• Alguns dos princípios Equal não<br />

são exclusivos a este programa, no<br />

entanto, tudo indica que é neste<br />

programa que o seu grau <strong>de</strong> incorporação<br />

efectiva é maior. Logo,<br />

a diss<strong>em</strong>inação adicional <strong>de</strong>sses<br />

princípios por outras iniciativas<br />

não garantirá, por si só, a sua maior<br />

concretização;<br />

• A difusão dos princípios Equal<br />

por diversos programas/iniciativas<br />

conduzirá forçosamente a uma<br />

fragmentação e dispersão dos<br />

mesmos que dificultará o surgimento<br />

<strong>de</strong> novos projectos capazes<br />

<strong>de</strong> reproduzir as dinâmicas já criadas;<br />

• A perda <strong>de</strong> eficiência, mesmo económica, parece-nos óbvia.<br />

Com a conclusão da Acção 2 e respectiva avaliação final<br />

do Programa <strong>de</strong> Iniciativa Comunitária Equal, a Comissão<br />

Europeia estará <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> introduzir as melhorias<br />

necessárias na gestão do mesmo que possibilit<strong>em</strong> atingir<br />

resultados ainda melhores. Também para as instituições que<br />

integraram as parcerias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento ao longo das 2<br />

fases do Equal, a não continuida<strong>de</strong> do programa representará<br />

uma frustração <strong>de</strong> expectativas inevitavelmente criadas e<br />

<strong>de</strong> investimentos efectuados <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> valorização <strong>de</strong><br />

recursos humanos, orientação estratégica para novas áreas<br />

<strong>de</strong> competência, etc.<br />

Mesmo do ponto <strong>de</strong> vista conceptual, dir-se-ia que um programa<br />

tão consensual na avaliação da sua utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria<br />

3 S<strong>em</strong> que isso, obviamente, encerre qualquer conotação negativa para esses<br />

outros programas.<br />

30 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

ter continuida<strong>de</strong>, obviamente reformulando aspectos menos<br />

b<strong>em</strong> conseguidos, e não ser fragmentado e disperso por outras<br />

realida<strong>de</strong>s.<br />

Acresce ainda que alguns aspectos do Programa Equal nunca<br />

po<strong>de</strong>rão ser totalmente incorporados noutros programas/<br />

iniciativas, como é o caso da “Cultura Equal” que foi inevitavelmente<br />

criada nos últimos anos e que, tudo indica, será<br />

reforçada até final da Fase 2.<br />

Esta cultura faz com que as entida<strong>de</strong>s envolvidas nas parcerias<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento (formal ou informalmente) apresent<strong>em</strong> um<br />

sentido <strong>de</strong> pertença àquela cultura que nunca po<strong>de</strong>rá ser transferida<br />

para outra realida<strong>de</strong>.<br />

No que diz respeito à realida<strong>de</strong> portuguesa, julgamos po<strong>de</strong>r caracterizar<br />

aquela cultura, entre outros, através dos seguintes traços:<br />

• Exigência:<br />

toda a envolvente institucional, documental (Guia <strong>de</strong> Apoio<br />

ao Utilizador, Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Encargos,<br />

etc.), <strong>de</strong> acompanhamento, etc., do<br />

programa gera um <strong>contexto</strong> <strong>de</strong><br />

exigência muito acima da média<br />

sobre as entida<strong>de</strong>s e profissionais<br />

envolvidos no programa;<br />

• Coerência:<br />

a forte exigência imposta sobre as<br />

parcerias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento é<br />

acompanhada <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong><br />

acções/iniciativas “no terreno”que<br />

apoiam essas entida<strong>de</strong>s e que serv<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plo das orientações<br />

que as parcerias <strong>de</strong>v<strong>em</strong> cumprir<br />

na execução dos seus projectos<br />

(ex<strong>em</strong>plo: re<strong>de</strong>s t<strong>em</strong>áticas);<br />

• Empowerment:<br />

as entida<strong>de</strong>s e profissionais envolvidos<br />

na execução do programa<br />

sent<strong>em</strong> que pod<strong>em</strong> influenciar a<br />

própria gestão do programa e contribuir<br />

para a sua melhoria contínua (ex<strong>em</strong>plo: o contributo<br />

dado pela RT4 para a reformulação dos ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> encargos<br />

para a Fase 2);<br />

• Trabalho <strong>em</strong> re<strong>de</strong>:<br />

vários projectos conseguiram criar e sustentar autênticas re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> cooperação a nível local, regional, até mesmo nacional<br />

(ex<strong>em</strong>plo: projecto Rotas da Cerâmica), inter-<strong>em</strong>presarial, inter-institucional,<br />

fort<strong>em</strong>ente baseadas <strong>em</strong> relações muitas vezes<br />

informais, numa lógica complexa e única <strong>de</strong> “networking”,<br />

geradora <strong>de</strong> valor acrescentado e <strong>de</strong> benefícios intangíveis <strong>de</strong><br />

extr<strong>em</strong>a riqueza;<br />

• Proximida<strong>de</strong>:<br />

a forma como o acompanhamento dos projectos Equal é efectuado<br />

“no terreno”, através <strong>de</strong> instrumentos como as visitas <strong>de</strong><br />

O conceito <strong>de</strong> “Produto Equal”<br />

facilita a incorporação<br />

<strong>de</strong> dimensões críticas<br />

necessárias à diss<strong>em</strong>inação<br />

<strong>de</strong> resultados do programa<br />

acompanhamento, participação <strong>em</strong> eventos dos projectos (s<strong>em</strong>inários,<br />

etc.), as próprias re<strong>de</strong>s t<strong>em</strong>áticas, etc., faz com que as<br />

parcerias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento se sintam próximas da entida<strong>de</strong><br />

responsável pela gestão do programa. Este sentimento contrasta<br />

fort<strong>em</strong>ente com o que é habitual na maioria dos programas<br />

nacionais e europeus com objectivos s<strong>em</strong>elhantes. Talvez o exlibris<br />

<strong>de</strong>ste valor possa ser melhor simbolizado pelo pioneirismo<br />

inerente à criação da Pós-Graduação frequentada por inúmeros<br />

profissionais ligados aos projectos Equal;<br />

• Inovação:<br />

a forte orientação para a concretização <strong>de</strong> projectos com características<br />

inovadoras introduz na envolvente do programa<br />

componentes <strong>de</strong> motivação e responsabilida<strong>de</strong> muito valorizadas<br />

por todos quanto nele participam;<br />

• Diss<strong>em</strong>inação:<br />

o conceito <strong>de</strong> “Produto Equal” facilita a incorporação <strong>de</strong><br />

dimensões críticas necessárias à diss<strong>em</strong>inação<br />

<strong>de</strong> resultados do programa,<br />

estimulando ainda aspectos cruciais<br />

como a sustentabilida<strong>de</strong> dos<br />

produtos e práticas inovadoras;<br />

• Prestígio:<br />

num registo mais subtil e subjectivo,<br />

mas não menos importante,<br />

verifica-se uma valorização crescente<br />

por parte <strong>de</strong> instituições e<br />

profissionais pelo envolvimento no<br />

programa resultante da percepção<br />

<strong>de</strong> uma “diferenciação positiva”<br />

resultante <strong>de</strong> todo o <strong>contexto</strong> que<br />

envolve a dinamização do Equal.<br />

Julgamos, pois, que esta “Cultura<br />

Equal” terá todas as condições para<br />

se reforçar ainda mais até final da<br />

Fase 2 do programa e que, por essa<br />

altura, constituirá um “património”<br />

cuja melhor forma <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação<br />

seria a da continuida<strong>de</strong> do programa sob uma <strong>de</strong>signação<br />

próxima <strong>de</strong> Equal II ou algo equivalente.<br />

Essa é, pelo menos, a opinião convicta <strong>de</strong> todos quantos participaram<br />

na RT4.<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

31


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Enquadramento Político das Recomendações<br />

Tendo por base os instrumentos <strong>de</strong> enquadramento consi<strong>de</strong>rados<br />

como pano <strong>de</strong> fundo para as recomendações aqui efectuadas,<br />

construímos a Tabela 2 que fornece feedback mais<br />

claro e organizado sobre as possíveis “zonas <strong>de</strong> impacte” dos<br />

resultados dos projectos Equal envolvidos na RT4 – Inovação<br />

Organizacional e Formação <strong>em</strong> Contexto <strong>de</strong> Trabalho. Tabela 2 = Enquadramento das recomendações RT4 [1]<br />

Recomendações Estratégia Europeia Emprego<br />

Conteúdo<br />

Recomendações RT4<br />

1<br />

2<br />

3<br />

Promover a mo<strong>de</strong>rnização da organização do <strong>trabalho</strong>, a fim<br />

<strong>de</strong> reforçar a produtivida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> do <strong>em</strong>prego<br />

Aumentar a adaptabilida<strong>de</strong> dos trabalhadores e das <strong>em</strong>presas<br />

Com base no novo Código do Trabalho, tornar o regime<br />

<strong>de</strong> contratação s<strong>em</strong> termo mais atractivo aliciante pata<br />

<strong>em</strong>pregadores e trabalhadores, contrariando a segmentação<br />

do mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

• Recomendação 1<br />

• Recomendação 2<br />

• Recomendação 4<br />

• Recomendação 6<br />

• Recomendação 7<br />

• Recomendação 8<br />

Desenvolver um sist<strong>em</strong>a mais eficaz <strong>de</strong> antecipação e gestão<br />

• Recomendação 5<br />

das reestruturações<br />

Atrair mais pessoas para o mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> e fazer do <strong>trabalho</strong> uma opção real para todos<br />

Intensificar as medidas activas com incidência no mercado<br />

4 <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> para os <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregados e os inactivos e garantir<br />

a sua eficácia<br />

5 Reforçar esforços para integrar os imigrantes<br />

6<br />

7<br />

Tomar medidas para combater os factores <strong>de</strong> diferenciação<br />

salarial entre homens e mulheres no sector privado e reforçar<br />

a disponibilida<strong>de</strong> e a acessibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preços das estruturas<br />

<strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong> crianças e outros <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

Desenvolver uma estratégia global <strong>de</strong> envelhecimento<br />

activo que elimine os incentives à reforma antecipada,<br />

reforce o acesso à formação e garanta condições <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

a<strong>de</strong>quadas<br />

8<br />

Investir mais e com maior eficácia no capital humano e na aprendizag<strong>em</strong> ao longo da vida<br />

Garantir que a estratégia nacional <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ao longo<br />

da vida produza resultados <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> um aumento<br />

dos níveis <strong>de</strong> habilitações educativas da força <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>,<br />

incentivos à aprendizag<strong>em</strong> ao longo da vida, <strong>em</strong> especial<br />

para pessoas pouco qualificadas<br />

9 Reduzir o abandono escolar precoce e reforçar a relevância<br />

do ensino superior para o mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

• Recomendação 3<br />

• Recomendação 8<br />

32 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

A análise da Tabela 2 permite verificar, s<strong>em</strong> surpresas, que as<br />

recomendações da RT4 se centram esmagadoramente na<br />

questão da adaptabilida<strong>de</strong> das <strong>em</strong>presas e trabalhadores.<br />

• Adaptabilida<strong>de</strong><br />

Pensamos que as recomendações efectuadas, juntamente<br />

com as mensagens-chave encerram valor suficiente para merecer<br />

a atenção dos <strong>de</strong>cisores políticos, particularmente no<br />

que diz respeito ao “interface <strong>de</strong> mediação” entre interesses<br />

<strong>de</strong> <strong>em</strong>pregadores e trabalhadores.<br />

A experiência da RT4, neste domínio, é muito clara e simples:<br />

aquela interface t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser mediada <strong>de</strong> forma activa e<br />

profissional nas PME’s, não se po<strong>de</strong>ndo esperar que sejam as<br />

<strong>em</strong>presas e os trabalhadores por si só a encontrar<strong>em</strong> os compromissos<br />

necessários à promoção da adaptabilida<strong>de</strong>.<br />

A crescente pressão competitiva e produtiva sobre as PME’s<br />

e seus trabalhadores, frequent<strong>em</strong>ente utilizada como argumento<br />

(por <strong>em</strong>pregadores e trabalhadores)<br />

para dificultar a integração <strong>de</strong><br />

práticas <strong>de</strong> formação ao longo da<br />

vida (ainda mais vincado para soluções<br />

mais “avançadas” <strong>em</strong> termos<br />

<strong>de</strong> inovação <strong>organizacional</strong>), po<strong>de</strong><br />

ser aproveitada por mediadores<br />

<strong>de</strong>vidamente preparados para<br />

facilitar a adaptabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada<br />

e necessária.<br />

Outra conclusão po<strong>de</strong>rosa é que<br />

muitos projectos Equal permitiram,<br />

<strong>de</strong> forma inequívoca, a partir das<br />

questões da adaptabilida<strong>de</strong>, inovação<br />

<strong>organizacional</strong> e formação <strong>em</strong><br />

<strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, intervir <strong>em</strong><br />

dimensões estratégicas e factores<br />

<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitas <strong>em</strong>presas,<br />

especialmente PME’s.<br />

Isto é, os projectos Equal d<strong>em</strong>onstraram<br />

que é possível promover a mo<strong>de</strong>rnização<br />

das <strong>em</strong>presas a partir das questões da adaptabilida<strong>de</strong><br />

e não o contrário (como é mais habitual ser <strong>de</strong>fendido).<br />

Cabe, pois, aos <strong>de</strong>cisores políticos integrar esta mensag<strong>em</strong> no<br />

sentido, sobretudo, <strong>de</strong> que ela possa ser “transformada” num<br />

argumento muito forte para estimular a a<strong>de</strong>são das <strong>em</strong>presas<br />

(nomeadamente PME’s) a este tipo <strong>de</strong> projectos.<br />

Se quisermos alargar este raciocínio ao Programa Equal na<br />

sua globalida<strong>de</strong>, pensamos que a conclusão é ainda mais po<strong>de</strong>rosa:<br />

é possível mo<strong>de</strong>rnizar e tornar mais competitivas as<br />

<strong>em</strong>presas através <strong>de</strong> uma actuação que visa eliminar todas<br />

as formas <strong>de</strong> discriminação no mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>.<br />

Merece ainda referência a recomendação relacionada com as<br />

reestruturações. Este probl<strong>em</strong>a vai, seguramente, continuar a<br />

afectar um número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas e trabalhadores<br />

dos sectores mais tradicionais da indústria portuguesa.<br />

É bastante relevante que a recomendação <strong>em</strong>anada da RT4<br />

aponte no mesmo sentido do que t<strong>em</strong> sido a constatação a<br />

A pressão competitiva<br />

e produtiva sobre as PME’s<br />

po<strong>de</strong> ser aproveitada<br />

por mediadores para facilitar<br />

a adaptabilida<strong>de</strong><br />

nível europeu: a reconversão profissional pós encerramento<br />

das <strong>em</strong>presas é muito mais difícil, na maioria dos casos mesmo<br />

impossível.<br />

Ganha, pois, cada vez mais pertinência o estímulo (ou será<br />

mesmo imposição ? Fazendo apelo à responsabilida<strong>de</strong> social<br />

das <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> sentido lato) que <strong>de</strong>ve ser criado para que<br />

as <strong>em</strong>presas antecip<strong>em</strong>, elas próprias, os seus processos <strong>de</strong><br />

encerramento e <strong>de</strong>slocalização, preparando os seus trabalhadores<br />

para os novos <strong>de</strong>safios da <strong>em</strong>pregabilida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong><br />

da informação e do conhecimento.<br />

• Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atracção do mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

É compreensível que a RT4 não tenha recomendações a<br />

efectuar neste aspecto, dado tratar-se <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> t<strong>em</strong>ática<br />

que lida com projectos, essencialmente, direccionados para<br />

activos <strong>em</strong>pregados.<br />

Por outro lado, é sabido que Portugal já cumpre gran<strong>de</strong> parte<br />

dos objectivos da estratégia <strong>de</strong> Lisboa<br />

no que diz respeito a taxas globais<br />

<strong>de</strong> <strong>em</strong>prego e taxas <strong>de</strong> activida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> mulheres e trabalhadores mais<br />

idosos.<br />

No entanto, é bom ter <strong>em</strong> conta<br />

que o conceito <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregabilida<strong>de</strong><br />

na era pós-industrial não<br />

correspon<strong>de</strong> ao conceitos <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregado<br />

e <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregado da era<br />

marcadamente industrial.<br />

Isto é, ser <strong>em</strong>pregável é um conceito<br />

e uma imposição sobre qualquer<br />

activo <strong>de</strong> carácter dinâmico<br />

e não mais estático. O conceito <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>prego para toda a vida, tipicamente<br />

industrial, encerrava duas<br />

dimensões hoje completamente<br />

ultrapassadas:<br />

i) o <strong>em</strong>prego era para toda a vida e,<br />

não raras vezes, a <strong>em</strong>presa também<br />

era para toda a vida;<br />

ii) quando se ficava <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregado, a questão que se colocava<br />

era procurar uma outra <strong>em</strong>presa on<strong>de</strong> continuar a <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar<br />

as mesmas funções (ou muito s<strong>em</strong>elhantes) que s<strong>em</strong>pre<br />

se havia <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado.<br />

Portanto, a questão da re-entrada no mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> era<br />

essencialmente (para o individuo) uma questão estática: havia<br />

que esperar que a procura (das <strong>em</strong>presas) surgisse pelas<br />

competências que já se <strong>de</strong>tinha.<br />

Ora, actualmente o <strong>de</strong>safio da <strong>em</strong>pregabilida<strong>de</strong> é muito mais<br />

complexo. Senão vejamos:<br />

a) para qu<strong>em</strong> fica <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregado, a questão que se coloca é<br />

como é que eu, enquanto indivíduo, vou abordar a procura<br />

que, muito provavelmente, necessita <strong>de</strong> competências que<br />

não tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver?<br />

b) para os que estão <strong>em</strong>pregados, coloca-se a questão <strong>de</strong> ter<br />

<strong>de</strong> actualizar <strong>em</strong> permanência as competências <strong>de</strong> forma a<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

33


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

manter-me <strong>em</strong>pregável na <strong>em</strong>presa actual (“<strong>em</strong>pregabilida<strong>de</strong><br />

interna”) ou para a procura potencial, caso fique <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregado<br />

ou pretenda, <strong>de</strong> minha iniciativa, encontrar outro<br />

<strong>em</strong>pregador (“<strong>em</strong>pregabilida<strong>de</strong> externa”).<br />

Conclui-se, assim, que a diferença entre <strong>em</strong>prego e <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego<br />

é hoje b<strong>em</strong> mais difusa e que os <strong>de</strong>safios da adaptabilida<strong>de</strong><br />

são, na maioria dos casos, comuns para os que estão no<br />

activo e para os <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregados.<br />

• Capital humano e aprendizag<strong>em</strong><br />

ao longo da vida<br />

No domínio do investimento <strong>em</strong><br />

capital humano e aprendizag<strong>em</strong><br />

ao longo da vida (ALV), julgamos<br />

que a RT4 fornece um feedback<br />

que merece bastante reflexão por<br />

parte dos <strong>de</strong>cisores políticos, nomeadamente<br />

no que diz respeito<br />

à necessária articulação entre Código<br />

do Trabalho e a futura Lei da<br />

Formação Profissional.<br />

É sabido que a discussão da Lei<br />

da Formação Profissional suscitou<br />

fortes bloqueios no domínio do<br />

financiamento da formação contínua<br />

a <strong>de</strong>senvolver pelos <strong>em</strong>pregadores.<br />

Está ainda por <strong>de</strong>cidir qual<br />

o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong>ssa<br />

formação, parecendo existir a tendência<br />

<strong>de</strong> fazer recair, inteiramente, essa responsabilida<strong>de</strong> sobre<br />

as <strong>em</strong>presas.<br />

Por sua vez, o Código do Trabalho estabelece (no seu Artigo<br />

125º) que compete ao <strong>em</strong>pregador:<br />

a) promover, com vista ao incr<strong>em</strong>ento da produtivida<strong>de</strong> e<br />

da competitivida<strong>de</strong> da <strong>em</strong>presa, o <strong>de</strong>senvolvimento das<br />

qualificações dos respectivos trabalhadores, nomeadamente<br />

através do acesso à formação profissional;<br />

b) organizar a formação na <strong>em</strong>presa, estruturando planos <strong>de</strong><br />

formação e aumentando o investimento <strong>em</strong> capital humano,<br />

<strong>de</strong> modo a garantir a permanente a<strong>de</strong>quação das qualificações<br />

dos seus trabalhadores;<br />

c) garantir um número mínimo <strong>de</strong> horas <strong>de</strong> formação anuais<br />

a cada trabalhador, seja <strong>em</strong> acções a <strong>de</strong>senvolver na <strong>em</strong>presa,<br />

seja através da concessão <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da formação por iniciativa do trabalhador;<br />

d) a formação contínua <strong>de</strong> activos <strong>de</strong>ve abranger, <strong>em</strong> cada<br />

ano, pelo menos 10% dos trabalhadores com contrato s<strong>em</strong><br />

termo <strong>de</strong> cada <strong>em</strong>presa;<br />

e) ao trabalhador <strong>de</strong>ve ser assegurada, no âmbito da formação<br />

contínua, um número mínimo <strong>de</strong> 20 horas anuais <strong>de</strong><br />

formação certificada;<br />

f ) o número mínimo <strong>de</strong> horas anuais <strong>de</strong> formação certificada<br />

é <strong>de</strong> 35 horas a partir <strong>de</strong> 2006.<br />

A Lei 35/2004, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> Julho, que regulamentou o Código do<br />

Trabalho esclareceu que:<br />

g) a formação certificada a que se<br />

refer<strong>em</strong> as alíneas e) e f ) po<strong>de</strong> ser<br />

realizada directamente pelo <strong>em</strong>pregador<br />

ou através <strong>de</strong> entida<strong>de</strong><br />

formadora acreditada.<br />

Muito já foi discutido sobre a a<strong>de</strong>quação<br />

do carácter mandatório da<br />

realização <strong>de</strong> formação contínua.<br />

Não vamos aqui retomá-lo, até<br />

porque ele é irreversível (dado que<br />

não parece ser intenção do novo<br />

governo alterar esta resolução).<br />

Mais interessante é a questão <strong>de</strong><br />

qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve pagar o investimento<br />

tornado obrigatório. Tenhamos<br />

s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração que,<br />

durante os dois Quadros Comunitários<br />

<strong>de</strong> Apoio já concluídos e o<br />

que agora se conclui <strong>em</strong> 2006, as<br />

<strong>em</strong>presas (as PME’s) foram “habituadas”<br />

a não investir directamente na formação contínua, tendo<br />

disposto <strong>de</strong> vários sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> co-financiamento público que<br />

reduziam a uma expressão quase insignificante o esforço<br />

financeiro associado à formação contínua.<br />

É bom também recordar que, mesmo naquele <strong>contexto</strong>, as<br />

<strong>em</strong>presas e os <strong>em</strong>presários foram muito criticados por não<br />

investir<strong>em</strong> suficient<strong>em</strong>ente na formação.<br />

Também não vamos aqui retomar essa via, até porque (na<br />

maioria dos casos) assentava <strong>em</strong> estereótipos e preconceitos<br />

<strong>de</strong>sfasados da realida<strong>de</strong> concreta das <strong>em</strong>presas.<br />

O que a RT4 t<strong>em</strong>, mo<strong>de</strong>stamente, a contribuir para esta discussão<br />

é que, nos projectos Equal da nossa re<strong>de</strong> <strong>em</strong> que as<br />

PME’s tinham que investir para pu<strong>de</strong>r<strong>em</strong> participar s<strong>em</strong>pre o<br />

fizeram s<strong>em</strong> reticências. É claro que o fizeram na expectativa<br />

<strong>de</strong> um retorno claro <strong>de</strong>sse investimento, mas esse é precisamente<br />

o espírito que se <strong>de</strong>ve criar à volta <strong>de</strong> qualquer investimento:<br />

investir agora para ganhar <strong>de</strong>pois.<br />

34 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Julgamos que esta experiência dos projectos Equal da RT4<br />

encerra valor suficiente para que os <strong>de</strong>cisores políticos a possam<br />

enquadrar no futuro sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> formação profissional<br />

português.<br />

Quanto ao Plano Nacional <strong>de</strong> Emprego, a Tabela 3 cumpre<br />

objectivos idênticos aos da Tabela 2, mas tendo por base as<br />

suas Directrizes.<br />

Supostamente, isso contribuiria para uma maior qualida<strong>de</strong><br />

da oferta formativa, dado que seria a procura a comandar a<br />

oferta e não o contrário.<br />

Este Living Document não é o documento a<strong>de</strong>quado para<br />

aprofundar esta t<strong>em</strong>ática, com excepção no que diz respeito<br />

à formação contínua. No entanto, as conclusões a que chegámos<br />

no que diz respeito ao investimento <strong>em</strong> capital humano<br />

e ALV apontam claramente no sentido <strong>de</strong> que <strong>em</strong>presas e<br />

Directrizes Plano Nacional <strong>de</strong> Emprego<br />

Conteúdo<br />

Recomendações RT4<br />

3<br />

Fazer face à mudança e promover a<br />

adaptabilida<strong>de</strong> no mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

• Recomendação 1<br />

• Recomendação 2<br />

• Recomendação 4<br />

• Recomendação 5<br />

• Recomendação 6<br />

• Recomendação 7<br />

• Recomendação 8<br />

Tabela 3 = Enquadramento das<br />

recomendações RT4 [2]<br />

4<br />

Promover o <strong>de</strong>senvolvimento do capital<br />

humano e a aprendizag<strong>em</strong> ao longo<br />

da vida<br />

• Recomendação 2<br />

• Recomendação 3<br />

• Recomendação 6<br />

• Recomendação 7<br />

• Recomendação 8<br />

É claro que o impacte sobre o PNE é muito s<strong>em</strong>elhante ao das<br />

recomendações da EEE, dado que o primeiro correspon<strong>de</strong><br />

(<strong>em</strong> gran<strong>de</strong>) parte à tradução do segundo para a realida<strong>de</strong><br />

portuguesa.<br />

Aproveitamos este ponto para também contribuirmos, à luz<br />

do que foi a experiência da RT4, sobre uma outra questão na<br />

ord<strong>em</strong> do dia relacionada com a Lei da Formação Profissional.<br />

Referimo-nos à anunciada inversão da lógica <strong>de</strong> co-financiamento<br />

da formação profissional (não apenas a contínua, mas<br />

todo o sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong> si).<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista puramente económico e “teórico”, a opção<br />

parece fazer sentido: <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> financiar directamente os<br />

promotores <strong>de</strong> formação (incluindo os do Estado, que são os<br />

que, largamente, mais beneficiam dos subsídios), isto é, financiar<br />

o lado da oferta, o sist<strong>em</strong>a passaria a financiar directa e<br />

exclusivamente a procura, isto é, os indivíduos interessados<br />

<strong>em</strong> frequentar acções <strong>de</strong> formação.<br />

trabalhadores estão dispostos a investir quando o retorno<br />

<strong>de</strong>sse investimento é percepcionado como verosímil.<br />

Logo, julgamos que é nesse sentido que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> caminhar<br />

todos os sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> financiamento da formação profissional.<br />

Inverter apenas o fluxo <strong>de</strong> financiamento, s<strong>em</strong> modificar<br />

mais nada no <strong>contexto</strong> global, não terá (provavelmente) a<br />

mesma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhoria e <strong>de</strong> mudança efectiva no<br />

sist<strong>em</strong>a.<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

35


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Anexo<br />

metodológico<br />

1. Enquadramento t<strong>em</strong>ático geral<br />

O GTE3 está t<strong>em</strong>aticamente organizado da seguinte forma 4 :<br />

GTE 3<br />

Adaptabilida<strong>de</strong><br />

Grupo <strong>de</strong> Trabalho<br />

Aprendizag<strong>em</strong> ao Longo da Vida<br />

(Irlanda)<br />

Grupo <strong>de</strong> Trabalho<br />

Gestão das Ida<strong>de</strong>s<br />

(França)<br />

Centrar as metodologias <strong>de</strong> ALV<br />

no indivíduo que apren<strong>de</strong><br />

Apoiar Empregadores e Trabalhadores<br />

na concretização da ALV<br />

Promover sustentabilida<strong>de</strong> dos resultados<br />

do Equal através da validação das aprendizagens<br />

Adaptar sist<strong>em</strong>as ALV<br />

a necessida<strong>de</strong>s individuais<br />

Promover investimento<br />

<strong>em</strong> capital humano<br />

Reconhecer e certificar aprendizag<strong>em</strong><br />

não formal e no local <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong><br />

Estimular níveis <strong>de</strong> participação<br />

na ALV <strong>em</strong> geral e nos menos<br />

qualificados <strong>em</strong> particular<br />

Partilhar responsabilida<strong>de</strong>s e<br />

custos do investimento <strong>em</strong> ALV<br />

Utilizar a validação <strong>de</strong> adquiridos<br />

para motivar e garantir<br />

<strong>em</strong>powerment dos apren<strong>de</strong>ntes<br />

Reduzir a discriminação digital<br />

Literacia <strong>em</strong> TIC<br />

4 Dado que a Gestão das Ida<strong>de</strong>s não foi tratada no âmbito da RT4, não apresentamos<br />

na figura o seu “<strong>de</strong>sdobramento t<strong>em</strong>ático”.<br />

36 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

A ligação entre RT4 e GTE3 é, como facilmente se constata,<br />

quase directa e (aliás) intencional.<br />

Assim, retomando e refinando a lógica apresentada nas Figuras<br />

1 e 2, a Figura 4 estabelece com maior precisão a coerência<br />

t<strong>em</strong>ática do nosso Living Document.<br />

Figura 4 = Organização t<strong>em</strong>ática do Living Document da RT4 (3)<br />

O <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong>senvolvido no âmbito do Grupo <strong>de</strong> Trabalho<br />

Aprendizag<strong>em</strong> ao Longo da Vida (ALV), produziu também<br />

conclusões e recomendações políticas que importa aqui<br />

equacionar 5 .<br />

Vamos aqui consi<strong>de</strong>rar as recomendações políticas efectuadas<br />

no âmbito dos seguintes sub-t<strong>em</strong>as:<br />

• Estimular o investimento <strong>em</strong> capital humano por parte<br />

dos <strong>em</strong>pregadores, sobretudo PME’s;<br />

• Adaptação da mão-<strong>de</strong>-obra à socieda<strong>de</strong> do conhecimento.<br />

5 A consulta plena dos resultados <strong>de</strong>ste Grupo <strong>de</strong> Trabalho po<strong>de</strong> ser efectuada<br />

<strong>em</strong>: http://europa.eu.int/comm/<strong>em</strong>ployment_social/equal/activities/etg3-lifelong-learning_en.cfm<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

37


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Tabela 4 = Recomendações políticas GTE3]<br />

Investimento <strong>em</strong> capital humanos<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

As PME’s são convidadas a colaborar<strong>em</strong> entre si através <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> cooperação e networking para:<br />

Descobrir relações ganhador-ganhador no investimento <strong>em</strong> capital humano, utilizando todo o potencial dos seus<br />

trabalhadores, incluindo grupos <strong>de</strong>sfavorecidos e evitando <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>scriminações;<br />

Desenvolver ferramentas <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> competências e <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação mais à medida <strong>de</strong><br />

cada trabalhador;<br />

Apren<strong>de</strong>r a a<strong>de</strong>rir e valorizar novas soluções como a abordag<strong>em</strong> “blen<strong>de</strong>d learning” (e-learning, coaching, action learning) e<br />

soluções intra-<strong>em</strong>presa inovadoras <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> ao longo da vida como o Job Rotation;<br />

Utilizar todo o know-how adquirido para melhor antecipar o <strong>de</strong>senvolvimento do negócio e, assim, melhor preparar os seus<br />

trabalhadores para esses <strong>de</strong>safios.<br />

Para os parceiros sociais:<br />

5<br />

6<br />

7<br />

Iniciar e encorajar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação (networking) sob todas as suas formas e aumentar os níveis<br />

<strong>de</strong> consciência e <strong>de</strong> informação sobre os benefícios do investimento <strong>em</strong> capital humano, e apoiar os <strong>em</strong>pregadores <strong>em</strong><br />

todos os passos necessários para a criação <strong>de</strong> situações ganhador-ganhador <strong>de</strong> todos os parceiros envolvidos (por ex<strong>em</strong>plo,<br />

apoiando o diálogo social, a informação sobre oferta formativa disponível, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas qualificações, etc.)<br />

As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação pod<strong>em</strong> ajudar a reduzir a pressão sobre as PME’s e pod<strong>em</strong> servir para acelerar a aprendizag<strong>em</strong> e a<br />

criação <strong>de</strong> um autêntico mercado para a aprendizag<strong>em</strong> ao longo da vida.<br />

As re<strong>de</strong>s trabalham <strong>de</strong> forma mais eficiente quando exist<strong>em</strong> ligações próximas com os serviços locais <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego,<br />

instituições ligadas à investigação e formação, assim como agências capazes <strong>de</strong> antecipar a evolução económica <strong>em</strong><br />

geral. A intervenção precoce para antecipar e agir sobre a mudança ajuda as <strong>em</strong>presas e trabalhadores, incluindo os mais<br />

<strong>de</strong>sfavorecidos.<br />

8 A qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma parceria (sectorial ou territorial) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quanto orientada para a procura e para resultados estiver.<br />

Socieda<strong>de</strong> do conhecimento<br />

Empregadores e parceiros sociais são convidados a juntar esforços para:<br />

9<br />

10<br />

11<br />

12<br />

Criar programas e métodos capazes <strong>de</strong> tornar as TIC acessíveis a todos, particularmente pessoas discriminadas no mercado<br />

<strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, assegurando formação apoiada por formadores (tradicional) e formação à medida que combine <strong>trabalho</strong><br />

individual como apoio presencial;<br />

Utilizar e adaptar ferramentas TIC para auto-avaliação das competências dos trabalhadores, criar formação à medida <strong>de</strong><br />

relação custo-benefício a<strong>de</strong>quada, que traga vantagens para os trabalhadores e para o <strong>de</strong>senvolvimento dos negócios;<br />

Rentabilizar o potencial das TIC para antecipar e prever as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento económico<br />

sectoriais e/ou sectoriais, e usar as TIC para promover o <strong>de</strong>senvolvimento competitivo gerador <strong>de</strong> melhoria na força <strong>de</strong><br />

<strong>trabalho</strong> e actualização técnica.<br />

Explorar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mediadores e/ou campeões regionais para aconselhar PME’s sobre<br />

investimento, negócios, formação, etc.<br />

38 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

A Tabela 4 apresenta as recomendações <strong>de</strong>vidamente organizadas<br />

<strong>em</strong> torno <strong>de</strong>stas duas dimensões.<br />

A análise comparativa entre as mensagens-chave/recomendações<br />

políticas da RT4 e as recomendações do GTE3 resulta<br />

na constatação <strong>de</strong> um alinhamento gritante e muito significativo.<br />

No que diz respeito ao investimento <strong>em</strong> capital humano, o<br />

GTE3 insiste fort<strong>em</strong>ente na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover soluções<br />

ganhador-ganhador entre <strong>em</strong>pregadores e trabalhadores.<br />

Vimos que a RT4 não apenas i<strong>de</strong>ntificou essa questão<br />

também como crucial, como apresentou propostas muito<br />

concretas <strong>de</strong> como aquelas soluções pod<strong>em</strong> ser potenciadas<br />

(mediação).<br />

Verifica-se também uma orientação assumida para a promoção<br />

<strong>de</strong> metodologias que permitam uma maior individualização<br />

das soluções <strong>de</strong> adaptabilida<strong>de</strong>. Esta “customização” às<br />

<strong>em</strong>presas e seus trabalhadores po<strong>de</strong> ser fort<strong>em</strong>ente apoiada<br />

pelas TIC.<br />

Também o “training mix”, mais vulgarmente conhecido como<br />

“blen<strong>de</strong>d learning”, surge como importante ferramenta <strong>de</strong><br />

promoção da adaptabilida<strong>de</strong>, nomeadamente <strong>em</strong> soluções<br />

<strong>de</strong> formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>. Também aqui a convergência<br />

com a RT4 é evi<strong>de</strong>nte.<br />

Por fim, os princípios Equal (networking e <strong>em</strong>powerment) são<br />

também referidos, <strong>em</strong> si mesmo, como indutores das soluções<br />

<strong>de</strong> investimento <strong>em</strong> capital humano pretendidas.<br />

Já quanto à socieda<strong>de</strong> do conhecimento, parece-nos que o<br />

GTE3 i<strong>de</strong>ntificou <strong>de</strong> forma mais vincada como as TIC po<strong>de</strong><br />

ser uma ferramenta <strong>de</strong> combate à discriminação no mercado<br />

<strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>. Embora a RT4 também tenha valorizado neste<br />

sentido as TIC, o GTE3 permitiu aprofundar esta reflexão a<br />

tal ponto que julgamos ser razoável recomendar que as TIC<br />

possam ser assumidas pelo Programa Equal como o seu 6º<br />

princípio.<br />

Esta recomendação encerra uma mensag<strong>em</strong> muito importante,<br />

dado que as TIC pod<strong>em</strong> ser colocadas ao serviço do combate<br />

a todas as formas <strong>de</strong> discriminação no mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>,<br />

promovendo a <strong>em</strong>pregabilida<strong>de</strong>, a adaptabilida<strong>de</strong>, a igualda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, etc.<br />

Tudo indica que, mesmo junto dos públicos mais info-excluídos,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>de</strong>vidamente apoiados (por mediadores), as<br />

TIC funcionam como factor <strong>de</strong> inclusão e não <strong>de</strong> exclusão.<br />

Merece ainda referência especial a recomendação 12 do<br />

GTE3, dado que aconselha a criação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mediadores<br />

para PME’s <strong>em</strong> tudo s<strong>em</strong>elhantes às que a RT4 preconiza. É <strong>de</strong><br />

extr<strong>em</strong>a importância que, a nível europeu, esta questão seja<br />

tão consensual e transversal. Simultaneamente, é também um<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio e responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os envolvidos na<br />

promoção e acompanhamento do Programa Equal não <strong>de</strong>ixar<br />

que estas recomendações sejam sub-aproveitadas, ou<br />

mesmo ignoradas.<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

39


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

2. Enquadramento conceptual<br />

Como apontamento final <strong>de</strong>ste Living Document, s<strong>em</strong> preten<strong>de</strong>r<br />

efectuar qualquer tipo <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong> cariz académico<br />

ou conceptual, gostaríamos <strong>de</strong> contribuir para uma compreensão<br />

mais profunda do significado que as mensagens-chave<br />

e recomendações aqui apresentadas representam <strong>em</strong> termos<br />

organizacionais.<br />

Nesta análise, ter<strong>em</strong>os como principais referenciais a abordag<strong>em</strong><br />

conhecida como “Human Performance Technology”,<br />

popularizada pela ISPI – International Society for Performance<br />

Improv<strong>em</strong>ent 6 . Não sendo oportuno aqui apresentar<br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>talhe aquela abordag<strong>em</strong>, far<strong>em</strong>os apenas referência a<br />

alguns mo<strong>de</strong>los que integram aquela abordag<strong>em</strong> a que far<strong>em</strong>os<br />

referência daqui <strong>em</strong> diante, s<strong>em</strong>pre que tal se justifique.<br />

Referimo-nos à Teoria Geral dos Sist<strong>em</strong>as, à Psicologia Behaviorista,<br />

e Desenvolvimento Organizacional.<br />

No que diz respeito às questões sobre as<br />

quais pretend<strong>em</strong>os reflectir, são as<br />

seguintes:<br />

• Como enquadrar as mensagenschave<br />

e recomendações da RT4 na<br />

forma como perspectivamos uma<br />

organização/<strong>em</strong>presa enquanto<br />

sist<strong>em</strong>a vivo ?<br />

• Que alcance têm estas mensagens-chave/recomendações<br />

na<br />

forma como encaramos a relação<br />

entre indivíduo e organização ?<br />

• Que formas <strong>de</strong> inovação e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>organizacional</strong> po d<strong>em</strong>,<br />

<strong>de</strong> facto, ser potenciadas através das<br />

mensagens-chave/recomendações<br />

da RT4?<br />

Aqui ficam algumas “pistas <strong>de</strong> reflexão”<br />

que propomos e <strong>em</strong> relação<br />

às quais gostaríamos <strong>de</strong> ter o contributo<br />

<strong>de</strong> especialistas e profissionais<br />

como forma enriquecimento e aprofundamento do <strong>trabalho</strong><br />

t<strong>em</strong>ático da RT4.<br />

3.1. A <strong>em</strong>presa como sist<strong>em</strong>a adaptativo<br />

Com base nos referenciais já citados, estamos a supor que as<br />

organizações se comportam como “sist<strong>em</strong>as adaptativos” 7 .<br />

Enquanto tal, as organizações são sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> processamento<br />

que convert<strong>em</strong> diversos inputs <strong>em</strong> serviços e produtos (outputs)<br />

que fornece a sist<strong>em</strong>as e mercados receptores.<br />

Os diferentes sub-sist<strong>em</strong>as internos existentes na <strong>em</strong>presa<br />

(por ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong>partamentos) encarregam-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir os<br />

processos <strong>de</strong> transformação dos inputs <strong>em</strong> outputs.<br />

Enquanto ser vivo, a <strong>em</strong>presa é também influenciada por<br />

realida<strong>de</strong>s externas como a concorrência, <strong>contexto</strong> político,<br />

economia, cultura, etc.<br />

Ainda relevante para a compreensão do que nos propomos<br />

aqui analisar, utilizar<strong>em</strong>os como pressuposto que as organizações<br />

pod<strong>em</strong> ser também encaradas (<strong>em</strong> concordância com a<br />

abordag<strong>em</strong> sistémica) a três níveis fundamentais: estratégias,<br />

processos e pessoas.<br />

A Teoria Geral dos Sist<strong>em</strong>as aplicada<br />

às organizações resulta num conceito<br />

fundamental para a utilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sta reflexão: a adaptação. Tanto<br />

mais que, precisamente, o que se<br />

preten<strong>de</strong> é estimular a adaptabilida<strong>de</strong><br />

das <strong>em</strong>presas.<br />

Ora, o que nos diz<strong>em</strong> os especialistas<br />

é que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação<br />

das organizações ao seu meio<br />

envolvente existe pelo simples<br />

facto <strong>de</strong>stas ser<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as vivos.<br />

É característico dos sist<strong>em</strong>as vivos<br />

a procura <strong>de</strong> equilíbrio com o seu<br />

meio envolvente como forma <strong>de</strong><br />

sobrevivência. As <strong>em</strong>presas, sendo<br />

sist<strong>em</strong>as, não são excepção.<br />

A questão crucial é que, tal como<br />

qualquer ser vivo, o equilíbrio não<br />

está garantido para todos e só aqueles<br />

que se adaptar<strong>em</strong> rapidamente à mudança sobreviv<strong>em</strong>.<br />

Na era industrial, as <strong>em</strong>presas não sentiam gran<strong>de</strong> pressão<br />

para se adaptar<strong>em</strong> rapidamente à mudança nos <strong>contexto</strong>s <strong>em</strong><br />

que actuavam. Actualmente, com a globalização plenamente<br />

assumida, a adaptação t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser constante e organizações e<br />

indivíduos enfrentam <strong>de</strong>safios complexos no que diz respeito<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas competências capazes <strong>de</strong> lhes<br />

garantir a sobrevivência.<br />

Coloca-se, pois, a questão <strong>de</strong> como as mensagens-chave e<br />

recomendações <strong>de</strong>senvolvidas pela RT4 pod<strong>em</strong> ajudar as<br />

organizações a melhor e mais rapidamente se adaptar<strong>em</strong> aos<br />

<strong>de</strong>safios da socieda<strong>de</strong> da informação e do conhecimento.<br />

6 www.ispi.org<br />

7 Para uma iniciação rápida a estes conceitos, ver: Rummler, Geary A., e Brache<br />

Alan P. Improving Performance – How to Manage the White Space on the Organization<br />

Chart. San Francisco: Jossey-Bass Publishers 1995.<br />

40 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

A) Necessida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r da mediação<br />

como “ferramenta <strong>de</strong> adaptabilida<strong>de</strong>”<br />

para PME’s<br />

Tudo indica que as organizações, nomeadamente PME’s, por si<br />

só e utilizando as formas <strong>de</strong> gestão habituais não serão capazes<br />

<strong>de</strong> inovar e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver do ponto <strong>de</strong> vista <strong>organizacional</strong><br />

<strong>de</strong> forma a vencer os <strong>de</strong>safios da adaptabilida<strong>de</strong>.<br />

No entanto, se <strong>de</strong>vidamente apoiadas e reunidas <strong>de</strong>terminadas<br />

condições, a adaptabilida<strong>de</strong> das <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> geral e<br />

dos seus trabalhadores <strong>em</strong> particular po<strong>de</strong> ser fort<strong>em</strong>ente<br />

potenciada através <strong>de</strong> um <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong> mediação orientado<br />

especificamente para esse efeito.<br />

O “sist<strong>em</strong>a” parece necessitar <strong>de</strong> um novo input capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbloquear<br />

as rotinas instaladas, resolver conflitos, sensibilizar e<br />

mobilizar para a mudança, propor e apoiar a criação <strong>de</strong> novos<br />

processos <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, etc.<br />

Esse input, curiosamente, não t<strong>em</strong> carácter<br />

monetário n<strong>em</strong> tecnológico.<br />

Trata-se “apenas” <strong>de</strong> novas competências<br />

s<strong>em</strong> as quais a organização<br />

não conseguirá sobreviver.<br />

É também muito interessante analisar<br />

a tipologia e as dimensões<br />

crí ticas da mediação <strong>em</strong> questão.<br />

Isto é:<br />

• a mediação resulta melhor<br />

quando as competências são assumidas<br />

<strong>de</strong> forma profissional e<br />

especializada ou pod<strong>em</strong> ser partilhadas<br />

por vários indivíduos ?<br />

• que formas <strong>de</strong> integração dos<br />

me diadores nas PME’s serão as<br />

mais a<strong>de</strong>quadas ?<br />

• a mediação <strong>de</strong>ve ser promovida<br />

interna ou externamente ?<br />

• que factores influenciam a eficácia<br />

<strong>de</strong>sta mediação ?<br />

A experiência da RT4 8 sugere que a melhor solução é a profissionalização<br />

da mediação, <strong>em</strong>bora não forçosamente a sua<br />

exclusivida<strong>de</strong> n<strong>em</strong> a sua especialização.<br />

A figura do mediador parece ter “substrato” suficiente para a<br />

construção <strong>de</strong> um perfil profissional <strong>de</strong> competências sólidas<br />

nos vários domínios do saber. Estar<strong>em</strong>os a falar <strong>de</strong> um Facilitador<br />

ou Mediador <strong>de</strong> Inovação Organizacional.<br />

A questão da exclusivida<strong>de</strong> relaciona-se com a possibilida<strong>de</strong><br />

(ou não) <strong>de</strong> um mesmo mediador apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> mais que uma organização. A experiência da RT4, conjugada<br />

com a do GTE3 d<strong>em</strong>onstra que é possível e eficaz a criação<br />

<strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mediadores para PME’s que po<strong>de</strong>rão apoiar várias<br />

<strong>em</strong>presas na promoção da sua adaptabilida<strong>de</strong>.<br />

Já <strong>em</strong> relação à especialização, a conclusão parece indicar<br />

a sua ina<strong>de</strong>quação, dado que o público-alvo preferencial<br />

(PME’s) necessita <strong>de</strong> apoio <strong>em</strong> várias dimensões enquadráveis<br />

no conceito geral <strong>de</strong> inovação <strong>organizacional</strong> (ou mesmo<br />

adaptabilida<strong>de</strong>), pelo que um perfil <strong>de</strong> competências <strong>de</strong> banda<br />

larga se afigura mais a<strong>de</strong>quado.<br />

Sublinhamos que se trata <strong>de</strong> um perfil muito exigente, uma vez<br />

que as competências-chave são diversificadas e complexas:<br />

• compreen<strong>de</strong>r o <strong>contexto</strong> económico <strong>em</strong> que actuam as<br />

<strong>em</strong>presas;<br />

• dominar metodologias <strong>de</strong> análise estratégica, melhoria da<br />

performance e resolução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as;<br />

• dominar as questões da inovação <strong>organizacional</strong> do ponto<br />

<strong>de</strong> vista técnico;<br />

• estar fort<strong>em</strong>ente orientado para as novas tecnologias;<br />

• saber comportar-se e agir no <strong>contexto</strong> do dia-a-dia <strong>de</strong> uma<br />

PME;<br />

• relacionar-se <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada com o <strong>em</strong>presário e os<br />

trabalhadores;<br />

• criar e manter relações <strong>de</strong> confiança;<br />

• conquistar um espaço <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> e reconhecimento<br />

por parte do <strong>em</strong>presário e dos trabalhadores.<br />

Estas competências, entre outras,<br />

fornec<strong>em</strong> uma noção <strong>de</strong> como<br />

exigente é o respectivo perfil <strong>de</strong><br />

mediador e <strong>de</strong> quão complexa é a<br />

sua inserção nas PME’s.<br />

A este respeito, varias soluções<br />

apresentaram resultados positivos<br />

na RT4. No entanto, na maioria dos<br />

casos, verificou-se que ten<strong>de</strong> a ser<br />

mais positivo:<br />

• o recurso a soluções mistas <strong>de</strong><br />

mediação interna e externa;<br />

• o apoio (tutoria, mentoria, coaching)<br />

que estes mediadores<br />

re ceberam por parte <strong>de</strong> consultores<br />

seniores mais qualificados<br />

e conhecedores da realida<strong>de</strong> das<br />

<strong>em</strong>presas;<br />

• o acolhimento e integração nas<br />

PME’s t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser fort<strong>em</strong>ente apoiado e “patrocinado” pelo<br />

<strong>em</strong>presário;<br />

• o <strong>em</strong>presário <strong>de</strong>ve promover a autonomia do mediador,<br />

<strong>de</strong>legando-lhe responsabilida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r a<strong>de</strong>quados aos<br />

resultados pretendidos da sua intervenção.<br />

Na questão particular da mediação ser exercida por novos<br />

colaboradores ou por colaboradores já existentes na <strong>em</strong>presa,<br />

os projectos envolvidos na RT4 que melhores resultados<br />

atingiram, recorreram a soluções mistas.<br />

Verificou-se que o <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong>senvolvido pelos mediadores,<br />

assim como o envolvimento dos <strong>em</strong>presários nas activida<strong>de</strong>s<br />

dos projectos, permitiu fazer com que alguns <strong>de</strong>sses <strong>em</strong>presários<br />

assumiss<strong>em</strong> também o papel <strong>de</strong> “motores da mudança”,<br />

nomeadamente no sentido da adaptabilida<strong>de</strong>.<br />

Isto é, quando os <strong>em</strong>presários reconheceram, por si mesmos,<br />

os benefícios das metodologias <strong>de</strong> formação-acção ou da formação<br />

<strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> no negócio das suas <strong>em</strong>pre-<br />

8 Completada com a do GTE3.<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

41


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

sas, passaram também eles a agir como agentes <strong>de</strong> mudança<br />

activos no <strong>contexto</strong> <strong>organizacional</strong>. Isto é, assumiram uma<br />

função <strong>de</strong> facilitador <strong>de</strong> inovação <strong>organizacional</strong> interno.<br />

Este é, aliás, o principal factor crítico <strong>de</strong> sucesso da mediação<br />

<strong>em</strong> favor da inovação <strong>organizacional</strong>: a interacção, patrocínio<br />

e (<strong>de</strong>sejavelmente) cumplicida<strong>de</strong> com o <strong>em</strong>presário da PME.<br />

No entanto, esta “proximida<strong>de</strong>” exige do mediador uma gestão<br />

fina e cuidadosa, já que corre o risco <strong>de</strong> ser percepcionada<br />

pelos trabalhadores como excessiva e até promíscua. Enquanto<br />

mediador, este profissional t<strong>em</strong> <strong>de</strong> gerir a sua imag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

isenção e “equidistância” perante os interesses do <strong>em</strong>pregador<br />

e dos trabalhadores.<br />

A percepção e o reconhecimento <strong>de</strong>sta equidistância é, inclusive,<br />

a sua principal ferramenta <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, s<strong>em</strong> a qual a<br />

sua intervenção no <strong>contexto</strong> <strong>organizacional</strong> não po<strong>de</strong>rá ser<br />

positiva.<br />

Como ficou d<strong>em</strong>onstrado <strong>em</strong> vários projectos da RT4, o mediador<br />

<strong>de</strong>verá <strong>de</strong>dicar especial atenção<br />

aos interesses das chefias intermédias.<br />

Mesmo nas PME’s, <strong>em</strong> que os<br />

níveis hierárquicos pod<strong>em</strong> n<strong>em</strong><br />

existir formalmente, a compreensão<br />

e a gestão das relações <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r instituídas são fundamentais<br />

para o sucesso da intervenção do<br />

mediador.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma dimensão que<br />

coloca à prova a sagacida<strong>de</strong>, bom<br />

senso e assertivida<strong>de</strong> dos mediadores.<br />

Caso estas relações não<br />

sejam geridas da melhor forma, as<br />

chefias intermédias ten<strong>de</strong>rão a funcionar<br />

como obstáculos à mudança<br />

<strong>organizacional</strong>, procurando manter<br />

as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que, na sua<br />

percepção, mais lhes convêm.<br />

Um outro factor a que o mediador<br />

<strong>de</strong>ve dar particular atenção é a sua<br />

capacida<strong>de</strong> para compreen<strong>de</strong>r a estratégia e os processos<br />

<strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> da <strong>em</strong>presa. No nosso mo<strong>de</strong>lo da Human Performance<br />

Technology, aquelas dimensões são completadas<br />

com a compreensão das pessoas que integram a <strong>em</strong>presa e<br />

as suas competências. É fundamental que o mediador seja reconhecido<br />

na <strong>em</strong>presa como alguém que percebe o negócio<br />

da <strong>em</strong>presa (estratégia), sabe como se trabalha (processos) e<br />

conhece o que cada um sabe fazer (competências).<br />

Concluindo, voltando ao mo<strong>de</strong>lo sistémico, a mediação externa<br />

combinada com a facilitação interna (prioritariamente<br />

assumida pelo próprio <strong>em</strong>presário) parece capaz <strong>de</strong> intervir<br />

nos subsist<strong>em</strong>as da <strong>em</strong>presa (PME), e gerar mudança nos<br />

processos <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> e na própria estratégia da organização,<br />

contribuindo para uma maior adaptabilida<strong>de</strong> da mesma e<br />

dos seus trabalhadores.<br />

A integração<br />

das PME’s <strong>em</strong> re<strong>de</strong>s<br />

é condição imprescindível<br />

para o reforço<br />

das suas capacida<strong>de</strong>s<br />

competitivas<br />

B) As PME’s necessitam <strong>de</strong> se associar<br />

<strong>em</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação sectoriais,<br />

inter-sectoriais e multi-institucionais<br />

para garantir a sua sobrevivência<br />

A adaptação das PME’s ao ritmo acelerado <strong>de</strong> mudança que<br />

caracteriza o meio envolvente <strong>em</strong> que actuam está a colocar<br />

sob gran<strong>de</strong> pressão o tecido <strong>em</strong>presarial da maioria dos países<br />

europeus.<br />

A presença avassaladora <strong>de</strong> PME’s (e nestas, <strong>de</strong> pequenas e<br />

muito pequenas <strong>em</strong>presas) na maioria dos sectores <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>,<br />

nomeadamente nas indústrias tradicionais, assente<br />

<strong>em</strong> relações <strong>de</strong> competição ainda muito “tradicionais” (ainda<br />

fort<strong>em</strong>ente baseadas no “segredo”, no individualismo dos<br />

<strong>em</strong>presários e na <strong>de</strong>sconfiança <strong>em</strong> relação às possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> cooperação) não é a melhor solução para a sobrevivência<br />

<strong>de</strong>ssas PME’s.<br />

A RT4, assim como o GTE3, d<strong>em</strong>onstrou<br />

mais uma vez que a integração das<br />

PME’s <strong>em</strong> diversos tipos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s<br />

é condição imprescindível para o<br />

reforço das suas capacida<strong>de</strong>s competitivas.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista dos mo<strong>de</strong>los<br />

conceptuais que estamos a ter pró<br />

referência, trata-se <strong>de</strong> uma conclusão<br />

também significativa: a sobrevivência<br />

<strong>de</strong>stes sist<strong>em</strong>as vivos passa<br />

pela sua integração <strong>em</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

cooperação, já que, se continuar<strong>em</strong><br />

a tentar adaptar-se às mudanças<br />

do seu meio ambiente <strong>de</strong> forma<br />

isolada, não sobreviverão.<br />

Também ressalta <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong><br />

a necessida<strong>de</strong> das estruturas<br />

associativas <strong>de</strong> apoio à iniciativa<br />

<strong>em</strong>presarial, incorporar<strong>em</strong> estas<br />

aprendizagens nas suas dinâmicas,<br />

promovendo a cooperação <strong>em</strong>presarial <strong>de</strong> forma mais<br />

vincada e assumida enquanto vertente estratégica da sua<br />

actuação.<br />

42 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

C) Metodologias menos tradicionais<br />

<strong>de</strong> formação, a formação <strong>em</strong> <strong>contexto</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> e soluções <strong>de</strong> blen<strong>de</strong>d learning<br />

pod<strong>em</strong> intervir <strong>em</strong> factores estratégicos<br />

e <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> das PME’s<br />

Na abordag<strong>em</strong> mais clássica ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>organizacional</strong>,<br />

quando se preten<strong>de</strong> influenciar a mo<strong>de</strong>rnização das<br />

<strong>em</strong>presas e promover a sua competitivida<strong>de</strong>, o pressuposto<br />

ten<strong>de</strong> a ser o seguinte:<br />

• Aperfeiçoar ou re<strong>de</strong>finir a estratégia global da <strong>em</strong>presa<br />

para;<br />

• Afinar os respectivos processos <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> e;<br />

• Definir o contributo que cada colaborador <strong>de</strong>verá ter naqueles<br />

processos.<br />

O que alguns projectos da RT4 d<strong>em</strong>onstraram é que, com<br />

activida<strong>de</strong>s iniciais <strong>de</strong> intervenção a nível processual (por<br />

ex<strong>em</strong>plo, resolução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as produtivos)<br />

e/ou no que diz respeito aos<br />

indivíduos e funções (por ex<strong>em</strong>plo,<br />

através da integração <strong>de</strong> novos<br />

perfis profissionais), foi possível a<br />

várias <strong>em</strong>presas fazer o percurso<br />

inverso e acabar por introduzir<br />

modificações estratégicas daí resultantes.<br />

O caso, eventualmente, mais paradigmático<br />

<strong>de</strong>sta capacida<strong>de</strong> é o do<br />

projecto Co<strong>de</strong>ssus. Foi a integração<br />

nas <strong>em</strong>presas dos Vigilantes<br />

Ambientais que gerou a criação<br />

das dinâmicas que resultaram na<br />

certificação ambiental.<br />

Seria mais habitual que as <strong>em</strong>presas,<br />

por análise estratégica,<br />

tivess<strong>em</strong> <strong>de</strong>cidido investir na<br />

certificação ambiental como factor<br />

<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>, por inerência os<br />

processos <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> teriam <strong>de</strong> ser revistos para garantir<strong>em</strong><br />

a conformida<strong>de</strong> às normas da certificação e, por fim,<br />

algumas funções e respectivos colaboradores teriam <strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>vidamente adaptados à mudança <strong>de</strong> processos, incluindo<br />

a criação <strong>de</strong> novas funções/perfis (por ex<strong>em</strong>plo, Vigilante<br />

Ambiental).<br />

3.2. Relações indivíduo-organização<br />

O <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong>senvolvido na RT4 também permite retirar<br />

conclusões interessantes no que diz respeito à forma como as<br />

práticas <strong>de</strong> inovação <strong>organizacional</strong> influenciam as relações<br />

entre os indivíduos e a organização no seu interior.<br />

Ganha aqui particular relevância a questão das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

e dos interesses dos <strong>em</strong>pregadores e dos trabalhadores.<br />

Apesar <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ser consi<strong>de</strong>rada integrada na abordag<strong>em</strong><br />

sistémica das organizações, optamos por tratá-la <strong>de</strong> forma<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>vido à sua importância para a compreensão<br />

do verda<strong>de</strong>iro alcance das mensagens-chave e recomendações<br />

contidas neste documento.<br />

É conhecida a tradicional assunção <strong>de</strong> que o po<strong>de</strong>r da entida<strong>de</strong><br />

patronal é bastante superior ao do trabalhador consi<strong>de</strong>rado<br />

individualmente. Esta situação motivou, <strong>em</strong> se<strong>de</strong><br />

legislação laboral, a criação <strong>de</strong> um vasto conjunto <strong>de</strong> medidas<br />

<strong>de</strong>stinadas a reequilibrar a relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

<strong>em</strong>pregador-trabalhador.<br />

Não nos referimos apenas a Portugal,<br />

mas aos países europeus na<br />

sua generalida<strong>de</strong>. É sabida a rigi<strong>de</strong>z<br />

que a maioria das legislações laborais<br />

europeias acabou por criar no<br />

mercado <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, assim como<br />

as recentes tentativas <strong>de</strong> flexibilização<br />

<strong>em</strong>preendidas <strong>em</strong> vários<br />

países da União Europeia, incluindo<br />

Portugal com o novo Código do<br />

Trabalho.<br />

É curioso que este esforço <strong>de</strong> “flexibilização<br />

laboral” se tenha intensificado<br />

precisamente no momento<br />

<strong>em</strong> que a era pós-industrial coloca<br />

<strong>de</strong>safios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância aos<br />

Estados, economias, <strong>em</strong>presas e<br />

indivíduos.<br />

Com a transição das economias mais<br />

avançadas para a socieda<strong>de</strong> da informação e do conhecimento,<br />

as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r entre indivíduo e organização<br />

ten<strong>de</strong>rão rapidamente a inverter-se.<br />

A incorporação <strong>de</strong> informação e conhecimento no <strong>trabalho</strong><br />

fará com que, cada vez mais, as <strong>em</strong>presas <strong>de</strong>pendam <strong>de</strong>sses<br />

activos como factores <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> e já não a força braçal<br />

da mão-<strong>de</strong>-obra ou a cuidadosa <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> funções.<br />

O próprio conceito <strong>de</strong> função está con<strong>de</strong>nado ao <strong>de</strong>saparecimento,<br />

à medida que as novas formas <strong>de</strong> organização do <strong>trabalho</strong><br />

for<strong>em</strong> substituindo os processos <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> inspirados<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

43


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

no mo<strong>de</strong>lo industrial.<br />

O probl<strong>em</strong>a para as <strong>em</strong>presas é que a substituição <strong>de</strong>stes<br />

novos activos é muito mais difícil do que aqueles que faziam<br />

a diferença na era industrial. O investimento que um<br />

produtor automóvel faz na formação dos seus operadores é<br />

incomparavelmente maior do que aquele que fazia quando<br />

os processos produtivos ainda incorporavam níveis reduzidos<br />

<strong>de</strong> automação, robotização e tecnologia.<br />

Acresce ainda que os trabalhadores do conhecimento ten<strong>de</strong>rão<br />

a apresentar uma característica que nenhum tipo <strong>de</strong><br />

legislação po<strong>de</strong>rá proteger no que diz respeito aos seus<br />

<strong>em</strong>pregadores: o seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho não po<strong>de</strong> ser reproduzido,<br />

logo dificilmente substituível.<br />

O contraste com a velha <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> funções é brutal. Quando<br />

alguém saía <strong>de</strong> uma <strong>em</strong>presa gerida segundo as regras da<br />

era industrial, o que era fundamental era<br />

encontrar um novo colaborador (interno<br />

ou externo) com o perfil mais<br />

a<strong>de</strong>quado á <strong>de</strong>scrição da função<br />

exercida pelo trabalhador <strong>de</strong> saída.<br />

Não é possível reproduzir ou copiar<br />

o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong> nenhum gestor<br />

<strong>de</strong> projectos, consultor, directorgeral,<br />

etc. Mesmo no <strong>trabalho</strong><br />

menos qualificado, a tendência<br />

será a mesma. Um simples ex<strong>em</strong>plo<br />

ilustra-o: estaríamos dispostos<br />

a apostar com os leitores <strong>de</strong>ste<br />

living document que não conhec<strong>em</strong><br />

duas pessoas que utiliz<strong>em</strong> um<br />

processador <strong>de</strong> texto da mesma<br />

maneira.<br />

Se assim é, como é que se po<strong>de</strong><br />

fazer a <strong>de</strong>scrição da função <strong>de</strong> um<br />

Gestor <strong>de</strong> Projectos ? A questão não<br />

é irrelevante, dada a crescente popularida<strong>de</strong><br />

do <strong>trabalho</strong> por projectos <strong>em</strong> muitas organizações.<br />

As <strong>em</strong>presas mais atentas já compreen<strong>de</strong>ram a relevância<br />

<strong>de</strong>stas questões e apostam fort<strong>em</strong>ente naquilo que parece<br />

ser a única forma da <strong>em</strong>presa reduzir a crescente <strong>de</strong>pendência<br />

<strong>em</strong> relação aos seus colaboradores: a gestão do conhecimento.<br />

Vultuosos investimentos são hoje efectuados por gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>em</strong>presas para transformar o conhecimento tácito existente<br />

nos seus colaboradores com melhores <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhos <strong>em</strong> conhecimento<br />

explícito, por forma a que ele possa reutilizado por<br />

todos os outros colaboradores da <strong>em</strong>presa, mas também para<br />

que a <strong>em</strong>presa não seja tão prejudicada no caso dos melhores<br />

saír<strong>em</strong> para a concorrência.<br />

A ligação à RT4 po<strong>de</strong> parecer difusa, mas não é. Os projectos<br />

da nossa re<strong>de</strong> promoveram <strong>de</strong> forma b<strong>em</strong> clara a qualificação<br />

dos trabalhadores das <strong>em</strong>presas envolvidas nos mesmos.<br />

Logo, contribuíram também para que a relação entre <strong>em</strong>presa<br />

e indivíduo fosse modificada.<br />

O projecto Ch@tmould <strong>de</strong>ixou esta questão b<strong>em</strong> clara. As modificações<br />

introduzidas nos processos <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> através da<br />

formação individualizada promovida fizeram com que o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

<strong>de</strong>sses colaboradores melhorasse e, por essa via, também<br />

o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da <strong>em</strong>presa. No entanto, dado que as chefias<br />

intermédias não haviam sido suficient<strong>em</strong>ente envolvidas neste<br />

processo <strong>de</strong> mudança, reagiram dificultando a integração plena<br />

da mudança nos processos produtivos da<br />

<strong>em</strong>presa.<br />

Estas chefias intermédias sentiram<br />

que o po<strong>de</strong>r dos seus colaboradores<br />

aumentou por via da sua maior<br />

qualificação e que eles se tornaram<br />

mais relevantes para a <strong>em</strong>presa.<br />

Cruzando esta questão com a<br />

função do mediador <strong>de</strong> inovação<br />

<strong>organizacional</strong>, este é um aspecto<br />

a que o mediador <strong>de</strong>verá atribuir<br />

particular atenção. A mediação dos<br />

interesses do <strong>em</strong>pregador e dos trabalhadores<br />

será s<strong>em</strong>pre um aspecto<br />

crucial para um profissional indutor<br />

<strong>de</strong> inovação <strong>organizacional</strong>.<br />

As soluções ganhador-ganhador<br />

a procurar terão <strong>de</strong> ser criativas e<br />

a maior dificulda<strong>de</strong> estará s<strong>em</strong>pre<br />

<strong>em</strong> garantir que o investimento da<br />

<strong>em</strong>presa nas práticas <strong>de</strong> inovação<br />

<strong>organizacional</strong> proporcione o <strong>de</strong>sejado retorno.<br />

A um nível mais básico, um dos argumentos tradicionais das<br />

PME’s para não investir na formação contínua dos seus trabalhadores<br />

continua a ser (<strong>em</strong>bora com menor frequência e intensida<strong>de</strong><br />

nos últimos anos) a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras <strong>em</strong>presas beneficiar<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>sse investimento, recrutando esses trabalhadores após<br />

a conclusão da formação.<br />

O próprio Código do Trabalho consagra agora a <strong>de</strong>fesa dos interesses<br />

das <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> investimento significativo<br />

na qualificação dos seus trabalhadores.<br />

44 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

3.3. Que inovação <strong>organizacional</strong> ?<br />

As mensagens-chave e as recomendações <strong>de</strong>ste documento<br />

concentram-se essencialmente à volta <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> inovação<br />

centradas na gestão <strong>de</strong> recursos humanos, incorporação <strong>de</strong><br />

novas tecnologias nos processos <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, integração <strong>de</strong><br />

novos perfis profissionais na organização e práticas <strong>de</strong> formação<br />

<strong>em</strong> <strong>contexto</strong> <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> com recurso a soluções <strong>de</strong><br />

coaching/mentoria/tutoria.<br />

De salientar também a inovação conseguida no domínio da<br />

cooperação <strong>em</strong>presarial sectorial e inter-sectorial.<br />

No entanto, s<strong>em</strong> dúvida que o aspecto mais relevante se pren<strong>de</strong><br />

com a questão da mediação. No <strong>contexto</strong> das PME’s, essa é<br />

a gran<strong>de</strong> lição da experiência da RT4: mediar para inovar na<br />

organização.<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

45


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

46 = Colecção DISSEMINAR = nº1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =


INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

= Colecção DISSEMINAR = nº 1 = Agosto <strong>de</strong> 2005 =<br />

47


Avenida da República, 62, 7º<br />

1050-197 Lisboa<br />

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