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ICMBio em Foco
Edição 227
ICMBio lança quarta edição
da revista BioBrasil
Artigos sobre os resultados do processo de avaliação
do estado de conservação da fauna de espécies
pouco conhecidas e o manejo de recursos vegetais
em unidades de conservação são assuntos da quarta
edição da nossa revista Biodiversidade Brasileira
– BioBrasil, lançada neste mês.
A nova edição da publicação eletrônica, disponível
em www.icmbio.gov.br/revistaeletronica/
index.php/BioBR/index, mostra os resultados do
estado de conservação de três espécies de minhocuçus
que ocorrem apenas no estado de Minas
Gerais e com distribuição restrita e em áreas
alteradas por atividades antrópicas e de cinco
espécies de peixes-bruxa ou feiticeiras, espécies
que, embora de difícil visualização, são importantes
componentes dos ecossistemas onde
ocorrem. As avaliações foram feitas durante as
oficinas de trabalho promovidas pela Coordenação
de Avaliação do Estado de Conservação da
Biodiversidade - Coabio, e contaram com a participação
de pesquisadores.
Segundo a coordenadora de Apoio à Pesquisa
e editora-chefe da revista BioBrasil, Kátia Torres
Ribeiro, todas as espécies são registradas no
país. “No resultado apresentado na publicação
há uma curiosa vinculação entre as duas seções
da revista em função do minhocuçu Rhinodrilus
alatus – espécie muito apreciada para pesca de
peixes como, por exemplo, o surubim – ser intensamente
coletado. Na avaliação anterior, essa
espécie havia sido classificada como Em Perigo
(EN), o que tornava sua coleta ilegal, com o
efeito colateral de tornar o manejo sustentável
muito difícil de ser implementado. Novos dados
sobre a distribuição e ecologia da espécie sustentaram
nova classificação, agora considerada
tecnicamente como Menos Preocupante - LC,
indicando que a espécie não sofre risco de extinção”,
explica Kátia.
Kátia Torres ressalta que o manejo dessa espécie requer
amplo diálogo entre saber tradicional e científico
e o desenvolvimento de políticas públicas favoráveis
à conservação dos recursos pelo manejo e
a geração de renda. Esse contexto pode ser observado
na maioria dos artigos publicados na primeira
seção da BioBrasil, que reflete os estudos participativos
sobre o manejo do pinhão e da erva mate no
Sul do país, daí a vinculação entre as seções.
Entre os minhocuçus, além da espécie Rhinodrilus
alatus foram avaliadas a Fimoscolex sporadochaetus,
redescoberta recentemente, recategorizada
como Em Perigo (EN) por ocorrer em uma área restrita
e sujeita à pressões antrópicas, e a Rhinodrilus
fafner, classificada como Dados Insuficientes (DD),
o que significa que as informações disponíveis sobre
a espécie não são suficientes para uma avaliação
de seu risco de extinção.
Os peixes-bruxa representam a linhagem evolutiva
de peixes mais antiga, sendo geralmente considerados
vertebrados, mas com morfologia tão enigmática
que um novo subfilo, Craniata, foi criado para
contemplar a hipótese de representarem um grupo
irmão dos vertebrados, de acordo com os editores
da seção, Carlos Guidorizzi e Beatriz Beigegiel.
São apenas 76 espécies de peixe-bruxa, sendo que
apenas cinco são conhecidas no Brasil. Esses animais
sem mandíbulas são fundamentais para a ciclagem de
nutrientes das zonas bentônicas das plataformas continentais.
Por todo o planeta, essas espécies encontramse
ameaçadas pela pesca incidental, pela pesca comercial
voltada à obtenção de seu couro e pela destruição
de hábitats causada por equipamentos de pesca.
Na avaliação nacional, apenas uma espécie pôde
ser considerada Menos Preocupante (LC); uma delas,
Mixine sotoi, endêmica do Brasil, foi classificada
como Vulnerável (VU), sendo a pesca de arrasto
sua principal ameaça, bem como às demais três espécies
classificadas como Dados Insuficientes (DD).
Manejo
Na revista, a seção temática “Manejo de Espécies
Vegetais em Unidades de Conservação”, editada
por nossos colegas Walter Steenbock, Karina Barros
e colaboradores da Universidade Federal de
Santa Catarina, reúne artigos sobre características
de populações de espécies vegetais com uso atual
ou potencial, aspectos de manejo e conservação
desses recursos e elementos da cadeia produtiva
de alguns deles, a partir de pesquisas realizadas em
unidades de conservação e entorno.
Os trabalhos evidenciam a importância dessas unidades
na geração de conhecimento para implementar
melhores práticas, visando a conservação
pelo uso, em estreita relação com os moradores
da região e com instituições de pesquisa. A maior
parte dos artigos apresentados descreve resultados
de pesquisas realizadas em florestas nacionais, especialmente
do Sul do país, localizadas no bioma
Mata Atlântica. A seção também traz artigos sobre
o manejo de recursos vegetais e as relações sociais
associadas ao manejo em local com proposta de
reserva de desenvolvimento sustentável e, ainda,
em parques nacionais, estaduais e municipais.
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