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Benchmarking Internacional – Eficiência Energética - efinerg - AEP

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Ficha Técnica<br />

Título<br />

<strong>Benchmarking</strong> internacional – Eficiência energética<br />

Autores<br />

CATIM – Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica<br />

Carboneutral<br />

Coordenação<br />

<strong>AEP</strong> – Associação Empresarial de Portugal<br />

Edição<br />

IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação<br />

ISBN: 978-989-8644-03-9<br />

Novembro 2012<br />

Apoio<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

1


ÍNDICE<br />

Siglas ................................................................................................................................ 4<br />

1 - O Projecto Efinerg ..................................................................................................... 7<br />

Síntese ...................................................................................................................... 7<br />

2 - Objectivos, referências e metodologia ...................................................................15<br />

Objectivo do Estudo .................................................................................................. 15<br />

Referências internacionais e sectoriais ..................................................................... 15<br />

Metodologia .............................................................................................................. 16<br />

3 - Breve Enquadramento da Eficiência Energética nas PME ....................................19<br />

Políticas Europeias e Nacionais com impactos na Energia e nas PME .....................19<br />

A Eficiência Energética na indústria enquadrada pelo SGCIE ................................... 37<br />

A Importância do Eco-design .................................................................................... 38<br />

Rotulagem energética de produtos ........................................................................... 40<br />

4 - <strong>Benchmarking</strong> Sectorial <strong>Internacional</strong> ....................................................................42<br />

Sector Madeiras e Mobiliário ............................................................................................42<br />

Identificação de projectos e estudos sectoriais ......................................................... 42<br />

Identificação de Casos de Sucesso .......................................................................... 52<br />

Casos de sucesso na implementação de políticas de promoção da eficiência<br />

energética ................................................................................................................. 56<br />

Conclusões do Sector ............................................................................................... 59<br />

Sector Metalomecânica ...................................................................................................61<br />

Identificação de projectos e estudos sectoriais ......................................................... 61<br />

Identificação de Caso de Sucesso ............................................................................ 73<br />

Conclusões do Sector ............................................................................................... 91<br />

Sector Agroalimentar .......................................................................................................93<br />

Identificação de projectos e estudos sectoriais ......................................................... 93<br />

Identificação de Caso de Sucesso ............................................................................ 97<br />

Conclusões do Sector ............................................................................................. 122<br />

Sector Têxtil e Vestuário ................................................................................................ 125<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

2


Identificação de projectos e estudos sectoriais ....................................................... 125<br />

Casos de sucesso de eficiência energética em empresas ...................................... 139<br />

Compra energética conjunta - Grémio de Fabricantes de Sabadell – Espanha ...... 141<br />

Casos de sucesso na implementação de políticas de promoção da eficiência<br />

energética ............................................................................................................... 142<br />

Sector Vidro e Cerâmica ................................................................................................ 148<br />

Identificação de projectos e estudos sectoriais ....................................................... 148<br />

Identificação de Caso de Sucesso .......................................................................... 181<br />

Casos de sucesso na implementação de políticas de promoção da eficiência<br />

energética ............................................................................................................... 183<br />

Conclusões do Sector ............................................................................................. 184<br />

Conclusões do <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> .................................................................. 186<br />

Bibliografia ..................................................................................................................... 197<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

3


SIGLAS<br />

AT<br />

BT<br />

Btu<br />

CO2<br />

cosφ<br />

EIA<br />

FSC<br />

GJ<br />

GPL<br />

GWh<br />

IAC<br />

kcal/kg<br />

kcal/l<br />

kcal/m 3<br />

kg<br />

kg/cm 2<br />

kg/l<br />

kg/m 3<br />

Alta tensão<br />

Baixa tensão<br />

British Thermal Unit<br />

Dióxido de Carbono<br />

Coseno de fi<br />

Environmental Investigation Agency<br />

Forest Stweardship Council<br />

Gigajoule<br />

Gás de petróleo liquefeito<br />

Giga Watt-hora<br />

Industrial Assessment Centre<br />

Quilo caloria por quilograma<br />

Quilo caloria por litro<br />

Quilo caloria por metro cúbico<br />

Quilograma<br />

Quilograma por centímetro quadrado<br />

Quilograma por litro<br />

Quilograma por metro cubico<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

4


kg/s<br />

ktep<br />

kVAr<br />

kW<br />

kWh<br />

kWh/m 2<br />

kWh/ton<br />

KWh/unidade<br />

LED<br />

Quilograma por segundo<br />

Quilo toneladas equivalentes de petróleo<br />

Quilovolt-ampere reactivo<br />

Quilowatt<br />

Quilowatt-hora<br />

Quilowatt-hora por metro quadrado<br />

Quilowatt-hora por tonelada<br />

Quilowatt-hora por unidade<br />

Light Emmiting Diode<br />

m 3<br />

Metro cúbico<br />

MDF<br />

MEE<br />

MMD<br />

Mtoe<br />

MW<br />

MWh<br />

MWh/ano<br />

Medium Density Fibreboard<br />

Medidas de Eficiência Energética<br />

Mil Milhões de Dólares<br />

Milhões de toneladas equivalentes de petróleo<br />

Mega Watt<br />

Mega Watt-hora<br />

Mega Watt-hora por ano<br />

o C<br />

Grau Celcius<br />

OSB<br />

PCI<br />

PCP<br />

PIB<br />

PME<br />

PNAEE<br />

Oriented Strand Board<br />

Poder calorífico inferir<br />

Produção combinada de energia<br />

Produto interno bruto<br />

Pequenas e Médias Empresas<br />

Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

5


QREN<br />

SEK<br />

SGCIE<br />

SIGE<br />

SO2<br />

TWh<br />

W<br />

Quadro de Referência Estratégico Nacional<br />

Coroas suecas<br />

Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia<br />

Sistema de Informação de Gestão de Energia<br />

Dióxido de Enxofre<br />

Tera Watt-hora<br />

Watt<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

6


1 - O PROJECTO EFINERG<br />

SÍNTESE<br />

MISSÃO DO PROJECTO EFINERG<br />

O projecto visa, através de novas abordagens integradas:<br />

Apoiar a concretização dos objectivos fixados no PNAEE e alertar as empresas<br />

para a eventualidade de virem a ser abrangidas pelo SGCIE, através de uma<br />

contribuição significativa do segmento representado pelas PME;<br />

Proporcionar às PME um enquadramento coerente e integrado no QREN,<br />

orientado especificamente para a eficiência e diversificação energéticas, através<br />

da identificação de cenários de apoio à implementação de projectos de<br />

investimento convergentes com as oportunidades de melhoria detectadas;<br />

A criação de condições favoráveis ao alavancamento do desempenho energético<br />

nas empresas com consumos anuais significativos, especialmente aquelas que<br />

apresentam consumos equivalentes localizados entre os 250 e os 500 tep,<br />

actuando em sectores em que o factor energia assume um peso significativo na<br />

sua capacidade competitiva;<br />

Estruturação de um plano de pormenor que facilite a implementação do PNAEE<br />

junto das pequenas e médias empresas, constituindo-se como estratégia<br />

colectiva.<br />

Grandes Eixos de Intervenção<br />

Tendo em conta a acutilância da problemática diagnosticada, a par com a abrangência e<br />

complexidade dos objectivos e medidas procuradas, a eficiência energética constitui tema<br />

prioritário na abordagem dos co-promotores junto do tecido empresarial.<br />

Tendo em conta:<br />

O diagnóstico traçado, de onde se destacam a ausência de medidas concretas<br />

dedicadas às PME;<br />

A necessidade de uma abordagem integrada, global e faseada;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

7


A temática é globalmente equacionada em 3 fases.<br />

O projecto que se apresenta nesta candidatura preconiza a Fase 1, sendo que se<br />

considera pertinente a apresentação das restantes fases, dado o carácter integrador da<br />

abordagem proposta.<br />

FASE 3<br />

PLANOS<br />

INDIVIDUAIS<br />

DE INVESTIMENTO<br />

FASE 2<br />

PLANOS SECTORIAIS DE MELHORIA DA<br />

EFICIENCIA ENERGÉTICA EM PME<br />

FASE 1<br />

DEFINIÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA COLECTIVA DE<br />

IMPLEMENTAÇÃO DO PNAEE NAS PME'S<br />

Estrutura Global do projecto<br />

Fase 1 – Definir e propor uma estratégia de implementação nas PME das medidas de<br />

eficiência energética, preconizadas no PNAEE e de outras orientações complementares<br />

que o contacto com o terreno venha a aconselhar;<br />

Esta estratégia será suportada nos seguintes instrumentos:<br />

a) Levantamento do estado-da-arte em termos de eficiência energética, incluindo,<br />

nomeadamente, a análise de estudos, relatórios, casos de sucesso,<br />

benchmarking sectoriais com outros países europeus;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

8


) Visão Prospectiva dos principais actores de cada região sobre ―A energia como<br />

vector estratégico das PME em 2020‖;<br />

c) Estudo da eficiência energética nos sectores, suportado num diagnóstico flash a<br />

cerca de 125 empresas.<br />

A estratégia proposta distingue-se de outros programas porque terá ainda em<br />

conta:<br />

d) A Cadeia de Valor global de cada empresa, considerando o efeito da energia em<br />

geral, e os impactes da eficiência energética em particular, não só sobre as<br />

actividades industriais ou comerciais, mas também sobre o próprio produto e o<br />

seu desempenho;<br />

e) As formas mais eficientes e inovadoras de comunicação, para maximizar o<br />

sucesso potencial da mensagem, e se possam atingir os resultados do projecto.<br />

A identificação das empresas a integrar no estudo será feita de entre PME com<br />

consumos energéticos significativos ou apresentando potencial de melhoria pela<br />

implementação de estratégias de eficiência energética, caracterizadas, entre outros,<br />

pelos seguintes aspectos:<br />

Consumo anual superior a 250 tep, mas não excedendo 500 tep (limite a partir do<br />

qual se encontram já abrangidas pelo SGCIE);<br />

Integrar um dos seguintes sectores:<br />

- Têxtil e Vestuário;<br />

- Metalomecânica;<br />

- Madeira, mobiliário e cortiça;<br />

- Vidro e cerâmica;<br />

- Agro-alimentar.<br />

Estarem situadas nas Regiões Norte, Centro ou Alentejo.<br />

Uma vez definida a estratégia colectiva, posteriormente a esta primeira fase do projecto e<br />

não incluídas neste projecto Efinerg, estão planeadas mais duas fases, sendo:<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

9


Fase 2 – Elaboração de planos de melhoria da eficiência energética por sector de<br />

actividade e por grupos de empresas.<br />

Fase 3 – Elaboração de planos de Investimentos por empresa, na área da eficiência<br />

energética.<br />

Objectivos Estratégicos<br />

Contribuir para que sejam atingidos os objectivos fixados no PNAEE;<br />

Reduzir a Intensidade Energética e Carbónica das actividades empresariais;<br />

Aumentar a sustentabilidade e a competitividade do tecido empresarial,<br />

especificamente das PME.<br />

Objectivos Operacionais<br />

Promover um enquadramento mais favorável à actividade das PME no domínio da<br />

utilização da energia;<br />

Definir e propor a implementação de estratégias sectoriais de eficiência<br />

energética;<br />

Reforçar a capacitação das empresas para a implementação de directivas e de<br />

regulamentos relativos à energia, sua produção e utilização;<br />

Induzir a adopção de melhores práticas de eficiência energética e a eventual<br />

realização de projectos de I&DT, tendo em vista ganhos de competitividade;<br />

Identificar as formas e meios de comunicação que possam maximizar o sucesso<br />

na difusão da mensagem da Eficiência Energética, nomeadamente da estratégia a<br />

propor para as PME;<br />

Disseminar e partilhar resultados, de modo a gerar um movimento prolongado de<br />

actuação nesta temática, por um lado e a apropriação dos resultados alcançados<br />

no projecto por um número alargado de interessados, por outro.<br />

SÍNTESE DAS ACTIVIDADES<br />

Considerando que a actual situação da eficiência energética poderá variar de região para<br />

região, de sector para sector, e de empresa para empresa, este projecto prevê na sua<br />

primeira fase um conjunto de actividades que são potenciadas pela cooperação inter-<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

10


institucional dos co-promotores, a <strong>AEP</strong> e o IAPMEI, e de todos os parceiros que<br />

gostaríamos de associar ao projecto em regime de consultoria ou com carácter<br />

consultivo, nomeadamente o Pólo de Competitividade e Tecnologia da Energia, o LNEG,<br />

a ADENE e a RECET.<br />

Assim, são propostas as seguintes acções:<br />

Para a Divulgação e Disseminação do projecto e seus resultados:<br />

1. Seminário de lançamento do Projecto: realização de dois seminários de<br />

lançamento do projecto, para despertar os empresários para a temática da<br />

eficiência energética, enquanto elemento determinante na competitividade das<br />

empresas e condicionador da sustentabilidade, suscitando neles o interesse em<br />

participar no diagnóstico que se pretende levar a cabo;<br />

2. Conferência de Encerramento: Realização de uma Conferência de Encerramento,<br />

capaz de, através do debate público das conclusões e visando a divulgação e<br />

disseminação dos resultados do projecto, marcar a agenda sobre a temática.<br />

Procurar, entre outras, a intervenção de especialistas das várias universidades<br />

portuguesas, de forma a enriquecer o debate e a difundir a eficiência energética<br />

como elemento fundamental na estratégia de sustentabilidade dos negócios;<br />

3. Edição da Estratégia de implementação de medidas de eficiência energética em<br />

PME: edição de uma brochura que agrega o estado da arte, os casos de sucesso<br />

identificados, o benchmarking sectorial internacional, o resultado dos diagnósticos<br />

flash realizados em 125 empresas e a estratégia aprovada, a sugerir às<br />

instituições com responsabilidades na área da energia e das empresas, como<br />

contributo para a implementação nas PME das medidas preconizadas no âmbito<br />

do PNAEE e de outros programas nacionais e comunitários;<br />

4. Proposta Criativa de Comunicação, incluindo, nomeadamente a concepção da<br />

imagem do projecto, a concepção e produção de meios para a difusão impressos,<br />

de áudio e vídeo e serviços de relações públicas;<br />

5. Comunicação por Portal: Desenvolvimento e actualização de Portal suportado em<br />

tecnologias Web, Portal Mobile, Voice Treads, ficheiros MP3, …; esta plataforma<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

11


colaborativa, com funcionalidades de partilha e difusão/disseminação do<br />

Conhecimento poderá para acompanhar todo o ciclo de vida do projecto, para<br />

além da primeira fase; nas fases 2 e 3 seria uma ferramenta muito importante<br />

para a Formação em Gestão de Eficiência Energética (EE) para Gestores das<br />

empresas seleccionadas; neste aspecto tirar-se-ia partido da experiência anterior<br />

com Centros Tecnológicos em B-learning; prevê-se que seja uma plataforma que<br />

servirá como repositório de inovações tecnológicas, organizacionais e<br />

comportamentais a aplicar em cada sector; esta plataforma WEB será um bom<br />

contributo para a visibilidade do projecto;<br />

6. Divulgação na Comunicação Social: Acções de divulgação na comunicação social,<br />

nomeadamente na internet, na rádio, na televisão e na imprensa;<br />

7. Sensibilização e Divulgação em seminários sectoriais: Realização de um conjunto<br />

de Acções de Divulgação dos objectivos e resultados do projecto, bem assim<br />

como da estratégia proposta (5 seminários no início e 5 seminários de difusão dos<br />

resultados no final, 1 + 1 por sector de actividade).<br />

Caracterização e Visão Prospectiva da eficiência energética nas PME:<br />

8. Análise de estudos e caracterização de stakeholders: Análise de estudos<br />

publicados sobre eficiência energética nas empresas, em especial na indústria;<br />

Identificação e caracterização de Agentes Económicos Relevantes para a<br />

promoção da eficiência energética, de que é exemplo o Pólo de Competitividade<br />

da Energia, que possam ser encontrados em cada região; Identificação e<br />

caracterização dos principais Centros de Saber, Competências e Recursos<br />

(humanos e outros); Identificação e caracterização de Personalidades (com<br />

notoriedade nacional e, se possível internacional, disponíveis para se envolver na<br />

difusão da eficiência energética nas empresas;<br />

9. Caracterização energética dos sectores em estudo, nomeadamente em termos de<br />

produção e utilização de energia, incluindo a eficiência energética;<br />

10. Casos de sucesso: Identificação e caracterização de empresas nacionais dos<br />

sectores em análise que possam ser apresentadas como Casos de Sucesso em<br />

termos de eficiência energética;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

12


11. Cooperação e comunicação de sucesso: identificação e caracterização de formas<br />

e meios de desenvolvimento de cooperação entre empresas e de comunicação<br />

com sucesso de experiências ou iniciativas de sucesso na mudança de atitudes<br />

individuais / colectivas, que possam servir de exemplo e caso de estudo;<br />

12. <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong>: realização de acções de benchmarking, junto de<br />

regiões ou sectores na Europa, nomeadamente na Alemanha, na Finlândia, em<br />

Espanha, na República Checa e em França, que se possam constituir como<br />

referência e possam inspirar boas práticas susceptíveis de ser implementadas<br />

junto as empresas dos sectores identificados;<br />

13. Visão Prospectiva: recolha e sistematização da visão dos principais actores de<br />

cada região sobre ―A Energia como vector estratégico nas PME em 2020‖;<br />

Estudo da Eficiência Energética nos sectores:<br />

14. Definição e teste do inquérito: desenvolvimento de um inquérito a enviar a cada<br />

empresa, eventualmente adequado à realidade de cada sector em estudo, como<br />

forma de poder adquirir conhecimento sobre a actual situação da energia e da<br />

eficiência energética nas empresas e nos sectores em estudo; o inquérito será<br />

testado em 10 empresas, duas de cada sector;<br />

15. Realização do inquérito: Selecção de uma amostra de 500 empresas dos cinco<br />

sectores antes referidos (uma média de 100 empresas por sector), realização dos<br />

diagnósticos, recolha e lançamento dos dados;<br />

16. Relatório do estudo: processamento dos dados e emissão de um relatório síntese,<br />

onde se inclua o seu desempenho relativo face ao sector, à região e ao País;<br />

Definição e proposta de uma estratégia de implementação:<br />

17. Criação de um ―Fórum para a Eficiência Energética nas PME‖: envolvendo os<br />

stakeholders de referência, identificados na acção 8;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

13


18. Documento síntese e elaboração de uma proposta de estratégia: Redacção de um<br />

documento síntese, agregando toda a informação recolhida; Elaboração de uma<br />

proposta de estratégia de implementação de eficiência energética em PME;<br />

19. Discussão da Estratégia proposta: discussão e aprovação da Estratégia de<br />

implementação de medidas de eficiência energética em PME entre os copromotores,<br />

os parceiros e o ―Fórum para a Eficiência Energética nas PME‖.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

14


2 - OBJECTIVOS, REFERÊNCIAS E METODOLOGIA<br />

OBJECTIVO DO ESTUDO<br />

O presente trabalho tem como objectivo apresentar uma análise da importância dos<br />

sectores do Têxtil e Vestuário, Metalomecânica, Madeira, Mobiliário e Cortiça, Vidro e<br />

Cerâmica e Agro-alimentar, com a temática do uso racional de energia ao nível<br />

internacional.<br />

Conhecidos os dados respeitantes ao consumo de energia final em Portugal, bem como a<br />

evolução da intensidade energética e a sua comparação com os restantes países<br />

europeus, que resulta num diferencial que importa analisar e identificar as respectivas<br />

causas. Desta forma, a realização de um estudo de <strong>Benchmarking</strong> internacional no<br />

âmbito do presente projecto, pretende identificar estudos sectoriais, casos de sucesso e<br />

politicas nacionais que sejam objecto de análise e possibilitem contribuir para o<br />

esclarecimento das causas do desvio verificado.<br />

Pretendeu-se reunir informação relevante, quer do ponto de vista científico, quer no que<br />

respeita à aplicabilidade industrial. No entanto esteve sempre presente o objectivo de<br />

incluir apenas informação sobre a qual são conhecidos os resultados e estes são<br />

relevantes para o objecto do estudo.<br />

REFERÊNCIAS INTERNACIONAIS E SECTORIAIS<br />

A recolha de informação foi efectuada, numa primeira fase, junto de países europeus e,<br />

posteriormente junto de outros países onde a relevância da informação pudesse<br />

contribuir para o resultado do estudo.<br />

Foi privilegiado o contacto com instituições pertencentes a redes internacionais onde as<br />

entidades parceiras do projecto estão presentes ou possuem ligações. Para além destas<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

15


foram efectuados diversos contactos internacionais para obtenção de informação ou de<br />

fontes de informação.<br />

Finalmente foram pesquisados na web estudos publicados cujo rastreio possibilitou<br />

identificar as fontes e a sua credibilidade. Neste caso apenas foram incluídos estudos de<br />

entidades oficiais (universidades, associações, entidades publicas, …) ou de projectos<br />

em que estas participavam.<br />

METODOLOGIA<br />

A realização de um estudo de <strong>Benchmarking</strong> compreende a realização de um Processo<br />

contínuo e sistemático que permite a comparação das performances das organizações e<br />

respectivas funções ou processos face ao que é considerado "o melhor nível", visando<br />

não apenas a equiparação dos níveis de performance, mas também a sua<br />

ultrapassagem. No caso do presente projecto para a caracterização do presente estudo,<br />

tendo em consideração a inexistência de bases de dados com indicadores de bases de<br />

cálculo comum para a realização de comparação de performance energética, optou-se<br />

pela pesquisa de informação de estudos sectoriais, casos de sucesso e políticas<br />

nacionais, cujos resultados ou práticas contribuam para facilitar a sua implementação em<br />

Portugal.<br />

Naturalmente que a riqueza da informação quantitativa será mais reduzida, mas em<br />

contrapartida a informação qualitativa, bem como as respectivas orientações, serão mais<br />

relevantes para o público-alvo do presente estudo.<br />

No que respeita à metodologia usada no presente estudo, esta teve em consideração o<br />

conhecimento da área e do estado da arte da eficiência energética na Europa, de modo a<br />

que seja possível, mais a recolha de aprendizagens passíveis de implementação em<br />

Portugal, do que o posicionamento do país face às praticas recolhidas. De uma forma<br />

geral Portugal foi excluído da recolha de informação, no entanto incluído quando se trata<br />

de estudos ao nível europeu.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

16


A metodologia compreendeu as seguintes fases:<br />

• Indústria<br />

• Sector de actividade<br />

Relevância<br />

• Estudos sectoriais<br />

• Casos de sucesso<br />

• Políticas nacionais<br />

• Aplicação às<br />

empresas<br />

• Enquadramento nas<br />

politicas nacionais<br />

Resultado<br />

• Impacto<br />

• Abrangência<br />

Informação<br />

Aplicação<br />

1. Recolha de informação<br />

Neste âmbito procurou-se enriquecer a informação a recolher nos sectores<br />

objecto do projecto, Têxtil e Vestuário, Metalomecânica, Madeira, Mobiliário e<br />

Cortiça, Vidro e Cerâmica e Agro-alimentar. Foi também valorizada a pesquisa de<br />

informação transversal aos sectores em estudo, apenas para os casos em que os<br />

resultados se tornem relevantes para algum dos sectores.<br />

2. Análise da relevância da informação<br />

A pesquisa tratamento e análise da informação foram realizadas segundo os três<br />

vectores objectivo do projecto, como sendo: estudos sectoriais, casos de sucesso<br />

e políticas nacionais. Nos casos de caracterização ambígua optou-se pelo seu<br />

enquadramento num destes três vectores.<br />

3. Identificação dos resultados obtidos e a sua aplicabilidade em Portugal<br />

A maior preocupação na análise dos estudos e exemplos compreendeu o grau de<br />

aplicabilidade à realidade do país e das PME. Esta análise foi realizada tendo em<br />

consideração o objecto e enquadramento do estudo e os resultados obtidos.<br />

4. Caracterização de resultados por área temática ou grupo tecnológico<br />

Esta acção consistiu na análise dos resultados e na consequente classificação<br />

nas seguintes temáticas/grupos tecnológicos:<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

17


- Energias alternativas;<br />

- Força motriz;<br />

- Sistema de ar comprimido;<br />

- Iluminação;<br />

- Climatização;<br />

- Energia térmica;<br />

- Caldeiras de água quente / Termo fluído / geradores de ar quente;<br />

- Geradores de vapor;<br />

- Fornos e estufas;<br />

- Colaboradores;<br />

A apresentação dos estudos compreende o seu enquadramento, resumo e aspectos<br />

relevantes e os resultados atingidos. O detalhe do estudo pode ser consultado,<br />

encontrando-se estes referenciados no presente trabalho.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

18


3 - BREVE ENQUADRAMENTO DA EFICIÊNCIA<br />

ENERGÉTICA NAS PME<br />

POLITICAS EUROPEIAS E NACIONAIS COM IMPACTOS NA ENERGIA E NAS<br />

PME<br />

POLITICAS EUROPEIAS<br />

Reduzir o consumo de energia e precaver o desperdício energético são um dos grandes<br />

objectivos da União Europeia (UE). São várias as iniciativas e os incentivos da União<br />

Europeia (UE) para a promoção da eficiência energética e para o recurso a fontes de<br />

energias alternativas e mais amigas do ambiente como, por exemplo, o ―Livro Verde‖.<br />

Este livro define uma estratégica para a União Europeia, onde se pretende fomentar o<br />

uso de formas de energia mais sustentáveis, competitivas e seguras. O Livro Verde para<br />

a Eficiência Energética (LVEE) publicado pela Comissão Europeia em 2005 sublinha a<br />

necessidade de fortalecer as políticas destinadas a um aumento da eficiência do<br />

consumo e da produção de energia. A eficiência energética está sobretudo associada ao<br />

controlo e redução do consumo de energia para a mesma riqueza.<br />

Baseando no Livro Verde para a Eficiência Energética, o Conselho Europeu de Março de<br />

2006 estabeleceu a necessidade urgente de ser adoptado um plano de acção ambicioso<br />

e realista para a eficiência energética na UE.<br />

Após alguns meses de preparação, surgiu o Plano de Acção para a Eficiência Energética<br />

da União Europeu (PAEE-EU) que foi apresentado em Outubro de 2006 com o subtítulo<br />

―Realizing the Potential‖. Este documento tem como grande objectivo a ―realização do<br />

potencial ― de poupança energética da EU a 25 que corresponde a uma poupança global<br />

de energia primária de cerca de 390Mtep/ano.<br />

O Plano de Acção para a Eficiência Energética da União Europeia (PAEE-UE) necessita<br />

de ser monitorizado e actualizado, tendo sido iniciada em 2009 uma revisão intercalar<br />

que teve em conta os planos nacionais de acção para a eficiência energética (PNAEE)<br />

dos países membros e as revisões estratégicas da UE no âmbito da energia.<br />

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19


O Livro Verde para a Eficiência Energética refere que a Indústria Europeia já deu passos<br />

no sentido de aumentar a sua eficiência energética, motivada por incentivos económicos<br />

e também pela pressão exercida pela legislação europeia e pelas legislações nacionais,<br />

que levam a indústria a utilizar a eficiência energética como um instrumento necessário<br />

para respeitar os valores máximos de emissões de gases com efeito de estufa impostos<br />

pelos planos nacionais de atribuição de licenças de emissão (PNALE). Estes valores<br />

encontram-se previstos na directiva relativa ao comércio das licenças de emissão<br />

(Directiva 2003/87/CE). Este tipo de pressão exercida pela legislação tem tido bastante<br />

sucesso em países como o Reino Unido e a Holanda, nos sectores do papel e no setor<br />

químico.<br />

No contexto da Industria Transformadora, o PAEE-UE refere que a utilização das<br />

melhores tecnologias disponíveis (MTD) e de equipamentos mais eficientes poderá<br />

conduzir a enormes oportunidades de poupança (cerca de 25%) em equipamentos tais<br />

como os motores eléctricos, ventiladores e material de iluminação.<br />

O PAEE-UE pretende promover a cogeração na indústria, o uso coerente dos impostos<br />

para promover a eficiência energética industrial e o financiamento de investimentos nas<br />

PME (pequenas e médias empresas) e nas ESCO (Energy Service Companies).<br />

Para que o PAEE-UE atinja os seus objectivos ambiciosos é necessária a colaboração<br />

total das autoridades competentes de todos os estados menbros, em particular no que diz<br />

respeito ao delineamento dos respectivos PNAEE. Assim, os PNAEE deverão estar em<br />

consonância com as linhas mestras definidas no PAEE-UE e possuir objectivos<br />

igualmente ambiciosos.<br />

A importância das questões energéticas para a União Europeia está expressa de forma<br />

inequívoca na sua estratégia Europa 2020. De facto, elas fazem parte de uma das três<br />

prioridades (desenvolvimento sustentável) no âmbito de promover uma economia mais<br />

eficaz em termos de recursos, mais ecológica e mais competitiva, recorrendo à utilização<br />

de tecnologias verdes. O objectivo desta iniciativa é tornar a Europa eficiente em termos<br />

de recursos, isto é, apoiar a transição para uma economia hipocarbónica que utiliza de<br />

forma eficiente todos os recursos. O objectivo consiste em dissociar crescimento<br />

económico da utilização de recursos e de energia, reduzir as emissões de CO2,<br />

aumentar competitividade e promover uma maior segurança energética.<br />

As pequenas e médias empresas (PME) constituem um factor considerável de<br />

crescimento e de criação de postos de trabalho no interior da União Europeia. Em 16 de<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

20


Julho de 2009, o Comité Económico e Social Europeu decidiu, nos termos do artigo 29.º,<br />

n.º 2, do seu Regimento, elaborar um parecer sobre a iniciativa de reforçar a eficácia da<br />

política energética da União Europeia para as PME e, em particular, para as<br />

microempresas. Deste parecer o Comité Económico e Social Europeu adoptou as<br />

seguintes recomendações a nível da União Europeia e ao nível dos Estados-Membros.<br />

A nível da União Europeia são:<br />

Adoptar uma abordagem‖Think Small First‖ (pensar primeiro nas PME) em relação<br />

à política energética, garantindo a participação das organizações de pequenas e<br />

microempresas no processo legislativo e a realização de avaliações de impacto<br />

que abranjam igualmente as empresas de menor dimensão, promovendo a<br />

abordagem sectorial;<br />

Instaurar com as organizações de PME um fórum de diálogo permanente sobre o<br />

impacto da política energética da UE nas empresas, particularmente, nas mais<br />

pequenas;<br />

Definir, em articulação com as organizações de empresas pertinentes, as medidas<br />

que importa ter em conta nos programas europeus a fim de propiciar a essas<br />

empresas uma melhor adaptação às orientações da UE;<br />

Analisar o impacto dos programas em prol da eco-eficiência nas diferentes<br />

categorias de PME, e difundir um manual de boas práticas;<br />

Simplificar as modalidades de acesso e de utilização dos programas da UE<br />

existentes no domínio da eficiência energética em favor das PME;<br />

Adoptar um plano de apoio às inovações eco-eficientes em matéria energética e<br />

criar um instrumento financeiro de apoio à inovação adaptado às necessidades<br />

das pequenas e microempresas;<br />

Criar um quadro para reforçar a presença e a actividade das empresas<br />

prestadoras de serviços energéticos (ESCO) a nível nacional em prol das<br />

pequenas empresas;<br />

Simplificar o acesso das pequenas empresas aos fundos estruturais,<br />

nomeadamente por intermédio das suas organizações;<br />

Criar um quadro favorável à difusão da microgeração nos Estados-Membros.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

21


A nível dos Estados-Membros:<br />

Criar um fórum nacional de diálogo com as organizações de PME;<br />

Desenvolver programas de formação e de informação através de campanhas<br />

sectoriais e de balcões únicos localizados prioritariamente nas organizações<br />

intermediárias das empresas em causa;<br />

Contribuir para o financiamento dos investimentos, reduzir os custos de seguros e<br />

criar incentivos fiscais;<br />

Criar sinergias financeiras UE-Estados-Membros-organizações de empresas que<br />

favoreçam a aplicação de várias formas de ajuda às pequenas empresas;<br />

Estabelecer, nas organizações intermediárias, assessores ambientais e de<br />

energia, bem como serviços independentes de diagnóstico e de aconselhamento<br />

energético.<br />

Estudo <strong>Internacional</strong> de Políticas de Eficiência Energética<br />

Focando agora a atenção nas medidas que afectam o sector industrial, são apresentadas<br />

de seguida como exemplos algumas políticas aplicadas a este sector, nos seguintes<br />

países: Áustria, Finlândia, Dinamarca, Reino Unido, Espanha, Irlanda, Japão, Estados<br />

Unidos da América, Alemanha, França e Canada.<br />

Políticas de Eficiência Energética na Dinamarca<br />

As principais medidas do PNAEE Dinamarquês, aplicadas à indústria foram: i) o aumento<br />

gradual dos impostos relativos às emissões de gases derivados da queima de<br />

combustíveis fósseis; ii) a concessão de benefícios fiscais a indústrias que implementem<br />

medidas de eficiência energética; iii) o incentivo quer à concorrência comercial quer à<br />

investigação tecnológica no sector privado do mercado energético; iv) o financiamento de<br />

projectos públicos de investigação e o apoio a parcerias tecnológicas com o sector<br />

privado; v) a atribuição de créditos/empréstimos a PMEs para implementação de<br />

projectos de eficiência energética; e vi) o aumento da divulgação, junto da população, das<br />

tecnologias de gestão ambiental e dos benefícios associados à sua utilização.<br />

O aumento gradual dos impostos sobre o consumo de energia e as emissões de CO2<br />

tem como objectivo incentivar as indústrias a assinar acordos voluntários com o Estado,<br />

garantindo o cumprimento de um plano de redução do consumo de energia. As indústrias<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

22


que assinam estes acordos comprometem-se a efectuar um estudo pormenorizado do<br />

seu consumo energético, que visa identificar pontos críticos passíveis de melhorias, e,<br />

num prazo acordado, a implementar as medidas técnicas necessárias para atingir o<br />

aumento de eficiência energética estipulado. Todo este processo está sujeito a auditorias<br />

estatais.<br />

Os acordos voluntários assentam na implementação do conceito de Gestão de Energia<br />

(Energy Management) que assegura a melhoria contínua e constante da eficiência<br />

energética de uma empresa.<br />

Tipicamente, uma indústria reduz o seu consumo de energia entre 10 a 15 % nos<br />

primeiros anos de implementação destes acordos voluntários. Alguns exemplos mostram<br />

poupanças superiores a 15 % e retornos de investimento (paybacks) inferiores a 4 anos.<br />

As medidas técnicas a aplicar envolvem a manutenção e monitorização de<br />

equipamentos, a alteração de procedimentos, a formação dos funcionários e a concepção<br />

eficiente, sob o ponto de vista energético, de equipamentos e instalações.<br />

Políticas de Eficiência Energética no Reino Unido<br />

No Reino Unido, as políticas incidem principalmente sobre a redução das emissões de<br />

gases com efeito de estufa. No entanto, estas políticas estão intimamente ligadas à<br />

eficiência energética, uma vez que aumentos na eficiência energética produzem<br />

reduções nas emissões. Algumas das medidas do PNAEE do Reino Unido aplicadas à<br />

indústria englobam: i) o Climate Change Levy; ii) os Climate Change Agreements; iii) o<br />

Carbon Trust e o iv) United Kingdom Emissions Trading Scheme.<br />

O Climate Change Levy (CCL) é um imposto sobre a utilização de energia que impõe<br />

taxas fiscais mais elevadas às indústrias mais gastadoras de energias não renováveis. O<br />

dinheiro resultante destas taxas serve para investir em tecnologias e equipamentos com<br />

maior eficiência energética e, consequentemente, menos emissões de carbono.<br />

Com os Climate Change Agreements (acordos voluntários, CCA), o governo tenta aliciar<br />

as empresas a aceitar um acordo de redução de emissões de carbono, em troca de um<br />

vantajoso desconto fiscal de 80 % sobre o Climate Change Levy.<br />

O Carbon Trust é uma organização que visa informar e auxiliar as indústrias que<br />

pretendam reduzir as suas emissões de gases poluentes. As suas actividades baseiamse<br />

em cinco grandes áreas: Percepção, Solução, Inovação, Iniciativa e Investimento<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

23


O United Kingdom Emissions Trading Scheme (UK-ETS) é um esquema que tem como<br />

objectivo reduzir as emissões de gases poluentes, para que com isso se cumpra o<br />

Protocolo de Quioto e adiram ao rentável mercado de carbono.<br />

Políticas de Eficiência Energética na Espanha<br />

A Estratégia de Poupança e Eficiência Energética em Espanha aprovada a 28 de<br />

Novembro de 2003 propõe para cada um dos principais sectores envolvidos uma série de<br />

medidas que devem ser implementadas durante o período de 2004-2012.<br />

No âmbito desta estratégia, as medidas aplicáveis ao Sector Industrial espanhol são as<br />

seguintes:<br />

Realização de Auditorias Energéticas;<br />

Projectos Empresariais de Eficiência Energética (Acordos Voluntários);<br />

Programas de Ajudas Públicas.<br />

As Auditorias Energéticas nos diferentes sectores industriais possibilitam o estudo<br />

detalhado e exaustivo dos processos produtivos e mais concretamente identificar os<br />

principais equipamentos consumidores de energia. Permitem ainda determinar com<br />

alguma precisão os investimentos necessários para a execução das medidas detectadas<br />

assim como a rentabilidade e viabilidade das mesmas.<br />

Os principais objectivos destas Auditorias Energéticas são:<br />

Determinar o potencial de poupança de energia nas empresas do sector industrial;<br />

Facilitar a tomada de decisão dos empresários no âmbito do investimento em<br />

Poupança e Eficiência Energética;<br />

Determinar o benchmarking dos processos produtivos auditados.<br />

Os Acordos Voluntários têm como objectivo, fomentar a adopção de medidas de<br />

poupança de energia e comprometer as Associações Empresariais e as Indústrias a<br />

alcançar o potencial de poupança de energia estabelecido por Sector. No entanto, este<br />

compromisso na consecução dos objectivos energéticos não deve comprometer a<br />

competitividade das empresas.<br />

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24


Os Acordos Voluntários devem considerar os seguintes pontos essenciais:<br />

O potencial de poupança detectado e a viabilidade da sua execução;<br />

A vinculação explícita das empresas do subsector ou ramo de actividade<br />

considerado;<br />

As linhas de financiamento para incentivarem a poupança energética;<br />

A possibilidade das empresas vinculadas formalmente terem tratamento<br />

preferencial.<br />

O objectivo do Programa de Ajudas Públicas é facilitar a viabilidade económica dos<br />

investimentos na poupança e eficiência energética, com a finalidade de alcançar o<br />

potencial de poupança de energia identificado. Pretende-se assim promover a<br />

substituição de equipamentos e de instalações ineficientes, privilegiando a utilização de<br />

tecnologias de alta eficiência energética que minimizem as emissões de CO 2 .<br />

Políticas de Eficiência Energética na Áustria<br />

A melhoria da eficiência energética é uma das principais estratégias na concretização dos<br />

objectivos políticos de energia da Áustria. O Programa de Acção Energia foi elaborado<br />

em 2003 contendo políticas com relevância directa ou indirecta na eficiência energética,<br />

tais como:<br />

- Medidas ERAL com relevância para a eficiência energética (por exemplo,<br />

harmonização das abordagens da política energética dos diversos intervenientes. o<br />

governo federal e os estados).<br />

- Medidas relativas ao espaço e ao aquecimento de água (por exemplo, isolamento,<br />

consumo de energia, cálculo dos custos de acordo com o consumo real).<br />

- Consumo de energia no processo produtivo (por exemplo, melhoria da informação<br />

sobre os fluxos de energia nas empresas).<br />

- Mobilidade<br />

- Iluminação e processamento de dados.<br />

- A utilização da biomassa.<br />

- O uso do carvão (por exemplo, apoio de tecnologias de combustão moderna).<br />

- O uso de gás natural (por exemplo, tecnologias ecologicamente eficientes).<br />

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25


Uma série de medidas está disponível para o governo austríaco na área da eficiência<br />

energética, incluindo medidas reguladoras (como padrões mínimos de eficiência ou de<br />

regras de tributação de energia); investigação, desenvolvimento tecnológico e promoção<br />

de penetração no mercado; divulgação de informações aos consumidores de energia, e<br />

subsídios para a implementação de medidas de poupança de energia.<br />

Uma característica da estrutura de muitos programas que cobrem a eficiência energética<br />

é que melhorar a eficiência energética é apenas um dos vários objectivos prosseguidos.<br />

Esses programas, portanto, consideram a melhoria da eficiência energética como uma<br />

componente dentro de um conjunto de objectivos políticos.<br />

Políticas de Eficiência Energética na Finlândia<br />

As Políticas de eficiência energética da Finlândia são basicamente orientadas por duas<br />

declarações, nomeadamente o Plano de Acção para a Eficiência Energética, que foi<br />

emitido em 2000 e actualizado em 2002, e a Estratégia Nacional de Energia e Clima, que<br />

foi lançado em 2001 e actualizado, mais recentemente, em 2005. Em geral, a política de<br />

eficiência energética na Finlândia baseia-se em quatro orientações: i) legislação,<br />

regulamentos e orientações; ii) os mecanismos financeiros, tais como impostos e<br />

subsídios; iii) acordos de eficiência energia com a indústria, e iv) Educação e<br />

comunicação. No âmbito da Estratégia Nacional de Energia e Clima, o objectivo de<br />

poupança energética de 5% até 2015 - diminuir o consumo de energia em 5% com novas<br />

medidas de políticas adicionais (em comparação com o esperado em 2015, sem estas<br />

medidas adicionais). No longo prazo, o objectivo é estabilizar e depois reduzir, o<br />

consumo de energia primária total na Finlândia.<br />

A maioria das políticas de eficiência energética da Finlândia provém de diversas<br />

directivas da UE relativas à eficiência energética e conservação, em particular as<br />

directivas relativas à rotulagem de equipamentos, em edifícios, nos serviços de energia,<br />

na produção combinada de calor e energia (CHP) e no ecodesign.<br />

No total, 14 directivas ou regulamentos específicos sobre as politicas finlandesas de<br />

eficiência energética. São necessárias medidas adicionais para além das já promulgadas<br />

pela UE e outros métodos inovadores, subsídios para a introdução de novas tecnologias<br />

e regulamentações. A Finlândia baseia-se em acções de voluntariado, desenvolvimento<br />

de tecnologia e a utilização de energias renováveis e outras.<br />

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26


Acordo voluntários são realizados entre o Ministério do Trabalho e Economia e a<br />

associação que representa a indústria em particular ou setor. Empresas e comunidades<br />

também se juntaram no acordo assinado pela indústria. Sob os termos dos acordos, as<br />

associações comprometem-se a promover a conservação de energia e participação.<br />

Empresas e comunidades comprometem-se a realizar auditorias de energia ou análises,<br />

a elaborar um plano de conservação de energia e comprometem-se a implementar<br />

medidas eficazes nos custos de conservação. O governo fornece subsídios para<br />

auditorias energéticas (40% do custo) e análises, e, sob certas condições, a poupança<br />

em investimentos de energia.<br />

Empresas de serviços energéticos (ESCO) são empresas especializadas em eficiência<br />

energética, incluindo a auditoria, estabelecendo planos de eficiência, implementando os<br />

planos de financiamento e os esforços em nome do cliente. Estima-se que 15-25% dos<br />

investimentos em eficiência energética realizados pela indústria sob os acordos<br />

voluntários foram executados através de ESCO.<br />

Políticas de Eficiência Energética na Irlanda<br />

A Política de eficiência energética da Irlanda é baseada, no Livro Verde da UE sobre a<br />

eficiência energética. Os principais veículos para a implementação da política é o Plano<br />

Nacional de Desenvolvimento.<br />

O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2000-2006 continha uma prioridade<br />

sustentável de energia composta de duas medidas de energia, uma das quais incluía<br />

eficiência energética. Um investimento total de 117 milhões de euros para eficiência<br />

energética e programas de energia alternativa nos termos do presente PDN. O principal<br />

órgão de execução da política de eficiência energética na Irlanda, opera uma série de<br />

programas abordando todos os setores da economia como descrito abaixo.<br />

Os programas, que visam especificamente o setor industrial, incluem o programa Rede<br />

de Energia grandes Indústria (LIEN) e o programa de Acordos de Energia da Indústria. O<br />

resultado é uma iniciativa voluntária da rede que compreende 80 dos maiores<br />

consumidores de energia industrial na Irlanda que estão empenhados em reduzir o uso<br />

de energia individualmente e reconhecer o benefício de colaborar com organizações<br />

semelhantes. Os principais elementos do programa LIEN, são relatórios sobre os<br />

progressos do desempenho energético e da definição de metas realistas, a partilha de<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

27


informações e experiência para alcançar as melhores práticas e melhorar a<br />

competitividade, reduzindo custos de energia.<br />

O Programa de Acção de Gestão de Energia (Energia MAP), surge para as empresas<br />

que não têm recursos para a realização da auditoria. O núcleo do programa é o MAP<br />

Energia site, que disponibiliza orientações de boas práticas em gestão de energia e as<br />

mais recentes tecnologias. Ao contrário dos Acordos de Energia, Energia MAP é<br />

projectado para ajudar as empresas menos sofisticadas e comprometidas na adoção de<br />

programas de gestão de energia sustentáveis nas suas organizações. Os principais<br />

utilizadores do MAP Energia são as pequenas e médias empresas (PME), mas o site é<br />

um portal de referência para as boas práticas de eficiência energética, para as PME e<br />

grandes consumidores de energia.<br />

Políticas de Eficiência Energética no Japão<br />

Os pilares da política de eficiência energética do Japão incluem a Lei de Base sobre a<br />

política energética de 2002, o Plano Básico de Energia e a Nova Estratégia Nacional de<br />

Energia.<br />

A Lei Base de Política Energética, formulada em Junho de 2002, define a orientação para<br />

a política de energia do Japão no futuro. Esta lei reconhece especificamente a garantia<br />

de fornecimento estável, adequação ambiental e utilização de mecanismos de mercado<br />

como orientações políticas fundamentais. Também exige que o governo formule um<br />

plano básico sobre a oferta e aquisição de energia.<br />

O Plano Básico de Energia esclarece as orientações das políticas relativas ao futuro<br />

fornecimento de energia e aquisição, conforme exigido na Lei Base de Política<br />

Energética.<br />

Em março de 2007, o Plano Básico de Energia foi revisto com base na Nova Estratégia<br />

Nacional para a Energia.<br />

A nova estratégia energética nacional é uma estratégia para a segurança energética que<br />

foi formulada em maio de 2006 para reflectir as mudanças recentes no mercado<br />

doméstico e situação energética internacional. Melhorar a eficiência energética é um<br />

elemento-chave desta estratégia. Pontos-chave da estratégia visam:<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

28


Melhorar a eficiência do consumo de energia, pelo menos em 30% até 2030.<br />

Reduzir a dependência do Japão em relação ao petróleo na oferta total de energia<br />

primária para 40% ou menos em 2030.<br />

Reduzir a dependência do petróleo no setor dos transportes para cerca de 80%<br />

até 2030.<br />

Aumentar a proporção de energia nuclear na produção total de energia do Japão<br />

em 30-40% ou mais em 2030 e posteriormente.<br />

Expandir ainda mais a relação de exploração e desenvolvimento dos recursos<br />

petrolíferos por empresas japonesas, para cerca de 40% até 2030.<br />

O Japão usa uma combinação de medidas reguladoras, acções voluntárias por parte da<br />

indústria e uma combinação de subsídios, isenções fiscais e empréstimos para<br />

investimento para incentivar a melhoria da eficiência energética na indústria. A política de<br />

economia de energia no sector industrial do Japão foi desenvolvida com uma forte<br />

cooperação entre os sectores públicos e privado.<br />

Especificamente, fábricas e outros locais de trabalho com alto consumo de energia<br />

(consumo de combustível anual igual ou superior a 3 000 kl de óleo equivalente) são<br />

obrigados a nomear gestores de energia, preparar e apresentar a médio e longo prazo<br />

planos de energia e relatórios periódicos sobre consumo de energia. Da mesma forma,<br />

fábricas e outros locais de trabalho com o consumo de energia médio (maior ou igual a 1<br />

500 kl de óleo equivalente) são obrigados a apresentar relatórios periódicos sobre<br />

consumo de energia e nomear uma pessoa qualificada para a gestão de energia.<br />

Outra evolução interessante no Japão desde a revisão anterior é um maior enfoque na<br />

melhoria da eficiência energética em pequenas e médias empresas (PME). O governo<br />

criou vários esquemas fiscais para apoiar as PME na redução das suas emissões de<br />

CO2. Estes programas englobam subsídios para a introdução de equipamentos<br />

energeticamente eficientes.<br />

Políticas de Eficiência Energética nos Estados Unidos da América<br />

O compromisso assumido pelos Estados Unidos para aumentar a eficiência energética foi<br />

enfatizado na Política Nacional de Energia (NEP) publicada em Maio de 2001. O<br />

documento descreve, uma série de medidas pelas quais o governo federal pode<br />

influenciar e promover a eficiência energética, incluindo a difusão de informação,<br />

incentivos a investigação e desenvolvimento em produtos eficientes, bem como<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

29


programas como o programa Energy Star. O objectivo do NEP é melhorar o consumo de<br />

energia dos Estados Unidos em 20% entre 2002 e 2012. O desenvolvimento legal mais<br />

importante desde a última revisão foi o de Energia Policy Act de 2005. Esta foi a primeira<br />

legislação de energia promulgada em mais de uma década e tem um forte foco na<br />

melhoria da eficiência energética e aumento do uso de energia renovável.<br />

No setor industrial existe o programa Energy Star que visa a melhoria do sistema de<br />

gestão de energia. Este programa inclui o desenvolvimento de indicadores de<br />

desempenho energético que permitem que as indústrias possam avaliar a eficiência da<br />

produção.<br />

O Programa de Tecnologias Industriais visa reduzir a intensidade energética dos Estados<br />

Unidos através de um programa coordenado de pesquisa, actividades de<br />

desenvolvimento e implementação. O programa colabora com a indústria (por exemplo,<br />

indústrias de energia intensiva, tais como produtos florestais e papel, aço, alumínio,<br />

fundição de metais e produtos químicos) em I & D para melhorar a eficiência energética e<br />

produtividade dos processos industriais. O foco é em nove materiais e processos<br />

industriais que representam a maioria do consumo de energia no sector industrial e<br />

apresentar a maior oportunidade para limitar o consumo de energia. O programa espera<br />

ajudar as indústrias parceiras a reduzir o consumo energético por unidade de produção<br />

em 25% dos níveis de 1990.<br />

Políticas de Eficiência Energética na Alemanha<br />

A política de eficiência energética da Alemanha está subjacente na política climática, que<br />

tem sido enfatizada nos últimos anos. Os partidos do governo estabeleceram as<br />

seguintes metas e medidas para a política nacional de eficiência energética:<br />

Aumentar a eficiência energética da economia nacional com o objectivo da<br />

duplicação da produtividade energética até o ano 2020 em relação a 1990,<br />

exigindo um aumento anual de 3%.<br />

Aumentar o financiamento para o Programa de Reabilitação CO2;<br />

Modernizar o stock existente de estações de energia e expandir o uso da geração<br />

de energia descentralizada ultra-eficiente CHP.<br />

Revisão dos critérios de financiamento da Lei da Cogeração (KWK-G).<br />

Apoiar as iniciativas europeias para melhorar a eficiência energética<br />

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Continuar e intensificar a Agência Alemã de Energia (Deutsche Energie- Agentur,<br />

DENA)<br />

A Alemanha está focada na revisão da directiva relativa a rotulagem de equipamentos e<br />

aparelhos, desde a eficiência na construção até ao desmantelamento do mesmo.<br />

Políticas de Eficiência Energética na França<br />

Os programas de eficiência energética e de redução do consumo específico de matériasprimas<br />

são elaborados e propostos pela Agência do Ambiente e Gestão de Energia<br />

(ADEME), criada em 1992,que é um órgão governamental que responde ao Ministério da<br />

Economia, Finanças e da Indústria.<br />

Em 1996, a França implementou legislação específica para as acções vinculadas à<br />

eficiência energética (Lei nº 96-1236 de 30 de Dezembro de 1996). Em janeiro de 2000<br />

foi implementado um Programa Nacional visando a diminuição das mudanças climáticas<br />

(Programme National de Lutte Contre le Changement Climatique). Este Programa<br />

instituiu medidas técnicas e fiscais envolvendo todos os setores que vinham causando<br />

impactos no curto e no médio prazo e ampliou a actuação da ADEME. Em Dezembro de<br />

2000, foi implementado o Programa Nacional de Acções da Eficiência Energética<br />

(PNAEE). O Programa visa uma maior divulgação e conscientização das acções de<br />

eficiência energética. A França implementou alguns incentivos fiscais/financeiros para a<br />

melhoria da eficiência energética, como por exemplo:<br />

Redução de impostos - redução no imposto de renda para investimentos em<br />

isolamento térmico, melhorias nas instalações de aparelhos de aquecimento,<br />

instalação de fornos de madeira;<br />

Apoio financeiro de 50% do custo para as indústrias que realizam<br />

diagnósticos/auditorias energéticas. Subsidiam, ainda, estudos de eficiência na<br />

iluminação;<br />

Existência de fundos provenientes da SOFERGIE (grupo de empresas que<br />

financiam investimentos em economia de energia), FOGIME (fundo que garante<br />

investimentos na gestão energética e ambiental) e FIDEME (fundo de<br />

investimento em eficiência energética)<br />

De salientar que os programas de eficiência energética da ADEME são muito<br />

abrangentes e compreendem uma quantidade significativa de acções envolvendo<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

31


questões ambientais que vão muito para além de uma simples estratégia para tratar das<br />

questões energéticas associadas ao aquecimento global.<br />

Políticas de Eficiência Energética no Canada<br />

O órgão responsável pela Eficiência Energética no Canadá é o Office of Energy Efficiency<br />

(0EE), criado em 1998 e coordena os programas de eficiência energética e combustíveis<br />

alternativos, nos sectores comercial, residencial, industrial e de transportes.<br />

As iniciativas de eficiência energética são fator chave para a implementação da estratégia<br />

nacional em relação às mudanças climáticas, visando cumprir as metas acordadas no<br />

Protocolo de Kyoto.<br />

Em 2000, o governo do Canadá, com a participação de representantes de todos os<br />

setores, organizações não-governamentais e sociedade civil, foi elaborado o Plano de<br />

Acção Mudanças Climáticas. Este plano visa ser efectivo na diminuição de gases de<br />

efeito de estufa e, para tal, pretende ser replaneado de 5 em 5 anos, prevendo medidas e<br />

acções nas seguintes áreas: transportes, energia (petróleo, produção de gás e<br />

electricidade), indústria, edificações, floresta e agricultura, projectos internacionais e<br />

investimento em soluções futuras (tecnologia e ciência).<br />

Ao nível da legislação e regulamentação aplicável destacam-se as seguintes:<br />

Energy Efficiency Act – 1992: estabelece padrões mínimos de eficiência<br />

energética para determinados produtos, especificando a responsabilidade dos<br />

vendedores do produto.<br />

Energy Efficiency Regulations - 1994: novos padrões mínimos de eficiência<br />

energética. Não é permitida a utilização de equipamentos ineficientes.<br />

Certificação/Etiquetagem: obrigatoriedade de etiquetas de eficiência energética<br />

para todos os equipamentos electrónicos.<br />

No que diz respeito aos Programas de eficiência energética geridos pelo OEE,<br />

salientamos os seguintes:<br />

Energuide para equipamentos e Energuide para aquecimento, ventilação e ar<br />

condicionado – HVAC<br />

Energy Efficiency Regulations<br />

Energy Star<br />

Industrial Energy Efficiency Program<br />

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32


Como considerações gerais sobre as políticas de Eficiência Energética nos países<br />

analisados, salientamos as seguintes:<br />

Nos países estudados existem instituições específicas para a eficiência energética<br />

(agências de energia), com o objectivo da redução do consumo final de energia e<br />

da redução das emissões dos gases de efeito de estufa.<br />

O estabelecimento de agências de energia e a relação destas com a<br />

implementação de medidas e o aumento da eficiência energética também vai<br />

depender do grau de prioridade que cada governo define para o tema.<br />

Muitos países possuem, ainda, agências locais, como é o caso dos países da<br />

União Europeia. A descentralização permite uma maior proximidade com as<br />

especificidades locais e direcionar as acções de eficiência energética necessárias.<br />

Embora com características próprias, os países estudados têm uma série de<br />

acções coincidentes que fazem com que a eficiência energética seja instituída<br />

com objectividade nestes países, com resultados positivos. Tais acções são,<br />

principalmente, informação, consultoria, incentivos económicos e financeiros,<br />

marketing, educação, regulamentação, padrões de eficiência energética,<br />

etiquetagem de produtos e diagnósticos energéticos.<br />

Os padrões mínimos de desempenho energético para os equipamentos –<br />

Minimum Energy Performance Standards – impõem um índice mínimo de<br />

eficiência que os equipamentos devem ter ou indicam qual o consumo máximo.<br />

Os incentivos económicos, especialmente os fiscais e financeiros, visam estimular<br />

investimentos em produtos e processos energeticamente eficientes. De uma<br />

forma geral, o subsidio concedido é uma parte do investimento necessário, ou<br />

proporcional à economia do consumo de energia.<br />

Politicas Nacionais<br />

Portugal é um país com escassos recursos energéticos endógenos, nomeadamente,<br />

aqueles que asseguram a generalidade das necessidades energéticas da maioria dos<br />

países desenvolvidos (como o petróleo, o carvão e o gás).<br />

A escassez de recursos fósseis conduz a uma elevada dependência energética do<br />

exterior (81,2% em 2009), nomeadamente das importações de fontes primárias de origem<br />

fóssil. Importa assim aumentar a contribuição das energias renováveis: hídrica, eólica,<br />

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33


solar, geotérmica, biomassa (sólida, líquida e gasosa). A taxa de dependência energética<br />

tem vindo a decrescer desde 2005, apesar de ter sofrido um ligeiro agravamento no ano<br />

de 2008 relativamente a 2007. (4)<br />

Figura 1 – Taxa de dependência energética (Fonte: Direcção Geral de Energia e<br />

Geologia - DGEG)<br />

90<br />

88<br />

86<br />

84<br />

82<br />

80<br />

78<br />

76<br />

Taxa de dependência energética<br />

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009<br />

Taxa de dependência<br />

energética<br />

O atual cenário energético nacional é caracterizado por uma forte dependência externa,<br />

com um sistema energético fortemente dependente de fontes primárias de origem fóssil<br />

(petróleo, gás natural e carvão), e com uma procura energética com taxas de crescimento<br />

superiores às do crescimento do PIB.<br />

Empenhado na redução da dependência energética externa, no aumento da eficiência<br />

energética e na redução das emissões de CO2, o governo definiu as grandes linhas<br />

estratégicas para o sector da energia. A Resolução do Conselho de Ministros 29/2010, de<br />

15 de Abril, aprova a nova Estratégia Nacional para a Energia (ENE 2020) tendo em<br />

consideração os objectivos para a política energética definida no Programa do XVIII<br />

Governo e dando continuidade às políticas já desenvolvidas.<br />

A ENE 2020 altera e actualiza a anterior estratégia aprovada pela Resolução do<br />

Conselho de Ministros 169/2005, de 24 de Outubro, definindo uma agenda para a<br />

competitividade, o crescimento e uma diminuição de dependência energética do País,<br />

através da aposta nas energias renováveis e na promoção da eficiência energética,<br />

assegurando a segurança do abastecimento energético e a sustentabilidade económica e<br />

ambiental do modelo energético nacional, contribuindo para a redução de emissões de<br />

CO2.<br />

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34


A Estratégia define as grandes linhas de orientação política e medidas de maior<br />

relevância para a área da energia, assentando em cinco eixos:<br />

Agenda para a Competitividade, crescimento e independência energética e<br />

financeira<br />

Aposta nas energias renováveis<br />

Promoção da eficiência energética<br />

Garantia de segurança de abastecimento energética<br />

Promoção da sustentabilidade da estratégia<br />

Com esta base é esperado que com a ENE 2020 sejam atingidos os seguintes<br />

resultados:<br />

Redução da dependência energética externa para 74% em 2020;<br />

Cumprimento dos compromissos assumidos para 2020, relativos ao combate às<br />

alterações climáticas:<br />

- 31% da energia final proveniente de recursos renováveis,<br />

- 20% de redução do consumo de energia final;<br />

Redução em 25% do saldo importador energético, com a energia produzida a<br />

partir de fontes endógenas (redução das importações ≈ 2.000 milhões €/ano em<br />

2020);<br />

Consolidação do cluster industrial associado às energias renováveis: obtenção de<br />

um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 3.800 milhões de euros e a criação de<br />

mais 100.000 postos de trabalho (a acrescer aos 35.000 já existentes no setor)<br />

em 2020.<br />

Continuar a desenvolver o cluster industrial associado à eficiência energética:<br />

- Criação de 21.000 postos de trabalho,<br />

- Investimento de 13.000 milhões de euros até 2020,<br />

- Exportações adicionais de 400 milhões de euros.<br />

Continuação da promoção do desenvolvimento sustentável, criando condições<br />

para o cumprimento das metas de redução de emissões de GEE assumidas no<br />

quadro europeu.<br />

Portugal tem uma Política Energética sólida e sustentável bem definida, assente em três<br />

eixos estratégicos:<br />

Segurança do abastecimento de energia, isto é, diminuir a dependência<br />

energética externa e assegurar os níveis adequados de reservas estratégicas dos<br />

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35


principais combustíveis, promover a utilização de recursos endógenos e fomentar<br />

e eficiência energética;<br />

Garantir a sustentabilidade do processo energético, fomentando a utilização<br />

racional de energia e a redução de emissões associadas à produção e utilização<br />

de energia;<br />

Promoção da defesa dos consumidores e a competitividade das empresas e a da<br />

economia nacional, favorecendo um ambiente de concorrência que permita<br />

reduzir os custos da energia e melhorar a qualidade do serviço.<br />

A resolução do Conselho de Ministro nº 80/2008 aprovou o Plano Nacional de Acção para<br />

a Eficiência Energética (PNAEE), documento que engloba um conjunto alargado de<br />

programas e medidas consideradas fundamentais para que Portugal possa alcançar e<br />

suplantar os objectivos fixados no âmbito da Directiva n.º 2006/32/CE, do Parlamento<br />

Europeu e do Conselho, de 5 de Abril, relativa à eficiência na utilização final de energia e<br />

aos serviços energéticos, que estabelece a obrigação de os Estados membros<br />

publicarem um plano de acção para a eficiência energética, estabelecendo metas de,<br />

pelo menos, 1 % de poupança de energia por ano até 2016.<br />

O PNAEE vem trazer uma maior ambição e coerência às políticas de eficiência<br />

energética, abrangendo todos os sectores e agregando as várias medidas entretanto<br />

aprovadas e um conjunto alargado de novas medidas em 12 programas específicos. O<br />

PNAEE abrange quatro áreas específicas, objeto de orientações de cariz<br />

predominantemente tecnológico: Transportes, Residencial e Serviços, Indústria e Estado.<br />

Adicionalmente, estabelece três áreas transversais de actuação — Comportamentos,<br />

Fiscalidade, Incentivos e Financiamentos — sobre as quais incidiram análises e<br />

orientações complementares.<br />

Cada uma das áreas referidas agrega um conjunto de programas, que integram de uma<br />

forma coerente um vasto leque de medidas de eficiência energética, orientadas para a<br />

procura energética.<br />

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36


A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA ENQUADRADA PELO<br />

SGCIE<br />

O Sistema de Gestão de Consumos Intensivos de Energia (SGCIE) tem como objectivos<br />

principais, a promoção da eficiência energética e a monitorização das instalações<br />

consumidoras intensivas de energia (CIE), em especial no sector industrial, através da<br />

regulamentação dos seus consumos energéticos.<br />

Ainda tem objectivo de carácter ambiental, que é a diminuição do nível de emissões de<br />

gases com efeito de estufa.<br />

O SGCIE foi criado pelo Decreto-Lei 71/2008, de 15 de Abril na sequência da estratégia<br />

nacional para a energia, que vem actualizar o antigo Regulamento de Gestão do<br />

Consumo de Energia (RGCE), criado em 1982 com o Decreto-Lei 58/82, de 26 de<br />

Novembro e assim enquadrar legalmente as acções que visam dinamizar a eficiência<br />

energética com incidência na indústria.<br />

O diploma reduz o limiar de consumo energético anual de 1000 tep (tonelada equivalente<br />

de petróleo) para 500 tep, acima do qual as empresas são consideradas consumidoras<br />

intensivas de energia (CIE). Com essa limitação, as empresas serão forçadas a tomar<br />

medidas de modo a se tornarem mais eficientes. Este diploma não se aplica nas<br />

seguintes instalações:<br />

Instalações de co-geração juridicamente autónomas dos respectivos<br />

consumidores de energia;<br />

Empresas de transporte e empresas com frotas próprias consumidoras intensivas<br />

de energia;<br />

Edifícios sujeitos ao SCE, RCCTE e RSECE, excepto os integrados na área de<br />

uma instalação CIE;<br />

Instalações CIE sujeitas ao PNALE.<br />

Em prol da eficiência energética, O SGCIE prevê que as instalações CIE realizem,<br />

periodicamente, auditorias energéticas que incidam sobre as condições de utilização de<br />

energia e promovam o aumento da eficiência energética, incluindo a utilização de fontes<br />

de energia renováveis. Prevê, ainda, que se elaborem e executem Planos de<br />

Racionalização dos Consumos de Energia, estabelecendo acordos de racionalização<br />

desses consumos com a DGEG que contemplem objectivos mínimos de eficiência<br />

energética, associando ao seu cumprimento a obtenção de incentivos pelos operadores<br />

(entidades que exploram instalações CIE).<br />

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37


A IMPORTÂNCIA DO ECO-DESIGN<br />

O Eco-design é um novo conceito que visa reduzir o consumo energético dos produtos<br />

(ex: aparelhos electrodomésticos), bem como o seu impacto ambiental em todo o seu<br />

ciclo de vida. A rotulagem do produto deve incluir informações sobre o desempenho<br />

ambiental do produto e da eficiência energética bem visível, se possível no próprio<br />

produto, permitindo aos consumidores fazer uma compara ração antes de comprar.<br />

O eco-design está numa fase inicial no nosso país, sendo ainda uma área muito<br />

desconhecida, de reduzida consciência e massa crítica entre empresas e designers, tem<br />

um número reduzido de pessoas e projectos pontuais em curso, apesar de estarem a ser<br />

desenvolvidos esforços e promovidas iniciativas relevantes nos últimos anos (desde a<br />

década de 90). Um dos principais protagonistas do Eco-design tem sido o INETI/ LNEG,<br />

através de parcerias internacionais, projectos na indústria, I&D, formações, workshops e<br />

publicações.<br />

A Directiva 2005/32/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 06 de Julho de 2005,<br />

que veio substituir a anterior Directiva 92/42/CEE do Conselho e 96/57/CE e 2000 /<br />

55/EC, estabelece um quadro que define os requisitos para a concepção ecológica dos<br />

produtos consumidores de energia com o objectivo de garantir a livre circulação destes<br />

produtos do mercado interno. Contribui para o desenvolvimento sustentável na medida<br />

em que aumenta a eficiência energética e o nível de protecção do ambiente, e permite,<br />

ao mesmo tempo, aumentar a segurança do fornecimento de energia. (7)<br />

A Directiva "Concepção Ecológica foi ampliada em 2009 para a Directiva nº2009/125/CE,<br />

sendo esta transposta para o Decreto-lei nº12/2011, de 24 de Janeiro.<br />

Esta abrange todos produtos energéticos (cuja utilização tem um impacto sobre a energia<br />

consumo), incluindo:<br />

Produtos que consomem energia (EUP): produtos que utilizam, geram, transferem<br />

ou medem (por exemplo, electricidade, gás, combustíveis fósseis), incluindo bens<br />

de consumo, tais como caldeiras, máquinas, computadores, televisores, máquinas<br />

de lavar, lâmpadas e produtos industriais, tais como transformadores, ventiladores<br />

industriais, fornos industriais.<br />

Outros produtos que estão relacionados com a energia (ERP): produto que para o<br />

seu funcionamento não usam necessariamente a energia, mas têm um impacto<br />

sobre o consumo de energia (directa ou indirecta) e pode, portanto, contribuir para<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

38


a poupança de energia, tais como janelas, material de isolamento ou dispositivos<br />

de Instalações Sanitárias (por exemplo, chuveiros, torneiras).<br />

A implementação do eco-design na fase das concepções dos produtos é de grande<br />

importância, na medida em que prossegue, através de uma abordagem preventiva, a<br />

optimização do desempenho ambiental dos produtos, ao mesmo tempo que conserva as<br />

respectivas funcionalidades.<br />

Através da melhoria da concepção, muitos dos produtos relacionados com o consumo de<br />

energia podem ser significativamente melhorados o que permite reduzir os impactos<br />

ambientais e realizar poupanças de energia, e em simultâneo a uma redução de custos<br />

para as empresas e para os consumidores finais.<br />

O gráfico seguinte mostra a evolução do custo de um produto ao longo da sua vida e os<br />

impactos da adopção da eco-design.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

39


Figura 2 – Evolução do Consumo de Energia Primária em Portugal (Fonte: Direcção<br />

Geral de Energia e Geologia - DGEG)<br />

A aplicação da eco-design nas PME proporciona os seguintes benefícios:<br />

Redução de custos de produção e distribuição;<br />

Estimula a inovação;<br />

Reforça a marca e a imagem do Produto;<br />

Conformidade com as normas ambientais;<br />

Melhora a qualidade dos produtos;<br />

Aumento do valor acrescentado dos produtos;<br />

Permite o maior conhecimento acerca do produto<br />

ROTULAGEM ENERGÉTICA DE PRODUTOS<br />

O rótulo energético é obrigatório para os produtos abrangidos por medidas de aplicação<br />

adoptadas no âmbito da Directiva Rotulagem Energética. O sistema de rotulagem<br />

energética tem dado uma contribuição eficaz para que o mercado dos aparelhos<br />

domésticos adopte produtos mais eficientes do ponto de vista energético. Fornece aos<br />

consumidores informações úteis e comparáveis, que lhes permitem considerar a<br />

possibilidade de investir em aparelhos dotados de um melhor desempenho a fim de<br />

realizar poupanças tendo em conta os custos correntes (principalmente o consumo de<br />

energia durante a utilização).<br />

Ajuda também os fabricantes a posicionar os seus produtos no mercado e a receber uma<br />

compensação pelo investimento feito na introdução de aparelhos melhores e mais<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

40


inovadores. Este sistema é, por isso, considerado um instrumento vantajoso a todos os<br />

níveis para os consumidores, a indústria e o ambiente.<br />

A rotulagem energética dos aparelhos para uso doméstico foi introduzida, na União<br />

Europeia, na década de 90. A Directiva-Quadro 92/75/CEE exige que sejam indicados o<br />

consumo de energia e de outros recursos dos aparelhos por meio de rotulagem, para<br />

permitir a comparação entre modelos. A Directiva fornece uma base legislativa para o<br />

estabelecimento de medidas de execução para produtos específicos, definindo as<br />

condições para a rotulagem das categorias de produtos abrangidas: o layout da etiqueta,<br />

as informações que devem estar presentes na etiqueta e na ficha técnica.<br />

A 19 de Maio de 2010, o Parlamento Europeu e o Conselho adoptaram a nova Directiva-<br />

Quadro 2010/30/UE, reformulando a precedente Directiva 92/75/CEE, que entrou em<br />

vigor a 19 de Junho de 2010. A nova directiva sobre rotulagem energética alarga o seu<br />

âmbito para além dos aparelhos domésticos, passando a incluir todos os produtos<br />

relacionados com a energia, definidos como qualquer bem que tenha um impacto no<br />

consumo de energia durante a sua utilização. Para cada produto que cumpra uma lista<br />

específica de critérios, a Comissão Europeia pode adotar um ato delegado que<br />

estabelece a informação que deverá ser incluída na etiqueta e na ficha do produto.<br />

O Decreto-Lei nº 63/2011, de 9 de Maio transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva<br />

nº 2010/30/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Maio, relativa à<br />

indicação do consumo de energia e de outros recursos por parte dos produtos<br />

relacionados com a energia, por meio de etiquetagem e outras indicações uniformes<br />

relativas aos produtos.<br />

O sistema de rotulagem energética tem dado uma contribuição eficaz para que o<br />

mercado dos aparelhos domésticos adopte produtos mais eficientes do ponto de vista<br />

energético. Fornece aos consumidores informações úteis e comparáveis, que lhes<br />

permitem considerar a possibilidade de investir em aparelhos dotados de um melhor<br />

desempenho a fim de realizar poupanças tendo em conta os custos correntes<br />

(principalmente o consumo de energia durante a utilização).<br />

Ajuda também os fabricantes a posicionar os seus produtos no mercado e a receber uma<br />

compensação pelo investimento feito na introdução de aparelhos melhores e mais<br />

inovadores. Este sistema é, por isso, considerado um instrumento vantajoso a todos os<br />

níveis para os consumidores, a indústria e o ambiente.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

41


4 - BENCHMARKING SECTORIAL<br />

INTERNACIONAL<br />

SECTOR MADEIRAS E MOBILIÁRIO<br />

IDENTIFICAÇÃO DE PROJECTOS E ESTUDOS SECTORIAIS<br />

ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ENERGIA NO SECTOR DAS<br />

MADEIRAS NO CANADÁ 1<br />

INTRODUÇÃO<br />

Conhecer o perfil de utilização da energia na indústria transformadora das madeiras,<br />

focando a análise na produção de cinco tipos de produtos: peças de madeira maciça,<br />

painéis de contraplacado, painéis de OSB, painéis de aglomerado e painéis de MDF.<br />

DESCRIÇÃO<br />

O estudo analisa o uso da energia bruta nos processos de fabrico e contextualiza este<br />

uso de energia relacionando-a à energia a montante necessária para adquirir matériasprimas<br />

e inputs de energia.<br />

Além disso, este trabalho considera as emissões de carbono directas e indirectas por tipo<br />

de combustível utilizado e contabiliza o carbono capturado pelos produtos produzidos e<br />

portanto, apresenta um balanço de carbono para cada produto acabado à saída de<br />

fábrica.<br />

1 Status of Energy Use in the Canadian Wood Products Sector<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

42


Usando uma abordagem de análise do ciclo de vida de cada produto, este estudo<br />

documenta o uso de energia na produção dos cinco produtos da empresa do início ao<br />

fim.<br />

Os dados apresentados permitem a cada segmento da indústria um melhor entendimento<br />

sobre o uso da energia com o objectivo da redução do consumo no futuro.<br />

Oportunidades De Redução Do Consumo De Energia<br />

Peças de madeira<br />

A operação de secagem é responsável por cerca de 70% do consumo de energia<br />

consumida no ciclo produtivo.<br />

De seguida apresentam-se algumas medidas para a redução do consumo de energia nos<br />

secadores:<br />

a) Garantir a ausência de fugas de ar;<br />

b) Melhorar o isolamento;<br />

c) Pré-aquecer o ar à entrada através de permutadores ar-ar;<br />

d) Evitar sobre secar a madeira;<br />

e) Uniformizar as cargas de secagem, reduzindo a variabilidade da humidade;<br />

f) Assegurar uma uniformidade da temperatura no interior do secador;<br />

g) Implementar ferramentas de monitorização do processo de secagem;<br />

h) Utilizar variadores de velocidade nos motores eléctricos para adequar a<br />

velocidade dos ventiladores às necessidades;<br />

i) Utilizar a biomassa como combustível nos queimadores do gerador de energia<br />

térmica acoplado ao secador.<br />

Painéis de OSB<br />

As maiores consumidoras de energia eléctrica na produção deste tipo de painéis são as<br />

máquinas de preparação dos flocos de madeira, incluindo os descascadores e os<br />

destroçadores.<br />

Outros consumidores de electricidade importantes são os ventiladores do sistema de<br />

secagem e os motores de accionamento das prensas hidráulicas.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

43


Medidas para redução de consumos energéticos:<br />

a) Garantir as condições de armazenamento das matérias-primas para manter a<br />

humidade controlada;<br />

b) Utilização de pré-aquecedores a infravermelhos antes da operação de<br />

prensagem;<br />

c) Adequação da potência dos motores às necessidades;<br />

d) Utilização de variadores de velocidade;<br />

e) Recuperação de calor do ar de exaustão.<br />

Painéis de aglomerado e MDF<br />

Motores associados a prensas e a calibradoras são os maiores consumidores de energia<br />

eléctrica, enquanto a secagem é a maior consumidora de biomassa.<br />

Medidas para redução de consumos energéticos:<br />

a) Armazenagem das matérias-primas em condições ambientais controladas;<br />

b) Utilização de pré-aquecedores a infravermelhos antes da operação de<br />

prensagem;<br />

c) Utilização de prensas mais precisas ao nível da espessura para reduzir a<br />

quantidade de material a retirar através da calibragem, com a consequente<br />

redução de consumo de energia e ainda a redução de desperdícios;<br />

d) Recuperação do ar de exaustão.<br />

RESULTADOS<br />

Neste estudo observa-se que, apesar de cada tipo de produção apresentar necessidades<br />

energéticas diferenciadas, conseguem-se identificar um conjunto de medidas aplicáveis a<br />

todos os processos produtivos:<br />

Instalação de variadores de velocidade nos motores de accionamento dos<br />

ventiladores;<br />

Instalação de sistemas de recuperação de calor do ar das secagens;<br />

Utilização da biomassa como combustível nos equipamentos geradores de<br />

energia térmica.<br />

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44


POUPANÇA DE ENERGIA NA INDÚSTRIA DO MOBILIÁRIO DE MADEIRA 2<br />

- ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA<br />

INTRODUÇÃO<br />

Este estudo foi realizado pelo Industrial Assessment Center e a Mississipi State<br />

University através de auditorias a cerca de trinta empresas de mobiliário.<br />

Como resultado deste estudo foram identificadas várias recomendações comuns ao<br />

sector, conducentes à redução do consumo de energia e à produção de desperdícios,<br />

bem como as poupanças esperadas e períodos de payback das medidas propostas.<br />

DESCRIÇÃO<br />

Partindo da utilização da energia foram identificados os consumidores finais dessa<br />

energia.<br />

Com base nessa avaliação foram indicadas medidas de redução do consumo de energia<br />

baseadas num payback de dois anos ou menor.<br />

Repartição do consumo de energia eléctrica e de gás natural:<br />

Consumidor final<br />

% de consumo<br />

Motores 43<br />

Iluminação 23<br />

Climatização 18<br />

Ar comprimido 12<br />

Despoeiramento 4<br />

Recomendações<br />

Melhoria da eficiência da iluminação<br />

- Substituição das lâmpadas fluorescentes por lâmpadas economizadoras de energia;<br />

- Substituição de lâmpadas de halogéneo por lâmpadas de sódio de alta pressão;<br />

2 Energy Conservation in the Wood-Furniture Industry USA<br />

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45


- Instalação de clarabóias para aproveitamento de luz natural;<br />

- Redução da iluminação nas zonas de passagem;<br />

- Instalar sensores de luz e de movimento para controlar a iluminação em armazéns.<br />

Estas recomendações apresentam um payback inferior a dois anos.<br />

Melhoria da eficiência da climatização<br />

- Implementação de um sistema de gestão de energia controlando os sistemas de<br />

climatização instalados, nomeadamente com o recurso a termóstatos;<br />

- Instalação de unidades de climatização ajustadas aos espaços.<br />

Estas recomendações apresentam um payback inferior a um ano.<br />

Melhoria da eficiência dos motores<br />

- Substituição de correias de transmissão em V por correias de transmissão síncrona;<br />

- Instalação de motores mais eficientes;<br />

Estas recomendações têm um payback inferior a dois anos em casos de laboração em<br />

vários turnos.<br />

Redução de necessidades de energia em compressores de ar<br />

- Detectar e reparar as fugas de ar na instalação;<br />

- Utilização de ar exterior para arrefecimento do compressor;<br />

- Utilização de lubrificantes sintéticos.<br />

O payback da reparação das fugas de ar é imediato.<br />

Melhorar os sistemas de despoeiramento<br />

- Ajustar o sistema de despoeiramento para a velocidade de arrastamento das poeiras a<br />

aspirar;<br />

- Implementar um sistema de ajuste do fluxo de ar às necessidades.<br />

Melhorar o factor de potência<br />

- Instalação de bancos de condensadores para corrigir o factor de potência;<br />

O payback desta recomendação é inferior a um ano.<br />

Redução do consumo de gás natural<br />

- Recuperação do calor do ar de exaustão para pré-aquecimento do ar de combustão;<br />

- Recuperar calor do ar de exaustão do compressor para a climatização ambiental;<br />

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46


- Manter a eficiência do equipamento de queima regularmente.<br />

RESULTADOS<br />

De seguida apresentam-se as poupanças esperadas com a adopção das recomendações<br />

apresentadas:<br />

- Melhoria da eficiência da iluminação – redução de 25% da energia consumida;<br />

- Melhoria da eficiência da climatização - redução de 19% da energia consumida;<br />

- Redução de necessidades de energia em compressores de ar – redução de 23% da<br />

energia consumida;<br />

- Melhorar os sistemas de despoeiramento – redução de 30% da energia consumida;<br />

- Melhorar o factor de potência – redução de 4% da energia consumida;<br />

- Redução do consumo de gás natural – redução de 12% do consumo de gás.<br />

A combinação dos ganhos obtidos pela aplicação destas medidas, excluindo a relativa ao<br />

gás natural, resulta uma poupança global de cerca de 16% do total de energia eléctrica<br />

consumida.<br />

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47


MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA DAS<br />

MADEIRAS 3 - ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os objectivos deste estudo são analisar o perfil de utilização de energia das indústrias de<br />

transformação de madeira relativamente aos parâmetros de produção e investigar a<br />

viabilidade de aplicação de medidas de eficiência energética específicas.<br />

O Industrial Assessment Center (IAC) efectuou estudos energéticos no sector da indústria<br />

da transformação de madeiras do estado de West Virginia (USA) ao longo de vários<br />

anos.<br />

O perfil de utilização da energia das várias empresas foi analisado e reportado.<br />

Os parâmetros dos vários sistemas produtivos foram analisados quanto ao rendimento e<br />

natureza dos processos produtivos, relacionando-os com o consumo específica global de<br />

energia e potencial para implementação de Medidas de Eficiência Energética (MEE).<br />

DESCRIÇÃO<br />

Dos relatórios publicados pela Energy Information Administration, a indústria dos<br />

produtos da floresta consumiram mais de 3.1 quads (1.055×10 18 joules) de energia em<br />

1994 o que representa cerca de 14% do consumo da produção interna de energia.<br />

Isto faz com que a indústria dos produtos florestais seja o terceiro consumidor industrial<br />

atrás da indústria do petróleo e da indústria química.<br />

Dentro da indústria dos produtos da floresta, a indústria da pasta de papel consome a<br />

maioria da energia, 2,66 quads, enquanto a indústria transformadora de madeira<br />

consome 0,49 quads.<br />

Em 1998 o sector da indústria das madeiras gerou 387 biliões de Btu (1 Btu=1,0551 KJ),<br />

representando cerca de 66% das necessidades energéticas da indústria, a partir de<br />

resíduos de madeira.<br />

A restante necessidade energética foi obtida recorrendo a electricidade, gás natural e<br />

fuel.<br />

3 Energy Efficiency Measures in the Wood Manufacturing Industries USA<br />

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48


A indústria dos produtos da floresta gastou 7,7 MMD na compra de energia em 1994.<br />

Destes, 1,7 MMD foram gastos pela indústria de transformação de Madeira.<br />

Considerando a quantidade de energia requerida, é reconhecida a necessidade de<br />

analisar a eficiência energética nas empresas de transformação de madeiras de uso<br />

intensivo de electricidade (Mate 2002).<br />

As empresas utilizam algumas actividades de gestão de energia nas suas instalações.<br />

As quatro técnicas de gestão mais utilizadas são os estudos energéticos, controlo de<br />

potência eléctrica, melhoria do factor de potência e iluminação, com os estudos<br />

energéticos a assumirem uma posição de destaque (EIA 1998).<br />

RESULTADOS<br />

Um total de seis categorias de MEE foi recomendado em resultado dos estudos<br />

efectuados nas empresas.<br />

As MEE foram divididas em compressores, transmissão de movimento (correias e<br />

motores), co-geração, iluminação e outros.<br />

Os totais de MMBtu economizados para cada MEE estão reportados na tabela abaixo.<br />

Pela análise a esta tabela fica claro que, em termos de poupança de energia, o maior<br />

potencial diz respeito às MEE:<br />

1. Co-geração;<br />

2. Sistemas de accionamento (Motores + Correias);<br />

3. Compressores.<br />

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49


Medidas de Eficiência Energética (MEE)<br />

Empresa MEE1 MEE2 MEE3 MEE4 MEE5 MEE6<br />

Compressor<br />

Correias<br />

dentadas<br />

Motores<br />

Cogeração<br />

Iluminação Outros 4<br />

A 13.862 57.352 52.154 - - -<br />

B 34.574 150.016 139.175 - - -<br />

C 18.816 153.561 139.175 - - -<br />

D 50.103 - 170.819 2.147.104 17.287 -<br />

E 79.323 90.244 205.100 - 12.893 30.536<br />

F 230.198 67.097 182.539 - 68.059 -<br />

G 32.758 47.466 84.677 - 68.059 -<br />

H 13.081 82.626 84.970 - 18.656 96.690<br />

I 31.982 58.893 40.727 - 6.080 -<br />

Total (kWh) 504.697 707.255 1.096.113 2.147.104 138.904 288.669<br />

Payback<br />

médio<br />

(meses)<br />

2 2 2 43 5 7<br />

O total de poupança de energia que resultaria das recomendações na indústria da<br />

madeira seria de 4.882.742 kWh.<br />

De notar que a medida relativa à co-geração apenas é recomendada numa empresa<br />

enquanto que as outras medidas se aplicam a todas as outras empresas.<br />

A co-geração é recomendada devido à possibilidade de aproveitamento da capacidade<br />

não utilizada da caldeira para as necessidades de vapor a baixa pressão nos secadores<br />

de madeira.<br />

Na categoria dos sistemas de accionamento, as MEE focam-se na substituição de<br />

correias em V por correias dentadas, no correcto dimensionamento da potência dos<br />

motores e na adopção de práticas de manutenção contínua.<br />

4 Refrigeração, Queima de óleos usados.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

50


Relativamente aos compressores, verificam-se oportunidades de poupança considerando<br />

a redução da pressão de operação, tendo em conta as características de performance<br />

dos equipamentos, onde se incluem as fugas de ar, temperatura de ar à entrada,<br />

recuperação de calor desperdiçado e o uso de lubrificantes sintéticos.<br />

Considerando que as empresas diferem no que respeita a processos produtivos,<br />

rendimentos, consumo de energia e potencial para aplicação de MEE, o desenvolvimento<br />

de um perfil para as empresas da indústria da madeira ajudará na identificação das<br />

potências MEE e consequente implementação.<br />

A implementação de MEE reduzirá os custos de operação, aumentando a vantagem<br />

competitiva dessas empresas.<br />

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51


IDENTIFICAÇÃO DE CASOS DE SUCESSO<br />

MARWOOD LTD. 5 – CANADÁ<br />

INTRODUÇÃO<br />

Desde 1920 que a Marwood Ltd produz uma variedade de produtos incluindo decks,<br />

vedações e postes.<br />

A empresa, consciente do seu papel na protecção dos recursos naturais para as<br />

próximas gerações, maximiza o valor de cada árvore reutilizando os desperdícios como<br />

combustível de madeira, produção de pellets e ―animal bedding‖.<br />

Está certificada pelo Forest Stewardship Council – Certificação FSC e está também<br />

certificada com o ―Program for the Endorsement of Forest Certification Canada.<br />

A empresa, embora gaste anualmente cerca de 1,6 milhões de euros em energia, não<br />

tinha forma de medir e controlar esses consumos sem ser pela factura mensal.<br />

Devido à crise financeira de 2008/2009, a empresa percebeu que conhecendo os custos<br />

com a energia poderia melhorar a eficiência das operações, poupando o seu dinheiro e<br />

tornando a empresa mais competitiva.<br />

DESCRIÇÃO<br />

MEDIDAS ADOPTADAS<br />

- Sistema de informação de Gestão da Energia - SIGE<br />

A empresa adquiriu e implementou um SIGE composto por seis contadores de<br />

electricidade instalados nas secções de tratamento, pellets, reprocessamentos, decks,<br />

vedações e postes, nas instalações de Tracyville, NB.<br />

Através de um software próprio, é possível conhecer os consumos que estão a ocorrer<br />

em cada secção em intervalos de 15 minutos.<br />

Esta informação permite conhecer onde é que a energia está a ser consumida e onde se<br />

está a desperdiçar, permitindo dar às pessoas a capacidade de alterar os seus<br />

procedimentos, contribuindo para a poupança de energia.<br />

5 Case Study: Marwood Ltd<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

52


Paralelamente, a Marwood fez uma auditoria energética que permitiu revelar algumas<br />

oportunidades de melhoria da eficiência energética nas instalações:<br />

- Novo compressor para a rede de ar comprimido<br />

A secção de vedações gasta mais de 248.000 euros anualmente em electricidade, sendo<br />

que 13% são da responsabilidade do compressor existente.<br />

A auditoria revelou que com pequenas alterações a secção poderia poupar cerca 18.000<br />

euros por ano em electricidade.<br />

- Recuperação de calor<br />

A instalação de um sistema de recuperação de calor foi outra das oportunidades<br />

apontadas pela auditoria.<br />

A secção de produção de pranchas produz cerca de 2,1 milhões de metros lineares por<br />

ano originando um consumo de 178.000 euros.<br />

Este consumo está relacionado com a quantidade produzida mas também com as<br />

condições ambientais.<br />

Com o sistema de recuperação de calor foi possível poupar cerca de 67.000 euros por<br />

ano.<br />

Este sistema veio ainda melhorar as condições de conforto dos operários no Inverno.<br />

RESULTADOS<br />

Na sequência da necessidade de conhecer o seu perfil de consumo energético de forma<br />

a poder optimizar os consumos e evitar os desperdícios, a empresa instalou um sistema<br />

de informação de gestão energética.<br />

Com a poupança conseguida, o investimento de 55.700 euros apresenta um payback<br />

inferior a dois anos.<br />

Na sequência da auditoria energética realizada em paralelo, foram identificadas duas<br />

oportunidades de melhoria:<br />

Substituição do compressor da rede de ar comprimido;<br />

Aproveitamento do ar quente gerado.<br />

Estas alterações traduziram-se numa poupança de cerca de 85.000 euros por ano em<br />

electricidade.<br />

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53


RIP-O-BEC INC. 6 – CANADÁ<br />

INTRODUÇÃO<br />

Em 2004 a RIP-O-Bec inc, uma empresa de produção de aparas de madeira para ―animal<br />

bedding‖, levou a cabo uma auditoria energética nas suas instalações de Saint-<br />

Apollinaire, Quebec.<br />

As medidas de eficiência energética propostas incluíam redução do uso de propano como<br />

combustível na caldeira dos secadores de aparas, a recuperação do calor produzido<br />

pelos geradores a diesel utilizados na produção de electricidade para aquecimento dos<br />

escritórios adjacentes e substituição dos geradores a diesel por geradores a gás natural.<br />

DESCRIÇÃO<br />

Destaques<br />

- Redução do consumo de propano em mais de 95%;<br />

- Poupança em energia superior a 215.000 euros anuais;<br />

- Aumento da produção em mais de 100%;<br />

- Emissão de gases de estufa reduzida em mais de 700 toneladas de CO2 anualmente.<br />

Medidas de eficiência energética recomendadas:<br />

- Substituição do queimador a propano, associado aos secadores, por um queimador<br />

alimentado a serrim resultante da produção na empresa com um payback de 0,6 anos;<br />

- Recuperar o calor gerado pelos geradores de electricidade a diesel e usá-lo para o<br />

aquecimento dos escritórios adjacentes;<br />

- Substituir os geradores a diesel por outros a funcionar a gás natural com um payback de<br />

8 anos.<br />

RESULTADOS<br />

A empresa adoptou o critério do payback para seleccionar a medida a implementar pelo<br />

que implementou a utilização de um queimador alimentado a serrim para aquecimento<br />

dos secadores.<br />

Esta medida eliminou o consumo anual de mais de 500.000 litros de propano nos<br />

secadores correspondendo a uma poupança anual de mais de 215.000 euros e permitiu a<br />

6 Case Study: Rip-O-Bec inc.<br />

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54


edução dos gases de estufa resultantes da queima em mais de 700 toneladas de CO2<br />

equivalente.<br />

No espaço de três meses após a instalação do novo queimador, a produção duplicou e<br />

verificou-se uma poupança de cerca de 40.000 euros em combustível, comparando com<br />

o mesmo período do ano anterior.<br />

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CASOS DE SUCESSO NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS DE<br />

PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA<br />

INTRODUÇÃO<br />

Em 1990, o parlamento dinamarquês aprovou uma legislação que estabelecia uma meta<br />

para redução das emissões de CO2, afirmando que em 2005, as emissões deviam ter<br />

reduzido em 20% relativamente aos níveis de 1998.<br />

Em 1994, o governo dinamarquês nomeou uma comissão inter-ministerial que concluiu<br />

que a meta definida não seria atingida sem medidas adicionais, e que a maneira mais<br />

eficaz de atingir a meta seria o aumento das taxas sobre o consumo de energia nos<br />

sectores do comércio e da indústria.<br />

Neste cenário, foi legislado o “Energy Package”, em 1995, que se traduzia em impostos<br />

mais rigorosos tendo como objectivo os sectores do comércio e indústria contribuírem<br />

com uma redução das emissões de CO2 de 4% das emissões totais.<br />

Desde logo houve a preocupação de considerar o equilíbrio das empresas.<br />

Por um lado, os impostos teriam que ser o suficiente altos para causar impacto sobre as<br />

emissões mas por outro lado a carga tributária não poderia ser tão grande que afectasse<br />

a competitividade das empresas.<br />

Encontrou-se um compromisso que passou por três vectores:<br />

Redireccionar a receita dos impostos do programa directamente para as<br />

empresas;<br />

Aumentar o valor das taxas de forma gradual, dando tempo às empresas de se<br />

adaptarem e tomarem medidas de eficiência energética;<br />

Aplicar taxas diferentes conforme o uso da energia, baixando os valores para as<br />

indústrias de utilização intensiva de energia.<br />

DESCRIÇÃO<br />

Este “Energy Package” introduziu taxas de CO2 mais elevadas, taxas sobre a energia<br />

consumida no aquecimento de espaços e uma taxa sobre a emissão de SO2.<br />

Por outro lado, permitiu-se às empresas de energia intensiva a adesão a acordos sobre<br />

eficiência energética em troca de reduções de impostos, assim como maiores<br />

possibilidades de subsídios para a poupança de energia.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

56


O pacote foi desenhado para que os impostos adicionais sobre a indústria e o comércio<br />

fossem transferidos de volta às empresas sob a forma de reduções fiscais, subsídios, etc,<br />

pretendendo que os custos para as empresas se mantivessem inalterados.<br />

A transferência das receitas deste programa foi feita através de:<br />

Redução dos impostos sobre o trabalho;<br />

Subsídio para medidas de eficiência energética;<br />

Subsídio especial para pequenas empresas.<br />

Breve descrição das taxas<br />

Taxa sobre o CO2<br />

Esta taxa é diferenciada de acordo com o consumo de energia e considera três<br />

categorias, consumo intensivo, consumo ligeiro e aquecimento de espaços, bem como a<br />

adesão ou não a acordos de aplicação de medidas de eficiência energética.<br />

A taxa foi introduzida de forma gradual como se pode ver no quadro seguinte.<br />

Taxas de CO2 em euros por Ton CO2<br />

Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001<br />

Consumo intensivo sem acordo 0.7 1.3 2.0 2.7 3.4 3.4<br />

Consumo intensivo com acordo 0.4 0.4 0.4 0.4 0.4 0.4<br />

Consumo ligeiro sem acordo 6.7 8.0 9.4 10.7 12.1 12.1<br />

Consumo ligeiro com acordo 6.7 6.7 6.7 7.8 9.1 9.1<br />

Aquecimento de espaços 13.4 13.4 13.4 13.4 13.4 13.4<br />

Taxa de energia<br />

A taxa de energia é aplicável apenas ao consumo para aquecimento de espaços,<br />

incluindo aquecimento de água.<br />

Os valores desta taxa fora aplicados de forma gradual passando de 5,50€ por GJ em<br />

1996 para 6,80€ por GJ em 2002.<br />

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57


Taxa de SO2<br />

Esta taxa é calculada com base na emissão de SO2 ou no conteúdo de enxofre nos<br />

combustíveis utilizados. Os combustíveis com conteúdos de enxofre abaixo de 0,05%<br />

estão isentos de taxa.<br />

O valor desta taxa é de 1,34€ por Kg de SO2 emitido ou 2,68€ por Kg de enxofre no<br />

combustível.<br />

CONCLUSÃO<br />

O “Green Tax Package” teve consideráveis efeitos positivos no ambiente.<br />

Encorajou as empresas dinamarquesas a melhorar a sua eficiência energética, a reduzir<br />

o consumo de combustível e a mudança para combustíveis com menores conteúdos de<br />

enxofre.<br />

Uma avaliação feita em 1999 demonstrou que este programa contribuiu<br />

significativamente para o alcance das metas estabelecidas relativamente às emissões de<br />

CO2.<br />

Concluiu também que as taxas adicionais nas empresas do comércio e indústria não<br />

tiveram consequências relevantes na competitividade e na economia dessas empresas<br />

como um todo.<br />

Tal aconteceu pelo redireccionamento das receitas destas taxas para as empresas, com<br />

particular impacto nas empresas de uso intensivo de energia.<br />

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58


Conclusões do Sector<br />

Dos trabalhados analisados e das medidas identificadas, apresenta-se a seguir um<br />

resumo que retracta sugestões de medidas de eficiência energética para o sector em<br />

causa.<br />

Rede eléctrica<br />

Corrigir do factor de potência.<br />

Energias alternativas<br />

Utilizar biomassa como combustível alternativo ao fuel.<br />

Força motriz<br />

Instalar variadores de frequência nos motores de accionamento dos ventiladores;<br />

Melhoria da eficiência dos motores;<br />

Substituição de correias de transmissão em V por correias de transmissão assíncrona;<br />

Adequação da potência dos motores as necessidades.<br />

Sistema de ar comprimido<br />

Utilizar ar do exterior para arrefecimento do compressor;<br />

Utilizar lubrificantes sintéticos no compressor;<br />

Detectar e reparar fugas de ar na instalação<br />

Iluminação<br />

Melhorar a eficiência dos equipamentos de iluminação;<br />

Instalar clarabóias para aproveitamento da luz natural;<br />

Instalar sensores de luz e de movimento para controlo da iluminação em armazéns;<br />

Reduzir iluminação em zonas de passagem.<br />

Climatização<br />

Instalar unidades de climatização ajustadas aos espaços;<br />

Instalar termóstatos para controlo eficaz das temperaturas;<br />

Recuperar o calor de exaustão do compressor para climatização.<br />

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Caldeiras de água quente / Termo fluído / geradores de ar quente<br />

Manter a eficiência dos equipamentos de queima;<br />

Substituir queimador a propano pró queimador a serrim;<br />

Recuperar calor dos gases de exaustão para pré-aquecer o ar de combustão.<br />

Fornos e estufas<br />

Pré-aquecer o ar à entrada dos secadores;<br />

Garantir a ausência de fugas de ar;<br />

Melhorar o isolamento;<br />

Assegurar uniformidade de temperatura no interior do secador;<br />

Implementar ferramentas de monitorização e controlo dos processos de secagem;<br />

Recuperar o calor dos gases de exaustão.<br />

Outros<br />

Evitar sobre secar a Madeira;<br />

Uniformizar cargas de secagem, reduzindo a variabilidade da humidade;<br />

Armazenar as matérias-primas em condições ambientais controladas;<br />

Utilizar pré-aquecedores a infravermelhos antes da operação de prensagem;<br />

Utilizar prensas mais precisas para evitar desperdício de energia em operações de<br />

calibração;<br />

Ajustar o sistema de despoeiramento para a velocidade de arrastamento das poeiras a<br />

aspirar;<br />

Implementar um sistema de ajuste do fluxo de ar às necessidades.<br />

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60


SECTOR METALOMECÂNICA<br />

IDENTIFICAÇÃO DE PROJECTOS E ESTUDOS SECTORIAIS<br />

MANUAL PARA A GESTÃO DE ENERGIA NA INDUSTRIA<br />

METALOMECÂNICA 7 - CHILE<br />

INTRODUÇÃO<br />

A gestão energética de uma instalação ou de um grupo de instalações compreende as<br />

seguintes medidas:<br />

- Conhecer o uso da energia nas instalações, incluindo informação sobre os tipos de<br />

energia utilizados, as leis, contratos e acções que afectem o seu uso, processos e<br />

actividades consumidoras de energia e que possam ser medidos e registados e<br />

possibilidades de economia de energia.<br />

- Fazer o seguimento dos índices de controlo, tais como: consumo de energia (absoluto e<br />

específico), custos específicos, preços médios, valores contratados, registados e<br />

facturados e factores de utilização de equipamentos e/ou de instalações.<br />

- Medir os indicadores de controlo, indicar correcções, propor alterações, ajudar na<br />

contratação de acções de melhoria, implementar ou acompanhar essas melhorias,<br />

motivar os utilizadores das instalações a usarem racionalmente a energia, fazer a<br />

divulgação dos resultados obtidos, procurar a capacitação adequada para todos os que<br />

trabalham na empresa e proporcionar a clarificação das acções e dos seus resultados.<br />

A Comissão Nacional de Energia, através do Programa País Eficiência Energética, como<br />

parte de um convénio de cooperação com a Asociación Chilena de Industrias<br />

Metalúrgicas y Metalmecánicas, Asimet, encarregou a Fundación Chile da elaboração<br />

deste guia sobre o uso eficiente da energia.<br />

Este estudo representa um passo para consciencializar e promover o uso adequado da<br />

energia e dar a conhecer as oportunidades potenciais de eficiência energética que<br />

permitirão às empresas reduzir os seus custos energéticos sem sacrificar a sua<br />

actividade.<br />

7 Manual para la Gestión de la Energía en la Industria Metal Mecánica (Chile)<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

61


DESCRIÇÃO<br />

Programa de gestão energética<br />

Uma boa gestão energética de qualquer instalação implica conhecê-las na sua<br />

globalidade. É importante identificar as diferentes áreas da empresa (oficinas, armazéns,<br />

área produtiva, etc) e os processos que nas mesmas se realizam.<br />

Desta forma, permite-nos identificar os locais onde se encontram os sistemas e/ou<br />

equipamentos consumidores de energia (iluminação, sistemas de extracção, motores<br />

eléctricos, etc). Um bom ponto de partida é utilizar um plano geral das instalações, que<br />

permita identificar claramente o uso da energia nas diferentes áreas da empresa.<br />

Conhecer de uma forma geral o processo de produção permitirá:<br />

- Identificar donde se localizam os principais pontos de consumo de energia;<br />

- Compreender que tipo de energias é mais relevantes (térmica ou eléctrica);<br />

- Identificar os serviços energéticos existentes.<br />

Só a descrição dos processos de uma empresa não é suficiente. Será necessário<br />

conhecer que tipos de energias se utilizam em cada um deles. Uma forma possível de<br />

resumir esta informação é apresentada seguidamente:<br />

Sistema energético<br />

Processo<br />

Iluminação<br />

Motores<br />

eléctricos<br />

Vapor<br />

Ar<br />

comprimido<br />

Fornos<br />

eléctricos<br />

Fornos a<br />

gás<br />

Recepção<br />

perfis<br />

X<br />

X<br />

Corte X X X<br />

Soldadura X X<br />

Pintura X X<br />

Armazéns X X<br />

Esta informação pode ademais estar associada a áreas específicas da empresa. A forma<br />

mais adequada de resumir esta informação dependerá de cada empresa e do seu<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

62


processo produtivo. Outro factor importante é identificar a intensidade do uso de cada<br />

sistema energético. Por exemplo, se é certo que os sistemas de iluminação se encontram<br />

presentes em toda a fábrica, a intensidade do seu uso é baixa.<br />

Indicadores energéticos de consumo específico<br />

O consumo específico é um índice que indica o total de energia consumida para o<br />

processamento completo de um determinado produto ou para a prestação de um serviço.<br />

Define-se como:<br />

Consumo específico = consumo total de energia/produção total (ou serviço)<br />

É um índice que facilita a comparação de desempenho entre empresas que realizam<br />

actividades similares. Exemplos destes índices poderiam ser:<br />

Energia/Toneladas de produção - kWh/ton;<br />

Energia/Unidades produzidas - kWh/unidade;<br />

Energia/m2 produto - kWh/m2;<br />

Também poderia ser possível estabelecer índices de consumo para o uso de<br />

electricidade e combustível. Ou seja:<br />

Energia eléctrica/Toneladas de produção – kWh eléctrica/ton;<br />

Energia combustível/Toneladas de produção – kWh combustível/ton;<br />

Muitas variáveis afectam estes índices e por isso devem ser analisados com cuidado. Por<br />

outro lado, podem existir vários produtos, expressos em diferentes unidades, o que<br />

dificulta a estimativa destes índices.<br />

Una empresa pode ter vários consumos específicos. Por exemplo, uma empresa poderá<br />

consumir 20MWh para produzir 10 toneladas de produto A e 5MWh para produzir 2<br />

toneladas de produto B. Ou seja:<br />

Consumo específico produto A: 2 MWh/ton;<br />

Consumo específico produto B: 2,5 MWh/ton;<br />

Consumo específico dos produtos A e B: 2,1 MWh/ton;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

63


OPORTUNIDADES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA<br />

Compensação de um mau factor de potência<br />

Para corrigir o factor potência utilizam-se baterias de condensadores, os quais estão<br />

encarregues de compensar o consumo excessivo de energia reactiva. O<br />

dimensionamento e instalação das baterias de condensadores devem ser realizados por<br />

pessoal qualificado, já que um mau dimensionamento pode provocar sérias perturbações<br />

na instalação eléctrica da empresa.<br />

Iluminação<br />

No geral, os sistemas de iluminação apresentam boas oportunidades de implementar<br />

soluções de eficiência energética. Estas são aplicadas localmente e normalmente não é<br />

necessário intervir maioritariamente nas instalações.<br />

Os investimentos associados aos sistemas de iluminação são recuperados geralmente<br />

num prazo de três meses a dois anos. O período dependerá directamente da quantidade<br />

de horas de uso e do tipo de tecnologia sugerida para a mudança. Algumas definições<br />

importantes são:<br />

Lumen [lm]<br />

É a quantidade de luz (fluxo luminoso) que é capaz de emitir uma lâmpada sobre<br />

determinadas condições.<br />

Rendimento luminoso<br />

Corresponde à razão entre o fluxo luminoso e a potência que consome uma lâmpada.<br />

Representa a quantidade de luz que é capaz de entregar cada vátio de consumo. A<br />

adequação dos diversos tipos de tecnologias de lâmpadas à utilização é fundamental<br />

para a obtenção de poupanças energéticas.<br />

Se as lâmpadas de vapor de sódio têm um maior rendimento luminoso, a sua reprodução<br />

de cor não é óptima e, por isso, a sua aplicação está limitada a luminárias exteriores e à<br />

iluminação pública.<br />

As lâmpadas de iodetos metálicos e os tubos fluorescentes também possuem bons<br />

rendimentos luminosos e ademais, possuem uma boa reprodução de cor. São aplicadas<br />

principalmente em ambientes interiores. No entanto, recomenda-se a acessória de um<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

64


técnico em sistemas de iluminação, com vista a não prejudicar a iluminação adequada à<br />

actividade.<br />

A tabela seguinte mostra uma comparação entre uma luminária de halogéneo e uma de<br />

iodeto metálico, que inclui aspectos de consumo de energia e de custos associados. Para<br />

além disso, apresenta-se um resumo das características técnicas:<br />

Exemplo de poupança de energia<br />

Situação Actual Recomendada<br />

Tipo de lâmpada Halogéneo 300W Iodeto metálico 70W<br />

Fluxo luminoso 10.500 11.400<br />

Potência entrada 500W 150W<br />

Consumo anual de<br />

energia<br />

1.849 KWh 555 KWh<br />

Custo $ 138.672 $ 41.602<br />

Rendimento luminoso 21,0 lm/W 76,0 lm/W<br />

Poupança no custo da<br />

energia<br />

$ 0 $ 97.070<br />

Vida útil 3.000 h 9.000 h<br />

Pressupostos:<br />

Na elaboração deste exemplo de poupança de energia foram consideradas uma lâmpada<br />

de halogéneo de 300W e uma lâmpada de iodeto metálico de 70W. Para o cálculo de uso<br />

anual de energia considerou-se um tubo fluorescente com um balastro trabalhando 12<br />

horas diárias, de segunda a sábado. O custo da energia foi estimado em USD 0,145 sem<br />

IVA (KWh), o que representa uma opção tarifária em AT adicionada da taxa de potência<br />

ajustada à procura.<br />

Sistemas motrizes<br />

Os motores eléctricos são máquinas encarregues de converter a energia eléctrica em<br />

mecânica (geralmente um movimento rotatório em um eixo). Estes motores são utilizados<br />

em sistemas de bombagem, climatização, correias transportadoras, sistemas de ar<br />

comprimido, máquinas de corte, etc.<br />

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65


Na indústria nacional, cerca de 46% do consumo de energia eléctrica é consumida por<br />

motores eléctricos tradicionais. As melhores eficiências eléctricas obtêm-se quando o<br />

motor opera à sua carga nominal, já que se encontrará num ponto de operação óptimo 8 .<br />

Exemplo dum motor sobredimensionado<br />

A tabela seguinte mostra uma comparação entre um motor sobredimensionado e um<br />

correctamente dimensionado:<br />

Motor<br />

Sobredimensionado<br />

Correctamente<br />

dimensionado<br />

Pólos 4 4<br />

Frequência (Hz) 50 50<br />

Potência nominal (KW) 45 18,5<br />

Potência medida (KW) 21,9 18,5<br />

Carga (%) 30% 100%<br />

Rendimento (%) 86% 93%<br />

Consumo de energia<br />

(KWh<br />

Poupança de energia<br />

(KWh)<br />

119.355 100.825<br />

18.530<br />

Poupança de custos 1.389.750<br />

É importante indicar, que à medida que cresce o tamanho do motor, a diferença de<br />

eficiência eléctrica entre os diferentes modelos diminui. Por exemplo, num motor de<br />

0,75kW, a diferença de eficiência entre um motor standard e um eficiente pode ser maior<br />

a 10%. Sem embargo, no caso de um motor de 45kW, esta diferença será somente de<br />

uns 3%. Em motores maiores, esta diferença segue baixando.<br />

Sistemas de ar comprimido<br />

O ar comprimido é uma forma de energia de grande utilidade, com diversas aplicações. A<br />

obtenção de una pressão de ar consideravelmente maior que a pressão atmosférica leva-<br />

8 Representa a percentagem de potência ou energia eléctrica que é utilizada efectivamente como<br />

trabalho mecânico no eixo do motor.<br />

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66


se a cabo em compressores de ar, onde a energia mecânica transforma-se em energia<br />

de pressão e cinética para o ar.<br />

Um sistema de ar comprimido engloba:<br />

Uma área de geração (sala de compressores);<br />

Um sistema de distribuição;<br />

Uso final em máquinas ou outros dispositivos.<br />

É necessário conhecer bem as instalações de ar comprimido da empresa. Para isto<br />

sugere-se:<br />

Elaborar um diagrama para compreender onde se utiliza ar comprimido na<br />

empresa;<br />

Utilizando um layout da fábrica, indicar a localização dos componentes do sistema<br />

e as suas condições operacionais nominais (pressão, temperatura, etc.);<br />

Criar um perfil operacional, para compreender como se utiliza ao longo do dia ou<br />

da semana;<br />

Realizar medições e comparar com a produção da fábrica.<br />

Por exemplo dependendo do tamanho da instalação, a sala de geração poderia ter:<br />

Tanque de armazenamento do ar comprimido;<br />

Refrigeração intermédia (intercooler);<br />

Refrigeração posterior (aftercooler);<br />

Separadores de humidade;<br />

Purgadores;<br />

Silenciador;<br />

Filtros;<br />

Acessórios;<br />

Desumidificadores de ar para a secagem total no caso de determinadas<br />

aplicações industriais;<br />

Secadores do tipo absorção (refrigerados por água ou óleo).<br />

Alguns índices de referência para medir a produção de ar comprimido são:<br />

Custo específico: quanto custa gerar um m3, $/m3;<br />

Eficiência de compressão: quanta energia se consume para gerar um m3,<br />

kWh/m3;<br />

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67


Consumo específico: quanto ar comprimido se utiliza por quantidade de produto,<br />

m3/ton.<br />

Muitas oportunidades de melhoria de eficiência num sistema de ar comprimido são<br />

comuns em instalações industriais. Estas oportunidades podem ser classificadas de<br />

acordo onde serão implementadas, por exemplo: geração, distribuição e uso final dum<br />

sistema de ar comprimido.<br />

Medidas de eficiência<br />

Ganhos potenciais<br />

Redução das fugas de ar 20%<br />

Optimização do uso 40%<br />

Recuperação de calor 20%<br />

Motores de alta eficiência 2%<br />

Variadores de velocidade 15%<br />

Mudança de compressores 7%<br />

Sistemas de controlo sofisticados 12%<br />

Melhorias no esfriamento, filtragem e<br />

secagem do ar<br />

Redução de perdas por diminuição de<br />

pressão<br />

5%<br />

3%<br />

Mudança de filtros 3%<br />

As medidas aplicáveis e as possíveis reduções, serão exclusivas de cada instalação.<br />

Quanto mas baixa a temperatura de aspiração dum compressor, menor será a energia<br />

necessária para a compressão. Só a modo indicativo, pode-se afirmar que por cada 4°C<br />

de aumento na temperatura do ar de aspiração, o consumo de energia aumenta em 1%<br />

para obter o mesmo volume gerado.<br />

Por isto, é importante evitar que um compressor aspire ar de zonas que estejam a<br />

temperaturas mais elevadas que a temperatura exterior. Considerando que numa<br />

empresa se apresenta a seguinte situação:<br />

Existe um compressor alternativo que aspira ar da sala de máquinas;<br />

A temperatura do ar interior da sala de máquinas é de 41°C;<br />

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68


A temperatura exterior é de 31°C;<br />

Propõe-se instalar uma conduta de aspiração, unindo o filtro primário com o<br />

exterior da sala de máquinas;<br />

Espera-se reduzir o consumo eléctrico.<br />

Podem-se inferir os seguintes resultados:<br />

A potência de sobre consumo por operar a 41°C é de 7%, com respeito a uma<br />

temperatura de referência de 20°C;<br />

A potência de sobre consumo por operar a 31°C é de 3,5%, com respeito a uma<br />

temperatura de referência de 20°C;<br />

A diferença de sobre consumo é de 3,5%, quer dizer, existe uma poupança<br />

potencial de 3,5% no consumo de energia eléctrica se se aspira a 31°C;<br />

O motor é de 150kW, com uma potencia media de uso de 120kW, operando 11<br />

horas por dia e 24 dias por mês;<br />

A poupança é estimada em 1.100kWh/mês.<br />

É importante destacar que estas poupanças podem ser maiores nos meses de inverno.<br />

QUESTIONÁRIO DE AUTODIAGNÓSTICO<br />

Sabe quais são as áreas que maior energia consome no seu processo produtivo?<br />

Conhece as medidas que lhe permitiriam fazer um uso eficiente da energia?<br />

Verifique o estado de funcionamento dos seguintes elementos na sua empresa. Assim<br />

poderá fazer uma ideia geral dos aspectos em que poderá intervir para usar de maneira<br />

mais eficiente a energia.<br />

Instruções:<br />

Para cada uma das perguntas, responda marcando com um X uma das alternativas<br />

propostas (sim, não, não sei).<br />

Conte as perguntas com respostas ―sim‖ e multiplique por 3;<br />

Conte as perguntas com respostas ―não‖ e multiplique por 1;<br />

Some os valores obtidos para as respostas ―sim‖ e ―não‖. O seu indicador de eficiência é<br />

o valor obtido.<br />

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69


Medidas técnicas<br />

Energia térmica (calor e frio) Sim Não Não sei<br />

Estão em bom estado as caldeiras e equipamentos de<br />

geração de calor?<br />

Aproveita-se ou recupera-se um ou vários tipos de calor<br />

ou frio residual?<br />

Os refrigeradores de compressores ou condensadores<br />

de equipamentos de esfriamento estão localizados em<br />

lugares frescos e sombreados para que se possam<br />

libertar de calor?<br />

Estão bem isoladas as instalações que geram calor ou<br />

frio (fornos, caldeiras, salas de refrigeração) e as<br />

tubagens que contêm fluidos quentes ou frios?<br />

Energia eléctrica e aplicações de força Sim Não Não sei<br />

Estão adequadamente dimensionados os motores,<br />

transformadores, bombas e ventiladores?<br />

Têm diâmetro e comprimento adequado as linhas<br />

eléctricas e tubagens de fluidos (vapor, ar e gases)?<br />

Está em bom estado o sistema de ar comprimido?<br />

São utilizadas tecnologias de alta eficiência para a<br />

iluminação nas áreas de produção e armazenamento?<br />

Medidas de gestão e formação<br />

Documentação e Informação Sim Não Não sei<br />

Conhece as eficiências dos diferentes equipamentos e<br />

instalações?<br />

Conhece a estrutura da fábrica e o consumo<br />

energético?<br />

Documenta-se periodicamente sobre o consumo<br />

energético?<br />

Estão documentados, através de um balanço de massa<br />

e energia, os diferentes processos de produção?<br />

Foi realizado alguma vez uma auditoria energética para<br />

a empresa?<br />

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70


Responsabilidades, Pessoal e Formação Sim Não Não sei<br />

Existe um responsável pela área da energia na<br />

empresa?<br />

São incorporados critérios de Eficiência Energética nos<br />

investimentos que a empresa realiza?<br />

Os colaboradores estão informados sobre as<br />

actividades e o sentido das medidas de Eficiência<br />

Energética e têm conhecimentos para contribuir para a<br />

optimização do processo produtivo?<br />

Existe algum sistema de incentivos para promover a<br />

integração d pessoal activamente no sistema de<br />

melhoria da Eficiência Energética dentro da empresa e<br />

dos seus processos produtivos?<br />

Operação e Manutenção Sim Não Não sei<br />

Existem e estão disponíveis manuais de operação que<br />

documentem os passos e parâmetros de operação?<br />

Estão optimizados os processos para evitar<br />

reaquecimentos e rearrefecimentos desnecessários?<br />

São desligados os equipamentos sem uso ou fora do<br />

horário de produção?<br />

São revistas com regularidade as tubagens e<br />

instalações de calor, frio e ar comprimido para eliminar<br />

fugas e pontos de mau isolamento?<br />

ANÁLISE DE RESULTADOS<br />

A: 63 - 55 pontos<br />

B: 54 -44 pontos<br />

C: 43 -32 pontos<br />

D: 31 - 22 pontos<br />

E: 21 - 0 pontos<br />

Felicitações. Na empresa existe consciência sobe o tema da Eficiência Energética e<br />

tomaram-se importantes medidas a seu respeito. Esperamos que continue obtendo<br />

bons resultados.<br />

Na empresa a Eficiência Energética é um tema relevante. No entanto, existem<br />

medidas que se podem desenvolver para alcançar importantes níveis de poupança.<br />

Aproveite-as e obtenha ainda melhores resultados.<br />

Há preocupação pela Eficiência Energética na empresa, no entanto existe um amplo<br />

potencial de melhoramento. Para obter um outras medidas de eficiência, sugerimos<br />

uma análise da estrutura de consumos da empresa.<br />

Existe uma mínima preocupação pela Eficiência Energética. Para descobrir os<br />

potenciais de poupança e melhoramentos dos distintos processos produtivos,<br />

sugerimos analisar a estrutura de consumo de energia da empresa e avaliar a<br />

possibilidade de realização de um diagnóstico energético com recurso a um<br />

especialista.<br />

Está perdendo uma grande oportunidade. Existe uma série de alternativas que lhe<br />

permitirão utilizar eficientemente a energia e reduzir substancialmente o consumo.<br />

Para descobrir os potenciais de poupança e melhorar os distintos processos<br />

produtivos, sugere-se a análise da estrutura de consumo de energia e avaliar a<br />

possibilidade de realização de um diagnóstico energético com recurso a um<br />

especialista.<br />

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71


CONCLUSÕES<br />

Do presente estudo, sintetizamos as principais conclusões retiradas sobre a melhoria da<br />

eficiência energética no sector da metalomecânica:<br />

Ter um programa de gestão energética - Uma boa gestão energética de qualquer<br />

instalação implica conhecê-las na sua globalidade. É importante identificar as<br />

diferentes áreas da empresa (oficinas, armazéns, área produtiva, etc) e os processos<br />

que nas mesmas se realizam.<br />

Correcção do factor de potência - Corrigir o factor potência permite diminuir o<br />

consumo de energia reactiva.<br />

Iluminação - Os sistemas de iluminação apresentam boas oportunidades de<br />

implementar soluções de eficiência energética. Estas são aplicadas localmente e<br />

normalmente não é necessário intervir maioritariamente nas instalações. Por outro<br />

lado, os investimentos associados aos sistemas de iluminação são recuperados<br />

geralmente num prazo de três meses a dois anos.<br />

Sistemas motores - Na indústria, cerca de 46% do consumo de energia eléctrica<br />

são consumidos por motores eléctricos tradicionais. As melhores eficiências<br />

eléctricas obtêm-se quando o motor opera à sua carga nominal. Procurar adequar a<br />

potência dos motores às cargas a eles aplicadas é uma área de melhoria da<br />

eficiência energética.<br />

Sistemas de ar comprimido - Muitas oportunidades de melhoria de eficiência num<br />

sistema de ar comprimido são comuns em instalações industriais. Estas<br />

oportunidades abrangem uma grande diversidade de elementos constituintes desses<br />

sistemas, desde a geração, distribuição e uso final do ar comprimido.<br />

Conhecer a empresa - Saber quais são as áreas que maior energia consomem,<br />

diagnosticar a sua utilização e termos de eficiência, para assim desenvolver medidas<br />

que permitam fazer um uso eficiente da energia.<br />

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72


IDENTIFICAÇÃO DE CASO DE SUCESSO<br />

REDUZIR OS CUSTOS ENERGÉTICOS INDUSTRIAIS ATRAVÉS DE<br />

MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NUM MERCADO EUROPEU DE<br />

ELECTRICIDADE LIBERALIZADA – ESTUDO DE CASO DE UMA<br />

FUNDIÇÃO NA SUÉCIA 9<br />

INTRODUÇÃO<br />

A liberalização do gás e da electricidade na União Europeia, prevista para Julho de 2004,<br />

irá certamente causar alterações de preços futuros do gás e da electricidade para<br />

convergir que o objectivo de maior eficiência económica através dos mecanismos de<br />

mercado. A homogeneidade, a simetria dos mercados do gás e da electricidade, como<br />

consequência da liberalização do mercado, causaram uma quebra de preços na EU.<br />

Contudo, um estudo dos efeitos da liberalização na Suécia, mostra que os preços da<br />

electricidade não vão cair, porque os preços da electricidade já são baixos. De fato, um<br />

estudo recente dos preços da electricidade na União Europeia, conduzido pelo EEPO<br />

(Observatório Europeu dos Preços da Electricidade) indica que a Suécia tem os preços<br />

mais baixos da União. O estudo mostra que empresas utilizadoras entre 1-50GWh anuais<br />

de electricidade pagam em média o dobro do valor pago pelas empresas suecas. Isto<br />

sucede em parte por razões históricas e também pela Suécia fazer parte do mercado<br />

integrado Nórdico de electricidade desde 1996 e, portanto, já se encontrar liberalizado.<br />

Em comparação com os concorrentes europeus, os preços baixos de electricidade<br />

influenciaram as empresas domésticas a usarem mais electricidade e a favorecer o uso<br />

da electricidade sobre outras fontes de energia.<br />

A comparação entre os sectores de fundição entre alguns países europeus, indica o uso<br />

relativamente extenso da electricidade na Suécia e Dinamarca.<br />

Constata-se também que os preços baixos parecem estar relacionados com um aparente<br />

amplo uso de electricidade, à excepção da Dinamarca. A diferença na Dinamarca pode<br />

ser explicada pela grande predominância de fundições de ferro e aço, onde fornos<br />

indutivos eléctricos são a tecnologia mais utilizada.<br />

O aumento dos preços da electricidade, juntamente com uma maior utilização de<br />

electricidade do que em outros países europeus, representa uma ameaça para a<br />

9 Reducing industrial energy costs through energy efficiency measures in a liberalized European<br />

electricity market - Case study of a Swedish iron foundry<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

73


actividade industrial na Suécia. Altos custos de energia têm um impacto negativo nos<br />

resultados, no valor das acções e na competitividade, que por sua vez pode levar a uma<br />

menor produção e talvez até mesmo causar a deslocalização das actividades para outros<br />

países.<br />

As empresas industriais são afectadas de forma diferente pelos preços da energia,<br />

dependendo do custo da energia em relação ao valor acrescentado. Empresas<br />

industriais, como as fundições são, assim, ameaçadas numa extensão muito maior do<br />

que a indústria de engenharia. Enquanto a indústria de engenharia tem custos de energia<br />

em relação ao valor acrescentado de somente 1-2%, fundições estão a enfrentar valores<br />

tão altos quanto 5-15%. Este valor corresponde ao alto custo da energia em relação a um<br />

valor acrescentado de 2-6%,assumindo que as fundições suecas pagam um preço médio<br />

de electricidade apresentado no estudo da EEPO, isto é, o dobro do preço actual da<br />

electricidade doméstica. O consumo de electricidade das fundições suecas precisa de ser<br />

reduzido.<br />

Recentes auditorias energéticas a 11 indústrias suecas de diversos sectores mostram um<br />

potencial de poupança média de electricidade de cerca de 48% e uma poupança média<br />

de energia de 40%, indicando substanciais possibilidades de reduzir a ameaça do<br />

aumento do custo de energia. O objectivo deste trabalho foi estudar o efeito da subida<br />

dos preços da electricidade na indústria de fundição de ferro e aço na Suécia, quantificar<br />

os ganhos potenciais de eficiência energética para médias fundições, resultantes duma<br />

minuciosa e investigar o impacto que terá nos custos da energia.<br />

DESCRIÇÃO<br />

Metodologia utilizada<br />

O custo de energia em unidades industriais pode ser reduzido de três formas distintas:<br />

redução do consumo de energia, medidas de gestão e mudando as fontes energéticas<br />

utilizadas. A fim de investigar o potencial de eficiência energética na indústria sueca de<br />

fundição de ferro e aço, foi realizada em 2003 uma auditoria energética ao longo de 6<br />

meses. As auditorias foram realizadas com base na experiencia acumulada de várias<br />

centenas de auditorias, realizadas em vários sectores de actividade nos últimos 20 anos<br />

pela Divisão de Sistemas de Energia da Linköping University.<br />

A auditoria energética testa as três formas em que os custos de energia podem ser<br />

reduzidos. Alguns aspectos comportamentais, como redução da procura, foram<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

74


quantificados, enquanto aspectos como o fecho de vigias na estação quente foram<br />

identificados mas não quantificados.<br />

A razão para não converter os dados qualitativos em dados quantitativos, como no caso<br />

de encerramento vigias, foi a grande incerteza no que diz respeito aos números,<br />

estimativa do comportamento das pessoas no presente caso, sendo difícil estimar o<br />

comportamento das pessoas no caso.<br />

Com base nos resultados da auditoria energética realizada na fundição em análise,<br />

cálculos computacionais foram feitos para obter um estudo das consequências das<br />

medidas de eficiência energética e das flutuações de preços de electricidade, em termos<br />

de custos de energia.<br />

Caracterização da utilização da energia na indústria de fundição sueca<br />

A indústria de fundição sueca, que produz principalmente para o mercado interno,<br />

emprega cerca de 7350 pessoas. A produção anual é de cerca de 325 mil toneladas de<br />

peças fundidas, dos quais cerca de 76% é de ferro, 18% de metais não-ferrosos e 6% de<br />

aço, com um uso total de energia anual de cerca de 1TWh. A indústria de fundição em<br />

geral é um utilizador significativo de energia, sendo a fundição e o processamento os<br />

processos maiores consumidores. A quantidade de energia utilizada na fusão é<br />

aproximadamente proporcional à quantidade de metal fundido. Como o uso de energia<br />

em operações de fusão é tão elevada, melhorias nas operações de produção induzem<br />

uma forte redução nos custos globais de operação de uma fundição. Por exemplo,<br />

alcançar uma alta produtividade (o peso total de peças boas em relação ao peso total do<br />

metal fundido) coloca o foco nas boas práticas de fundição em áreas chave, como a<br />

fusão, vazamento e moldagem. O rendimento varia entre 85 e 95% na produção de<br />

peças de forma simples em ferro vazadas em moldes de areia, para cerca de 40 a 50%<br />

na produção de pequenas peças de ferro fundido dúctil na produção em massa<br />

mecanizada.<br />

As áreas de fusão e vazamento devem ser ambas equipadas e organizadas para<br />

fornecer o metal aos moldes à temperatura e composição adequadas. A produção de<br />

sucata (peças não conformes) é outro factor importante a tomar em consideração. A<br />

redução da sucata apresenta dois efeitos importantes: menos energia necessária para a<br />

fusão e, em segundo lugar, materiais, consumíveis e trabalho são também reduzidos,<br />

aumentando a capacidade da fundição. Fora o processamento, o uso de energia nos<br />

processos de suporte, como a ventilação, transporte interno, bombeamento, ar<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

75


comprimido, iluminação, aquecimento e água são muitas vezes não identificados. A<br />

poupança de energia, em particular nestas áreas não produtivas, raramente recebe a<br />

atenção ou dada prioridade pela administração. Um certo número de razões são<br />

apresentadas para isso, inclusive uma história de preços baixos da electricidade, falta de<br />

capital, períodos longos de retorno do investimento, falta de competências e a resistência<br />

à mudança por parte das pessoas. No entanto, é evidente que a energia é um custo<br />

importante a controlar e que existem significativas oportunidades de poupança nas áreas<br />

dos processos de suporte. Mais ainda, como este trabalho indica, algumas dessas<br />

medidas podem ser implementadas através da adopção de um pequeno número de<br />

soluções com relação custo/benefício efectivo e fáceis de implementar.<br />

Utilização da energia na fundição de ferro analisada<br />

A fundição analisada, localizada no sudeste da Suécia, produz entre outros produtos,<br />

peças fundidas a indústria automóvel. Com uma capacidade anual de cerca de 24 mil<br />

toneladas e empregando cerca de 100 pessoas. A empresa tem grande preocupação<br />

ambiental e foi uma das primeiras fundições no mundo a ter um SGA (Sistema de Gestão<br />

Ambiental) ISO 14001.<br />

Os processos de produção comportam 5 fornos indutivos de fusão, 2 fornalhas de<br />

aquecimento, preparação de areias e 3 unidades de moldagem, preparação de areias e<br />

subsequentes processos de tratamento e limpeza daquelas.<br />

Os processos de suporte são compostos pela geração de água quente, aquecimento,<br />

ventilação e um sistema centralizado de ar comprimido. Perdas num número excessivo<br />

de transformadores também foram atribuídas a estes processos, enquanto as perdas na<br />

bombagem não foram consideradas, sendo englobadas noutros processos. Também a<br />

energia utilizada no laboratório e escritórios também foi considerada com processos de<br />

suporte. A fundição de ferro tem um consumo máximo horário de 9.500 kW.<br />

A comparação entre 6 fundições de aço, indica grandes diferenças no uso da energia em<br />

relação à produção. As diferenças podem ser parcialmente explicadas pelos diferentes<br />

graus de mecanização dos processos de moldagem, mas também por diferentes formas<br />

de medição da produção. Enquanto algumas fundições usam as toneladas de metal<br />

derretido como medida da sua produção, outras usam as toneladas de produtos<br />

acabados. Utilizando a medida peças acabadas, isto inclui as variações devido às<br />

incertezas no que diz respeito aos números, mas ainda assim proporciona a melhor<br />

comparação na utilização da energia.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

76


Estimativas sobre a evolução dos preços de energia<br />

A indústria sueca, com um dos mais baixos preços da electricidade na União Europeia,<br />

sente um aumento do preço da electricidade, devido à liberalização do mercado da<br />

electricidade na União Europeia. Um estudo da Universidade de Linköping, financiado<br />

pela empresa Sydkraft, um dos três principais produtores de electricidade da Suécia,<br />

indica que os preços da electricidade no futuro se podem esperar que convergem para os<br />

80 € por MWh, segunda a sexta, das 6H às 18H e 44 € por MWh durante o resto da<br />

semana e das horas do dia. No estudo é assumido, entre outros pressupostos,<br />

mecanismos de mercado e um preço de CO2 de 10 € por tonelada. A sensibilidade na<br />

análise efectuada no estudo indica que o preço do CO2 não parece ter um impacto muito<br />

grande no preço da electricidade, com uma diminuição dos preços de 3 a 4 € por MWh se<br />

o preço do CO2 for excluído. Um relatório da ECON sobre a flexibilidade do preço da<br />

electricidade indica resultados semelhantes. O preço médio da electricidade a partir do<br />

estudo da EEPO corresponde ao que o estudo acima refere, tomando como referência o<br />

preço médio para uma semana de 24 horas diárias, excepto que os preços no estudo<br />

EEPO são ligeiramente superiores.<br />

Os preços futuros da electricidade encontrados no estudo, juntamente com os preços<br />

actuais da electricidade, do GPL e de aquecimento foram utilizados nos cálculos do custo<br />

de energia da fundição neste estudo.<br />

Ganho potencial de eficiência energética no sector da fundição de ferro<br />

A auditoria energética feita na fundição resultou numa série de medidas com o objectivo<br />

de reduzir os custos de energia. As maiores medidas de poupança foram encontrados na<br />

fusão e processos de realização. As medidas propostas incluem o investimento num novo<br />

forno de indução. Vendas do calor residual ao fornecedor de água quente local, o<br />

planeamento estratégico de produção juntamente com a gestão da necessidade de<br />

energia nos horários de pico são também sugeridas. Além disso, grande economia de<br />

energia pode ser obtida através da eliminação de fugas, diminuição do consumo durante<br />

os fins-de-semana e feriados, investimento num novo sistema do processo de preparação<br />

de areia e um mais eficiente aquecimento de moldes.<br />

A auditoria energética à fundição estudada resultou numa proposta de sete medidas de<br />

eficiência e de outras medidas menores (incluídas em outras medidas), conforme se<br />

apresenta na tabela seguinte:<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

77


Medidas de eficiência energética<br />

Poupança de<br />

electricidade<br />

MWh/ano<br />

Poupança de<br />

LPG<br />

MWh/ano<br />

Poupança no<br />

custo da água<br />

quente<br />

canalizada<br />

MWh/ano<br />

Novos fornos de fusão 2.300 --- ---<br />

Utilização de água quente canalizada<br />

(municipal)<br />

Eliminação de fugas no sistema de ar<br />

comprimido<br />

Novo método de preparação de areias de<br />

moldagem<br />

--- --- 2.200<br />

1.100 --- ---<br />

780 --- 290<br />

Novos métodos de aquecimento de moldes --- 660 420<br />

Redução de perdas em tempos de espera 1.140 --- ---<br />

Gestão de cargas de produção<br />

10 --- --- ---<br />

(nivelamento)<br />

Outras medidas 920 --- 1.770<br />

TOTAL 6.240 660 4.680<br />

Percentagem 23% 51% 70%<br />

A execução das medidas poderá reduzir o consumo de energia na fundição em cerca de<br />

33% e, mais especificamente, o uso da electricidade em 23%. De longe, a medida<br />

economicamente mais eficiente prende-se com a melhoria das práticas de gestão de<br />

carga no planeamento da produção. Actualmente, procura-se que a utilização dos fornos<br />

de fusão seja durante os períodos em que a demanda de energia seja baixa. O estudo da<br />

demanda de potência ao longo do ano indica que esta política nem sempre é praticada.<br />

Cortes possíveis de 3.000 kW na demanda de potência foram identificados,<br />

implementanda simplesmente uma política de realização dos processos de fusão nos<br />

períodos em que a demanda de energia é baixo, ou seja, muito pouco investimento será<br />

necessário para a sua implementação.<br />

Pressupostos<br />

Nos cálculos efectuados, somente é assumido um aumento do preço da electricidade e<br />

mostrado as flutuações do preço ao longo do dia, enquanto os preços do GPL e do<br />

aquecimento urbano são assumidos como estáveis ao nível actual. O cálculo é linear,<br />

10 Redução de 3 MW durante as horas de pico. A utilização da energia não é afectada por esta medida,<br />

mas é o custo da potência.<br />

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78


onde o consumo de electricidade e os preços da electricidade são calculados numa base<br />

horária enquanto os preços e utilização de GPL e de aquecimento são calculados numa<br />

base anual e sazonal, respectivamente.<br />

Cenários analisados<br />

Seis cenários diferentes foram analisados. Os cenários foram classificadas em dois casos<br />

relevantes, em que um lida exclusivamente com a utilização de electricidade, enquanto o<br />

outro trata do uso de energia total, incluindo a utilização de electricidade. A razão para<br />

isso é o de apresentar dois tipos de situações que dão uma imagem clara do impacto de<br />

medidas de eficiência que não dizem respeito somente à poupança de electricidade. Nos<br />

3 cenários, a poupanças em GLP e no aquecimento estão também incluídos. Futuros<br />

estudos sobre as variações de preços no aquecimento urbano, petróleo e GPL não são<br />

apresentados neste trabalho, tendo em conta que o GPL é uma fonte de energia<br />

relativamente reduzida nas seis fundições analisadas e porque nem todas as seis<br />

fundições analisadas utilizam o aquecimento urbano e o petróleo.<br />

Dois cenários de base, A e B, são usados como cenários de referência, usando os preços<br />

actuais da electricidade. O cenário A inclui todas as fontes de energia, incluindo energia<br />

eléctrica, enquanto o cenário B inclui somente a utilização de electricidade. O cenário 1A<br />

e o cenário 1B representam os custos de energia em fundições com os preços futuros da<br />

electricidade e pressupõem as medidas de eficiência energéticas implementadas,<br />

enquanto os cenários 2A e 2B representam os custos de energia com medidas<br />

implementadas resultantes de uma auditoria energética e os preços futuros da<br />

electricidade.<br />

Resultado dos cálculos<br />

A comparação dos cenários A e 1A e dos cenários B e 1B indicam que os custos<br />

energéticos e da electricidade vai aumentar em 42% e 56% respectivamente, que<br />

correspondem ao aumento do custo da energia em relação valor acrescentado de 4%. Os<br />

resultados dos cenários 2A e 2B mostram que a fundição analisada pode ser capaz de<br />

reduzir significativamente os custos através da implementação de medidas de eficiência<br />

energética. No entanto, quando as medidas forem implementadas, como considerado nos<br />

cenários 2A e 2B, os custos futuros de energia poderão aumentar em comparação com<br />

os cenários de base. A comparação do cenário de base A com o cenário 2A mostra um<br />

aumento de 3% no custo anual da energia, enquanto a comparação do cenário B com o<br />

cenário 2B indica um aumento do custo anual da electricidade de 16%, que corresponde<br />

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79


ao aumento do custo da energia em relação ao valor acrescentado de menos de 0,5% e<br />

1% respectivamente.<br />

RESULTADOS<br />

Conforme apresentado, na ausência de implementação de medidas de eficiência<br />

energética, pode-se esperar um aumento de 2-6% nos custos de energia em relação ao<br />

valor acrescentado para as fundições de ferro e aço suecas no contexto de um mercado<br />

Europeu liberalizado de electricidade. No estudo realizado na fundição avaliada,<br />

demonstrou que há medidas substanciais que podem ser implementadas para reduzir<br />

esta ameaça. Existem dados qualitativos resultantes da auditoria energética que também<br />

indicam a possibilidade de num cenário da aplicação das medidas de eficiência<br />

energética poderem-se obter ganhos superiores aos 33% estimados. Estes dados<br />

qualitativos resultaram da medição directa do impacto de diversas medidas de eficiência<br />

energética (por exemplo: fechando as vigias durante os períodos do ano mais quentes,<br />

verifica-se um aumento de rendimento por meio de processos de produção mais<br />

eficientes. No caso de medidas direccionadas para o desenvolvimento da<br />

consciencialização dos operários / alteração de comportamentos não foi possível medir a<br />

nível qualitativo o impacto de tais medidas devido à incerteza em quantificar o impacto<br />

directo das medidas em termos de ganhos na eficiência energética.<br />

De modo a obter resultados o mais fiável possível, nos casos em que uma medida de<br />

eficiência energética apresentou resultados diferentes, o resultado com o menor valor foi<br />

o seleccionado.<br />

Por outro lado, alguns dos potenciais investimentos em equipamentos de alta eficiência<br />

energética têm custos elevados pelo que podem ser difíceis de realizar em simultâneo.<br />

Além disso, é improvável que sejam implementadas todo o conjunto proposto de medidas<br />

de eficiência energética, tipicamente as fundições tendem a adoptar medidas parciais, o<br />

que na prática, torna extremamente difícil apresentar números exactos no que toca à<br />

poupança resultante das medidas para uma dada fundição e para a indústria como um<br />

todo.<br />

Os preços futuros da electricidade utilizados nos cálculos foram calculados com base<br />

num mercado de electricidade Europeu liberalizado, o que implica mecanismos de cálculo<br />

de preços marginais. È importante referir que estudos da Woo, Lloyd e Tishler, com base<br />

nas experiências de liberalização e reforma do mercado eléctrico no Reino Unido,<br />

Noruega, EUA (Alberta e Califórnia), concluíram que não é realista esperar que a reforma<br />

e liberalização do mercado eléctrico resultem num mercado de funcionamento e<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

80


concorrência adequadas. Uma expectativa mais realista é a criação de um mercado de<br />

razoável bom funcionamento e com uma concorrência efectiva. Neste cenário, os preços<br />

deverão aproximar-se dos custos marginais baseados no menor custo de entrega.<br />

De qualquer modo, seria praticamente impossível calcular os preços futuros da<br />

electricidade num mercado liberalizado de qualquer outro modo que não através do uso<br />

do cálculo de custos marginais. Com a liberalização do mercado eléctrico Sueco, os<br />

preços da electricidade irão subir, exactamente até que ponto não é fácil de prever. Os<br />

preços futuros da electricidade utilizados nos cálculos devem, portanto, ser considerados<br />

como estimativas.<br />

É importante realçar que os valores apresentados podem apenas ser vistos como<br />

indicativos. Uma vez que o aumento de custos previsto para a fundição (de 3% nos<br />

custos energéticos e de 16% na conta da energia eléctrica) apesar de baseados numa<br />

série de dados qualitativos têm como pressuposto base que todas as medidas e<br />

investimentos de eficiência energética sejam implementados e tem também em conta<br />

estimativas de preços futuros da electricidade.<br />

No entanto, o resultado do estudo indica claramente que a fundição analisada será capaz<br />

de preservar, até certo nível, o custo total de energia aquando da liberalização do<br />

mercado, caso as medidas de eficiência energética sejam implementadas. Caso<br />

nenhuma medida seja realizada, o estudo indica um aumento de 42% no custo total de<br />

energia para a fundição. Este aumento substancial nos custos de energia evidencia uma<br />

oportunidade clara de investimento para a fundição, de cerca de 50% do custo anual com<br />

energia.<br />

O aumento significativo do custo da energia previsto para a fundição deve ser visto à luz<br />

da realidade da indústria de fundições de aço e ferro suecas. Os custos com energia<br />

representam uma fatia elevada dos custos totais na indústria de fundição e as fundições<br />

suecas gastam em geral mais electricidade do que as suas concorrentes europeias. De<br />

modo que a potencial liberalização europeia do mercado de electricidade representa uma<br />

maior ameaça para as fundições suecas do que para as suas congéneres europeias que<br />

podem tirar partido de um aumento nos custos de energia para conquistarem quota de<br />

mercado.<br />

É também importante realçar que caso todas as medidas propostas de eficiência<br />

energética sejam realizadas pode-se concluir que o aumento dos preços da electricidade<br />

terá apenas um efeito marginal sobre os custos de produção para a fundição sob estudo.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

81


No entanto, não se podem extrair conclusões gerais para o sector em questão uma vez<br />

que a fundição em questão tem uma capacidade de produção maior que todas (excepto<br />

uma) as outras também sob estudo. Isto significa os níveis de investimento e impacto das<br />

medidas de eficiência energética propostas não sejam necessariamente capazes de<br />

produzir os mesmos resultados em termos de redução dos custos de energia, tanto<br />

quanto na fundição analisada.<br />

Por outro lado, pode-se afirmar que o impacto do aumento do preço da electricidade num<br />

mercado Europeu liberalizado para as fundições de menor dimensão e capacidade de<br />

produção será menor e que por isso estas possam ser menos afectadas. No entanto,<br />

tendo em conta o aumento progressivo do custo da electricidade, os custos de energia só<br />

poderão ser reduzidos através da implementação de medidas substanciais de eficiência<br />

energética.<br />

Embora seja difícil tirar a esta altura conclusões em termos quantitativos para o sector<br />

como um todo, podemos contudo extrair algumas conclusões gerais do estudo:<br />

A liberalização do mercado europeu de electricidade, e, portanto, o aumento<br />

efectivo dos preços da electricidade, vai afectar de forma significativa os custos<br />

com energia para as fundições de ferro e aço suecas. Até que ponto, depende do<br />

estado actual de eficiência energética das fundições e do preço futuro da<br />

electricidade.<br />

A análise prova que é possível reduzir o custo da energia com o método utilizado,<br />

a fim de reduzir o efeito do aumento dos preços da electricidade. No entanto, é<br />

necessário o estudo de mais fundições, de modo a se poderem apresentar<br />

conclusões mais significativas a nível quantitativo em termos de ganhos com a<br />

eficiência energética.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

82


POLÍTICAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E MEDIDAS NA SUÉCIA 11<br />

INTRODUÇÃO<br />

Este relatório apresenta uma análise das tendências de eficiência de energia na Suécia,<br />

com os indicadores de eficiência energéticos extraídos da base de dados Odyssee, bem<br />

como da base de dados de avaliação das políticas MURE, ambas pertencentes ao<br />

programa comunitário Inteligent Energy Europe. Os dados do relatório estão actualizados<br />

até 2006.<br />

A análise incide sobre as mudanças e as tendências das políticas suecas referentes à<br />

eficiência energética para o período 1990-2007. A tendência geral é no sentido de<br />

sistemas orientados ao mercado, onde os impostos em geral e campanhas informativas<br />

têm sido privilegiados. A redução dos custos relativos ao ambiente e à energia<br />

apresentam objectivos ambiciosos e incluem medidas para os alcançar.<br />

O consumo total de energia final na Suécia aumentou de 31,2 milhões de Mtep em 1990,<br />

para 33,7 milhões de Mtep em 2007. O sector de transportes aumentou o seu peso no<br />

consumo de energia final, enquanto os sectores residenciais, terciário e agrícola viram o<br />

seu peso diminuir. O sector industrial manteve o seu peso relativo.<br />

Em relação à poupança energética, os maiores ganhos focaram-se no sector<br />

manufactureiro, que representou cerca de 50% da poupança conseguida no ano de 2004,<br />

seguido do sector residencial, 40%, e dos transportes, 10%.<br />

DESCRIÇÃO<br />

Contexto económico global da Suécia<br />

A taxa média de crescimento do PIB foi de cerca de 2,5% ao ano desde 1990. Os anos<br />

de recessão, em 1991 (-1,1%) e 1992 (-1,7%), foram seguidos por um rápido<br />

crescimento.<br />

A taxa média de crescimento do consumo privado das famílias tem sido em torno de<br />

1,8% por ano durante o período. Excepto em 1992 e 1993, o crescimento tem<br />

aumentado, mas a taxa de crescimento tem sido maior depois de 2000.<br />

11 Energy Efficiency Policies and Measures in Sweden<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

83


A taxa de crescimento média anual do valor adicionado da indústria foi de 3,9% durante o<br />

período. A tendência da indústria é a mesma que para o consumo privado, com uma<br />

maior taxa de crescimento após 2000.<br />

Existe uma diferença na distribuição, o sector dos transportes aumentou, enquanto o<br />

residencial, terciário e agricultura diminuiu. A razão mais importante para a diminuição do<br />

consumo de energia no sector residencial e terciário assenta na mudança dos<br />

fornecedores de energia para a produção de aquecimento ambiente e para os<br />

fornecedores de águas quentes para uso doméstico. Diferentes transportadores de<br />

energia possuem diferentes perdas na distribuição e na conversão no ponto de utilização<br />

das mesmas, dependendo se se utiliza fuelóleo ou electricidade, por exemplo. A redução<br />

obtida no sector residencial e terciário tem a ver com a mudança ou do combustível<br />

fuelóleo por electricidade ou água quente canalizada, resultando com diminuição das<br />

perdas nos sistemas conversores.<br />

O consumo de energia no sector dos transportes tem aumentado, principalmente devido<br />

ao aumento da actividade. Os principais combustíveis utilizados são os derivados do<br />

petróleo, nomeadamente a gasolina e o gasóleo.<br />

O pano de fundo para a política de eficiência energética na indústria sueca<br />

O consumo de energia na indústria em 2007 totalizou 156,6 TWh (que representa uma<br />

ligeira diminuição em relação a 2006) e representa quase 39% da energia final utilizada<br />

no país.<br />

Os principais tipos de energia utilizados na indústria são a electricidade e os biocombustíveis,<br />

representando 36 e 35% respectivamente, complementados com cerca de<br />

26% de energia de origem fóssil. A distribuição canalizada de aquecimento representa os<br />

restantes 3%. A energia fóssil, é obtida em cerca de 18,5 TWh através produtos<br />

derivados do petróleo, 16,7 TWh do carvão e 5,2 TWh do gás natural (Fonte: Swedish<br />

Energy Agency and Statistics Sweden (EN 20 SM, EN 31 SM)).<br />

Na Suécia, um pequeno número de sectores contribui para a maior parte do consumo de<br />

energia.<br />

A indústria de celulose e papel utiliza quase 50%, principalmente electricidade e licores<br />

negros (licores negros são um subproduto da fabricação de celulose em fábricas de<br />

celulose - a sua reciclagem através de queima, produz energia). A siderurgia utiliza cerca<br />

de 15%, principalmente na forma de carvão e electricidade. A indústria química é<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

84


esponsável por 8%, sendo principalmente utilizada a electricidade, nomeadamente para<br />

os processos de electrólise. Em conjunto, estes três sectores representam quase três<br />

quartos do consumo de energia na indústria na Suécia.<br />

A indústria de engenharia representa 9% como resultado da sua importância no sector<br />

industrial do país. Os restantes 19% satisfazem as necessidades de outros sectores.<br />

Enquanto alguns podem ser considerados como utilizadores intensivos de energia, a sua<br />

percentagem no mix global é reduzida. Alguns são consumidores de energia fóssil,<br />

enquanto outros, como a metalurgia são dominados pela electricidade. Existem ainda<br />

sectores que utilizam um mix de energia fóssil e electricidade.<br />

No curto prazo o consumo de energia na indústria segue essencialmente as variações da<br />

produção industrial, as mudanças estruturais no sector e nos tipos de bens produzidos.<br />

Entre 1990 e 1992, a produção industrial diminuiu em 6% ao ano, e isso reflectiu-se numa<br />

queda de quase 6% no consumo de energia durante o período. A recuperação iniciou-se<br />

em 1993 e continuou a aumentar substancialmente até ao ano 2000, período em que o<br />

aumento se cifrou em quase 8% ao ano. Isto reflectiu-se no uso de energia, que<br />

aumentou 13% no período, com a utilização de electricidade a aumentar em 15%. Este<br />

período foi seguido por uma desaceleração económica em 2001 e uma recuperação ao<br />

longo do 2002-2007, quando a produção industrial aumentou mais de 2% ao ano. O<br />

consumo de energia aumentou cerca de 2%, enquanto o consumo de electricidade caiu<br />

cerca de 1%. No total, a produção industrial cresceu 105% entre 1992 e 2007. No mesmo<br />

período, assistiu-se a um aumento de 18% no consumo total de energia e de somente<br />

13% no consumo de electricidade.<br />

Apesar do aumento da produção industrial, o consumo de petróleo diminuiu<br />

substancialmente, devido ao maior uso de electricidade e à melhoria da eficiência na<br />

utilização da energia.<br />

Esta tendência iniciou-se com a crise do petróleo da década de 1970, que resultou em<br />

que o estado e os privados iniciaram um trabalho intensivo para reduzir o consumo de<br />

petróleo.<br />

Em 1970, o consumo de petróleo constituía cerca de 48% do consumo total de energia<br />

na indústria, que pode ser comparado com a proporção actual de 12%. No mesmo<br />

período, o consumo de electricidade aumentou de 21 para 36%. No período<br />

compreendido entre 1970 e 2006 o consumo de biofuel aumentou de 21 para 35% da<br />

energia total utilizada na indústria.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

85


O consumo específico de energia, ou seja, a quantidade de energia utilizada por unidade<br />

monetária fornece uma medida de quão eficiente a energia está sendo usada. Desde<br />

1990, o consumo específico de energia caiu continuamente: entre 1990 e 2007, caiu em<br />

cerca de 42%, reflectindo uma tendência clara no sentido de produtos e processos<br />

menos energia intensivos, em conjuntamente com mudanças estruturais no sector.<br />

A mudança de petróleo para outras formas de energia, particularmente a electricidade, é<br />

reflectida no consumo específico do petróleo e da electricidade por cada unidade de valor<br />

gerado. O petróleo caiu em 81% entre 1970 e 1992, enquanto a electricidade aumentou<br />

em 23%.<br />

O desenvolvimento económico entre 1992 2007, associado às alterações de taxação da<br />

energia para a indústria, reflecte-se no consumo específico de energia, que continua a<br />

cair. Durante este período, caiu cerca de 43%, com uma queda de 49% no petróleo e<br />

44% na electricidade.<br />

De uma forma geral, a redução no consumo de energia específica é devido ao facto de<br />

que o valor da produção aumentou consideravelmente, mais que o valor do consumo de<br />

energia. Por várias razões, podemos esperar uma continuação desta queda. Num<br />

período alargado de tempo, as mudanças na tecnologia e estruturais têm reduzido o<br />

consumo específico de energia.<br />

Avaliação da eficiência energética / poupança através do ODEX (índice agregado de<br />

eficiência de energia em três sectores – transportes, fabrico e doméstico): total e<br />

por sector<br />

O índice global ODEX é uma média ponderada entre a percentagem de consumo de<br />

energia no fabrico, transporte e doméstico - ODEX. A sua análise mostra como os<br />

diferentes parâmetros evoluíram no período compreendido entre 1889 e 2005. O fabrico<br />

tem a maior quota de consumo e, portanto, a maior influência na ODEX Global. Em<br />

conjunto com os transportes, as suas quotas aumentarem, enquanto a quota<br />

correspondente ao consumo doméstico diminui no período compreendido entre 1990-<br />

2005.<br />

Por sua vez, a análise da poupança de energia obtida nos três sectores em análise, para<br />

o mesmo período realça que a maior economia foi obtida, no ano de 2004, pelo fabrico<br />

(50% do total), seguido pelo sector doméstico (40%) e transportes (10%).<br />

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86


Medidas de eficiência energética<br />

Medidas recentes de eficiência energética no sector industrial<br />

No dia 1 de Janeiro de 2005, iniciou-se a Lei Programa para a Melhoria da Eficiência<br />

Energética (2004:1196). O programa visa aumentar a eficiência energética e criar<br />

oportunidades para isenções fiscais. No dia 1 de Julho de 2004, o imposto sobre a<br />

electricidade aumentado 0 para SEK 0,005 por kWh, com base na UE Energy Tax<br />

Directive. No entanto, as indústrias têm a possibilidade de ficarem isentas, se<br />

participarem num programa de 5 anos para a melhoria da eficiência energética. No final<br />

de 2006, 117 companhias consumidoras intensivas de energia participavam no programa,<br />

representando um consumo total de 30TWh. Isto corresponde a 1/5 do consumo total de<br />

electricidade da Suécia.<br />

Mudança no foco das políticas para melhoria da eficiência energética no sector<br />

industrial<br />

Para o sector industrial o foco das políticas centrava-se no trinómio<br />

informação/educação/formação até ao ano 2000. Depois, o foco mudou para medidas de<br />

cooperação. O Programa de Eficiência Energética na Indústria nas empresas utilizadoras<br />

intensivas de energia é um programa de cooperação entre estas indústrias e a Agência<br />

Sueca para a Energia. As empresas participantes garantem uma isenção da taxa de SEK<br />

0,005 por kWh, se planearem e implementarem medidas de eficiência energética.<br />

Políticas comunitárias e nacionais da Suécia para o sector industrial<br />

O Programa de Política Energética (2003 - 2007), de curto prazo, foi um pacote nacional<br />

de medidas. Promovia a inclusão de novas tecnologias (em que players de procurement<br />

de tecnologia tiveram um papel importante), e os ensaios de produtos com parâmetros<br />

que iam além da legislação europeia aplicável.<br />

Foi também incentivado o recurso a consultores especialistas em energia e sistemas de<br />

suporte para aproveitamento da energia eólica. Ademais, recentemente, foram adoptadas<br />

medidas de apoio à melhoria da eficiência energética e à conversão das fontes<br />

energéticas em edifícios.<br />

Especificamente para o sector industrial, os objectivos da política energética sueca<br />

abraça diferentes vertentes que conduzirão a uma mais eficiente utilização da energia,<br />

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87


por exemplo: uso sustentável da energia, uso eficiente da energia em indústrias de<br />

utilização intensiva de energia, que devem ser promovidas, salvaguardando ao mesmo<br />

tempo a sua competitividade.<br />

Medidas inovadoras para melhoria da Eficiência Energética para o sector industrial<br />

O Programa de Melhoria de Eficiência Energética (PFE) (2004:1196) entrou em vigor em<br />

1 de Janeiro de 2005. A partir dessa data, as empresas puderam inscrever-se para<br />

participar no PFE. As empresas que se inscreveram antes de 31 de Março de 2005 são<br />

candidatas à obtenção de redução de taxas aplicáveis a partir de 1 de Julho de 2004,<br />

momento em que a taxa sobre a energia consumida entrou em vigor.<br />

A Agência de Energia Sueca é a autoridade de supervisão do programa e pode fornecer<br />

a informação actualizada sobre o mesmo.<br />

O objectivo do programa é, em parte, para aumentar a eficiência do uso da energia nas<br />

empresas que consomem grandes quantidades de energia, ou seja, utilização intensiva<br />

de energia. Uma das medidas para melhorar a eficiência é a introdução de um sistema de<br />

gestão de energia (EMS), o equivalente a um sistema de gestão ambiental. O prazo para<br />

as empresas participantes do programa é de cinco anos. Durante os primeiros dois anos,<br />

as empresas deverão implementar e obter a certificação para um sistema de gestão de<br />

energia normalizado. Uma auditoria e a respectiva análise são utilizadas para a<br />

modelização de uma lista de medidas visando a melhoria da eficiência energética, que as<br />

empresas terão de implementar nos restantes três anos do programa.<br />

Sendo o PFE focalizado na utilização da electricidade de forma eficiente, a prioridade é<br />

nas medidas que melhorem a eficiência da utilização desta forma de energia.<br />

Ao fim de dois anos, as empresas participantes no PFE são obrigadas a apresentar um<br />

relatório duma auditoria energética, o sistema de gestão da energia e a lista de medidas<br />

a implementar. A data para início da contagem do período de dois anos é a do momento<br />

em que a empresa aceitou participar no PFE. Para as empresas que obtiveram a isenção<br />

de taxas, este período iniciou-se em 1 de Julho de 2004.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

88


Benefícios da EMS e PFE<br />

Através de um sistema de gestão de energia, torna-se mais fácil para uma empresa<br />

verificar o seu consumo e assegurar que a sua utilização é consistentemente planeada e<br />

estruturada.<br />

Com um planeamento mais consistente e consciencioso, melhoram-se os procedimentos<br />

de operação, de manutenção e os procedimentos de compras; as empresas podem<br />

reduzir o seu consumo de energia e, concomitantemente, os custos com a mesma.<br />

Para além das vantagens geradas pelo próprio sistema de gestão, às empresas que<br />

aderiram ao programa são concedidos benefícios fiscais para as despesas de<br />

electricidade. Quando uma empresa adere ao PFE, a taxa é reduzida de SEK 0,005 por<br />

kWh para SEK 0 por kWh. No final do programa as empresas têm de mostrar que<br />

conseguiram uma melhoria de eficiência de seu consumo de electricidade.<br />

EMS dá à empresa:<br />

Uma melhor estrutura e controlo na utilização da energia;<br />

Melhor planeamento dos procedimentos de operação e manutenção de<br />

procedimentos e nos processos de compra;<br />

Redução do consumo de energia eléctrica - redução dos custos de energia;<br />

Redução do impacto negativo sobre o ambiente;<br />

Há uma série de opções para a redução dos custos de energia em empresas<br />

consumidoras intensivas de electricidade nos seus processos produtivos.<br />

Em Novembro de 2008, a Agência Sueca de Energia apresentou os resultados do<br />

Programa PFE. A avaliação foi feita com base em 98 empresas participantes. Os SEM’s<br />

dessas empresas continham 900 medidas que correspondiam a uma melhoria de<br />

eficiência de 1 TWh ano, que correspondiam a uma poupança de SEK 400M anuais. Os<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

89


custos dos investimentos foram de SEK 1.000M, com um prazo médio de amortização de<br />

2,5 anos.<br />

As empresas participantes desenvolveram redes de cooperação, quer sectoriais quer<br />

regionais. Desta forma, o conhecimento adquirido foi partilhado a outras empresas,<br />

incluindo utilizadores não intensivos de energia.<br />

RESULTADOS<br />

O estado sueco tem tido um papel determinante no desenvolvimento de uma consciência<br />

colectiva da importância de cada um promover e implementar acções que promovam a<br />

racionalização na utilização da energia e de melhorarem a eficiência com que a mesma é<br />

utilizada.<br />

Ao incluírem nos seus objectivos as directivas aplicáveis da UE, o principal mecanismo<br />

utilizado pelo governo sueco foi a criação de um Programa de Melhoria da Eficiência<br />

Energética, que na sua segunda edição mudou o foco de actuação na<br />

informação/educação/formação, seguida até ao ano de 2000, para medidas de<br />

cooperação. O Programa de Eficiência Energética na Indústria nas empresas utilizadoras<br />

intensivas de energia é um programa de cooperação entre estas indústrias e a Agência<br />

Sueca para a Energia incluiu um conjunto integrado de ferramentas de desenvolvimento,<br />

como sejam:<br />

Focalização na cooperação do estado com as empresas;<br />

Políticas de benefícios fiscais;<br />

Incentivo à utilização de novas tecnologias;<br />

Programas de Redes de cooperação empresariais de forma a maximizar os<br />

resultados;<br />

Promover a introdução nas empresas de Sistemas de Gestão da Energia;<br />

Realização de diagnósticos energéticos e produção de um quadro de medidas<br />

consistentes.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

90


Conclusões do Sector<br />

Dos trabalhados analisados e das medidas identificadas, apresenta-se a seguir um<br />

resumo que retracta sugestões de medidas de eficiência energética para o sector em<br />

causa.<br />

Rede eléctrica<br />

Correcção do factor de potência;<br />

Força motriz<br />

Procurar adequar as cargas nominais dos motores às cargas a eles aplicadas;<br />

Sistema de ar comprimido<br />

Muitas oportunidades de melhoria de eficiência num sistema de ar comprimido são<br />

comuns em instalações industriais;<br />

Combate às fugas;<br />

Recuperação de calor;<br />

Motores de alta eficiência;<br />

Variadores de velocidade;<br />

Sistemas de controlo;<br />

Sistemas de arrefecimento, filtragem e secagem do ar;<br />

Mudanças periódicas dos filtros;<br />

Iluminação<br />

Os sistemas de iluminação apresentam boas oportunidades de implementar soluções<br />

de eficiência energética e os investimentos associados aos sistemas de iluminação<br />

são recuperados geralmente num prazo de três meses a dois anos;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

91


Caldeiras de agua quente / termofluido / geradores de ar quente<br />

Combate às fugas;<br />

Utilização de água quente canalizada;<br />

Fornos e estufas<br />

Actualização da tecnologia dos fornos;<br />

Outros<br />

Promoção da implementação de Programas de Gestão Energética;<br />

Conhecer a empresa;<br />

Focalização na cooperação do estado com as empresas;<br />

Políticas de benefícios fiscais às empresas com base na eficiência energética;<br />

Promoção de Redes de cooperação empresariais de forma a maximizar os resultados;<br />

Promoção da introdução nas empresas de Sistemas de Gestão da Energia;<br />

Novos métodos de preparação das areias;<br />

Nivelamento de cargas de produção, com redução/eliminação de tempos de espera;<br />

Apoio do estado à utilização de novas tecnologias mais eficientes do ponto de vista<br />

energético;<br />

Apoio do estado à utilização sustentável e eficiente da energia;<br />

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92


SECTOR AGROALIMENTAR<br />

IDENTIFICAÇÃO DE PROJECTOS E ESTUDOS SECTORIAIS<br />

POTENCIAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA APLICADA A PRODUÇÃO DE<br />

LEITE NO BRASIL 12<br />

INTRODUÇÃO<br />

A indústria de alimentos e bebidas possui um grande potencial de aplicação de medidas<br />

de eficiência energética, pois é o segundo maior consumidor de energia de fontes<br />

primárias. Estudando os subsectores de alimentos e bebidas, como o subsector de<br />

produção de leite, verifica-se um grande potencial de ganhos na eficiência energético a<br />

ser explorado. Este potencial deve-se à grande demanda requerida de energia eléctrica<br />

devido ao crescimento do mercado para consumo interno e externo - taxa média anual de<br />

crescimento de 4% - bem como problemas advindos do grande uso de energia eléctrica<br />

por todos os sectores como principal fonte de energia. Desta maneira, a viabilidade de<br />

projectos que tratam de energia renovável, geração distribuída e produção mais limpa<br />

são explícitos, bem como a necessidade dessas novas tecnologias para a redução dos<br />

GEEs (gases de efeito de estufa).<br />

O sector industrial no Brasil corresponde ao maior consumidor final de energia eléctrica,<br />

sendo responsável por quase metade do valor total de energia eléctrica consumida,<br />

segundo informações do Balanço Energético Nacional (2007). Verificando apenas o<br />

sector industrial, o segmento de alimentos e bebidas é o segundo maior consumidor de<br />

energia de fontes primárias.<br />

Em 2007, este sector consumiu cerca de 18.644 tep do total de 39.021 tep do sector<br />

industrial. Tendências mundiais mostram que as actividades industriais de sucesso serão<br />

aquelas que apresentarem maior eficiência de produção e somente elas poderão<br />

competir por mercados consumidores.<br />

Com o visível potencial da indústria de alimentos e bebidas para aplicação de medidas de<br />

eficiência energética, é válido avaliar os subsectores que estão em nítido crescimento no<br />

cenário nacional para viabilizar a aplicação de tais medidas. Dentre os subsectores em<br />

12 Potencial De Eficiência Energética Aplicada A Produção De Leite No Brasil<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

93


franco crescimento, destaca-se o mercado produtor de leite, que desponta como o 4º<br />

maior produtor mundial de leite e produzindo cerca de 66% do total de leite produzido no<br />

Mercosul. A taxa de crescimento anual é de 4%, sendo maior que as taxas de<br />

crescimento dos países que ocupam os primeiros lugares - Canadá, México, Estados<br />

Unidos e Argentina (USDA, 2008). Dentre as vertentes do desenvolvimento industrial está<br />

a modernização de tecnologias para eficiência energética e as energias renováveis, que<br />

resultou num aumento do consumo de energia em países em desenvolvimento (JANUZZI<br />

e SWISHER, 1997). Esforços para questões energéticas podem ficar comprometidos se a<br />

disponibilidade de fontes e a capacidade de transmissão/distribuição de energia forem<br />

negligenciadas, acarretando com isso em nova crise neste sector estratégico.<br />

Pensando apenas no mercado produtor de leite, medidas de eficiência energética podem<br />

ser aplicadas, utilizando recursos das próprias instalações rurais, realizando a geração<br />

distribuída de energia. O presente artigo tem por objectivo verificar o potencial de<br />

eficiência energética no subsector leiteiro, na indústria de brasileira de alimentos.<br />

DESCRIÇÃO<br />

Material e Métodos<br />

Para elaborar o presente artigo foram utilizados dados da indústria brasileira de alimentos<br />

e bebidas extraídos da PIA -Pesquisa Industrial Anual (2006), BEN - Balanço Energético<br />

Nacional (2007) e PNE - Plano Nacional de Energia 2030 do Ministério de Minas e<br />

Energia (MME, 2008), Pintec – Pesquisa de Inovação Tecnológica (2005), USDA - United<br />

States Department of Agriculture (2008) e artigos relacionados ao tema. Analisaram-se os<br />

dados de consumo de energia no sector de produção de leite para a verificação do<br />

potencial real de eficiência energética.<br />

Resultados e Discussão<br />

Analisando o cenário nacional com auxílio dos dados da PINTEC (2005), que apresenta<br />

indicadores sectoriais, nacionais e regionais das actividades de inovação tecnológica nas<br />

empresas industriais, compatíveis com as recomendações internacionais em termos<br />

conceituais e metodológicos, dele retira-se que o sector de alimentos e bebidas inova<br />

pouco comparativamente a outros sectores industriais e gasta quase o dobro da energia<br />

que a média das indústrias de transformação para produzir US$ 1.000 (MME, 2004).<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

94


As informações acima contribuem com uma grande relevância no sector de alimentos e<br />

bebidas para aplicação de medidas de eficiência energética, assim como em outros<br />

segmentos industriais (PNE, 2030). Com um cenário favorável, programas e acções<br />

voltados ao desenvolvimento sustentável envolvendo o uso de energia renovável bem<br />

como sistemas para eficiência energética têm sido responsáveis pelo fato do país possuir<br />

uma matriz energética limpa, com baixas emissões de GEE no sector energético. Tais<br />

projectos ajudam na estabilização da concentração de GEE na atmosfera ao mesmo<br />

tempo que contribuem para o desenvolvimento sustentável no longo prazo. De acordo<br />

com o inventário nacional de emissões de GEE (Lima et al., 2006), os sistemas<br />

supracitados respondem por aproximadamente 30 mil toneladas de CH4 emitido por ano.<br />

Focando no mercado de produção de leite, verifica-se que este sector tem um importante<br />

papel social (sobretudo na geração de empregos), com mais de 1,1 milhão de<br />

propriedades rurais explorando leite e ocupando directamente 3,6 milhões de pessoas.<br />

Tais dados sugerem que tais produtores têm-se tornado cada vez mais qualificados<br />

tecnicamente (EMBRAPA, 2004) à medida que a educação e formação são decisivos<br />

para a aplicação de novas tecnologias e para o manejo de sistemas de produção<br />

(BEZERRA e MAGALHÃES, 2004), facilitando a implementação de medidas de eficiência<br />

energética.<br />

Com base nos dados da PIA (2006), após consulta a 472 empresas com mais de 30<br />

empregados, os custos energéticos em lacticínios tem crescido acentuadamente ao longo<br />

dos últimos anos, correspondendo em 2006 em mais da metade dos custos totais.<br />

Numa análise mais detalhada, verifica-se que existe uma certa linearidade no custo do<br />

consumo de energia até o ano de 2001, havendo, após este período, um crescente<br />

aumento até os dias actuais. Este factor deve-se a algumas situações, como o apagão de<br />

luz que houve em 2001, aumentando o valor da tarifa e crescimento do sector, fazendo o<br />

gasto de energia aumentar.<br />

Por outro lado, analisando detalhadamente os gastos energéticos do sector por<br />

actividades, verifica-se que no sector de produção de leite, o manejo adequado de<br />

dejectos animais com base em digestão anaeróbica (DA) que possibilita a captação de<br />

metano (CH4), um dos gases do efeito estufa (GEE), para produção de energia, oferece<br />

aplicação potencial no curto prazo para produtores de leite nacionais.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

95


RESULTADOS<br />

Em face do exposto, projectos de pesquisa, desenvolvimento e inovações tecnológicas<br />

(PD&I) focados neste sector da economia podem incrementar a estabilidade financeira<br />

das unidades produtoras e demais actores económicos ao longo da correspondente<br />

cadeia, contribuindo para aumentar a sua sustentabilidade no mercado.<br />

À medida que a produção de leite no Brasil registou um aumento de 248% face a 78% de<br />

outros sectores da economia em 2001 (Embrapa, 2004), as melhorias introduzidas neste<br />

sector estratégico podem gerar impactos superiores ao de outros sectores importantes<br />

tais como construção civil, siderurgia, têxtil e automóvel.<br />

Ainda que isoladamente, muitas das tecnologias a serem utilizadas já se encontram<br />

disponíveis. Vale a pena, pois, investigar como tais tecnologias podem ser devidamente<br />

―atreladas‖ num sistema passível de ser incluído no mesmo veículo ora utilizado pela<br />

logística de colecta de leite. Tais medidas acarretarão em benefícios, tais como:<br />

Substituição de combustíveis fósseis e lenha (geralmente consumidos em<br />

caldeiras de lacticínios), mais uma vez reduzindo emissões de GEE;<br />

Contribuição para melhoria do meio ambiente junto aos pequenos produtores<br />

rurais pela redução da proliferação de vectores (ex: insectos) e de odores<br />

mediante a instalação de biodigestores;<br />

Produção de biofertilizantes a partir dos sedimentos (materiais sólidos)<br />

acumulados nos biodigestores, permitindo assim a reciclagem de nutrientes nas<br />

unidades produtoras de leite e a subsequente redução no uso de fertilizantes<br />

químicos. Assim, a eficiência energética constitui um caminho claro para a<br />

sustentabilidade no mercado de produção de leite brasileiro, seja pela importância<br />

económica, seja por seu carácter ambiental.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

96


IDENTIFICAÇÃO DE CASO DE SUCESSO<br />

RELATORIO INDICADOR DE DESEMPENHO ENERGÉTICO: ―FLUID MILK<br />

PLANTS‖ 13 - CANADÁ<br />

INTRODUÇÃO<br />

Em linha com os estudos anteriores realizados pelo Competitive Analysis Centre Inc.<br />

(CACI), este estudo sobre a eficiência energética das fábricas canadenses de<br />

processamento de leite foi realizado no contexto da cadeia de valor agregado. O estudo<br />

incidiu sobre instalações de processamento de leite, incluindo a energia necessária para<br />

transformar o leite cru numa matriz de produtos. A análise começou no leite cru entregue<br />

pelas instalações produtoras de leite, passando pelos silos da fábrica e termina com o<br />

transporte de produto acabado. O gráfico a seguir mostra o fluxo de processos-chave<br />

considerados:<br />

Produtores<br />

Processadores<br />

Armazenistas<br />

Retalhistas<br />

A análise centrou-se principalmente nos produtos lácteos de base líquida. Excluiu-se as<br />

exigências de energia para o processamento de outros produtos lácteos (como misturas<br />

de iogurte) em fábricas onde são produzidos esses itens.<br />

DESCRIÇÃO<br />

Fábricas de processamento de leite<br />

Em 1998, a CACI concluiu uma análise de benchmarking global de 18 fábricas de<br />

processamento de leite para a National Dairy Council of Canada (NDCC). Dezassete<br />

13 Energy Performance Indicator Report: Fluid Milk Plants<br />

Prepared for the National Dairy Council of Canada<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

97


dessas fábricas - todas as que permanecem em laboração - participaram deste estudo,<br />

que foi realizado em 2000. Consistente com o estudo de 1998, realizado pela NDCC, a<br />

CACI focou-se em duas categorias de fábricas: fábricas básicas e fábricas complexas.<br />

Fábricas básicas (oito participantes)<br />

Os produtos considerados incluem:<br />

Leite (pasteurizado e UHT);<br />

Natas (não incluindo as UHT);<br />

Leite achocolatado;<br />

Leites especiais.<br />

Fábricas complexas (nove participantes)<br />

Os produtos considerados incluem os das fábricas básicas e ainda os seguintes:<br />

- Natas UHT;<br />

- Gelados de nata;<br />

- Misturas de iogurte.<br />

No caso das fábricas básicas, todos os processos – do leite até ao transporte – foram<br />

incluídos na análise.<br />

No caso das fábricas complexas, o estudo incidiu apenas sobre as necessidades de<br />

energia para os produtos lácteos líquidos. Os produtos como iogurtes, sorvetes, misturas<br />

e cremes UHT não foram considerados. Fábricas complexas podem produzir uma grande<br />

variedade destes produtos e não seria possível fazer comparações significativas entre<br />

elas.<br />

Para ambos as situações, a análise focou-se em cinco etapas da produção e três<br />

categorias de fábricas.<br />

As 17 fábricas participantes neste estudo representam cerca de 56 por cento de todo o<br />

leite fluido processado no Canadá. Dos cinco maiores processadores de leite fluido (em<br />

termos de throughput), teve pelo menos uma fábrica no presente inquérito. A distribuição<br />

geográfica dos participantes foi a seguinte:<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

98


Localização<br />

Nº de Fábricas<br />

Canadá Oeste 4<br />

Ontário 5<br />

Quebec 4<br />

Canadá Atlântico 4<br />

Total 17<br />

A distribuição dos participantes por volume anual de produção foi a seguinte:<br />

Milhões de litros<br />

Nº de Fábricas<br />

< 20 0<br />

20 - 40 5<br />

40 - 80 5<br />

> 80 7<br />

Total 17<br />

Informação de base sobre as fábricas participantes<br />

Foram recolhidas informações detalhadas de cada uma das 17 fábricas para determinar a<br />

utilização de energia e os custos envolvidos. Na energia está incluída a electricidade, o<br />

gás natural e outros combustíveis (incluindo o óleo combustível leve, o bunker C e<br />

propano). A CACI alocou esta energia dentro das fábricas básicas e complexas em oito<br />

categorias de uso (ou seja, as cinco fases da produção e as três categorias de serviços<br />

da fábrica). Os procedimentos estão descritos abaixo.<br />

Fábricas básicas<br />

a) Os participantes alocaram a energia entre os produtos lácteos e outros produtos<br />

(sucos, misturas, etc.).<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

99


) A energia para os produtos lácteos era, por sua vez, alocada nas oito categorias<br />

de custo. Os participantes alocaram a electricidade com base na potência e horas<br />

de uso e estimaram a distribuição percentual para vapor e ar comprimido.<br />

Fábricas complexas<br />

a) Os participantes alocaram a energia entre os produtos lácteos e outros produtos.<br />

b) Eles alocaram a energia eléctrica entre os produtos lácteos brancos e produtos<br />

complexos (sorvete, iogurte, mistura, etc.) com base na potência e horas de uso.<br />

c) Os participantes também estimaram a percentagem de vapor e ar comprimido<br />

alocados ao leite branco e produtos complexos.<br />

A alocação de energia para o leite branco produzido nas oito categorias de custos (fases<br />

da produção e serviços da fábrica) foi baseada em potência (cavalos vapor – hp e horas<br />

de uso da electricidade) e estimativas dos participantes para o vapor e o ar comprimido.<br />

<strong>Benchmarking</strong>: unidade de medida comum<br />

As 17 fábricas participantes do estudo utilizam diferentes percentagens de fontes de<br />

energia - gás natural, bunker C, óleo combustível leve e propano, além de electricidade.<br />

Com objectivo de estabelecer metas de referência e fazer comparações entre as fábricas,<br />

toda a energia foi convertida em Kilowatt-hora (kWh) equivalente.<br />

Os factores de conversão são ilustrados na tabela seguinte:<br />

Tipo de combustível Unidade kWh equivalente<br />

Electricidade KWh 1<br />

Gás natural m3 10,58<br />

Propano m3 7,09<br />

GPL Kg 13,78<br />

Óleo combustível leve L 10,74<br />

Gasóleo L 11,67<br />

Óleo combustível pesado L 11,59<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

100


Definição das metas de referência<br />

O benchmarking implica o estabelecimento, primeiro, de parâmetros envolvidos para o<br />

uso de energia e, em seguida, para os custos unitários de energia. A prossecução destes<br />

objectivos envolvidos no benchmarking é o seguinte:<br />

Consumo de energia;<br />

Composição (por fonte de energia);<br />

A utilização de fonte de energia;<br />

Unidade de custos de energia e total de custos de energia.<br />

<strong>Benchmarking</strong>: uso total de energia<br />

Usando a unidade de energia comum (equivalentes kWh), a fábrica de referência foi<br />

estabelecida no percentil 10 dentro das 17 fábricas da amostra.<br />

<strong>Benchmarking</strong>: Mix de fontes de energia<br />

Tendo estabelecido a referência de utilização, o próximo desafio foi determinar a<br />

composição energética do benchmark. Esta composição foi estabelecida com base numa<br />

"média simples" dos 17 participantes do estudo. Três fontes de energia foram utilizadas:<br />

electricidade, gás natural e outros combustíveis (incluindo bunker C, óleo combustível<br />

leve e propano).<br />

<strong>Benchmarking</strong>: Utilização por tipo de energia<br />

O benchmark para a utilização por fonte energética foi determinado com base no uso de<br />

referência e composição dos pontos anteriores. Subdividir os dados de referência pela<br />

fonte de energia, torna-se necessário para a determinação dos custos unitários de<br />

referência.<br />

<strong>Benchmarking</strong>: Custos unitários de energia<br />

Os custos unitários de referência por fonte de energia foram estabelecidos como o<br />

percentil 10 dos custos das fábricas que utilizam essa fonte de energia.<br />

Análise comparativa do custo total da energia<br />

Os custos unitários, composições de uso referidos nos parágrafos anteriores foram<br />

usados para chegar ao custo da energia de referência.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

101


<strong>Benchmarking</strong> da utilização da energia (excluindo a refrigeração)<br />

Os refrigeradores são utilizados para diferentes fins em diferentes fábricas. Em alguns<br />

casos, os coolers servem apenas como armazenamento temporário de produtos lácteos<br />

líquidos antes desses produtos serem transferidos para armazéns para posterior<br />

distribuição. Outras fábricas usam os coolers como centros de distribuição principal. Além<br />

disso, as fábricas armazenam outros produtos lácteos e não lácteos em seus<br />

refrigeradores. Tantos fins variados tornam impossível o desdobramento do consumo de<br />

energia para todos os fins. Portanto, um conjunto de benchmarks para o consumo total<br />

de energia das fábricas - excluindo a refrigeração - foi estabelecido.<br />

Referência para o uso de energia por etapas de produção e pelos tipos de fábricas<br />

Metas de referência foram estabelecidas para as cinco etapas da produção e para os três<br />

tipos de fábricas. O valor alvo de utilização de energia foi calculado com base na divisão<br />

do valor total alvo de energia suportado por evidências das 17 fábricas.<br />

Operação<br />

Recepção de leite<br />

Separação<br />

Homogeneização /<br />

Pasteurização<br />

Enchimento<br />

Refrigeração 14<br />

Energia utilizada<br />

xx<br />

xx<br />

xx<br />

xx<br />

xx<br />

Serviços fabris<br />

Limpeza<br />

HVAC<br />

Outros 15<br />

Total<br />

xx<br />

xx<br />

xx<br />

xxx<br />

14 Utilizações dos coolers diferem substancialmente entre as fábricas. Comparações entre fábricas<br />

devem ser feitas com cuidado.<br />

15 Inclui bobines de refrigeração, trasfegas, lavagens de vasilhame e recepção de produtos.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

102


Análises ao nível da fábrica<br />

As análises principais ao nível total da fábrica consistiram em comparar o consumo dos<br />

componentes de energia (kWh equivalentes) e os custos de energia ($ / kWh) para os<br />

valores de referência.<br />

A análise de variância determina os custos de não se atinge os padrões de referência.<br />

Estas variações de custos foram subdivididas em variância de utilização (isto é, consumo<br />

de energia) e em variância de preço (custo).<br />

Análises intra-fábrica<br />

Conforme descrito anteriormente, o uso de energia e os custos dentro das fábricas foram<br />

divididos em cinco etapas de produção e três tipos de fábricas. Em todos os casos, o uso<br />

(consumo de energia - kWh / l) e custo ($ / l) foram comparados com os valores de<br />

referência.<br />

Resultados do <strong>Benchmarking</strong><br />

a – Consumo total das fábricas (kWh / l)<br />

A meta de uso de energia de referência foi 0,1183 kWh / l. Este consumo reflecte o<br />

percentil 10 das fábricas na amostra.<br />

b – Sem o consumo dos Coolers (kWh / l)<br />

O alvo de benchmarking para o consumo total da fábrica, excluindo os coolers, foi de<br />

0,1162 kWh / l (ou seja, 0,1183 menos 0,0021)<br />

c - Custo unitário de energia ($ / kWh)<br />

O custo unitário de referência para a energia foi fixado em $ 0.0241/kWh com o cooler e<br />

US $ 0.0237/kWh excluindo os coolers.<br />

Diferenças nos resultados dos benchmarks resultam de mudanças na<br />

composição das fontes de energia utilizadas.<br />

d - <strong>Benchmarking</strong> de consumo por etapa da produção<br />

Foram estabelecidos os seguintes parâmetros de referência por etapa de produção:<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

103


Operação<br />

Consumo de energia<br />

kWh / l<br />

Recepção de leite 0,0050<br />

Separação 0,0050<br />

Homogeneização / Pasteurização 0,0526<br />

Enchimento 0,0100<br />

Refrigeração 0,0021<br />

Serviços fabris<br />

Limpeza 0,0300<br />

HVAC 0,0050<br />

Outros 16 0,0086<br />

Total 0,1183<br />

Análises comparativas ao nível de fábrica<br />

As análises ao nível de fábrica consistiram em comparar os dados para as 17 fábricas<br />

com as metas de referência. As análises ao nível de fábrica descrevem o seguinte:<br />

Consumo total de energia da fábrica;<br />

Consumo total de energia da fábrica excluindo o refrigerador;<br />

Custos totais da unidade de energia de electricidade, gás natural e<br />

outros combustíveis;<br />

Custos de energia para produtos lácteos líquidos.<br />

Além disso, este relatório analisa as variações dos custos unitários das metas de<br />

referência atribuídos ao consumo (ou seja, a eficiência energética) e custos unitários (ou<br />

seja, a diferença dos custos unitários). Os factores utilizados para converter toda a<br />

energia para kWh foram os descritos anteriormente.<br />

16 Inclui bobines de refrigeração, trasfegas, lavagens de vasilhame e recepção de produtos.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

104


Eficiência energética total<br />

Consumo total da fábrica (eficiência energética)<br />

A eficiência energética para a fábrica foi determinada com base no consumo total e o<br />

consumo total excluindo os coolers. O consumo de energia tem variações significativas<br />

entre as fábricas: de 0,1104 a 0,2943 kWh / l para o total das fábricas e de 0,1044 a<br />

0,2896 kWh / l para o total das fábricas excluindo os coolers.<br />

O consumo unitário de energia varia de 90% a 275% dos níveis de referência. Estava<br />

previsto que os resultados poderiam ilustrar economias de escala no consumo de<br />

energia. Os resultados da comparação do consumo unitário de referência de energia com<br />

o valor obtido estão ilustrados na figura seguinte:<br />

0,25<br />

0,229<br />

0,22033<br />

0,2<br />

0,1655<br />

0,15<br />

0,1<br />

0,05<br />

0<br />

20-50 50-100 +100<br />

Produção (milhões litros / ano)<br />

Os custos de energia não mostram as economias de escala normalmente encontrados<br />

nas análises das fábricas de leite, contudo a energia representa apenas uma pequena<br />

percentagem dos custos totais.<br />

Mix de fontes de energia<br />

As fábricas pesquisadas utilizam diferentes fontes de energia. As diferenças entre as<br />

fábricas são descritas abaixo, como a utilização da electricidade, do gás natural e de<br />

outros combustíveis (como o bunker C, o óleo combustível leve e o propano).<br />

Electricidade<br />

A energia eléctrica representa uma percentagem significativa do total de energia para<br />

todas as fábricas. A proporção de uso total da electricidade no total da energia<br />

consumida por fábrica (kWh numa base equivalente) variou de 21,9 a 54,7%.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

105


Gás Natural<br />

O gás natural é utilizado em 13 das 17 fábricas analisadas. O consumo de gás natural<br />

como um percentual do uso total de energia (kWh numa base equivalente) variou dos<br />

45,0 a 77,6% na amostragem realizada.<br />

Outros Combustíveis<br />

Nove das 17 fábricas utilizam outros combustíveis (incluindo bunker C, óleo combustível<br />

leve e propano). O uso de outros combustíveis como uma percentagem de utilização total<br />

de energia (kWh numa base equivalente) variou de 0,1 a 68,0%.<br />

Custos unitários de energia<br />

Os custos unitários diferiram significativamente entre as fábricas. Estas diferenças<br />

existem para o total de energia e para os custos unitários de electricidade, gás natural e<br />

outros combustíveis.<br />

Custos médios ponderados por unidade de energia<br />

Os custos unitários de energia variam quer por tipo de combustível, quer por tipo de<br />

fábrica. Uma taxa média de utilização para cada fábrica foi calculada pela ponderação<br />

dos custos unitários específicos de energia de electricidade, gás natural e outros<br />

combustíveis com base no seu consumo pertinente de kWh equivalente.<br />

A taxa de referência foi fixada em $ 0,0241 / l (percentil 10). A ponderação do custo<br />

unitário médio de energia variou de um mínimo de US $ 0.0178/kWh a um máximo de US<br />

$ 0.0455/kWh.<br />

Custo unitário de electricidade<br />

Os custos unitários de electricidade variaram de um mínimo de $0.0454/kWh até um<br />

máximo de $0.0796/kWh. O valor de benchmark foi estabelecido em $0.0460/kWh.<br />

Custo unitário do gás natural<br />

Os custos unitários do gás natural, na unidade equivalente kWh, variaram<br />

significativamente no conjunto das 13 fábricas que utilizam este combustível, de um<br />

mínimo de $0.0094/kWh a um máximo de $0.0205/kWh ($0.0999/m 3 to $0.2172/m 3 ). O<br />

valor de benchmark estabelecido foi de $0.0096/kWh ou $0.1018/m 3 .<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

106


Custo unitário de outros combustíveis<br />

Os custos unitários de outros combustíveis, na unidade equivalente kWh, variaram<br />

significativamente no conjunto das 9 fábricas que utilizam este combustível, de um<br />

mínimo de $0.0134/kWh a um máximo de $0.0505/kWh. O valor de benchmark<br />

estabelecido foi de $0.0146/kWh.<br />

RESULTADOS<br />

Abordagem para uma economia potencial de energia<br />

As secções anteriores documentaram áreas potenciais de poupança significativa de<br />

energia. Esta secção oferece várias ideias para a economia de energia, extraídas dos<br />

seguintes relatórios:<br />

Estudo da Competitive Analysis Centre Inc. (CACI) submetido à Agriculture and<br />

Agri-Food Canada, Agosto de 1999<br />

Relatório de Indicadores de Desempenho Industrial da Marbek Resource<br />

Consultants Ltd. submetido à Natural Resources Canada, Março de 1999.<br />

Estudo da Competitive Analysis Centre Inc. (CACI)<br />

Cinco empresas participaram do estudo do CACI, que delineou estas economias<br />

potenciais de electricidade e de gás natural.<br />

Electricidade<br />

A grande maioria dos projectos de economia de energia em fábricas de outros produtos<br />

lácteos diários no Canadá já foram realizadas. No entanto, essas fábricas poderiam<br />

reduzir o seu uso de electricidade em até 10% com as seguintes iniciativas:<br />

Instalar iluminação energeticamente eficiente;<br />

Estabelecer melhores práticas de monitorização;<br />

Alterar as práticas de trabalho (ou seja, mudar para uma semana de sete dias,<br />

prolongar o período entre clean-ups);<br />

Gás Natural<br />

Embora as fábricas não devem esperar reduzir o uso global do gás natural em mais de<br />

10%, práticas específicas, tais como as seguintes indicadas, podem reduzir o consumo<br />

em mais de 10% para determinadas áreas das fábricas:<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

107


Recompressão mecânica de vapor;<br />

Substituir caldeiras mais velhas por mais novas, modelos mais eficientes em<br />

termos energéticos;<br />

Estabelecer melhores práticas de monitorização;<br />

Alterar as práticas de trabalho (ou seja, mudar para uma semana de sete dias,<br />

prolongar o período entre clean-ups).<br />

Relatório de Indicadores de Desempenho Industrial da Marbek Resource<br />

Consultants Ltd.<br />

O relatório Marbek identificou as seguintes oportunidades de conservação de energia:<br />

Medidas para a conservação de água quente<br />

As fábricas de processamento de leite usam uma grande quantidade de energia para<br />

produzir água quente. Uma fábrica energicamente eficiente pode reduzir o seu consumo<br />

de água quente através da implementação de uma série de medidas lowcost, tais como<br />

as seguintes:<br />

Use bicos eficientes na limpeza com mangueiras;<br />

Controlo das operações de lavagem gerais e locais em volume, em vez de tempo;<br />

Trate derramamentos de ingredientes secos como resíduos sólidos, em vez de<br />

lavá-los;<br />

Use água aquecida à temperatura adequada, em vez de injecção de vapor;<br />

Assegurar que as mangueiras de água quente estão desligadas e que os<br />

procedimentos para as operações de limpeza locais demoram o tempo correcto;<br />

Manter a água quente e tubos de vapor livres de vazamentos;<br />

Uma instalação que conserva a água quente consome de combustível 5% menos do<br />

que uma fábrica que não o faça.<br />

Refrigeração durante os meses de inverno<br />

Uma quantidade significativa de energia é utilizada em fábricas para refrigerar produtos.<br />

As fábricas podem aproveitar o tempo frio para refrigerar seus produtos sem<br />

praticamente nenhum custo. Noutras palavras, se a temperatura exterior é inferior à<br />

temperatura do espaço de refrigeração do produto, o ar exterior pode substituir o<br />

sistema de refrigeração. Devidamente aplicado, este sistema de refrigeração sem custo<br />

pode reduzir o consumo energético em 15% em fábricas na maior parte do Canadá.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

108


Controlo eficiente de caldeiras<br />

As fábricas podem melhorar a eficiência das suas caldeiras através da instalação de<br />

controlos de low-excess de ar. Esses controlos medem continuamente o nível de<br />

oxigénio nos gases da pilha e controlam o fluxo de ar para a quantidade exacta para a<br />

combustão adequada. O upgrade deste tipo de controlo pode reduzir o consumo total<br />

de combustível até 2%.<br />

Recuperação de calor de efluentes líquidos<br />

Na maioria das fábricas, grandes volumes de água quente são despejados para o<br />

esgoto ou dreno. As fábricas devem recuperar tanto calor quanto possível antes de<br />

proceder à descarga de água quente. Permutadores de calor colocados em sistemas de<br />

evacuação de água quente podem ser usados para pré-aquecer água do processo ou<br />

para a caldeira de água. Um sistema alargado de recuperação de calor poderia reduzir<br />

as necessidades de combustível das caldeiras em 5 a 10%.<br />

Monitorização e upgrading de sistemas de ar comprimido<br />

A maioria das instalações de processamento de lacticínios tem sistemas centralizados<br />

que fornecem ar comprimido ao longo das fábricas. Tais sistemas podem tornar-se<br />

muito ineficientes se não forem monitorizados constantemente, mas as fábricas podem<br />

melhorar a eficiência em 10% ou mais, se optarem pela instalação de melhores<br />

controlos, testes e monitorização de vazamentos e instalando sistemas mais eficientes<br />

de secagem do ar.<br />

Variadores de velocidade em ventoinhas de ventilação<br />

A construção de sistemas de ventilação normalmente requer uma quantidade<br />

significativa de potência. O fluxo real necessário depende das condições<br />

meteorológicas e da actividade no edifício. Usando variadores de velocidade para<br />

controlo das ventoinhas, pode-se reduzir o consumo de energia em 20 a 40%.<br />

Variadores de velocidade em Bombas<br />

Na produção de leite fluido, o leite é frequentemente bombeado de um tanque para<br />

outro. Em vez de confiar em válvulas para controlar o volume de bombeamento (que<br />

depende da pressão nas linhas e dos níveis de tanque), as fábricas podem instalar<br />

variadores de velocidade para aumentar a eficiência.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

109


Co-geração<br />

Por causa de sua contínua necessidade de água quente, muitas fábricas de leite<br />

beneficiariam de centrais de co-geração. Equipadas com motores de combustão, microturbinas<br />

a gás, estas fábricas produziriam simultaneamente energia eléctrica e água<br />

quente. Em muitos locais, o custo de produzir essa electricidade nas fábricas é menor<br />

do que as taxas de fornecimento locais de electricidade.<br />

Motores de alta eficiência<br />

A instalação de motores eficientes pode economizar energia. Os motores grandes de<br />

alta eficiência (100 hp e mais) são 1% mais eficientes do que a média. Para motores<br />

pequenos de alta eficiência (10 hp), a diferença é de cerca de 3%.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

110


ECONOMIA E ESTRATÉGIA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM ESPANHA<br />

2004-2012 - PLANO DE ACÇÃO 2008-2012 QUADRO REFERENCIA:<br />

AGRICULTURA E PESCAS 17<br />

INTRODUÇÃO<br />

Actualmente, a maior parte da atenção do sector agrário centra-se nas oportunidades que<br />

a agricultura oferece ao sector energético como produtores de energias renováveis<br />

(biomassa e bio-combustíveis), mas o foco deve ser essencialmente sobre a procura e o<br />

uso eficiente e sustentável de energia no sector.<br />

O sector agrícola tem um impacto limitado sobre a necessidade total (3,5% da energia<br />

final consumida), mas é um sector estratégico em que medidas de eficiência energética<br />

poderão ser muito importantes para o seu futuro, através da redução dos seus custos de<br />

energia e a ajudar a sustentabilidade do desenvolvimento rural, isto apesar do maior<br />

esforço necessário, tanto técnico como económico, a respeito da sensibilização para<br />

cada medida prevista neste Plano.<br />

Na análise realizada ao consumo de energia no sector e previsão do seu<br />

desenvolvimento, pode ser observado que as máquinas agrícolas e sistemas de irrigação<br />

são responsáveis por uma grande percentagem do consumo para o sector e, portanto,<br />

este é o lugar onde o esforço tem sido concentrado até à data para introduzir critérios de<br />

eficiência energética. Também pode ser visto que em terceiro lugar surge o sector das<br />

pescas.<br />

Uma vista sobre o consumo de energia no sector à época, no desenvolvimento sobre a<br />

previsão do consumo de energia para o ano de 2012, previa-se o seguinte:<br />

Aumento previsível no consumo total de energia na produção agrícola, induzida<br />

quer pelas técnicas de cultivo, quer pelo aumento das áreas de superfície de<br />

irrigação, que dariam origem a um aumento no consumo (4,08 Mtep / ano em<br />

2000 para 4,92 Mtep / ano em 2012).<br />

As máquinas agrícolas, juntamente com as culturas de irrigação, são<br />

responsáveis por cerca de 70% do consumo de energia para o sector.<br />

Há um potencial de poupança através de modernização das frotas de veículos<br />

agrícolas e da mudança de irrigação por pulverização para irrigação localizada e<br />

outras acções menos significativas.<br />

17 Saving and energy efficiency strategy in Spain 2004-2012 - Action plan 2008-2012 sectoral<br />

framework. agriculture and fisheries<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

111


No PNA II, o sector agrário é plenamente tido em consideração, tanto como<br />

consumidor de energia, como pela sua importância como retentor de carbono.<br />

Consumo 2004-2007<br />

O sector agrícola representa cerca de 12% do consumo total, permanecendo mais ou<br />

menos constante ao longo dos últimos anos.<br />

Como fontes de energia, o diesel representava 85% em 2004 do consumo de energia no<br />

Agricultura e Pescas (90% em 2001) e o restante é principalmente a electricidade, cerca<br />

de 13%, essencialmente para a agricultura de irrigação.<br />

Deve-se ressaltar que, de acordo com as "Estatísticas da Indústria Energia Eléctrica"<br />

para 2004 (Ministério da Indústria, Comércio e Turismo), a irrigação agrícola consumiu<br />

mais de 2.287 GWh, o que representa 1% do consumo nacional de electricidade e um<br />

custo de 155 M€. Existem diferenças importantes no consumo real de energia na<br />

agricultura e no sector das pescas, de acordo com as várias fontes. No entanto, foi<br />

decidido manter os dados obtidos no E4, apoiados por estudos sectoriais e por consenso<br />

e com base nos consumos reais até 2007, são o ponto de partida deste plano de acção<br />

2008-2012. Portanto, será tomada como consumo real:<br />

Consumo actual na agricultura e pescas (ktep)<br />

Ano 2000 Ano 2006 Ano 2007<br />

4.089 4.306 4.350<br />

Fonte: E4 2004 - 2012<br />

DESCRIÇÃO<br />

Objectivos:<br />

A definição dos objectivos do Plano de Acção 2008-2012 teve como ponto de partida os<br />

objectivos da E4 2004-2012 e os resultados do Plano de Acção 2005-2007. Para isso, os<br />

cenários de referência e eficiência da E4 foram levados em consideração na definição<br />

dos novos objectivos de poupança para o sector. A fim de definir os objectivos do Plano<br />

de Acção 2008-2012, os seguintes critérios foram utilizados:<br />

Tomou-se como referência do consumo para o ano 2007 o valor de 4.350 ktep,<br />

que se relaciona com o cenário de eficiência previsto na E4.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

112


Manutenção do mesmo cenário de eficiência em 2012. A poupança potencial de<br />

energia no ano de 2012, prevista no Plano de Acção 2008-2012, será de 348 ktep,<br />

o objectivo definido na E4.<br />

Em 2012, a poupança anual será de 348 ktep, o equivalente a 7,1% do consumo<br />

previsto pelo E4 e a poupança acumulada no período do Plano de Acção será de<br />

1357 ktep.<br />

A redução das emissões de CO2 no período de cinco anos de 2008-2012 será de<br />

4925 ktCO2.<br />

Cenários de base / Cenários de eficiência do E4 na Agricultura e Pescas<br />

2008 2009 2010 2011 2012<br />

Total<br />

2008 - 2012<br />

Cenário base do E4 4.588 4.671 4.754 4.837 4.920 23.769<br />

Cenário de eficiência do E4 4.394 4.437 4.482 4.527 4.572 22.412<br />

Objectivo de poupança do E4<br />

(Ktep)<br />

194<br />

4,2%<br />

233<br />

5,0%<br />

272<br />

5,7%<br />

310<br />

6,4%<br />

348<br />

7,1%<br />

1.357<br />

Emissões evitadas (ktCO2) 702 843 985 1.126 1.269 4.925<br />

As medidas a implementar para alcançar a poupança estimada são agrupados em torno<br />

dos seguintes conceitos:<br />

- Formação e Informação em técnicas para o uso eficiente da energia na Agricultura e<br />

Pescas (medida 1).<br />

- Máquinas Agrícolas<br />

- Incorporação de critérios de eficiência energética no Plano de Renovação para<br />

tractores, a fim de modernizar a frota de tractores agrícolas (medida 2);<br />

- Melhoria da eficiência energética dos tractores em uso com a revisão dos<br />

componentes de consumo de energia (medida 6).<br />

- Agricultura Irrigação<br />

- Orientações para incentivar a migração da irrigação por aspersão para irrigação<br />

localizada (medida 3);<br />

- Auditorias e definição de planos para implementar melhorias energéticas em<br />

comunidades de irrigação (medida 5).<br />

- Pescas: Melhoria na poupança e eficiência energética no sector de pesca (medida 4).<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

113


- Agricultura de Conservação: apoio técnico e económico para a migração de<br />

sementeiras agrícolas para Agricultura de Conservação (tradicional e cobertura do solo)<br />

(medida 7).<br />

As medidas 4, 5, 6 e 7 foram considerados no Plano de Acção 2005-2007 anteriores<br />

como medidas complementares e são desenvolvidas neste novo Plano de Acção.<br />

Os custos deste Plano de Acção serão essencialmente voltados para a eliminação das<br />

barreiras económicas, de hábitos ineficientes, de comunicação e de formação. Da mesma<br />

forma, a introdução destas medidas como um todo e dentro dos limites prescritos de<br />

tempo, permitirão que o cenário de eficiência energética do E4 seja alcançado, com a<br />

transformação resultante do sector de acordo com parâmetros diferentes, que<br />

classificarão a eficácia do Plano em termos de eficiência energética.<br />

Cenário de Eficiência E4 +<br />

Um cenário de eficiência E4+ foi estabelecido tendo em consideração as medidas<br />

adicionais. O esforço adicional é baseado, preferencialmente, no aumento dos efeitos<br />

económicos, regulamentares, técnicos e de sensibilização e informação e a ajuda<br />

necessária para alcançar os objectivos finais das medidas em si próprias, com o objectivo<br />

de alcançar uma maior poupança de energia e, consequentemente, uma maior redução<br />

das emissões.<br />

Isto leva, nas datas correspondentes, os valores para o consumo e poupança de energia<br />

seguintes, comparando os cenários:<br />

Comparação de cenários na Agricultura e Pescas<br />

(Ktep) 2000 2007 2012<br />

Cenário base (E4)<br />

Cenário de eficiência<br />

(E4+)<br />

Poupança alcançada no<br />

cenário E4+<br />

Consumo<br />

energia<br />

Consumo<br />

energia<br />

Poupança de<br />

energia<br />

4.089 4.505 4.920<br />

4.089 4.305 4.545<br />

0 155 375<br />

Aumento da poupança do<br />

E4+ sobre o E4<br />

Aumento da<br />

poupança de<br />

energia<br />

0 0<br />

27<br />

13,9%<br />

As hipóteses consideradas em 2007 são as mesmas no planeamento da E4.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

114


A implementação de medidas adicionais consideradas para alcançar o objectivo de<br />

poupança de energia e redução de emissões são as seguintes:<br />

A. Pescas: Melhoria na poupança e eficiência energética no sector da Pesca (Medida<br />

4). Isto significa a introdução de tecnologias eficientes, que reduzem o consumo de<br />

diesel. O esforço adicional consiste em aumentar a poupança do consumo total<br />

definido como objectivo para o sector das pescas, com um esforço significativo em<br />

termos técnicos e de sensibilização e em termos de ajuda económica.<br />

B. Agricultura de Conservação: apoio técnico e económico para a migração de<br />

agricultura tradicional para a Agricultura de Conservação (sementeira directa e<br />

cobertura de solo). Esta medida promove a Agricultura de Conservação,<br />

incorporando-a nos Programas de Desenvolvimento Rural das Comunidades<br />

Autónomas como medidas agro-ambientais. Espera-se que, essencialmente, com<br />

maior sensibilização, a área de superfície afectada por esta migração seja maior.<br />

Além disso, para aumentar os efeitos das medidas já desenvolvidas no E4:<br />

C. Formação e informação em técnicas para o uso eficiente da energia na Agricultura<br />

e das Pescas (medida 1)<br />

O esforço necessário será composto por um maior ênfase em medidas de promoção<br />

/ formação, com a administração geral como a força motriz na introdução das<br />

medidas nas Comunidades Autónomas. Isto inclui:<br />

Linha editorial sobre o tema da eficiência energética no sector agrário e o seu<br />

plano de divulgação.<br />

Participação em cursos de formação para os formadores (IDEA).<br />

Participação em cursos de formação para agricultores em técnicas de uso<br />

eficiente de energia no sector agrário (Comunidades Autónomas).<br />

Comunicação técnica / promoção de campanhas em técnicas de eficiência na<br />

utilização da energia na agricultura.<br />

Promoção de Agricultura de Conservação (sementeira directa e cobertura do<br />

solo): seminários, workshops, cursos, linhas de pesquisa.<br />

D. Maquinaria agrícola<br />

Incorporação de critérios de eficiência energética no Plano de Renovação<br />

para tractores, a fim de modernizar a frota de tractores agrícolas (medida 2).<br />

Isto significa a ampliação do objectivo de renovação de tractores pela<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

115


disseminação cada vez maior da classificação energética para tractores,<br />

introduzindo a rotulagem energética, financiamento preferencial, etc.<br />

Melhoria da eficiência energética de tractores em uso através das TIV –<br />

inspecções técnicas, com a revisão de componentes de consumo de energia<br />

(medida 6). O esforço adicional consiste em incorporar verificação de filtros<br />

nas inspecções e outros aspectos que possam melhorar a eficiência<br />

energética.<br />

E. Agricultura Irrigação<br />

Sistema de incentivos para a migração de irrigação por aspersão para<br />

irrigação localizada (medida 3). Espera-se alargar o objectivo de migração<br />

para irrigação localizada pelo aumento das ajudas públicas.<br />

Auditorias e planos de implementação de melhorias de energia nas<br />

comunidades de irrigação (medida 5). Consiste na realização de auditorias<br />

energéticas em comunidades de irrigação e no estabelecimento de linhas de<br />

ajuda que suportem a substituição de equipamentos e sistemas.<br />

Os seguintes critérios e hipóteses foram usadas para definir os objectivos do Plano de<br />

Acção 2008-2012:<br />

Tomando como referência o consumo para o ano de 2007, a cifra de 4.350 ktep,<br />

que se relaciona com o cenário de eficiência do E4.<br />

Tornar o esforço máximo em cada medida prevista neste sector para atingir o<br />

máximo de economia possível de energia.<br />

Este Plano não leva em consideração a fixação do carbono atmosférico no solo<br />

através da migração da agricultura tradicional para a agricultura de conservação<br />

(sementeira directa em culturas extensivas e cobertura do solo em culturas<br />

lenhosas), uma vez que esta é uma redução das emissões que não surgem da<br />

poupança de energia. Se os estudos realizados até à data forem confirmados, a<br />

consideração dessa fixação de carbono significaria um aumento considerável na<br />

poupança de emissões para o sector agrícola no Plano.<br />

Realização do E4 nos termos em que foi aprovado, sem ter em conta os<br />

objectivos adicionais, significando uma economia de energia em 2012 de 348 ktep<br />

/ ano. A partir deste objectivo, o cenário de novos valores pela incorporação de<br />

novas medidas, cujos efeitos são adicionados aos indicados na E4.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

116


A economia adicional, em termos de energia e de emissões, acima do previsto no<br />

cenário de eficiência do E4, foram estimados em 27 ktep / ano e 98 ktCO2<br />

respectivamente, ou seja, um adicional de 13,9% aos objectivos poupanças da E4<br />

original.<br />

Entretanto, o novo objectivo de poupança do Plano de Acção 2008-2012 leva em<br />

conta as medidas adicionais para o sector, significando uma poupança de energia<br />

em 2012, acima do cenário de referência do E4, de 375 ktep / ano (7,6% de<br />

poupança) e uma poupança acumulada durante o período 2008-2012 de 1402<br />

ktep, equivalente a 30% do consumo esperado para o sector em 2008.<br />

A redução das emissões de CO2 no período de cinco anos 2008-2012 de 5088<br />

KtCO2, através da poupança directa de energia, não incluindo a fixação de<br />

carbono atmosférico no solo devido à migração da agricultura tradicional para a<br />

agricultura de conservação.<br />

Fixação de cenários no Plano de Acção E4+ 2008-2012 na Agricultura e Pescas<br />

2008 2009 2010 2011 2012<br />

Total<br />

2008 - 2012<br />

Cenário base E4 4.588 4.671 4.754 4.837 4.920 23.769<br />

Cenário de eficiência<br />

E4+<br />

4.394 4.437 4.477 4.514 4.545 22.367<br />

Objectivo de<br />

poupança E4+ (ktep)<br />

194<br />

4,2%<br />

234<br />

5,0%<br />

277<br />

5,8%<br />

322<br />

6,7%<br />

375<br />

7,6%<br />

1.402<br />

Redução de emissões<br />

(ktCO2)<br />

701 847 1.01 1.171 1.368 5.088<br />

Os custos do Plano de Acção serão essencialmente dirigidos à eliminação de barreiras<br />

económicas, de hábitos ineficientes e de comunicação e formação.<br />

Estas poupanças foram obtidas a partir do cenário de referência do E4 e com as medidas<br />

aplicadas em separado, elas acabaram por exceder os objectivos do cenário de eficiência<br />

do E4.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

117


RESULTADOS<br />

Plano de Acção 2008-2012 do E4+<br />

I - Medidas para o sector da Agricultura e Pescas<br />

Informação e Formação<br />

Medida 1: Campanha de comunicação/promoção de técnicas eficientes para a utilização<br />

eficiente da energia na agricultura.<br />

Objectivo:<br />

Apresentar aos agentes do sector e torná-los cientes da importância da poupança e da<br />

eficiência energética no sector agrário, especialmente no uso de equipamentos agrícolas<br />

consumidores de energia.<br />

Descrição:<br />

Continuação e expansão do programa para a implementação de acções de formação<br />

específica em técnicas para o uso eficiente da energia no sector agrário, visando<br />

agricultores e criadores de gado.<br />

II – Maquinaria agrícola<br />

Medida 2: Inclusão do critério de eficiência energética no Plano de Modernização das<br />

frotas de tractores agrícolas (Plano de Renovação de Tractores).<br />

Objectivo:<br />

Promoção da substituição de parte da frota actual de tractores agrícolas por novas e mais<br />

eficientes unidades, incentivando a selecção de equipamentos com melhor avaliação<br />

energética, de que resultará numa maior economia de energia.<br />

Descrição:<br />

Para as candidaturas, estudo dos resultados obtidos e melhorar, se for considerado<br />

aconselhável, foi emitido o Decreto Real 1539/2006 de 15 de Dezembro, que regula a<br />

concessão de ajuda para o Plano de Renovação de Tractores (2007-2009) e que lida<br />

com as condições do mesmo, utilizando critérios objectivos para uma maior eficiência<br />

energética. Este Decreto Real inclui como critério de diferenciação de ajuda, um prémio<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

118


de 30 € / hp para tractores de classe A e 10 € / hp para os de classe B, de acordo com a<br />

metodologia estabelecida em conjunto pelo MAPA e IDEA.<br />

Medida 6: Melhoria da eficiência energética dos tractores em uso através das TIV –<br />

inspecções técnicas.<br />

Objectivo:<br />

Melhorar a manutenção da frota em uso de tractores nacionais, a fim de aumentar a sua<br />

eficiência energética e economia de combustível.<br />

Descrição:<br />

Introdução na rede TIV de inspecções sobre os elementos com impacto decisivo sobre o<br />

consumo de tractores.<br />

III – Agricultura de irrigação<br />

Medida 3: Incentivos para a migração de sistemas de irrigação por aspersão para<br />

irrigação localizada.<br />

Objectivo:<br />

Redução do consumo de energia por meio da substituição de sistemas de irrigação por<br />

pulverização por sistemas de irrigação localizada, para terras e culturas que permitem<br />

essa substituição.<br />

Descrição:<br />

As medidas que devem ser adoptadas para a consecução do objectivo acima indicado<br />

incluem as seguintes acções:<br />

- Inclusão, dentro das regras para uso de água para irrigação, de um conjunto de<br />

directrizes que direccionem os agricultores para sistemas de irrigação localizada, por<br />

oposição à irrigação por aspersão.<br />

- Apoio técnico e económico para a implementação desta migração.<br />

Medida 5: Execução de Auditorias Energéticas e definição de Planos de Acção para<br />

melhorias nas Comunidades de Irrigação.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

119


Objectivo:<br />

Promover a poupança e a introdução de medidas de eficiência energética no sector da<br />

agricultura de irrigação.<br />

Descrição:<br />

Execução de Auditorias Energéticas em Comunidades de Irrigação, a abordagem de<br />

base para este tipo de acção. Os resultados obtidos vão apoiar a introdução de um<br />

―Plano de Acção para a melhoria do rendimento energético em Comunidades de<br />

Irrigação‖.<br />

IV - Pesca<br />

Medida 4: Melhoria da Poupança e Eficiência Energética no Sector das Pescas.<br />

Objectivo:<br />

Promover a poupança e a implementação de medidas de eficiência energética no sector<br />

das pescas por introdução de tecnologias eficientes.<br />

Descrição:<br />

A eficiência energética é pobre em geral no sector das pescas e o aumento do preço do<br />

petróleo dará origem a um grave problema para o sector. Com uma frota registada de<br />

mais de 10.000 navios e de emprego directo de cerca de 45.000 pessoas, o combustível<br />

é responsável por uma elevada percentagem dos custos totais.<br />

A melhor opção para enfrentar estes problemas deve ser, colocando a fé em tecnologias<br />

que reduzam o consumo, a obtenção tanto de melhorias competitivas no sector pesqueiro<br />

nacional, como no desenvolvimento tecnológico por parte de empresas espanholas, que<br />

seriam capazes de comercializar novos produtos e serviços para o mercado interno como<br />

para a exportação.<br />

Neste contexto, o Conselho de Ministros, na sua reunião de 03 de Junho de 2005, já<br />

aprovou um plano de acção para o sector de pesca espanhola, posteriormente alterada<br />

em Novembro 2005, que analisou, entre outras acções, a elaboração de propostas para a<br />

melhoria na utilização e eficiência energética deste sector.<br />

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120


V - Agricultura de Conservação<br />

Medida 7: Suporte à migração para uma agricultura de conservação (sementeira directa<br />

em cultivos extensivos e cobertura do solo com culturas lenhosas).<br />

Objectivo:<br />

O objectivo desta medida é incentivar a migração da agricultura tradicional para a<br />

agricultura de conservação (sementeira directa em culturas extensivas e cobertura do<br />

solo com culturas lenhosas) para reduzir o consumo energético do sector.<br />

Descrição:<br />

Esta medida visa apoiar, técnica e economicamente, a migração da agricultura tradicional<br />

para agricultura de conservação. Além de outras vantagens ambientais, com técnicas de<br />

agricultura de conservação (essencialmente a sementeira directa e o uso de cobertura do<br />

solo com árvores de fruto), a maior parte do trabalho sobre o solo é eliminado, o que dá<br />

origem a uma poupança importante de combustível. Isto encoraja o efeito de retenção de<br />

carbono dos solos por fixação de carbono atmosférico. A agricultura de conservação, em<br />

comparação com a agricultura tradicional e para a maioria de culturas, produz uma<br />

economia de energia estimada em mais de 10-15% e um aumento na produtividade de<br />

energia de mais de 30%. Na agricultura de conservação, a contribuição do efeito de<br />

retenção do carbono pelo solo, de acordo com estudos recentes, uma fixação de 18<br />

toneladas por hectare. Significa que, dada que 1 tonelada de carbono produz 3,7<br />

toneladas de CO2 por oxidação, que em cada hectare, devido a este conceito, é poupada<br />

a emissão de cerca de 66,6 toneladas de CO2. Este Plano não tomou em consideração<br />

esta poupança de CO2 por fixação de carbono no solo. Se levarmos em conta que essa<br />

fixação ocorre ao longo de 20 anos, pode ser estimado que a economia anual de<br />

emissões é de aproximadamente 3,33 toneladas de CO2/ha por ano.<br />

VI - Medidas legislativas<br />

As medidas legislativas ou regulamentares previstas para o sector estão resumidas como<br />

se segue:<br />

- Decreto Real 1539/2006 de 15 de Dezembro, que regula a concessão de auxílios para o<br />

Plano de renovação dos tractores (com prémios para os de classe A e B).<br />

- Regulamentação de incentivos (Plano Nacional de Irrigação) para a migração de<br />

irrigação por aspersão para irrigação localizada. Além disso, o Parlamento está<br />

considerando um projecto de lei para o desenvolvimento rural sustentável, que inclui<br />

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121


medidas para promover fontes de energia renováveis e eficiência no uso dos recursos<br />

energéticos neste domínio.<br />

Como já mencionado, os seguintes itens também podem ser citados:<br />

Obrigatoriedade de rotulagem energética dos novos tractores.<br />

Manutenção e inspecção obrigatória de tractores em uso através das TIV.<br />

Plano de acção obrigatória para melhorar os consumos de energia nas<br />

comunidades de irrigação.<br />

Desenvolvimento de regulamentação sobre a construção de instalações pecuárias<br />

energeticamente eficientes.<br />

Avaliação dos resultados<br />

A fim de ser capaz de se avaliar o comportamento do sector de acordo com parâmetros<br />

quantificáveis relativamente ao lançamento dos diferentes tipos de medidas, foi definido<br />

um conjunto de indicadores para cada medida.<br />

Conclusões do Sector<br />

Dos trabalhados analisados e das medidas identificadas, apresenta-se a seguir um<br />

resumo que retracta sugestões de medidas de eficiência energética para o sector em<br />

causa.<br />

Energias alternativas<br />

Co-geração, com introdução de biodigestores e produção de metano;<br />

Co-geração com utilização de motores a pistão, com produção simultânea de<br />

electricidade e água quente.<br />

Força motriz<br />

Variadores de velocidade em bombas e motores;<br />

Mudança/utilização de motores de alta eficiência.<br />

Sistema de ar comprimido<br />

Melhorar a monitorização, fazer upgrading tecnológico dos sistemas de ar comprimido,<br />

melhorar a eficiência da secagem do ar.<br />

Iluminação<br />

Instalação de iluminação energeticamente eficiente.<br />

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122


Climatização<br />

Aproveitamento do ar frio exterior (no Inverno) para refrigerar produtos;<br />

Variadores de velocidade em ventoinhas de ventilação.<br />

Caldeiras de água quente / termo fluido / geradores de ar quente<br />

Modernização tecnológica das caldeiras mais antigas por modelos energeticamente<br />

mais eficientes;<br />

Utilização de água aquecida à temperatura adequada, em vez de injecção de vapor;<br />

Assegurar que as mangueiras de água quente estão desligadas e que os<br />

procedimentos para as operações de limpeza locais demoram o tempo correcto;<br />

Manutenção de tubagens de água quente e vapor livres de vazamentos e fugas;<br />

Melhorar a eficiência das caldeiras através da instalação de controlo de entrada de ar<br />

para a combustão (low-excess);<br />

Recuperação do calor de efluentes líquidos através de permutadores;<br />

Adequar os bicos das mangueiras à função, evitando o desperdício;<br />

Tratar os derramamentos sólidos como resíduos sólidos, limpando em vez de lavar.<br />

Geradores de vapor<br />

Recompressão mecânica do vapor;<br />

Modernização tecnológica das caldeiras mais antigas por modelos energeticamente<br />

mais eficientes;<br />

Manutenção de tubagens de água quente e vapor livres de vazamentos;<br />

Melhorar a eficiência das caldeiras através da instalação de controlo de entrada de ar<br />

(low-excess).<br />

Fornos e estufas<br />

Melhorar a eficiência das caldeiras através da instalação de controlo de entrada de ar<br />

(low-excess).<br />

Colaboradores<br />

Campanhas de comunicação/ promoção de técnicas eficientes para a utilização<br />

eficiente da energia na agricultura.<br />

Outros<br />

Estabelecimento de melhores práticas de monitorização;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

123


Alteração das práticas de trabalho (por ex., mudar para semana de sete dias,<br />

prolongar o período entre clean-ups);<br />

Criação de directrizes sobre a utilização da água e criação de um programa de<br />

incentivos para a migração de sistemas de irrigação por aspersão para irrigação<br />

localizada;<br />

Fornecer apoio técnico e económico para a implementação da medida anterior;<br />

Promoção de Auditorias Energéticas e definição de Planos de Acção para melhorias<br />

nas Comunidades de Irrigação;<br />

Criação de subsídios para a renovação/modernização dos tractores e inclusão do<br />

critério de eficiência energética (rótulo energético) para a obtenção de apoios;<br />

Introdução de rotulagem energética em tractores novos para melhorar a eficiência<br />

energética dos mesmos;<br />

Introdução da inspecção periódica obrigatória para tractores (TIV);<br />

Novas regulamentações sobre a construção de instalações pecuárias eficientes<br />

energeticamente;<br />

Promoção do abandono de utilização dos combustíveis fósseis e lenha;<br />

Promoção da agricultura de conservação;<br />

Planos de melhoria da Poupança e da eficiência energética nas Pescas, apoiando a<br />

modernização tecnológica da frota pesqueira;<br />

Criação de uma linha editorial sobre o tema da eficiência energética no sector agrário<br />

e promover a sua divulgação;<br />

Definição de planos de formação e formação de formadores em técnicas de eficiência<br />

na utilização de energia na agricultura.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

124


SECTOR TÊXTIL E VESTUÁRIO<br />

IDENTIFICAÇÃO DE PROJECTOS E ESTUDOS SECTORIAIS<br />

OPORTUNIDADES DE MELHORIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA<br />

INDÚSTRIA TÊXTIL 18 - ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA<br />

INTRODUÇÃO<br />

O objectivo deste estudo é preparar e divulgar o know-how e as melhores práticas em<br />

termos de tecnologias de eficiência energética para as indústrias têxteis.<br />

A indústria têxtil é uma das mais complicadas indústrias devido à heterogeneidade do<br />

sector e à sua fragmentação em Pequenas e Médias Empresas (PME).<br />

A energia é um dos principais componentes do custo na indústria têxtil.<br />

Melhorar a eficiência energética devia ser uma das principais preocupações das<br />

empresas têxteis.<br />

Existem muitas oportunidades de melhoria da eficiência energética que apresentam uma<br />

relação custo-benefício directa.<br />

No entanto, nem sempre estas medidas são implementadas, principalmente pelo facto<br />

das empresas têxteis serem PME’s e estarem limitadas em termos de recursos que<br />

permitam tomar conhecimento das medidas e de como as implementar<br />

DESCRIÇÃO<br />

Devido ao elevado número de processos na indústria têxtil este estudo aborda os quatro<br />

principais processos têxteis:<br />

Fiação;<br />

Tecelagem;<br />

Processos húmidos (preparação, tingimento, estampagem e acabamento);<br />

Produção de fibras sintéticas.<br />

À medida que enfrentam uma competitividade à escala global, as empresas procuram<br />

oportunidades para reduzirem os seus custos sem afectarem negativamente o seu<br />

rendimento nem a sua qualidade.<br />

18 Energy- Efficiency Improvement Opportunities for the Textile Industry USA<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

125


Um investimento bem sucedido em tecnologias e em práticas de melhoria da eficiência<br />

energética respondem ao desafio da manutenção de rendimentos e qualidade apesar da<br />

redução de custos.<br />

Isto é tanto mais importante na medida em que, frequentemente, as medidas de<br />

eficiência energética trazem outros benefícios, nomeadamente quanto à redução do<br />

consumo de água e de matérias-primas.<br />

A eficiência energética é uma componente importante na estratégia de uma empresa na<br />

actual conjuntura industrial.<br />

Em muitos países existem políticas governamentais de apoio às empresas para<br />

melhorarem a sua competitividade através da implementação de medidas de eficiência<br />

energética e de redução do impacto ambiental.<br />

Este estudo fornece informação sobre tecnologias e medidas aplicáveis à indústria têxtil,<br />

incluindo casos de estudo e informação sobre as poupanças conseguidas sempre que<br />

possível.<br />

Para algumas medidas, o estudo apresenta um leque de poupanças e de períodos de<br />

payback.<br />

Este estudo apresenta cerca de 190 medidas e tecnologias de eficiência energética para<br />

os quatro principais subsectores da indústria têxtil que podem ser encontradas nos<br />

capítulos a seguir indicados de acordo com o tipo de produção:<br />

Fiação: capítulos 3.2, 4.2.1, 5, 6.1, 6.5.<br />

Tecelagem: capítulos 3.3, 4.2.3, 5, 6.2, 6.5.<br />

Processos húmidos: capítulos 3.4, 4.2.2, 4.2.3, 5, 6.3, 6.5, 7, 8.<br />

Fibras sintéticas: capítulos 3.1, 5, 6.4, 6.5, 8.<br />

RESULTADOS<br />

De seguida apresentam-se quadros resumos com algumas das medidas indicadas para<br />

cada um dos subsectores abordados neste estudo:<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

126


Fiação<br />

Medida / Tecnologia de eficiência energética<br />

Optimização do diâmetro do anel em relação ao título<br />

do fio<br />

Uso de bobines de baixo peso<br />

Substituição das ventoinhas convencionais em<br />

alumínio por ventoinhas em fibra, energeticamente<br />

eficientes, no sistema de aspiração<br />

Funcionamento em modo intermitente do transportador<br />

de bobines vazias do Autooconer<br />

Instalação de variadores de frequência nos motores<br />

das bombas do sistema de humidificação<br />

Melhoria do factor de potência da fábrica (redução da<br />

potência reactiva)<br />

Poupança em electricidade<br />

10% da energia usada pelo anel<br />

10.8 MWh / ano / estrutura de<br />

anéis<br />

5.8 – 40 MWh/ano/ventoinha<br />

49.4MWh/ano<br />

35 MWh/ano<br />

24.1MWh/ano<br />

Tecelagem<br />

Medida / Tecnologia de eficiência energética<br />

Ajuste da pressão do ar comprimido nos teares de<br />

jacto de ar<br />

Reparação das fugas de ar do sistema de ar<br />

comprimido<br />

Substituição dos motores eléctricos por motores<br />

eficientes<br />

Poupança em electricidade<br />

440.000 USD /ano/ 500 teares de<br />

jacto de ar<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

127


Processos húmidos (preparação, tingimento, estampagem, acabamento)<br />

Medida / Tecnologia de eficiência energética<br />

Instalação de recuperadores de calor nas máquinas de<br />

lavagem em contínuo<br />

Redução da pressão do vapor directo nas máquinas de<br />

lavagem em contínuo<br />

Instalação de variadores de frequência nos motores<br />

das bombas das máquinas de tingimento<br />

Recuperação da água de arrefecimento das máquinas<br />

de tingimento<br />

Instalação de válvulas automáticas de controlo de<br />

vapor<br />

Recuperação dos condensados<br />

Utilização de máquinas de tingir por micro-ondas<br />

Poupança em combustível /<br />

electricidade<br />

5 GJ/tonelada de tecido<br />

26.9 MWH/ano/máquina<br />

1.6 – 2.1 GJ/tonelada de tecido<br />

3250 GJ/ano<br />

1.3-2 GJ/tonelada tecido acabado<br />

96% consumo de vapor<br />

90% consumo electricidade<br />

Fibras sintéticas<br />

Medida / Tecnologia de eficiência energética<br />

Instalação de variadores de frequência nos<br />

ventiladores de ar quente no secador de pós<br />

tratamento na produção de filamentos de viscose<br />

Utilização de permutadores de calor no secador de<br />

produção de viscose<br />

Utilização de equipamento produção de fio de alta<br />

velocidade<br />

Poupança em electricidade<br />

105 MWh/ano/secador<br />

55 MWh/máquina 16 fusos/ano<br />

Para cada medida apresentada deve ser feito uma avaliação adaptada à empresa em<br />

questão de forma a verificar a sua aplicabilidade e as vantagens económicas de acordo<br />

com as suas práticas.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

128


RECUPERAÇÃO DE CALOR NO TINGIMENTO E NO ACABAMENTO 19 -<br />

MAURÍCIAS<br />

INTRODUÇÃO<br />

As actividades de tingimento e de Acabamento são actividades de uso intensivo de<br />

energia, dependendo na sua maioria de combustíveis fósseis importados.<br />

Apostando na recuperação de calor podem-se conseguir importantes poupanças,<br />

melhorando a competitividade e os resultados das empresas.<br />

As técnicas e tecnologias de recuperação de calor serão analisadas neste estudo.<br />

A experiência mostra que na maior parte dos casos a recuperação de calor requer baixos<br />

investimentos e tem um payback inferior a dois anos.<br />

No caso da indústria de tinturaria e acabamentos das Maurícias revelou ainda o facto da<br />

produção dos equipamentos de recuperação de calor poderem ser feitos com recursos<br />

locais.<br />

Este estudo foca-se na utilização de vapor nas fábricas têxteis e na redução de custos<br />

conseguida.<br />

DESCRIÇÃO<br />

Situações de eficiência energética - Recuperação de calor da água<br />

- Reutilização<br />

A primeira opção a considerar na recuperação de calor é a reutilização das águas<br />

residuais quente. Desta forma, podem-se recuperar a água, os químicos residuais e a<br />

energia térmica.<br />

A reutilização das águas residuais é possível no caso das operações de tingimento por<br />

esgotamento bem como nos casos das lavagens.<br />

Especialistas em tingimento afirmam que as águas residuais de cores claras podem ser<br />

reutilizadas até vinte vezes.<br />

19 Heat recovery in the textile dyeing and finishing industry: lessons from developing economies<br />

Maurícias - Khalil Elahee<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

129


- Águas de arrefecimento<br />

Arrefecer os banhos é uma operação comum na indústria têxtil. A recuperação do calor<br />

dos banhos quentes através da água de arrefecimento dos banhos pode ser considerada<br />

como um processo de recuperação de energia.<br />

Essa água aquecida é recolhida e reutilizada conseguindo-se uma poupança em água e<br />

em energia.<br />

- Recuperação de calor das águas residuais centralizada<br />

Os processos não contínuos são muito comuns nas fábricas têxteis. Este facto significa<br />

que largas quantidades de águas residuais são geradas de forma intermitente por vários<br />

equipamentos e em vários locais da fábrica.<br />

Se as águas residuais não podem ser reutilizadas nem o seu calor aproveitado<br />

localmente é de considerar a instalação de uma central de recolha destas águas<br />

residuais.<br />

Esta opção envolve o armazenamento das águas residuais num grande tanque sendo<br />

depois bombeadas através de um permutador de calor para aquecer água limpa do<br />

processo.<br />

- Recuperação de condensados<br />

O consumo de fuel numa tinturaria decresce em 1% por cada aumento em 6º da água de<br />

alimentação da caldeira.<br />

Pela pureza e pela elevada temperatura, os condensados devem voltar á caldeira<br />

excepto nos casos em que haja risco de contaminação ou a caldeira esteja muito<br />

afastada.<br />

Recuperação de calor do ar<br />

A evaporação da água é um processo de energia intensiva, chegando a ser cerca de<br />

50% do consumo total.<br />

O potencial de recuperação de energia do ar quente de exaustão é apenas ultrapassado<br />

pelo da recuperação das águas residuais.<br />

Características da recuperação de calor do ar quente de exaustão:<br />

O ar quente de exaustão tem duas fontes:<br />

A termofixação e outros processos similares de acabamento produzem ar a cerca<br />

de 180ºC.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

130


A Secagem é uma fonte de ar quente húmido. Normalmente a entalpia latente é<br />

superior a 50% da entalpia total e a temperatura de bolbo seco é de cerca de<br />

150ºC.<br />

A recuperação de calor consegue-se pela recuperação da entalpia latente na<br />

humidade dos gases de exaustão.<br />

Opções alternativas - Co-geração ou sistema de produção combinada de calor<br />

(PCP)<br />

Uma instalação PCP gera electricidade e a energia residual é usada nos processos de<br />

aquecimento.<br />

Desta forma, uma parte da energia eléctrica da empresa é satisfeita internamente.<br />

A PCP permite um autonomia no fornecimento de energia eléctrica e uma poupança em<br />

cerca de 40%.<br />

As instalações de PCP tornam-se muito atractivas para produção de água quente e ar<br />

comprimido.<br />

RESULTADOS<br />

As técnicas e as tecnologias na implementação da gestão energética na utilização do<br />

vapor, incluindo a recuperação de calor, variam em termos de âmbito de aplicação,<br />

custos e benefícios.<br />

Com a subida dos preços dos combustíveis fósseis, a introdução gestão da energia na<br />

indústria têxtil é urgente uma vez que a geração de vapor recorre na maior parte das<br />

vezes a este tipo de combustíveis.<br />

A introdução de técnicas e tecnologias de baixo custo podem significar uma redução<br />

significativa dos consumos de vapor.<br />

Embora algumas tecnologias sejam ainda relativamente dispendiosas os seus benefícios<br />

vão para além da poupança de energia. Os ganhos em qualidade, produtividade e<br />

rapidez de resposta bem como benefícios ambientais são aspectos significativos.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

131


EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E RISCOS AMBIENTAIS ESPANHA 20<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os pesos energéticos do sector têxtil/confecção têm vindo a diminuir devido à<br />

progressiva automatização dos processos.<br />

As melhorias dos processos produtivos com a adição de tecnologias mais eficientes e<br />

sustentáveis, a renovação de equipamentos obsoletos e a gestão adequada dos<br />

processos de produção e serviços são as linhas básicas de acção que vão levar a<br />

intensidades mais baixas de energia.<br />

No geral, as actividades de fiação, tecelagem e preparação de tecelagem e vestuário<br />

apresentam o consumo de energia mais exigente, principalmente devido ao tratamento<br />

das fibras nas fases iniciais do processo de produção que é feito com máquinas<br />

eléctricas.<br />

O sistema de ar condicionado também é outro dos maiores consumos devido ao uso de<br />

processos de calor que têm de ser compensados.<br />

Finalmente, observa-se que uma percentagem da energia consumida por perdas<br />

apresenta uma grande oportunidade de melhoria.<br />

Além disso, os processos de acabamento têxtil são de elevado consumo de energia<br />

térmica e de consumo de água elevado.<br />

DESCRIÇÃO E RESULTADOS<br />

Em relação às tecnologias da indústria têxtil que mais consumo de energia representam e<br />

nas quais conseguir uma poupança significaria um maior impacto nos resultados temos:<br />

Equipamentos eléctricos<br />

Motores;<br />

Equipamentos informáticos;<br />

Iluminação das instalações;<br />

Equipamentos térmicos<br />

Caldeiras;<br />

Secadores;<br />

Linhas de vapor e condensados;<br />

20 Observatorio Industrial del Sector Textil e de la Confección<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

132


Consumo de água e posterior tratamento<br />

Sistema de climatização<br />

Implementação de novas tecnologias<br />

Plasma;<br />

Fotovoltaica;<br />

Biotecnologia;<br />

Biomassa;<br />

Co-geração;<br />

Informação e consciencialização dos colaboradores<br />

São também apresentadas um conjunto de boas práticas que permitem reduzir o<br />

consumo energético no sector têxtil<br />

Boas práticas em motores eléctricos<br />

- Não utilizar equipamentos sobredimensionados<br />

- Substituir motores antigos por motores mais eficientes<br />

- Melhorar a tensão de alimentação<br />

- Instalar dispositivos que permitam ajustar o arranque dos motores<br />

Boas práticas em equipamentos em equipamentos informáticos<br />

- Desligar os equipamentos se não se forem utilizar por um período superior a uma<br />

hora e no final do dia de trabalho<br />

- Utilizar o estado de stand-by nas impressoras<br />

- Apagar os monitores quando não estiverem a ser usados<br />

- Substituição gradual dos computadores desktop por computadores portáteis<br />

Boas práticas nos sistemas de iluminação<br />

- Utilizar a luz natural<br />

- Realizar manutenção periódica<br />

- Reduzir ao mínimo a iluminação em exteriores<br />

- Verificar as normas de iluminação com um luxómetro<br />

- Separação por zonas<br />

- Utilizar sensores de ocupação<br />

- Utilizar tecnologia LED sempre que possível<br />

- Implementação de balastros electrónicos em lâmpadas fluorescentes<br />

- Utilização de temporizadores programáveis<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

133


Boas práticas em Caldeiras<br />

- Controlar periodicamente a relação ar/combustível pela análise dos gases de<br />

combustão<br />

- Reduzir a pressão de vapor à mínima necessária ao processo<br />

- Efectuar manutenção regularmente para evitar fugas de vapor<br />

- Substituir queimadores por unidades mais eficientes<br />

- Usar gás natural em substituição do fuel<br />

- Instalar recuperadores de calor dos gases da combustão<br />

- Isolar as tubagens<br />

- Considerar a implementação de um sistema de co-geração<br />

Boas práticas na secagem<br />

- Utilizar o tipo de secador com consumo energético mínimo<br />

- Secar o mínimo possível em termos absolutos<br />

- Instalar um sistema de controlo do processo<br />

- Recuperar calor da exaustão<br />

- Optimizar as condições de funcionamento do secador<br />

Boas práticas em vapor e condensados<br />

- Retorno de condensados<br />

- Reparar fugas de vapor<br />

- Tratamento da água<br />

- Utilizar as perdas de calor para pré-aquecer a água de alimentação da caldeira<br />

- Isolar tubagens<br />

- Realizar manutenção eficaz<br />

- Controlo de carga<br />

Boas práticas no consumo de água<br />

- Poupança de energia térmica devido a um aquecimento / arrefecimento mais rápido<br />

- Possibilidade de recuperar a energia térmica do banho<br />

- Reutilizar águas de lavagem<br />

Boas práticas de climatização<br />

- Montar os equipamentos de ar condicionado em locais frescos, ventilados e à<br />

sombra<br />

- Evitar o sobredimensionamento dos equipamentos<br />

- Seleccionar a temperatura certa<br />

- Considerar o uso de variadores de velocidade<br />

- Considerar o uso de motores de alta eficiência nos ventiladores<br />

Boas práticas – Plasma<br />

- A tecnologia plasma melhora as propriedades de adesão dos polímeros aos tecidos,<br />

gerando menores consumos energéticos<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

134


Boas práticas – Fotovoltaica<br />

- Através de painéis fotovoltaicos aproveita-se a energia solar para a geração de<br />

energia eléctrica e energia térmica<br />

Boas práticas – Biotecnologia<br />

- Emprego de enzimas como substitutos de produtos químicos<br />

- Uso no tratamento de águas residuais<br />

Boas práticas – Biomassa<br />

- Aproveitamento de resíduos da própria empresa (reutilização própria ou externa), de<br />

baixo impacto ambiental<br />

Boas práticas em co-geração<br />

- A opção de co-geração por turbinas permite a utilização de combustíveis muito<br />

económicos (resíduos)<br />

- A opção de co-geração por motores alternativos permite aproveitar o calor que se<br />

liberta<br />

- A opção de co-geração por turbinas de gás é uma opção economicamente mais<br />

interessante que com turbinas de vapor porque permite uma maior produção de<br />

energia eléctrica<br />

Boas práticas na participação dos colaboradores<br />

- Realizar formação e sensibilização das pessoas adaptada ao seu posto de trabalho<br />

- Informar e comunicar aos colaboradores as medidas de poupança de energia que a<br />

empresa quer adoptar<br />

- Implementar a figura do gestor de energia como agente responsável pelos<br />

programas de gestão eficiente da energia e pelas auditorias energéticas<br />

- Promover a participação dos colaboradores na gestão energética (caixas de<br />

sugestões)<br />

- Implementar um sistema de gestão ambiental normalizado (ISO 14000 ou EMAS)<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

135


PROMOÇÃO DE PRÁTICAS DE GESTÃO DA ENERGIA NAS INDÚSTRIAS<br />

TÊXTEIS DA GRÉCIA, PORTUGAL, ESPANHA E BULGÁRIA 21<br />

INTRODUÇÃO E DESCRIÇÃO<br />

A industria têxtil e da confecção é uma das mais globalizadas do mundo.<br />

Representa 6% da produção mundial e 14% do emprego nas indústrias transformadoras.<br />

Este relatório foi criado no âmbito do projecto europeu EMS-Textile sobre a promoção de<br />

práticas de Gestão de Energia nas indústrias têxteis da Grécia, Portugal, Espanha e<br />

Bulgária.<br />

O sistema de gestão de energia apresentado é aplicável nas típicas empresas<br />

mediterrânicas. Muitas delas têm menos de 10 trabalhadores e a maioria menos de 100<br />

trabalhadores. Este deve ser ajustável à situação presente e futura de cada empresa.<br />

O projecto está focado nas empresas têxteis dos países participantes mas a divulgação<br />

das acções atingirão outros sectores industriais e outros países da Europa.<br />

Cada processo de produção tem diferentes necessidades energéticas de acordo com as<br />

matérias-primas e os produtos finais. Também o tipo de energia varia, sendo que alguns<br />

processos necessitam de mais energia eléctrica e outros mais energia térmica.<br />

Estas características determinam a importância da conservação de energia em cada<br />

subsector e a adequação das medidas necessárias.<br />

Os subsectores considerados foram:<br />

Fiação;<br />

Tecelagem;<br />

Tinturaria;<br />

Estampagem e Acabamento.<br />

As boas práticas de cada país<br />

Grécia<br />

- Recuperação do calor dos banhos de tingimento e das águas residuais;<br />

- Recuperação de calor dos gases de exaustão nos processos de secagem;<br />

- Instalação de condensadores para correcção do factor de potência;<br />

21 Gestão Energética na Industria Têxtil<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

136


- Melhorias em iluminação, isolamento, instalações de vapor e ar quente, operação dos<br />

motores;<br />

- Monitorização do consumo de energia.<br />

Espanha<br />

- Reutilização das águas residuais após recuperação em estações de tratamento<br />

próprias;<br />

- Instalação de unidades de co-geração;<br />

- Uso de gás natural em vez de fuel;<br />

- Utilização do calor residual dos processos para pré-aquecimento de água e de<br />

máquinas;<br />

- Minimização do consumo de electricidade para iluminação através de instalação de -<br />

sensores de movimento nas salas dos teares.<br />

Portugal<br />

- Utilização de variadores de velocidade;<br />

- Correcção do factor de potência;<br />

- Utilização de sistemas de gestão e monitorização de energia;<br />

- Controlo da temperatura do ar à entrada nos sistemas de climatização;<br />

- Recuperação de calor dos gases de exaustão;<br />

- Utilização de lâmpadas eficientes;<br />

- Exploração da iluminação natural;<br />

- Manutenção e limpeza das iluminarias;<br />

- Utilização do ar comprimido na pressão mínima necessária;<br />

- Manutenção para redução de fugas na instalação;<br />

- Utilização de ar frio exterior para o compressor;<br />

- Isolamento dos depósitos de condensados;<br />

- Instalação de equipamentos de co-geração;<br />

- Substituição de caldeiras a diesel ou fuel por caldeiras a gás natural;<br />

- Recuperação de calor dos gases de exaustão da caldeira para pré-aquecimento de<br />

água ou ar;<br />

- Controlo da combustão;<br />

- Instalação de queimadores a gás natural em secadores;<br />

- Extracção mecânica da água antes da secagem;<br />

- Recuperação de calor dos gases de exaustão da secagem para pré-aquecimento de<br />

água ou ar;<br />

- Utilização de equipamentos de tinturaria com baixas relações de banho.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

137


Bulgária<br />

- Operação dos equipamentos com a carga total;<br />

- Manutenção periódica dos equipamentos de consumo de energia intensiva;<br />

- Consumo de energia nos períodos de tarifa mais baixa;<br />

- Melhoria do isolamento dos equipamentos;<br />

- Motivação e formação dos trabalhadores;<br />

- Modernização dos sistemas de iluminação, climatização e ventilação;<br />

- Optimização da utilização da caldeira e do vapor;<br />

- Utilização de novas fontes de energia;<br />

- Introdução de novas tecnologias de produção;<br />

- Importação de novos equipamentos mais eficientes;<br />

- Redução das perdas de energia em climatização nos edifícios.<br />

RESULTADOS<br />

Grécia<br />

O potencial de poupança de energia com as boas práticas apresentadas para o sector<br />

têxtil Grego é de 10 a 15%.<br />

Bulgária<br />

No caso da Bulgária as poupanças esperadas com a aplicação das boas práticas são<br />

indicadas na tabela seguinte:<br />

BULGÁRIA<br />

Medidas<br />

Poupança<br />

- Operação dos equipamentos com a<br />

carga total<br />

- Consumo de energia nos períodos de<br />

tarifa mais baixa<br />

- Melhoria do isolamento dos<br />

equipamentos<br />

- Motivação e formação dos<br />

trabalhadores<br />

5 – 15%<br />

- Modernização dos sistemas de<br />

iluminação, climatização e ventilação<br />

- Optimização da utilização da caldeira e<br />

do vapor<br />

- Utilização de novas fontes de energia<br />

10-20%<br />

NOTA: Para Portugal e Espanha o estudo não refere qualquer expectativa / objectivos de<br />

resultados associados às medidas apresentadas.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

138


CASOS DE SUCESSO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EMPRESAS<br />

EMPRESA DE IMPRESSÃO TÊXTIL DO GANA, LTD 22<br />

INTRODUÇÃO<br />

O desperdício de energia tem sido identificado como uma das principais causas dos<br />

elevados custos industriais no Gana.<br />

Está provado que a eficiência energética conduz a uma redução desses custos o que<br />

potencia a competitividade das indústrias do Gana quer localmente quer<br />

internacionalmente.<br />

A Ghana Textile Printing Company, uma empresa têxtil do Gana tomou várias medidas<br />

para reduzir os custos com a energia e consequentemente os custos de produção.<br />

DESCRIÇÃO<br />

Medidas adoptadas<br />

As medidas, que foram implementadas ao longo de dois anos foram:<br />

a) Melhoria da eficiência da caldeira;<br />

b) Monitorização continua do consume de energia e comparação com os níveis de<br />

produção;<br />

c) Formação aos funcionários sobre o desligar da iluminação e dos equipamentos<br />

quando não estão em uso:<br />

d) Correcção do factor de potência;<br />

e) Instalação de clarabóias para permitir o uso de luz natural.<br />

Antes destas medidas serem implementadas, o consume médio de electricidade era de<br />

322,3kWh por 1,000 metros de tecido produzido, tendo este consumo diminuído para<br />

301,35 kWh após a implementação das medidas de eficiência energética.<br />

Esta redução representou uma poupança de 6.5% equivalente a 207,000 kWh ou<br />

267.500€.<br />

22 GANA - The Energy Foundation<br />

Ghana Textile Printing Company Ltd<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

139


Resumo das poupanças conseguidas<br />

Medidas<br />

Medidas de poupança de<br />

energia eléctrica<br />

Medidas de poupança em<br />

fuel e matérias-primas<br />

Poupança<br />

Valor da poupança<br />

(Euros)<br />

207.000 kWk 267.500<br />

310.000 Kg 1.380.600<br />

TOTAL 1.648.100 €<br />

RESULTADOS<br />

A abordagem pela gestão integrada da energia como um suporte efectivo à gestão<br />

ajudou a empresa a conseguir melhorias significativas na utilização da energia com a<br />

correspondente redução nos custos de produção.<br />

Desta acção resultou uma poupança de 1.648.100 euros.<br />

A experiência da GTP confirmou que a energia pode ser gerida da mesma forma que as<br />

matérias-primas.<br />

A gestão de energia deve ser considerada como um processo contínuo.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

140


COMPRA ENERGÉTICA CONJUNTA - GRÉMIO DE FABRICANTES DE<br />

SABADELL – ESPANHA 23<br />

INTRODUÇÃO E DESCRIÇÃO<br />

A possibilidade das empresas têxteis de se agruparem a fim de conseguir os melhores<br />

preços possíveis nos seus fornecimentos energéticos, mostrou-se, nos últimos anos,<br />

como uma das possibilidades de poupança mais simples empreendidas pelos<br />

empresários.<br />

Várias empresas do sector têxtil catalão agruparam-se para realizar a compra conjunta<br />

de energia utilizando uma plataforma associativa comum a todas elas, utilizando o<br />

Grémio de Fabricantes de Sabadell, como suporte para a compra conjunta, com três<br />

objectivos a alcançar:<br />

Facilitar o acesso ao mercado energético a todos os associados.<br />

Oferecer aos agentes comercializadores do mercado energético um volume de<br />

energia suficientemente atractivo.<br />

Iniciar as empresas do sector têxtil na cultura do controlo energético.<br />

RESULTADOS<br />

Graças a esta acção, as poupanças conseguidas desde Dezembro de 2008 até Setembro<br />

de 2010 foram superiores a milhão e meio de euros (1.654.899,00€).<br />

O preço da electricidade era de 10.20 cêntimos de €/kWh e com a compra conjunta<br />

passou para 9,00 cêntimos de €/kWh.<br />

As poupanças conseguidas estão apresentadas na tabela seguinte.<br />

Electricidade<br />

Gás Natural<br />

Total Consumo (kWh) 113.508.497,00 209.981.676,00<br />

Custo do consumo antes da compra<br />

conjunta (€)<br />

Custo do consumo após a compra<br />

conjunta (€)<br />

11.577.866,00 6.929.394,00<br />

10.217.467,00 6.634.895,00<br />

Poupança económica total (€) 1.360.399,00 294.500,00<br />

Devido à negociação conjunta da compra de electricidade e de gás natural consegue-se<br />

uma poupança de 65% na electricidade e de 35% no gás natural.<br />

23 Observatorio Industrial del Sector Textil e de la Confección<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

141


CASOS DE SUCESSO NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS DE<br />

PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA<br />

PLANO DE ACÇÃO DE POUPANÇA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 2011-<br />

2020 24 – ESPANHA<br />

INTRODUÇÃO<br />

A energia é um bem escasso e o seu custo é variável e de difícil previsão. Isto repercutese<br />

na competitividade de uma empresa, na medida em que a energia tem peso nos<br />

custos de operação.<br />

A redução da intensidade energética é um objectivo prioritário para qualquer economia, já<br />

que melhora a competitividade dos seus processos produtivos e reduz tanto as emissões<br />

como a factura energética.<br />

Os objectivos estratégicos definidos em volta da poupança e da eficiência energética<br />

poderiam resumir-se nos seguintes pontos:<br />

Reconhecer a poupança e a eficiência energética como um instrumento do<br />

crescimento económico e do bem-estar social;<br />

Preparar as medidas adequadas para que se alargue e se desenvolva, na<br />

sociedade, o conhecimento sobre a poupança e a eficiência energética em todas<br />

as estratégias nacionais, especialmente, na Estratégia Espanhola de Mudança<br />

Climática;<br />

Fomentar a concorrência no mercado;<br />

Consolidar a posição da Espanha na vanguarda da poupança e na eficiência<br />

energética.<br />

Este plano dá resposta à Directiva 2006/32/CE que estabelece um objectivo mínimo de<br />

poupança energética de 9% em 2016 bem como a obrigatoriedade dos estados membros<br />

de apresentar um Plano de Acção Nacional (NEEAP) onde se fixem as acções e<br />

mecanismos para conseguir os objectivos fixados. Por outro lado o Conselho Europeu<br />

fixou como objectivo para 2020 a poupança de 20% do seu consumo de energia primária.<br />

DESCRIÇÃO<br />

A consecução dos objectivos indicados nos sectores abrangidos pelo presente Plano<br />

(todos os sectores consumidores finais mais o Sector de Transformação da Energia) será<br />

possível com uma aplicação de apoios geridos pelo sector público de 4,995 M€ durante o<br />

24 Observatorio Industrial del Sector Textil e de la Confección<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

142


período 2011-2020, com os que se pretende gerar um volume de investimento de 45.985<br />

M€.<br />

As poupanças acumuladas de energia final e primária durante o período 2011-2020<br />

ascendem a 120.967 ktep e 247.791 ktep, respectivamente.<br />

Programa IDAE-CC.AA.<br />

As Comunidades Autónomas, no âmbito das suas competências, têm vindo a executar<br />

desde 2005 as medidas contidas nos Planos de Acção 2005-2007 e 2008-2012.<br />

Como resultado da assinatura de acordos de colaboração com o IDAE – Instituto para la<br />

Diversificación y Ahorro de la Energia, estabeleceu-se a forma em que as medidas<br />

deviam ser executadas: basicamente as condições dos beneficiários das ajudas públicas<br />

contempladas nos Planos das Comunidades e as intensidades máximas da ajuda<br />

A finalidade da ajuda baseia-se em:<br />

Ser um incentivo para dar prioridade a um investimento em eficiência energética;<br />

A oportunidade da ajuda pode determinar o avanço de investimentos viáveis mas<br />

não urgentes;<br />

Orientam, desde a Administração, as soluções óptimas em cada sector<br />

consumidor de energia.<br />

No âmbito do Plano Nacional foram criados os seguintes Planos Autonómicos, regulando<br />

para cada Comunidade o tipo e as categorias de projectos admissíveis:<br />

ANDALUCÍA<br />

PASENER – Plano Andaluz de Sostenibilidade Energética<br />

Agencia Andaluza de la Energia<br />

CASTILLA-LA-MANCHA<br />

PAE4+ - Plano de Acción de la Estrategia de Ahorro y Eficiencia Energetica en<br />

España<br />

Agencia de la Energia de Castilla-La-Mancha<br />

CATALUÑA<br />

Instituto Catalán de Energía<br />

COMUNIDAD VALENCIANA<br />

Plano de Ahorro y Eficiencia Energética de la Comunidad Valenciana<br />

AVE - Agencia Valenciana de la Energía<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

143


GALICIA<br />

INEGA – Instituto Energético de Galicia<br />

MADRID<br />

Programa de ayudas para promoción del ahorro y la eficiencia energética (2010)<br />

Dirección General de Industria, Energia y Minas<br />

RESULTADOS<br />

―As poupanças acumuladas de energia final e primária durante o período 2011-2020<br />

ascendem a 120.967 ktep e 247.791 ktep, respectivamente‖<br />

Para além dos resultados globais podemos encontrar outros elementos nos planos<br />

relativos às comunidades autónomas:<br />

Andalucía<br />

O Plano estabelece como objectivo a redução em 8% do consumo energético para<br />

2013, relativamente a 2006,correspondendo a 1.465 ktep<br />

Castilla-la-Mancha<br />

Para 2012 esperam uma melhoria do consumo de 8,9% o que significará uma<br />

redução de emissões de 14,8 MtCO2.<br />

Madrid<br />

O Plano estabelece como objectivo uma redução em 10% do consumo energético.<br />

CONCLUSÕES DO SETOR<br />

Dos trabalhados analisados e das medidas identificadas, apresenta-se a seguir um<br />

resumo que retracta sugestões de medidas de eficiência energética para o sector em<br />

causa.<br />

Rede eléctrica<br />

Utilizar sistemas de gestão e monitorização da energia;<br />

Corrigir do factor de potência;<br />

Energias alternativas<br />

Utilizar biomassa;<br />

Utilizar de energia fotovoltaica;<br />

Força motriz<br />

Não utilizar equipamentos sobredimensionados;<br />

Substituir motores antigos por motores mais eficientes;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

144


Melhorar a tensão de alimentação;<br />

Instalar dispositivos que permitam ajustar o arranque dos motores;<br />

Instalar variadores de frequência em motores das bombas;<br />

Instalar variadores de frequência em ventiladores dos secadores.<br />

Sistema de ar comprimido<br />

Ajuste da pressão do ar comprimido às necessidades;<br />

Eliminar fugas da rede de ar comprimido;<br />

Utilizar ar frio do exterior para alimentação do compressor.<br />

Iluminação<br />

Utilizar luz natural;<br />

Reduzir ao mínimo a iluminação exterior;<br />

Utilizar LED’s sempre que possível;<br />

Separar iluminação por zonas;<br />

Utilizar sensores de presença / movimento;<br />

Verificar as normas de iluminação;<br />

Utilizar lâmpadas mais eficientes;<br />

Utilizar temporizadores programáveis;<br />

Manutenção e limpeza das iluminarias.<br />

Climatização<br />

Montar os equipamentos de ar condicionado em locais frescos, ventilados e à sombra;<br />

Evitar o sobredimensionamento dos equipamentos;<br />

Seleccionar a temperatura certa;<br />

Considerar o uso de variadores de velocidade;<br />

Considerar o uso de motores de alta eficiência nos ventiladores;<br />

Controlo da temperatura do ar à entrada dos sistemas de climatização;<br />

Reduzir as perdas de energia em climatização nos edifícios.<br />

Energia térmica<br />

Instalar sistemas de co-geração para produção de energia eléctrica e vapor.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

145


Caldeiras de agua quente / termofluido / geradores de ar quente<br />

Controlar periodicamente a relação ar/combustível no queimador;<br />

Substituir queimadores por unidades mais eficientes;<br />

Utilizar de gás natural em substituição do fuel;<br />

Efectuar manutenção regular dos equipamentos;<br />

Instalar recuperadores de calor dos gases de combustão;<br />

Isolamento dos depósitos de condensados;<br />

Recuperar os gases de exaustão para pré-aquecimento da água.<br />

Geradores de vapor<br />

Retorno de condensados;<br />

Reparar fugas de vapor;<br />

Tratamento da água;<br />

Utilizar as perdas de calor para pré-aquecer a água de alimentação da caldeira;<br />

Isolar tubagens;<br />

Realizar manutenção eficaz;<br />

Controlo de carga;<br />

Instalar válvulas automáticas de controlo de vapor.<br />

Fornos e estufas<br />

Utilizar o tipo de secador com consumo energético mínimo;<br />

Instalar um sistema de controlo do processo de secagem;<br />

Optimizar as condições de funcionamento do secador;<br />

Recuperar calor dos gases de exaustão para pré-aquecimento de água e máquinas;<br />

Instalar queimadores a gás natural em secadores;<br />

Melhorar o isolamento dos equipamentos.<br />

Colaboradores<br />

Realizar formação e sensibilização do pessoal, adequada ao posto de trabalho;<br />

Informar os colaboradores das medidas de poupança de energia que a empresa quer<br />

adoptar;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

146


Promover a participação dos colaboradores na gestão energética;<br />

Implementar a figura do Gestor de Energia como agente responsável pelos programas<br />

da gestão eficiente da energia e pelas auditorias energéticas.<br />

Outros<br />

Utilizar materiais de baixo peso em componentes dos contínuos (anéis e bobines)<br />

Utilizar ventoinhas energicamente eficientes no sistema de aspiração;<br />

Funcionamento em modo intermitente do transportador de bobines; vazias;<br />

Emprego de enzimas como substitutos de produtos químicos;<br />

Utilizar tecnologia plasma;<br />

Extracção mecânica da água antes da secagem;<br />

Reutilização de águas de lavagem;<br />

Reutilização de águas residuais;<br />

Recuperação do calor dos banhos de tingimento e das águas residuais;<br />

Utilização de equipamentos de tinturaria com baixas relações de banho;<br />

Operação dos equipamentos com carga total;<br />

Consumo de energia nos períodos de tarifa mais baixa;<br />

Introdução de novas tecnologias de produção;<br />

Desligar os equipamentos informáticos no final do dia de trabalho;<br />

Utilizar o estado de stand-by das impressoras;<br />

Compra de energia conjunta.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

147


SECTOR VIDRO E CERÂMICA<br />

IDENTIFICAÇÃO DE PROJECTOS E ESTUDOS SECTORIAIS<br />

OPTIMIZAÇÃO ENERGÉTICA DE PROCESSOS SECAGEM DE<br />

CERÂMICOS 25 - PORTUGAL<br />

INTRODUÇÃO<br />

O panorama energético a nível mundial e uma maior consciencialização da opinião<br />

pública relativamente à questão energética, levou a que nas últimas décadas tenham sido<br />

tomadas medidas significativas para um aumento da eficiência energética dos mais<br />

variados sectores de actividade.<br />

O aumento do preço dos combustíveis, e o consequente aumento do preço das matériasprimas,<br />

levou a que o sector industrial também se visse forçado melhorar o seu<br />

desempenho energético. A indústria de revestimentos cerâmicos seguiu esta tendência,<br />

tendo sofrido grandes desenvolvimentos nas últimas duas/três décadas, tendo no entanto<br />

ainda grande margem de melhoramento nomeadamente no que diz respeito ao<br />

aproveitamento de calor residual.<br />

Dentro desta indústria, a secagem apresenta-se como uma das etapas mais delicadas de<br />

todo o processo, sendo também uma das etapas que apresenta um maior consumo de<br />

energia térmica logo após o processo de cozedura. Actualmente a energia térmica<br />

necessária é usualmente obtida integralmente através da queima de combustíveis<br />

fósseis. Tipicamente o conjunto dos processos de secagem consome cerca de 30% do<br />

gás natural na indústria, apresentando ainda um grande potencial de optimização tanto<br />

ao nível de aproveitamento de calor residual de outros processos para aquecimento de ar<br />

secagem como ao nível da própria optimização tecnológica do processo.<br />

O desenvolvimento do trabalho surge no âmbito do programa de estágios<br />

Galp202020@UA realizado na Cliper Cerâmicas,SA situada no concelho da Figueira da<br />

Foz. Tendo sido auditada em 2009 e de acordo com o SGCIE, a unidade fabril que serviu<br />

de base ao trabalho tem metas energéticas a cumprir num período de 6 anos,<br />

nomeadamente reduzir a sua intensidade energética e consumo específico (em 6 %)<br />

mantendo a intensidade carbónica.<br />

25 Optimização Energética De Processos De Secagem De Cerâmicos<br />

Universidade de Aveiro - Departamento de Engenharia Mecânica<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

148


DESCRIÇÃO<br />

Neste cenário surgiu a oportunidade de se efectuar um estudo de optimização do<br />

processo de secagem antes da cozedura com o objectivo de melhorar o desempenho<br />

energético do processo produtivo.<br />

Pretende-se neste trabalho estudar a viabilidade de reactivação de um secador<br />

alimentado somente com ar quente e seco originário do forno para substituição de um<br />

secador horizontal colocado à entrada do forno. Estima-se que o secador que se<br />

pretende substituir representa cerca de 5% do consumo de gás natural da empresa.<br />

O secador horizontal é um equipamento colocado à entrada do forno de rolos retira<br />

humidade que os ladrilhos absorveram durante o processo de vidragem e o tempo de<br />

parque. Este secador é alimentado com ar proveniente do forno que é repartido por 5<br />

módulos, cada um equipado com um queimador de gás natural destinado a fornecer a<br />

energia adicional para aquecer o ar de secagem de cada módulo até à temperatura<br />

desejada. O tempo de residência do material neste secador ronda os 4 minutos.<br />

O secador a activar (secador túnel) é dividido em 4 módulos que podem ser encarados<br />

como 4 secadores não contínuos. O tempo de secagem desta máquina é controlado pelo<br />

tempo de cozedura no forno. Para o modelo estudado este tempo é cerca de 47 minutos.<br />

Assim o tempo total de residência neste secador é de 188 minutos. A sua temperatura de<br />

operação deve-se situar entre 60ºC e 90ºC segundo o fabricante.<br />

Resumindo, o que se pretende concluir com este trabalho é se durante 188 minutos, sem<br />

recurso a consumo combustível, a peça poderá atingir o nível de humidade residual que<br />

atinge durante cerca de 4 minutos recorrendo ao consumo de gás natural, aproveitando<br />

parte do tempo que as peças estariam em parque para efectuar a secagem. A grande<br />

vantagem desta substituição é o aproveitamento de instalações já existentes para<br />

optimizar a configuração do processo de secagem antes da cozedura, com o objectivo da<br />

redução do consumo de gás natural na unidade fabril.<br />

Medidas típicas de eficiência energética na indústria<br />

Apesar dos grandes desenvolvimentos conseguidos pela indústria nas últimas décadas,<br />

que permitiu uma acentuada diminuição do consumo específico na produção, o sector da<br />

cerâmica de revestimento continua ser um consumidor intensivo de energia ainda com<br />

um grande potencial de redução de consumos.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

149


Segundo um estudo do CTCV, considerando um universo de 14 empresas da indústria<br />

cerâmica portuguesa, o sector da indústria cerâmica de revestimentos apresenta-se<br />

como o sector com maior potencial de redução de consumos.<br />

De seguida serão apresentadas algumas medidas recomendadas para a melhoria do<br />

desempenho energético nesta indústria.<br />

Optimização de funcionamento de secadores/fornos<br />

Aqui apresentam-se medidas que envolvem a alteração de equipamento existente e<br />

optimização do seu funcionamento. Algumas das sugestões a apresentar são:<br />

Optimizar parâmetros de funcionamento dos secadores e secar o mínimo necessário:<br />

conhecendo o comportamento do material a secar e a humidade final a que é necessário<br />

que este material seja seco, deve-se configurar os parâmetros funcionamento de um<br />

secador industrial (tempo de residência, temperatura do ar na câmara de secagem,<br />

velocidade do ar necessária, taxa de recirculação de ar, etc) para que não seja<br />

despendida mais energia na secagem do que aquela que efectivamente é necessária.<br />

Este ponto nem sempre é de fácil configuração, uma vez que os diferentes parâmetros<br />

são altamente correlacionados (um exemplo perfeito desta afirmação é a relação entre a<br />

temperatura e humidade das placas cerâmica ao saírem do processo de secagem pós<br />

prensagem. A relação entre a humidade de saída das peças e a sua temperatura leva a<br />

que, por vezes o material seja levado a humidades inferiores ao necessário devido à<br />

condicionante da temperatura para as aplicações na linha de vidragem e decoração.) e é<br />

necessário um conhecimento aprofundado do comportamento da cinética de secagem do<br />

material para poder obter uma configuração óptima para a operação de um secador.<br />

Controlo automático do processo: Sempre que possível deve-se optar por um controlo<br />

automático dos diferentes parâmetros de secagem ou cozedura consoante os parâmetros<br />

de saída pretendidos para o material, e consoante as condições de operação num<br />

determinado instante, eliminando assim desperdícios como os referidos no ponto anterior.<br />

Utilização de uma etapa de secagem pré cozedura.<br />

Melhoria do isolamento de fornos e secadores: Com o objectivo de reduzir a perdas<br />

térmicas para o exterior e fugas de ar quente indesejadas.<br />

Alteração dos queimadores: Alteração dos queimadores convencionais optando por<br />

tecnologias mais eficientes tais como queimadores de alta velocidade ou queimadores<br />

auto recuperadores (para temperaturas de operação entre 600 e 1400) permitindo uma<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

150


edução do consumo de combustível até 15 % no primeiro caso e até 60 % no segundo<br />

caso.<br />

Recuperação de calor<br />

Após uma análise do funcionamento de uma fábrica de produtos cerâmicos e do estudo<br />

das necessidades energéticas do processo, deve-se analisar cuidadosamente a<br />

quantidade e qualidade de fluidos térmicos que são desperdiçados para o ambiente.<br />

Após este procedimento deve-se equacionar o método de reaproveitamento de energia a<br />

usar dependendo do tipo do fluido térmico. Por exemplo o ar de arrefecimento<br />

proveniente do forno pode ser aproveitado directamente para o uso em secadores, no<br />

entanto o reaproveitamento dos gases de escape de uma operação tem que ser<br />

indirectamente aproveitado com recurso a permutadores de calor. Este tipo de medidas é<br />

a que apresenta um maior potencial de redução de consumos no sector da cerâmica de<br />

revestimento.<br />

Alguns exemplos de medidas deste tipo são:<br />

Recuperação directa de calor proveniente da zona de arrefecimento do forno para<br />

o uso em secadores;<br />

Aproveitamento de ar dos compressores de alimentação do sistema de ar<br />

comprimido para aquecimento ou para uso como ar de primário em queimadores;<br />

Recirculação de ar em secadores.<br />

Produção combinada de calor e electricidade<br />

A indústria cerâmica de revestimentos, como um consumidor intensivo de energia<br />

eléctrica e térmica, reúne as condições necessárias para a instalação de sistemas de<br />

produção simultânea de calor e electricidade. Este tipo de equipamentos pode servir<br />

como fonte de calor para processo de secagem e electricidade para alimentar motores e<br />

outros equipamentos ou para vender a um consumidor externo.<br />

É comum serem usados para este fim motores de combustão interna ou turbinas a gás<br />

com eficiências energéticas que podem alcançar os 85 %. G. Mallol apresenta um estudo<br />

com vista a aumentar a eficiência energética de um grupo de 8 secadores verticais<br />

alimentados com calor proveniente de 2 motores de combustão interna alimentados a gás<br />

natural. Neste trabalho foi concluído que o uso deste sistema representaria uma redução<br />

de cerca de 55 % no consumo de gás natural dos queimadores dos secadores verticais.<br />

Este estudo indica ainda que, em 2002, apenas 2% das unidades de produção de<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

151


cerâmica de revestimento usavam esta tecnologia sendo que o potencial de crescimento<br />

é enorme.<br />

Melhoria de processos e equipamentos auxiliares<br />

Procedimentos de melhoria do funcionamento de processos e equipamentos auxiliares ao<br />

processo principal devem também ser tomados. Equipamentos como motores eléctricos,<br />

compressores e sistemas de distribuição, iluminação são essencialmente consumidores<br />

de energia eléctrica que, embora seja consumida em menor quantidade que a energia<br />

térmica é relativamente mais cara representando assim uma redução potencialmente<br />

interessante nos custos da energia. Algumas medidas a tomar são:<br />

Instalação de variadores electrónicos de velocidade em motores eléctricos usados<br />

por exemplo em ventiladores;<br />

Admissão de ar frio nos compressores;<br />

Eliminação de fugas no sistema de ar comprimido;<br />

Redução da pressão de funcionamento da rede de ar comprimido;<br />

RESULTADOS<br />

No desenvolvimento deste trabalho concluiu-se que o secador túnel actualmente<br />

desactivado tem capacidade para secar o material até à humidade final pretendida, ou<br />

seja a humidade actual de saída do secador horizontal actualmente activo, mesmo<br />

trabalhando a temperaturas inferiores a este. O secador túnel apresenta ainda uma<br />

secagem final uniforme, não existindo diferenças acentuadas entre a humidade final<br />

máxima e mínima em situações correctas de funcionamento.<br />

Dentro dos cenários de funcionamento analisados para o secador, verificou-se que este<br />

consegue atingir desempenhos superiores ao secador horizontal mesmo operando a<br />

temperaturas inferiores ao seu limite máximo (90ºC), como acontece por exemplo no<br />

cenário em que são fornecidos 0,45 kg/s de ar de aquecimento. Deve-se referir ainda que<br />

a quantidade e temperatura do ar fornecido ao secador devem ser cuidadosamente<br />

escolhidas tendo em conta não só a humidade final pretendida mas também as limitações<br />

da máquina, tendo como exemplo para isto o cenário em que são fornecidos 0,9 kg/s de<br />

ar de aquecimento, o que leva a que o secador atinja temperaturas superiores à máxima.<br />

Um dos grandes atractivos do caso analisado neste trabalho é o facto do investimento<br />

necessário ser nulo uma vez que as instalações (conduta de recirculação de ar até ao<br />

secador) e equipamento se encontram actualmente disponíveis embora estejam<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

152


desactivados. Desta forma, após tomar conhecimento do comportamento da absorção de<br />

humidade durante o tempo em que o material é descarregado, e após a regulação<br />

correcta do funcionamento da máquina tendo em conta as propostas de configuração<br />

apresentadas, poder-se-á desactivar o secador horizontal actualmente em funcionamento<br />

permitindo uma redução acentuada do consumo de gás natural da fábrica analisada.<br />

O modelo desenvolvido para representação do secador mostrou-se de construção<br />

simples permitindo, com pequenas alterações, ser generalizado de modo a ser utilizado<br />

na simulação de processos de secagem idênticos ao estudado (de placas estáticas<br />

dispostas em andares com um escoamento de ar unidireccional paralelo a superfície)<br />

para outros materiais cuja cinética de secagem possa ser representada pelo modelo de<br />

Lewis.<br />

Principais medidas<br />

Optimizar parâmetros de funcionamento dos secadores;<br />

Automatizar os parâmetros de controlo do processo;<br />

Implementar uma etapa de pré cozedura;<br />

Melhorias no isolamento térmico de fornos e secadores;<br />

Substituição de queimadores convencionais por queimadores de alta eficiência;<br />

Recuperação de calor na zona de arrefecimento dos fornos;<br />

Recuperação de calor dos sistemas de ar comprimido para aquecimento ou para<br />

os secadores;<br />

Recirculação de ar em secadores;<br />

Co-geração para produção de electricidade e ar quente;<br />

Instalação de variadores electrónicos de velocidade;<br />

Arrefecer ao ar na entrada dos compressores;<br />

Eliminar fugas nos sistemas de ar comprimido;<br />

Eliminar as reduções de pressão no funcionamento das redes de ar comprimido.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

153


EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA: O QUE FOI FEITO NO<br />

BRASIL, OPORTUNIDADES DE REDUÇÃO DE CUSTOS E EXPERIÊNCIA<br />

INTERNACIONAL 26<br />

INTRODUÇÃO<br />

Este estudo foi realizado pela Confederação Nacional da Indústria Brasileira e a<br />

ELETROBRÁS, com o apoio do PROCEL Indústria – Programa de Conservação de<br />

Energia Eléctrica, desde 2004 e tem como objectivo aumentar o dinamismo das acções<br />

de eficiência energética no sector industrial brasileiro.<br />

No âmbito do estudo foi elaborado um diagnóstico detalhado das principais<br />

oportunidades e prioridades para o desenvolvimento do mercado de eficiência energética<br />

industrial. Para alcançar esse objectivo foram desenvolvidos os seguintes trabalhos:<br />

1. Experiência nacional em eficiência energética industrial: casos de sucessos no<br />

Brasil registados nos últimos 10 anos, análise de prioridades de investimentos de<br />

programas e fundos de investimentos governamentais;<br />

2. Principais oportunidades de economia de energia em sectores industriais<br />

seleccionados: oportunidades de melhoria de eficiência nos principais usos<br />

industriais de energia e barreiras que precisam ser vencidas;<br />

3. Experiência internacional: levantamento de práticas de eficiência energética<br />

industrial bem-sucedidas em diversos países.<br />

DESCRIÇÃO<br />

A indústria não é um sector prioritário nos programas governamentais brasileiros<br />

de eficiência energética apesar de ser o maior consumidor de energia.<br />

O sector industrial responde por 40,7% de toda energia consumida no Brasil (BEN, 2008).<br />

No entanto, não existe uma política governamental de longo prazo específica para o uso<br />

eficiente da energia na indústria. Isso reflecte-se na baixa prioridade dos programas<br />

federais de eficiência energética, nos investimentos de fundos sectoriais de eficiência<br />

energética e nas condições de financiamento proporcionadas. O sector residencial,<br />

comercial e público, que têm recebido maior prioridade nas políticas governamentais<br />

brasileiras, respondem apenas por 15,8% do total do consumo de energia no País.<br />

26 Eficiência Energética na Indústria<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

154


A economia de energia em acções de eficiência energética no sector industrial gera<br />

benefícios para toda a sociedade.<br />

Analisando os 217 projectos de eficiência energética, distribuídos por 13 sectores<br />

industriais, o custo médio do MWh economizado foi de R$79/MWh. Considerando o custo<br />

marginal de expansão do sistema de energia eléctrica, estimado pela EPE em<br />

R$138/MWh no Plano Decenal 2007/2016, a diferença entre estes dois valores é o ganho<br />

médio dos projectos. A economia obtida possibilita ao governo brasileiro e ao empresário<br />

direccionar recursos para outras prioridades. Sintetizando, acções visando a melhoria da<br />

eficiência energética agregam importantes ganhos sociais, ambientais e de<br />

competitividade das empresas.<br />

O foco de actuação das iniciativas governamentais brasileiras de eficiência<br />

energética industrial precisa ser ajustado.<br />

O levantamento realizado nos 13 sectores industriais analisados apontou que 82% das<br />

oportunidades de economia de energia na indústria estão relacionados com processos<br />

térmicos. Entretanto, as iniciativas governamentais de eficiência energética estão focadas<br />

no consumo de electricidade. O ajuste do foco dos principais programas e fundos de<br />

investimento em eficiência energética do governo levaria a melhores resultados se<br />

tivessem em consideração todas as fontes de energia utilizadas.<br />

Sectores industriais intensivos em consumo de energia de países concorrentes do<br />

Brasil recebem apoio de seus governos para desenvolver projectos de melhoria da<br />

eficiência energética.<br />

O estudo analisou 63 programas de 13 países, mais a União Europeia. Verificou-se a<br />

existência de um apoio directo às acções de eficiência energética industrial, como<br />

benefícios fiscais, condições especiais de financiamento, formação e disponibilização de<br />

informação técnica de qualidade.<br />

O momento é propício para maior dinamismo nas acções de eficiência energética<br />

no sector industrial.<br />

As iniciativas nacionais para acções de eficiência energética industrial ainda são muito<br />

tímidas. Contudo, a existência de metas de eficiência energética no Plano Nacional de<br />

Energia 2030 e a iniciativa do Ministério de Minas e Energia em desenvolver uma<br />

estratégia nacional de eficiência energética confirmam que este é o momento para firmar<br />

parcerias, reorganizar esforços, estabelecer metas e priorizar recursos.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

155


Síntese dos trabalhos desenvolvidos<br />

Experiência nacional em eficiência energética na indústria<br />

Empresas que investem em projectos de eficiência energética podem economizar<br />

recursos, ganhar competitividade e amenizar a pressão sobre a necessidade crescente<br />

de energia. Esta situação com reflexos na diminuição da pressão sobre a necessidade de<br />

investimento para aumentar a oferta de energia permite ao governo e ao empresário<br />

libertarem recursos para outras prioridades, sem perda de qualidade, segurança no<br />

abastecimento e com ganhos sociais e ambientais.<br />

Para conhecer o que já foi feito no Brasil e identificar prioridades de investimentos foram<br />

analisados 217 projectos de eficiência energética industrial em 13 sectores, realizados<br />

nos últimos 10 anos. A maioria dos projectos foi desenvolvida dentro das regras do<br />

Programa de Eficiência Energética – PEE (Lei 9.991/00), sob regulação da ANEEL. O<br />

montante total investido neste conjunto de projectos foi de R$161 milhões, gerando uma<br />

economia de 626 GWh, o que apresenta um Custo da Energia Conservada (CEC) de<br />

R$79/MWh (para uma duração média das acções de eficiência de 10 anos e a uma taxa<br />

de remuneração do capital de 12% ao ano).<br />

Considerando o valor de R$138/MWh para o custo marginal de expansão do sistema de<br />

energia eléctrica, valor estimado pela EPE (Plano Decenal 2007/2016), a eficiência<br />

energética é uma alternativa viável. Ou seja, a mesma quantidade de energia pode ser<br />

disponibilizada, a preços mais baixos, sem a necessidade de novas obras e com efeitos<br />

positivos no meio ambiente.<br />

O gráfico abaixo apresenta o valor médio da poupança energética obtida por sector de<br />

actividade. A constante representa o valor do custo marginal de expansão da potência<br />

disponibilizada pela rede eléctrica que é de R$138/MWh. Verifica-se que para alguns<br />

segmentos de actividade o retorno económico do investimento em eficiência energética é<br />

inviável para o prazo definido para o seu retorno (10 anos). No entanto, os projectos<br />

poderão tornar-se viáveis, caso o prazo de retorno passe a ser maior do que os 10 anos<br />

considerados.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

156


CEC (R$/MWh)<br />

CEC - Custo de Energia Economizada<br />

Valor da economia de energia por sector<br />

350<br />

319<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

36<br />

55 59 60 61<br />

73 74<br />

89<br />

103 106 109<br />

151<br />

0<br />

A tabela abaixo apresenta maiores detalhes sobre os projectos estudados. Entre os<br />

sectores analisados merecem destaque o segmento de siderurgia, que desenvolveu<br />

grandes projectos de Co-geração. Apesar de apresentar o custo médio por projecto mais<br />

alto, pois necessita de grandes investimentos iniciais em equipamentos, a economia de<br />

energia é bastante significativa. Como resultado desses factores temos um custo da<br />

energia de R$ 55/MWh, que é bastante atractivo.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

157


Segmento<br />

Indústria extractiva –<br />

Metálicos<br />

Projectos<br />

CFC Anualizado<br />

(10 anos, 12%<br />

em R$/MWh)<br />

Custo Médio<br />

dos Projectos<br />

em R$<br />

Energia<br />

Economizada<br />

em MWh/ano)<br />

6 36 476.111 62.644<br />

Siderurgia 12 55 4.888.238 146.104<br />

Químico 22 59 1.029.730 128.397<br />

Metalurgia 14 60 428.810 30.982<br />

Alimentos e Bebidas 35 73 361.158 40.934<br />

Papel e Celulose 9 74 257.637 12.882<br />

Couro 9 89 123.413 2.487<br />

Têxtil 12 103 325.380 7.090<br />

Indústria extractiva – Não<br />

Metálicos<br />

5 106 246.648 2.623<br />

Automóvel 9 109 633.365 11.841<br />

Cerâmico 28 151 50.781 1.222<br />

Fundição 12 319 40.657 2.307<br />

Outros 44 61 953.116 176.423<br />

Fonte: Diagnóstico CNI / Electrobrás<br />

Para cada um dos sectores foram analisados dados sobre histórico de investimentos,<br />

perfil do consumo de energia, potenciais de eficiência por etapa de produção ou cadeia<br />

de produto. Na tabela abaixo são apresentados os potenciais de eficiência levantados por<br />

uso final em sectores industriais de maior potencial de eficiência.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

158


Energia Eléctrica<br />

Combustíveis<br />

Usos Industriais de Energia<br />

Potencial de<br />

Economia (tep)<br />

Representação<br />

do Total de<br />

Economia (%)<br />

Sectores com<br />

Maior Potencial<br />

de Eficiência<br />

Total 14.655.855,67 100.00%<br />

Aquecimento Directo<br />

Fornos<br />

9.103.661,52 62.12%<br />

Siderurgia<br />

Cerâmico<br />

Cimento<br />

Aquecimento Directo<br />

Secadores<br />

415.466,80 2.83%<br />

Cerâmico<br />

Alimentos e Bebidas<br />

Têxtil<br />

Vapor de Processo<br />

Caldeiras<br />

2.358.183,02 16.09%<br />

Papel e Celulose<br />

Têxtil<br />

Alimentos e Bebidas<br />

Siderurgia<br />

Outros 74.679,61 0.51% Químico<br />

Força Motriz 2.358.439,53 13.87%<br />

Refrigeração 45.581,66 0,32%<br />

Fornos Eléctricos 370.873,53 2.53%<br />

Siderurgia<br />

Extractiva Mineral<br />

Alimentos e Bebidas<br />

Alimentos e Bebidas<br />

Químico<br />

Têxtil<br />

Siderurgia<br />

Metais não Ferrosos<br />

Ferros e Ligas<br />

Electrólise 191.387,34 1.31%<br />

Iluminação 60.241,47 0.41%<br />

Metais não Ferrosos<br />

Química<br />

Papel e Celulose<br />

Alimentos e Bebidas<br />

Têxtil<br />

Extractiva Mineral<br />

Papel e Celulose<br />

Outros 2.368,18 0.02% Extractiva Mineral<br />

RESULTADOS<br />

Da análise do estudo atrás referido, podemos concluir sobre a realidade brasileira no<br />

sector da cerâmica e a eficiência energética o seguinte:<br />

O sector cerâmico brasileiro apresenta um grande potencial de melhoria de<br />

eficiência energética, com garantia de um payback positivo para os investimentos<br />

realizados;<br />

Os maiores ganhos estão relacionados com a melhoria da eficiência energética<br />

associada aos equipamentos utilizados para a geração de calor (fornos e<br />

secadores);<br />

Neste sector industrial é principalmente utilizado como fonte de energia os<br />

combustíveis, sendo a electricidade utilizada de forma complementar;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

159


Melhorias incrementais de menor dimensão também podem ser obtidas com o<br />

upgrade tecnológico dos equipamentos utilizados para a geração de força motriz,<br />

ou seja ganhos de eficiência na utilização da electricidade como fonte energética.<br />

Principais medidas<br />

Melhoria da eficiência energética em fornos e secadores;<br />

Adopção de motores de alta eficiência;<br />

Variadores de velocidade.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

160


CE CERAMIN - CONCEITOS POUPANÇA ENERGÉTICA PARA A<br />

INDÚSTRIA EUROPEIA DE CERÂMICA 27 - COMUNIDADE EUROPEIA<br />

INTRODUÇÃO<br />

O objectivo principal deste projecto é a diminuição da quantidade média de energia<br />

utilizada nos processos de produção das indústrias de cerâmica na Europa, visando a<br />

redução dos custos energéticos nos processos de produção. Actualmente, os fabricantes<br />

de cerâmica enfrentam enormes encargos financeiros, em parte derivado do aumento do<br />

preço dos combustíveis, mas também das pressões políticas e legislativas com vista à<br />

diminuição das emissões de CO2.<br />

A indústria cerâmica é um dos grandes consumidores de energia na Europa. Os custos<br />

de energia representam mais de 30% dos custos totais de produção. Os países europeus<br />

fabricam produtos de cerâmica, com um valor estimado de cerca de €26 mil milhões.<br />

Os participantes vão obter dados sobre padrões de utilização de energia actual e<br />

consumo representativo das empresas de cerâmica por meio de questionários e visitas.<br />

Os dados avaliados e descrições serão usadas para desenvolver parâmetros e directrizes<br />

para a definição das melhores práticas neste sector.<br />

Pretende-se igualmente o estabelecimento de um rótulo (EEE - extraordinary energy<br />

efficient products) para apoio a este projecto.<br />

DESCRIÇÃO<br />

Principais actividades do projecto<br />

Análise dos processos de produção estabelecidos em empresas representativas<br />

através de questionários e visitas in loco.<br />

Adopção de uma abordagem metódica para definir as etapas do projecto e<br />

medidas (definições, colecta de dados, atribuição de rótulo: período de teste e<br />

implementação).<br />

Participação das empresas representativas dos principais sub-ramos da indústria<br />

cerâmica na execução do projecto.<br />

Desenvolvimento de análises comparativas e definição das orientações sobre as<br />

melhores práticas (para estabelecer critérios para a concessão extraordinária de<br />

etiquetas de eficiência energética).<br />

27 CE CERAMIN - Energy saving concepts for the European ceramic industry<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

161


Período experimental para afinação da concessão do rótulo e optimização dos<br />

pontos de referência e procedimentos de verificação.<br />

Implementação de atribuição do rótulo.<br />

Divulgação dos resultados do projecto através de diferentes tipos de média.<br />

RESULTADOS<br />

De acordo com as regras, as empresas produtoras de cerâmica dos seis países<br />

participantes foram convidados a partilhar os seus dados de consumo de energia com os<br />

restantes parceiros. A maioria das empresas participantes é produtora de pavimentos e<br />

de barro vermelho, assim como de cerâmica refractária e louça de mesa. Não se<br />

obtiveram reports de Itália e obteve-se escassa informação relativamente a Espanha e<br />

França.<br />

No total, foram atribuídas a nove empresas o rótulo "Triple-E-Label" em 2009. Por países,<br />

a Polónia e o Reino Unido foram os vencedores do prémio "Triple-E-Label". Os prémios<br />

cobriram quatro subsectores da indústria. Seis dos prémios foram atribuídos por aumento<br />

de eficiência na utilização da energia.<br />

Este projecto visa essencialmente incentivar as empresas a procurarem novos e<br />

melhorados processos com vista à redução da factura da componente energética<br />

incorporada nos seus produtos, obtendo estas simultaneamente um ganho de<br />

competitividade e um factor diferenciador no mercado, através da atribuição do rótulo<br />

"Triple-E-Label".<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

162


RELATÓRIO SECTORIAL DE CERÂMICA - OPORTUNIDADES DE<br />

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA A INDUSTRIA 28 - BRASIL<br />

INTRODUÇÃO<br />

Novos programas de conservação de energia no sector industrial que envolvem não só<br />

tecnologias mais eficientes, mas também novos formas de gestão e melhores hábitos de<br />

consumo, têm sido adoptados em inúmeros países.<br />

Tais programas visam optimizar o perfil e o mix do consumo de forma a diminuir tanto os<br />

gastos com energia, quanto os impactos ambientais associados ao seu consumo e<br />

garantir a competitividade, num mercado globalizado, cujo principal requisito é a<br />

qualidade dos produtos com sustentabilidade.<br />

Neste contexto, para o Brasil, ganha relevância o sector industrial cerâmico, grande<br />

consumidor de energia térmica em sua cadeia produtiva, com forte penetração no<br />

mercado internacional. A expansão da exportação de revestimentos cerâmicos alavanca<br />

o desenvolvimento da indústria extractiva mineral e da construção civil, tendo<br />

multiplicadores também nos sectores de serviços e comercial.<br />

Com tais premissas, este trabalho mostra o panorama do sector industrial cerâmico<br />

brasileiro, através da sua caracterização técnica, económica, ambiental e energética.<br />

Inclui também os resultados de simulações de potenciais técnicos de conservação de<br />

energia e a metodologia adoptada, comparados com valores encontrados na literatura<br />

técnica e as prováveis barreiras para atingir aqueles potenciais, visando a utilização das<br />

melhores tecnologias disponíveis para a indústria cerâmica mundial.<br />

Paralelamente ao desenvolvimento teórico do trabalho, visitaram-se feiras industriais de<br />

tecnologia cerâmica e reuniões de trabalho em associações patronais, incluindo visitas<br />

técnicas a fábricas seleccionadas, constatando-se o importante papel da inovação<br />

tecnológica e do uso de novas fontes de energia para a competitividade e a garantia de<br />

qualidade de seus produtos, visando a expansão dos actuais mercados consumidores.<br />

Além disso, procura-se o aperfeiçoamento tecnológico, favorecendo o estabelecimento e<br />

a consolidação de estratégias de diferenciação de produtos ―amigos‖ do meio ambiente.<br />

28 Oportunidades de eficiência energética para a indústria<br />

Relatório Setorial CERÂMICA - BRASÍLIA – 2010<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

163


É consensual para os principais players do sector cerâmico, que a adopção de<br />

estratégias empresariais focadas na inovação e uso das melhores tecnologias<br />

disponíveis, tem significado a promoção e a diversificação da matriz energética, menor<br />

consumo de água e energia no processo produtivo. Estes itens associados a uma melhor<br />

gestão elevam a produtividade, traduzindo-se em uma maior competitividade do sector<br />

nos mercados.<br />

Da avaliação dos resultados obtidos neste trabalho, surge como principal recomendação<br />

a necessidade de forte actuação conjunta: Estado e o sector industrial, tendo em vista<br />

alternativas para a viabilização dos potenciais técnicos de conservação de energia,<br />

através de acções e do aperfeiçoamento da Política Industrial brasileira.<br />

O principal foco são as novas orientações e demandas que o sector industrial, e em<br />

particular, a indústria cerâmica, poderá vir desempenhar após 2012, quando um novo<br />

regramento deverá surgir em substituição ao Protocolo de Kyoto. Neste novo status quo<br />

para a sustentabilidade, é certo que com as novas metas a serem acordadas, países<br />

emergentes, como o Brasil, serão chamados a dar suas contribuições de forma efectiva<br />

para a sustentabilidade do planeta. Neste quadro, o sector industrial cerâmico, com<br />

certeza será chamado a dar sua contribuição na diminuição das emissões e na geração<br />

de resíduos no âmbito do sector industrial brasileiro.<br />

DESCRIÇÃO<br />

O presente estudo abrande todas as vertentes do sector de cerâmico brasileiro. Do<br />

mesmo vamos apresentar a parte correspondente à eficiência energética, que é aquela<br />

que particularmente interessa a este capítulo do nosso diagnóstico.<br />

A análise da evolução de 1970 a 2006, do consumo energético utilizado na indústria<br />

cerâmica no Brasil mostra uma forte alteração dos pesos relativos de cada uma das<br />

fontes utilizadas no total da energia consumida. A composição dos pesos relativos de<br />

cada uma das fontes energéticas utilizadas no ano de 2006 e como o gráfico seguinte<br />

mostra.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

164


2,1% 0,0%<br />

7,8% 0,0%<br />

Gás Natural<br />

4,3%<br />

25,5%<br />

Carvão Vapor<br />

0,2%<br />

0,9%<br />

8,1%<br />

1,2%<br />

Lenha<br />

Outras Recuperações<br />

Oóleo Diesel<br />

Óleo Combustível<br />

GPL<br />

Outros de Petróleo<br />

Gás Canalizado<br />

Electricidade<br />

Outras Não Especificadas<br />

49,9%<br />

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do Balanço Energético Nacional (EPE, 2007)<br />

Da análise efectuada, constata-se que apesar de ter perdido uma parcela significativa de<br />

seu mercado para o gás natural, o óleo combustível ainda foi o terceiro combustível mais<br />

consumido no ano de 2006. Em quarto lugar ficou a energia eléctrica, com um lento<br />

crescimento absoluto, mas sustentado ao longo de todo o período analisado. Entre as<br />

outras fontes de energia, destaca-se o GPL, que apesar de ter vindo a ser substituído<br />

progressivamente pelo gás natural, ainda represente 4,3% do consumo energético total<br />

no ano de 2006.<br />

No quadro seguinte apresenta-se a evolução do valor acrescentado dos consumos de<br />

energia eléctrica, térmica e das respectivas intensidades, para o período de 1996 a 2005:<br />

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005<br />

VA (10 6 R$ de 2005) 1.881 3.337 2.960 2.571 2.420 2.149 2.309 2.501 3.404 2.754<br />

CEL (10 3 tep) 187 222 231 233 234 229 238 245 262 270<br />

IEL (tep/10 6 R$ de 2005) 64.9 35.1 78.0 90.6 96.7 106.6 103.1 98.9 77.0 98.0<br />

CET (10 3 tep) 2.524 2.661 2.718 2.729 2.834 2.760 2.819 2.881 2.953 3.142<br />

IET (tep/10 6 R$ de 2005) 876 797 918 1.061 1.171 1.284 1.221 1.152 867 1.141<br />

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165


Do quadro ressalta que o consumo de energia térmica é muito maior do que o consumo<br />

de energia eléctrica. O valor adicionado caiu continuamente de 1998 a 2001 e,<br />

novamente, em 2005; os valores tanto da intensidade eléctrica como da intensidade de<br />

energia térmica, acompanharam este comportamento. Sobreposto a este comportamento<br />

cíclico, observam-se aumentos médios, durante o período analisado, de ambas as<br />

intensidades.<br />

RESULTADOS<br />

Barreiras identificadas ao uso racional de energia<br />

Uma aceleração dos programas de eficiência energética neste sector, tem, sem dúvida,<br />

como pré-requisito a superação de barreiras que dificultam um maior dinamismo nas<br />

acções que visam a conservação de energia. Entre essas barreiras podem-se destacar:<br />

Estrutura legal pouco atractiva para a co-geração ou produção de energia<br />

independente;<br />

Necessidade de formação de pessoal para identificar oportunidades de eficiência<br />

energética e para fazer a gestão dos projectos que se mostrarem viáveis;<br />

Indisponibilidade de determinadas tecnologias;<br />

Racionalização do uso de energia em competição com outras prioridades de<br />

investimento;<br />

Elevados investimentos iniciais;<br />

Incertezas quanto aos preços de energia e altos custos iniciais dos investimentos<br />

devido aos impostos de importação;<br />

Restrições ao financiamento.<br />

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166


POUPANÇA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA DA CERÂMICA 29 - COLÔMBIA<br />

INTRODUÇÃO<br />

O processo de fabricação dos produtos cerâmicos consiste em três grupos principais de<br />

operações. Em primeiro lugar, a preparação de matérias-primas e produtos<br />

intermediários (como as argilas, os corantes, etc). Em segundo lugar, as operações<br />

necessárias para a obtenção do produto acabado. Por último, a distribuição, ou seja, a<br />

colocação do produto acabado nas mãos do consumidor.<br />

Ampliando a visão para toda a cadeia de valor da indústria cerâmica, é necessário<br />

apontar ainda três actividades-chave, que juntamente com a produção de telhas, formam<br />

a base deste ramo da produção: extracção e preparação da argila, a indústria de fritas,<br />

esmaltes e cores e produção e reparação de máquinas.<br />

A principal matéria-prima no processo de fabricação de cerâmica é a argila. Há uma<br />

variedade de argilas utilizadas na fabricação de cerâmica, em que as diferenças<br />

reflectem-se na sua composição química, afectando directamente as propriedades físicoquímicas<br />

dos produtos obtidos e as emissões residuais geradas durante o processo.<br />

Também são usados, em menor escala, outras substâncias, como areia de quartzo,<br />

feldspato, granito, etc.<br />

Entre as características mais importantes desta indústria podemos incluir:<br />

Grandes disparidades na dimensão e nas tecnologias utilizadas nas instalações<br />

produtivas;<br />

A produção de uma grande variedade de produtos;<br />

A dispersão geográfica das instalações de produção (tijolos e telhas);<br />

A concentração de instalações de produção em determinadas áreas (pisos<br />

cerâmicos).<br />

O processo de fabricação de cerâmica estrutural pode ser diferente em cada empresa. As<br />

principais diferenças nos processos de produção estão relacionadas com a preparação<br />

das matérias-primas (moagem, humedecimento, amassar, etc.) e a moldagem<br />

(prensagem, extrusão, fundição, torneamento, etc.).<br />

DESCRIÇÃO<br />

O consumo de energia neste sector é intensivo, devido em grande medida à grande<br />

quantidade de equipamento envolvido no processo, em que influi o grau de mecanização<br />

29 Ahorro de Energía en la Industria Cerámica<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

167


implementado na instalação sob observação, já que existem muitos sub-processos que<br />

não se encontram mecanizados em muitas das instalações analisadas. De qualquer<br />

modo, há que destacar a grande influência dos custos energéticos na formação do preço<br />

final do produto, oscilando entre os 25 e os 40%, segundo o tipo de produto e da<br />

tecnologia utilizada.<br />

Na tabela seguinte mostram-se os tipos de energia mais utilizados e a sua intensidade<br />

em relação ao consumo total:<br />

Processo Energia utilizada Nível de consumo Equipamento<br />

Moagem Eléctrica Moderado Moinhos<br />

Mistura Eléctrica Moderado Misturadoras<br />

Moldagem Eléctrica Moderado Extrusoras<br />

Secagem Térmica Moderado Estufas<br />

Cozedura Térmica Muito intenso Fornos<br />

Os dados da tabela correspondem a uma empresa onde o transporte do material pela<br />

fábrica e a preparação para a distribuição está mecanizado e, portanto, existe um<br />

consumo de electricidade por parte dos equipamentos envolvidos na sua movimentação.<br />

Outro factor muito importante no sector e com forte influência no consumo de energia<br />

térmica é o tipo de combustível utilizado nos processos de combustão, já que cada<br />

combustível apresenta características diversas e, portanto, com diferente comportamento<br />

energético durante a combustão.<br />

Principais combustíveis utilizados no sector<br />

A utilização de um determinado combustível na indústria de produtos cerâmicos<br />

estruturais dependerá de diferentes factores:<br />

Disponibilidade;<br />

Distribuição e infra-estrutura;<br />

Preço;<br />

Eficiência ambiental;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

168


Eficiência energética.<br />

Por outro lado, a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto a nível mundial implica que os<br />

estados abrangidos pelo mesmo devem reduzir as suas emissões que contribuíam para o<br />

efeito de estufa e, portanto, o tipo de combustível utilizado e a sua quantidade,<br />

constituem factores determinantes na sua escolha pelas empresas.<br />

Características gerais dos combustíveis<br />

Para cada um dos principais combustíveis utilizados, apresenta-se de seguida o seu<br />

PCI, o processo em que se utiliza e a sua valorização qualitativa em relação à eficiência<br />

energética<br />

Combustível<br />

PCI<br />

(kcal/kg)<br />

Gás natural 11.600<br />

Coque de<br />

petróleo<br />

Processos<br />

Cozedura<br />

Aquecimento<br />

Secagem<br />

Co-geração<br />

7.700 Cozedura<br />

Coque<br />

micronizado 30 8.300 Cozedura<br />

Fuel 9.700<br />

Carvão<br />

Biomassa<br />

Depende do<br />

tipo de<br />

carvão<br />

2.831-4.541<br />

31<br />

Cozedura<br />

Co-geração<br />

Cozedura<br />

Cozedura<br />

Secagem<br />

Eficiência energética<br />

No geral, apresenta bom<br />

rendimento durante a<br />

combustão<br />

No geral oferece um<br />

bom rendimento durante<br />

a combustão.<br />

O tamanho da partícula<br />

junto com a circulação<br />

do ar no forno, provoca<br />

que a repartição do calor<br />

seja mais equilibrada,<br />

provocando um bom<br />

rendimento<br />

Deve ser previamente<br />

aquecido. O<br />

comportamento em<br />

combustão é bom<br />

O seu PCI junto com<br />

geração de cinzas<br />

elevada, fazem com que<br />

a sua eficiência seja<br />

baixa<br />

Um baixo PCI faz com<br />

que a sua eficiência<br />

energética seja baixa<br />

Resultados<br />

económicos<br />

Preço varia em função<br />

do preço do petróleo<br />

Preço mais baixo que os<br />

restantes combustíveis<br />

Preço varia em função<br />

do conteúdo de enxofre<br />

e de HGI<br />

Preço situa-se acima do<br />

coque de petróleo e<br />

inferior aos restantes<br />

combustíveis<br />

Custo elevado. O preço<br />

flutua em função do<br />

preço do petróleo.<br />

Preço situa-se entre o<br />

coque de petróleo e o<br />

gás natural<br />

Custo elevado e variável,<br />

principalmente devido a<br />

sua disponibilidade.<br />

30 Tamanho médio do grão de cerca de 20 mícrones<br />

31 Depende do grau de humidade<br />

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169


Comparação dos diversos tipos de combustíveis<br />

Analisadas as principais características dos combustíveis mais utilizados no sector,<br />

apresentam-se de seguida as principais vantagens e inconvenientes de cada um dos<br />

combustíveis:<br />

Combustível Vantagens Inconvenientes<br />

Gás natural<br />

Coque de petróleo<br />

Coque<br />

micronizado<br />

Fuel<br />

Carvão<br />

Biomassa<br />

Emissões gasosas menores<br />

que os restantes<br />

combustíveis<br />

Elevado PCI elevado<br />

Transporte cómodo e limpo<br />

Preço baixo<br />

As cinzas podem ser<br />

misturadas com as argilas<br />

Disponibilidade<br />

Preço baixo<br />

O transporte e o<br />

armazenamento não gera<br />

emissão de partículas<br />

PCI mais elevado que o<br />

coque convencional<br />

Disponibilidade<br />

Elevado PCI<br />

O transporte e o<br />

armazenamento sem impacto<br />

ambiental<br />

Preço médio<br />

Disponibilidade<br />

Não são consideradas as<br />

emissões de CO2 (Protocolo<br />

de Kyoto)<br />

Utilização aconselhada em<br />

muitos países<br />

Preço elevado<br />

A sua distribuição não<br />

abrange ainda todos os<br />

consumidores<br />

Emissão de partículas<br />

durante o transporte e no<br />

armazenamento<br />

Emissões gasosas<br />

moderadas<br />

Elevado conteúdo de enxofre<br />

(ainda que as emissões<br />

sejam catalisadas durante o<br />

processo)<br />

Emissões moderadas de<br />

partículas<br />

Elevado conteúdo de enxofre<br />

(ainda que as emissões<br />

sejam catalisadas durante o<br />

processo<br />

A combustão gera emissões<br />

no ar significativas<br />

Preço elevado<br />

Complexidade de<br />

manipulação na fase de pré<br />

combustão<br />

Perigosidade do<br />

armazenamento em<br />

instalações antigas<br />

Elevadas emissões aéreas<br />

Risco de geração de<br />

emissões no ar durante o<br />

transporte e o<br />

armazenamento<br />

Preço elevado<br />

Disponibilidade intermitente<br />

Geralmente não se utiliza no<br />

processo de cozedura<br />

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170


Medidas de poupança energética<br />

Os processos produtivos utilizados actualmente para a fabricação de peças cerâmicas<br />

compreendem um conjunto de operações que são independentes do produto final e do<br />

processo de fabrico utilizado. O consumo de energia nestas operações é muito variável,<br />

sendo notoriamente superior na secagem e no cozimento.<br />

Ainda que as operações de preparação das matérias-primas e de moldagem o consumo<br />

energético directo seja reduzido, podem ter incidência importante sobre o consumo nas<br />

operações de secagem e de cozimento. O crescente custo da energia obriga a um olhar<br />

mais crítico sobre os processos e equipamentos utilizados na indústria cerâmica. Com<br />

um menor consumo de energia, existirá sempre um menor impacto ambiental. Este<br />

impacto dependerá do tipo de energia utilizada, da que se poupa e se diversifica.<br />

Apresentamos agora algumas medidas de poupança que permitirão diminuir os<br />

consumos energéticos:<br />

Medidas de poupança energética na moldagem<br />

As técnicas de poupança energética na moldagem estão relacionadas com a diminuição<br />

do conteúdo de água nas peças, mantendo a plasticidade requerida para as mesmas.<br />

Como melhoria de maior interesse, podemos citar:<br />

Aditivos. Pode-se melhorar a plasticidade das argilas naturais e, portanto, moldar<br />

peças com menor conteúdo de água se se utilizarem determinados aditivos;<br />

Regulação automática. O controlo da adição de água à pasta, evita um conteúdo<br />

excessivo de água nas peças moldadas, com diminuição do consumo de energia<br />

na secagem;<br />

Extrusão ao vapor. A extrusão ao vapor permite obter plasticidade requerida pelo<br />

equipamento, com um menor conteúdo de água;<br />

Prensagem em seco. A prensagem em seco é o sistema de moldagem que<br />

produz peças com menor conteúdo de água. Quanto menor o conteúdo de água<br />

nas peças moldadas, menor é a necessidade de calor na secagem.<br />

Reutilização de produtos antes da cozedura<br />

Durante o processo de extrusão e de moldagem, o material é obrigado a passar por uma<br />

boquilha que dá a forma à peça e posteriormente cortada para apresentar as dimensões<br />

adequadas em função do produto que se pretende obter. Durante este processo, geramse<br />

desperdícios devido em parte ao próprio corte realizado, que podem ser reintroduzidos<br />

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171


na misturadora, sem que se produza perda de qualidade na matéria-prima. A quantidade<br />

de peças defeituosas geradas dependerá do tipo de fábrica, porém poderá alcançar até<br />

1% da produção. Mediante este sistema, pode-se obter uma dupla poupança, uma<br />

relacionada com o aproveitamento do desperdício e outra com a menor necessidade de<br />

gestão de resíduos.<br />

Misturadora de argilas plásticas com vapor<br />

A mistura com vapor de baixa pressão (inferior a 4 kg/cm2) em vez de água para<br />

conseguir a plasticidade adequada da argila, permite reduzir o conteúdo em água de<br />

cerca de 2-3%, com a consequente poupança energética na secagem; ademais, reduzirse-á<br />

o consumo eléctrico na extrusão.<br />

Prensagem em seco (ladrilho prensado ou extrusão dura)<br />

Se se prensa o material com a humidade própria da argila, consegue-se reduzir em<br />

quase 100% o consumo energético da secagem; poder-se-ia secar no pré forno com<br />

calor residual. Sem embargo, a compressão faz aumentar o consumo eléctrico, ainda que<br />

o balanço global de energia primária necessária é favorável a esta medida.<br />

Medidas de poupança energética na secagem<br />

Algumas das melhorias possíveis de implementar na secagem são:<br />

Utilização de aditivos<br />

O emprego de aditivos em como objectivo aumentar ao máximo a permeabilidade das<br />

peças, para facilitar a migração da água até à superfície. Desta maneira, evita-se a<br />

formação de gretas e diminui-se o tempo de secagem. A poupança energética<br />

conseguida pode contabilizar-se numa escala de 5 a 10% do consumo na secagem.<br />

Recuperação do calor presente nos fumos dos fornos<br />

Os gases da combustão de um forno contêm uma certa energia, pois o seu nível de<br />

temperatura é da ordem dos 100 a 140ºC. Será lógico poupar custos, recuperando parte<br />

desta energia noutras etapas do processo onde a mesma possa ser utilizada. O objectivo<br />

é aumentar a eficácia energética global do processo. Se nem todo o calor é recuperável,<br />

pois depende, entre outras coisas, da temperatura de saída dos fumos, do seu conteúdo<br />

em enxofre e da carga do forno. Basicamente, o aproveitamento deste calor residual<br />

pode ser:<br />

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172


Pré aquecimento e pré secagem do material que alimenta o pré forno (se<br />

existente);<br />

Utilização directa na secagem, em caso de fornos a gás natural;<br />

Pré aquecimento do ar para a combustão (mediante intercambio indirecto).<br />

O sistema seria formado por uma tubagem que liga as duas instalações, em conjunto<br />

com um sistema de ventilação de ar quente (recuperador), que é transportado dentro da<br />

zona das estufas e, uma vez dentro, é distribuído através dos ventiladores existentes na<br />

área. O ar utilizado está livre de contaminantes, já que é recolhido da zona final do forno<br />

e as principais emissões produzem-se na zona central, que são aspiradas e emitidas ao<br />

exterior mediante uma chaminé (que deverá conter um filtro, para assegurar emissões de<br />

contaminantes o mais baixo possível).<br />

Fonte: Plano de poupança e eficiência energética 2004-2006 Andaluzia<br />

A poupança esperada oscilará entre os 2 e os 6% do consumo global do forno, para o<br />

aproveitamento dos gases e da ordem de 1-5% do consumo global do forno na<br />

recuperação do calor residual.<br />

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173


Recuperação de calor residual<br />

Nos fornos túnel há calor residual que apresenta suficiente nível térmico para ser<br />

aproveitado no processo. Por exemplo, a refrigeração da abóbada e das vagonetas do<br />

forno sai em forma de corrente de ar a 100-120ºC, que se pode aproveitar no pré forno<br />

(se existente) ou na própria caixa de mistura, misturando-o com o ar de recuperação<br />

direta, ou aproveitar-se como ar de combustão dos bicos do forno. A poupança esperada<br />

é da ordem de 1-5% do consumo global do forno.<br />

Utilização de isolantes térmicos<br />

A utilização de isolamento térmico nas estufas e nas condutas de gases quentes<br />

extraídos do forno melhora notavelmente o rendimento energético, com um investimento<br />

reduzido.<br />

Utilização de sistemas de controlo<br />

As características especiais da secagem de peças cerâmicas e a necessidade de manter<br />

rigorosamente determinadas condições de humidade e temperatura, configuram a<br />

secagem como uma operação com um amplo campo para a introdução de sistemas de<br />

regulação automática. O emprego destes sistemas conduz à redução do consumo<br />

energético da secagem, devido a que permite um maior e melhor ajuste das condições<br />

ideais de secagem, reduzindo-se a duração da operação e a um aumento da qualidade<br />

das peças (diminui o índice de rachas).<br />

Utilização de estufas contínuas<br />

As estufas contínuas apresentam uma série de vantagens sobre os outros tipos. Como<br />

características mais importantes, podemos destacar:<br />

Diminuição da mão-de-obra;<br />

Aumento da velocidade do processo;<br />

Diminuição do consumo energético;<br />

Facilidade no controlo automático da humidade e temperatura;<br />

Integração com o forno de cozer (se do tipo túnel);<br />

Utilização de bombas de calor<br />

Através da utilização de bombas de calor, toma-se calor de um foco frio (ar temperado e<br />

húmido na saída da estufa) e cede-se a um foco quente (ar que vai ser utilizado na<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

174


secagem). Neste caso, é aconselhável a utilização de um circuito fechado para o ar. A<br />

humidade que se tira às peças na secagem, elimina-se no evaporador do circuito da<br />

bomba de calor. O rendimento real é de 30 a 50%.<br />

Melhoria da distribuição de ar nas estufas<br />

Nas estufas em túneis contínuos ou semi-contínuos, a distribuição do ar no seu interior<br />

realiza-se através de injecção do ar pela parte superior. Para melhorar a distribuição do<br />

calor, estão sendo instalados ventiladores cónicos, que permitem regular a toda a altura<br />

da estante da entrada de ar quente e, consequentemente, a temperatura de secagem.<br />

Por outras palavras, permitem homogeneizar a temperatura e a humidade a toda a altura<br />

da estante. Melhora-se a qualidade final do produto e reduz-se o ciclo de secagem do<br />

equipamento com a consequente poupança energética (da ordem dos 10-20% do<br />

consumo inicial da estufa).<br />

Medidas de poupança energética no cozimento<br />

O cozimento é a operação de maior importância na fabricação de produtos cerâmicos, do<br />

ponto de vista energético e económico. Pode-se alcançar uma poupança energética<br />

considerável, elegendo-se um sistema de cozimento e fornos adequados, modificando-se<br />

as matérias-primas, optimizando a transmissão de calor no interior do forno e reduzindo<br />

as perdas de calor.<br />

Detalham-se algumas medidas visando a redução do consumo energético no cozimento:<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

175


Utilização racional da atmosfera (ar ambiente) do forno<br />

O ar ambiente do forno influi num grande número de transformações físicas e químicas<br />

que têm lugar durante o cozimento das peças cerâmicas, controlando a velocidade de<br />

numerosos processos e a fusibilidade dos sistemas cerâmicos.<br />

O componente desta atmosfera que mostra maior interesse, do ponto de vista<br />

energético, é o vapor de água, já que este produz nas fases vítreas dois efeitos no<br />

vidrado, que são a diminuição da viscosidade e da tensão superficial, o que produz um<br />

vidro mais fluído a menores temperaturas, aumentando-se assim a velocidade de<br />

sinterização nas pastas cerâmicas.<br />

A adição de água também provoca um aumento dos coeficientes de transmissão de calor<br />

por convecção e por radiação. Estas características tendem a homogeneizar a<br />

temperatura no interior do forno.<br />

Optimização da distribuição das peças no interior do forno<br />

As características fundamentais que devem apresentar a distribuição das peças no<br />

interior do forno para facilitar a transmissão do calor são:<br />

Facilidade de acesso dos gases a qualquer ponto da carga;<br />

Dificultar a circulação dos gases na parte alta da carga (fornos contínuos).<br />

A permeabilidade dos empilhamentos das peças facilita o acesso dos gases e, portanto,<br />

do calor a qualquer ponto da carga, homogeneizando-se a temperatura com grande<br />

rapidez. O factor determinante da permeabilidade de um empilhamento é a superfície em<br />

contacto com os gases do forno.<br />

Recirculação de gases<br />

A recirculação de gases diminui a duração do ciclo de cozimento, já que facilita<br />

notavelmente a transmissão de calor no interior do forno. Esta melhoria permite a<br />

produção de peças de maior qualidade (diminui a percentagem de peças rachadas e<br />

defeituosas) e com um consumo energético menor (diminui a duração do ciclo de<br />

cozimento). A recirculação deve calcular-se de forma precisa, para evitar a aparição de<br />

sobre pressão ou de sub pressão, que aumentariam as fugas de gases quentes ou<br />

entradas de ar frio, respectivamente.<br />

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176


Redução de perdas em funcionamento intermitente<br />

Durante o tempo de paragem, o calor armazenado nas paredes e no chão do forno<br />

dissipa-se gradualmente, constituindo uma perda, já que será necessário de novo no<br />

período seguinte de utilização do forno. Para diminuir as perdas por funcionamento<br />

intermitente do forno, recomenda-se:<br />

Utilização de material de elevada difusibilidade;<br />

Ciclos de grande duração;<br />

Paredes de pequena espessura.<br />

Instalação de queimadores de alta velocidade no forno<br />

A colocação de queimadores de alta velocidade nas paredes laterais da zona de pré<br />

aquecimento de um forno túnel, permite uma maior homogeneidade de temperaturas<br />

entre a parte alta e baixa dos contentores de ladrilhos, sendo assim mais rápido e<br />

eficiente o cozimento do material.<br />

Mediante a instalação deste tipo de queimadores, reduz-se tanto a duração do ciclo de<br />

cozimento (com o consequente aumento da produtividade entre 20 a 30%), como o<br />

consumo específico do forno (em aproximadamente uns 5%).<br />

Substituição de linhas de fornos Hoffmann e estufas de câmaras por fornos e<br />

estufas túnel contínuos<br />

Trata-se de uma medida de modernização tecnológica dos equipamentos principais<br />

(fornos Hoffmann e estufas de câmaras) de tecnologia inferior e de operação<br />

descontínua, por um forno túnel e estufas contínuo ou semi contínuo: por um lado,<br />

permite aumentar a quantidade e qualidade do ladrilho cozido e reduzir o custo da mãode-obra;<br />

por outro, a diminuição apreciável do consumo específico de combustível.<br />

Devido à operação contínua, a recuperação directa de um forno túnel equivale a mais de<br />

30% do calor necessário para cozer uma tonelada de ladrilho, enquanto para os fornos<br />

Hoffmann esta proporção é inferior a 20%. Este é o motivo principal para a eficácia<br />

energética de um forno túnel ser mais elevada que a de um forno Hoffmann. O<br />

rendimento térmico de um forno túnel é superior a 70-75% em relação à combustão e ao<br />

PCI do combustível utilizado, bastante maior que o valor de um forno Hoffmann, que<br />

oscila entre os 50 e 55%. Algo parecido ocorre com as estufas: o rendimento de uma<br />

estufa de câmaras oscila entre os 45-55%, enquanto uma estufa túnel é 70% ou superior.<br />

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177


Ademais, deve ter-se em conta o benefício da melhor qualidade do produto e da maior<br />

capacidade de produção. Também é importante a redução do custo de mão-de-obra.<br />

Instalação de co-geração<br />

O consumo eléctrico nas indústrias do sector cerâmico é considerável, devido aos<br />

equipamentos envolvidos nos diversos processos. Uma forma importante de melhorar<br />

este consumo é a implementação da co-geração para a geração de electricidade, de<br />

maneira que parte desta seja vendida e parte seja consumida internamente na própria<br />

empresa. Ademais, o calor residual produzido pode ser aproveitado no mesmo processo.<br />

Existem distintos tipos de co-geração e que oferecem características diferentes.<br />

Seguidamente apresentam-se as principais vantagens e desvantagens de cada um:<br />

Tipos Vantagens Desvantagens<br />

Turbina de gás<br />

Gama de aplicações ampla<br />

Fiabilidade<br />

Temperatura elevada da<br />

energia térmica<br />

Emissão de gases com alto<br />

conteúdo de oxigénio<br />

Gamas desde 0,5 a 100MW<br />

Limitação nos<br />

combustíveis<br />

Tempo de vida<br />

relativamente curto<br />

Turbina de Vapor<br />

Rendimento global muito alto<br />

Segurança<br />

Variedade dos combustíveis a<br />

usar<br />

Tempo de vida amplo<br />

Ampla gama de potências<br />

Custo elevado<br />

Posta em marcha lenta<br />

Não é possível alcançar<br />

potências eléctricas<br />

elevadas<br />

Motor Alternativo<br />

Alto rendimento eléctrico<br />

Baixo custo<br />

Tempo de vida amplo<br />

Capacidade de adaptação às<br />

variações da procura<br />

Custos de manutenção<br />

elevados<br />

Obtenção de energia<br />

térmica a baixa<br />

temperatura<br />

A poupança económica que se obtém depende da diferença que exista entre o preço da<br />

energia adquirida directamente da rede e o preço do combustível utilizado na co-geração.<br />

Na situação em que exista também venda de energia à rede, dependerá também da<br />

margem entre o preço do combustível e o preço de venda. Quanto maior for este<br />

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178


diferencial, maior será o benefício que se obtém e, portanto, mais rapidamente se obterá<br />

a amortização da instalação. Nas situações mais usuais da implementação da cogeração,<br />

obtêm-se reduções na ordem dos 20-30% na factura da energia eléctrica, com<br />

períodos de amortização dos 2 a 3 anos.<br />

Mudança para o gás natural<br />

O gás natural é um combustível limpo, de fácil controlo e regulação. O seu uso em lugar<br />

dos combustíveis convencionais, implica:<br />

Poupança e diversificação energética e, portanto, melhoria da eficiência<br />

energética do processo;<br />

Poupança económica, devida principalmente, ao preço elevado alcançado nos<br />

últimos anos elos combustíveis derivados do petróleo;<br />

Melhoria do rácio de produção versus qualidade do produto;<br />

Diminuição da dependência energética do petróleo;<br />

Redução do impacto ambiental da actividade.<br />

A poupança que se obteria com a substituição dos combustíveis derivados do petróleo é<br />

da ordem dos 2-10% do consumo inicial. No caso da geração de ar quente para a<br />

secagem é de cerca de 10%.<br />

Muitas indústrias cerâmicas instalaram queimadores de fluxo de ar a gás, que satisfazem<br />

a procura de ar quente da secagem de forma limpa e eficaz e permitem maior facilidade<br />

de regulação do processo de secagem e maior qualidade do produto final. Assim, estes<br />

equipamentos permitiram melhorar a competitividade e contribuir para a modernização<br />

tecnológica. Os queimadores laterais de alta velocidade a gás dos fornos túnel melhoram<br />

o pré aquecimento do material e permitem aumentar a produção e a qualidade do produto<br />

final.<br />

RESULTADOS<br />

Consideram-se relevantes as seguintes áreas de melhoria:<br />

- Utilização de aditivos que impliquem menor conteúdo de água nas pastas;<br />

- Regulação automática do conteúdo de água;<br />

- Implementar a extrusão ao vapor;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

179


- Utilizar sistemas de prensagem a seco;<br />

- Reutilização de resíduos de pasta resultantes da moldagem;<br />

- Utilização de vapor a baixa pressão em vez de água nas argilas plásticas;<br />

- Recuperação de calor do ar dos fornos;<br />

- Recuperação de calor nos gases de escape dos fornos;<br />

- Melhorar os isolamentos térmicos em fornos e secadores;<br />

- Controlos automáticos das condições nos fornos (humidade e temperatura);<br />

- Utilização de estufas contínuas;<br />

- Utilização de bombas de calor;<br />

- Melhorar a distribuição do ar no interior das estufas;<br />

- Controlar o teor de humidade no interior dos fornos;<br />

- Optimizar a distribuição de peças no interior dos fornos de cozedura;<br />

- Recirculação de gases no interior dos fornos;<br />

- Optimização do planeamento de cargas nos fornos, com redução dos tempos de espera<br />

e paragens;<br />

- Instalação de queimadores de alta velocidade nos fornos;<br />

- Substituição dos fornos por fornos túnel;<br />

- Co-geração;<br />

- Mudança para o gás natural.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

180


IDENTIFICAÇÃO DE CASO DE SUCESSO<br />

PROJECTO EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA CERÂMICA ISABELA, LTD 32 -<br />

BRASIL<br />

Este projecto visa implementar melhorias nas instalações eléctricas da empresa com o<br />

objectivo de que venham a contribuir para a eficiência dos processos, aumento da<br />

segurança nas instalações e o uso racional de energia. Será realizado um diagnóstico<br />

energético, que irá apontar as principais oportunidades de racionalização do consumo de<br />

energia eléctrica. A Enersul executará a implementação das medidas de eficiência<br />

energética apresentadas no relatório de diagnóstico energético. Na ocasião, será<br />

apresentado o detalhe do projecto, especificando as medidas a serem implementadas, os<br />

custos individuais de material e mão-de-obra, cálculo do custo-benefício, cronograma<br />

físico/financeiro e metodologia para verificação e medição do resultado.<br />

As implementações serão discutidas com o cliente, a fim de viabilizar a melhor forma de<br />

serem concretizadas, cabendo à Enersul o desembolso referente aos custos de mão-deobra,<br />

materiais e equipamentos. Os desembolsos efectuados pela Enersul serão<br />

ressarcidos pelo cliente, aplicando-se as condições de negociação estabelecidas em<br />

Contrato de Performance. A recuperação do investimento será parcelada, limitando-se as<br />

parcelas ao valor da economia verificada.<br />

DESCRIÇÃO E RESULTADOS<br />

Com a elaboração dos diagnósticos energéticos e a efectivação das medidas indicadas<br />

nos relatórios, espera-se obter uma economia de energia da ordem dos 1.376,35<br />

MWh/ano e uma redução da procura nas horas de ponta de 337,36 kW.<br />

Benefícios Esperados<br />

Os benefícios do projecto atenderão aos interesses dos clientes, combatendo os focos de<br />

desperdício de energia eléctrica dentro das suas instalações, reduzindo o valor da<br />

factura, e contribuindo para elevar a eficiência nos processos e a segurança.<br />

Concomitantemente, o projecto vem ao encontro dos objectivos da Enersul, uma vez que<br />

o deslocamento de carga do horário de ponta do sistema permite postergar<br />

investimentos, aumentar a oferta, e melhorar a qualidade de fornecimento.<br />

32 ENERSUL - Programa de Eficiência Energética 2011<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

181


Investimento Previsto<br />

O investimento previsto para execução dos projectos é de R$ 1.563.693,75.<br />

Principais medidas<br />

- Realização de Auditorias energéticas;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

182


CASOS DE SUCESSO NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS DE<br />

PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA<br />

IDAE - INSTITUTO PARA A DIVERSIFICAÇÃO E POUPANÇA<br />

ENERGÉTICA 33 - ESPANHA<br />

INTRODUÇÃO E DESCRIÇÃO<br />

A poupança final de energia apresentada no Plano de Acção 2011-2020 foi determinada<br />

para os anos de 2016 e 2020 segundo os mesmos critérios metodológicos e indicadores<br />

utilizados para o ano de 2010.<br />

As medidas incluídas neste Plano de Acção apresentará uma poupança de energia<br />

prevista para 2020 de 17.842 ktep e 35.585 ktep de energia primária, calculada com<br />

referência a 2007 e de acordo com a metodologia proposta pela Comissão Europeia.<br />

A economia em termos de energia primária, resulta principalmente das medidas<br />

propostas para o sector de transformação de energia deste plano, do fomento da<br />

promoção da co-geração e da mudança resultante no mix de geração de electricidade<br />

estimulado por outras políticas energéticas anexas e que respondem às obrigações<br />

decorrentes da Directiva 2009/28/CE, de 23 de Abril de 2009 sobre a promoção do uso<br />

de energia proveniente de fontes renováveis.<br />

A poupança referida anteriormente em energia primária, equivalente a 20% do consumo<br />

de energia primária em 2020, foi calculada em termos de ausência de políticas de<br />

diversidade e promoção das energias renováveis aprovados pelo Governo espanhol e do<br />

Plano de Acção 2011-2020 (o consumo de energia primária, na ausência de medidas<br />

teria ascendido a 177.798-ktep).<br />

RESULTADOS<br />

Considera-se os seguintes resultados relevantes:<br />

Fomento da co-geração;<br />

Fomento da utilização de energias renováveis<br />

33 2ª Plan De Acción Nacional De Eficiencia Energética En España 2011-2020<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

183


Conclusões do Sector<br />

Dos trabalhados analisados e das medidas identificadas, apresenta-se a seguir um<br />

resumo que retracta sugestões de medidas de eficiência energética para o sector em<br />

causa.<br />

Energias alternativas<br />

Co-geração, com produção de electricidade e calor;<br />

Utilização de gás natural;<br />

Promoção da utilização de energias renováveis;<br />

Força motriz<br />

Instalação de variadores de velocidade;<br />

Instalação de motores de alta eficiência;<br />

Sistema de ar comprimido<br />

Aproveitamento para aquecimento de ar (recuperação de calor);<br />

Arrefecer o ar de entrada nos compressores;<br />

Eliminar fugas nos sistemas de ar comprimido;<br />

Eliminar reduções de pressão de funcionamento;<br />

Iluminação<br />

Utilização de lâmpadas com maior eficiência energética;<br />

Fornos e estufas<br />

Optimizar parâmetros de humidade e temperatura;<br />

Implementação de uma etapa de secagem de pré cozedura;<br />

Melhorar o isolamento térmico;<br />

Utilizar queimadores de alta velocidade;<br />

Recuperação directa de calor;<br />

Recuperação de calor dos gases de escape;<br />

Recuperação de calor do ar dos fornos;<br />

Utilização de estufas contínuas;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

184


Instalação de bombas de calor;<br />

Optimizar a circulação de ar quente no interior de fornos e estufas;<br />

Optimização da distribuição de cargas no interior dos fornos;<br />

Nivelamento de cargas de produção, com redução de tempos de espera e de<br />

paragem;<br />

Utilização de fornos contínuos.<br />

Outros<br />

Implementação de rótulo energético nos produtos cerâmicos;<br />

Utilização de aditivos que favoreçam a plasticidade e a redução do conteúdo de água<br />

nas pastas de moldagem;<br />

Controlo automático do teor de humidade nas pastas nas diversas etapas do<br />

processo;<br />

Extrusão ao vapor;<br />

Prensagem a seco;<br />

Reutilização dos resíduos de pastas resultantes do processo de moldagem;<br />

Realização de auditorias/diagnósticos energéticos;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

185


CONCLUSÕES DO BENCHMARKING INTERNACIONAL<br />

A informação disponível para a realização do presente estudo centra-se sobretudo em<br />

dados qualitativos, estudos sectoriais e casos de sucesso, que poucas vezes apresentam<br />

resultados numéricos. Esta limitação prende-se com o facto de não existirem indicadores<br />

ao nível empresarial disponíveis para que possa se efectuado um estudo comparativo<br />

dos resultados e da performance de cada empresa, por exemplo ao nível da intensidade<br />

energética.<br />

No entanto, a informação é explicita quanto a politicas, orientações e boas práticas, da<br />

qual se pode inferir o potencial de melhoria de eficiência energética e a dimensão do<br />

caminho que ainda pode ser percorrido.<br />

São inúmeras as orientações que estão disponíveis para eficiência energética, sendo<br />

estas provenientes de organismos internacionais, da comissão europeia, dos países ou<br />

mesmo de organizações públicas e privadas que se dedicam a esta matéria. O CESE, na<br />

sua orientação para o impacto geral da política energética nas pequenas e médias<br />

empresas (PMEs), caracteriza de uma forma abrangente algumas das principais linhas<br />

orientadoras.<br />

O CESE sublinha que os objectivos da política energética da UE podem proporcionar<br />

oportunidades importantes de desenvolvimento a certos tipos de PME e, assim, de<br />

criação de novos empregos. A este respeito, as pequenas empresas e as microempresas<br />

encontram-se em quatro situações distintas em matéria de política energética:<br />

1. As empresas utilizadoras de energia: as pequenas empresas e as<br />

microempresas, na sua maioria, deparam-se com quatro problemas:<br />

o Ainda não conhecem as vantagens de uma utilização mais racional da<br />

energia,<br />

o Não medem o impacto das medidas de poupança de energia nas suas<br />

actividades e na sua mão-de-obra,<br />

o Não sabem que escolhas fazer nem a quem recorrer para as realizar,<br />

o Carecem de recursos financeiros para os investimentos no plano da<br />

eco-eficiência energética, os quais, além do mais, têm um tempo de<br />

retorno demasiado longo.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

186


A referida falta de informação deve-se, particularmente, ao facto de a pequena<br />

dimensão destas empresas não lhes permitir dispor internamente de pessoal<br />

especializado para as questões energéticas e ambientais.<br />

2. O problema do retorno do investimento: os investimentos destinados a reduzir<br />

o consumo de energia podem atingir montantes deveras elevados, mas a sua taxa<br />

de retorno a curto prazo pode ser muito baixa. Na maior parte dos casos, os<br />

custos não poderão ser transferidos para as actividades de produção ou de<br />

serviços e as poupanças de energia realizadas só poderão compensar os<br />

investimentos a muito longo prazo. Este retorno do investimento é frequentemente<br />

superior a cinco anos, o que representa um travão para as pequenas empresas.<br />

3. As empresas instaladoras de produtos e sistemas destinados a melhorar a<br />

utilização da energia, ou prestadoras de serviços de manutenção com o mesmo<br />

objectivo, desempenham um papel de divulgação das técnicas de eco-eficiência<br />

energética junto dos consumidores. Estão particularmente em causa:<br />

o<br />

As actividades de construção, com a aplicação de sistemas de construção<br />

eco-eficiente e de utilização de produtos eficientes em termos energéticos,<br />

ou a instalação de sistemas de energias renováveis.<br />

Para este problema o CESE propõe o desenvolvimento de programas de<br />

formação dos profissionais da construção sobre as novas técnicas da construção<br />

eco-eficiente, os materiais eficientes em termos energéticos e as novas<br />

abordagens para avaliar o desempenho energético dos edifícios e a redução do<br />

custo dos seguros mediante a criação, a nível da UE, de um instrumento<br />

financeiro ou outro que permita reduzir o custo do risco assumido pelas<br />

seguradoras.<br />

4. As actividades ligadas ao serviço de instalação e manutenção de aparelhos<br />

de redução do consumo de energia junto de particulares e empresas<br />

As PME deste sector sofrem a concorrência directa dos grandes produtores de<br />

energia, que intervêm em todo o território nacional através das estruturas<br />

directamente criadas e controladas por eles; totalmente dependentes dos grandes<br />

grupos que as controlam, estas empresas estão mais interessadas na venda de<br />

energia convencional do que em melhorar a eficiência energética dos seus<br />

clientes.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

187


Nestes casos, o CESE considera que as autoridades europeias e nacionais<br />

devem vigiar este mercado, a fim de garantir a total transparência do mesmo e<br />

evitar situações de abuso de posição dominante, e também apela ao<br />

desenvolvimento de programas de formação das PME, a fim de reforçar o seu<br />

papel de influenciador e conselheiro junto dos particulares e das empresas.<br />

As pequenas empresas que concebem e fabricam produtos destinados à<br />

poupança de energia são particularmente inovadoras no sector dos materiais e<br />

equipamentos sustentáveis.<br />

Na realidade, as pequenas empresas inovadoras têm de fazer face a numerosas<br />

dificuldades para desenvolver o seu produto, patenteá-lo (patente europeia) e<br />

colocá-lo no mercado. Lutam frequentemente contra situações de quase<br />

monopólio de grandes grupos ou de grandes laboratórios industriais, bem como<br />

contra sistemas de certificação cada vez mais complexos que acabam por<br />

estrangular a inovação e impedir o acesso efectivo das pequenas empresas ao<br />

mercado das inovações.<br />

O CESE considera que devem ser empreendidas as seguintes acções:<br />

o<br />

o<br />

o<br />

Criar um plano da UE à imagem do programa norte-americano SBIRE, que<br />

se destina a ajudar as organizações intermediárias de pequenas empresas<br />

a identificar as eco-inovações em matéria energética, a apoiar o<br />

desenvolvimento, a certificação e a patenteação das mesmas, e a facilitar<br />

o seu acesso ao mercado;<br />

Criar um instrumento financeiro flexível e facilmente acessível para apoiar,<br />

à taxa zero ou a taxas muito reduzidas, as inovações de materiais e<br />

equipamentos sustentáveis;<br />

Estabelecer procedimentos técnicos simplificados, neutros e acessíveis de<br />

normalização e de certificação das eco-inovações das pequenas empresas<br />

e velar por que a normalização e a certificação não sejam utilizadas como<br />

obstáculos à entrada no mercado da eficiência energética. Isto pode ser<br />

evitado através da imposição, para cada norma técnica europeia<br />

harmonizada, de uma avaliação de impacto antes da sua adopção<br />

definitiva<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

188


Ao nível das políticas que podem influenciar as acções ao nível da eficiência energética,<br />

verifica-se que as orientações ao nível da comissão europeia são objectivas e de carácter<br />

operacional, ou seja, os países podem integrar facilmente nos seus planos nacionais<br />

medidas objectivas de melhoria da eficiência energética. No entanto, existem práticas<br />

distintas que importa realçar:<br />

Politicas Financiamento – promoção da implementação de medidas de eficiência<br />

energética nas empresas recorrendo ao financiamento, cujo retorno será medido<br />

através dos resultados obtidos, por exemplo reflectido na poupança ou na<br />

componente fiscal, sendo exemplo destas práticas países como a França, a<br />

Finlândia, a Dinamarca e a Suécia.<br />

Acordos específicos de eficiência energética para a indústria.<br />

Promoção da realização de auditorias energéticas como ponto de partida para a<br />

caracterização dos consumos e das medidas a realizar (incluindo a análise da sua<br />

viabilidade).<br />

Descentralização das políticas de eficiência energética através das agências de<br />

energia que abarcam todos os sectores da actividade económica e não apenas<br />

para um sector (por exemplo o sector público).<br />

Politicas de benefícios fiscal e/ou financeiro medido através da redução da<br />

intensidade carbónica, sendo esta indexada, ou como consequência da<br />

implementação de medidas de eficiência energética.<br />

No que respeita à implementação de medidas de eficiência energética na indústria e em<br />

particular nos sectores objecto do presente trabalho, foram identificadas um conjunto de<br />

boas práticas, das quais será importante destacar:<br />

Relatório Indicador de desempenho energético: “Fluid Milk Plants – Canadá<br />

Este estudo foi realizado para um conjunto de empresas do mesmo sector com<br />

características semelhantes. Os resultados obtidos são passíveis de aplicação<br />

nas restantes empresas do sector. Destaca-se a importância das sinergias obtidas<br />

pelo envolvimento das diversas empresas para a obtenção do resultado.<br />

Esta iniciativa poderá ser alargada a outros sectores da actividade industrial.<br />

Oportunidades de melhoria da eficiência energética na Indústria Têxtil – EUA<br />

Este estudo compreende um bom exemplo de recolha de boas práticas ao nível<br />

da eficiência energética, suportadas na quantificação da poupança obtida. Esta<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

189


abordagem permite uma fácil compreensão e consequente disseminação e<br />

aplicação.<br />

Ao nível ser casos de sucesso de estudo realizados ao nível sectorial, destacam-se<br />

algumas iniciativas que por um lado representam uma redução da factura de energia e<br />

por outro representam iniciativas efectivas de melhoria da eficiência energética.<br />

Destacam os exemplos seguintes:<br />

Compra Energética Conjunta - Grémio de Fabricantes de Sabadell – Espanha<br />

– este exemplo representa uma forte redução do custo da energia que foi<br />

concretizada por um conjunto de empresas. Esta iniciativa, a operar em outros<br />

locais, deverá representar ganhos semelhantes.<br />

Eficiência energética e Riscos ambientais – Espanha – este estudo representa<br />

uma preocupação conjunta no âmbito da eficiência energética com uma<br />

orientação para uma visão ambiental. Esta abordagem permite que do ponto de<br />

vista da sensibilização das empresas para a sustentabilidade, seja possível<br />

observar também a melhoria da eficiência energética.<br />

A análise efectuada no presente estudo compreendeu a sistematização das conclusões<br />

retiradas de cada sector. Destas conclusões foi identificado um conjunto de sugestões de<br />

medidas de eficiência energética, que na matriz das páginas seguintes estão reunidas<br />

para os cinco sectores e organizadas pelos grupos que foram identificados para cada<br />

sector.<br />

As medidas apresentadas são as que resultaram da análise de cada estudo, embora não<br />

se trate de uma recolha exaustiva, compreende uma compilação dos resultados de cada<br />

estudo analisado.<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

190


MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />

Madeiras e<br />

Mobiliário<br />

Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />

Rede eléctrica<br />

Corrigir o factor de<br />

potência;<br />

Corrigir o factor de<br />

potência;<br />

Utilizar sistemas de gestão<br />

e monitorização da energia;<br />

Corrigir o factor de<br />

potência;<br />

Energias<br />

alternativas<br />

Utilizar biomassa<br />

como combustível<br />

alternativo ao fuel;<br />

Cogeração, com introdução<br />

de biodigestores e produção<br />

de metano;<br />

Cogeração com utilização<br />

de motores a pistão, com<br />

produção simultânea de<br />

electricidade e água quente;<br />

Utilizar biomassa;<br />

Utilizar energia fotovoltaica;<br />

Cogeração, com produção<br />

de electricidade e calor;<br />

Utilização de gás natural;<br />

Promoção da utilização de<br />

energias renováveis;<br />

Força motriz<br />

Instalar variadores de<br />

frequência nos motores de<br />

accionamento dos<br />

ventiladores;<br />

Melhoria da eficiência dos<br />

motores;<br />

Substituição de correias de<br />

transmissão em V por<br />

correias de transmissão<br />

assíncrona;<br />

Adequação da potência<br />

dos motores as<br />

necessidades;<br />

Procurar adequar as<br />

cargas nominais dos<br />

motores às cargas a eles<br />

aplicadas;<br />

Variadores de velocidade<br />

em bombas e motores;<br />

Mudança/utilização de<br />

motores de alta eficiência;<br />

Não utilizar equipamentos<br />

sobredimensionados;<br />

Substituir motores antigos<br />

por motores mais eficientes;<br />

Melhorar a tensão de<br />

alimentação;<br />

Instalar dispositivos que<br />

permitam ajustar o arranque<br />

dos motores;<br />

Instalar variadores de<br />

frequência em motores das<br />

bombas;<br />

Instalar variadores de<br />

frequência em ventiladores<br />

dos secadores;<br />

Instalação de variadores<br />

de velocidade;<br />

Instalação de motores de<br />

alta eficiência;<br />

Sistema de ar<br />

comprimido<br />

Utilizar ar do exterior para<br />

arrefecimento do<br />

compressor;<br />

Utilizar lubrificantes<br />

sintéticos no compressor;<br />

Muitas oportunidades de<br />

melhoria de eficiência num<br />

sistema de ar comprimido<br />

são comuns em<br />

instalações industriais;<br />

Melhorar a monitorização,<br />

fazer upgrading tecnológico<br />

dos sistemas de ar<br />

comprimido, melhorar a<br />

eficiência da secagem do ar;<br />

Ajustar a pressão do ar<br />

comprimido às<br />

necessidades;<br />

Eliminar fugas da rede de ar<br />

comprimido;<br />

Aproveitamento para<br />

aquecimento de ar<br />

(recuperação de calor);<br />

Arrefecer o ar de entrada<br />

nos compressores;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

191


MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />

Madeiras e<br />

Mobiliário<br />

Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />

Detectar e reparar fugas de<br />

ar na instalação;<br />

Combate às fugas;<br />

Recuperação de calor;<br />

Motores de alta eficiência;<br />

Variadores de velocidade;<br />

Sistemas de controlo;<br />

Sistemas de<br />

arrefecimento, filtragem e<br />

secagem do ar;<br />

Mudanças periódicas dos<br />

filtros;<br />

Utilizar ar frio do exterior<br />

para alimentação do<br />

compressor;<br />

Eliminar fugas nos<br />

sistemas de ar<br />

comprimido;<br />

Eliminar reduções de<br />

pressão de funcionamento;<br />

Iluminação<br />

Melhorar a eficiência dos<br />

equipamentos de<br />

iluminação;<br />

Instalar clarabóias para<br />

aproveitamento da luz<br />

natural;<br />

Instalar sensores de luz e<br />

de movimento para<br />

controlo da iluminação em<br />

armazéns;<br />

Reduzir iluminação em<br />

zonas de passagem;<br />

Os sistemas de iluminação<br />

apresentam boas<br />

oportunidades de<br />

implementar soluções de<br />

eficiência energética e os<br />

investimentos associados<br />

aos sistemas de<br />

iluminação são<br />

recuperados geralmente<br />

num prazo de três meses<br />

a dois anos;<br />

Instalação de iluminação<br />

energeticamente eficiente<br />

Utilizar luz natural;<br />

Reduzir ao mínimo a<br />

iluminação no exterior da<br />

instalação;<br />

Utilizar LED’s sempre que<br />

possível;<br />

Separar iluminação por<br />

zonas;<br />

Utilizar sensores de<br />

presença / movimento;<br />

Verificar as normas de<br />

iluminação;<br />

Utilizar lâmpadas mais<br />

eficientes;<br />

Utilizar temporizadores<br />

programáveis;<br />

Utilização de lâmpadas<br />

com maior eficiência<br />

energética;<br />

Manutenção e limpeza das<br />

iluminarias;<br />

Climatização<br />

Instalar unidades de<br />

climatização ajustadas aos<br />

espaços;<br />

Instalar termóstatos para<br />

Aproveitamento do ar frio<br />

exterior (no Inverno) para<br />

refrigerar produtos;<br />

Variadores de velocidade<br />

Montar os equipamentos de<br />

ar condicionado em locais<br />

frescos, ventilados e à<br />

sombra;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

192


MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />

Madeiras e<br />

Mobiliário<br />

Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />

controlo eficaz das<br />

temperaturas;<br />

Recuperar o calor de<br />

exaustão do compressor<br />

para climatização;<br />

em ventoinhas de<br />

ventilação;<br />

Evitar o<br />

sobredimensionamento dos<br />

equipamentos;<br />

Seleccionar a temperatura<br />

certa;<br />

Considerar o uso de<br />

variadores de velocidade;<br />

Considerar o uso de<br />

motores de alta eficiência<br />

nos ventiladores;<br />

Controlar a temperatura do<br />

ar à entrada dos sistemas<br />

de climatização;<br />

Reduzir as perdas de<br />

energia em climatização<br />

nos edifícios;<br />

Energia térmica<br />

Instalar sistemas de cogeração<br />

para produção de<br />

energia eléctrica e vapor;<br />

Caldeiras de água<br />

quente / Termo<br />

fluído / geradores<br />

de ar quente<br />

Manter a eficiência dos<br />

equipamentos de queima;<br />

Substituir queimador a<br />

propano por queimador a<br />

serrim;<br />

Recuperar calor dos gases<br />

de exaustão para préaquecer<br />

o ar de<br />

combustão;<br />

Combate às fugas;<br />

Utilização de água quente<br />

canalizada;<br />

Modernização tecnológica<br />

das caldeiras mais antigas<br />

por modelos<br />

energeticamente mais<br />

eficientes;<br />

Utilização de água aquecida<br />

à temperatura adequada,<br />

em vez de injecção de<br />

vapor;<br />

Assegurar que as<br />

mangueiras de água quente<br />

estão desligadas e que os<br />

procedimentos para as<br />

operações de limpeza locais<br />

Controlar periodicamente a<br />

relação ar/combustível no<br />

queimador;<br />

Substituir queimadores por<br />

unidades mais eficientes;<br />

Utilizar de gás natural em<br />

substituição do fuel;<br />

Efectuar manutenção<br />

regular dos equipamentos;<br />

Instalar recuperadores de<br />

calor dos gases de<br />

combustão;<br />

Isolamento dos depósitos<br />

de condensados;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

193


MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />

Madeiras e<br />

Mobiliário<br />

Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />

Geradores de<br />

vapor<br />

demoram o tempo correcto;<br />

Manutenção de tubagens de<br />

água quente e vapor livres<br />

de vazamentos e fugas;<br />

Melhorar a eficiência das<br />

caldeiras através da<br />

instalação de controlo de<br />

entrada de ar para a<br />

combustão (low-excess);<br />

Recuperação do calor de<br />

efluentes líquidos através de<br />

permutadores;<br />

Adequar os bicos das<br />

mangueiras à função,<br />

evitando o desperdício;<br />

Tratar os derramamentos<br />

sólidos como resíduos<br />

sólidos, limpando em vez de<br />

lavar;<br />

Recompressão mecânica do<br />

vapor;<br />

Modernização tecnológica<br />

das caldeiras mais antigas<br />

por modelos<br />

energeticamente mais<br />

eficientes;<br />

Manutenção de tubagens de<br />

água quente e vapor livres<br />

de vazamentos;<br />

Melhorar a eficiência das<br />

caldeiras através da<br />

instalação de controlo de<br />

entrada de ar (low-excess);<br />

Recuperar os gases de<br />

exaustão para préaquecimento<br />

da água;<br />

Retorno de condensados;<br />

Reparar fugas de vapor;<br />

Tratamento da água;<br />

Utilizar as perdas de calor<br />

para pré-aquecer a água de<br />

alimentação da caldeira;<br />

Isolar tubagens;<br />

Realizar manutenção<br />

eficaz;<br />

Controlo de carga;<br />

Instalar válvulas<br />

automáticas de controlo de<br />

vapor;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

194


MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />

Madeiras e<br />

Mobiliário<br />

Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />

Fornos e estufas<br />

Pré-aquecer o ar à entrada<br />

dos secadores;<br />

Garantir a ausência de<br />

fugas de ar;<br />

Melhorar o isolamento;<br />

Assegurar uniformidade de<br />

temperatura no interior do<br />

secador;<br />

Implementar ferramentas<br />

de monitorização e<br />

controlo dos processos de<br />

secagem;<br />

Recuperar o calor dos<br />

gases de exaustão;<br />

Actualização da tecnologia<br />

dos fornos;<br />

Utilizar o tipo de secador<br />

com consumo energético<br />

mínimo;<br />

Instalar um sistema de<br />

controlo do processo de<br />

secagem;<br />

Optimizar as condições de<br />

funcionamento do secador;<br />

Recuperar calor dos gases<br />

de exaustão para préaquecimento<br />

de água e<br />

máquinas;<br />

Instalar queimadores a gás<br />

natural em secadores;<br />

Melhorar o isolamento dos<br />

equipamentos;<br />

Optimizar parâmetros de<br />

humidade e temperatura;<br />

Implementação de uma<br />

etapa de secagem de pré<br />

cozedura;<br />

Melhorar o isolamento<br />

térmico;<br />

Utilizar queimadores de<br />

alta velocidade;<br />

Recuperação directa de<br />

calor;<br />

Recuperação de calor dos<br />

gases de escape;<br />

Recuperação de calor do<br />

ar dos fornos;<br />

Utilização de estufas<br />

contínuas;<br />

Instalação de bombas de<br />

calor;<br />

Optimizar a circulação de<br />

ar quente no interior de<br />

fornos e estufas;<br />

Optimização da<br />

distribuição de cargas no<br />

interior dos fornos;<br />

Nivelamento de cargas de<br />

produção, com redução de<br />

tempos de espera e de<br />

paragem;<br />

Utilização de fornos<br />

contínuos;<br />

Colaboradores<br />

Campanhas de<br />

comunicação/ promoção de<br />

técnicas eficientes para a<br />

Realizar formação e<br />

sensibilização do pessoal<br />

adequada ao posto de<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

195


MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />

Madeiras e<br />

Mobiliário<br />

Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />

utilização eficiente da<br />

energia na agricultura;<br />

trabalho;<br />

Informar os colaboradores<br />

das medidas de poupança<br />

de energia que a empresa<br />

quer adoptar;<br />

Promover a participação<br />

dos colaboradores na<br />

gestão energética;<br />

Implementar a figura do<br />

Gestor de Energia como<br />

agente responsável pelos<br />

programas da gestão<br />

eficiente da energia e pelas<br />

auditorias energéticas;<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

196


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Determinación Del Cumplimiento De La Normativa Legal Y Reglamentaria De La<br />

Unión Europea<br />

AITEX – Instituto Tecnológico Textil<br />

ASINTEC – Centro Tecnológico de Confeccion<br />

CETMMSA<br />

LEITAT – Technological Center<br />

2007<br />

Gestão Energética na Industria Têxtil<br />

Intelligent Energy - Europe<br />

SIGMA Consultants (GR)<br />

Hellenic Fashion Industry Associartion (GR)<br />

CITEVE Centro Tecnológico das Indústrias Têxteis (PT)<br />

AITEX Instituto Tecnológico Textil (ES)<br />

Black Sea Regional Energy Center (BG)<br />

Bulgarian Association of Apparel & Textile Producers & Exporters (BG)<br />

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GANA - The Energy Foundation<br />

International Institute for Sustainable Development, (IISD) Winnipeg, Manitoba,<br />

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Mr. J.C. Van Heist,. Technical Director, GTP<br />

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Compra energética conjunta - Grémio de Fabricantes de Sabadell<br />

Observatorio Industrial del Sector Textil e de la Confección<br />

2011<br />

Optimização Energética De Processos De Secagem De Cerâmicos<br />

Universidade de Aveiro - Departamento de Engenharia Mecânica<br />

Monteiro, Ricardo Jorge da Silva<br />

2010<br />

CE CERAMIN - Energy saving concepts for the European ceramic industry<br />

Coordinator: Leipziger Institut für Energie GmbH<br />

KI Keramik-Institut GmbH<br />

CERAM Research Ltd.<br />

Societe Francaise de Ceramique<br />

ETA - Energia, Trasporti, Agricoltura srl<br />

Centre de Recursos d'Iniciatives i Autocupació, SL<br />

Instytut Ceramiki i Materialów Budowlanych<br />

Oportunidades de eficiência energética para a indústria<br />

Relatório Setorial CERÂMICA - BRASÍLIA<br />

Confederação Nacional Da Indústria – Cni<br />

Instituto Euvaldo Lodi – Iel<br />

Eletrobras<br />

2010<br />

Ahorro de Energía en la Industria Cerámica<br />

Universidad Del Atlántico<br />

Universidad Autónoma De Occidente<br />

Energy Efficiency in Industrial Lighting: Bulgaria - BSREC<br />

Black Sea Regional Energy Centre<br />

2003<br />

ENERSUL - Programa de Eficiência Energética 2011<br />

Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

200


2ª Plan De Acción Nacional De Eficiencia Energética En España 2011-2020<br />

ESPANHA - IDAE Instituto para la Diversificación y el Ahorro de la Energía<br />

Este Plan de Acción de Ahorro y Eficiencia Energética 2011-2020 ha sido aprobado<br />

por Acuerdo de Consejo de Ministros de 29 de julio de 2011 y da cumplimiento a lo<br />

exigido por la Directiva 2006/32/CE, del Parlamento Europeo y del Consejo, de 5 de<br />

abril de 2006, sobre la eficiencia del uso final de la energía y los servicios energéticos<br />

(Diario Oficial de la UE, 27.4.2006).<br />

2011<br />

Eficiência Energética na Indústria<br />

Confederação Nacional da Indústria – CNI<br />

Unidade de Competitividade Industrial – COMPI<br />

2009<br />

Energy Polices of IEA Countries – SPAIN<br />

International Energy Agency<br />

2009<br />

Energy Polices of IEA Countries – Germany<br />

International Energy Agency<br />

2007<br />

Energy Polices of IEA Countries – Japan<br />

International Energy Agency<br />

2008<br />

Energy Polices of IEA Countries – Ireland<br />

International Energy Agency<br />

2007<br />

Energy Polices of IEA Countries – US<br />

International Energy Agency<br />

2007<br />

Energy Polices of IEA Countries – Austria<br />

International Energy Agency<br />

2007<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

201


Energy Polices of IEA Countries – Switzerland<br />

International Energy Agency<br />

2007<br />

Energy Polices of IEA Countries – Denmark<br />

International Energy Agency<br />

2011<br />

Energy Polices of IEA Countries – France<br />

International Energy Agency<br />

2009<br />

Energy Polices of IEA Countries – Canada<br />

International Energy Agency<br />

2009<br />

Energy Polices of IEA Countries – United Kingdom<br />

International Energy Agency<br />

2006<br />

EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

202


EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />

203

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