Benchmarking Internacional â Eficiência Energética - efinerg - AEP
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Ficha Técnica<br />
Título<br />
<strong>Benchmarking</strong> internacional – Eficiência energética<br />
Autores<br />
CATIM – Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica<br />
Carboneutral<br />
Coordenação<br />
<strong>AEP</strong> – Associação Empresarial de Portugal<br />
Edição<br />
IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação<br />
ISBN: 978-989-8644-03-9<br />
Novembro 2012<br />
Apoio<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
1
ÍNDICE<br />
Siglas ................................................................................................................................ 4<br />
1 - O Projecto Efinerg ..................................................................................................... 7<br />
Síntese ...................................................................................................................... 7<br />
2 - Objectivos, referências e metodologia ...................................................................15<br />
Objectivo do Estudo .................................................................................................. 15<br />
Referências internacionais e sectoriais ..................................................................... 15<br />
Metodologia .............................................................................................................. 16<br />
3 - Breve Enquadramento da Eficiência Energética nas PME ....................................19<br />
Políticas Europeias e Nacionais com impactos na Energia e nas PME .....................19<br />
A Eficiência Energética na indústria enquadrada pelo SGCIE ................................... 37<br />
A Importância do Eco-design .................................................................................... 38<br />
Rotulagem energética de produtos ........................................................................... 40<br />
4 - <strong>Benchmarking</strong> Sectorial <strong>Internacional</strong> ....................................................................42<br />
Sector Madeiras e Mobiliário ............................................................................................42<br />
Identificação de projectos e estudos sectoriais ......................................................... 42<br />
Identificação de Casos de Sucesso .......................................................................... 52<br />
Casos de sucesso na implementação de políticas de promoção da eficiência<br />
energética ................................................................................................................. 56<br />
Conclusões do Sector ............................................................................................... 59<br />
Sector Metalomecânica ...................................................................................................61<br />
Identificação de projectos e estudos sectoriais ......................................................... 61<br />
Identificação de Caso de Sucesso ............................................................................ 73<br />
Conclusões do Sector ............................................................................................... 91<br />
Sector Agroalimentar .......................................................................................................93<br />
Identificação de projectos e estudos sectoriais ......................................................... 93<br />
Identificação de Caso de Sucesso ............................................................................ 97<br />
Conclusões do Sector ............................................................................................. 122<br />
Sector Têxtil e Vestuário ................................................................................................ 125<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
2
Identificação de projectos e estudos sectoriais ....................................................... 125<br />
Casos de sucesso de eficiência energética em empresas ...................................... 139<br />
Compra energética conjunta - Grémio de Fabricantes de Sabadell – Espanha ...... 141<br />
Casos de sucesso na implementação de políticas de promoção da eficiência<br />
energética ............................................................................................................... 142<br />
Sector Vidro e Cerâmica ................................................................................................ 148<br />
Identificação de projectos e estudos sectoriais ....................................................... 148<br />
Identificação de Caso de Sucesso .......................................................................... 181<br />
Casos de sucesso na implementação de políticas de promoção da eficiência<br />
energética ............................................................................................................... 183<br />
Conclusões do Sector ............................................................................................. 184<br />
Conclusões do <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> .................................................................. 186<br />
Bibliografia ..................................................................................................................... 197<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
3
SIGLAS<br />
AT<br />
BT<br />
Btu<br />
CO2<br />
cosφ<br />
EIA<br />
FSC<br />
GJ<br />
GPL<br />
GWh<br />
IAC<br />
kcal/kg<br />
kcal/l<br />
kcal/m 3<br />
kg<br />
kg/cm 2<br />
kg/l<br />
kg/m 3<br />
Alta tensão<br />
Baixa tensão<br />
British Thermal Unit<br />
Dióxido de Carbono<br />
Coseno de fi<br />
Environmental Investigation Agency<br />
Forest Stweardship Council<br />
Gigajoule<br />
Gás de petróleo liquefeito<br />
Giga Watt-hora<br />
Industrial Assessment Centre<br />
Quilo caloria por quilograma<br />
Quilo caloria por litro<br />
Quilo caloria por metro cúbico<br />
Quilograma<br />
Quilograma por centímetro quadrado<br />
Quilograma por litro<br />
Quilograma por metro cubico<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
4
kg/s<br />
ktep<br />
kVAr<br />
kW<br />
kWh<br />
kWh/m 2<br />
kWh/ton<br />
KWh/unidade<br />
LED<br />
Quilograma por segundo<br />
Quilo toneladas equivalentes de petróleo<br />
Quilovolt-ampere reactivo<br />
Quilowatt<br />
Quilowatt-hora<br />
Quilowatt-hora por metro quadrado<br />
Quilowatt-hora por tonelada<br />
Quilowatt-hora por unidade<br />
Light Emmiting Diode<br />
m 3<br />
Metro cúbico<br />
MDF<br />
MEE<br />
MMD<br />
Mtoe<br />
MW<br />
MWh<br />
MWh/ano<br />
Medium Density Fibreboard<br />
Medidas de Eficiência Energética<br />
Mil Milhões de Dólares<br />
Milhões de toneladas equivalentes de petróleo<br />
Mega Watt<br />
Mega Watt-hora<br />
Mega Watt-hora por ano<br />
o C<br />
Grau Celcius<br />
OSB<br />
PCI<br />
PCP<br />
PIB<br />
PME<br />
PNAEE<br />
Oriented Strand Board<br />
Poder calorífico inferir<br />
Produção combinada de energia<br />
Produto interno bruto<br />
Pequenas e Médias Empresas<br />
Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
5
QREN<br />
SEK<br />
SGCIE<br />
SIGE<br />
SO2<br />
TWh<br />
W<br />
Quadro de Referência Estratégico Nacional<br />
Coroas suecas<br />
Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia<br />
Sistema de Informação de Gestão de Energia<br />
Dióxido de Enxofre<br />
Tera Watt-hora<br />
Watt<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
6
1 - O PROJECTO EFINERG<br />
SÍNTESE<br />
MISSÃO DO PROJECTO EFINERG<br />
O projecto visa, através de novas abordagens integradas:<br />
Apoiar a concretização dos objectivos fixados no PNAEE e alertar as empresas<br />
para a eventualidade de virem a ser abrangidas pelo SGCIE, através de uma<br />
contribuição significativa do segmento representado pelas PME;<br />
Proporcionar às PME um enquadramento coerente e integrado no QREN,<br />
orientado especificamente para a eficiência e diversificação energéticas, através<br />
da identificação de cenários de apoio à implementação de projectos de<br />
investimento convergentes com as oportunidades de melhoria detectadas;<br />
A criação de condições favoráveis ao alavancamento do desempenho energético<br />
nas empresas com consumos anuais significativos, especialmente aquelas que<br />
apresentam consumos equivalentes localizados entre os 250 e os 500 tep,<br />
actuando em sectores em que o factor energia assume um peso significativo na<br />
sua capacidade competitiva;<br />
Estruturação de um plano de pormenor que facilite a implementação do PNAEE<br />
junto das pequenas e médias empresas, constituindo-se como estratégia<br />
colectiva.<br />
Grandes Eixos de Intervenção<br />
Tendo em conta a acutilância da problemática diagnosticada, a par com a abrangência e<br />
complexidade dos objectivos e medidas procuradas, a eficiência energética constitui tema<br />
prioritário na abordagem dos co-promotores junto do tecido empresarial.<br />
Tendo em conta:<br />
O diagnóstico traçado, de onde se destacam a ausência de medidas concretas<br />
dedicadas às PME;<br />
A necessidade de uma abordagem integrada, global e faseada;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
7
A temática é globalmente equacionada em 3 fases.<br />
O projecto que se apresenta nesta candidatura preconiza a Fase 1, sendo que se<br />
considera pertinente a apresentação das restantes fases, dado o carácter integrador da<br />
abordagem proposta.<br />
FASE 3<br />
PLANOS<br />
INDIVIDUAIS<br />
DE INVESTIMENTO<br />
FASE 2<br />
PLANOS SECTORIAIS DE MELHORIA DA<br />
EFICIENCIA ENERGÉTICA EM PME<br />
FASE 1<br />
DEFINIÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA COLECTIVA DE<br />
IMPLEMENTAÇÃO DO PNAEE NAS PME'S<br />
Estrutura Global do projecto<br />
Fase 1 – Definir e propor uma estratégia de implementação nas PME das medidas de<br />
eficiência energética, preconizadas no PNAEE e de outras orientações complementares<br />
que o contacto com o terreno venha a aconselhar;<br />
Esta estratégia será suportada nos seguintes instrumentos:<br />
a) Levantamento do estado-da-arte em termos de eficiência energética, incluindo,<br />
nomeadamente, a análise de estudos, relatórios, casos de sucesso,<br />
benchmarking sectoriais com outros países europeus;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
8
) Visão Prospectiva dos principais actores de cada região sobre ―A energia como<br />
vector estratégico das PME em 2020‖;<br />
c) Estudo da eficiência energética nos sectores, suportado num diagnóstico flash a<br />
cerca de 125 empresas.<br />
A estratégia proposta distingue-se de outros programas porque terá ainda em<br />
conta:<br />
d) A Cadeia de Valor global de cada empresa, considerando o efeito da energia em<br />
geral, e os impactes da eficiência energética em particular, não só sobre as<br />
actividades industriais ou comerciais, mas também sobre o próprio produto e o<br />
seu desempenho;<br />
e) As formas mais eficientes e inovadoras de comunicação, para maximizar o<br />
sucesso potencial da mensagem, e se possam atingir os resultados do projecto.<br />
A identificação das empresas a integrar no estudo será feita de entre PME com<br />
consumos energéticos significativos ou apresentando potencial de melhoria pela<br />
implementação de estratégias de eficiência energética, caracterizadas, entre outros,<br />
pelos seguintes aspectos:<br />
Consumo anual superior a 250 tep, mas não excedendo 500 tep (limite a partir do<br />
qual se encontram já abrangidas pelo SGCIE);<br />
Integrar um dos seguintes sectores:<br />
- Têxtil e Vestuário;<br />
- Metalomecânica;<br />
- Madeira, mobiliário e cortiça;<br />
- Vidro e cerâmica;<br />
- Agro-alimentar.<br />
Estarem situadas nas Regiões Norte, Centro ou Alentejo.<br />
Uma vez definida a estratégia colectiva, posteriormente a esta primeira fase do projecto e<br />
não incluídas neste projecto Efinerg, estão planeadas mais duas fases, sendo:<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
9
Fase 2 – Elaboração de planos de melhoria da eficiência energética por sector de<br />
actividade e por grupos de empresas.<br />
Fase 3 – Elaboração de planos de Investimentos por empresa, na área da eficiência<br />
energética.<br />
Objectivos Estratégicos<br />
Contribuir para que sejam atingidos os objectivos fixados no PNAEE;<br />
Reduzir a Intensidade Energética e Carbónica das actividades empresariais;<br />
Aumentar a sustentabilidade e a competitividade do tecido empresarial,<br />
especificamente das PME.<br />
Objectivos Operacionais<br />
Promover um enquadramento mais favorável à actividade das PME no domínio da<br />
utilização da energia;<br />
Definir e propor a implementação de estratégias sectoriais de eficiência<br />
energética;<br />
Reforçar a capacitação das empresas para a implementação de directivas e de<br />
regulamentos relativos à energia, sua produção e utilização;<br />
Induzir a adopção de melhores práticas de eficiência energética e a eventual<br />
realização de projectos de I&DT, tendo em vista ganhos de competitividade;<br />
Identificar as formas e meios de comunicação que possam maximizar o sucesso<br />
na difusão da mensagem da Eficiência Energética, nomeadamente da estratégia a<br />
propor para as PME;<br />
Disseminar e partilhar resultados, de modo a gerar um movimento prolongado de<br />
actuação nesta temática, por um lado e a apropriação dos resultados alcançados<br />
no projecto por um número alargado de interessados, por outro.<br />
SÍNTESE DAS ACTIVIDADES<br />
Considerando que a actual situação da eficiência energética poderá variar de região para<br />
região, de sector para sector, e de empresa para empresa, este projecto prevê na sua<br />
primeira fase um conjunto de actividades que são potenciadas pela cooperação inter-<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
10
institucional dos co-promotores, a <strong>AEP</strong> e o IAPMEI, e de todos os parceiros que<br />
gostaríamos de associar ao projecto em regime de consultoria ou com carácter<br />
consultivo, nomeadamente o Pólo de Competitividade e Tecnologia da Energia, o LNEG,<br />
a ADENE e a RECET.<br />
Assim, são propostas as seguintes acções:<br />
Para a Divulgação e Disseminação do projecto e seus resultados:<br />
1. Seminário de lançamento do Projecto: realização de dois seminários de<br />
lançamento do projecto, para despertar os empresários para a temática da<br />
eficiência energética, enquanto elemento determinante na competitividade das<br />
empresas e condicionador da sustentabilidade, suscitando neles o interesse em<br />
participar no diagnóstico que se pretende levar a cabo;<br />
2. Conferência de Encerramento: Realização de uma Conferência de Encerramento,<br />
capaz de, através do debate público das conclusões e visando a divulgação e<br />
disseminação dos resultados do projecto, marcar a agenda sobre a temática.<br />
Procurar, entre outras, a intervenção de especialistas das várias universidades<br />
portuguesas, de forma a enriquecer o debate e a difundir a eficiência energética<br />
como elemento fundamental na estratégia de sustentabilidade dos negócios;<br />
3. Edição da Estratégia de implementação de medidas de eficiência energética em<br />
PME: edição de uma brochura que agrega o estado da arte, os casos de sucesso<br />
identificados, o benchmarking sectorial internacional, o resultado dos diagnósticos<br />
flash realizados em 125 empresas e a estratégia aprovada, a sugerir às<br />
instituições com responsabilidades na área da energia e das empresas, como<br />
contributo para a implementação nas PME das medidas preconizadas no âmbito<br />
do PNAEE e de outros programas nacionais e comunitários;<br />
4. Proposta Criativa de Comunicação, incluindo, nomeadamente a concepção da<br />
imagem do projecto, a concepção e produção de meios para a difusão impressos,<br />
de áudio e vídeo e serviços de relações públicas;<br />
5. Comunicação por Portal: Desenvolvimento e actualização de Portal suportado em<br />
tecnologias Web, Portal Mobile, Voice Treads, ficheiros MP3, …; esta plataforma<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
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colaborativa, com funcionalidades de partilha e difusão/disseminação do<br />
Conhecimento poderá para acompanhar todo o ciclo de vida do projecto, para<br />
além da primeira fase; nas fases 2 e 3 seria uma ferramenta muito importante<br />
para a Formação em Gestão de Eficiência Energética (EE) para Gestores das<br />
empresas seleccionadas; neste aspecto tirar-se-ia partido da experiência anterior<br />
com Centros Tecnológicos em B-learning; prevê-se que seja uma plataforma que<br />
servirá como repositório de inovações tecnológicas, organizacionais e<br />
comportamentais a aplicar em cada sector; esta plataforma WEB será um bom<br />
contributo para a visibilidade do projecto;<br />
6. Divulgação na Comunicação Social: Acções de divulgação na comunicação social,<br />
nomeadamente na internet, na rádio, na televisão e na imprensa;<br />
7. Sensibilização e Divulgação em seminários sectoriais: Realização de um conjunto<br />
de Acções de Divulgação dos objectivos e resultados do projecto, bem assim<br />
como da estratégia proposta (5 seminários no início e 5 seminários de difusão dos<br />
resultados no final, 1 + 1 por sector de actividade).<br />
Caracterização e Visão Prospectiva da eficiência energética nas PME:<br />
8. Análise de estudos e caracterização de stakeholders: Análise de estudos<br />
publicados sobre eficiência energética nas empresas, em especial na indústria;<br />
Identificação e caracterização de Agentes Económicos Relevantes para a<br />
promoção da eficiência energética, de que é exemplo o Pólo de Competitividade<br />
da Energia, que possam ser encontrados em cada região; Identificação e<br />
caracterização dos principais Centros de Saber, Competências e Recursos<br />
(humanos e outros); Identificação e caracterização de Personalidades (com<br />
notoriedade nacional e, se possível internacional, disponíveis para se envolver na<br />
difusão da eficiência energética nas empresas;<br />
9. Caracterização energética dos sectores em estudo, nomeadamente em termos de<br />
produção e utilização de energia, incluindo a eficiência energética;<br />
10. Casos de sucesso: Identificação e caracterização de empresas nacionais dos<br />
sectores em análise que possam ser apresentadas como Casos de Sucesso em<br />
termos de eficiência energética;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
12
11. Cooperação e comunicação de sucesso: identificação e caracterização de formas<br />
e meios de desenvolvimento de cooperação entre empresas e de comunicação<br />
com sucesso de experiências ou iniciativas de sucesso na mudança de atitudes<br />
individuais / colectivas, que possam servir de exemplo e caso de estudo;<br />
12. <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong>: realização de acções de benchmarking, junto de<br />
regiões ou sectores na Europa, nomeadamente na Alemanha, na Finlândia, em<br />
Espanha, na República Checa e em França, que se possam constituir como<br />
referência e possam inspirar boas práticas susceptíveis de ser implementadas<br />
junto as empresas dos sectores identificados;<br />
13. Visão Prospectiva: recolha e sistematização da visão dos principais actores de<br />
cada região sobre ―A Energia como vector estratégico nas PME em 2020‖;<br />
Estudo da Eficiência Energética nos sectores:<br />
14. Definição e teste do inquérito: desenvolvimento de um inquérito a enviar a cada<br />
empresa, eventualmente adequado à realidade de cada sector em estudo, como<br />
forma de poder adquirir conhecimento sobre a actual situação da energia e da<br />
eficiência energética nas empresas e nos sectores em estudo; o inquérito será<br />
testado em 10 empresas, duas de cada sector;<br />
15. Realização do inquérito: Selecção de uma amostra de 500 empresas dos cinco<br />
sectores antes referidos (uma média de 100 empresas por sector), realização dos<br />
diagnósticos, recolha e lançamento dos dados;<br />
16. Relatório do estudo: processamento dos dados e emissão de um relatório síntese,<br />
onde se inclua o seu desempenho relativo face ao sector, à região e ao País;<br />
Definição e proposta de uma estratégia de implementação:<br />
17. Criação de um ―Fórum para a Eficiência Energética nas PME‖: envolvendo os<br />
stakeholders de referência, identificados na acção 8;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
13
18. Documento síntese e elaboração de uma proposta de estratégia: Redacção de um<br />
documento síntese, agregando toda a informação recolhida; Elaboração de uma<br />
proposta de estratégia de implementação de eficiência energética em PME;<br />
19. Discussão da Estratégia proposta: discussão e aprovação da Estratégia de<br />
implementação de medidas de eficiência energética em PME entre os copromotores,<br />
os parceiros e o ―Fórum para a Eficiência Energética nas PME‖.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
14
2 - OBJECTIVOS, REFERÊNCIAS E METODOLOGIA<br />
OBJECTIVO DO ESTUDO<br />
O presente trabalho tem como objectivo apresentar uma análise da importância dos<br />
sectores do Têxtil e Vestuário, Metalomecânica, Madeira, Mobiliário e Cortiça, Vidro e<br />
Cerâmica e Agro-alimentar, com a temática do uso racional de energia ao nível<br />
internacional.<br />
Conhecidos os dados respeitantes ao consumo de energia final em Portugal, bem como a<br />
evolução da intensidade energética e a sua comparação com os restantes países<br />
europeus, que resulta num diferencial que importa analisar e identificar as respectivas<br />
causas. Desta forma, a realização de um estudo de <strong>Benchmarking</strong> internacional no<br />
âmbito do presente projecto, pretende identificar estudos sectoriais, casos de sucesso e<br />
politicas nacionais que sejam objecto de análise e possibilitem contribuir para o<br />
esclarecimento das causas do desvio verificado.<br />
Pretendeu-se reunir informação relevante, quer do ponto de vista científico, quer no que<br />
respeita à aplicabilidade industrial. No entanto esteve sempre presente o objectivo de<br />
incluir apenas informação sobre a qual são conhecidos os resultados e estes são<br />
relevantes para o objecto do estudo.<br />
REFERÊNCIAS INTERNACIONAIS E SECTORIAIS<br />
A recolha de informação foi efectuada, numa primeira fase, junto de países europeus e,<br />
posteriormente junto de outros países onde a relevância da informação pudesse<br />
contribuir para o resultado do estudo.<br />
Foi privilegiado o contacto com instituições pertencentes a redes internacionais onde as<br />
entidades parceiras do projecto estão presentes ou possuem ligações. Para além destas<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
15
foram efectuados diversos contactos internacionais para obtenção de informação ou de<br />
fontes de informação.<br />
Finalmente foram pesquisados na web estudos publicados cujo rastreio possibilitou<br />
identificar as fontes e a sua credibilidade. Neste caso apenas foram incluídos estudos de<br />
entidades oficiais (universidades, associações, entidades publicas, …) ou de projectos<br />
em que estas participavam.<br />
METODOLOGIA<br />
A realização de um estudo de <strong>Benchmarking</strong> compreende a realização de um Processo<br />
contínuo e sistemático que permite a comparação das performances das organizações e<br />
respectivas funções ou processos face ao que é considerado "o melhor nível", visando<br />
não apenas a equiparação dos níveis de performance, mas também a sua<br />
ultrapassagem. No caso do presente projecto para a caracterização do presente estudo,<br />
tendo em consideração a inexistência de bases de dados com indicadores de bases de<br />
cálculo comum para a realização de comparação de performance energética, optou-se<br />
pela pesquisa de informação de estudos sectoriais, casos de sucesso e políticas<br />
nacionais, cujos resultados ou práticas contribuam para facilitar a sua implementação em<br />
Portugal.<br />
Naturalmente que a riqueza da informação quantitativa será mais reduzida, mas em<br />
contrapartida a informação qualitativa, bem como as respectivas orientações, serão mais<br />
relevantes para o público-alvo do presente estudo.<br />
No que respeita à metodologia usada no presente estudo, esta teve em consideração o<br />
conhecimento da área e do estado da arte da eficiência energética na Europa, de modo a<br />
que seja possível, mais a recolha de aprendizagens passíveis de implementação em<br />
Portugal, do que o posicionamento do país face às praticas recolhidas. De uma forma<br />
geral Portugal foi excluído da recolha de informação, no entanto incluído quando se trata<br />
de estudos ao nível europeu.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
16
A metodologia compreendeu as seguintes fases:<br />
• Indústria<br />
• Sector de actividade<br />
Relevância<br />
• Estudos sectoriais<br />
• Casos de sucesso<br />
• Políticas nacionais<br />
• Aplicação às<br />
empresas<br />
• Enquadramento nas<br />
politicas nacionais<br />
Resultado<br />
• Impacto<br />
• Abrangência<br />
Informação<br />
Aplicação<br />
1. Recolha de informação<br />
Neste âmbito procurou-se enriquecer a informação a recolher nos sectores<br />
objecto do projecto, Têxtil e Vestuário, Metalomecânica, Madeira, Mobiliário e<br />
Cortiça, Vidro e Cerâmica e Agro-alimentar. Foi também valorizada a pesquisa de<br />
informação transversal aos sectores em estudo, apenas para os casos em que os<br />
resultados se tornem relevantes para algum dos sectores.<br />
2. Análise da relevância da informação<br />
A pesquisa tratamento e análise da informação foram realizadas segundo os três<br />
vectores objectivo do projecto, como sendo: estudos sectoriais, casos de sucesso<br />
e políticas nacionais. Nos casos de caracterização ambígua optou-se pelo seu<br />
enquadramento num destes três vectores.<br />
3. Identificação dos resultados obtidos e a sua aplicabilidade em Portugal<br />
A maior preocupação na análise dos estudos e exemplos compreendeu o grau de<br />
aplicabilidade à realidade do país e das PME. Esta análise foi realizada tendo em<br />
consideração o objecto e enquadramento do estudo e os resultados obtidos.<br />
4. Caracterização de resultados por área temática ou grupo tecnológico<br />
Esta acção consistiu na análise dos resultados e na consequente classificação<br />
nas seguintes temáticas/grupos tecnológicos:<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
17
- Energias alternativas;<br />
- Força motriz;<br />
- Sistema de ar comprimido;<br />
- Iluminação;<br />
- Climatização;<br />
- Energia térmica;<br />
- Caldeiras de água quente / Termo fluído / geradores de ar quente;<br />
- Geradores de vapor;<br />
- Fornos e estufas;<br />
- Colaboradores;<br />
A apresentação dos estudos compreende o seu enquadramento, resumo e aspectos<br />
relevantes e os resultados atingidos. O detalhe do estudo pode ser consultado,<br />
encontrando-se estes referenciados no presente trabalho.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
18
3 - BREVE ENQUADRAMENTO DA EFICIÊNCIA<br />
ENERGÉTICA NAS PME<br />
POLITICAS EUROPEIAS E NACIONAIS COM IMPACTOS NA ENERGIA E NAS<br />
PME<br />
POLITICAS EUROPEIAS<br />
Reduzir o consumo de energia e precaver o desperdício energético são um dos grandes<br />
objectivos da União Europeia (UE). São várias as iniciativas e os incentivos da União<br />
Europeia (UE) para a promoção da eficiência energética e para o recurso a fontes de<br />
energias alternativas e mais amigas do ambiente como, por exemplo, o ―Livro Verde‖.<br />
Este livro define uma estratégica para a União Europeia, onde se pretende fomentar o<br />
uso de formas de energia mais sustentáveis, competitivas e seguras. O Livro Verde para<br />
a Eficiência Energética (LVEE) publicado pela Comissão Europeia em 2005 sublinha a<br />
necessidade de fortalecer as políticas destinadas a um aumento da eficiência do<br />
consumo e da produção de energia. A eficiência energética está sobretudo associada ao<br />
controlo e redução do consumo de energia para a mesma riqueza.<br />
Baseando no Livro Verde para a Eficiência Energética, o Conselho Europeu de Março de<br />
2006 estabeleceu a necessidade urgente de ser adoptado um plano de acção ambicioso<br />
e realista para a eficiência energética na UE.<br />
Após alguns meses de preparação, surgiu o Plano de Acção para a Eficiência Energética<br />
da União Europeu (PAEE-EU) que foi apresentado em Outubro de 2006 com o subtítulo<br />
―Realizing the Potential‖. Este documento tem como grande objectivo a ―realização do<br />
potencial ― de poupança energética da EU a 25 que corresponde a uma poupança global<br />
de energia primária de cerca de 390Mtep/ano.<br />
O Plano de Acção para a Eficiência Energética da União Europeia (PAEE-UE) necessita<br />
de ser monitorizado e actualizado, tendo sido iniciada em 2009 uma revisão intercalar<br />
que teve em conta os planos nacionais de acção para a eficiência energética (PNAEE)<br />
dos países membros e as revisões estratégicas da UE no âmbito da energia.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
19
O Livro Verde para a Eficiência Energética refere que a Indústria Europeia já deu passos<br />
no sentido de aumentar a sua eficiência energética, motivada por incentivos económicos<br />
e também pela pressão exercida pela legislação europeia e pelas legislações nacionais,<br />
que levam a indústria a utilizar a eficiência energética como um instrumento necessário<br />
para respeitar os valores máximos de emissões de gases com efeito de estufa impostos<br />
pelos planos nacionais de atribuição de licenças de emissão (PNALE). Estes valores<br />
encontram-se previstos na directiva relativa ao comércio das licenças de emissão<br />
(Directiva 2003/87/CE). Este tipo de pressão exercida pela legislação tem tido bastante<br />
sucesso em países como o Reino Unido e a Holanda, nos sectores do papel e no setor<br />
químico.<br />
No contexto da Industria Transformadora, o PAEE-UE refere que a utilização das<br />
melhores tecnologias disponíveis (MTD) e de equipamentos mais eficientes poderá<br />
conduzir a enormes oportunidades de poupança (cerca de 25%) em equipamentos tais<br />
como os motores eléctricos, ventiladores e material de iluminação.<br />
O PAEE-UE pretende promover a cogeração na indústria, o uso coerente dos impostos<br />
para promover a eficiência energética industrial e o financiamento de investimentos nas<br />
PME (pequenas e médias empresas) e nas ESCO (Energy Service Companies).<br />
Para que o PAEE-UE atinja os seus objectivos ambiciosos é necessária a colaboração<br />
total das autoridades competentes de todos os estados menbros, em particular no que diz<br />
respeito ao delineamento dos respectivos PNAEE. Assim, os PNAEE deverão estar em<br />
consonância com as linhas mestras definidas no PAEE-UE e possuir objectivos<br />
igualmente ambiciosos.<br />
A importância das questões energéticas para a União Europeia está expressa de forma<br />
inequívoca na sua estratégia Europa 2020. De facto, elas fazem parte de uma das três<br />
prioridades (desenvolvimento sustentável) no âmbito de promover uma economia mais<br />
eficaz em termos de recursos, mais ecológica e mais competitiva, recorrendo à utilização<br />
de tecnologias verdes. O objectivo desta iniciativa é tornar a Europa eficiente em termos<br />
de recursos, isto é, apoiar a transição para uma economia hipocarbónica que utiliza de<br />
forma eficiente todos os recursos. O objectivo consiste em dissociar crescimento<br />
económico da utilização de recursos e de energia, reduzir as emissões de CO2,<br />
aumentar competitividade e promover uma maior segurança energética.<br />
As pequenas e médias empresas (PME) constituem um factor considerável de<br />
crescimento e de criação de postos de trabalho no interior da União Europeia. Em 16 de<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
20
Julho de 2009, o Comité Económico e Social Europeu decidiu, nos termos do artigo 29.º,<br />
n.º 2, do seu Regimento, elaborar um parecer sobre a iniciativa de reforçar a eficácia da<br />
política energética da União Europeia para as PME e, em particular, para as<br />
microempresas. Deste parecer o Comité Económico e Social Europeu adoptou as<br />
seguintes recomendações a nível da União Europeia e ao nível dos Estados-Membros.<br />
A nível da União Europeia são:<br />
Adoptar uma abordagem‖Think Small First‖ (pensar primeiro nas PME) em relação<br />
à política energética, garantindo a participação das organizações de pequenas e<br />
microempresas no processo legislativo e a realização de avaliações de impacto<br />
que abranjam igualmente as empresas de menor dimensão, promovendo a<br />
abordagem sectorial;<br />
Instaurar com as organizações de PME um fórum de diálogo permanente sobre o<br />
impacto da política energética da UE nas empresas, particularmente, nas mais<br />
pequenas;<br />
Definir, em articulação com as organizações de empresas pertinentes, as medidas<br />
que importa ter em conta nos programas europeus a fim de propiciar a essas<br />
empresas uma melhor adaptação às orientações da UE;<br />
Analisar o impacto dos programas em prol da eco-eficiência nas diferentes<br />
categorias de PME, e difundir um manual de boas práticas;<br />
Simplificar as modalidades de acesso e de utilização dos programas da UE<br />
existentes no domínio da eficiência energética em favor das PME;<br />
Adoptar um plano de apoio às inovações eco-eficientes em matéria energética e<br />
criar um instrumento financeiro de apoio à inovação adaptado às necessidades<br />
das pequenas e microempresas;<br />
Criar um quadro para reforçar a presença e a actividade das empresas<br />
prestadoras de serviços energéticos (ESCO) a nível nacional em prol das<br />
pequenas empresas;<br />
Simplificar o acesso das pequenas empresas aos fundos estruturais,<br />
nomeadamente por intermédio das suas organizações;<br />
Criar um quadro favorável à difusão da microgeração nos Estados-Membros.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
21
A nível dos Estados-Membros:<br />
Criar um fórum nacional de diálogo com as organizações de PME;<br />
Desenvolver programas de formação e de informação através de campanhas<br />
sectoriais e de balcões únicos localizados prioritariamente nas organizações<br />
intermediárias das empresas em causa;<br />
Contribuir para o financiamento dos investimentos, reduzir os custos de seguros e<br />
criar incentivos fiscais;<br />
Criar sinergias financeiras UE-Estados-Membros-organizações de empresas que<br />
favoreçam a aplicação de várias formas de ajuda às pequenas empresas;<br />
Estabelecer, nas organizações intermediárias, assessores ambientais e de<br />
energia, bem como serviços independentes de diagnóstico e de aconselhamento<br />
energético.<br />
Estudo <strong>Internacional</strong> de Políticas de Eficiência Energética<br />
Focando agora a atenção nas medidas que afectam o sector industrial, são apresentadas<br />
de seguida como exemplos algumas políticas aplicadas a este sector, nos seguintes<br />
países: Áustria, Finlândia, Dinamarca, Reino Unido, Espanha, Irlanda, Japão, Estados<br />
Unidos da América, Alemanha, França e Canada.<br />
Políticas de Eficiência Energética na Dinamarca<br />
As principais medidas do PNAEE Dinamarquês, aplicadas à indústria foram: i) o aumento<br />
gradual dos impostos relativos às emissões de gases derivados da queima de<br />
combustíveis fósseis; ii) a concessão de benefícios fiscais a indústrias que implementem<br />
medidas de eficiência energética; iii) o incentivo quer à concorrência comercial quer à<br />
investigação tecnológica no sector privado do mercado energético; iv) o financiamento de<br />
projectos públicos de investigação e o apoio a parcerias tecnológicas com o sector<br />
privado; v) a atribuição de créditos/empréstimos a PMEs para implementação de<br />
projectos de eficiência energética; e vi) o aumento da divulgação, junto da população, das<br />
tecnologias de gestão ambiental e dos benefícios associados à sua utilização.<br />
O aumento gradual dos impostos sobre o consumo de energia e as emissões de CO2<br />
tem como objectivo incentivar as indústrias a assinar acordos voluntários com o Estado,<br />
garantindo o cumprimento de um plano de redução do consumo de energia. As indústrias<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
22
que assinam estes acordos comprometem-se a efectuar um estudo pormenorizado do<br />
seu consumo energético, que visa identificar pontos críticos passíveis de melhorias, e,<br />
num prazo acordado, a implementar as medidas técnicas necessárias para atingir o<br />
aumento de eficiência energética estipulado. Todo este processo está sujeito a auditorias<br />
estatais.<br />
Os acordos voluntários assentam na implementação do conceito de Gestão de Energia<br />
(Energy Management) que assegura a melhoria contínua e constante da eficiência<br />
energética de uma empresa.<br />
Tipicamente, uma indústria reduz o seu consumo de energia entre 10 a 15 % nos<br />
primeiros anos de implementação destes acordos voluntários. Alguns exemplos mostram<br />
poupanças superiores a 15 % e retornos de investimento (paybacks) inferiores a 4 anos.<br />
As medidas técnicas a aplicar envolvem a manutenção e monitorização de<br />
equipamentos, a alteração de procedimentos, a formação dos funcionários e a concepção<br />
eficiente, sob o ponto de vista energético, de equipamentos e instalações.<br />
Políticas de Eficiência Energética no Reino Unido<br />
No Reino Unido, as políticas incidem principalmente sobre a redução das emissões de<br />
gases com efeito de estufa. No entanto, estas políticas estão intimamente ligadas à<br />
eficiência energética, uma vez que aumentos na eficiência energética produzem<br />
reduções nas emissões. Algumas das medidas do PNAEE do Reino Unido aplicadas à<br />
indústria englobam: i) o Climate Change Levy; ii) os Climate Change Agreements; iii) o<br />
Carbon Trust e o iv) United Kingdom Emissions Trading Scheme.<br />
O Climate Change Levy (CCL) é um imposto sobre a utilização de energia que impõe<br />
taxas fiscais mais elevadas às indústrias mais gastadoras de energias não renováveis. O<br />
dinheiro resultante destas taxas serve para investir em tecnologias e equipamentos com<br />
maior eficiência energética e, consequentemente, menos emissões de carbono.<br />
Com os Climate Change Agreements (acordos voluntários, CCA), o governo tenta aliciar<br />
as empresas a aceitar um acordo de redução de emissões de carbono, em troca de um<br />
vantajoso desconto fiscal de 80 % sobre o Climate Change Levy.<br />
O Carbon Trust é uma organização que visa informar e auxiliar as indústrias que<br />
pretendam reduzir as suas emissões de gases poluentes. As suas actividades baseiamse<br />
em cinco grandes áreas: Percepção, Solução, Inovação, Iniciativa e Investimento<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
23
O United Kingdom Emissions Trading Scheme (UK-ETS) é um esquema que tem como<br />
objectivo reduzir as emissões de gases poluentes, para que com isso se cumpra o<br />
Protocolo de Quioto e adiram ao rentável mercado de carbono.<br />
Políticas de Eficiência Energética na Espanha<br />
A Estratégia de Poupança e Eficiência Energética em Espanha aprovada a 28 de<br />
Novembro de 2003 propõe para cada um dos principais sectores envolvidos uma série de<br />
medidas que devem ser implementadas durante o período de 2004-2012.<br />
No âmbito desta estratégia, as medidas aplicáveis ao Sector Industrial espanhol são as<br />
seguintes:<br />
Realização de Auditorias Energéticas;<br />
Projectos Empresariais de Eficiência Energética (Acordos Voluntários);<br />
Programas de Ajudas Públicas.<br />
As Auditorias Energéticas nos diferentes sectores industriais possibilitam o estudo<br />
detalhado e exaustivo dos processos produtivos e mais concretamente identificar os<br />
principais equipamentos consumidores de energia. Permitem ainda determinar com<br />
alguma precisão os investimentos necessários para a execução das medidas detectadas<br />
assim como a rentabilidade e viabilidade das mesmas.<br />
Os principais objectivos destas Auditorias Energéticas são:<br />
Determinar o potencial de poupança de energia nas empresas do sector industrial;<br />
Facilitar a tomada de decisão dos empresários no âmbito do investimento em<br />
Poupança e Eficiência Energética;<br />
Determinar o benchmarking dos processos produtivos auditados.<br />
Os Acordos Voluntários têm como objectivo, fomentar a adopção de medidas de<br />
poupança de energia e comprometer as Associações Empresariais e as Indústrias a<br />
alcançar o potencial de poupança de energia estabelecido por Sector. No entanto, este<br />
compromisso na consecução dos objectivos energéticos não deve comprometer a<br />
competitividade das empresas.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
24
Os Acordos Voluntários devem considerar os seguintes pontos essenciais:<br />
O potencial de poupança detectado e a viabilidade da sua execução;<br />
A vinculação explícita das empresas do subsector ou ramo de actividade<br />
considerado;<br />
As linhas de financiamento para incentivarem a poupança energética;<br />
A possibilidade das empresas vinculadas formalmente terem tratamento<br />
preferencial.<br />
O objectivo do Programa de Ajudas Públicas é facilitar a viabilidade económica dos<br />
investimentos na poupança e eficiência energética, com a finalidade de alcançar o<br />
potencial de poupança de energia identificado. Pretende-se assim promover a<br />
substituição de equipamentos e de instalações ineficientes, privilegiando a utilização de<br />
tecnologias de alta eficiência energética que minimizem as emissões de CO 2 .<br />
Políticas de Eficiência Energética na Áustria<br />
A melhoria da eficiência energética é uma das principais estratégias na concretização dos<br />
objectivos políticos de energia da Áustria. O Programa de Acção Energia foi elaborado<br />
em 2003 contendo políticas com relevância directa ou indirecta na eficiência energética,<br />
tais como:<br />
- Medidas ERAL com relevância para a eficiência energética (por exemplo,<br />
harmonização das abordagens da política energética dos diversos intervenientes. o<br />
governo federal e os estados).<br />
- Medidas relativas ao espaço e ao aquecimento de água (por exemplo, isolamento,<br />
consumo de energia, cálculo dos custos de acordo com o consumo real).<br />
- Consumo de energia no processo produtivo (por exemplo, melhoria da informação<br />
sobre os fluxos de energia nas empresas).<br />
- Mobilidade<br />
- Iluminação e processamento de dados.<br />
- A utilização da biomassa.<br />
- O uso do carvão (por exemplo, apoio de tecnologias de combustão moderna).<br />
- O uso de gás natural (por exemplo, tecnologias ecologicamente eficientes).<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
25
Uma série de medidas está disponível para o governo austríaco na área da eficiência<br />
energética, incluindo medidas reguladoras (como padrões mínimos de eficiência ou de<br />
regras de tributação de energia); investigação, desenvolvimento tecnológico e promoção<br />
de penetração no mercado; divulgação de informações aos consumidores de energia, e<br />
subsídios para a implementação de medidas de poupança de energia.<br />
Uma característica da estrutura de muitos programas que cobrem a eficiência energética<br />
é que melhorar a eficiência energética é apenas um dos vários objectivos prosseguidos.<br />
Esses programas, portanto, consideram a melhoria da eficiência energética como uma<br />
componente dentro de um conjunto de objectivos políticos.<br />
Políticas de Eficiência Energética na Finlândia<br />
As Políticas de eficiência energética da Finlândia são basicamente orientadas por duas<br />
declarações, nomeadamente o Plano de Acção para a Eficiência Energética, que foi<br />
emitido em 2000 e actualizado em 2002, e a Estratégia Nacional de Energia e Clima, que<br />
foi lançado em 2001 e actualizado, mais recentemente, em 2005. Em geral, a política de<br />
eficiência energética na Finlândia baseia-se em quatro orientações: i) legislação,<br />
regulamentos e orientações; ii) os mecanismos financeiros, tais como impostos e<br />
subsídios; iii) acordos de eficiência energia com a indústria, e iv) Educação e<br />
comunicação. No âmbito da Estratégia Nacional de Energia e Clima, o objectivo de<br />
poupança energética de 5% até 2015 - diminuir o consumo de energia em 5% com novas<br />
medidas de políticas adicionais (em comparação com o esperado em 2015, sem estas<br />
medidas adicionais). No longo prazo, o objectivo é estabilizar e depois reduzir, o<br />
consumo de energia primária total na Finlândia.<br />
A maioria das políticas de eficiência energética da Finlândia provém de diversas<br />
directivas da UE relativas à eficiência energética e conservação, em particular as<br />
directivas relativas à rotulagem de equipamentos, em edifícios, nos serviços de energia,<br />
na produção combinada de calor e energia (CHP) e no ecodesign.<br />
No total, 14 directivas ou regulamentos específicos sobre as politicas finlandesas de<br />
eficiência energética. São necessárias medidas adicionais para além das já promulgadas<br />
pela UE e outros métodos inovadores, subsídios para a introdução de novas tecnologias<br />
e regulamentações. A Finlândia baseia-se em acções de voluntariado, desenvolvimento<br />
de tecnologia e a utilização de energias renováveis e outras.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
26
Acordo voluntários são realizados entre o Ministério do Trabalho e Economia e a<br />
associação que representa a indústria em particular ou setor. Empresas e comunidades<br />
também se juntaram no acordo assinado pela indústria. Sob os termos dos acordos, as<br />
associações comprometem-se a promover a conservação de energia e participação.<br />
Empresas e comunidades comprometem-se a realizar auditorias de energia ou análises,<br />
a elaborar um plano de conservação de energia e comprometem-se a implementar<br />
medidas eficazes nos custos de conservação. O governo fornece subsídios para<br />
auditorias energéticas (40% do custo) e análises, e, sob certas condições, a poupança<br />
em investimentos de energia.<br />
Empresas de serviços energéticos (ESCO) são empresas especializadas em eficiência<br />
energética, incluindo a auditoria, estabelecendo planos de eficiência, implementando os<br />
planos de financiamento e os esforços em nome do cliente. Estima-se que 15-25% dos<br />
investimentos em eficiência energética realizados pela indústria sob os acordos<br />
voluntários foram executados através de ESCO.<br />
Políticas de Eficiência Energética na Irlanda<br />
A Política de eficiência energética da Irlanda é baseada, no Livro Verde da UE sobre a<br />
eficiência energética. Os principais veículos para a implementação da política é o Plano<br />
Nacional de Desenvolvimento.<br />
O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2000-2006 continha uma prioridade<br />
sustentável de energia composta de duas medidas de energia, uma das quais incluía<br />
eficiência energética. Um investimento total de 117 milhões de euros para eficiência<br />
energética e programas de energia alternativa nos termos do presente PDN. O principal<br />
órgão de execução da política de eficiência energética na Irlanda, opera uma série de<br />
programas abordando todos os setores da economia como descrito abaixo.<br />
Os programas, que visam especificamente o setor industrial, incluem o programa Rede<br />
de Energia grandes Indústria (LIEN) e o programa de Acordos de Energia da Indústria. O<br />
resultado é uma iniciativa voluntária da rede que compreende 80 dos maiores<br />
consumidores de energia industrial na Irlanda que estão empenhados em reduzir o uso<br />
de energia individualmente e reconhecer o benefício de colaborar com organizações<br />
semelhantes. Os principais elementos do programa LIEN, são relatórios sobre os<br />
progressos do desempenho energético e da definição de metas realistas, a partilha de<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
27
informações e experiência para alcançar as melhores práticas e melhorar a<br />
competitividade, reduzindo custos de energia.<br />
O Programa de Acção de Gestão de Energia (Energia MAP), surge para as empresas<br />
que não têm recursos para a realização da auditoria. O núcleo do programa é o MAP<br />
Energia site, que disponibiliza orientações de boas práticas em gestão de energia e as<br />
mais recentes tecnologias. Ao contrário dos Acordos de Energia, Energia MAP é<br />
projectado para ajudar as empresas menos sofisticadas e comprometidas na adoção de<br />
programas de gestão de energia sustentáveis nas suas organizações. Os principais<br />
utilizadores do MAP Energia são as pequenas e médias empresas (PME), mas o site é<br />
um portal de referência para as boas práticas de eficiência energética, para as PME e<br />
grandes consumidores de energia.<br />
Políticas de Eficiência Energética no Japão<br />
Os pilares da política de eficiência energética do Japão incluem a Lei de Base sobre a<br />
política energética de 2002, o Plano Básico de Energia e a Nova Estratégia Nacional de<br />
Energia.<br />
A Lei Base de Política Energética, formulada em Junho de 2002, define a orientação para<br />
a política de energia do Japão no futuro. Esta lei reconhece especificamente a garantia<br />
de fornecimento estável, adequação ambiental e utilização de mecanismos de mercado<br />
como orientações políticas fundamentais. Também exige que o governo formule um<br />
plano básico sobre a oferta e aquisição de energia.<br />
O Plano Básico de Energia esclarece as orientações das políticas relativas ao futuro<br />
fornecimento de energia e aquisição, conforme exigido na Lei Base de Política<br />
Energética.<br />
Em março de 2007, o Plano Básico de Energia foi revisto com base na Nova Estratégia<br />
Nacional para a Energia.<br />
A nova estratégia energética nacional é uma estratégia para a segurança energética que<br />
foi formulada em maio de 2006 para reflectir as mudanças recentes no mercado<br />
doméstico e situação energética internacional. Melhorar a eficiência energética é um<br />
elemento-chave desta estratégia. Pontos-chave da estratégia visam:<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
28
Melhorar a eficiência do consumo de energia, pelo menos em 30% até 2030.<br />
Reduzir a dependência do Japão em relação ao petróleo na oferta total de energia<br />
primária para 40% ou menos em 2030.<br />
Reduzir a dependência do petróleo no setor dos transportes para cerca de 80%<br />
até 2030.<br />
Aumentar a proporção de energia nuclear na produção total de energia do Japão<br />
em 30-40% ou mais em 2030 e posteriormente.<br />
Expandir ainda mais a relação de exploração e desenvolvimento dos recursos<br />
petrolíferos por empresas japonesas, para cerca de 40% até 2030.<br />
O Japão usa uma combinação de medidas reguladoras, acções voluntárias por parte da<br />
indústria e uma combinação de subsídios, isenções fiscais e empréstimos para<br />
investimento para incentivar a melhoria da eficiência energética na indústria. A política de<br />
economia de energia no sector industrial do Japão foi desenvolvida com uma forte<br />
cooperação entre os sectores públicos e privado.<br />
Especificamente, fábricas e outros locais de trabalho com alto consumo de energia<br />
(consumo de combustível anual igual ou superior a 3 000 kl de óleo equivalente) são<br />
obrigados a nomear gestores de energia, preparar e apresentar a médio e longo prazo<br />
planos de energia e relatórios periódicos sobre consumo de energia. Da mesma forma,<br />
fábricas e outros locais de trabalho com o consumo de energia médio (maior ou igual a 1<br />
500 kl de óleo equivalente) são obrigados a apresentar relatórios periódicos sobre<br />
consumo de energia e nomear uma pessoa qualificada para a gestão de energia.<br />
Outra evolução interessante no Japão desde a revisão anterior é um maior enfoque na<br />
melhoria da eficiência energética em pequenas e médias empresas (PME). O governo<br />
criou vários esquemas fiscais para apoiar as PME na redução das suas emissões de<br />
CO2. Estes programas englobam subsídios para a introdução de equipamentos<br />
energeticamente eficientes.<br />
Políticas de Eficiência Energética nos Estados Unidos da América<br />
O compromisso assumido pelos Estados Unidos para aumentar a eficiência energética foi<br />
enfatizado na Política Nacional de Energia (NEP) publicada em Maio de 2001. O<br />
documento descreve, uma série de medidas pelas quais o governo federal pode<br />
influenciar e promover a eficiência energética, incluindo a difusão de informação,<br />
incentivos a investigação e desenvolvimento em produtos eficientes, bem como<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
29
programas como o programa Energy Star. O objectivo do NEP é melhorar o consumo de<br />
energia dos Estados Unidos em 20% entre 2002 e 2012. O desenvolvimento legal mais<br />
importante desde a última revisão foi o de Energia Policy Act de 2005. Esta foi a primeira<br />
legislação de energia promulgada em mais de uma década e tem um forte foco na<br />
melhoria da eficiência energética e aumento do uso de energia renovável.<br />
No setor industrial existe o programa Energy Star que visa a melhoria do sistema de<br />
gestão de energia. Este programa inclui o desenvolvimento de indicadores de<br />
desempenho energético que permitem que as indústrias possam avaliar a eficiência da<br />
produção.<br />
O Programa de Tecnologias Industriais visa reduzir a intensidade energética dos Estados<br />
Unidos através de um programa coordenado de pesquisa, actividades de<br />
desenvolvimento e implementação. O programa colabora com a indústria (por exemplo,<br />
indústrias de energia intensiva, tais como produtos florestais e papel, aço, alumínio,<br />
fundição de metais e produtos químicos) em I & D para melhorar a eficiência energética e<br />
produtividade dos processos industriais. O foco é em nove materiais e processos<br />
industriais que representam a maioria do consumo de energia no sector industrial e<br />
apresentar a maior oportunidade para limitar o consumo de energia. O programa espera<br />
ajudar as indústrias parceiras a reduzir o consumo energético por unidade de produção<br />
em 25% dos níveis de 1990.<br />
Políticas de Eficiência Energética na Alemanha<br />
A política de eficiência energética da Alemanha está subjacente na política climática, que<br />
tem sido enfatizada nos últimos anos. Os partidos do governo estabeleceram as<br />
seguintes metas e medidas para a política nacional de eficiência energética:<br />
Aumentar a eficiência energética da economia nacional com o objectivo da<br />
duplicação da produtividade energética até o ano 2020 em relação a 1990,<br />
exigindo um aumento anual de 3%.<br />
Aumentar o financiamento para o Programa de Reabilitação CO2;<br />
Modernizar o stock existente de estações de energia e expandir o uso da geração<br />
de energia descentralizada ultra-eficiente CHP.<br />
Revisão dos critérios de financiamento da Lei da Cogeração (KWK-G).<br />
Apoiar as iniciativas europeias para melhorar a eficiência energética<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
30
Continuar e intensificar a Agência Alemã de Energia (Deutsche Energie- Agentur,<br />
DENA)<br />
A Alemanha está focada na revisão da directiva relativa a rotulagem de equipamentos e<br />
aparelhos, desde a eficiência na construção até ao desmantelamento do mesmo.<br />
Políticas de Eficiência Energética na França<br />
Os programas de eficiência energética e de redução do consumo específico de matériasprimas<br />
são elaborados e propostos pela Agência do Ambiente e Gestão de Energia<br />
(ADEME), criada em 1992,que é um órgão governamental que responde ao Ministério da<br />
Economia, Finanças e da Indústria.<br />
Em 1996, a França implementou legislação específica para as acções vinculadas à<br />
eficiência energética (Lei nº 96-1236 de 30 de Dezembro de 1996). Em janeiro de 2000<br />
foi implementado um Programa Nacional visando a diminuição das mudanças climáticas<br />
(Programme National de Lutte Contre le Changement Climatique). Este Programa<br />
instituiu medidas técnicas e fiscais envolvendo todos os setores que vinham causando<br />
impactos no curto e no médio prazo e ampliou a actuação da ADEME. Em Dezembro de<br />
2000, foi implementado o Programa Nacional de Acções da Eficiência Energética<br />
(PNAEE). O Programa visa uma maior divulgação e conscientização das acções de<br />
eficiência energética. A França implementou alguns incentivos fiscais/financeiros para a<br />
melhoria da eficiência energética, como por exemplo:<br />
Redução de impostos - redução no imposto de renda para investimentos em<br />
isolamento térmico, melhorias nas instalações de aparelhos de aquecimento,<br />
instalação de fornos de madeira;<br />
Apoio financeiro de 50% do custo para as indústrias que realizam<br />
diagnósticos/auditorias energéticas. Subsidiam, ainda, estudos de eficiência na<br />
iluminação;<br />
Existência de fundos provenientes da SOFERGIE (grupo de empresas que<br />
financiam investimentos em economia de energia), FOGIME (fundo que garante<br />
investimentos na gestão energética e ambiental) e FIDEME (fundo de<br />
investimento em eficiência energética)<br />
De salientar que os programas de eficiência energética da ADEME são muito<br />
abrangentes e compreendem uma quantidade significativa de acções envolvendo<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
31
questões ambientais que vão muito para além de uma simples estratégia para tratar das<br />
questões energéticas associadas ao aquecimento global.<br />
Políticas de Eficiência Energética no Canada<br />
O órgão responsável pela Eficiência Energética no Canadá é o Office of Energy Efficiency<br />
(0EE), criado em 1998 e coordena os programas de eficiência energética e combustíveis<br />
alternativos, nos sectores comercial, residencial, industrial e de transportes.<br />
As iniciativas de eficiência energética são fator chave para a implementação da estratégia<br />
nacional em relação às mudanças climáticas, visando cumprir as metas acordadas no<br />
Protocolo de Kyoto.<br />
Em 2000, o governo do Canadá, com a participação de representantes de todos os<br />
setores, organizações não-governamentais e sociedade civil, foi elaborado o Plano de<br />
Acção Mudanças Climáticas. Este plano visa ser efectivo na diminuição de gases de<br />
efeito de estufa e, para tal, pretende ser replaneado de 5 em 5 anos, prevendo medidas e<br />
acções nas seguintes áreas: transportes, energia (petróleo, produção de gás e<br />
electricidade), indústria, edificações, floresta e agricultura, projectos internacionais e<br />
investimento em soluções futuras (tecnologia e ciência).<br />
Ao nível da legislação e regulamentação aplicável destacam-se as seguintes:<br />
Energy Efficiency Act – 1992: estabelece padrões mínimos de eficiência<br />
energética para determinados produtos, especificando a responsabilidade dos<br />
vendedores do produto.<br />
Energy Efficiency Regulations - 1994: novos padrões mínimos de eficiência<br />
energética. Não é permitida a utilização de equipamentos ineficientes.<br />
Certificação/Etiquetagem: obrigatoriedade de etiquetas de eficiência energética<br />
para todos os equipamentos electrónicos.<br />
No que diz respeito aos Programas de eficiência energética geridos pelo OEE,<br />
salientamos os seguintes:<br />
Energuide para equipamentos e Energuide para aquecimento, ventilação e ar<br />
condicionado – HVAC<br />
Energy Efficiency Regulations<br />
Energy Star<br />
Industrial Energy Efficiency Program<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
32
Como considerações gerais sobre as políticas de Eficiência Energética nos países<br />
analisados, salientamos as seguintes:<br />
Nos países estudados existem instituições específicas para a eficiência energética<br />
(agências de energia), com o objectivo da redução do consumo final de energia e<br />
da redução das emissões dos gases de efeito de estufa.<br />
O estabelecimento de agências de energia e a relação destas com a<br />
implementação de medidas e o aumento da eficiência energética também vai<br />
depender do grau de prioridade que cada governo define para o tema.<br />
Muitos países possuem, ainda, agências locais, como é o caso dos países da<br />
União Europeia. A descentralização permite uma maior proximidade com as<br />
especificidades locais e direcionar as acções de eficiência energética necessárias.<br />
Embora com características próprias, os países estudados têm uma série de<br />
acções coincidentes que fazem com que a eficiência energética seja instituída<br />
com objectividade nestes países, com resultados positivos. Tais acções são,<br />
principalmente, informação, consultoria, incentivos económicos e financeiros,<br />
marketing, educação, regulamentação, padrões de eficiência energética,<br />
etiquetagem de produtos e diagnósticos energéticos.<br />
Os padrões mínimos de desempenho energético para os equipamentos –<br />
Minimum Energy Performance Standards – impõem um índice mínimo de<br />
eficiência que os equipamentos devem ter ou indicam qual o consumo máximo.<br />
Os incentivos económicos, especialmente os fiscais e financeiros, visam estimular<br />
investimentos em produtos e processos energeticamente eficientes. De uma<br />
forma geral, o subsidio concedido é uma parte do investimento necessário, ou<br />
proporcional à economia do consumo de energia.<br />
Politicas Nacionais<br />
Portugal é um país com escassos recursos energéticos endógenos, nomeadamente,<br />
aqueles que asseguram a generalidade das necessidades energéticas da maioria dos<br />
países desenvolvidos (como o petróleo, o carvão e o gás).<br />
A escassez de recursos fósseis conduz a uma elevada dependência energética do<br />
exterior (81,2% em 2009), nomeadamente das importações de fontes primárias de origem<br />
fóssil. Importa assim aumentar a contribuição das energias renováveis: hídrica, eólica,<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
33
solar, geotérmica, biomassa (sólida, líquida e gasosa). A taxa de dependência energética<br />
tem vindo a decrescer desde 2005, apesar de ter sofrido um ligeiro agravamento no ano<br />
de 2008 relativamente a 2007. (4)<br />
Figura 1 – Taxa de dependência energética (Fonte: Direcção Geral de Energia e<br />
Geologia - DGEG)<br />
90<br />
88<br />
86<br />
84<br />
82<br />
80<br />
78<br />
76<br />
Taxa de dependência energética<br />
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009<br />
Taxa de dependência<br />
energética<br />
O atual cenário energético nacional é caracterizado por uma forte dependência externa,<br />
com um sistema energético fortemente dependente de fontes primárias de origem fóssil<br />
(petróleo, gás natural e carvão), e com uma procura energética com taxas de crescimento<br />
superiores às do crescimento do PIB.<br />
Empenhado na redução da dependência energética externa, no aumento da eficiência<br />
energética e na redução das emissões de CO2, o governo definiu as grandes linhas<br />
estratégicas para o sector da energia. A Resolução do Conselho de Ministros 29/2010, de<br />
15 de Abril, aprova a nova Estratégia Nacional para a Energia (ENE 2020) tendo em<br />
consideração os objectivos para a política energética definida no Programa do XVIII<br />
Governo e dando continuidade às políticas já desenvolvidas.<br />
A ENE 2020 altera e actualiza a anterior estratégia aprovada pela Resolução do<br />
Conselho de Ministros 169/2005, de 24 de Outubro, definindo uma agenda para a<br />
competitividade, o crescimento e uma diminuição de dependência energética do País,<br />
através da aposta nas energias renováveis e na promoção da eficiência energética,<br />
assegurando a segurança do abastecimento energético e a sustentabilidade económica e<br />
ambiental do modelo energético nacional, contribuindo para a redução de emissões de<br />
CO2.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
34
A Estratégia define as grandes linhas de orientação política e medidas de maior<br />
relevância para a área da energia, assentando em cinco eixos:<br />
Agenda para a Competitividade, crescimento e independência energética e<br />
financeira<br />
Aposta nas energias renováveis<br />
Promoção da eficiência energética<br />
Garantia de segurança de abastecimento energética<br />
Promoção da sustentabilidade da estratégia<br />
Com esta base é esperado que com a ENE 2020 sejam atingidos os seguintes<br />
resultados:<br />
Redução da dependência energética externa para 74% em 2020;<br />
Cumprimento dos compromissos assumidos para 2020, relativos ao combate às<br />
alterações climáticas:<br />
- 31% da energia final proveniente de recursos renováveis,<br />
- 20% de redução do consumo de energia final;<br />
Redução em 25% do saldo importador energético, com a energia produzida a<br />
partir de fontes endógenas (redução das importações ≈ 2.000 milhões €/ano em<br />
2020);<br />
Consolidação do cluster industrial associado às energias renováveis: obtenção de<br />
um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 3.800 milhões de euros e a criação de<br />
mais 100.000 postos de trabalho (a acrescer aos 35.000 já existentes no setor)<br />
em 2020.<br />
Continuar a desenvolver o cluster industrial associado à eficiência energética:<br />
- Criação de 21.000 postos de trabalho,<br />
- Investimento de 13.000 milhões de euros até 2020,<br />
- Exportações adicionais de 400 milhões de euros.<br />
Continuação da promoção do desenvolvimento sustentável, criando condições<br />
para o cumprimento das metas de redução de emissões de GEE assumidas no<br />
quadro europeu.<br />
Portugal tem uma Política Energética sólida e sustentável bem definida, assente em três<br />
eixos estratégicos:<br />
Segurança do abastecimento de energia, isto é, diminuir a dependência<br />
energética externa e assegurar os níveis adequados de reservas estratégicas dos<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
35
principais combustíveis, promover a utilização de recursos endógenos e fomentar<br />
e eficiência energética;<br />
Garantir a sustentabilidade do processo energético, fomentando a utilização<br />
racional de energia e a redução de emissões associadas à produção e utilização<br />
de energia;<br />
Promoção da defesa dos consumidores e a competitividade das empresas e a da<br />
economia nacional, favorecendo um ambiente de concorrência que permita<br />
reduzir os custos da energia e melhorar a qualidade do serviço.<br />
A resolução do Conselho de Ministro nº 80/2008 aprovou o Plano Nacional de Acção para<br />
a Eficiência Energética (PNAEE), documento que engloba um conjunto alargado de<br />
programas e medidas consideradas fundamentais para que Portugal possa alcançar e<br />
suplantar os objectivos fixados no âmbito da Directiva n.º 2006/32/CE, do Parlamento<br />
Europeu e do Conselho, de 5 de Abril, relativa à eficiência na utilização final de energia e<br />
aos serviços energéticos, que estabelece a obrigação de os Estados membros<br />
publicarem um plano de acção para a eficiência energética, estabelecendo metas de,<br />
pelo menos, 1 % de poupança de energia por ano até 2016.<br />
O PNAEE vem trazer uma maior ambição e coerência às políticas de eficiência<br />
energética, abrangendo todos os sectores e agregando as várias medidas entretanto<br />
aprovadas e um conjunto alargado de novas medidas em 12 programas específicos. O<br />
PNAEE abrange quatro áreas específicas, objeto de orientações de cariz<br />
predominantemente tecnológico: Transportes, Residencial e Serviços, Indústria e Estado.<br />
Adicionalmente, estabelece três áreas transversais de actuação — Comportamentos,<br />
Fiscalidade, Incentivos e Financiamentos — sobre as quais incidiram análises e<br />
orientações complementares.<br />
Cada uma das áreas referidas agrega um conjunto de programas, que integram de uma<br />
forma coerente um vasto leque de medidas de eficiência energética, orientadas para a<br />
procura energética.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
36
A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA ENQUADRADA PELO<br />
SGCIE<br />
O Sistema de Gestão de Consumos Intensivos de Energia (SGCIE) tem como objectivos<br />
principais, a promoção da eficiência energética e a monitorização das instalações<br />
consumidoras intensivas de energia (CIE), em especial no sector industrial, através da<br />
regulamentação dos seus consumos energéticos.<br />
Ainda tem objectivo de carácter ambiental, que é a diminuição do nível de emissões de<br />
gases com efeito de estufa.<br />
O SGCIE foi criado pelo Decreto-Lei 71/2008, de 15 de Abril na sequência da estratégia<br />
nacional para a energia, que vem actualizar o antigo Regulamento de Gestão do<br />
Consumo de Energia (RGCE), criado em 1982 com o Decreto-Lei 58/82, de 26 de<br />
Novembro e assim enquadrar legalmente as acções que visam dinamizar a eficiência<br />
energética com incidência na indústria.<br />
O diploma reduz o limiar de consumo energético anual de 1000 tep (tonelada equivalente<br />
de petróleo) para 500 tep, acima do qual as empresas são consideradas consumidoras<br />
intensivas de energia (CIE). Com essa limitação, as empresas serão forçadas a tomar<br />
medidas de modo a se tornarem mais eficientes. Este diploma não se aplica nas<br />
seguintes instalações:<br />
Instalações de co-geração juridicamente autónomas dos respectivos<br />
consumidores de energia;<br />
Empresas de transporte e empresas com frotas próprias consumidoras intensivas<br />
de energia;<br />
Edifícios sujeitos ao SCE, RCCTE e RSECE, excepto os integrados na área de<br />
uma instalação CIE;<br />
Instalações CIE sujeitas ao PNALE.<br />
Em prol da eficiência energética, O SGCIE prevê que as instalações CIE realizem,<br />
periodicamente, auditorias energéticas que incidam sobre as condições de utilização de<br />
energia e promovam o aumento da eficiência energética, incluindo a utilização de fontes<br />
de energia renováveis. Prevê, ainda, que se elaborem e executem Planos de<br />
Racionalização dos Consumos de Energia, estabelecendo acordos de racionalização<br />
desses consumos com a DGEG que contemplem objectivos mínimos de eficiência<br />
energética, associando ao seu cumprimento a obtenção de incentivos pelos operadores<br />
(entidades que exploram instalações CIE).<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
37
A IMPORTÂNCIA DO ECO-DESIGN<br />
O Eco-design é um novo conceito que visa reduzir o consumo energético dos produtos<br />
(ex: aparelhos electrodomésticos), bem como o seu impacto ambiental em todo o seu<br />
ciclo de vida. A rotulagem do produto deve incluir informações sobre o desempenho<br />
ambiental do produto e da eficiência energética bem visível, se possível no próprio<br />
produto, permitindo aos consumidores fazer uma compara ração antes de comprar.<br />
O eco-design está numa fase inicial no nosso país, sendo ainda uma área muito<br />
desconhecida, de reduzida consciência e massa crítica entre empresas e designers, tem<br />
um número reduzido de pessoas e projectos pontuais em curso, apesar de estarem a ser<br />
desenvolvidos esforços e promovidas iniciativas relevantes nos últimos anos (desde a<br />
década de 90). Um dos principais protagonistas do Eco-design tem sido o INETI/ LNEG,<br />
através de parcerias internacionais, projectos na indústria, I&D, formações, workshops e<br />
publicações.<br />
A Directiva 2005/32/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 06 de Julho de 2005,<br />
que veio substituir a anterior Directiva 92/42/CEE do Conselho e 96/57/CE e 2000 /<br />
55/EC, estabelece um quadro que define os requisitos para a concepção ecológica dos<br />
produtos consumidores de energia com o objectivo de garantir a livre circulação destes<br />
produtos do mercado interno. Contribui para o desenvolvimento sustentável na medida<br />
em que aumenta a eficiência energética e o nível de protecção do ambiente, e permite,<br />
ao mesmo tempo, aumentar a segurança do fornecimento de energia. (7)<br />
A Directiva "Concepção Ecológica foi ampliada em 2009 para a Directiva nº2009/125/CE,<br />
sendo esta transposta para o Decreto-lei nº12/2011, de 24 de Janeiro.<br />
Esta abrange todos produtos energéticos (cuja utilização tem um impacto sobre a energia<br />
consumo), incluindo:<br />
Produtos que consomem energia (EUP): produtos que utilizam, geram, transferem<br />
ou medem (por exemplo, electricidade, gás, combustíveis fósseis), incluindo bens<br />
de consumo, tais como caldeiras, máquinas, computadores, televisores, máquinas<br />
de lavar, lâmpadas e produtos industriais, tais como transformadores, ventiladores<br />
industriais, fornos industriais.<br />
Outros produtos que estão relacionados com a energia (ERP): produto que para o<br />
seu funcionamento não usam necessariamente a energia, mas têm um impacto<br />
sobre o consumo de energia (directa ou indirecta) e pode, portanto, contribuir para<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
38
a poupança de energia, tais como janelas, material de isolamento ou dispositivos<br />
de Instalações Sanitárias (por exemplo, chuveiros, torneiras).<br />
A implementação do eco-design na fase das concepções dos produtos é de grande<br />
importância, na medida em que prossegue, através de uma abordagem preventiva, a<br />
optimização do desempenho ambiental dos produtos, ao mesmo tempo que conserva as<br />
respectivas funcionalidades.<br />
Através da melhoria da concepção, muitos dos produtos relacionados com o consumo de<br />
energia podem ser significativamente melhorados o que permite reduzir os impactos<br />
ambientais e realizar poupanças de energia, e em simultâneo a uma redução de custos<br />
para as empresas e para os consumidores finais.<br />
O gráfico seguinte mostra a evolução do custo de um produto ao longo da sua vida e os<br />
impactos da adopção da eco-design.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
39
Figura 2 – Evolução do Consumo de Energia Primária em Portugal (Fonte: Direcção<br />
Geral de Energia e Geologia - DGEG)<br />
A aplicação da eco-design nas PME proporciona os seguintes benefícios:<br />
Redução de custos de produção e distribuição;<br />
Estimula a inovação;<br />
Reforça a marca e a imagem do Produto;<br />
Conformidade com as normas ambientais;<br />
Melhora a qualidade dos produtos;<br />
Aumento do valor acrescentado dos produtos;<br />
Permite o maior conhecimento acerca do produto<br />
ROTULAGEM ENERGÉTICA DE PRODUTOS<br />
O rótulo energético é obrigatório para os produtos abrangidos por medidas de aplicação<br />
adoptadas no âmbito da Directiva Rotulagem Energética. O sistema de rotulagem<br />
energética tem dado uma contribuição eficaz para que o mercado dos aparelhos<br />
domésticos adopte produtos mais eficientes do ponto de vista energético. Fornece aos<br />
consumidores informações úteis e comparáveis, que lhes permitem considerar a<br />
possibilidade de investir em aparelhos dotados de um melhor desempenho a fim de<br />
realizar poupanças tendo em conta os custos correntes (principalmente o consumo de<br />
energia durante a utilização).<br />
Ajuda também os fabricantes a posicionar os seus produtos no mercado e a receber uma<br />
compensação pelo investimento feito na introdução de aparelhos melhores e mais<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
40
inovadores. Este sistema é, por isso, considerado um instrumento vantajoso a todos os<br />
níveis para os consumidores, a indústria e o ambiente.<br />
A rotulagem energética dos aparelhos para uso doméstico foi introduzida, na União<br />
Europeia, na década de 90. A Directiva-Quadro 92/75/CEE exige que sejam indicados o<br />
consumo de energia e de outros recursos dos aparelhos por meio de rotulagem, para<br />
permitir a comparação entre modelos. A Directiva fornece uma base legislativa para o<br />
estabelecimento de medidas de execução para produtos específicos, definindo as<br />
condições para a rotulagem das categorias de produtos abrangidas: o layout da etiqueta,<br />
as informações que devem estar presentes na etiqueta e na ficha técnica.<br />
A 19 de Maio de 2010, o Parlamento Europeu e o Conselho adoptaram a nova Directiva-<br />
Quadro 2010/30/UE, reformulando a precedente Directiva 92/75/CEE, que entrou em<br />
vigor a 19 de Junho de 2010. A nova directiva sobre rotulagem energética alarga o seu<br />
âmbito para além dos aparelhos domésticos, passando a incluir todos os produtos<br />
relacionados com a energia, definidos como qualquer bem que tenha um impacto no<br />
consumo de energia durante a sua utilização. Para cada produto que cumpra uma lista<br />
específica de critérios, a Comissão Europeia pode adotar um ato delegado que<br />
estabelece a informação que deverá ser incluída na etiqueta e na ficha do produto.<br />
O Decreto-Lei nº 63/2011, de 9 de Maio transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva<br />
nº 2010/30/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Maio, relativa à<br />
indicação do consumo de energia e de outros recursos por parte dos produtos<br />
relacionados com a energia, por meio de etiquetagem e outras indicações uniformes<br />
relativas aos produtos.<br />
O sistema de rotulagem energética tem dado uma contribuição eficaz para que o<br />
mercado dos aparelhos domésticos adopte produtos mais eficientes do ponto de vista<br />
energético. Fornece aos consumidores informações úteis e comparáveis, que lhes<br />
permitem considerar a possibilidade de investir em aparelhos dotados de um melhor<br />
desempenho a fim de realizar poupanças tendo em conta os custos correntes<br />
(principalmente o consumo de energia durante a utilização).<br />
Ajuda também os fabricantes a posicionar os seus produtos no mercado e a receber uma<br />
compensação pelo investimento feito na introdução de aparelhos melhores e mais<br />
inovadores. Este sistema é, por isso, considerado um instrumento vantajoso a todos os<br />
níveis para os consumidores, a indústria e o ambiente.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
41
4 - BENCHMARKING SECTORIAL<br />
INTERNACIONAL<br />
SECTOR MADEIRAS E MOBILIÁRIO<br />
IDENTIFICAÇÃO DE PROJECTOS E ESTUDOS SECTORIAIS<br />
ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ENERGIA NO SECTOR DAS<br />
MADEIRAS NO CANADÁ 1<br />
INTRODUÇÃO<br />
Conhecer o perfil de utilização da energia na indústria transformadora das madeiras,<br />
focando a análise na produção de cinco tipos de produtos: peças de madeira maciça,<br />
painéis de contraplacado, painéis de OSB, painéis de aglomerado e painéis de MDF.<br />
DESCRIÇÃO<br />
O estudo analisa o uso da energia bruta nos processos de fabrico e contextualiza este<br />
uso de energia relacionando-a à energia a montante necessária para adquirir matériasprimas<br />
e inputs de energia.<br />
Além disso, este trabalho considera as emissões de carbono directas e indirectas por tipo<br />
de combustível utilizado e contabiliza o carbono capturado pelos produtos produzidos e<br />
portanto, apresenta um balanço de carbono para cada produto acabado à saída de<br />
fábrica.<br />
1 Status of Energy Use in the Canadian Wood Products Sector<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
42
Usando uma abordagem de análise do ciclo de vida de cada produto, este estudo<br />
documenta o uso de energia na produção dos cinco produtos da empresa do início ao<br />
fim.<br />
Os dados apresentados permitem a cada segmento da indústria um melhor entendimento<br />
sobre o uso da energia com o objectivo da redução do consumo no futuro.<br />
Oportunidades De Redução Do Consumo De Energia<br />
Peças de madeira<br />
A operação de secagem é responsável por cerca de 70% do consumo de energia<br />
consumida no ciclo produtivo.<br />
De seguida apresentam-se algumas medidas para a redução do consumo de energia nos<br />
secadores:<br />
a) Garantir a ausência de fugas de ar;<br />
b) Melhorar o isolamento;<br />
c) Pré-aquecer o ar à entrada através de permutadores ar-ar;<br />
d) Evitar sobre secar a madeira;<br />
e) Uniformizar as cargas de secagem, reduzindo a variabilidade da humidade;<br />
f) Assegurar uma uniformidade da temperatura no interior do secador;<br />
g) Implementar ferramentas de monitorização do processo de secagem;<br />
h) Utilizar variadores de velocidade nos motores eléctricos para adequar a<br />
velocidade dos ventiladores às necessidades;<br />
i) Utilizar a biomassa como combustível nos queimadores do gerador de energia<br />
térmica acoplado ao secador.<br />
Painéis de OSB<br />
As maiores consumidoras de energia eléctrica na produção deste tipo de painéis são as<br />
máquinas de preparação dos flocos de madeira, incluindo os descascadores e os<br />
destroçadores.<br />
Outros consumidores de electricidade importantes são os ventiladores do sistema de<br />
secagem e os motores de accionamento das prensas hidráulicas.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
43
Medidas para redução de consumos energéticos:<br />
a) Garantir as condições de armazenamento das matérias-primas para manter a<br />
humidade controlada;<br />
b) Utilização de pré-aquecedores a infravermelhos antes da operação de<br />
prensagem;<br />
c) Adequação da potência dos motores às necessidades;<br />
d) Utilização de variadores de velocidade;<br />
e) Recuperação de calor do ar de exaustão.<br />
Painéis de aglomerado e MDF<br />
Motores associados a prensas e a calibradoras são os maiores consumidores de energia<br />
eléctrica, enquanto a secagem é a maior consumidora de biomassa.<br />
Medidas para redução de consumos energéticos:<br />
a) Armazenagem das matérias-primas em condições ambientais controladas;<br />
b) Utilização de pré-aquecedores a infravermelhos antes da operação de<br />
prensagem;<br />
c) Utilização de prensas mais precisas ao nível da espessura para reduzir a<br />
quantidade de material a retirar através da calibragem, com a consequente<br />
redução de consumo de energia e ainda a redução de desperdícios;<br />
d) Recuperação do ar de exaustão.<br />
RESULTADOS<br />
Neste estudo observa-se que, apesar de cada tipo de produção apresentar necessidades<br />
energéticas diferenciadas, conseguem-se identificar um conjunto de medidas aplicáveis a<br />
todos os processos produtivos:<br />
Instalação de variadores de velocidade nos motores de accionamento dos<br />
ventiladores;<br />
Instalação de sistemas de recuperação de calor do ar das secagens;<br />
Utilização da biomassa como combustível nos equipamentos geradores de<br />
energia térmica.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
44
POUPANÇA DE ENERGIA NA INDÚSTRIA DO MOBILIÁRIO DE MADEIRA 2<br />
- ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA<br />
INTRODUÇÃO<br />
Este estudo foi realizado pelo Industrial Assessment Center e a Mississipi State<br />
University através de auditorias a cerca de trinta empresas de mobiliário.<br />
Como resultado deste estudo foram identificadas várias recomendações comuns ao<br />
sector, conducentes à redução do consumo de energia e à produção de desperdícios,<br />
bem como as poupanças esperadas e períodos de payback das medidas propostas.<br />
DESCRIÇÃO<br />
Partindo da utilização da energia foram identificados os consumidores finais dessa<br />
energia.<br />
Com base nessa avaliação foram indicadas medidas de redução do consumo de energia<br />
baseadas num payback de dois anos ou menor.<br />
Repartição do consumo de energia eléctrica e de gás natural:<br />
Consumidor final<br />
% de consumo<br />
Motores 43<br />
Iluminação 23<br />
Climatização 18<br />
Ar comprimido 12<br />
Despoeiramento 4<br />
Recomendações<br />
Melhoria da eficiência da iluminação<br />
- Substituição das lâmpadas fluorescentes por lâmpadas economizadoras de energia;<br />
- Substituição de lâmpadas de halogéneo por lâmpadas de sódio de alta pressão;<br />
2 Energy Conservation in the Wood-Furniture Industry USA<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
45
- Instalação de clarabóias para aproveitamento de luz natural;<br />
- Redução da iluminação nas zonas de passagem;<br />
- Instalar sensores de luz e de movimento para controlar a iluminação em armazéns.<br />
Estas recomendações apresentam um payback inferior a dois anos.<br />
Melhoria da eficiência da climatização<br />
- Implementação de um sistema de gestão de energia controlando os sistemas de<br />
climatização instalados, nomeadamente com o recurso a termóstatos;<br />
- Instalação de unidades de climatização ajustadas aos espaços.<br />
Estas recomendações apresentam um payback inferior a um ano.<br />
Melhoria da eficiência dos motores<br />
- Substituição de correias de transmissão em V por correias de transmissão síncrona;<br />
- Instalação de motores mais eficientes;<br />
Estas recomendações têm um payback inferior a dois anos em casos de laboração em<br />
vários turnos.<br />
Redução de necessidades de energia em compressores de ar<br />
- Detectar e reparar as fugas de ar na instalação;<br />
- Utilização de ar exterior para arrefecimento do compressor;<br />
- Utilização de lubrificantes sintéticos.<br />
O payback da reparação das fugas de ar é imediato.<br />
Melhorar os sistemas de despoeiramento<br />
- Ajustar o sistema de despoeiramento para a velocidade de arrastamento das poeiras a<br />
aspirar;<br />
- Implementar um sistema de ajuste do fluxo de ar às necessidades.<br />
Melhorar o factor de potência<br />
- Instalação de bancos de condensadores para corrigir o factor de potência;<br />
O payback desta recomendação é inferior a um ano.<br />
Redução do consumo de gás natural<br />
- Recuperação do calor do ar de exaustão para pré-aquecimento do ar de combustão;<br />
- Recuperar calor do ar de exaustão do compressor para a climatização ambiental;<br />
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46
- Manter a eficiência do equipamento de queima regularmente.<br />
RESULTADOS<br />
De seguida apresentam-se as poupanças esperadas com a adopção das recomendações<br />
apresentadas:<br />
- Melhoria da eficiência da iluminação – redução de 25% da energia consumida;<br />
- Melhoria da eficiência da climatização - redução de 19% da energia consumida;<br />
- Redução de necessidades de energia em compressores de ar – redução de 23% da<br />
energia consumida;<br />
- Melhorar os sistemas de despoeiramento – redução de 30% da energia consumida;<br />
- Melhorar o factor de potência – redução de 4% da energia consumida;<br />
- Redução do consumo de gás natural – redução de 12% do consumo de gás.<br />
A combinação dos ganhos obtidos pela aplicação destas medidas, excluindo a relativa ao<br />
gás natural, resulta uma poupança global de cerca de 16% do total de energia eléctrica<br />
consumida.<br />
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47
MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA DAS<br />
MADEIRAS 3 - ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA<br />
INTRODUÇÃO<br />
Os objectivos deste estudo são analisar o perfil de utilização de energia das indústrias de<br />
transformação de madeira relativamente aos parâmetros de produção e investigar a<br />
viabilidade de aplicação de medidas de eficiência energética específicas.<br />
O Industrial Assessment Center (IAC) efectuou estudos energéticos no sector da indústria<br />
da transformação de madeiras do estado de West Virginia (USA) ao longo de vários<br />
anos.<br />
O perfil de utilização da energia das várias empresas foi analisado e reportado.<br />
Os parâmetros dos vários sistemas produtivos foram analisados quanto ao rendimento e<br />
natureza dos processos produtivos, relacionando-os com o consumo específica global de<br />
energia e potencial para implementação de Medidas de Eficiência Energética (MEE).<br />
DESCRIÇÃO<br />
Dos relatórios publicados pela Energy Information Administration, a indústria dos<br />
produtos da floresta consumiram mais de 3.1 quads (1.055×10 18 joules) de energia em<br />
1994 o que representa cerca de 14% do consumo da produção interna de energia.<br />
Isto faz com que a indústria dos produtos florestais seja o terceiro consumidor industrial<br />
atrás da indústria do petróleo e da indústria química.<br />
Dentro da indústria dos produtos da floresta, a indústria da pasta de papel consome a<br />
maioria da energia, 2,66 quads, enquanto a indústria transformadora de madeira<br />
consome 0,49 quads.<br />
Em 1998 o sector da indústria das madeiras gerou 387 biliões de Btu (1 Btu=1,0551 KJ),<br />
representando cerca de 66% das necessidades energéticas da indústria, a partir de<br />
resíduos de madeira.<br />
A restante necessidade energética foi obtida recorrendo a electricidade, gás natural e<br />
fuel.<br />
3 Energy Efficiency Measures in the Wood Manufacturing Industries USA<br />
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48
A indústria dos produtos da floresta gastou 7,7 MMD na compra de energia em 1994.<br />
Destes, 1,7 MMD foram gastos pela indústria de transformação de Madeira.<br />
Considerando a quantidade de energia requerida, é reconhecida a necessidade de<br />
analisar a eficiência energética nas empresas de transformação de madeiras de uso<br />
intensivo de electricidade (Mate 2002).<br />
As empresas utilizam algumas actividades de gestão de energia nas suas instalações.<br />
As quatro técnicas de gestão mais utilizadas são os estudos energéticos, controlo de<br />
potência eléctrica, melhoria do factor de potência e iluminação, com os estudos<br />
energéticos a assumirem uma posição de destaque (EIA 1998).<br />
RESULTADOS<br />
Um total de seis categorias de MEE foi recomendado em resultado dos estudos<br />
efectuados nas empresas.<br />
As MEE foram divididas em compressores, transmissão de movimento (correias e<br />
motores), co-geração, iluminação e outros.<br />
Os totais de MMBtu economizados para cada MEE estão reportados na tabela abaixo.<br />
Pela análise a esta tabela fica claro que, em termos de poupança de energia, o maior<br />
potencial diz respeito às MEE:<br />
1. Co-geração;<br />
2. Sistemas de accionamento (Motores + Correias);<br />
3. Compressores.<br />
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49
Medidas de Eficiência Energética (MEE)<br />
Empresa MEE1 MEE2 MEE3 MEE4 MEE5 MEE6<br />
Compressor<br />
Correias<br />
dentadas<br />
Motores<br />
Cogeração<br />
Iluminação Outros 4<br />
A 13.862 57.352 52.154 - - -<br />
B 34.574 150.016 139.175 - - -<br />
C 18.816 153.561 139.175 - - -<br />
D 50.103 - 170.819 2.147.104 17.287 -<br />
E 79.323 90.244 205.100 - 12.893 30.536<br />
F 230.198 67.097 182.539 - 68.059 -<br />
G 32.758 47.466 84.677 - 68.059 -<br />
H 13.081 82.626 84.970 - 18.656 96.690<br />
I 31.982 58.893 40.727 - 6.080 -<br />
Total (kWh) 504.697 707.255 1.096.113 2.147.104 138.904 288.669<br />
Payback<br />
médio<br />
(meses)<br />
2 2 2 43 5 7<br />
O total de poupança de energia que resultaria das recomendações na indústria da<br />
madeira seria de 4.882.742 kWh.<br />
De notar que a medida relativa à co-geração apenas é recomendada numa empresa<br />
enquanto que as outras medidas se aplicam a todas as outras empresas.<br />
A co-geração é recomendada devido à possibilidade de aproveitamento da capacidade<br />
não utilizada da caldeira para as necessidades de vapor a baixa pressão nos secadores<br />
de madeira.<br />
Na categoria dos sistemas de accionamento, as MEE focam-se na substituição de<br />
correias em V por correias dentadas, no correcto dimensionamento da potência dos<br />
motores e na adopção de práticas de manutenção contínua.<br />
4 Refrigeração, Queima de óleos usados.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
50
Relativamente aos compressores, verificam-se oportunidades de poupança considerando<br />
a redução da pressão de operação, tendo em conta as características de performance<br />
dos equipamentos, onde se incluem as fugas de ar, temperatura de ar à entrada,<br />
recuperação de calor desperdiçado e o uso de lubrificantes sintéticos.<br />
Considerando que as empresas diferem no que respeita a processos produtivos,<br />
rendimentos, consumo de energia e potencial para aplicação de MEE, o desenvolvimento<br />
de um perfil para as empresas da indústria da madeira ajudará na identificação das<br />
potências MEE e consequente implementação.<br />
A implementação de MEE reduzirá os custos de operação, aumentando a vantagem<br />
competitiva dessas empresas.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
51
IDENTIFICAÇÃO DE CASOS DE SUCESSO<br />
MARWOOD LTD. 5 – CANADÁ<br />
INTRODUÇÃO<br />
Desde 1920 que a Marwood Ltd produz uma variedade de produtos incluindo decks,<br />
vedações e postes.<br />
A empresa, consciente do seu papel na protecção dos recursos naturais para as<br />
próximas gerações, maximiza o valor de cada árvore reutilizando os desperdícios como<br />
combustível de madeira, produção de pellets e ―animal bedding‖.<br />
Está certificada pelo Forest Stewardship Council – Certificação FSC e está também<br />
certificada com o ―Program for the Endorsement of Forest Certification Canada.<br />
A empresa, embora gaste anualmente cerca de 1,6 milhões de euros em energia, não<br />
tinha forma de medir e controlar esses consumos sem ser pela factura mensal.<br />
Devido à crise financeira de 2008/2009, a empresa percebeu que conhecendo os custos<br />
com a energia poderia melhorar a eficiência das operações, poupando o seu dinheiro e<br />
tornando a empresa mais competitiva.<br />
DESCRIÇÃO<br />
MEDIDAS ADOPTADAS<br />
- Sistema de informação de Gestão da Energia - SIGE<br />
A empresa adquiriu e implementou um SIGE composto por seis contadores de<br />
electricidade instalados nas secções de tratamento, pellets, reprocessamentos, decks,<br />
vedações e postes, nas instalações de Tracyville, NB.<br />
Através de um software próprio, é possível conhecer os consumos que estão a ocorrer<br />
em cada secção em intervalos de 15 minutos.<br />
Esta informação permite conhecer onde é que a energia está a ser consumida e onde se<br />
está a desperdiçar, permitindo dar às pessoas a capacidade de alterar os seus<br />
procedimentos, contribuindo para a poupança de energia.<br />
5 Case Study: Marwood Ltd<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
52
Paralelamente, a Marwood fez uma auditoria energética que permitiu revelar algumas<br />
oportunidades de melhoria da eficiência energética nas instalações:<br />
- Novo compressor para a rede de ar comprimido<br />
A secção de vedações gasta mais de 248.000 euros anualmente em electricidade, sendo<br />
que 13% são da responsabilidade do compressor existente.<br />
A auditoria revelou que com pequenas alterações a secção poderia poupar cerca 18.000<br />
euros por ano em electricidade.<br />
- Recuperação de calor<br />
A instalação de um sistema de recuperação de calor foi outra das oportunidades<br />
apontadas pela auditoria.<br />
A secção de produção de pranchas produz cerca de 2,1 milhões de metros lineares por<br />
ano originando um consumo de 178.000 euros.<br />
Este consumo está relacionado com a quantidade produzida mas também com as<br />
condições ambientais.<br />
Com o sistema de recuperação de calor foi possível poupar cerca de 67.000 euros por<br />
ano.<br />
Este sistema veio ainda melhorar as condições de conforto dos operários no Inverno.<br />
RESULTADOS<br />
Na sequência da necessidade de conhecer o seu perfil de consumo energético de forma<br />
a poder optimizar os consumos e evitar os desperdícios, a empresa instalou um sistema<br />
de informação de gestão energética.<br />
Com a poupança conseguida, o investimento de 55.700 euros apresenta um payback<br />
inferior a dois anos.<br />
Na sequência da auditoria energética realizada em paralelo, foram identificadas duas<br />
oportunidades de melhoria:<br />
Substituição do compressor da rede de ar comprimido;<br />
Aproveitamento do ar quente gerado.<br />
Estas alterações traduziram-se numa poupança de cerca de 85.000 euros por ano em<br />
electricidade.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
53
RIP-O-BEC INC. 6 – CANADÁ<br />
INTRODUÇÃO<br />
Em 2004 a RIP-O-Bec inc, uma empresa de produção de aparas de madeira para ―animal<br />
bedding‖, levou a cabo uma auditoria energética nas suas instalações de Saint-<br />
Apollinaire, Quebec.<br />
As medidas de eficiência energética propostas incluíam redução do uso de propano como<br />
combustível na caldeira dos secadores de aparas, a recuperação do calor produzido<br />
pelos geradores a diesel utilizados na produção de electricidade para aquecimento dos<br />
escritórios adjacentes e substituição dos geradores a diesel por geradores a gás natural.<br />
DESCRIÇÃO<br />
Destaques<br />
- Redução do consumo de propano em mais de 95%;<br />
- Poupança em energia superior a 215.000 euros anuais;<br />
- Aumento da produção em mais de 100%;<br />
- Emissão de gases de estufa reduzida em mais de 700 toneladas de CO2 anualmente.<br />
Medidas de eficiência energética recomendadas:<br />
- Substituição do queimador a propano, associado aos secadores, por um queimador<br />
alimentado a serrim resultante da produção na empresa com um payback de 0,6 anos;<br />
- Recuperar o calor gerado pelos geradores de electricidade a diesel e usá-lo para o<br />
aquecimento dos escritórios adjacentes;<br />
- Substituir os geradores a diesel por outros a funcionar a gás natural com um payback de<br />
8 anos.<br />
RESULTADOS<br />
A empresa adoptou o critério do payback para seleccionar a medida a implementar pelo<br />
que implementou a utilização de um queimador alimentado a serrim para aquecimento<br />
dos secadores.<br />
Esta medida eliminou o consumo anual de mais de 500.000 litros de propano nos<br />
secadores correspondendo a uma poupança anual de mais de 215.000 euros e permitiu a<br />
6 Case Study: Rip-O-Bec inc.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
54
edução dos gases de estufa resultantes da queima em mais de 700 toneladas de CO2<br />
equivalente.<br />
No espaço de três meses após a instalação do novo queimador, a produção duplicou e<br />
verificou-se uma poupança de cerca de 40.000 euros em combustível, comparando com<br />
o mesmo período do ano anterior.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
55
CASOS DE SUCESSO NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS DE<br />
PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA<br />
INTRODUÇÃO<br />
Em 1990, o parlamento dinamarquês aprovou uma legislação que estabelecia uma meta<br />
para redução das emissões de CO2, afirmando que em 2005, as emissões deviam ter<br />
reduzido em 20% relativamente aos níveis de 1998.<br />
Em 1994, o governo dinamarquês nomeou uma comissão inter-ministerial que concluiu<br />
que a meta definida não seria atingida sem medidas adicionais, e que a maneira mais<br />
eficaz de atingir a meta seria o aumento das taxas sobre o consumo de energia nos<br />
sectores do comércio e da indústria.<br />
Neste cenário, foi legislado o “Energy Package”, em 1995, que se traduzia em impostos<br />
mais rigorosos tendo como objectivo os sectores do comércio e indústria contribuírem<br />
com uma redução das emissões de CO2 de 4% das emissões totais.<br />
Desde logo houve a preocupação de considerar o equilíbrio das empresas.<br />
Por um lado, os impostos teriam que ser o suficiente altos para causar impacto sobre as<br />
emissões mas por outro lado a carga tributária não poderia ser tão grande que afectasse<br />
a competitividade das empresas.<br />
Encontrou-se um compromisso que passou por três vectores:<br />
Redireccionar a receita dos impostos do programa directamente para as<br />
empresas;<br />
Aumentar o valor das taxas de forma gradual, dando tempo às empresas de se<br />
adaptarem e tomarem medidas de eficiência energética;<br />
Aplicar taxas diferentes conforme o uso da energia, baixando os valores para as<br />
indústrias de utilização intensiva de energia.<br />
DESCRIÇÃO<br />
Este “Energy Package” introduziu taxas de CO2 mais elevadas, taxas sobre a energia<br />
consumida no aquecimento de espaços e uma taxa sobre a emissão de SO2.<br />
Por outro lado, permitiu-se às empresas de energia intensiva a adesão a acordos sobre<br />
eficiência energética em troca de reduções de impostos, assim como maiores<br />
possibilidades de subsídios para a poupança de energia.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
56
O pacote foi desenhado para que os impostos adicionais sobre a indústria e o comércio<br />
fossem transferidos de volta às empresas sob a forma de reduções fiscais, subsídios, etc,<br />
pretendendo que os custos para as empresas se mantivessem inalterados.<br />
A transferência das receitas deste programa foi feita através de:<br />
Redução dos impostos sobre o trabalho;<br />
Subsídio para medidas de eficiência energética;<br />
Subsídio especial para pequenas empresas.<br />
Breve descrição das taxas<br />
Taxa sobre o CO2<br />
Esta taxa é diferenciada de acordo com o consumo de energia e considera três<br />
categorias, consumo intensivo, consumo ligeiro e aquecimento de espaços, bem como a<br />
adesão ou não a acordos de aplicação de medidas de eficiência energética.<br />
A taxa foi introduzida de forma gradual como se pode ver no quadro seguinte.<br />
Taxas de CO2 em euros por Ton CO2<br />
Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001<br />
Consumo intensivo sem acordo 0.7 1.3 2.0 2.7 3.4 3.4<br />
Consumo intensivo com acordo 0.4 0.4 0.4 0.4 0.4 0.4<br />
Consumo ligeiro sem acordo 6.7 8.0 9.4 10.7 12.1 12.1<br />
Consumo ligeiro com acordo 6.7 6.7 6.7 7.8 9.1 9.1<br />
Aquecimento de espaços 13.4 13.4 13.4 13.4 13.4 13.4<br />
Taxa de energia<br />
A taxa de energia é aplicável apenas ao consumo para aquecimento de espaços,<br />
incluindo aquecimento de água.<br />
Os valores desta taxa fora aplicados de forma gradual passando de 5,50€ por GJ em<br />
1996 para 6,80€ por GJ em 2002.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
57
Taxa de SO2<br />
Esta taxa é calculada com base na emissão de SO2 ou no conteúdo de enxofre nos<br />
combustíveis utilizados. Os combustíveis com conteúdos de enxofre abaixo de 0,05%<br />
estão isentos de taxa.<br />
O valor desta taxa é de 1,34€ por Kg de SO2 emitido ou 2,68€ por Kg de enxofre no<br />
combustível.<br />
CONCLUSÃO<br />
O “Green Tax Package” teve consideráveis efeitos positivos no ambiente.<br />
Encorajou as empresas dinamarquesas a melhorar a sua eficiência energética, a reduzir<br />
o consumo de combustível e a mudança para combustíveis com menores conteúdos de<br />
enxofre.<br />
Uma avaliação feita em 1999 demonstrou que este programa contribuiu<br />
significativamente para o alcance das metas estabelecidas relativamente às emissões de<br />
CO2.<br />
Concluiu também que as taxas adicionais nas empresas do comércio e indústria não<br />
tiveram consequências relevantes na competitividade e na economia dessas empresas<br />
como um todo.<br />
Tal aconteceu pelo redireccionamento das receitas destas taxas para as empresas, com<br />
particular impacto nas empresas de uso intensivo de energia.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
58
Conclusões do Sector<br />
Dos trabalhados analisados e das medidas identificadas, apresenta-se a seguir um<br />
resumo que retracta sugestões de medidas de eficiência energética para o sector em<br />
causa.<br />
Rede eléctrica<br />
Corrigir do factor de potência.<br />
Energias alternativas<br />
Utilizar biomassa como combustível alternativo ao fuel.<br />
Força motriz<br />
Instalar variadores de frequência nos motores de accionamento dos ventiladores;<br />
Melhoria da eficiência dos motores;<br />
Substituição de correias de transmissão em V por correias de transmissão assíncrona;<br />
Adequação da potência dos motores as necessidades.<br />
Sistema de ar comprimido<br />
Utilizar ar do exterior para arrefecimento do compressor;<br />
Utilizar lubrificantes sintéticos no compressor;<br />
Detectar e reparar fugas de ar na instalação<br />
Iluminação<br />
Melhorar a eficiência dos equipamentos de iluminação;<br />
Instalar clarabóias para aproveitamento da luz natural;<br />
Instalar sensores de luz e de movimento para controlo da iluminação em armazéns;<br />
Reduzir iluminação em zonas de passagem.<br />
Climatização<br />
Instalar unidades de climatização ajustadas aos espaços;<br />
Instalar termóstatos para controlo eficaz das temperaturas;<br />
Recuperar o calor de exaustão do compressor para climatização.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
59
Caldeiras de água quente / Termo fluído / geradores de ar quente<br />
Manter a eficiência dos equipamentos de queima;<br />
Substituir queimador a propano pró queimador a serrim;<br />
Recuperar calor dos gases de exaustão para pré-aquecer o ar de combustão.<br />
Fornos e estufas<br />
Pré-aquecer o ar à entrada dos secadores;<br />
Garantir a ausência de fugas de ar;<br />
Melhorar o isolamento;<br />
Assegurar uniformidade de temperatura no interior do secador;<br />
Implementar ferramentas de monitorização e controlo dos processos de secagem;<br />
Recuperar o calor dos gases de exaustão.<br />
Outros<br />
Evitar sobre secar a Madeira;<br />
Uniformizar cargas de secagem, reduzindo a variabilidade da humidade;<br />
Armazenar as matérias-primas em condições ambientais controladas;<br />
Utilizar pré-aquecedores a infravermelhos antes da operação de prensagem;<br />
Utilizar prensas mais precisas para evitar desperdício de energia em operações de<br />
calibração;<br />
Ajustar o sistema de despoeiramento para a velocidade de arrastamento das poeiras a<br />
aspirar;<br />
Implementar um sistema de ajuste do fluxo de ar às necessidades.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
60
SECTOR METALOMECÂNICA<br />
IDENTIFICAÇÃO DE PROJECTOS E ESTUDOS SECTORIAIS<br />
MANUAL PARA A GESTÃO DE ENERGIA NA INDUSTRIA<br />
METALOMECÂNICA 7 - CHILE<br />
INTRODUÇÃO<br />
A gestão energética de uma instalação ou de um grupo de instalações compreende as<br />
seguintes medidas:<br />
- Conhecer o uso da energia nas instalações, incluindo informação sobre os tipos de<br />
energia utilizados, as leis, contratos e acções que afectem o seu uso, processos e<br />
actividades consumidoras de energia e que possam ser medidos e registados e<br />
possibilidades de economia de energia.<br />
- Fazer o seguimento dos índices de controlo, tais como: consumo de energia (absoluto e<br />
específico), custos específicos, preços médios, valores contratados, registados e<br />
facturados e factores de utilização de equipamentos e/ou de instalações.<br />
- Medir os indicadores de controlo, indicar correcções, propor alterações, ajudar na<br />
contratação de acções de melhoria, implementar ou acompanhar essas melhorias,<br />
motivar os utilizadores das instalações a usarem racionalmente a energia, fazer a<br />
divulgação dos resultados obtidos, procurar a capacitação adequada para todos os que<br />
trabalham na empresa e proporcionar a clarificação das acções e dos seus resultados.<br />
A Comissão Nacional de Energia, através do Programa País Eficiência Energética, como<br />
parte de um convénio de cooperação com a Asociación Chilena de Industrias<br />
Metalúrgicas y Metalmecánicas, Asimet, encarregou a Fundación Chile da elaboração<br />
deste guia sobre o uso eficiente da energia.<br />
Este estudo representa um passo para consciencializar e promover o uso adequado da<br />
energia e dar a conhecer as oportunidades potenciais de eficiência energética que<br />
permitirão às empresas reduzir os seus custos energéticos sem sacrificar a sua<br />
actividade.<br />
7 Manual para la Gestión de la Energía en la Industria Metal Mecánica (Chile)<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
61
DESCRIÇÃO<br />
Programa de gestão energética<br />
Uma boa gestão energética de qualquer instalação implica conhecê-las na sua<br />
globalidade. É importante identificar as diferentes áreas da empresa (oficinas, armazéns,<br />
área produtiva, etc) e os processos que nas mesmas se realizam.<br />
Desta forma, permite-nos identificar os locais onde se encontram os sistemas e/ou<br />
equipamentos consumidores de energia (iluminação, sistemas de extracção, motores<br />
eléctricos, etc). Um bom ponto de partida é utilizar um plano geral das instalações, que<br />
permita identificar claramente o uso da energia nas diferentes áreas da empresa.<br />
Conhecer de uma forma geral o processo de produção permitirá:<br />
- Identificar donde se localizam os principais pontos de consumo de energia;<br />
- Compreender que tipo de energias é mais relevantes (térmica ou eléctrica);<br />
- Identificar os serviços energéticos existentes.<br />
Só a descrição dos processos de uma empresa não é suficiente. Será necessário<br />
conhecer que tipos de energias se utilizam em cada um deles. Uma forma possível de<br />
resumir esta informação é apresentada seguidamente:<br />
Sistema energético<br />
Processo<br />
Iluminação<br />
Motores<br />
eléctricos<br />
Vapor<br />
Ar<br />
comprimido<br />
Fornos<br />
eléctricos<br />
Fornos a<br />
gás<br />
Recepção<br />
perfis<br />
X<br />
X<br />
Corte X X X<br />
Soldadura X X<br />
Pintura X X<br />
Armazéns X X<br />
Esta informação pode ademais estar associada a áreas específicas da empresa. A forma<br />
mais adequada de resumir esta informação dependerá de cada empresa e do seu<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
62
processo produtivo. Outro factor importante é identificar a intensidade do uso de cada<br />
sistema energético. Por exemplo, se é certo que os sistemas de iluminação se encontram<br />
presentes em toda a fábrica, a intensidade do seu uso é baixa.<br />
Indicadores energéticos de consumo específico<br />
O consumo específico é um índice que indica o total de energia consumida para o<br />
processamento completo de um determinado produto ou para a prestação de um serviço.<br />
Define-se como:<br />
Consumo específico = consumo total de energia/produção total (ou serviço)<br />
É um índice que facilita a comparação de desempenho entre empresas que realizam<br />
actividades similares. Exemplos destes índices poderiam ser:<br />
Energia/Toneladas de produção - kWh/ton;<br />
Energia/Unidades produzidas - kWh/unidade;<br />
Energia/m2 produto - kWh/m2;<br />
Também poderia ser possível estabelecer índices de consumo para o uso de<br />
electricidade e combustível. Ou seja:<br />
Energia eléctrica/Toneladas de produção – kWh eléctrica/ton;<br />
Energia combustível/Toneladas de produção – kWh combustível/ton;<br />
Muitas variáveis afectam estes índices e por isso devem ser analisados com cuidado. Por<br />
outro lado, podem existir vários produtos, expressos em diferentes unidades, o que<br />
dificulta a estimativa destes índices.<br />
Una empresa pode ter vários consumos específicos. Por exemplo, uma empresa poderá<br />
consumir 20MWh para produzir 10 toneladas de produto A e 5MWh para produzir 2<br />
toneladas de produto B. Ou seja:<br />
Consumo específico produto A: 2 MWh/ton;<br />
Consumo específico produto B: 2,5 MWh/ton;<br />
Consumo específico dos produtos A e B: 2,1 MWh/ton;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
63
OPORTUNIDADES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA<br />
Compensação de um mau factor de potência<br />
Para corrigir o factor potência utilizam-se baterias de condensadores, os quais estão<br />
encarregues de compensar o consumo excessivo de energia reactiva. O<br />
dimensionamento e instalação das baterias de condensadores devem ser realizados por<br />
pessoal qualificado, já que um mau dimensionamento pode provocar sérias perturbações<br />
na instalação eléctrica da empresa.<br />
Iluminação<br />
No geral, os sistemas de iluminação apresentam boas oportunidades de implementar<br />
soluções de eficiência energética. Estas são aplicadas localmente e normalmente não é<br />
necessário intervir maioritariamente nas instalações.<br />
Os investimentos associados aos sistemas de iluminação são recuperados geralmente<br />
num prazo de três meses a dois anos. O período dependerá directamente da quantidade<br />
de horas de uso e do tipo de tecnologia sugerida para a mudança. Algumas definições<br />
importantes são:<br />
Lumen [lm]<br />
É a quantidade de luz (fluxo luminoso) que é capaz de emitir uma lâmpada sobre<br />
determinadas condições.<br />
Rendimento luminoso<br />
Corresponde à razão entre o fluxo luminoso e a potência que consome uma lâmpada.<br />
Representa a quantidade de luz que é capaz de entregar cada vátio de consumo. A<br />
adequação dos diversos tipos de tecnologias de lâmpadas à utilização é fundamental<br />
para a obtenção de poupanças energéticas.<br />
Se as lâmpadas de vapor de sódio têm um maior rendimento luminoso, a sua reprodução<br />
de cor não é óptima e, por isso, a sua aplicação está limitada a luminárias exteriores e à<br />
iluminação pública.<br />
As lâmpadas de iodetos metálicos e os tubos fluorescentes também possuem bons<br />
rendimentos luminosos e ademais, possuem uma boa reprodução de cor. São aplicadas<br />
principalmente em ambientes interiores. No entanto, recomenda-se a acessória de um<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
64
técnico em sistemas de iluminação, com vista a não prejudicar a iluminação adequada à<br />
actividade.<br />
A tabela seguinte mostra uma comparação entre uma luminária de halogéneo e uma de<br />
iodeto metálico, que inclui aspectos de consumo de energia e de custos associados. Para<br />
além disso, apresenta-se um resumo das características técnicas:<br />
Exemplo de poupança de energia<br />
Situação Actual Recomendada<br />
Tipo de lâmpada Halogéneo 300W Iodeto metálico 70W<br />
Fluxo luminoso 10.500 11.400<br />
Potência entrada 500W 150W<br />
Consumo anual de<br />
energia<br />
1.849 KWh 555 KWh<br />
Custo $ 138.672 $ 41.602<br />
Rendimento luminoso 21,0 lm/W 76,0 lm/W<br />
Poupança no custo da<br />
energia<br />
$ 0 $ 97.070<br />
Vida útil 3.000 h 9.000 h<br />
Pressupostos:<br />
Na elaboração deste exemplo de poupança de energia foram consideradas uma lâmpada<br />
de halogéneo de 300W e uma lâmpada de iodeto metálico de 70W. Para o cálculo de uso<br />
anual de energia considerou-se um tubo fluorescente com um balastro trabalhando 12<br />
horas diárias, de segunda a sábado. O custo da energia foi estimado em USD 0,145 sem<br />
IVA (KWh), o que representa uma opção tarifária em AT adicionada da taxa de potência<br />
ajustada à procura.<br />
Sistemas motrizes<br />
Os motores eléctricos são máquinas encarregues de converter a energia eléctrica em<br />
mecânica (geralmente um movimento rotatório em um eixo). Estes motores são utilizados<br />
em sistemas de bombagem, climatização, correias transportadoras, sistemas de ar<br />
comprimido, máquinas de corte, etc.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
65
Na indústria nacional, cerca de 46% do consumo de energia eléctrica é consumida por<br />
motores eléctricos tradicionais. As melhores eficiências eléctricas obtêm-se quando o<br />
motor opera à sua carga nominal, já que se encontrará num ponto de operação óptimo 8 .<br />
Exemplo dum motor sobredimensionado<br />
A tabela seguinte mostra uma comparação entre um motor sobredimensionado e um<br />
correctamente dimensionado:<br />
Motor<br />
Sobredimensionado<br />
Correctamente<br />
dimensionado<br />
Pólos 4 4<br />
Frequência (Hz) 50 50<br />
Potência nominal (KW) 45 18,5<br />
Potência medida (KW) 21,9 18,5<br />
Carga (%) 30% 100%<br />
Rendimento (%) 86% 93%<br />
Consumo de energia<br />
(KWh<br />
Poupança de energia<br />
(KWh)<br />
119.355 100.825<br />
18.530<br />
Poupança de custos 1.389.750<br />
É importante indicar, que à medida que cresce o tamanho do motor, a diferença de<br />
eficiência eléctrica entre os diferentes modelos diminui. Por exemplo, num motor de<br />
0,75kW, a diferença de eficiência entre um motor standard e um eficiente pode ser maior<br />
a 10%. Sem embargo, no caso de um motor de 45kW, esta diferença será somente de<br />
uns 3%. Em motores maiores, esta diferença segue baixando.<br />
Sistemas de ar comprimido<br />
O ar comprimido é uma forma de energia de grande utilidade, com diversas aplicações. A<br />
obtenção de una pressão de ar consideravelmente maior que a pressão atmosférica leva-<br />
8 Representa a percentagem de potência ou energia eléctrica que é utilizada efectivamente como<br />
trabalho mecânico no eixo do motor.<br />
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66
se a cabo em compressores de ar, onde a energia mecânica transforma-se em energia<br />
de pressão e cinética para o ar.<br />
Um sistema de ar comprimido engloba:<br />
Uma área de geração (sala de compressores);<br />
Um sistema de distribuição;<br />
Uso final em máquinas ou outros dispositivos.<br />
É necessário conhecer bem as instalações de ar comprimido da empresa. Para isto<br />
sugere-se:<br />
Elaborar um diagrama para compreender onde se utiliza ar comprimido na<br />
empresa;<br />
Utilizando um layout da fábrica, indicar a localização dos componentes do sistema<br />
e as suas condições operacionais nominais (pressão, temperatura, etc.);<br />
Criar um perfil operacional, para compreender como se utiliza ao longo do dia ou<br />
da semana;<br />
Realizar medições e comparar com a produção da fábrica.<br />
Por exemplo dependendo do tamanho da instalação, a sala de geração poderia ter:<br />
Tanque de armazenamento do ar comprimido;<br />
Refrigeração intermédia (intercooler);<br />
Refrigeração posterior (aftercooler);<br />
Separadores de humidade;<br />
Purgadores;<br />
Silenciador;<br />
Filtros;<br />
Acessórios;<br />
Desumidificadores de ar para a secagem total no caso de determinadas<br />
aplicações industriais;<br />
Secadores do tipo absorção (refrigerados por água ou óleo).<br />
Alguns índices de referência para medir a produção de ar comprimido são:<br />
Custo específico: quanto custa gerar um m3, $/m3;<br />
Eficiência de compressão: quanta energia se consume para gerar um m3,<br />
kWh/m3;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
67
Consumo específico: quanto ar comprimido se utiliza por quantidade de produto,<br />
m3/ton.<br />
Muitas oportunidades de melhoria de eficiência num sistema de ar comprimido são<br />
comuns em instalações industriais. Estas oportunidades podem ser classificadas de<br />
acordo onde serão implementadas, por exemplo: geração, distribuição e uso final dum<br />
sistema de ar comprimido.<br />
Medidas de eficiência<br />
Ganhos potenciais<br />
Redução das fugas de ar 20%<br />
Optimização do uso 40%<br />
Recuperação de calor 20%<br />
Motores de alta eficiência 2%<br />
Variadores de velocidade 15%<br />
Mudança de compressores 7%<br />
Sistemas de controlo sofisticados 12%<br />
Melhorias no esfriamento, filtragem e<br />
secagem do ar<br />
Redução de perdas por diminuição de<br />
pressão<br />
5%<br />
3%<br />
Mudança de filtros 3%<br />
As medidas aplicáveis e as possíveis reduções, serão exclusivas de cada instalação.<br />
Quanto mas baixa a temperatura de aspiração dum compressor, menor será a energia<br />
necessária para a compressão. Só a modo indicativo, pode-se afirmar que por cada 4°C<br />
de aumento na temperatura do ar de aspiração, o consumo de energia aumenta em 1%<br />
para obter o mesmo volume gerado.<br />
Por isto, é importante evitar que um compressor aspire ar de zonas que estejam a<br />
temperaturas mais elevadas que a temperatura exterior. Considerando que numa<br />
empresa se apresenta a seguinte situação:<br />
Existe um compressor alternativo que aspira ar da sala de máquinas;<br />
A temperatura do ar interior da sala de máquinas é de 41°C;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
68
A temperatura exterior é de 31°C;<br />
Propõe-se instalar uma conduta de aspiração, unindo o filtro primário com o<br />
exterior da sala de máquinas;<br />
Espera-se reduzir o consumo eléctrico.<br />
Podem-se inferir os seguintes resultados:<br />
A potência de sobre consumo por operar a 41°C é de 7%, com respeito a uma<br />
temperatura de referência de 20°C;<br />
A potência de sobre consumo por operar a 31°C é de 3,5%, com respeito a uma<br />
temperatura de referência de 20°C;<br />
A diferença de sobre consumo é de 3,5%, quer dizer, existe uma poupança<br />
potencial de 3,5% no consumo de energia eléctrica se se aspira a 31°C;<br />
O motor é de 150kW, com uma potencia media de uso de 120kW, operando 11<br />
horas por dia e 24 dias por mês;<br />
A poupança é estimada em 1.100kWh/mês.<br />
É importante destacar que estas poupanças podem ser maiores nos meses de inverno.<br />
QUESTIONÁRIO DE AUTODIAGNÓSTICO<br />
Sabe quais são as áreas que maior energia consome no seu processo produtivo?<br />
Conhece as medidas que lhe permitiriam fazer um uso eficiente da energia?<br />
Verifique o estado de funcionamento dos seguintes elementos na sua empresa. Assim<br />
poderá fazer uma ideia geral dos aspectos em que poderá intervir para usar de maneira<br />
mais eficiente a energia.<br />
Instruções:<br />
Para cada uma das perguntas, responda marcando com um X uma das alternativas<br />
propostas (sim, não, não sei).<br />
Conte as perguntas com respostas ―sim‖ e multiplique por 3;<br />
Conte as perguntas com respostas ―não‖ e multiplique por 1;<br />
Some os valores obtidos para as respostas ―sim‖ e ―não‖. O seu indicador de eficiência é<br />
o valor obtido.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
69
Medidas técnicas<br />
Energia térmica (calor e frio) Sim Não Não sei<br />
Estão em bom estado as caldeiras e equipamentos de<br />
geração de calor?<br />
Aproveita-se ou recupera-se um ou vários tipos de calor<br />
ou frio residual?<br />
Os refrigeradores de compressores ou condensadores<br />
de equipamentos de esfriamento estão localizados em<br />
lugares frescos e sombreados para que se possam<br />
libertar de calor?<br />
Estão bem isoladas as instalações que geram calor ou<br />
frio (fornos, caldeiras, salas de refrigeração) e as<br />
tubagens que contêm fluidos quentes ou frios?<br />
Energia eléctrica e aplicações de força Sim Não Não sei<br />
Estão adequadamente dimensionados os motores,<br />
transformadores, bombas e ventiladores?<br />
Têm diâmetro e comprimento adequado as linhas<br />
eléctricas e tubagens de fluidos (vapor, ar e gases)?<br />
Está em bom estado o sistema de ar comprimido?<br />
São utilizadas tecnologias de alta eficiência para a<br />
iluminação nas áreas de produção e armazenamento?<br />
Medidas de gestão e formação<br />
Documentação e Informação Sim Não Não sei<br />
Conhece as eficiências dos diferentes equipamentos e<br />
instalações?<br />
Conhece a estrutura da fábrica e o consumo<br />
energético?<br />
Documenta-se periodicamente sobre o consumo<br />
energético?<br />
Estão documentados, através de um balanço de massa<br />
e energia, os diferentes processos de produção?<br />
Foi realizado alguma vez uma auditoria energética para<br />
a empresa?<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
70
Responsabilidades, Pessoal e Formação Sim Não Não sei<br />
Existe um responsável pela área da energia na<br />
empresa?<br />
São incorporados critérios de Eficiência Energética nos<br />
investimentos que a empresa realiza?<br />
Os colaboradores estão informados sobre as<br />
actividades e o sentido das medidas de Eficiência<br />
Energética e têm conhecimentos para contribuir para a<br />
optimização do processo produtivo?<br />
Existe algum sistema de incentivos para promover a<br />
integração d pessoal activamente no sistema de<br />
melhoria da Eficiência Energética dentro da empresa e<br />
dos seus processos produtivos?<br />
Operação e Manutenção Sim Não Não sei<br />
Existem e estão disponíveis manuais de operação que<br />
documentem os passos e parâmetros de operação?<br />
Estão optimizados os processos para evitar<br />
reaquecimentos e rearrefecimentos desnecessários?<br />
São desligados os equipamentos sem uso ou fora do<br />
horário de produção?<br />
São revistas com regularidade as tubagens e<br />
instalações de calor, frio e ar comprimido para eliminar<br />
fugas e pontos de mau isolamento?<br />
ANÁLISE DE RESULTADOS<br />
A: 63 - 55 pontos<br />
B: 54 -44 pontos<br />
C: 43 -32 pontos<br />
D: 31 - 22 pontos<br />
E: 21 - 0 pontos<br />
Felicitações. Na empresa existe consciência sobe o tema da Eficiência Energética e<br />
tomaram-se importantes medidas a seu respeito. Esperamos que continue obtendo<br />
bons resultados.<br />
Na empresa a Eficiência Energética é um tema relevante. No entanto, existem<br />
medidas que se podem desenvolver para alcançar importantes níveis de poupança.<br />
Aproveite-as e obtenha ainda melhores resultados.<br />
Há preocupação pela Eficiência Energética na empresa, no entanto existe um amplo<br />
potencial de melhoramento. Para obter um outras medidas de eficiência, sugerimos<br />
uma análise da estrutura de consumos da empresa.<br />
Existe uma mínima preocupação pela Eficiência Energética. Para descobrir os<br />
potenciais de poupança e melhoramentos dos distintos processos produtivos,<br />
sugerimos analisar a estrutura de consumo de energia da empresa e avaliar a<br />
possibilidade de realização de um diagnóstico energético com recurso a um<br />
especialista.<br />
Está perdendo uma grande oportunidade. Existe uma série de alternativas que lhe<br />
permitirão utilizar eficientemente a energia e reduzir substancialmente o consumo.<br />
Para descobrir os potenciais de poupança e melhorar os distintos processos<br />
produtivos, sugere-se a análise da estrutura de consumo de energia e avaliar a<br />
possibilidade de realização de um diagnóstico energético com recurso a um<br />
especialista.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
71
CONCLUSÕES<br />
Do presente estudo, sintetizamos as principais conclusões retiradas sobre a melhoria da<br />
eficiência energética no sector da metalomecânica:<br />
Ter um programa de gestão energética - Uma boa gestão energética de qualquer<br />
instalação implica conhecê-las na sua globalidade. É importante identificar as<br />
diferentes áreas da empresa (oficinas, armazéns, área produtiva, etc) e os processos<br />
que nas mesmas se realizam.<br />
Correcção do factor de potência - Corrigir o factor potência permite diminuir o<br />
consumo de energia reactiva.<br />
Iluminação - Os sistemas de iluminação apresentam boas oportunidades de<br />
implementar soluções de eficiência energética. Estas são aplicadas localmente e<br />
normalmente não é necessário intervir maioritariamente nas instalações. Por outro<br />
lado, os investimentos associados aos sistemas de iluminação são recuperados<br />
geralmente num prazo de três meses a dois anos.<br />
Sistemas motores - Na indústria, cerca de 46% do consumo de energia eléctrica<br />
são consumidos por motores eléctricos tradicionais. As melhores eficiências<br />
eléctricas obtêm-se quando o motor opera à sua carga nominal. Procurar adequar a<br />
potência dos motores às cargas a eles aplicadas é uma área de melhoria da<br />
eficiência energética.<br />
Sistemas de ar comprimido - Muitas oportunidades de melhoria de eficiência num<br />
sistema de ar comprimido são comuns em instalações industriais. Estas<br />
oportunidades abrangem uma grande diversidade de elementos constituintes desses<br />
sistemas, desde a geração, distribuição e uso final do ar comprimido.<br />
Conhecer a empresa - Saber quais são as áreas que maior energia consomem,<br />
diagnosticar a sua utilização e termos de eficiência, para assim desenvolver medidas<br />
que permitam fazer um uso eficiente da energia.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
72
IDENTIFICAÇÃO DE CASO DE SUCESSO<br />
REDUZIR OS CUSTOS ENERGÉTICOS INDUSTRIAIS ATRAVÉS DE<br />
MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NUM MERCADO EUROPEU DE<br />
ELECTRICIDADE LIBERALIZADA – ESTUDO DE CASO DE UMA<br />
FUNDIÇÃO NA SUÉCIA 9<br />
INTRODUÇÃO<br />
A liberalização do gás e da electricidade na União Europeia, prevista para Julho de 2004,<br />
irá certamente causar alterações de preços futuros do gás e da electricidade para<br />
convergir que o objectivo de maior eficiência económica através dos mecanismos de<br />
mercado. A homogeneidade, a simetria dos mercados do gás e da electricidade, como<br />
consequência da liberalização do mercado, causaram uma quebra de preços na EU.<br />
Contudo, um estudo dos efeitos da liberalização na Suécia, mostra que os preços da<br />
electricidade não vão cair, porque os preços da electricidade já são baixos. De fato, um<br />
estudo recente dos preços da electricidade na União Europeia, conduzido pelo EEPO<br />
(Observatório Europeu dos Preços da Electricidade) indica que a Suécia tem os preços<br />
mais baixos da União. O estudo mostra que empresas utilizadoras entre 1-50GWh anuais<br />
de electricidade pagam em média o dobro do valor pago pelas empresas suecas. Isto<br />
sucede em parte por razões históricas e também pela Suécia fazer parte do mercado<br />
integrado Nórdico de electricidade desde 1996 e, portanto, já se encontrar liberalizado.<br />
Em comparação com os concorrentes europeus, os preços baixos de electricidade<br />
influenciaram as empresas domésticas a usarem mais electricidade e a favorecer o uso<br />
da electricidade sobre outras fontes de energia.<br />
A comparação entre os sectores de fundição entre alguns países europeus, indica o uso<br />
relativamente extenso da electricidade na Suécia e Dinamarca.<br />
Constata-se também que os preços baixos parecem estar relacionados com um aparente<br />
amplo uso de electricidade, à excepção da Dinamarca. A diferença na Dinamarca pode<br />
ser explicada pela grande predominância de fundições de ferro e aço, onde fornos<br />
indutivos eléctricos são a tecnologia mais utilizada.<br />
O aumento dos preços da electricidade, juntamente com uma maior utilização de<br />
electricidade do que em outros países europeus, representa uma ameaça para a<br />
9 Reducing industrial energy costs through energy efficiency measures in a liberalized European<br />
electricity market - Case study of a Swedish iron foundry<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
73
actividade industrial na Suécia. Altos custos de energia têm um impacto negativo nos<br />
resultados, no valor das acções e na competitividade, que por sua vez pode levar a uma<br />
menor produção e talvez até mesmo causar a deslocalização das actividades para outros<br />
países.<br />
As empresas industriais são afectadas de forma diferente pelos preços da energia,<br />
dependendo do custo da energia em relação ao valor acrescentado. Empresas<br />
industriais, como as fundições são, assim, ameaçadas numa extensão muito maior do<br />
que a indústria de engenharia. Enquanto a indústria de engenharia tem custos de energia<br />
em relação ao valor acrescentado de somente 1-2%, fundições estão a enfrentar valores<br />
tão altos quanto 5-15%. Este valor corresponde ao alto custo da energia em relação a um<br />
valor acrescentado de 2-6%,assumindo que as fundições suecas pagam um preço médio<br />
de electricidade apresentado no estudo da EEPO, isto é, o dobro do preço actual da<br />
electricidade doméstica. O consumo de electricidade das fundições suecas precisa de ser<br />
reduzido.<br />
Recentes auditorias energéticas a 11 indústrias suecas de diversos sectores mostram um<br />
potencial de poupança média de electricidade de cerca de 48% e uma poupança média<br />
de energia de 40%, indicando substanciais possibilidades de reduzir a ameaça do<br />
aumento do custo de energia. O objectivo deste trabalho foi estudar o efeito da subida<br />
dos preços da electricidade na indústria de fundição de ferro e aço na Suécia, quantificar<br />
os ganhos potenciais de eficiência energética para médias fundições, resultantes duma<br />
minuciosa e investigar o impacto que terá nos custos da energia.<br />
DESCRIÇÃO<br />
Metodologia utilizada<br />
O custo de energia em unidades industriais pode ser reduzido de três formas distintas:<br />
redução do consumo de energia, medidas de gestão e mudando as fontes energéticas<br />
utilizadas. A fim de investigar o potencial de eficiência energética na indústria sueca de<br />
fundição de ferro e aço, foi realizada em 2003 uma auditoria energética ao longo de 6<br />
meses. As auditorias foram realizadas com base na experiencia acumulada de várias<br />
centenas de auditorias, realizadas em vários sectores de actividade nos últimos 20 anos<br />
pela Divisão de Sistemas de Energia da Linköping University.<br />
A auditoria energética testa as três formas em que os custos de energia podem ser<br />
reduzidos. Alguns aspectos comportamentais, como redução da procura, foram<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
74
quantificados, enquanto aspectos como o fecho de vigias na estação quente foram<br />
identificados mas não quantificados.<br />
A razão para não converter os dados qualitativos em dados quantitativos, como no caso<br />
de encerramento vigias, foi a grande incerteza no que diz respeito aos números,<br />
estimativa do comportamento das pessoas no presente caso, sendo difícil estimar o<br />
comportamento das pessoas no caso.<br />
Com base nos resultados da auditoria energética realizada na fundição em análise,<br />
cálculos computacionais foram feitos para obter um estudo das consequências das<br />
medidas de eficiência energética e das flutuações de preços de electricidade, em termos<br />
de custos de energia.<br />
Caracterização da utilização da energia na indústria de fundição sueca<br />
A indústria de fundição sueca, que produz principalmente para o mercado interno,<br />
emprega cerca de 7350 pessoas. A produção anual é de cerca de 325 mil toneladas de<br />
peças fundidas, dos quais cerca de 76% é de ferro, 18% de metais não-ferrosos e 6% de<br />
aço, com um uso total de energia anual de cerca de 1TWh. A indústria de fundição em<br />
geral é um utilizador significativo de energia, sendo a fundição e o processamento os<br />
processos maiores consumidores. A quantidade de energia utilizada na fusão é<br />
aproximadamente proporcional à quantidade de metal fundido. Como o uso de energia<br />
em operações de fusão é tão elevada, melhorias nas operações de produção induzem<br />
uma forte redução nos custos globais de operação de uma fundição. Por exemplo,<br />
alcançar uma alta produtividade (o peso total de peças boas em relação ao peso total do<br />
metal fundido) coloca o foco nas boas práticas de fundição em áreas chave, como a<br />
fusão, vazamento e moldagem. O rendimento varia entre 85 e 95% na produção de<br />
peças de forma simples em ferro vazadas em moldes de areia, para cerca de 40 a 50%<br />
na produção de pequenas peças de ferro fundido dúctil na produção em massa<br />
mecanizada.<br />
As áreas de fusão e vazamento devem ser ambas equipadas e organizadas para<br />
fornecer o metal aos moldes à temperatura e composição adequadas. A produção de<br />
sucata (peças não conformes) é outro factor importante a tomar em consideração. A<br />
redução da sucata apresenta dois efeitos importantes: menos energia necessária para a<br />
fusão e, em segundo lugar, materiais, consumíveis e trabalho são também reduzidos,<br />
aumentando a capacidade da fundição. Fora o processamento, o uso de energia nos<br />
processos de suporte, como a ventilação, transporte interno, bombeamento, ar<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
75
comprimido, iluminação, aquecimento e água são muitas vezes não identificados. A<br />
poupança de energia, em particular nestas áreas não produtivas, raramente recebe a<br />
atenção ou dada prioridade pela administração. Um certo número de razões são<br />
apresentadas para isso, inclusive uma história de preços baixos da electricidade, falta de<br />
capital, períodos longos de retorno do investimento, falta de competências e a resistência<br />
à mudança por parte das pessoas. No entanto, é evidente que a energia é um custo<br />
importante a controlar e que existem significativas oportunidades de poupança nas áreas<br />
dos processos de suporte. Mais ainda, como este trabalho indica, algumas dessas<br />
medidas podem ser implementadas através da adopção de um pequeno número de<br />
soluções com relação custo/benefício efectivo e fáceis de implementar.<br />
Utilização da energia na fundição de ferro analisada<br />
A fundição analisada, localizada no sudeste da Suécia, produz entre outros produtos,<br />
peças fundidas a indústria automóvel. Com uma capacidade anual de cerca de 24 mil<br />
toneladas e empregando cerca de 100 pessoas. A empresa tem grande preocupação<br />
ambiental e foi uma das primeiras fundições no mundo a ter um SGA (Sistema de Gestão<br />
Ambiental) ISO 14001.<br />
Os processos de produção comportam 5 fornos indutivos de fusão, 2 fornalhas de<br />
aquecimento, preparação de areias e 3 unidades de moldagem, preparação de areias e<br />
subsequentes processos de tratamento e limpeza daquelas.<br />
Os processos de suporte são compostos pela geração de água quente, aquecimento,<br />
ventilação e um sistema centralizado de ar comprimido. Perdas num número excessivo<br />
de transformadores também foram atribuídas a estes processos, enquanto as perdas na<br />
bombagem não foram consideradas, sendo englobadas noutros processos. Também a<br />
energia utilizada no laboratório e escritórios também foi considerada com processos de<br />
suporte. A fundição de ferro tem um consumo máximo horário de 9.500 kW.<br />
A comparação entre 6 fundições de aço, indica grandes diferenças no uso da energia em<br />
relação à produção. As diferenças podem ser parcialmente explicadas pelos diferentes<br />
graus de mecanização dos processos de moldagem, mas também por diferentes formas<br />
de medição da produção. Enquanto algumas fundições usam as toneladas de metal<br />
derretido como medida da sua produção, outras usam as toneladas de produtos<br />
acabados. Utilizando a medida peças acabadas, isto inclui as variações devido às<br />
incertezas no que diz respeito aos números, mas ainda assim proporciona a melhor<br />
comparação na utilização da energia.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
76
Estimativas sobre a evolução dos preços de energia<br />
A indústria sueca, com um dos mais baixos preços da electricidade na União Europeia,<br />
sente um aumento do preço da electricidade, devido à liberalização do mercado da<br />
electricidade na União Europeia. Um estudo da Universidade de Linköping, financiado<br />
pela empresa Sydkraft, um dos três principais produtores de electricidade da Suécia,<br />
indica que os preços da electricidade no futuro se podem esperar que convergem para os<br />
80 € por MWh, segunda a sexta, das 6H às 18H e 44 € por MWh durante o resto da<br />
semana e das horas do dia. No estudo é assumido, entre outros pressupostos,<br />
mecanismos de mercado e um preço de CO2 de 10 € por tonelada. A sensibilidade na<br />
análise efectuada no estudo indica que o preço do CO2 não parece ter um impacto muito<br />
grande no preço da electricidade, com uma diminuição dos preços de 3 a 4 € por MWh se<br />
o preço do CO2 for excluído. Um relatório da ECON sobre a flexibilidade do preço da<br />
electricidade indica resultados semelhantes. O preço médio da electricidade a partir do<br />
estudo da EEPO corresponde ao que o estudo acima refere, tomando como referência o<br />
preço médio para uma semana de 24 horas diárias, excepto que os preços no estudo<br />
EEPO são ligeiramente superiores.<br />
Os preços futuros da electricidade encontrados no estudo, juntamente com os preços<br />
actuais da electricidade, do GPL e de aquecimento foram utilizados nos cálculos do custo<br />
de energia da fundição neste estudo.<br />
Ganho potencial de eficiência energética no sector da fundição de ferro<br />
A auditoria energética feita na fundição resultou numa série de medidas com o objectivo<br />
de reduzir os custos de energia. As maiores medidas de poupança foram encontrados na<br />
fusão e processos de realização. As medidas propostas incluem o investimento num novo<br />
forno de indução. Vendas do calor residual ao fornecedor de água quente local, o<br />
planeamento estratégico de produção juntamente com a gestão da necessidade de<br />
energia nos horários de pico são também sugeridas. Além disso, grande economia de<br />
energia pode ser obtida através da eliminação de fugas, diminuição do consumo durante<br />
os fins-de-semana e feriados, investimento num novo sistema do processo de preparação<br />
de areia e um mais eficiente aquecimento de moldes.<br />
A auditoria energética à fundição estudada resultou numa proposta de sete medidas de<br />
eficiência e de outras medidas menores (incluídas em outras medidas), conforme se<br />
apresenta na tabela seguinte:<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
77
Medidas de eficiência energética<br />
Poupança de<br />
electricidade<br />
MWh/ano<br />
Poupança de<br />
LPG<br />
MWh/ano<br />
Poupança no<br />
custo da água<br />
quente<br />
canalizada<br />
MWh/ano<br />
Novos fornos de fusão 2.300 --- ---<br />
Utilização de água quente canalizada<br />
(municipal)<br />
Eliminação de fugas no sistema de ar<br />
comprimido<br />
Novo método de preparação de areias de<br />
moldagem<br />
--- --- 2.200<br />
1.100 --- ---<br />
780 --- 290<br />
Novos métodos de aquecimento de moldes --- 660 420<br />
Redução de perdas em tempos de espera 1.140 --- ---<br />
Gestão de cargas de produção<br />
10 --- --- ---<br />
(nivelamento)<br />
Outras medidas 920 --- 1.770<br />
TOTAL 6.240 660 4.680<br />
Percentagem 23% 51% 70%<br />
A execução das medidas poderá reduzir o consumo de energia na fundição em cerca de<br />
33% e, mais especificamente, o uso da electricidade em 23%. De longe, a medida<br />
economicamente mais eficiente prende-se com a melhoria das práticas de gestão de<br />
carga no planeamento da produção. Actualmente, procura-se que a utilização dos fornos<br />
de fusão seja durante os períodos em que a demanda de energia seja baixa. O estudo da<br />
demanda de potência ao longo do ano indica que esta política nem sempre é praticada.<br />
Cortes possíveis de 3.000 kW na demanda de potência foram identificados,<br />
implementanda simplesmente uma política de realização dos processos de fusão nos<br />
períodos em que a demanda de energia é baixo, ou seja, muito pouco investimento será<br />
necessário para a sua implementação.<br />
Pressupostos<br />
Nos cálculos efectuados, somente é assumido um aumento do preço da electricidade e<br />
mostrado as flutuações do preço ao longo do dia, enquanto os preços do GPL e do<br />
aquecimento urbano são assumidos como estáveis ao nível actual. O cálculo é linear,<br />
10 Redução de 3 MW durante as horas de pico. A utilização da energia não é afectada por esta medida,<br />
mas é o custo da potência.<br />
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78
onde o consumo de electricidade e os preços da electricidade são calculados numa base<br />
horária enquanto os preços e utilização de GPL e de aquecimento são calculados numa<br />
base anual e sazonal, respectivamente.<br />
Cenários analisados<br />
Seis cenários diferentes foram analisados. Os cenários foram classificadas em dois casos<br />
relevantes, em que um lida exclusivamente com a utilização de electricidade, enquanto o<br />
outro trata do uso de energia total, incluindo a utilização de electricidade. A razão para<br />
isso é o de apresentar dois tipos de situações que dão uma imagem clara do impacto de<br />
medidas de eficiência que não dizem respeito somente à poupança de electricidade. Nos<br />
3 cenários, a poupanças em GLP e no aquecimento estão também incluídos. Futuros<br />
estudos sobre as variações de preços no aquecimento urbano, petróleo e GPL não são<br />
apresentados neste trabalho, tendo em conta que o GPL é uma fonte de energia<br />
relativamente reduzida nas seis fundições analisadas e porque nem todas as seis<br />
fundições analisadas utilizam o aquecimento urbano e o petróleo.<br />
Dois cenários de base, A e B, são usados como cenários de referência, usando os preços<br />
actuais da electricidade. O cenário A inclui todas as fontes de energia, incluindo energia<br />
eléctrica, enquanto o cenário B inclui somente a utilização de electricidade. O cenário 1A<br />
e o cenário 1B representam os custos de energia em fundições com os preços futuros da<br />
electricidade e pressupõem as medidas de eficiência energéticas implementadas,<br />
enquanto os cenários 2A e 2B representam os custos de energia com medidas<br />
implementadas resultantes de uma auditoria energética e os preços futuros da<br />
electricidade.<br />
Resultado dos cálculos<br />
A comparação dos cenários A e 1A e dos cenários B e 1B indicam que os custos<br />
energéticos e da electricidade vai aumentar em 42% e 56% respectivamente, que<br />
correspondem ao aumento do custo da energia em relação valor acrescentado de 4%. Os<br />
resultados dos cenários 2A e 2B mostram que a fundição analisada pode ser capaz de<br />
reduzir significativamente os custos através da implementação de medidas de eficiência<br />
energética. No entanto, quando as medidas forem implementadas, como considerado nos<br />
cenários 2A e 2B, os custos futuros de energia poderão aumentar em comparação com<br />
os cenários de base. A comparação do cenário de base A com o cenário 2A mostra um<br />
aumento de 3% no custo anual da energia, enquanto a comparação do cenário B com o<br />
cenário 2B indica um aumento do custo anual da electricidade de 16%, que corresponde<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
79
ao aumento do custo da energia em relação ao valor acrescentado de menos de 0,5% e<br />
1% respectivamente.<br />
RESULTADOS<br />
Conforme apresentado, na ausência de implementação de medidas de eficiência<br />
energética, pode-se esperar um aumento de 2-6% nos custos de energia em relação ao<br />
valor acrescentado para as fundições de ferro e aço suecas no contexto de um mercado<br />
Europeu liberalizado de electricidade. No estudo realizado na fundição avaliada,<br />
demonstrou que há medidas substanciais que podem ser implementadas para reduzir<br />
esta ameaça. Existem dados qualitativos resultantes da auditoria energética que também<br />
indicam a possibilidade de num cenário da aplicação das medidas de eficiência<br />
energética poderem-se obter ganhos superiores aos 33% estimados. Estes dados<br />
qualitativos resultaram da medição directa do impacto de diversas medidas de eficiência<br />
energética (por exemplo: fechando as vigias durante os períodos do ano mais quentes,<br />
verifica-se um aumento de rendimento por meio de processos de produção mais<br />
eficientes. No caso de medidas direccionadas para o desenvolvimento da<br />
consciencialização dos operários / alteração de comportamentos não foi possível medir a<br />
nível qualitativo o impacto de tais medidas devido à incerteza em quantificar o impacto<br />
directo das medidas em termos de ganhos na eficiência energética.<br />
De modo a obter resultados o mais fiável possível, nos casos em que uma medida de<br />
eficiência energética apresentou resultados diferentes, o resultado com o menor valor foi<br />
o seleccionado.<br />
Por outro lado, alguns dos potenciais investimentos em equipamentos de alta eficiência<br />
energética têm custos elevados pelo que podem ser difíceis de realizar em simultâneo.<br />
Além disso, é improvável que sejam implementadas todo o conjunto proposto de medidas<br />
de eficiência energética, tipicamente as fundições tendem a adoptar medidas parciais, o<br />
que na prática, torna extremamente difícil apresentar números exactos no que toca à<br />
poupança resultante das medidas para uma dada fundição e para a indústria como um<br />
todo.<br />
Os preços futuros da electricidade utilizados nos cálculos foram calculados com base<br />
num mercado de electricidade Europeu liberalizado, o que implica mecanismos de cálculo<br />
de preços marginais. È importante referir que estudos da Woo, Lloyd e Tishler, com base<br />
nas experiências de liberalização e reforma do mercado eléctrico no Reino Unido,<br />
Noruega, EUA (Alberta e Califórnia), concluíram que não é realista esperar que a reforma<br />
e liberalização do mercado eléctrico resultem num mercado de funcionamento e<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
80
concorrência adequadas. Uma expectativa mais realista é a criação de um mercado de<br />
razoável bom funcionamento e com uma concorrência efectiva. Neste cenário, os preços<br />
deverão aproximar-se dos custos marginais baseados no menor custo de entrega.<br />
De qualquer modo, seria praticamente impossível calcular os preços futuros da<br />
electricidade num mercado liberalizado de qualquer outro modo que não através do uso<br />
do cálculo de custos marginais. Com a liberalização do mercado eléctrico Sueco, os<br />
preços da electricidade irão subir, exactamente até que ponto não é fácil de prever. Os<br />
preços futuros da electricidade utilizados nos cálculos devem, portanto, ser considerados<br />
como estimativas.<br />
É importante realçar que os valores apresentados podem apenas ser vistos como<br />
indicativos. Uma vez que o aumento de custos previsto para a fundição (de 3% nos<br />
custos energéticos e de 16% na conta da energia eléctrica) apesar de baseados numa<br />
série de dados qualitativos têm como pressuposto base que todas as medidas e<br />
investimentos de eficiência energética sejam implementados e tem também em conta<br />
estimativas de preços futuros da electricidade.<br />
No entanto, o resultado do estudo indica claramente que a fundição analisada será capaz<br />
de preservar, até certo nível, o custo total de energia aquando da liberalização do<br />
mercado, caso as medidas de eficiência energética sejam implementadas. Caso<br />
nenhuma medida seja realizada, o estudo indica um aumento de 42% no custo total de<br />
energia para a fundição. Este aumento substancial nos custos de energia evidencia uma<br />
oportunidade clara de investimento para a fundição, de cerca de 50% do custo anual com<br />
energia.<br />
O aumento significativo do custo da energia previsto para a fundição deve ser visto à luz<br />
da realidade da indústria de fundições de aço e ferro suecas. Os custos com energia<br />
representam uma fatia elevada dos custos totais na indústria de fundição e as fundições<br />
suecas gastam em geral mais electricidade do que as suas concorrentes europeias. De<br />
modo que a potencial liberalização europeia do mercado de electricidade representa uma<br />
maior ameaça para as fundições suecas do que para as suas congéneres europeias que<br />
podem tirar partido de um aumento nos custos de energia para conquistarem quota de<br />
mercado.<br />
É também importante realçar que caso todas as medidas propostas de eficiência<br />
energética sejam realizadas pode-se concluir que o aumento dos preços da electricidade<br />
terá apenas um efeito marginal sobre os custos de produção para a fundição sob estudo.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
81
No entanto, não se podem extrair conclusões gerais para o sector em questão uma vez<br />
que a fundição em questão tem uma capacidade de produção maior que todas (excepto<br />
uma) as outras também sob estudo. Isto significa os níveis de investimento e impacto das<br />
medidas de eficiência energética propostas não sejam necessariamente capazes de<br />
produzir os mesmos resultados em termos de redução dos custos de energia, tanto<br />
quanto na fundição analisada.<br />
Por outro lado, pode-se afirmar que o impacto do aumento do preço da electricidade num<br />
mercado Europeu liberalizado para as fundições de menor dimensão e capacidade de<br />
produção será menor e que por isso estas possam ser menos afectadas. No entanto,<br />
tendo em conta o aumento progressivo do custo da electricidade, os custos de energia só<br />
poderão ser reduzidos através da implementação de medidas substanciais de eficiência<br />
energética.<br />
Embora seja difícil tirar a esta altura conclusões em termos quantitativos para o sector<br />
como um todo, podemos contudo extrair algumas conclusões gerais do estudo:<br />
A liberalização do mercado europeu de electricidade, e, portanto, o aumento<br />
efectivo dos preços da electricidade, vai afectar de forma significativa os custos<br />
com energia para as fundições de ferro e aço suecas. Até que ponto, depende do<br />
estado actual de eficiência energética das fundições e do preço futuro da<br />
electricidade.<br />
A análise prova que é possível reduzir o custo da energia com o método utilizado,<br />
a fim de reduzir o efeito do aumento dos preços da electricidade. No entanto, é<br />
necessário o estudo de mais fundições, de modo a se poderem apresentar<br />
conclusões mais significativas a nível quantitativo em termos de ganhos com a<br />
eficiência energética.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
82
POLÍTICAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E MEDIDAS NA SUÉCIA 11<br />
INTRODUÇÃO<br />
Este relatório apresenta uma análise das tendências de eficiência de energia na Suécia,<br />
com os indicadores de eficiência energéticos extraídos da base de dados Odyssee, bem<br />
como da base de dados de avaliação das políticas MURE, ambas pertencentes ao<br />
programa comunitário Inteligent Energy Europe. Os dados do relatório estão actualizados<br />
até 2006.<br />
A análise incide sobre as mudanças e as tendências das políticas suecas referentes à<br />
eficiência energética para o período 1990-2007. A tendência geral é no sentido de<br />
sistemas orientados ao mercado, onde os impostos em geral e campanhas informativas<br />
têm sido privilegiados. A redução dos custos relativos ao ambiente e à energia<br />
apresentam objectivos ambiciosos e incluem medidas para os alcançar.<br />
O consumo total de energia final na Suécia aumentou de 31,2 milhões de Mtep em 1990,<br />
para 33,7 milhões de Mtep em 2007. O sector de transportes aumentou o seu peso no<br />
consumo de energia final, enquanto os sectores residenciais, terciário e agrícola viram o<br />
seu peso diminuir. O sector industrial manteve o seu peso relativo.<br />
Em relação à poupança energética, os maiores ganhos focaram-se no sector<br />
manufactureiro, que representou cerca de 50% da poupança conseguida no ano de 2004,<br />
seguido do sector residencial, 40%, e dos transportes, 10%.<br />
DESCRIÇÃO<br />
Contexto económico global da Suécia<br />
A taxa média de crescimento do PIB foi de cerca de 2,5% ao ano desde 1990. Os anos<br />
de recessão, em 1991 (-1,1%) e 1992 (-1,7%), foram seguidos por um rápido<br />
crescimento.<br />
A taxa média de crescimento do consumo privado das famílias tem sido em torno de<br />
1,8% por ano durante o período. Excepto em 1992 e 1993, o crescimento tem<br />
aumentado, mas a taxa de crescimento tem sido maior depois de 2000.<br />
11 Energy Efficiency Policies and Measures in Sweden<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
83
A taxa de crescimento média anual do valor adicionado da indústria foi de 3,9% durante o<br />
período. A tendência da indústria é a mesma que para o consumo privado, com uma<br />
maior taxa de crescimento após 2000.<br />
Existe uma diferença na distribuição, o sector dos transportes aumentou, enquanto o<br />
residencial, terciário e agricultura diminuiu. A razão mais importante para a diminuição do<br />
consumo de energia no sector residencial e terciário assenta na mudança dos<br />
fornecedores de energia para a produção de aquecimento ambiente e para os<br />
fornecedores de águas quentes para uso doméstico. Diferentes transportadores de<br />
energia possuem diferentes perdas na distribuição e na conversão no ponto de utilização<br />
das mesmas, dependendo se se utiliza fuelóleo ou electricidade, por exemplo. A redução<br />
obtida no sector residencial e terciário tem a ver com a mudança ou do combustível<br />
fuelóleo por electricidade ou água quente canalizada, resultando com diminuição das<br />
perdas nos sistemas conversores.<br />
O consumo de energia no sector dos transportes tem aumentado, principalmente devido<br />
ao aumento da actividade. Os principais combustíveis utilizados são os derivados do<br />
petróleo, nomeadamente a gasolina e o gasóleo.<br />
O pano de fundo para a política de eficiência energética na indústria sueca<br />
O consumo de energia na indústria em 2007 totalizou 156,6 TWh (que representa uma<br />
ligeira diminuição em relação a 2006) e representa quase 39% da energia final utilizada<br />
no país.<br />
Os principais tipos de energia utilizados na indústria são a electricidade e os biocombustíveis,<br />
representando 36 e 35% respectivamente, complementados com cerca de<br />
26% de energia de origem fóssil. A distribuição canalizada de aquecimento representa os<br />
restantes 3%. A energia fóssil, é obtida em cerca de 18,5 TWh através produtos<br />
derivados do petróleo, 16,7 TWh do carvão e 5,2 TWh do gás natural (Fonte: Swedish<br />
Energy Agency and Statistics Sweden (EN 20 SM, EN 31 SM)).<br />
Na Suécia, um pequeno número de sectores contribui para a maior parte do consumo de<br />
energia.<br />
A indústria de celulose e papel utiliza quase 50%, principalmente electricidade e licores<br />
negros (licores negros são um subproduto da fabricação de celulose em fábricas de<br />
celulose - a sua reciclagem através de queima, produz energia). A siderurgia utiliza cerca<br />
de 15%, principalmente na forma de carvão e electricidade. A indústria química é<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
84
esponsável por 8%, sendo principalmente utilizada a electricidade, nomeadamente para<br />
os processos de electrólise. Em conjunto, estes três sectores representam quase três<br />
quartos do consumo de energia na indústria na Suécia.<br />
A indústria de engenharia representa 9% como resultado da sua importância no sector<br />
industrial do país. Os restantes 19% satisfazem as necessidades de outros sectores.<br />
Enquanto alguns podem ser considerados como utilizadores intensivos de energia, a sua<br />
percentagem no mix global é reduzida. Alguns são consumidores de energia fóssil,<br />
enquanto outros, como a metalurgia são dominados pela electricidade. Existem ainda<br />
sectores que utilizam um mix de energia fóssil e electricidade.<br />
No curto prazo o consumo de energia na indústria segue essencialmente as variações da<br />
produção industrial, as mudanças estruturais no sector e nos tipos de bens produzidos.<br />
Entre 1990 e 1992, a produção industrial diminuiu em 6% ao ano, e isso reflectiu-se numa<br />
queda de quase 6% no consumo de energia durante o período. A recuperação iniciou-se<br />
em 1993 e continuou a aumentar substancialmente até ao ano 2000, período em que o<br />
aumento se cifrou em quase 8% ao ano. Isto reflectiu-se no uso de energia, que<br />
aumentou 13% no período, com a utilização de electricidade a aumentar em 15%. Este<br />
período foi seguido por uma desaceleração económica em 2001 e uma recuperação ao<br />
longo do 2002-2007, quando a produção industrial aumentou mais de 2% ao ano. O<br />
consumo de energia aumentou cerca de 2%, enquanto o consumo de electricidade caiu<br />
cerca de 1%. No total, a produção industrial cresceu 105% entre 1992 e 2007. No mesmo<br />
período, assistiu-se a um aumento de 18% no consumo total de energia e de somente<br />
13% no consumo de electricidade.<br />
Apesar do aumento da produção industrial, o consumo de petróleo diminuiu<br />
substancialmente, devido ao maior uso de electricidade e à melhoria da eficiência na<br />
utilização da energia.<br />
Esta tendência iniciou-se com a crise do petróleo da década de 1970, que resultou em<br />
que o estado e os privados iniciaram um trabalho intensivo para reduzir o consumo de<br />
petróleo.<br />
Em 1970, o consumo de petróleo constituía cerca de 48% do consumo total de energia<br />
na indústria, que pode ser comparado com a proporção actual de 12%. No mesmo<br />
período, o consumo de electricidade aumentou de 21 para 36%. No período<br />
compreendido entre 1970 e 2006 o consumo de biofuel aumentou de 21 para 35% da<br />
energia total utilizada na indústria.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
85
O consumo específico de energia, ou seja, a quantidade de energia utilizada por unidade<br />
monetária fornece uma medida de quão eficiente a energia está sendo usada. Desde<br />
1990, o consumo específico de energia caiu continuamente: entre 1990 e 2007, caiu em<br />
cerca de 42%, reflectindo uma tendência clara no sentido de produtos e processos<br />
menos energia intensivos, em conjuntamente com mudanças estruturais no sector.<br />
A mudança de petróleo para outras formas de energia, particularmente a electricidade, é<br />
reflectida no consumo específico do petróleo e da electricidade por cada unidade de valor<br />
gerado. O petróleo caiu em 81% entre 1970 e 1992, enquanto a electricidade aumentou<br />
em 23%.<br />
O desenvolvimento económico entre 1992 2007, associado às alterações de taxação da<br />
energia para a indústria, reflecte-se no consumo específico de energia, que continua a<br />
cair. Durante este período, caiu cerca de 43%, com uma queda de 49% no petróleo e<br />
44% na electricidade.<br />
De uma forma geral, a redução no consumo de energia específica é devido ao facto de<br />
que o valor da produção aumentou consideravelmente, mais que o valor do consumo de<br />
energia. Por várias razões, podemos esperar uma continuação desta queda. Num<br />
período alargado de tempo, as mudanças na tecnologia e estruturais têm reduzido o<br />
consumo específico de energia.<br />
Avaliação da eficiência energética / poupança através do ODEX (índice agregado de<br />
eficiência de energia em três sectores – transportes, fabrico e doméstico): total e<br />
por sector<br />
O índice global ODEX é uma média ponderada entre a percentagem de consumo de<br />
energia no fabrico, transporte e doméstico - ODEX. A sua análise mostra como os<br />
diferentes parâmetros evoluíram no período compreendido entre 1889 e 2005. O fabrico<br />
tem a maior quota de consumo e, portanto, a maior influência na ODEX Global. Em<br />
conjunto com os transportes, as suas quotas aumentarem, enquanto a quota<br />
correspondente ao consumo doméstico diminui no período compreendido entre 1990-<br />
2005.<br />
Por sua vez, a análise da poupança de energia obtida nos três sectores em análise, para<br />
o mesmo período realça que a maior economia foi obtida, no ano de 2004, pelo fabrico<br />
(50% do total), seguido pelo sector doméstico (40%) e transportes (10%).<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
86
Medidas de eficiência energética<br />
Medidas recentes de eficiência energética no sector industrial<br />
No dia 1 de Janeiro de 2005, iniciou-se a Lei Programa para a Melhoria da Eficiência<br />
Energética (2004:1196). O programa visa aumentar a eficiência energética e criar<br />
oportunidades para isenções fiscais. No dia 1 de Julho de 2004, o imposto sobre a<br />
electricidade aumentado 0 para SEK 0,005 por kWh, com base na UE Energy Tax<br />
Directive. No entanto, as indústrias têm a possibilidade de ficarem isentas, se<br />
participarem num programa de 5 anos para a melhoria da eficiência energética. No final<br />
de 2006, 117 companhias consumidoras intensivas de energia participavam no programa,<br />
representando um consumo total de 30TWh. Isto corresponde a 1/5 do consumo total de<br />
electricidade da Suécia.<br />
Mudança no foco das políticas para melhoria da eficiência energética no sector<br />
industrial<br />
Para o sector industrial o foco das políticas centrava-se no trinómio<br />
informação/educação/formação até ao ano 2000. Depois, o foco mudou para medidas de<br />
cooperação. O Programa de Eficiência Energética na Indústria nas empresas utilizadoras<br />
intensivas de energia é um programa de cooperação entre estas indústrias e a Agência<br />
Sueca para a Energia. As empresas participantes garantem uma isenção da taxa de SEK<br />
0,005 por kWh, se planearem e implementarem medidas de eficiência energética.<br />
Políticas comunitárias e nacionais da Suécia para o sector industrial<br />
O Programa de Política Energética (2003 - 2007), de curto prazo, foi um pacote nacional<br />
de medidas. Promovia a inclusão de novas tecnologias (em que players de procurement<br />
de tecnologia tiveram um papel importante), e os ensaios de produtos com parâmetros<br />
que iam além da legislação europeia aplicável.<br />
Foi também incentivado o recurso a consultores especialistas em energia e sistemas de<br />
suporte para aproveitamento da energia eólica. Ademais, recentemente, foram adoptadas<br />
medidas de apoio à melhoria da eficiência energética e à conversão das fontes<br />
energéticas em edifícios.<br />
Especificamente para o sector industrial, os objectivos da política energética sueca<br />
abraça diferentes vertentes que conduzirão a uma mais eficiente utilização da energia,<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
87
por exemplo: uso sustentável da energia, uso eficiente da energia em indústrias de<br />
utilização intensiva de energia, que devem ser promovidas, salvaguardando ao mesmo<br />
tempo a sua competitividade.<br />
Medidas inovadoras para melhoria da Eficiência Energética para o sector industrial<br />
O Programa de Melhoria de Eficiência Energética (PFE) (2004:1196) entrou em vigor em<br />
1 de Janeiro de 2005. A partir dessa data, as empresas puderam inscrever-se para<br />
participar no PFE. As empresas que se inscreveram antes de 31 de Março de 2005 são<br />
candidatas à obtenção de redução de taxas aplicáveis a partir de 1 de Julho de 2004,<br />
momento em que a taxa sobre a energia consumida entrou em vigor.<br />
A Agência de Energia Sueca é a autoridade de supervisão do programa e pode fornecer<br />
a informação actualizada sobre o mesmo.<br />
O objectivo do programa é, em parte, para aumentar a eficiência do uso da energia nas<br />
empresas que consomem grandes quantidades de energia, ou seja, utilização intensiva<br />
de energia. Uma das medidas para melhorar a eficiência é a introdução de um sistema de<br />
gestão de energia (EMS), o equivalente a um sistema de gestão ambiental. O prazo para<br />
as empresas participantes do programa é de cinco anos. Durante os primeiros dois anos,<br />
as empresas deverão implementar e obter a certificação para um sistema de gestão de<br />
energia normalizado. Uma auditoria e a respectiva análise são utilizadas para a<br />
modelização de uma lista de medidas visando a melhoria da eficiência energética, que as<br />
empresas terão de implementar nos restantes três anos do programa.<br />
Sendo o PFE focalizado na utilização da electricidade de forma eficiente, a prioridade é<br />
nas medidas que melhorem a eficiência da utilização desta forma de energia.<br />
Ao fim de dois anos, as empresas participantes no PFE são obrigadas a apresentar um<br />
relatório duma auditoria energética, o sistema de gestão da energia e a lista de medidas<br />
a implementar. A data para início da contagem do período de dois anos é a do momento<br />
em que a empresa aceitou participar no PFE. Para as empresas que obtiveram a isenção<br />
de taxas, este período iniciou-se em 1 de Julho de 2004.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
88
Benefícios da EMS e PFE<br />
Através de um sistema de gestão de energia, torna-se mais fácil para uma empresa<br />
verificar o seu consumo e assegurar que a sua utilização é consistentemente planeada e<br />
estruturada.<br />
Com um planeamento mais consistente e consciencioso, melhoram-se os procedimentos<br />
de operação, de manutenção e os procedimentos de compras; as empresas podem<br />
reduzir o seu consumo de energia e, concomitantemente, os custos com a mesma.<br />
Para além das vantagens geradas pelo próprio sistema de gestão, às empresas que<br />
aderiram ao programa são concedidos benefícios fiscais para as despesas de<br />
electricidade. Quando uma empresa adere ao PFE, a taxa é reduzida de SEK 0,005 por<br />
kWh para SEK 0 por kWh. No final do programa as empresas têm de mostrar que<br />
conseguiram uma melhoria de eficiência de seu consumo de electricidade.<br />
EMS dá à empresa:<br />
Uma melhor estrutura e controlo na utilização da energia;<br />
Melhor planeamento dos procedimentos de operação e manutenção de<br />
procedimentos e nos processos de compra;<br />
Redução do consumo de energia eléctrica - redução dos custos de energia;<br />
Redução do impacto negativo sobre o ambiente;<br />
Há uma série de opções para a redução dos custos de energia em empresas<br />
consumidoras intensivas de electricidade nos seus processos produtivos.<br />
Em Novembro de 2008, a Agência Sueca de Energia apresentou os resultados do<br />
Programa PFE. A avaliação foi feita com base em 98 empresas participantes. Os SEM’s<br />
dessas empresas continham 900 medidas que correspondiam a uma melhoria de<br />
eficiência de 1 TWh ano, que correspondiam a uma poupança de SEK 400M anuais. Os<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
89
custos dos investimentos foram de SEK 1.000M, com um prazo médio de amortização de<br />
2,5 anos.<br />
As empresas participantes desenvolveram redes de cooperação, quer sectoriais quer<br />
regionais. Desta forma, o conhecimento adquirido foi partilhado a outras empresas,<br />
incluindo utilizadores não intensivos de energia.<br />
RESULTADOS<br />
O estado sueco tem tido um papel determinante no desenvolvimento de uma consciência<br />
colectiva da importância de cada um promover e implementar acções que promovam a<br />
racionalização na utilização da energia e de melhorarem a eficiência com que a mesma é<br />
utilizada.<br />
Ao incluírem nos seus objectivos as directivas aplicáveis da UE, o principal mecanismo<br />
utilizado pelo governo sueco foi a criação de um Programa de Melhoria da Eficiência<br />
Energética, que na sua segunda edição mudou o foco de actuação na<br />
informação/educação/formação, seguida até ao ano de 2000, para medidas de<br />
cooperação. O Programa de Eficiência Energética na Indústria nas empresas utilizadoras<br />
intensivas de energia é um programa de cooperação entre estas indústrias e a Agência<br />
Sueca para a Energia incluiu um conjunto integrado de ferramentas de desenvolvimento,<br />
como sejam:<br />
Focalização na cooperação do estado com as empresas;<br />
Políticas de benefícios fiscais;<br />
Incentivo à utilização de novas tecnologias;<br />
Programas de Redes de cooperação empresariais de forma a maximizar os<br />
resultados;<br />
Promover a introdução nas empresas de Sistemas de Gestão da Energia;<br />
Realização de diagnósticos energéticos e produção de um quadro de medidas<br />
consistentes.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
90
Conclusões do Sector<br />
Dos trabalhados analisados e das medidas identificadas, apresenta-se a seguir um<br />
resumo que retracta sugestões de medidas de eficiência energética para o sector em<br />
causa.<br />
Rede eléctrica<br />
Correcção do factor de potência;<br />
Força motriz<br />
Procurar adequar as cargas nominais dos motores às cargas a eles aplicadas;<br />
Sistema de ar comprimido<br />
Muitas oportunidades de melhoria de eficiência num sistema de ar comprimido são<br />
comuns em instalações industriais;<br />
Combate às fugas;<br />
Recuperação de calor;<br />
Motores de alta eficiência;<br />
Variadores de velocidade;<br />
Sistemas de controlo;<br />
Sistemas de arrefecimento, filtragem e secagem do ar;<br />
Mudanças periódicas dos filtros;<br />
Iluminação<br />
Os sistemas de iluminação apresentam boas oportunidades de implementar soluções<br />
de eficiência energética e os investimentos associados aos sistemas de iluminação<br />
são recuperados geralmente num prazo de três meses a dois anos;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
91
Caldeiras de agua quente / termofluido / geradores de ar quente<br />
Combate às fugas;<br />
Utilização de água quente canalizada;<br />
Fornos e estufas<br />
Actualização da tecnologia dos fornos;<br />
Outros<br />
Promoção da implementação de Programas de Gestão Energética;<br />
Conhecer a empresa;<br />
Focalização na cooperação do estado com as empresas;<br />
Políticas de benefícios fiscais às empresas com base na eficiência energética;<br />
Promoção de Redes de cooperação empresariais de forma a maximizar os resultados;<br />
Promoção da introdução nas empresas de Sistemas de Gestão da Energia;<br />
Novos métodos de preparação das areias;<br />
Nivelamento de cargas de produção, com redução/eliminação de tempos de espera;<br />
Apoio do estado à utilização de novas tecnologias mais eficientes do ponto de vista<br />
energético;<br />
Apoio do estado à utilização sustentável e eficiente da energia;<br />
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92
SECTOR AGROALIMENTAR<br />
IDENTIFICAÇÃO DE PROJECTOS E ESTUDOS SECTORIAIS<br />
POTENCIAL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA APLICADA A PRODUÇÃO DE<br />
LEITE NO BRASIL 12<br />
INTRODUÇÃO<br />
A indústria de alimentos e bebidas possui um grande potencial de aplicação de medidas<br />
de eficiência energética, pois é o segundo maior consumidor de energia de fontes<br />
primárias. Estudando os subsectores de alimentos e bebidas, como o subsector de<br />
produção de leite, verifica-se um grande potencial de ganhos na eficiência energético a<br />
ser explorado. Este potencial deve-se à grande demanda requerida de energia eléctrica<br />
devido ao crescimento do mercado para consumo interno e externo - taxa média anual de<br />
crescimento de 4% - bem como problemas advindos do grande uso de energia eléctrica<br />
por todos os sectores como principal fonte de energia. Desta maneira, a viabilidade de<br />
projectos que tratam de energia renovável, geração distribuída e produção mais limpa<br />
são explícitos, bem como a necessidade dessas novas tecnologias para a redução dos<br />
GEEs (gases de efeito de estufa).<br />
O sector industrial no Brasil corresponde ao maior consumidor final de energia eléctrica,<br />
sendo responsável por quase metade do valor total de energia eléctrica consumida,<br />
segundo informações do Balanço Energético Nacional (2007). Verificando apenas o<br />
sector industrial, o segmento de alimentos e bebidas é o segundo maior consumidor de<br />
energia de fontes primárias.<br />
Em 2007, este sector consumiu cerca de 18.644 tep do total de 39.021 tep do sector<br />
industrial. Tendências mundiais mostram que as actividades industriais de sucesso serão<br />
aquelas que apresentarem maior eficiência de produção e somente elas poderão<br />
competir por mercados consumidores.<br />
Com o visível potencial da indústria de alimentos e bebidas para aplicação de medidas de<br />
eficiência energética, é válido avaliar os subsectores que estão em nítido crescimento no<br />
cenário nacional para viabilizar a aplicação de tais medidas. Dentre os subsectores em<br />
12 Potencial De Eficiência Energética Aplicada A Produção De Leite No Brasil<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
93
franco crescimento, destaca-se o mercado produtor de leite, que desponta como o 4º<br />
maior produtor mundial de leite e produzindo cerca de 66% do total de leite produzido no<br />
Mercosul. A taxa de crescimento anual é de 4%, sendo maior que as taxas de<br />
crescimento dos países que ocupam os primeiros lugares - Canadá, México, Estados<br />
Unidos e Argentina (USDA, 2008). Dentre as vertentes do desenvolvimento industrial está<br />
a modernização de tecnologias para eficiência energética e as energias renováveis, que<br />
resultou num aumento do consumo de energia em países em desenvolvimento (JANUZZI<br />
e SWISHER, 1997). Esforços para questões energéticas podem ficar comprometidos se a<br />
disponibilidade de fontes e a capacidade de transmissão/distribuição de energia forem<br />
negligenciadas, acarretando com isso em nova crise neste sector estratégico.<br />
Pensando apenas no mercado produtor de leite, medidas de eficiência energética podem<br />
ser aplicadas, utilizando recursos das próprias instalações rurais, realizando a geração<br />
distribuída de energia. O presente artigo tem por objectivo verificar o potencial de<br />
eficiência energética no subsector leiteiro, na indústria de brasileira de alimentos.<br />
DESCRIÇÃO<br />
Material e Métodos<br />
Para elaborar o presente artigo foram utilizados dados da indústria brasileira de alimentos<br />
e bebidas extraídos da PIA -Pesquisa Industrial Anual (2006), BEN - Balanço Energético<br />
Nacional (2007) e PNE - Plano Nacional de Energia 2030 do Ministério de Minas e<br />
Energia (MME, 2008), Pintec – Pesquisa de Inovação Tecnológica (2005), USDA - United<br />
States Department of Agriculture (2008) e artigos relacionados ao tema. Analisaram-se os<br />
dados de consumo de energia no sector de produção de leite para a verificação do<br />
potencial real de eficiência energética.<br />
Resultados e Discussão<br />
Analisando o cenário nacional com auxílio dos dados da PINTEC (2005), que apresenta<br />
indicadores sectoriais, nacionais e regionais das actividades de inovação tecnológica nas<br />
empresas industriais, compatíveis com as recomendações internacionais em termos<br />
conceituais e metodológicos, dele retira-se que o sector de alimentos e bebidas inova<br />
pouco comparativamente a outros sectores industriais e gasta quase o dobro da energia<br />
que a média das indústrias de transformação para produzir US$ 1.000 (MME, 2004).<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
94
As informações acima contribuem com uma grande relevância no sector de alimentos e<br />
bebidas para aplicação de medidas de eficiência energética, assim como em outros<br />
segmentos industriais (PNE, 2030). Com um cenário favorável, programas e acções<br />
voltados ao desenvolvimento sustentável envolvendo o uso de energia renovável bem<br />
como sistemas para eficiência energética têm sido responsáveis pelo fato do país possuir<br />
uma matriz energética limpa, com baixas emissões de GEE no sector energético. Tais<br />
projectos ajudam na estabilização da concentração de GEE na atmosfera ao mesmo<br />
tempo que contribuem para o desenvolvimento sustentável no longo prazo. De acordo<br />
com o inventário nacional de emissões de GEE (Lima et al., 2006), os sistemas<br />
supracitados respondem por aproximadamente 30 mil toneladas de CH4 emitido por ano.<br />
Focando no mercado de produção de leite, verifica-se que este sector tem um importante<br />
papel social (sobretudo na geração de empregos), com mais de 1,1 milhão de<br />
propriedades rurais explorando leite e ocupando directamente 3,6 milhões de pessoas.<br />
Tais dados sugerem que tais produtores têm-se tornado cada vez mais qualificados<br />
tecnicamente (EMBRAPA, 2004) à medida que a educação e formação são decisivos<br />
para a aplicação de novas tecnologias e para o manejo de sistemas de produção<br />
(BEZERRA e MAGALHÃES, 2004), facilitando a implementação de medidas de eficiência<br />
energética.<br />
Com base nos dados da PIA (2006), após consulta a 472 empresas com mais de 30<br />
empregados, os custos energéticos em lacticínios tem crescido acentuadamente ao longo<br />
dos últimos anos, correspondendo em 2006 em mais da metade dos custos totais.<br />
Numa análise mais detalhada, verifica-se que existe uma certa linearidade no custo do<br />
consumo de energia até o ano de 2001, havendo, após este período, um crescente<br />
aumento até os dias actuais. Este factor deve-se a algumas situações, como o apagão de<br />
luz que houve em 2001, aumentando o valor da tarifa e crescimento do sector, fazendo o<br />
gasto de energia aumentar.<br />
Por outro lado, analisando detalhadamente os gastos energéticos do sector por<br />
actividades, verifica-se que no sector de produção de leite, o manejo adequado de<br />
dejectos animais com base em digestão anaeróbica (DA) que possibilita a captação de<br />
metano (CH4), um dos gases do efeito estufa (GEE), para produção de energia, oferece<br />
aplicação potencial no curto prazo para produtores de leite nacionais.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
95
RESULTADOS<br />
Em face do exposto, projectos de pesquisa, desenvolvimento e inovações tecnológicas<br />
(PD&I) focados neste sector da economia podem incrementar a estabilidade financeira<br />
das unidades produtoras e demais actores económicos ao longo da correspondente<br />
cadeia, contribuindo para aumentar a sua sustentabilidade no mercado.<br />
À medida que a produção de leite no Brasil registou um aumento de 248% face a 78% de<br />
outros sectores da economia em 2001 (Embrapa, 2004), as melhorias introduzidas neste<br />
sector estratégico podem gerar impactos superiores ao de outros sectores importantes<br />
tais como construção civil, siderurgia, têxtil e automóvel.<br />
Ainda que isoladamente, muitas das tecnologias a serem utilizadas já se encontram<br />
disponíveis. Vale a pena, pois, investigar como tais tecnologias podem ser devidamente<br />
―atreladas‖ num sistema passível de ser incluído no mesmo veículo ora utilizado pela<br />
logística de colecta de leite. Tais medidas acarretarão em benefícios, tais como:<br />
Substituição de combustíveis fósseis e lenha (geralmente consumidos em<br />
caldeiras de lacticínios), mais uma vez reduzindo emissões de GEE;<br />
Contribuição para melhoria do meio ambiente junto aos pequenos produtores<br />
rurais pela redução da proliferação de vectores (ex: insectos) e de odores<br />
mediante a instalação de biodigestores;<br />
Produção de biofertilizantes a partir dos sedimentos (materiais sólidos)<br />
acumulados nos biodigestores, permitindo assim a reciclagem de nutrientes nas<br />
unidades produtoras de leite e a subsequente redução no uso de fertilizantes<br />
químicos. Assim, a eficiência energética constitui um caminho claro para a<br />
sustentabilidade no mercado de produção de leite brasileiro, seja pela importância<br />
económica, seja por seu carácter ambiental.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
96
IDENTIFICAÇÃO DE CASO DE SUCESSO<br />
RELATORIO INDICADOR DE DESEMPENHO ENERGÉTICO: ―FLUID MILK<br />
PLANTS‖ 13 - CANADÁ<br />
INTRODUÇÃO<br />
Em linha com os estudos anteriores realizados pelo Competitive Analysis Centre Inc.<br />
(CACI), este estudo sobre a eficiência energética das fábricas canadenses de<br />
processamento de leite foi realizado no contexto da cadeia de valor agregado. O estudo<br />
incidiu sobre instalações de processamento de leite, incluindo a energia necessária para<br />
transformar o leite cru numa matriz de produtos. A análise começou no leite cru entregue<br />
pelas instalações produtoras de leite, passando pelos silos da fábrica e termina com o<br />
transporte de produto acabado. O gráfico a seguir mostra o fluxo de processos-chave<br />
considerados:<br />
Produtores<br />
Processadores<br />
Armazenistas<br />
Retalhistas<br />
A análise centrou-se principalmente nos produtos lácteos de base líquida. Excluiu-se as<br />
exigências de energia para o processamento de outros produtos lácteos (como misturas<br />
de iogurte) em fábricas onde são produzidos esses itens.<br />
DESCRIÇÃO<br />
Fábricas de processamento de leite<br />
Em 1998, a CACI concluiu uma análise de benchmarking global de 18 fábricas de<br />
processamento de leite para a National Dairy Council of Canada (NDCC). Dezassete<br />
13 Energy Performance Indicator Report: Fluid Milk Plants<br />
Prepared for the National Dairy Council of Canada<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
97
dessas fábricas - todas as que permanecem em laboração - participaram deste estudo,<br />
que foi realizado em 2000. Consistente com o estudo de 1998, realizado pela NDCC, a<br />
CACI focou-se em duas categorias de fábricas: fábricas básicas e fábricas complexas.<br />
Fábricas básicas (oito participantes)<br />
Os produtos considerados incluem:<br />
Leite (pasteurizado e UHT);<br />
Natas (não incluindo as UHT);<br />
Leite achocolatado;<br />
Leites especiais.<br />
Fábricas complexas (nove participantes)<br />
Os produtos considerados incluem os das fábricas básicas e ainda os seguintes:<br />
- Natas UHT;<br />
- Gelados de nata;<br />
- Misturas de iogurte.<br />
No caso das fábricas básicas, todos os processos – do leite até ao transporte – foram<br />
incluídos na análise.<br />
No caso das fábricas complexas, o estudo incidiu apenas sobre as necessidades de<br />
energia para os produtos lácteos líquidos. Os produtos como iogurtes, sorvetes, misturas<br />
e cremes UHT não foram considerados. Fábricas complexas podem produzir uma grande<br />
variedade destes produtos e não seria possível fazer comparações significativas entre<br />
elas.<br />
Para ambos as situações, a análise focou-se em cinco etapas da produção e três<br />
categorias de fábricas.<br />
As 17 fábricas participantes neste estudo representam cerca de 56 por cento de todo o<br />
leite fluido processado no Canadá. Dos cinco maiores processadores de leite fluido (em<br />
termos de throughput), teve pelo menos uma fábrica no presente inquérito. A distribuição<br />
geográfica dos participantes foi a seguinte:<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
98
Localização<br />
Nº de Fábricas<br />
Canadá Oeste 4<br />
Ontário 5<br />
Quebec 4<br />
Canadá Atlântico 4<br />
Total 17<br />
A distribuição dos participantes por volume anual de produção foi a seguinte:<br />
Milhões de litros<br />
Nº de Fábricas<br />
< 20 0<br />
20 - 40 5<br />
40 - 80 5<br />
> 80 7<br />
Total 17<br />
Informação de base sobre as fábricas participantes<br />
Foram recolhidas informações detalhadas de cada uma das 17 fábricas para determinar a<br />
utilização de energia e os custos envolvidos. Na energia está incluída a electricidade, o<br />
gás natural e outros combustíveis (incluindo o óleo combustível leve, o bunker C e<br />
propano). A CACI alocou esta energia dentro das fábricas básicas e complexas em oito<br />
categorias de uso (ou seja, as cinco fases da produção e as três categorias de serviços<br />
da fábrica). Os procedimentos estão descritos abaixo.<br />
Fábricas básicas<br />
a) Os participantes alocaram a energia entre os produtos lácteos e outros produtos<br />
(sucos, misturas, etc.).<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
99
) A energia para os produtos lácteos era, por sua vez, alocada nas oito categorias<br />
de custo. Os participantes alocaram a electricidade com base na potência e horas<br />
de uso e estimaram a distribuição percentual para vapor e ar comprimido.<br />
Fábricas complexas<br />
a) Os participantes alocaram a energia entre os produtos lácteos e outros produtos.<br />
b) Eles alocaram a energia eléctrica entre os produtos lácteos brancos e produtos<br />
complexos (sorvete, iogurte, mistura, etc.) com base na potência e horas de uso.<br />
c) Os participantes também estimaram a percentagem de vapor e ar comprimido<br />
alocados ao leite branco e produtos complexos.<br />
A alocação de energia para o leite branco produzido nas oito categorias de custos (fases<br />
da produção e serviços da fábrica) foi baseada em potência (cavalos vapor – hp e horas<br />
de uso da electricidade) e estimativas dos participantes para o vapor e o ar comprimido.<br />
<strong>Benchmarking</strong>: unidade de medida comum<br />
As 17 fábricas participantes do estudo utilizam diferentes percentagens de fontes de<br />
energia - gás natural, bunker C, óleo combustível leve e propano, além de electricidade.<br />
Com objectivo de estabelecer metas de referência e fazer comparações entre as fábricas,<br />
toda a energia foi convertida em Kilowatt-hora (kWh) equivalente.<br />
Os factores de conversão são ilustrados na tabela seguinte:<br />
Tipo de combustível Unidade kWh equivalente<br />
Electricidade KWh 1<br />
Gás natural m3 10,58<br />
Propano m3 7,09<br />
GPL Kg 13,78<br />
Óleo combustível leve L 10,74<br />
Gasóleo L 11,67<br />
Óleo combustível pesado L 11,59<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
100
Definição das metas de referência<br />
O benchmarking implica o estabelecimento, primeiro, de parâmetros envolvidos para o<br />
uso de energia e, em seguida, para os custos unitários de energia. A prossecução destes<br />
objectivos envolvidos no benchmarking é o seguinte:<br />
Consumo de energia;<br />
Composição (por fonte de energia);<br />
A utilização de fonte de energia;<br />
Unidade de custos de energia e total de custos de energia.<br />
<strong>Benchmarking</strong>: uso total de energia<br />
Usando a unidade de energia comum (equivalentes kWh), a fábrica de referência foi<br />
estabelecida no percentil 10 dentro das 17 fábricas da amostra.<br />
<strong>Benchmarking</strong>: Mix de fontes de energia<br />
Tendo estabelecido a referência de utilização, o próximo desafio foi determinar a<br />
composição energética do benchmark. Esta composição foi estabelecida com base numa<br />
"média simples" dos 17 participantes do estudo. Três fontes de energia foram utilizadas:<br />
electricidade, gás natural e outros combustíveis (incluindo bunker C, óleo combustível<br />
leve e propano).<br />
<strong>Benchmarking</strong>: Utilização por tipo de energia<br />
O benchmark para a utilização por fonte energética foi determinado com base no uso de<br />
referência e composição dos pontos anteriores. Subdividir os dados de referência pela<br />
fonte de energia, torna-se necessário para a determinação dos custos unitários de<br />
referência.<br />
<strong>Benchmarking</strong>: Custos unitários de energia<br />
Os custos unitários de referência por fonte de energia foram estabelecidos como o<br />
percentil 10 dos custos das fábricas que utilizam essa fonte de energia.<br />
Análise comparativa do custo total da energia<br />
Os custos unitários, composições de uso referidos nos parágrafos anteriores foram<br />
usados para chegar ao custo da energia de referência.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
101
<strong>Benchmarking</strong> da utilização da energia (excluindo a refrigeração)<br />
Os refrigeradores são utilizados para diferentes fins em diferentes fábricas. Em alguns<br />
casos, os coolers servem apenas como armazenamento temporário de produtos lácteos<br />
líquidos antes desses produtos serem transferidos para armazéns para posterior<br />
distribuição. Outras fábricas usam os coolers como centros de distribuição principal. Além<br />
disso, as fábricas armazenam outros produtos lácteos e não lácteos em seus<br />
refrigeradores. Tantos fins variados tornam impossível o desdobramento do consumo de<br />
energia para todos os fins. Portanto, um conjunto de benchmarks para o consumo total<br />
de energia das fábricas - excluindo a refrigeração - foi estabelecido.<br />
Referência para o uso de energia por etapas de produção e pelos tipos de fábricas<br />
Metas de referência foram estabelecidas para as cinco etapas da produção e para os três<br />
tipos de fábricas. O valor alvo de utilização de energia foi calculado com base na divisão<br />
do valor total alvo de energia suportado por evidências das 17 fábricas.<br />
Operação<br />
Recepção de leite<br />
Separação<br />
Homogeneização /<br />
Pasteurização<br />
Enchimento<br />
Refrigeração 14<br />
Energia utilizada<br />
xx<br />
xx<br />
xx<br />
xx<br />
xx<br />
Serviços fabris<br />
Limpeza<br />
HVAC<br />
Outros 15<br />
Total<br />
xx<br />
xx<br />
xx<br />
xxx<br />
14 Utilizações dos coolers diferem substancialmente entre as fábricas. Comparações entre fábricas<br />
devem ser feitas com cuidado.<br />
15 Inclui bobines de refrigeração, trasfegas, lavagens de vasilhame e recepção de produtos.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
102
Análises ao nível da fábrica<br />
As análises principais ao nível total da fábrica consistiram em comparar o consumo dos<br />
componentes de energia (kWh equivalentes) e os custos de energia ($ / kWh) para os<br />
valores de referência.<br />
A análise de variância determina os custos de não se atinge os padrões de referência.<br />
Estas variações de custos foram subdivididas em variância de utilização (isto é, consumo<br />
de energia) e em variância de preço (custo).<br />
Análises intra-fábrica<br />
Conforme descrito anteriormente, o uso de energia e os custos dentro das fábricas foram<br />
divididos em cinco etapas de produção e três tipos de fábricas. Em todos os casos, o uso<br />
(consumo de energia - kWh / l) e custo ($ / l) foram comparados com os valores de<br />
referência.<br />
Resultados do <strong>Benchmarking</strong><br />
a – Consumo total das fábricas (kWh / l)<br />
A meta de uso de energia de referência foi 0,1183 kWh / l. Este consumo reflecte o<br />
percentil 10 das fábricas na amostra.<br />
b – Sem o consumo dos Coolers (kWh / l)<br />
O alvo de benchmarking para o consumo total da fábrica, excluindo os coolers, foi de<br />
0,1162 kWh / l (ou seja, 0,1183 menos 0,0021)<br />
c - Custo unitário de energia ($ / kWh)<br />
O custo unitário de referência para a energia foi fixado em $ 0.0241/kWh com o cooler e<br />
US $ 0.0237/kWh excluindo os coolers.<br />
Diferenças nos resultados dos benchmarks resultam de mudanças na<br />
composição das fontes de energia utilizadas.<br />
d - <strong>Benchmarking</strong> de consumo por etapa da produção<br />
Foram estabelecidos os seguintes parâmetros de referência por etapa de produção:<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
103
Operação<br />
Consumo de energia<br />
kWh / l<br />
Recepção de leite 0,0050<br />
Separação 0,0050<br />
Homogeneização / Pasteurização 0,0526<br />
Enchimento 0,0100<br />
Refrigeração 0,0021<br />
Serviços fabris<br />
Limpeza 0,0300<br />
HVAC 0,0050<br />
Outros 16 0,0086<br />
Total 0,1183<br />
Análises comparativas ao nível de fábrica<br />
As análises ao nível de fábrica consistiram em comparar os dados para as 17 fábricas<br />
com as metas de referência. As análises ao nível de fábrica descrevem o seguinte:<br />
Consumo total de energia da fábrica;<br />
Consumo total de energia da fábrica excluindo o refrigerador;<br />
Custos totais da unidade de energia de electricidade, gás natural e<br />
outros combustíveis;<br />
Custos de energia para produtos lácteos líquidos.<br />
Além disso, este relatório analisa as variações dos custos unitários das metas de<br />
referência atribuídos ao consumo (ou seja, a eficiência energética) e custos unitários (ou<br />
seja, a diferença dos custos unitários). Os factores utilizados para converter toda a<br />
energia para kWh foram os descritos anteriormente.<br />
16 Inclui bobines de refrigeração, trasfegas, lavagens de vasilhame e recepção de produtos.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
104
Eficiência energética total<br />
Consumo total da fábrica (eficiência energética)<br />
A eficiência energética para a fábrica foi determinada com base no consumo total e o<br />
consumo total excluindo os coolers. O consumo de energia tem variações significativas<br />
entre as fábricas: de 0,1104 a 0,2943 kWh / l para o total das fábricas e de 0,1044 a<br />
0,2896 kWh / l para o total das fábricas excluindo os coolers.<br />
O consumo unitário de energia varia de 90% a 275% dos níveis de referência. Estava<br />
previsto que os resultados poderiam ilustrar economias de escala no consumo de<br />
energia. Os resultados da comparação do consumo unitário de referência de energia com<br />
o valor obtido estão ilustrados na figura seguinte:<br />
0,25<br />
0,229<br />
0,22033<br />
0,2<br />
0,1655<br />
0,15<br />
0,1<br />
0,05<br />
0<br />
20-50 50-100 +100<br />
Produção (milhões litros / ano)<br />
Os custos de energia não mostram as economias de escala normalmente encontrados<br />
nas análises das fábricas de leite, contudo a energia representa apenas uma pequena<br />
percentagem dos custos totais.<br />
Mix de fontes de energia<br />
As fábricas pesquisadas utilizam diferentes fontes de energia. As diferenças entre as<br />
fábricas são descritas abaixo, como a utilização da electricidade, do gás natural e de<br />
outros combustíveis (como o bunker C, o óleo combustível leve e o propano).<br />
Electricidade<br />
A energia eléctrica representa uma percentagem significativa do total de energia para<br />
todas as fábricas. A proporção de uso total da electricidade no total da energia<br />
consumida por fábrica (kWh numa base equivalente) variou de 21,9 a 54,7%.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
105
Gás Natural<br />
O gás natural é utilizado em 13 das 17 fábricas analisadas. O consumo de gás natural<br />
como um percentual do uso total de energia (kWh numa base equivalente) variou dos<br />
45,0 a 77,6% na amostragem realizada.<br />
Outros Combustíveis<br />
Nove das 17 fábricas utilizam outros combustíveis (incluindo bunker C, óleo combustível<br />
leve e propano). O uso de outros combustíveis como uma percentagem de utilização total<br />
de energia (kWh numa base equivalente) variou de 0,1 a 68,0%.<br />
Custos unitários de energia<br />
Os custos unitários diferiram significativamente entre as fábricas. Estas diferenças<br />
existem para o total de energia e para os custos unitários de electricidade, gás natural e<br />
outros combustíveis.<br />
Custos médios ponderados por unidade de energia<br />
Os custos unitários de energia variam quer por tipo de combustível, quer por tipo de<br />
fábrica. Uma taxa média de utilização para cada fábrica foi calculada pela ponderação<br />
dos custos unitários específicos de energia de electricidade, gás natural e outros<br />
combustíveis com base no seu consumo pertinente de kWh equivalente.<br />
A taxa de referência foi fixada em $ 0,0241 / l (percentil 10). A ponderação do custo<br />
unitário médio de energia variou de um mínimo de US $ 0.0178/kWh a um máximo de US<br />
$ 0.0455/kWh.<br />
Custo unitário de electricidade<br />
Os custos unitários de electricidade variaram de um mínimo de $0.0454/kWh até um<br />
máximo de $0.0796/kWh. O valor de benchmark foi estabelecido em $0.0460/kWh.<br />
Custo unitário do gás natural<br />
Os custos unitários do gás natural, na unidade equivalente kWh, variaram<br />
significativamente no conjunto das 13 fábricas que utilizam este combustível, de um<br />
mínimo de $0.0094/kWh a um máximo de $0.0205/kWh ($0.0999/m 3 to $0.2172/m 3 ). O<br />
valor de benchmark estabelecido foi de $0.0096/kWh ou $0.1018/m 3 .<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
106
Custo unitário de outros combustíveis<br />
Os custos unitários de outros combustíveis, na unidade equivalente kWh, variaram<br />
significativamente no conjunto das 9 fábricas que utilizam este combustível, de um<br />
mínimo de $0.0134/kWh a um máximo de $0.0505/kWh. O valor de benchmark<br />
estabelecido foi de $0.0146/kWh.<br />
RESULTADOS<br />
Abordagem para uma economia potencial de energia<br />
As secções anteriores documentaram áreas potenciais de poupança significativa de<br />
energia. Esta secção oferece várias ideias para a economia de energia, extraídas dos<br />
seguintes relatórios:<br />
Estudo da Competitive Analysis Centre Inc. (CACI) submetido à Agriculture and<br />
Agri-Food Canada, Agosto de 1999<br />
Relatório de Indicadores de Desempenho Industrial da Marbek Resource<br />
Consultants Ltd. submetido à Natural Resources Canada, Março de 1999.<br />
Estudo da Competitive Analysis Centre Inc. (CACI)<br />
Cinco empresas participaram do estudo do CACI, que delineou estas economias<br />
potenciais de electricidade e de gás natural.<br />
Electricidade<br />
A grande maioria dos projectos de economia de energia em fábricas de outros produtos<br />
lácteos diários no Canadá já foram realizadas. No entanto, essas fábricas poderiam<br />
reduzir o seu uso de electricidade em até 10% com as seguintes iniciativas:<br />
Instalar iluminação energeticamente eficiente;<br />
Estabelecer melhores práticas de monitorização;<br />
Alterar as práticas de trabalho (ou seja, mudar para uma semana de sete dias,<br />
prolongar o período entre clean-ups);<br />
Gás Natural<br />
Embora as fábricas não devem esperar reduzir o uso global do gás natural em mais de<br />
10%, práticas específicas, tais como as seguintes indicadas, podem reduzir o consumo<br />
em mais de 10% para determinadas áreas das fábricas:<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
107
Recompressão mecânica de vapor;<br />
Substituir caldeiras mais velhas por mais novas, modelos mais eficientes em<br />
termos energéticos;<br />
Estabelecer melhores práticas de monitorização;<br />
Alterar as práticas de trabalho (ou seja, mudar para uma semana de sete dias,<br />
prolongar o período entre clean-ups).<br />
Relatório de Indicadores de Desempenho Industrial da Marbek Resource<br />
Consultants Ltd.<br />
O relatório Marbek identificou as seguintes oportunidades de conservação de energia:<br />
Medidas para a conservação de água quente<br />
As fábricas de processamento de leite usam uma grande quantidade de energia para<br />
produzir água quente. Uma fábrica energicamente eficiente pode reduzir o seu consumo<br />
de água quente através da implementação de uma série de medidas lowcost, tais como<br />
as seguintes:<br />
Use bicos eficientes na limpeza com mangueiras;<br />
Controlo das operações de lavagem gerais e locais em volume, em vez de tempo;<br />
Trate derramamentos de ingredientes secos como resíduos sólidos, em vez de<br />
lavá-los;<br />
Use água aquecida à temperatura adequada, em vez de injecção de vapor;<br />
Assegurar que as mangueiras de água quente estão desligadas e que os<br />
procedimentos para as operações de limpeza locais demoram o tempo correcto;<br />
Manter a água quente e tubos de vapor livres de vazamentos;<br />
Uma instalação que conserva a água quente consome de combustível 5% menos do<br />
que uma fábrica que não o faça.<br />
Refrigeração durante os meses de inverno<br />
Uma quantidade significativa de energia é utilizada em fábricas para refrigerar produtos.<br />
As fábricas podem aproveitar o tempo frio para refrigerar seus produtos sem<br />
praticamente nenhum custo. Noutras palavras, se a temperatura exterior é inferior à<br />
temperatura do espaço de refrigeração do produto, o ar exterior pode substituir o<br />
sistema de refrigeração. Devidamente aplicado, este sistema de refrigeração sem custo<br />
pode reduzir o consumo energético em 15% em fábricas na maior parte do Canadá.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
108
Controlo eficiente de caldeiras<br />
As fábricas podem melhorar a eficiência das suas caldeiras através da instalação de<br />
controlos de low-excess de ar. Esses controlos medem continuamente o nível de<br />
oxigénio nos gases da pilha e controlam o fluxo de ar para a quantidade exacta para a<br />
combustão adequada. O upgrade deste tipo de controlo pode reduzir o consumo total<br />
de combustível até 2%.<br />
Recuperação de calor de efluentes líquidos<br />
Na maioria das fábricas, grandes volumes de água quente são despejados para o<br />
esgoto ou dreno. As fábricas devem recuperar tanto calor quanto possível antes de<br />
proceder à descarga de água quente. Permutadores de calor colocados em sistemas de<br />
evacuação de água quente podem ser usados para pré-aquecer água do processo ou<br />
para a caldeira de água. Um sistema alargado de recuperação de calor poderia reduzir<br />
as necessidades de combustível das caldeiras em 5 a 10%.<br />
Monitorização e upgrading de sistemas de ar comprimido<br />
A maioria das instalações de processamento de lacticínios tem sistemas centralizados<br />
que fornecem ar comprimido ao longo das fábricas. Tais sistemas podem tornar-se<br />
muito ineficientes se não forem monitorizados constantemente, mas as fábricas podem<br />
melhorar a eficiência em 10% ou mais, se optarem pela instalação de melhores<br />
controlos, testes e monitorização de vazamentos e instalando sistemas mais eficientes<br />
de secagem do ar.<br />
Variadores de velocidade em ventoinhas de ventilação<br />
A construção de sistemas de ventilação normalmente requer uma quantidade<br />
significativa de potência. O fluxo real necessário depende das condições<br />
meteorológicas e da actividade no edifício. Usando variadores de velocidade para<br />
controlo das ventoinhas, pode-se reduzir o consumo de energia em 20 a 40%.<br />
Variadores de velocidade em Bombas<br />
Na produção de leite fluido, o leite é frequentemente bombeado de um tanque para<br />
outro. Em vez de confiar em válvulas para controlar o volume de bombeamento (que<br />
depende da pressão nas linhas e dos níveis de tanque), as fábricas podem instalar<br />
variadores de velocidade para aumentar a eficiência.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
109
Co-geração<br />
Por causa de sua contínua necessidade de água quente, muitas fábricas de leite<br />
beneficiariam de centrais de co-geração. Equipadas com motores de combustão, microturbinas<br />
a gás, estas fábricas produziriam simultaneamente energia eléctrica e água<br />
quente. Em muitos locais, o custo de produzir essa electricidade nas fábricas é menor<br />
do que as taxas de fornecimento locais de electricidade.<br />
Motores de alta eficiência<br />
A instalação de motores eficientes pode economizar energia. Os motores grandes de<br />
alta eficiência (100 hp e mais) são 1% mais eficientes do que a média. Para motores<br />
pequenos de alta eficiência (10 hp), a diferença é de cerca de 3%.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
110
ECONOMIA E ESTRATÉGIA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM ESPANHA<br />
2004-2012 - PLANO DE ACÇÃO 2008-2012 QUADRO REFERENCIA:<br />
AGRICULTURA E PESCAS 17<br />
INTRODUÇÃO<br />
Actualmente, a maior parte da atenção do sector agrário centra-se nas oportunidades que<br />
a agricultura oferece ao sector energético como produtores de energias renováveis<br />
(biomassa e bio-combustíveis), mas o foco deve ser essencialmente sobre a procura e o<br />
uso eficiente e sustentável de energia no sector.<br />
O sector agrícola tem um impacto limitado sobre a necessidade total (3,5% da energia<br />
final consumida), mas é um sector estratégico em que medidas de eficiência energética<br />
poderão ser muito importantes para o seu futuro, através da redução dos seus custos de<br />
energia e a ajudar a sustentabilidade do desenvolvimento rural, isto apesar do maior<br />
esforço necessário, tanto técnico como económico, a respeito da sensibilização para<br />
cada medida prevista neste Plano.<br />
Na análise realizada ao consumo de energia no sector e previsão do seu<br />
desenvolvimento, pode ser observado que as máquinas agrícolas e sistemas de irrigação<br />
são responsáveis por uma grande percentagem do consumo para o sector e, portanto,<br />
este é o lugar onde o esforço tem sido concentrado até à data para introduzir critérios de<br />
eficiência energética. Também pode ser visto que em terceiro lugar surge o sector das<br />
pescas.<br />
Uma vista sobre o consumo de energia no sector à época, no desenvolvimento sobre a<br />
previsão do consumo de energia para o ano de 2012, previa-se o seguinte:<br />
Aumento previsível no consumo total de energia na produção agrícola, induzida<br />
quer pelas técnicas de cultivo, quer pelo aumento das áreas de superfície de<br />
irrigação, que dariam origem a um aumento no consumo (4,08 Mtep / ano em<br />
2000 para 4,92 Mtep / ano em 2012).<br />
As máquinas agrícolas, juntamente com as culturas de irrigação, são<br />
responsáveis por cerca de 70% do consumo de energia para o sector.<br />
Há um potencial de poupança através de modernização das frotas de veículos<br />
agrícolas e da mudança de irrigação por pulverização para irrigação localizada e<br />
outras acções menos significativas.<br />
17 Saving and energy efficiency strategy in Spain 2004-2012 - Action plan 2008-2012 sectoral<br />
framework. agriculture and fisheries<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
111
No PNA II, o sector agrário é plenamente tido em consideração, tanto como<br />
consumidor de energia, como pela sua importância como retentor de carbono.<br />
Consumo 2004-2007<br />
O sector agrícola representa cerca de 12% do consumo total, permanecendo mais ou<br />
menos constante ao longo dos últimos anos.<br />
Como fontes de energia, o diesel representava 85% em 2004 do consumo de energia no<br />
Agricultura e Pescas (90% em 2001) e o restante é principalmente a electricidade, cerca<br />
de 13%, essencialmente para a agricultura de irrigação.<br />
Deve-se ressaltar que, de acordo com as "Estatísticas da Indústria Energia Eléctrica"<br />
para 2004 (Ministério da Indústria, Comércio e Turismo), a irrigação agrícola consumiu<br />
mais de 2.287 GWh, o que representa 1% do consumo nacional de electricidade e um<br />
custo de 155 M€. Existem diferenças importantes no consumo real de energia na<br />
agricultura e no sector das pescas, de acordo com as várias fontes. No entanto, foi<br />
decidido manter os dados obtidos no E4, apoiados por estudos sectoriais e por consenso<br />
e com base nos consumos reais até 2007, são o ponto de partida deste plano de acção<br />
2008-2012. Portanto, será tomada como consumo real:<br />
Consumo actual na agricultura e pescas (ktep)<br />
Ano 2000 Ano 2006 Ano 2007<br />
4.089 4.306 4.350<br />
Fonte: E4 2004 - 2012<br />
DESCRIÇÃO<br />
Objectivos:<br />
A definição dos objectivos do Plano de Acção 2008-2012 teve como ponto de partida os<br />
objectivos da E4 2004-2012 e os resultados do Plano de Acção 2005-2007. Para isso, os<br />
cenários de referência e eficiência da E4 foram levados em consideração na definição<br />
dos novos objectivos de poupança para o sector. A fim de definir os objectivos do Plano<br />
de Acção 2008-2012, os seguintes critérios foram utilizados:<br />
Tomou-se como referência do consumo para o ano 2007 o valor de 4.350 ktep,<br />
que se relaciona com o cenário de eficiência previsto na E4.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
112
Manutenção do mesmo cenário de eficiência em 2012. A poupança potencial de<br />
energia no ano de 2012, prevista no Plano de Acção 2008-2012, será de 348 ktep,<br />
o objectivo definido na E4.<br />
Em 2012, a poupança anual será de 348 ktep, o equivalente a 7,1% do consumo<br />
previsto pelo E4 e a poupança acumulada no período do Plano de Acção será de<br />
1357 ktep.<br />
A redução das emissões de CO2 no período de cinco anos de 2008-2012 será de<br />
4925 ktCO2.<br />
Cenários de base / Cenários de eficiência do E4 na Agricultura e Pescas<br />
2008 2009 2010 2011 2012<br />
Total<br />
2008 - 2012<br />
Cenário base do E4 4.588 4.671 4.754 4.837 4.920 23.769<br />
Cenário de eficiência do E4 4.394 4.437 4.482 4.527 4.572 22.412<br />
Objectivo de poupança do E4<br />
(Ktep)<br />
194<br />
4,2%<br />
233<br />
5,0%<br />
272<br />
5,7%<br />
310<br />
6,4%<br />
348<br />
7,1%<br />
1.357<br />
Emissões evitadas (ktCO2) 702 843 985 1.126 1.269 4.925<br />
As medidas a implementar para alcançar a poupança estimada são agrupados em torno<br />
dos seguintes conceitos:<br />
- Formação e Informação em técnicas para o uso eficiente da energia na Agricultura e<br />
Pescas (medida 1).<br />
- Máquinas Agrícolas<br />
- Incorporação de critérios de eficiência energética no Plano de Renovação para<br />
tractores, a fim de modernizar a frota de tractores agrícolas (medida 2);<br />
- Melhoria da eficiência energética dos tractores em uso com a revisão dos<br />
componentes de consumo de energia (medida 6).<br />
- Agricultura Irrigação<br />
- Orientações para incentivar a migração da irrigação por aspersão para irrigação<br />
localizada (medida 3);<br />
- Auditorias e definição de planos para implementar melhorias energéticas em<br />
comunidades de irrigação (medida 5).<br />
- Pescas: Melhoria na poupança e eficiência energética no sector de pesca (medida 4).<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
113
- Agricultura de Conservação: apoio técnico e económico para a migração de<br />
sementeiras agrícolas para Agricultura de Conservação (tradicional e cobertura do solo)<br />
(medida 7).<br />
As medidas 4, 5, 6 e 7 foram considerados no Plano de Acção 2005-2007 anteriores<br />
como medidas complementares e são desenvolvidas neste novo Plano de Acção.<br />
Os custos deste Plano de Acção serão essencialmente voltados para a eliminação das<br />
barreiras económicas, de hábitos ineficientes, de comunicação e de formação. Da mesma<br />
forma, a introdução destas medidas como um todo e dentro dos limites prescritos de<br />
tempo, permitirão que o cenário de eficiência energética do E4 seja alcançado, com a<br />
transformação resultante do sector de acordo com parâmetros diferentes, que<br />
classificarão a eficácia do Plano em termos de eficiência energética.<br />
Cenário de Eficiência E4 +<br />
Um cenário de eficiência E4+ foi estabelecido tendo em consideração as medidas<br />
adicionais. O esforço adicional é baseado, preferencialmente, no aumento dos efeitos<br />
económicos, regulamentares, técnicos e de sensibilização e informação e a ajuda<br />
necessária para alcançar os objectivos finais das medidas em si próprias, com o objectivo<br />
de alcançar uma maior poupança de energia e, consequentemente, uma maior redução<br />
das emissões.<br />
Isto leva, nas datas correspondentes, os valores para o consumo e poupança de energia<br />
seguintes, comparando os cenários:<br />
Comparação de cenários na Agricultura e Pescas<br />
(Ktep) 2000 2007 2012<br />
Cenário base (E4)<br />
Cenário de eficiência<br />
(E4+)<br />
Poupança alcançada no<br />
cenário E4+<br />
Consumo<br />
energia<br />
Consumo<br />
energia<br />
Poupança de<br />
energia<br />
4.089 4.505 4.920<br />
4.089 4.305 4.545<br />
0 155 375<br />
Aumento da poupança do<br />
E4+ sobre o E4<br />
Aumento da<br />
poupança de<br />
energia<br />
0 0<br />
27<br />
13,9%<br />
As hipóteses consideradas em 2007 são as mesmas no planeamento da E4.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
114
A implementação de medidas adicionais consideradas para alcançar o objectivo de<br />
poupança de energia e redução de emissões são as seguintes:<br />
A. Pescas: Melhoria na poupança e eficiência energética no sector da Pesca (Medida<br />
4). Isto significa a introdução de tecnologias eficientes, que reduzem o consumo de<br />
diesel. O esforço adicional consiste em aumentar a poupança do consumo total<br />
definido como objectivo para o sector das pescas, com um esforço significativo em<br />
termos técnicos e de sensibilização e em termos de ajuda económica.<br />
B. Agricultura de Conservação: apoio técnico e económico para a migração de<br />
agricultura tradicional para a Agricultura de Conservação (sementeira directa e<br />
cobertura de solo). Esta medida promove a Agricultura de Conservação,<br />
incorporando-a nos Programas de Desenvolvimento Rural das Comunidades<br />
Autónomas como medidas agro-ambientais. Espera-se que, essencialmente, com<br />
maior sensibilização, a área de superfície afectada por esta migração seja maior.<br />
Além disso, para aumentar os efeitos das medidas já desenvolvidas no E4:<br />
C. Formação e informação em técnicas para o uso eficiente da energia na Agricultura<br />
e das Pescas (medida 1)<br />
O esforço necessário será composto por um maior ênfase em medidas de promoção<br />
/ formação, com a administração geral como a força motriz na introdução das<br />
medidas nas Comunidades Autónomas. Isto inclui:<br />
Linha editorial sobre o tema da eficiência energética no sector agrário e o seu<br />
plano de divulgação.<br />
Participação em cursos de formação para os formadores (IDEA).<br />
Participação em cursos de formação para agricultores em técnicas de uso<br />
eficiente de energia no sector agrário (Comunidades Autónomas).<br />
Comunicação técnica / promoção de campanhas em técnicas de eficiência na<br />
utilização da energia na agricultura.<br />
Promoção de Agricultura de Conservação (sementeira directa e cobertura do<br />
solo): seminários, workshops, cursos, linhas de pesquisa.<br />
D. Maquinaria agrícola<br />
Incorporação de critérios de eficiência energética no Plano de Renovação<br />
para tractores, a fim de modernizar a frota de tractores agrícolas (medida 2).<br />
Isto significa a ampliação do objectivo de renovação de tractores pela<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
115
disseminação cada vez maior da classificação energética para tractores,<br />
introduzindo a rotulagem energética, financiamento preferencial, etc.<br />
Melhoria da eficiência energética de tractores em uso através das TIV –<br />
inspecções técnicas, com a revisão de componentes de consumo de energia<br />
(medida 6). O esforço adicional consiste em incorporar verificação de filtros<br />
nas inspecções e outros aspectos que possam melhorar a eficiência<br />
energética.<br />
E. Agricultura Irrigação<br />
Sistema de incentivos para a migração de irrigação por aspersão para<br />
irrigação localizada (medida 3). Espera-se alargar o objectivo de migração<br />
para irrigação localizada pelo aumento das ajudas públicas.<br />
Auditorias e planos de implementação de melhorias de energia nas<br />
comunidades de irrigação (medida 5). Consiste na realização de auditorias<br />
energéticas em comunidades de irrigação e no estabelecimento de linhas de<br />
ajuda que suportem a substituição de equipamentos e sistemas.<br />
Os seguintes critérios e hipóteses foram usadas para definir os objectivos do Plano de<br />
Acção 2008-2012:<br />
Tomando como referência o consumo para o ano de 2007, a cifra de 4.350 ktep,<br />
que se relaciona com o cenário de eficiência do E4.<br />
Tornar o esforço máximo em cada medida prevista neste sector para atingir o<br />
máximo de economia possível de energia.<br />
Este Plano não leva em consideração a fixação do carbono atmosférico no solo<br />
através da migração da agricultura tradicional para a agricultura de conservação<br />
(sementeira directa em culturas extensivas e cobertura do solo em culturas<br />
lenhosas), uma vez que esta é uma redução das emissões que não surgem da<br />
poupança de energia. Se os estudos realizados até à data forem confirmados, a<br />
consideração dessa fixação de carbono significaria um aumento considerável na<br />
poupança de emissões para o sector agrícola no Plano.<br />
Realização do E4 nos termos em que foi aprovado, sem ter em conta os<br />
objectivos adicionais, significando uma economia de energia em 2012 de 348 ktep<br />
/ ano. A partir deste objectivo, o cenário de novos valores pela incorporação de<br />
novas medidas, cujos efeitos são adicionados aos indicados na E4.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
116
A economia adicional, em termos de energia e de emissões, acima do previsto no<br />
cenário de eficiência do E4, foram estimados em 27 ktep / ano e 98 ktCO2<br />
respectivamente, ou seja, um adicional de 13,9% aos objectivos poupanças da E4<br />
original.<br />
Entretanto, o novo objectivo de poupança do Plano de Acção 2008-2012 leva em<br />
conta as medidas adicionais para o sector, significando uma poupança de energia<br />
em 2012, acima do cenário de referência do E4, de 375 ktep / ano (7,6% de<br />
poupança) e uma poupança acumulada durante o período 2008-2012 de 1402<br />
ktep, equivalente a 30% do consumo esperado para o sector em 2008.<br />
A redução das emissões de CO2 no período de cinco anos 2008-2012 de 5088<br />
KtCO2, através da poupança directa de energia, não incluindo a fixação de<br />
carbono atmosférico no solo devido à migração da agricultura tradicional para a<br />
agricultura de conservação.<br />
Fixação de cenários no Plano de Acção E4+ 2008-2012 na Agricultura e Pescas<br />
2008 2009 2010 2011 2012<br />
Total<br />
2008 - 2012<br />
Cenário base E4 4.588 4.671 4.754 4.837 4.920 23.769<br />
Cenário de eficiência<br />
E4+<br />
4.394 4.437 4.477 4.514 4.545 22.367<br />
Objectivo de<br />
poupança E4+ (ktep)<br />
194<br />
4,2%<br />
234<br />
5,0%<br />
277<br />
5,8%<br />
322<br />
6,7%<br />
375<br />
7,6%<br />
1.402<br />
Redução de emissões<br />
(ktCO2)<br />
701 847 1.01 1.171 1.368 5.088<br />
Os custos do Plano de Acção serão essencialmente dirigidos à eliminação de barreiras<br />
económicas, de hábitos ineficientes e de comunicação e formação.<br />
Estas poupanças foram obtidas a partir do cenário de referência do E4 e com as medidas<br />
aplicadas em separado, elas acabaram por exceder os objectivos do cenário de eficiência<br />
do E4.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
117
RESULTADOS<br />
Plano de Acção 2008-2012 do E4+<br />
I - Medidas para o sector da Agricultura e Pescas<br />
Informação e Formação<br />
Medida 1: Campanha de comunicação/promoção de técnicas eficientes para a utilização<br />
eficiente da energia na agricultura.<br />
Objectivo:<br />
Apresentar aos agentes do sector e torná-los cientes da importância da poupança e da<br />
eficiência energética no sector agrário, especialmente no uso de equipamentos agrícolas<br />
consumidores de energia.<br />
Descrição:<br />
Continuação e expansão do programa para a implementação de acções de formação<br />
específica em técnicas para o uso eficiente da energia no sector agrário, visando<br />
agricultores e criadores de gado.<br />
II – Maquinaria agrícola<br />
Medida 2: Inclusão do critério de eficiência energética no Plano de Modernização das<br />
frotas de tractores agrícolas (Plano de Renovação de Tractores).<br />
Objectivo:<br />
Promoção da substituição de parte da frota actual de tractores agrícolas por novas e mais<br />
eficientes unidades, incentivando a selecção de equipamentos com melhor avaliação<br />
energética, de que resultará numa maior economia de energia.<br />
Descrição:<br />
Para as candidaturas, estudo dos resultados obtidos e melhorar, se for considerado<br />
aconselhável, foi emitido o Decreto Real 1539/2006 de 15 de Dezembro, que regula a<br />
concessão de ajuda para o Plano de Renovação de Tractores (2007-2009) e que lida<br />
com as condições do mesmo, utilizando critérios objectivos para uma maior eficiência<br />
energética. Este Decreto Real inclui como critério de diferenciação de ajuda, um prémio<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
118
de 30 € / hp para tractores de classe A e 10 € / hp para os de classe B, de acordo com a<br />
metodologia estabelecida em conjunto pelo MAPA e IDEA.<br />
Medida 6: Melhoria da eficiência energética dos tractores em uso através das TIV –<br />
inspecções técnicas.<br />
Objectivo:<br />
Melhorar a manutenção da frota em uso de tractores nacionais, a fim de aumentar a sua<br />
eficiência energética e economia de combustível.<br />
Descrição:<br />
Introdução na rede TIV de inspecções sobre os elementos com impacto decisivo sobre o<br />
consumo de tractores.<br />
III – Agricultura de irrigação<br />
Medida 3: Incentivos para a migração de sistemas de irrigação por aspersão para<br />
irrigação localizada.<br />
Objectivo:<br />
Redução do consumo de energia por meio da substituição de sistemas de irrigação por<br />
pulverização por sistemas de irrigação localizada, para terras e culturas que permitem<br />
essa substituição.<br />
Descrição:<br />
As medidas que devem ser adoptadas para a consecução do objectivo acima indicado<br />
incluem as seguintes acções:<br />
- Inclusão, dentro das regras para uso de água para irrigação, de um conjunto de<br />
directrizes que direccionem os agricultores para sistemas de irrigação localizada, por<br />
oposição à irrigação por aspersão.<br />
- Apoio técnico e económico para a implementação desta migração.<br />
Medida 5: Execução de Auditorias Energéticas e definição de Planos de Acção para<br />
melhorias nas Comunidades de Irrigação.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
119
Objectivo:<br />
Promover a poupança e a introdução de medidas de eficiência energética no sector da<br />
agricultura de irrigação.<br />
Descrição:<br />
Execução de Auditorias Energéticas em Comunidades de Irrigação, a abordagem de<br />
base para este tipo de acção. Os resultados obtidos vão apoiar a introdução de um<br />
―Plano de Acção para a melhoria do rendimento energético em Comunidades de<br />
Irrigação‖.<br />
IV - Pesca<br />
Medida 4: Melhoria da Poupança e Eficiência Energética no Sector das Pescas.<br />
Objectivo:<br />
Promover a poupança e a implementação de medidas de eficiência energética no sector<br />
das pescas por introdução de tecnologias eficientes.<br />
Descrição:<br />
A eficiência energética é pobre em geral no sector das pescas e o aumento do preço do<br />
petróleo dará origem a um grave problema para o sector. Com uma frota registada de<br />
mais de 10.000 navios e de emprego directo de cerca de 45.000 pessoas, o combustível<br />
é responsável por uma elevada percentagem dos custos totais.<br />
A melhor opção para enfrentar estes problemas deve ser, colocando a fé em tecnologias<br />
que reduzam o consumo, a obtenção tanto de melhorias competitivas no sector pesqueiro<br />
nacional, como no desenvolvimento tecnológico por parte de empresas espanholas, que<br />
seriam capazes de comercializar novos produtos e serviços para o mercado interno como<br />
para a exportação.<br />
Neste contexto, o Conselho de Ministros, na sua reunião de 03 de Junho de 2005, já<br />
aprovou um plano de acção para o sector de pesca espanhola, posteriormente alterada<br />
em Novembro 2005, que analisou, entre outras acções, a elaboração de propostas para a<br />
melhoria na utilização e eficiência energética deste sector.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
120
V - Agricultura de Conservação<br />
Medida 7: Suporte à migração para uma agricultura de conservação (sementeira directa<br />
em cultivos extensivos e cobertura do solo com culturas lenhosas).<br />
Objectivo:<br />
O objectivo desta medida é incentivar a migração da agricultura tradicional para a<br />
agricultura de conservação (sementeira directa em culturas extensivas e cobertura do<br />
solo com culturas lenhosas) para reduzir o consumo energético do sector.<br />
Descrição:<br />
Esta medida visa apoiar, técnica e economicamente, a migração da agricultura tradicional<br />
para agricultura de conservação. Além de outras vantagens ambientais, com técnicas de<br />
agricultura de conservação (essencialmente a sementeira directa e o uso de cobertura do<br />
solo com árvores de fruto), a maior parte do trabalho sobre o solo é eliminado, o que dá<br />
origem a uma poupança importante de combustível. Isto encoraja o efeito de retenção de<br />
carbono dos solos por fixação de carbono atmosférico. A agricultura de conservação, em<br />
comparação com a agricultura tradicional e para a maioria de culturas, produz uma<br />
economia de energia estimada em mais de 10-15% e um aumento na produtividade de<br />
energia de mais de 30%. Na agricultura de conservação, a contribuição do efeito de<br />
retenção do carbono pelo solo, de acordo com estudos recentes, uma fixação de 18<br />
toneladas por hectare. Significa que, dada que 1 tonelada de carbono produz 3,7<br />
toneladas de CO2 por oxidação, que em cada hectare, devido a este conceito, é poupada<br />
a emissão de cerca de 66,6 toneladas de CO2. Este Plano não tomou em consideração<br />
esta poupança de CO2 por fixação de carbono no solo. Se levarmos em conta que essa<br />
fixação ocorre ao longo de 20 anos, pode ser estimado que a economia anual de<br />
emissões é de aproximadamente 3,33 toneladas de CO2/ha por ano.<br />
VI - Medidas legislativas<br />
As medidas legislativas ou regulamentares previstas para o sector estão resumidas como<br />
se segue:<br />
- Decreto Real 1539/2006 de 15 de Dezembro, que regula a concessão de auxílios para o<br />
Plano de renovação dos tractores (com prémios para os de classe A e B).<br />
- Regulamentação de incentivos (Plano Nacional de Irrigação) para a migração de<br />
irrigação por aspersão para irrigação localizada. Além disso, o Parlamento está<br />
considerando um projecto de lei para o desenvolvimento rural sustentável, que inclui<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
121
medidas para promover fontes de energia renováveis e eficiência no uso dos recursos<br />
energéticos neste domínio.<br />
Como já mencionado, os seguintes itens também podem ser citados:<br />
Obrigatoriedade de rotulagem energética dos novos tractores.<br />
Manutenção e inspecção obrigatória de tractores em uso através das TIV.<br />
Plano de acção obrigatória para melhorar os consumos de energia nas<br />
comunidades de irrigação.<br />
Desenvolvimento de regulamentação sobre a construção de instalações pecuárias<br />
energeticamente eficientes.<br />
Avaliação dos resultados<br />
A fim de ser capaz de se avaliar o comportamento do sector de acordo com parâmetros<br />
quantificáveis relativamente ao lançamento dos diferentes tipos de medidas, foi definido<br />
um conjunto de indicadores para cada medida.<br />
Conclusões do Sector<br />
Dos trabalhados analisados e das medidas identificadas, apresenta-se a seguir um<br />
resumo que retracta sugestões de medidas de eficiência energética para o sector em<br />
causa.<br />
Energias alternativas<br />
Co-geração, com introdução de biodigestores e produção de metano;<br />
Co-geração com utilização de motores a pistão, com produção simultânea de<br />
electricidade e água quente.<br />
Força motriz<br />
Variadores de velocidade em bombas e motores;<br />
Mudança/utilização de motores de alta eficiência.<br />
Sistema de ar comprimido<br />
Melhorar a monitorização, fazer upgrading tecnológico dos sistemas de ar comprimido,<br />
melhorar a eficiência da secagem do ar.<br />
Iluminação<br />
Instalação de iluminação energeticamente eficiente.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
122
Climatização<br />
Aproveitamento do ar frio exterior (no Inverno) para refrigerar produtos;<br />
Variadores de velocidade em ventoinhas de ventilação.<br />
Caldeiras de água quente / termo fluido / geradores de ar quente<br />
Modernização tecnológica das caldeiras mais antigas por modelos energeticamente<br />
mais eficientes;<br />
Utilização de água aquecida à temperatura adequada, em vez de injecção de vapor;<br />
Assegurar que as mangueiras de água quente estão desligadas e que os<br />
procedimentos para as operações de limpeza locais demoram o tempo correcto;<br />
Manutenção de tubagens de água quente e vapor livres de vazamentos e fugas;<br />
Melhorar a eficiência das caldeiras através da instalação de controlo de entrada de ar<br />
para a combustão (low-excess);<br />
Recuperação do calor de efluentes líquidos através de permutadores;<br />
Adequar os bicos das mangueiras à função, evitando o desperdício;<br />
Tratar os derramamentos sólidos como resíduos sólidos, limpando em vez de lavar.<br />
Geradores de vapor<br />
Recompressão mecânica do vapor;<br />
Modernização tecnológica das caldeiras mais antigas por modelos energeticamente<br />
mais eficientes;<br />
Manutenção de tubagens de água quente e vapor livres de vazamentos;<br />
Melhorar a eficiência das caldeiras através da instalação de controlo de entrada de ar<br />
(low-excess).<br />
Fornos e estufas<br />
Melhorar a eficiência das caldeiras através da instalação de controlo de entrada de ar<br />
(low-excess).<br />
Colaboradores<br />
Campanhas de comunicação/ promoção de técnicas eficientes para a utilização<br />
eficiente da energia na agricultura.<br />
Outros<br />
Estabelecimento de melhores práticas de monitorização;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
123
Alteração das práticas de trabalho (por ex., mudar para semana de sete dias,<br />
prolongar o período entre clean-ups);<br />
Criação de directrizes sobre a utilização da água e criação de um programa de<br />
incentivos para a migração de sistemas de irrigação por aspersão para irrigação<br />
localizada;<br />
Fornecer apoio técnico e económico para a implementação da medida anterior;<br />
Promoção de Auditorias Energéticas e definição de Planos de Acção para melhorias<br />
nas Comunidades de Irrigação;<br />
Criação de subsídios para a renovação/modernização dos tractores e inclusão do<br />
critério de eficiência energética (rótulo energético) para a obtenção de apoios;<br />
Introdução de rotulagem energética em tractores novos para melhorar a eficiência<br />
energética dos mesmos;<br />
Introdução da inspecção periódica obrigatória para tractores (TIV);<br />
Novas regulamentações sobre a construção de instalações pecuárias eficientes<br />
energeticamente;<br />
Promoção do abandono de utilização dos combustíveis fósseis e lenha;<br />
Promoção da agricultura de conservação;<br />
Planos de melhoria da Poupança e da eficiência energética nas Pescas, apoiando a<br />
modernização tecnológica da frota pesqueira;<br />
Criação de uma linha editorial sobre o tema da eficiência energética no sector agrário<br />
e promover a sua divulgação;<br />
Definição de planos de formação e formação de formadores em técnicas de eficiência<br />
na utilização de energia na agricultura.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
124
SECTOR TÊXTIL E VESTUÁRIO<br />
IDENTIFICAÇÃO DE PROJECTOS E ESTUDOS SECTORIAIS<br />
OPORTUNIDADES DE MELHORIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA<br />
INDÚSTRIA TÊXTIL 18 - ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA<br />
INTRODUÇÃO<br />
O objectivo deste estudo é preparar e divulgar o know-how e as melhores práticas em<br />
termos de tecnologias de eficiência energética para as indústrias têxteis.<br />
A indústria têxtil é uma das mais complicadas indústrias devido à heterogeneidade do<br />
sector e à sua fragmentação em Pequenas e Médias Empresas (PME).<br />
A energia é um dos principais componentes do custo na indústria têxtil.<br />
Melhorar a eficiência energética devia ser uma das principais preocupações das<br />
empresas têxteis.<br />
Existem muitas oportunidades de melhoria da eficiência energética que apresentam uma<br />
relação custo-benefício directa.<br />
No entanto, nem sempre estas medidas são implementadas, principalmente pelo facto<br />
das empresas têxteis serem PME’s e estarem limitadas em termos de recursos que<br />
permitam tomar conhecimento das medidas e de como as implementar<br />
DESCRIÇÃO<br />
Devido ao elevado número de processos na indústria têxtil este estudo aborda os quatro<br />
principais processos têxteis:<br />
Fiação;<br />
Tecelagem;<br />
Processos húmidos (preparação, tingimento, estampagem e acabamento);<br />
Produção de fibras sintéticas.<br />
À medida que enfrentam uma competitividade à escala global, as empresas procuram<br />
oportunidades para reduzirem os seus custos sem afectarem negativamente o seu<br />
rendimento nem a sua qualidade.<br />
18 Energy- Efficiency Improvement Opportunities for the Textile Industry USA<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
125
Um investimento bem sucedido em tecnologias e em práticas de melhoria da eficiência<br />
energética respondem ao desafio da manutenção de rendimentos e qualidade apesar da<br />
redução de custos.<br />
Isto é tanto mais importante na medida em que, frequentemente, as medidas de<br />
eficiência energética trazem outros benefícios, nomeadamente quanto à redução do<br />
consumo de água e de matérias-primas.<br />
A eficiência energética é uma componente importante na estratégia de uma empresa na<br />
actual conjuntura industrial.<br />
Em muitos países existem políticas governamentais de apoio às empresas para<br />
melhorarem a sua competitividade através da implementação de medidas de eficiência<br />
energética e de redução do impacto ambiental.<br />
Este estudo fornece informação sobre tecnologias e medidas aplicáveis à indústria têxtil,<br />
incluindo casos de estudo e informação sobre as poupanças conseguidas sempre que<br />
possível.<br />
Para algumas medidas, o estudo apresenta um leque de poupanças e de períodos de<br />
payback.<br />
Este estudo apresenta cerca de 190 medidas e tecnologias de eficiência energética para<br />
os quatro principais subsectores da indústria têxtil que podem ser encontradas nos<br />
capítulos a seguir indicados de acordo com o tipo de produção:<br />
Fiação: capítulos 3.2, 4.2.1, 5, 6.1, 6.5.<br />
Tecelagem: capítulos 3.3, 4.2.3, 5, 6.2, 6.5.<br />
Processos húmidos: capítulos 3.4, 4.2.2, 4.2.3, 5, 6.3, 6.5, 7, 8.<br />
Fibras sintéticas: capítulos 3.1, 5, 6.4, 6.5, 8.<br />
RESULTADOS<br />
De seguida apresentam-se quadros resumos com algumas das medidas indicadas para<br />
cada um dos subsectores abordados neste estudo:<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
126
Fiação<br />
Medida / Tecnologia de eficiência energética<br />
Optimização do diâmetro do anel em relação ao título<br />
do fio<br />
Uso de bobines de baixo peso<br />
Substituição das ventoinhas convencionais em<br />
alumínio por ventoinhas em fibra, energeticamente<br />
eficientes, no sistema de aspiração<br />
Funcionamento em modo intermitente do transportador<br />
de bobines vazias do Autooconer<br />
Instalação de variadores de frequência nos motores<br />
das bombas do sistema de humidificação<br />
Melhoria do factor de potência da fábrica (redução da<br />
potência reactiva)<br />
Poupança em electricidade<br />
10% da energia usada pelo anel<br />
10.8 MWh / ano / estrutura de<br />
anéis<br />
5.8 – 40 MWh/ano/ventoinha<br />
49.4MWh/ano<br />
35 MWh/ano<br />
24.1MWh/ano<br />
Tecelagem<br />
Medida / Tecnologia de eficiência energética<br />
Ajuste da pressão do ar comprimido nos teares de<br />
jacto de ar<br />
Reparação das fugas de ar do sistema de ar<br />
comprimido<br />
Substituição dos motores eléctricos por motores<br />
eficientes<br />
Poupança em electricidade<br />
440.000 USD /ano/ 500 teares de<br />
jacto de ar<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
127
Processos húmidos (preparação, tingimento, estampagem, acabamento)<br />
Medida / Tecnologia de eficiência energética<br />
Instalação de recuperadores de calor nas máquinas de<br />
lavagem em contínuo<br />
Redução da pressão do vapor directo nas máquinas de<br />
lavagem em contínuo<br />
Instalação de variadores de frequência nos motores<br />
das bombas das máquinas de tingimento<br />
Recuperação da água de arrefecimento das máquinas<br />
de tingimento<br />
Instalação de válvulas automáticas de controlo de<br />
vapor<br />
Recuperação dos condensados<br />
Utilização de máquinas de tingir por micro-ondas<br />
Poupança em combustível /<br />
electricidade<br />
5 GJ/tonelada de tecido<br />
26.9 MWH/ano/máquina<br />
1.6 – 2.1 GJ/tonelada de tecido<br />
3250 GJ/ano<br />
1.3-2 GJ/tonelada tecido acabado<br />
96% consumo de vapor<br />
90% consumo electricidade<br />
Fibras sintéticas<br />
Medida / Tecnologia de eficiência energética<br />
Instalação de variadores de frequência nos<br />
ventiladores de ar quente no secador de pós<br />
tratamento na produção de filamentos de viscose<br />
Utilização de permutadores de calor no secador de<br />
produção de viscose<br />
Utilização de equipamento produção de fio de alta<br />
velocidade<br />
Poupança em electricidade<br />
105 MWh/ano/secador<br />
55 MWh/máquina 16 fusos/ano<br />
Para cada medida apresentada deve ser feito uma avaliação adaptada à empresa em<br />
questão de forma a verificar a sua aplicabilidade e as vantagens económicas de acordo<br />
com as suas práticas.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
128
RECUPERAÇÃO DE CALOR NO TINGIMENTO E NO ACABAMENTO 19 -<br />
MAURÍCIAS<br />
INTRODUÇÃO<br />
As actividades de tingimento e de Acabamento são actividades de uso intensivo de<br />
energia, dependendo na sua maioria de combustíveis fósseis importados.<br />
Apostando na recuperação de calor podem-se conseguir importantes poupanças,<br />
melhorando a competitividade e os resultados das empresas.<br />
As técnicas e tecnologias de recuperação de calor serão analisadas neste estudo.<br />
A experiência mostra que na maior parte dos casos a recuperação de calor requer baixos<br />
investimentos e tem um payback inferior a dois anos.<br />
No caso da indústria de tinturaria e acabamentos das Maurícias revelou ainda o facto da<br />
produção dos equipamentos de recuperação de calor poderem ser feitos com recursos<br />
locais.<br />
Este estudo foca-se na utilização de vapor nas fábricas têxteis e na redução de custos<br />
conseguida.<br />
DESCRIÇÃO<br />
Situações de eficiência energética - Recuperação de calor da água<br />
- Reutilização<br />
A primeira opção a considerar na recuperação de calor é a reutilização das águas<br />
residuais quente. Desta forma, podem-se recuperar a água, os químicos residuais e a<br />
energia térmica.<br />
A reutilização das águas residuais é possível no caso das operações de tingimento por<br />
esgotamento bem como nos casos das lavagens.<br />
Especialistas em tingimento afirmam que as águas residuais de cores claras podem ser<br />
reutilizadas até vinte vezes.<br />
19 Heat recovery in the textile dyeing and finishing industry: lessons from developing economies<br />
Maurícias - Khalil Elahee<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
129
- Águas de arrefecimento<br />
Arrefecer os banhos é uma operação comum na indústria têxtil. A recuperação do calor<br />
dos banhos quentes através da água de arrefecimento dos banhos pode ser considerada<br />
como um processo de recuperação de energia.<br />
Essa água aquecida é recolhida e reutilizada conseguindo-se uma poupança em água e<br />
em energia.<br />
- Recuperação de calor das águas residuais centralizada<br />
Os processos não contínuos são muito comuns nas fábricas têxteis. Este facto significa<br />
que largas quantidades de águas residuais são geradas de forma intermitente por vários<br />
equipamentos e em vários locais da fábrica.<br />
Se as águas residuais não podem ser reutilizadas nem o seu calor aproveitado<br />
localmente é de considerar a instalação de uma central de recolha destas águas<br />
residuais.<br />
Esta opção envolve o armazenamento das águas residuais num grande tanque sendo<br />
depois bombeadas através de um permutador de calor para aquecer água limpa do<br />
processo.<br />
- Recuperação de condensados<br />
O consumo de fuel numa tinturaria decresce em 1% por cada aumento em 6º da água de<br />
alimentação da caldeira.<br />
Pela pureza e pela elevada temperatura, os condensados devem voltar á caldeira<br />
excepto nos casos em que haja risco de contaminação ou a caldeira esteja muito<br />
afastada.<br />
Recuperação de calor do ar<br />
A evaporação da água é um processo de energia intensiva, chegando a ser cerca de<br />
50% do consumo total.<br />
O potencial de recuperação de energia do ar quente de exaustão é apenas ultrapassado<br />
pelo da recuperação das águas residuais.<br />
Características da recuperação de calor do ar quente de exaustão:<br />
O ar quente de exaustão tem duas fontes:<br />
A termofixação e outros processos similares de acabamento produzem ar a cerca<br />
de 180ºC.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
130
A Secagem é uma fonte de ar quente húmido. Normalmente a entalpia latente é<br />
superior a 50% da entalpia total e a temperatura de bolbo seco é de cerca de<br />
150ºC.<br />
A recuperação de calor consegue-se pela recuperação da entalpia latente na<br />
humidade dos gases de exaustão.<br />
Opções alternativas - Co-geração ou sistema de produção combinada de calor<br />
(PCP)<br />
Uma instalação PCP gera electricidade e a energia residual é usada nos processos de<br />
aquecimento.<br />
Desta forma, uma parte da energia eléctrica da empresa é satisfeita internamente.<br />
A PCP permite um autonomia no fornecimento de energia eléctrica e uma poupança em<br />
cerca de 40%.<br />
As instalações de PCP tornam-se muito atractivas para produção de água quente e ar<br />
comprimido.<br />
RESULTADOS<br />
As técnicas e as tecnologias na implementação da gestão energética na utilização do<br />
vapor, incluindo a recuperação de calor, variam em termos de âmbito de aplicação,<br />
custos e benefícios.<br />
Com a subida dos preços dos combustíveis fósseis, a introdução gestão da energia na<br />
indústria têxtil é urgente uma vez que a geração de vapor recorre na maior parte das<br />
vezes a este tipo de combustíveis.<br />
A introdução de técnicas e tecnologias de baixo custo podem significar uma redução<br />
significativa dos consumos de vapor.<br />
Embora algumas tecnologias sejam ainda relativamente dispendiosas os seus benefícios<br />
vão para além da poupança de energia. Os ganhos em qualidade, produtividade e<br />
rapidez de resposta bem como benefícios ambientais são aspectos significativos.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
131
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E RISCOS AMBIENTAIS ESPANHA 20<br />
INTRODUÇÃO<br />
Os pesos energéticos do sector têxtil/confecção têm vindo a diminuir devido à<br />
progressiva automatização dos processos.<br />
As melhorias dos processos produtivos com a adição de tecnologias mais eficientes e<br />
sustentáveis, a renovação de equipamentos obsoletos e a gestão adequada dos<br />
processos de produção e serviços são as linhas básicas de acção que vão levar a<br />
intensidades mais baixas de energia.<br />
No geral, as actividades de fiação, tecelagem e preparação de tecelagem e vestuário<br />
apresentam o consumo de energia mais exigente, principalmente devido ao tratamento<br />
das fibras nas fases iniciais do processo de produção que é feito com máquinas<br />
eléctricas.<br />
O sistema de ar condicionado também é outro dos maiores consumos devido ao uso de<br />
processos de calor que têm de ser compensados.<br />
Finalmente, observa-se que uma percentagem da energia consumida por perdas<br />
apresenta uma grande oportunidade de melhoria.<br />
Além disso, os processos de acabamento têxtil são de elevado consumo de energia<br />
térmica e de consumo de água elevado.<br />
DESCRIÇÃO E RESULTADOS<br />
Em relação às tecnologias da indústria têxtil que mais consumo de energia representam e<br />
nas quais conseguir uma poupança significaria um maior impacto nos resultados temos:<br />
Equipamentos eléctricos<br />
Motores;<br />
Equipamentos informáticos;<br />
Iluminação das instalações;<br />
Equipamentos térmicos<br />
Caldeiras;<br />
Secadores;<br />
Linhas de vapor e condensados;<br />
20 Observatorio Industrial del Sector Textil e de la Confección<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
132
Consumo de água e posterior tratamento<br />
Sistema de climatização<br />
Implementação de novas tecnologias<br />
Plasma;<br />
Fotovoltaica;<br />
Biotecnologia;<br />
Biomassa;<br />
Co-geração;<br />
Informação e consciencialização dos colaboradores<br />
São também apresentadas um conjunto de boas práticas que permitem reduzir o<br />
consumo energético no sector têxtil<br />
Boas práticas em motores eléctricos<br />
- Não utilizar equipamentos sobredimensionados<br />
- Substituir motores antigos por motores mais eficientes<br />
- Melhorar a tensão de alimentação<br />
- Instalar dispositivos que permitam ajustar o arranque dos motores<br />
Boas práticas em equipamentos em equipamentos informáticos<br />
- Desligar os equipamentos se não se forem utilizar por um período superior a uma<br />
hora e no final do dia de trabalho<br />
- Utilizar o estado de stand-by nas impressoras<br />
- Apagar os monitores quando não estiverem a ser usados<br />
- Substituição gradual dos computadores desktop por computadores portáteis<br />
Boas práticas nos sistemas de iluminação<br />
- Utilizar a luz natural<br />
- Realizar manutenção periódica<br />
- Reduzir ao mínimo a iluminação em exteriores<br />
- Verificar as normas de iluminação com um luxómetro<br />
- Separação por zonas<br />
- Utilizar sensores de ocupação<br />
- Utilizar tecnologia LED sempre que possível<br />
- Implementação de balastros electrónicos em lâmpadas fluorescentes<br />
- Utilização de temporizadores programáveis<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
133
Boas práticas em Caldeiras<br />
- Controlar periodicamente a relação ar/combustível pela análise dos gases de<br />
combustão<br />
- Reduzir a pressão de vapor à mínima necessária ao processo<br />
- Efectuar manutenção regularmente para evitar fugas de vapor<br />
- Substituir queimadores por unidades mais eficientes<br />
- Usar gás natural em substituição do fuel<br />
- Instalar recuperadores de calor dos gases da combustão<br />
- Isolar as tubagens<br />
- Considerar a implementação de um sistema de co-geração<br />
Boas práticas na secagem<br />
- Utilizar o tipo de secador com consumo energético mínimo<br />
- Secar o mínimo possível em termos absolutos<br />
- Instalar um sistema de controlo do processo<br />
- Recuperar calor da exaustão<br />
- Optimizar as condições de funcionamento do secador<br />
Boas práticas em vapor e condensados<br />
- Retorno de condensados<br />
- Reparar fugas de vapor<br />
- Tratamento da água<br />
- Utilizar as perdas de calor para pré-aquecer a água de alimentação da caldeira<br />
- Isolar tubagens<br />
- Realizar manutenção eficaz<br />
- Controlo de carga<br />
Boas práticas no consumo de água<br />
- Poupança de energia térmica devido a um aquecimento / arrefecimento mais rápido<br />
- Possibilidade de recuperar a energia térmica do banho<br />
- Reutilizar águas de lavagem<br />
Boas práticas de climatização<br />
- Montar os equipamentos de ar condicionado em locais frescos, ventilados e à<br />
sombra<br />
- Evitar o sobredimensionamento dos equipamentos<br />
- Seleccionar a temperatura certa<br />
- Considerar o uso de variadores de velocidade<br />
- Considerar o uso de motores de alta eficiência nos ventiladores<br />
Boas práticas – Plasma<br />
- A tecnologia plasma melhora as propriedades de adesão dos polímeros aos tecidos,<br />
gerando menores consumos energéticos<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
134
Boas práticas – Fotovoltaica<br />
- Através de painéis fotovoltaicos aproveita-se a energia solar para a geração de<br />
energia eléctrica e energia térmica<br />
Boas práticas – Biotecnologia<br />
- Emprego de enzimas como substitutos de produtos químicos<br />
- Uso no tratamento de águas residuais<br />
Boas práticas – Biomassa<br />
- Aproveitamento de resíduos da própria empresa (reutilização própria ou externa), de<br />
baixo impacto ambiental<br />
Boas práticas em co-geração<br />
- A opção de co-geração por turbinas permite a utilização de combustíveis muito<br />
económicos (resíduos)<br />
- A opção de co-geração por motores alternativos permite aproveitar o calor que se<br />
liberta<br />
- A opção de co-geração por turbinas de gás é uma opção economicamente mais<br />
interessante que com turbinas de vapor porque permite uma maior produção de<br />
energia eléctrica<br />
Boas práticas na participação dos colaboradores<br />
- Realizar formação e sensibilização das pessoas adaptada ao seu posto de trabalho<br />
- Informar e comunicar aos colaboradores as medidas de poupança de energia que a<br />
empresa quer adoptar<br />
- Implementar a figura do gestor de energia como agente responsável pelos<br />
programas de gestão eficiente da energia e pelas auditorias energéticas<br />
- Promover a participação dos colaboradores na gestão energética (caixas de<br />
sugestões)<br />
- Implementar um sistema de gestão ambiental normalizado (ISO 14000 ou EMAS)<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
135
PROMOÇÃO DE PRÁTICAS DE GESTÃO DA ENERGIA NAS INDÚSTRIAS<br />
TÊXTEIS DA GRÉCIA, PORTUGAL, ESPANHA E BULGÁRIA 21<br />
INTRODUÇÃO E DESCRIÇÃO<br />
A industria têxtil e da confecção é uma das mais globalizadas do mundo.<br />
Representa 6% da produção mundial e 14% do emprego nas indústrias transformadoras.<br />
Este relatório foi criado no âmbito do projecto europeu EMS-Textile sobre a promoção de<br />
práticas de Gestão de Energia nas indústrias têxteis da Grécia, Portugal, Espanha e<br />
Bulgária.<br />
O sistema de gestão de energia apresentado é aplicável nas típicas empresas<br />
mediterrânicas. Muitas delas têm menos de 10 trabalhadores e a maioria menos de 100<br />
trabalhadores. Este deve ser ajustável à situação presente e futura de cada empresa.<br />
O projecto está focado nas empresas têxteis dos países participantes mas a divulgação<br />
das acções atingirão outros sectores industriais e outros países da Europa.<br />
Cada processo de produção tem diferentes necessidades energéticas de acordo com as<br />
matérias-primas e os produtos finais. Também o tipo de energia varia, sendo que alguns<br />
processos necessitam de mais energia eléctrica e outros mais energia térmica.<br />
Estas características determinam a importância da conservação de energia em cada<br />
subsector e a adequação das medidas necessárias.<br />
Os subsectores considerados foram:<br />
Fiação;<br />
Tecelagem;<br />
Tinturaria;<br />
Estampagem e Acabamento.<br />
As boas práticas de cada país<br />
Grécia<br />
- Recuperação do calor dos banhos de tingimento e das águas residuais;<br />
- Recuperação de calor dos gases de exaustão nos processos de secagem;<br />
- Instalação de condensadores para correcção do factor de potência;<br />
21 Gestão Energética na Industria Têxtil<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
136
- Melhorias em iluminação, isolamento, instalações de vapor e ar quente, operação dos<br />
motores;<br />
- Monitorização do consumo de energia.<br />
Espanha<br />
- Reutilização das águas residuais após recuperação em estações de tratamento<br />
próprias;<br />
- Instalação de unidades de co-geração;<br />
- Uso de gás natural em vez de fuel;<br />
- Utilização do calor residual dos processos para pré-aquecimento de água e de<br />
máquinas;<br />
- Minimização do consumo de electricidade para iluminação através de instalação de -<br />
sensores de movimento nas salas dos teares.<br />
Portugal<br />
- Utilização de variadores de velocidade;<br />
- Correcção do factor de potência;<br />
- Utilização de sistemas de gestão e monitorização de energia;<br />
- Controlo da temperatura do ar à entrada nos sistemas de climatização;<br />
- Recuperação de calor dos gases de exaustão;<br />
- Utilização de lâmpadas eficientes;<br />
- Exploração da iluminação natural;<br />
- Manutenção e limpeza das iluminarias;<br />
- Utilização do ar comprimido na pressão mínima necessária;<br />
- Manutenção para redução de fugas na instalação;<br />
- Utilização de ar frio exterior para o compressor;<br />
- Isolamento dos depósitos de condensados;<br />
- Instalação de equipamentos de co-geração;<br />
- Substituição de caldeiras a diesel ou fuel por caldeiras a gás natural;<br />
- Recuperação de calor dos gases de exaustão da caldeira para pré-aquecimento de<br />
água ou ar;<br />
- Controlo da combustão;<br />
- Instalação de queimadores a gás natural em secadores;<br />
- Extracção mecânica da água antes da secagem;<br />
- Recuperação de calor dos gases de exaustão da secagem para pré-aquecimento de<br />
água ou ar;<br />
- Utilização de equipamentos de tinturaria com baixas relações de banho.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
137
Bulgária<br />
- Operação dos equipamentos com a carga total;<br />
- Manutenção periódica dos equipamentos de consumo de energia intensiva;<br />
- Consumo de energia nos períodos de tarifa mais baixa;<br />
- Melhoria do isolamento dos equipamentos;<br />
- Motivação e formação dos trabalhadores;<br />
- Modernização dos sistemas de iluminação, climatização e ventilação;<br />
- Optimização da utilização da caldeira e do vapor;<br />
- Utilização de novas fontes de energia;<br />
- Introdução de novas tecnologias de produção;<br />
- Importação de novos equipamentos mais eficientes;<br />
- Redução das perdas de energia em climatização nos edifícios.<br />
RESULTADOS<br />
Grécia<br />
O potencial de poupança de energia com as boas práticas apresentadas para o sector<br />
têxtil Grego é de 10 a 15%.<br />
Bulgária<br />
No caso da Bulgária as poupanças esperadas com a aplicação das boas práticas são<br />
indicadas na tabela seguinte:<br />
BULGÁRIA<br />
Medidas<br />
Poupança<br />
- Operação dos equipamentos com a<br />
carga total<br />
- Consumo de energia nos períodos de<br />
tarifa mais baixa<br />
- Melhoria do isolamento dos<br />
equipamentos<br />
- Motivação e formação dos<br />
trabalhadores<br />
5 – 15%<br />
- Modernização dos sistemas de<br />
iluminação, climatização e ventilação<br />
- Optimização da utilização da caldeira e<br />
do vapor<br />
- Utilização de novas fontes de energia<br />
10-20%<br />
NOTA: Para Portugal e Espanha o estudo não refere qualquer expectativa / objectivos de<br />
resultados associados às medidas apresentadas.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
138
CASOS DE SUCESSO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EMPRESAS<br />
EMPRESA DE IMPRESSÃO TÊXTIL DO GANA, LTD 22<br />
INTRODUÇÃO<br />
O desperdício de energia tem sido identificado como uma das principais causas dos<br />
elevados custos industriais no Gana.<br />
Está provado que a eficiência energética conduz a uma redução desses custos o que<br />
potencia a competitividade das indústrias do Gana quer localmente quer<br />
internacionalmente.<br />
A Ghana Textile Printing Company, uma empresa têxtil do Gana tomou várias medidas<br />
para reduzir os custos com a energia e consequentemente os custos de produção.<br />
DESCRIÇÃO<br />
Medidas adoptadas<br />
As medidas, que foram implementadas ao longo de dois anos foram:<br />
a) Melhoria da eficiência da caldeira;<br />
b) Monitorização continua do consume de energia e comparação com os níveis de<br />
produção;<br />
c) Formação aos funcionários sobre o desligar da iluminação e dos equipamentos<br />
quando não estão em uso:<br />
d) Correcção do factor de potência;<br />
e) Instalação de clarabóias para permitir o uso de luz natural.<br />
Antes destas medidas serem implementadas, o consume médio de electricidade era de<br />
322,3kWh por 1,000 metros de tecido produzido, tendo este consumo diminuído para<br />
301,35 kWh após a implementação das medidas de eficiência energética.<br />
Esta redução representou uma poupança de 6.5% equivalente a 207,000 kWh ou<br />
267.500€.<br />
22 GANA - The Energy Foundation<br />
Ghana Textile Printing Company Ltd<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
139
Resumo das poupanças conseguidas<br />
Medidas<br />
Medidas de poupança de<br />
energia eléctrica<br />
Medidas de poupança em<br />
fuel e matérias-primas<br />
Poupança<br />
Valor da poupança<br />
(Euros)<br />
207.000 kWk 267.500<br />
310.000 Kg 1.380.600<br />
TOTAL 1.648.100 €<br />
RESULTADOS<br />
A abordagem pela gestão integrada da energia como um suporte efectivo à gestão<br />
ajudou a empresa a conseguir melhorias significativas na utilização da energia com a<br />
correspondente redução nos custos de produção.<br />
Desta acção resultou uma poupança de 1.648.100 euros.<br />
A experiência da GTP confirmou que a energia pode ser gerida da mesma forma que as<br />
matérias-primas.<br />
A gestão de energia deve ser considerada como um processo contínuo.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
140
COMPRA ENERGÉTICA CONJUNTA - GRÉMIO DE FABRICANTES DE<br />
SABADELL – ESPANHA 23<br />
INTRODUÇÃO E DESCRIÇÃO<br />
A possibilidade das empresas têxteis de se agruparem a fim de conseguir os melhores<br />
preços possíveis nos seus fornecimentos energéticos, mostrou-se, nos últimos anos,<br />
como uma das possibilidades de poupança mais simples empreendidas pelos<br />
empresários.<br />
Várias empresas do sector têxtil catalão agruparam-se para realizar a compra conjunta<br />
de energia utilizando uma plataforma associativa comum a todas elas, utilizando o<br />
Grémio de Fabricantes de Sabadell, como suporte para a compra conjunta, com três<br />
objectivos a alcançar:<br />
Facilitar o acesso ao mercado energético a todos os associados.<br />
Oferecer aos agentes comercializadores do mercado energético um volume de<br />
energia suficientemente atractivo.<br />
Iniciar as empresas do sector têxtil na cultura do controlo energético.<br />
RESULTADOS<br />
Graças a esta acção, as poupanças conseguidas desde Dezembro de 2008 até Setembro<br />
de 2010 foram superiores a milhão e meio de euros (1.654.899,00€).<br />
O preço da electricidade era de 10.20 cêntimos de €/kWh e com a compra conjunta<br />
passou para 9,00 cêntimos de €/kWh.<br />
As poupanças conseguidas estão apresentadas na tabela seguinte.<br />
Electricidade<br />
Gás Natural<br />
Total Consumo (kWh) 113.508.497,00 209.981.676,00<br />
Custo do consumo antes da compra<br />
conjunta (€)<br />
Custo do consumo após a compra<br />
conjunta (€)<br />
11.577.866,00 6.929.394,00<br />
10.217.467,00 6.634.895,00<br />
Poupança económica total (€) 1.360.399,00 294.500,00<br />
Devido à negociação conjunta da compra de electricidade e de gás natural consegue-se<br />
uma poupança de 65% na electricidade e de 35% no gás natural.<br />
23 Observatorio Industrial del Sector Textil e de la Confección<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
141
CASOS DE SUCESSO NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS DE<br />
PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA<br />
PLANO DE ACÇÃO DE POUPANÇA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 2011-<br />
2020 24 – ESPANHA<br />
INTRODUÇÃO<br />
A energia é um bem escasso e o seu custo é variável e de difícil previsão. Isto repercutese<br />
na competitividade de uma empresa, na medida em que a energia tem peso nos<br />
custos de operação.<br />
A redução da intensidade energética é um objectivo prioritário para qualquer economia, já<br />
que melhora a competitividade dos seus processos produtivos e reduz tanto as emissões<br />
como a factura energética.<br />
Os objectivos estratégicos definidos em volta da poupança e da eficiência energética<br />
poderiam resumir-se nos seguintes pontos:<br />
Reconhecer a poupança e a eficiência energética como um instrumento do<br />
crescimento económico e do bem-estar social;<br />
Preparar as medidas adequadas para que se alargue e se desenvolva, na<br />
sociedade, o conhecimento sobre a poupança e a eficiência energética em todas<br />
as estratégias nacionais, especialmente, na Estratégia Espanhola de Mudança<br />
Climática;<br />
Fomentar a concorrência no mercado;<br />
Consolidar a posição da Espanha na vanguarda da poupança e na eficiência<br />
energética.<br />
Este plano dá resposta à Directiva 2006/32/CE que estabelece um objectivo mínimo de<br />
poupança energética de 9% em 2016 bem como a obrigatoriedade dos estados membros<br />
de apresentar um Plano de Acção Nacional (NEEAP) onde se fixem as acções e<br />
mecanismos para conseguir os objectivos fixados. Por outro lado o Conselho Europeu<br />
fixou como objectivo para 2020 a poupança de 20% do seu consumo de energia primária.<br />
DESCRIÇÃO<br />
A consecução dos objectivos indicados nos sectores abrangidos pelo presente Plano<br />
(todos os sectores consumidores finais mais o Sector de Transformação da Energia) será<br />
possível com uma aplicação de apoios geridos pelo sector público de 4,995 M€ durante o<br />
24 Observatorio Industrial del Sector Textil e de la Confección<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
142
período 2011-2020, com os que se pretende gerar um volume de investimento de 45.985<br />
M€.<br />
As poupanças acumuladas de energia final e primária durante o período 2011-2020<br />
ascendem a 120.967 ktep e 247.791 ktep, respectivamente.<br />
Programa IDAE-CC.AA.<br />
As Comunidades Autónomas, no âmbito das suas competências, têm vindo a executar<br />
desde 2005 as medidas contidas nos Planos de Acção 2005-2007 e 2008-2012.<br />
Como resultado da assinatura de acordos de colaboração com o IDAE – Instituto para la<br />
Diversificación y Ahorro de la Energia, estabeleceu-se a forma em que as medidas<br />
deviam ser executadas: basicamente as condições dos beneficiários das ajudas públicas<br />
contempladas nos Planos das Comunidades e as intensidades máximas da ajuda<br />
A finalidade da ajuda baseia-se em:<br />
Ser um incentivo para dar prioridade a um investimento em eficiência energética;<br />
A oportunidade da ajuda pode determinar o avanço de investimentos viáveis mas<br />
não urgentes;<br />
Orientam, desde a Administração, as soluções óptimas em cada sector<br />
consumidor de energia.<br />
No âmbito do Plano Nacional foram criados os seguintes Planos Autonómicos, regulando<br />
para cada Comunidade o tipo e as categorias de projectos admissíveis:<br />
ANDALUCÍA<br />
PASENER – Plano Andaluz de Sostenibilidade Energética<br />
Agencia Andaluza de la Energia<br />
CASTILLA-LA-MANCHA<br />
PAE4+ - Plano de Acción de la Estrategia de Ahorro y Eficiencia Energetica en<br />
España<br />
Agencia de la Energia de Castilla-La-Mancha<br />
CATALUÑA<br />
Instituto Catalán de Energía<br />
COMUNIDAD VALENCIANA<br />
Plano de Ahorro y Eficiencia Energética de la Comunidad Valenciana<br />
AVE - Agencia Valenciana de la Energía<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
143
GALICIA<br />
INEGA – Instituto Energético de Galicia<br />
MADRID<br />
Programa de ayudas para promoción del ahorro y la eficiencia energética (2010)<br />
Dirección General de Industria, Energia y Minas<br />
RESULTADOS<br />
―As poupanças acumuladas de energia final e primária durante o período 2011-2020<br />
ascendem a 120.967 ktep e 247.791 ktep, respectivamente‖<br />
Para além dos resultados globais podemos encontrar outros elementos nos planos<br />
relativos às comunidades autónomas:<br />
Andalucía<br />
O Plano estabelece como objectivo a redução em 8% do consumo energético para<br />
2013, relativamente a 2006,correspondendo a 1.465 ktep<br />
Castilla-la-Mancha<br />
Para 2012 esperam uma melhoria do consumo de 8,9% o que significará uma<br />
redução de emissões de 14,8 MtCO2.<br />
Madrid<br />
O Plano estabelece como objectivo uma redução em 10% do consumo energético.<br />
CONCLUSÕES DO SETOR<br />
Dos trabalhados analisados e das medidas identificadas, apresenta-se a seguir um<br />
resumo que retracta sugestões de medidas de eficiência energética para o sector em<br />
causa.<br />
Rede eléctrica<br />
Utilizar sistemas de gestão e monitorização da energia;<br />
Corrigir do factor de potência;<br />
Energias alternativas<br />
Utilizar biomassa;<br />
Utilizar de energia fotovoltaica;<br />
Força motriz<br />
Não utilizar equipamentos sobredimensionados;<br />
Substituir motores antigos por motores mais eficientes;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
144
Melhorar a tensão de alimentação;<br />
Instalar dispositivos que permitam ajustar o arranque dos motores;<br />
Instalar variadores de frequência em motores das bombas;<br />
Instalar variadores de frequência em ventiladores dos secadores.<br />
Sistema de ar comprimido<br />
Ajuste da pressão do ar comprimido às necessidades;<br />
Eliminar fugas da rede de ar comprimido;<br />
Utilizar ar frio do exterior para alimentação do compressor.<br />
Iluminação<br />
Utilizar luz natural;<br />
Reduzir ao mínimo a iluminação exterior;<br />
Utilizar LED’s sempre que possível;<br />
Separar iluminação por zonas;<br />
Utilizar sensores de presença / movimento;<br />
Verificar as normas de iluminação;<br />
Utilizar lâmpadas mais eficientes;<br />
Utilizar temporizadores programáveis;<br />
Manutenção e limpeza das iluminarias.<br />
Climatização<br />
Montar os equipamentos de ar condicionado em locais frescos, ventilados e à sombra;<br />
Evitar o sobredimensionamento dos equipamentos;<br />
Seleccionar a temperatura certa;<br />
Considerar o uso de variadores de velocidade;<br />
Considerar o uso de motores de alta eficiência nos ventiladores;<br />
Controlo da temperatura do ar à entrada dos sistemas de climatização;<br />
Reduzir as perdas de energia em climatização nos edifícios.<br />
Energia térmica<br />
Instalar sistemas de co-geração para produção de energia eléctrica e vapor.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
145
Caldeiras de agua quente / termofluido / geradores de ar quente<br />
Controlar periodicamente a relação ar/combustível no queimador;<br />
Substituir queimadores por unidades mais eficientes;<br />
Utilizar de gás natural em substituição do fuel;<br />
Efectuar manutenção regular dos equipamentos;<br />
Instalar recuperadores de calor dos gases de combustão;<br />
Isolamento dos depósitos de condensados;<br />
Recuperar os gases de exaustão para pré-aquecimento da água.<br />
Geradores de vapor<br />
Retorno de condensados;<br />
Reparar fugas de vapor;<br />
Tratamento da água;<br />
Utilizar as perdas de calor para pré-aquecer a água de alimentação da caldeira;<br />
Isolar tubagens;<br />
Realizar manutenção eficaz;<br />
Controlo de carga;<br />
Instalar válvulas automáticas de controlo de vapor.<br />
Fornos e estufas<br />
Utilizar o tipo de secador com consumo energético mínimo;<br />
Instalar um sistema de controlo do processo de secagem;<br />
Optimizar as condições de funcionamento do secador;<br />
Recuperar calor dos gases de exaustão para pré-aquecimento de água e máquinas;<br />
Instalar queimadores a gás natural em secadores;<br />
Melhorar o isolamento dos equipamentos.<br />
Colaboradores<br />
Realizar formação e sensibilização do pessoal, adequada ao posto de trabalho;<br />
Informar os colaboradores das medidas de poupança de energia que a empresa quer<br />
adoptar;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
146
Promover a participação dos colaboradores na gestão energética;<br />
Implementar a figura do Gestor de Energia como agente responsável pelos programas<br />
da gestão eficiente da energia e pelas auditorias energéticas.<br />
Outros<br />
Utilizar materiais de baixo peso em componentes dos contínuos (anéis e bobines)<br />
Utilizar ventoinhas energicamente eficientes no sistema de aspiração;<br />
Funcionamento em modo intermitente do transportador de bobines; vazias;<br />
Emprego de enzimas como substitutos de produtos químicos;<br />
Utilizar tecnologia plasma;<br />
Extracção mecânica da água antes da secagem;<br />
Reutilização de águas de lavagem;<br />
Reutilização de águas residuais;<br />
Recuperação do calor dos banhos de tingimento e das águas residuais;<br />
Utilização de equipamentos de tinturaria com baixas relações de banho;<br />
Operação dos equipamentos com carga total;<br />
Consumo de energia nos períodos de tarifa mais baixa;<br />
Introdução de novas tecnologias de produção;<br />
Desligar os equipamentos informáticos no final do dia de trabalho;<br />
Utilizar o estado de stand-by das impressoras;<br />
Compra de energia conjunta.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
147
SECTOR VIDRO E CERÂMICA<br />
IDENTIFICAÇÃO DE PROJECTOS E ESTUDOS SECTORIAIS<br />
OPTIMIZAÇÃO ENERGÉTICA DE PROCESSOS SECAGEM DE<br />
CERÂMICOS 25 - PORTUGAL<br />
INTRODUÇÃO<br />
O panorama energético a nível mundial e uma maior consciencialização da opinião<br />
pública relativamente à questão energética, levou a que nas últimas décadas tenham sido<br />
tomadas medidas significativas para um aumento da eficiência energética dos mais<br />
variados sectores de actividade.<br />
O aumento do preço dos combustíveis, e o consequente aumento do preço das matériasprimas,<br />
levou a que o sector industrial também se visse forçado melhorar o seu<br />
desempenho energético. A indústria de revestimentos cerâmicos seguiu esta tendência,<br />
tendo sofrido grandes desenvolvimentos nas últimas duas/três décadas, tendo no entanto<br />
ainda grande margem de melhoramento nomeadamente no que diz respeito ao<br />
aproveitamento de calor residual.<br />
Dentro desta indústria, a secagem apresenta-se como uma das etapas mais delicadas de<br />
todo o processo, sendo também uma das etapas que apresenta um maior consumo de<br />
energia térmica logo após o processo de cozedura. Actualmente a energia térmica<br />
necessária é usualmente obtida integralmente através da queima de combustíveis<br />
fósseis. Tipicamente o conjunto dos processos de secagem consome cerca de 30% do<br />
gás natural na indústria, apresentando ainda um grande potencial de optimização tanto<br />
ao nível de aproveitamento de calor residual de outros processos para aquecimento de ar<br />
secagem como ao nível da própria optimização tecnológica do processo.<br />
O desenvolvimento do trabalho surge no âmbito do programa de estágios<br />
Galp202020@UA realizado na Cliper Cerâmicas,SA situada no concelho da Figueira da<br />
Foz. Tendo sido auditada em 2009 e de acordo com o SGCIE, a unidade fabril que serviu<br />
de base ao trabalho tem metas energéticas a cumprir num período de 6 anos,<br />
nomeadamente reduzir a sua intensidade energética e consumo específico (em 6 %)<br />
mantendo a intensidade carbónica.<br />
25 Optimização Energética De Processos De Secagem De Cerâmicos<br />
Universidade de Aveiro - Departamento de Engenharia Mecânica<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
148
DESCRIÇÃO<br />
Neste cenário surgiu a oportunidade de se efectuar um estudo de optimização do<br />
processo de secagem antes da cozedura com o objectivo de melhorar o desempenho<br />
energético do processo produtivo.<br />
Pretende-se neste trabalho estudar a viabilidade de reactivação de um secador<br />
alimentado somente com ar quente e seco originário do forno para substituição de um<br />
secador horizontal colocado à entrada do forno. Estima-se que o secador que se<br />
pretende substituir representa cerca de 5% do consumo de gás natural da empresa.<br />
O secador horizontal é um equipamento colocado à entrada do forno de rolos retira<br />
humidade que os ladrilhos absorveram durante o processo de vidragem e o tempo de<br />
parque. Este secador é alimentado com ar proveniente do forno que é repartido por 5<br />
módulos, cada um equipado com um queimador de gás natural destinado a fornecer a<br />
energia adicional para aquecer o ar de secagem de cada módulo até à temperatura<br />
desejada. O tempo de residência do material neste secador ronda os 4 minutos.<br />
O secador a activar (secador túnel) é dividido em 4 módulos que podem ser encarados<br />
como 4 secadores não contínuos. O tempo de secagem desta máquina é controlado pelo<br />
tempo de cozedura no forno. Para o modelo estudado este tempo é cerca de 47 minutos.<br />
Assim o tempo total de residência neste secador é de 188 minutos. A sua temperatura de<br />
operação deve-se situar entre 60ºC e 90ºC segundo o fabricante.<br />
Resumindo, o que se pretende concluir com este trabalho é se durante 188 minutos, sem<br />
recurso a consumo combustível, a peça poderá atingir o nível de humidade residual que<br />
atinge durante cerca de 4 minutos recorrendo ao consumo de gás natural, aproveitando<br />
parte do tempo que as peças estariam em parque para efectuar a secagem. A grande<br />
vantagem desta substituição é o aproveitamento de instalações já existentes para<br />
optimizar a configuração do processo de secagem antes da cozedura, com o objectivo da<br />
redução do consumo de gás natural na unidade fabril.<br />
Medidas típicas de eficiência energética na indústria<br />
Apesar dos grandes desenvolvimentos conseguidos pela indústria nas últimas décadas,<br />
que permitiu uma acentuada diminuição do consumo específico na produção, o sector da<br />
cerâmica de revestimento continua ser um consumidor intensivo de energia ainda com<br />
um grande potencial de redução de consumos.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
149
Segundo um estudo do CTCV, considerando um universo de 14 empresas da indústria<br />
cerâmica portuguesa, o sector da indústria cerâmica de revestimentos apresenta-se<br />
como o sector com maior potencial de redução de consumos.<br />
De seguida serão apresentadas algumas medidas recomendadas para a melhoria do<br />
desempenho energético nesta indústria.<br />
Optimização de funcionamento de secadores/fornos<br />
Aqui apresentam-se medidas que envolvem a alteração de equipamento existente e<br />
optimização do seu funcionamento. Algumas das sugestões a apresentar são:<br />
Optimizar parâmetros de funcionamento dos secadores e secar o mínimo necessário:<br />
conhecendo o comportamento do material a secar e a humidade final a que é necessário<br />
que este material seja seco, deve-se configurar os parâmetros funcionamento de um<br />
secador industrial (tempo de residência, temperatura do ar na câmara de secagem,<br />
velocidade do ar necessária, taxa de recirculação de ar, etc) para que não seja<br />
despendida mais energia na secagem do que aquela que efectivamente é necessária.<br />
Este ponto nem sempre é de fácil configuração, uma vez que os diferentes parâmetros<br />
são altamente correlacionados (um exemplo perfeito desta afirmação é a relação entre a<br />
temperatura e humidade das placas cerâmica ao saírem do processo de secagem pós<br />
prensagem. A relação entre a humidade de saída das peças e a sua temperatura leva a<br />
que, por vezes o material seja levado a humidades inferiores ao necessário devido à<br />
condicionante da temperatura para as aplicações na linha de vidragem e decoração.) e é<br />
necessário um conhecimento aprofundado do comportamento da cinética de secagem do<br />
material para poder obter uma configuração óptima para a operação de um secador.<br />
Controlo automático do processo: Sempre que possível deve-se optar por um controlo<br />
automático dos diferentes parâmetros de secagem ou cozedura consoante os parâmetros<br />
de saída pretendidos para o material, e consoante as condições de operação num<br />
determinado instante, eliminando assim desperdícios como os referidos no ponto anterior.<br />
Utilização de uma etapa de secagem pré cozedura.<br />
Melhoria do isolamento de fornos e secadores: Com o objectivo de reduzir a perdas<br />
térmicas para o exterior e fugas de ar quente indesejadas.<br />
Alteração dos queimadores: Alteração dos queimadores convencionais optando por<br />
tecnologias mais eficientes tais como queimadores de alta velocidade ou queimadores<br />
auto recuperadores (para temperaturas de operação entre 600 e 1400) permitindo uma<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
150
edução do consumo de combustível até 15 % no primeiro caso e até 60 % no segundo<br />
caso.<br />
Recuperação de calor<br />
Após uma análise do funcionamento de uma fábrica de produtos cerâmicos e do estudo<br />
das necessidades energéticas do processo, deve-se analisar cuidadosamente a<br />
quantidade e qualidade de fluidos térmicos que são desperdiçados para o ambiente.<br />
Após este procedimento deve-se equacionar o método de reaproveitamento de energia a<br />
usar dependendo do tipo do fluido térmico. Por exemplo o ar de arrefecimento<br />
proveniente do forno pode ser aproveitado directamente para o uso em secadores, no<br />
entanto o reaproveitamento dos gases de escape de uma operação tem que ser<br />
indirectamente aproveitado com recurso a permutadores de calor. Este tipo de medidas é<br />
a que apresenta um maior potencial de redução de consumos no sector da cerâmica de<br />
revestimento.<br />
Alguns exemplos de medidas deste tipo são:<br />
Recuperação directa de calor proveniente da zona de arrefecimento do forno para<br />
o uso em secadores;<br />
Aproveitamento de ar dos compressores de alimentação do sistema de ar<br />
comprimido para aquecimento ou para uso como ar de primário em queimadores;<br />
Recirculação de ar em secadores.<br />
Produção combinada de calor e electricidade<br />
A indústria cerâmica de revestimentos, como um consumidor intensivo de energia<br />
eléctrica e térmica, reúne as condições necessárias para a instalação de sistemas de<br />
produção simultânea de calor e electricidade. Este tipo de equipamentos pode servir<br />
como fonte de calor para processo de secagem e electricidade para alimentar motores e<br />
outros equipamentos ou para vender a um consumidor externo.<br />
É comum serem usados para este fim motores de combustão interna ou turbinas a gás<br />
com eficiências energéticas que podem alcançar os 85 %. G. Mallol apresenta um estudo<br />
com vista a aumentar a eficiência energética de um grupo de 8 secadores verticais<br />
alimentados com calor proveniente de 2 motores de combustão interna alimentados a gás<br />
natural. Neste trabalho foi concluído que o uso deste sistema representaria uma redução<br />
de cerca de 55 % no consumo de gás natural dos queimadores dos secadores verticais.<br />
Este estudo indica ainda que, em 2002, apenas 2% das unidades de produção de<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
151
cerâmica de revestimento usavam esta tecnologia sendo que o potencial de crescimento<br />
é enorme.<br />
Melhoria de processos e equipamentos auxiliares<br />
Procedimentos de melhoria do funcionamento de processos e equipamentos auxiliares ao<br />
processo principal devem também ser tomados. Equipamentos como motores eléctricos,<br />
compressores e sistemas de distribuição, iluminação são essencialmente consumidores<br />
de energia eléctrica que, embora seja consumida em menor quantidade que a energia<br />
térmica é relativamente mais cara representando assim uma redução potencialmente<br />
interessante nos custos da energia. Algumas medidas a tomar são:<br />
Instalação de variadores electrónicos de velocidade em motores eléctricos usados<br />
por exemplo em ventiladores;<br />
Admissão de ar frio nos compressores;<br />
Eliminação de fugas no sistema de ar comprimido;<br />
Redução da pressão de funcionamento da rede de ar comprimido;<br />
RESULTADOS<br />
No desenvolvimento deste trabalho concluiu-se que o secador túnel actualmente<br />
desactivado tem capacidade para secar o material até à humidade final pretendida, ou<br />
seja a humidade actual de saída do secador horizontal actualmente activo, mesmo<br />
trabalhando a temperaturas inferiores a este. O secador túnel apresenta ainda uma<br />
secagem final uniforme, não existindo diferenças acentuadas entre a humidade final<br />
máxima e mínima em situações correctas de funcionamento.<br />
Dentro dos cenários de funcionamento analisados para o secador, verificou-se que este<br />
consegue atingir desempenhos superiores ao secador horizontal mesmo operando a<br />
temperaturas inferiores ao seu limite máximo (90ºC), como acontece por exemplo no<br />
cenário em que são fornecidos 0,45 kg/s de ar de aquecimento. Deve-se referir ainda que<br />
a quantidade e temperatura do ar fornecido ao secador devem ser cuidadosamente<br />
escolhidas tendo em conta não só a humidade final pretendida mas também as limitações<br />
da máquina, tendo como exemplo para isto o cenário em que são fornecidos 0,9 kg/s de<br />
ar de aquecimento, o que leva a que o secador atinja temperaturas superiores à máxima.<br />
Um dos grandes atractivos do caso analisado neste trabalho é o facto do investimento<br />
necessário ser nulo uma vez que as instalações (conduta de recirculação de ar até ao<br />
secador) e equipamento se encontram actualmente disponíveis embora estejam<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
152
desactivados. Desta forma, após tomar conhecimento do comportamento da absorção de<br />
humidade durante o tempo em que o material é descarregado, e após a regulação<br />
correcta do funcionamento da máquina tendo em conta as propostas de configuração<br />
apresentadas, poder-se-á desactivar o secador horizontal actualmente em funcionamento<br />
permitindo uma redução acentuada do consumo de gás natural da fábrica analisada.<br />
O modelo desenvolvido para representação do secador mostrou-se de construção<br />
simples permitindo, com pequenas alterações, ser generalizado de modo a ser utilizado<br />
na simulação de processos de secagem idênticos ao estudado (de placas estáticas<br />
dispostas em andares com um escoamento de ar unidireccional paralelo a superfície)<br />
para outros materiais cuja cinética de secagem possa ser representada pelo modelo de<br />
Lewis.<br />
Principais medidas<br />
Optimizar parâmetros de funcionamento dos secadores;<br />
Automatizar os parâmetros de controlo do processo;<br />
Implementar uma etapa de pré cozedura;<br />
Melhorias no isolamento térmico de fornos e secadores;<br />
Substituição de queimadores convencionais por queimadores de alta eficiência;<br />
Recuperação de calor na zona de arrefecimento dos fornos;<br />
Recuperação de calor dos sistemas de ar comprimido para aquecimento ou para<br />
os secadores;<br />
Recirculação de ar em secadores;<br />
Co-geração para produção de electricidade e ar quente;<br />
Instalação de variadores electrónicos de velocidade;<br />
Arrefecer ao ar na entrada dos compressores;<br />
Eliminar fugas nos sistemas de ar comprimido;<br />
Eliminar as reduções de pressão no funcionamento das redes de ar comprimido.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
153
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA: O QUE FOI FEITO NO<br />
BRASIL, OPORTUNIDADES DE REDUÇÃO DE CUSTOS E EXPERIÊNCIA<br />
INTERNACIONAL 26<br />
INTRODUÇÃO<br />
Este estudo foi realizado pela Confederação Nacional da Indústria Brasileira e a<br />
ELETROBRÁS, com o apoio do PROCEL Indústria – Programa de Conservação de<br />
Energia Eléctrica, desde 2004 e tem como objectivo aumentar o dinamismo das acções<br />
de eficiência energética no sector industrial brasileiro.<br />
No âmbito do estudo foi elaborado um diagnóstico detalhado das principais<br />
oportunidades e prioridades para o desenvolvimento do mercado de eficiência energética<br />
industrial. Para alcançar esse objectivo foram desenvolvidos os seguintes trabalhos:<br />
1. Experiência nacional em eficiência energética industrial: casos de sucessos no<br />
Brasil registados nos últimos 10 anos, análise de prioridades de investimentos de<br />
programas e fundos de investimentos governamentais;<br />
2. Principais oportunidades de economia de energia em sectores industriais<br />
seleccionados: oportunidades de melhoria de eficiência nos principais usos<br />
industriais de energia e barreiras que precisam ser vencidas;<br />
3. Experiência internacional: levantamento de práticas de eficiência energética<br />
industrial bem-sucedidas em diversos países.<br />
DESCRIÇÃO<br />
A indústria não é um sector prioritário nos programas governamentais brasileiros<br />
de eficiência energética apesar de ser o maior consumidor de energia.<br />
O sector industrial responde por 40,7% de toda energia consumida no Brasil (BEN, 2008).<br />
No entanto, não existe uma política governamental de longo prazo específica para o uso<br />
eficiente da energia na indústria. Isso reflecte-se na baixa prioridade dos programas<br />
federais de eficiência energética, nos investimentos de fundos sectoriais de eficiência<br />
energética e nas condições de financiamento proporcionadas. O sector residencial,<br />
comercial e público, que têm recebido maior prioridade nas políticas governamentais<br />
brasileiras, respondem apenas por 15,8% do total do consumo de energia no País.<br />
26 Eficiência Energética na Indústria<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
154
A economia de energia em acções de eficiência energética no sector industrial gera<br />
benefícios para toda a sociedade.<br />
Analisando os 217 projectos de eficiência energética, distribuídos por 13 sectores<br />
industriais, o custo médio do MWh economizado foi de R$79/MWh. Considerando o custo<br />
marginal de expansão do sistema de energia eléctrica, estimado pela EPE em<br />
R$138/MWh no Plano Decenal 2007/2016, a diferença entre estes dois valores é o ganho<br />
médio dos projectos. A economia obtida possibilita ao governo brasileiro e ao empresário<br />
direccionar recursos para outras prioridades. Sintetizando, acções visando a melhoria da<br />
eficiência energética agregam importantes ganhos sociais, ambientais e de<br />
competitividade das empresas.<br />
O foco de actuação das iniciativas governamentais brasileiras de eficiência<br />
energética industrial precisa ser ajustado.<br />
O levantamento realizado nos 13 sectores industriais analisados apontou que 82% das<br />
oportunidades de economia de energia na indústria estão relacionados com processos<br />
térmicos. Entretanto, as iniciativas governamentais de eficiência energética estão focadas<br />
no consumo de electricidade. O ajuste do foco dos principais programas e fundos de<br />
investimento em eficiência energética do governo levaria a melhores resultados se<br />
tivessem em consideração todas as fontes de energia utilizadas.<br />
Sectores industriais intensivos em consumo de energia de países concorrentes do<br />
Brasil recebem apoio de seus governos para desenvolver projectos de melhoria da<br />
eficiência energética.<br />
O estudo analisou 63 programas de 13 países, mais a União Europeia. Verificou-se a<br />
existência de um apoio directo às acções de eficiência energética industrial, como<br />
benefícios fiscais, condições especiais de financiamento, formação e disponibilização de<br />
informação técnica de qualidade.<br />
O momento é propício para maior dinamismo nas acções de eficiência energética<br />
no sector industrial.<br />
As iniciativas nacionais para acções de eficiência energética industrial ainda são muito<br />
tímidas. Contudo, a existência de metas de eficiência energética no Plano Nacional de<br />
Energia 2030 e a iniciativa do Ministério de Minas e Energia em desenvolver uma<br />
estratégia nacional de eficiência energética confirmam que este é o momento para firmar<br />
parcerias, reorganizar esforços, estabelecer metas e priorizar recursos.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
155
Síntese dos trabalhos desenvolvidos<br />
Experiência nacional em eficiência energética na indústria<br />
Empresas que investem em projectos de eficiência energética podem economizar<br />
recursos, ganhar competitividade e amenizar a pressão sobre a necessidade crescente<br />
de energia. Esta situação com reflexos na diminuição da pressão sobre a necessidade de<br />
investimento para aumentar a oferta de energia permite ao governo e ao empresário<br />
libertarem recursos para outras prioridades, sem perda de qualidade, segurança no<br />
abastecimento e com ganhos sociais e ambientais.<br />
Para conhecer o que já foi feito no Brasil e identificar prioridades de investimentos foram<br />
analisados 217 projectos de eficiência energética industrial em 13 sectores, realizados<br />
nos últimos 10 anos. A maioria dos projectos foi desenvolvida dentro das regras do<br />
Programa de Eficiência Energética – PEE (Lei 9.991/00), sob regulação da ANEEL. O<br />
montante total investido neste conjunto de projectos foi de R$161 milhões, gerando uma<br />
economia de 626 GWh, o que apresenta um Custo da Energia Conservada (CEC) de<br />
R$79/MWh (para uma duração média das acções de eficiência de 10 anos e a uma taxa<br />
de remuneração do capital de 12% ao ano).<br />
Considerando o valor de R$138/MWh para o custo marginal de expansão do sistema de<br />
energia eléctrica, valor estimado pela EPE (Plano Decenal 2007/2016), a eficiência<br />
energética é uma alternativa viável. Ou seja, a mesma quantidade de energia pode ser<br />
disponibilizada, a preços mais baixos, sem a necessidade de novas obras e com efeitos<br />
positivos no meio ambiente.<br />
O gráfico abaixo apresenta o valor médio da poupança energética obtida por sector de<br />
actividade. A constante representa o valor do custo marginal de expansão da potência<br />
disponibilizada pela rede eléctrica que é de R$138/MWh. Verifica-se que para alguns<br />
segmentos de actividade o retorno económico do investimento em eficiência energética é<br />
inviável para o prazo definido para o seu retorno (10 anos). No entanto, os projectos<br />
poderão tornar-se viáveis, caso o prazo de retorno passe a ser maior do que os 10 anos<br />
considerados.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
156
CEC (R$/MWh)<br />
CEC - Custo de Energia Economizada<br />
Valor da economia de energia por sector<br />
350<br />
319<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
36<br />
55 59 60 61<br />
73 74<br />
89<br />
103 106 109<br />
151<br />
0<br />
A tabela abaixo apresenta maiores detalhes sobre os projectos estudados. Entre os<br />
sectores analisados merecem destaque o segmento de siderurgia, que desenvolveu<br />
grandes projectos de Co-geração. Apesar de apresentar o custo médio por projecto mais<br />
alto, pois necessita de grandes investimentos iniciais em equipamentos, a economia de<br />
energia é bastante significativa. Como resultado desses factores temos um custo da<br />
energia de R$ 55/MWh, que é bastante atractivo.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
157
Segmento<br />
Indústria extractiva –<br />
Metálicos<br />
Projectos<br />
CFC Anualizado<br />
(10 anos, 12%<br />
em R$/MWh)<br />
Custo Médio<br />
dos Projectos<br />
em R$<br />
Energia<br />
Economizada<br />
em MWh/ano)<br />
6 36 476.111 62.644<br />
Siderurgia 12 55 4.888.238 146.104<br />
Químico 22 59 1.029.730 128.397<br />
Metalurgia 14 60 428.810 30.982<br />
Alimentos e Bebidas 35 73 361.158 40.934<br />
Papel e Celulose 9 74 257.637 12.882<br />
Couro 9 89 123.413 2.487<br />
Têxtil 12 103 325.380 7.090<br />
Indústria extractiva – Não<br />
Metálicos<br />
5 106 246.648 2.623<br />
Automóvel 9 109 633.365 11.841<br />
Cerâmico 28 151 50.781 1.222<br />
Fundição 12 319 40.657 2.307<br />
Outros 44 61 953.116 176.423<br />
Fonte: Diagnóstico CNI / Electrobrás<br />
Para cada um dos sectores foram analisados dados sobre histórico de investimentos,<br />
perfil do consumo de energia, potenciais de eficiência por etapa de produção ou cadeia<br />
de produto. Na tabela abaixo são apresentados os potenciais de eficiência levantados por<br />
uso final em sectores industriais de maior potencial de eficiência.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
158
Energia Eléctrica<br />
Combustíveis<br />
Usos Industriais de Energia<br />
Potencial de<br />
Economia (tep)<br />
Representação<br />
do Total de<br />
Economia (%)<br />
Sectores com<br />
Maior Potencial<br />
de Eficiência<br />
Total 14.655.855,67 100.00%<br />
Aquecimento Directo<br />
Fornos<br />
9.103.661,52 62.12%<br />
Siderurgia<br />
Cerâmico<br />
Cimento<br />
Aquecimento Directo<br />
Secadores<br />
415.466,80 2.83%<br />
Cerâmico<br />
Alimentos e Bebidas<br />
Têxtil<br />
Vapor de Processo<br />
Caldeiras<br />
2.358.183,02 16.09%<br />
Papel e Celulose<br />
Têxtil<br />
Alimentos e Bebidas<br />
Siderurgia<br />
Outros 74.679,61 0.51% Químico<br />
Força Motriz 2.358.439,53 13.87%<br />
Refrigeração 45.581,66 0,32%<br />
Fornos Eléctricos 370.873,53 2.53%<br />
Siderurgia<br />
Extractiva Mineral<br />
Alimentos e Bebidas<br />
Alimentos e Bebidas<br />
Químico<br />
Têxtil<br />
Siderurgia<br />
Metais não Ferrosos<br />
Ferros e Ligas<br />
Electrólise 191.387,34 1.31%<br />
Iluminação 60.241,47 0.41%<br />
Metais não Ferrosos<br />
Química<br />
Papel e Celulose<br />
Alimentos e Bebidas<br />
Têxtil<br />
Extractiva Mineral<br />
Papel e Celulose<br />
Outros 2.368,18 0.02% Extractiva Mineral<br />
RESULTADOS<br />
Da análise do estudo atrás referido, podemos concluir sobre a realidade brasileira no<br />
sector da cerâmica e a eficiência energética o seguinte:<br />
O sector cerâmico brasileiro apresenta um grande potencial de melhoria de<br />
eficiência energética, com garantia de um payback positivo para os investimentos<br />
realizados;<br />
Os maiores ganhos estão relacionados com a melhoria da eficiência energética<br />
associada aos equipamentos utilizados para a geração de calor (fornos e<br />
secadores);<br />
Neste sector industrial é principalmente utilizado como fonte de energia os<br />
combustíveis, sendo a electricidade utilizada de forma complementar;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
159
Melhorias incrementais de menor dimensão também podem ser obtidas com o<br />
upgrade tecnológico dos equipamentos utilizados para a geração de força motriz,<br />
ou seja ganhos de eficiência na utilização da electricidade como fonte energética.<br />
Principais medidas<br />
Melhoria da eficiência energética em fornos e secadores;<br />
Adopção de motores de alta eficiência;<br />
Variadores de velocidade.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
160
CE CERAMIN - CONCEITOS POUPANÇA ENERGÉTICA PARA A<br />
INDÚSTRIA EUROPEIA DE CERÂMICA 27 - COMUNIDADE EUROPEIA<br />
INTRODUÇÃO<br />
O objectivo principal deste projecto é a diminuição da quantidade média de energia<br />
utilizada nos processos de produção das indústrias de cerâmica na Europa, visando a<br />
redução dos custos energéticos nos processos de produção. Actualmente, os fabricantes<br />
de cerâmica enfrentam enormes encargos financeiros, em parte derivado do aumento do<br />
preço dos combustíveis, mas também das pressões políticas e legislativas com vista à<br />
diminuição das emissões de CO2.<br />
A indústria cerâmica é um dos grandes consumidores de energia na Europa. Os custos<br />
de energia representam mais de 30% dos custos totais de produção. Os países europeus<br />
fabricam produtos de cerâmica, com um valor estimado de cerca de €26 mil milhões.<br />
Os participantes vão obter dados sobre padrões de utilização de energia actual e<br />
consumo representativo das empresas de cerâmica por meio de questionários e visitas.<br />
Os dados avaliados e descrições serão usadas para desenvolver parâmetros e directrizes<br />
para a definição das melhores práticas neste sector.<br />
Pretende-se igualmente o estabelecimento de um rótulo (EEE - extraordinary energy<br />
efficient products) para apoio a este projecto.<br />
DESCRIÇÃO<br />
Principais actividades do projecto<br />
Análise dos processos de produção estabelecidos em empresas representativas<br />
através de questionários e visitas in loco.<br />
Adopção de uma abordagem metódica para definir as etapas do projecto e<br />
medidas (definições, colecta de dados, atribuição de rótulo: período de teste e<br />
implementação).<br />
Participação das empresas representativas dos principais sub-ramos da indústria<br />
cerâmica na execução do projecto.<br />
Desenvolvimento de análises comparativas e definição das orientações sobre as<br />
melhores práticas (para estabelecer critérios para a concessão extraordinária de<br />
etiquetas de eficiência energética).<br />
27 CE CERAMIN - Energy saving concepts for the European ceramic industry<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
161
Período experimental para afinação da concessão do rótulo e optimização dos<br />
pontos de referência e procedimentos de verificação.<br />
Implementação de atribuição do rótulo.<br />
Divulgação dos resultados do projecto através de diferentes tipos de média.<br />
RESULTADOS<br />
De acordo com as regras, as empresas produtoras de cerâmica dos seis países<br />
participantes foram convidados a partilhar os seus dados de consumo de energia com os<br />
restantes parceiros. A maioria das empresas participantes é produtora de pavimentos e<br />
de barro vermelho, assim como de cerâmica refractária e louça de mesa. Não se<br />
obtiveram reports de Itália e obteve-se escassa informação relativamente a Espanha e<br />
França.<br />
No total, foram atribuídas a nove empresas o rótulo "Triple-E-Label" em 2009. Por países,<br />
a Polónia e o Reino Unido foram os vencedores do prémio "Triple-E-Label". Os prémios<br />
cobriram quatro subsectores da indústria. Seis dos prémios foram atribuídos por aumento<br />
de eficiência na utilização da energia.<br />
Este projecto visa essencialmente incentivar as empresas a procurarem novos e<br />
melhorados processos com vista à redução da factura da componente energética<br />
incorporada nos seus produtos, obtendo estas simultaneamente um ganho de<br />
competitividade e um factor diferenciador no mercado, através da atribuição do rótulo<br />
"Triple-E-Label".<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
162
RELATÓRIO SECTORIAL DE CERÂMICA - OPORTUNIDADES DE<br />
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA A INDUSTRIA 28 - BRASIL<br />
INTRODUÇÃO<br />
Novos programas de conservação de energia no sector industrial que envolvem não só<br />
tecnologias mais eficientes, mas também novos formas de gestão e melhores hábitos de<br />
consumo, têm sido adoptados em inúmeros países.<br />
Tais programas visam optimizar o perfil e o mix do consumo de forma a diminuir tanto os<br />
gastos com energia, quanto os impactos ambientais associados ao seu consumo e<br />
garantir a competitividade, num mercado globalizado, cujo principal requisito é a<br />
qualidade dos produtos com sustentabilidade.<br />
Neste contexto, para o Brasil, ganha relevância o sector industrial cerâmico, grande<br />
consumidor de energia térmica em sua cadeia produtiva, com forte penetração no<br />
mercado internacional. A expansão da exportação de revestimentos cerâmicos alavanca<br />
o desenvolvimento da indústria extractiva mineral e da construção civil, tendo<br />
multiplicadores também nos sectores de serviços e comercial.<br />
Com tais premissas, este trabalho mostra o panorama do sector industrial cerâmico<br />
brasileiro, através da sua caracterização técnica, económica, ambiental e energética.<br />
Inclui também os resultados de simulações de potenciais técnicos de conservação de<br />
energia e a metodologia adoptada, comparados com valores encontrados na literatura<br />
técnica e as prováveis barreiras para atingir aqueles potenciais, visando a utilização das<br />
melhores tecnologias disponíveis para a indústria cerâmica mundial.<br />
Paralelamente ao desenvolvimento teórico do trabalho, visitaram-se feiras industriais de<br />
tecnologia cerâmica e reuniões de trabalho em associações patronais, incluindo visitas<br />
técnicas a fábricas seleccionadas, constatando-se o importante papel da inovação<br />
tecnológica e do uso de novas fontes de energia para a competitividade e a garantia de<br />
qualidade de seus produtos, visando a expansão dos actuais mercados consumidores.<br />
Além disso, procura-se o aperfeiçoamento tecnológico, favorecendo o estabelecimento e<br />
a consolidação de estratégias de diferenciação de produtos ―amigos‖ do meio ambiente.<br />
28 Oportunidades de eficiência energética para a indústria<br />
Relatório Setorial CERÂMICA - BRASÍLIA – 2010<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
163
É consensual para os principais players do sector cerâmico, que a adopção de<br />
estratégias empresariais focadas na inovação e uso das melhores tecnologias<br />
disponíveis, tem significado a promoção e a diversificação da matriz energética, menor<br />
consumo de água e energia no processo produtivo. Estes itens associados a uma melhor<br />
gestão elevam a produtividade, traduzindo-se em uma maior competitividade do sector<br />
nos mercados.<br />
Da avaliação dos resultados obtidos neste trabalho, surge como principal recomendação<br />
a necessidade de forte actuação conjunta: Estado e o sector industrial, tendo em vista<br />
alternativas para a viabilização dos potenciais técnicos de conservação de energia,<br />
através de acções e do aperfeiçoamento da Política Industrial brasileira.<br />
O principal foco são as novas orientações e demandas que o sector industrial, e em<br />
particular, a indústria cerâmica, poderá vir desempenhar após 2012, quando um novo<br />
regramento deverá surgir em substituição ao Protocolo de Kyoto. Neste novo status quo<br />
para a sustentabilidade, é certo que com as novas metas a serem acordadas, países<br />
emergentes, como o Brasil, serão chamados a dar suas contribuições de forma efectiva<br />
para a sustentabilidade do planeta. Neste quadro, o sector industrial cerâmico, com<br />
certeza será chamado a dar sua contribuição na diminuição das emissões e na geração<br />
de resíduos no âmbito do sector industrial brasileiro.<br />
DESCRIÇÃO<br />
O presente estudo abrande todas as vertentes do sector de cerâmico brasileiro. Do<br />
mesmo vamos apresentar a parte correspondente à eficiência energética, que é aquela<br />
que particularmente interessa a este capítulo do nosso diagnóstico.<br />
A análise da evolução de 1970 a 2006, do consumo energético utilizado na indústria<br />
cerâmica no Brasil mostra uma forte alteração dos pesos relativos de cada uma das<br />
fontes utilizadas no total da energia consumida. A composição dos pesos relativos de<br />
cada uma das fontes energéticas utilizadas no ano de 2006 e como o gráfico seguinte<br />
mostra.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
164
2,1% 0,0%<br />
7,8% 0,0%<br />
Gás Natural<br />
4,3%<br />
25,5%<br />
Carvão Vapor<br />
0,2%<br />
0,9%<br />
8,1%<br />
1,2%<br />
Lenha<br />
Outras Recuperações<br />
Oóleo Diesel<br />
Óleo Combustível<br />
GPL<br />
Outros de Petróleo<br />
Gás Canalizado<br />
Electricidade<br />
Outras Não Especificadas<br />
49,9%<br />
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do Balanço Energético Nacional (EPE, 2007)<br />
Da análise efectuada, constata-se que apesar de ter perdido uma parcela significativa de<br />
seu mercado para o gás natural, o óleo combustível ainda foi o terceiro combustível mais<br />
consumido no ano de 2006. Em quarto lugar ficou a energia eléctrica, com um lento<br />
crescimento absoluto, mas sustentado ao longo de todo o período analisado. Entre as<br />
outras fontes de energia, destaca-se o GPL, que apesar de ter vindo a ser substituído<br />
progressivamente pelo gás natural, ainda represente 4,3% do consumo energético total<br />
no ano de 2006.<br />
No quadro seguinte apresenta-se a evolução do valor acrescentado dos consumos de<br />
energia eléctrica, térmica e das respectivas intensidades, para o período de 1996 a 2005:<br />
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005<br />
VA (10 6 R$ de 2005) 1.881 3.337 2.960 2.571 2.420 2.149 2.309 2.501 3.404 2.754<br />
CEL (10 3 tep) 187 222 231 233 234 229 238 245 262 270<br />
IEL (tep/10 6 R$ de 2005) 64.9 35.1 78.0 90.6 96.7 106.6 103.1 98.9 77.0 98.0<br />
CET (10 3 tep) 2.524 2.661 2.718 2.729 2.834 2.760 2.819 2.881 2.953 3.142<br />
IET (tep/10 6 R$ de 2005) 876 797 918 1.061 1.171 1.284 1.221 1.152 867 1.141<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
165
Do quadro ressalta que o consumo de energia térmica é muito maior do que o consumo<br />
de energia eléctrica. O valor adicionado caiu continuamente de 1998 a 2001 e,<br />
novamente, em 2005; os valores tanto da intensidade eléctrica como da intensidade de<br />
energia térmica, acompanharam este comportamento. Sobreposto a este comportamento<br />
cíclico, observam-se aumentos médios, durante o período analisado, de ambas as<br />
intensidades.<br />
RESULTADOS<br />
Barreiras identificadas ao uso racional de energia<br />
Uma aceleração dos programas de eficiência energética neste sector, tem, sem dúvida,<br />
como pré-requisito a superação de barreiras que dificultam um maior dinamismo nas<br />
acções que visam a conservação de energia. Entre essas barreiras podem-se destacar:<br />
Estrutura legal pouco atractiva para a co-geração ou produção de energia<br />
independente;<br />
Necessidade de formação de pessoal para identificar oportunidades de eficiência<br />
energética e para fazer a gestão dos projectos que se mostrarem viáveis;<br />
Indisponibilidade de determinadas tecnologias;<br />
Racionalização do uso de energia em competição com outras prioridades de<br />
investimento;<br />
Elevados investimentos iniciais;<br />
Incertezas quanto aos preços de energia e altos custos iniciais dos investimentos<br />
devido aos impostos de importação;<br />
Restrições ao financiamento.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
166
POUPANÇA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA DA CERÂMICA 29 - COLÔMBIA<br />
INTRODUÇÃO<br />
O processo de fabricação dos produtos cerâmicos consiste em três grupos principais de<br />
operações. Em primeiro lugar, a preparação de matérias-primas e produtos<br />
intermediários (como as argilas, os corantes, etc). Em segundo lugar, as operações<br />
necessárias para a obtenção do produto acabado. Por último, a distribuição, ou seja, a<br />
colocação do produto acabado nas mãos do consumidor.<br />
Ampliando a visão para toda a cadeia de valor da indústria cerâmica, é necessário<br />
apontar ainda três actividades-chave, que juntamente com a produção de telhas, formam<br />
a base deste ramo da produção: extracção e preparação da argila, a indústria de fritas,<br />
esmaltes e cores e produção e reparação de máquinas.<br />
A principal matéria-prima no processo de fabricação de cerâmica é a argila. Há uma<br />
variedade de argilas utilizadas na fabricação de cerâmica, em que as diferenças<br />
reflectem-se na sua composição química, afectando directamente as propriedades físicoquímicas<br />
dos produtos obtidos e as emissões residuais geradas durante o processo.<br />
Também são usados, em menor escala, outras substâncias, como areia de quartzo,<br />
feldspato, granito, etc.<br />
Entre as características mais importantes desta indústria podemos incluir:<br />
Grandes disparidades na dimensão e nas tecnologias utilizadas nas instalações<br />
produtivas;<br />
A produção de uma grande variedade de produtos;<br />
A dispersão geográfica das instalações de produção (tijolos e telhas);<br />
A concentração de instalações de produção em determinadas áreas (pisos<br />
cerâmicos).<br />
O processo de fabricação de cerâmica estrutural pode ser diferente em cada empresa. As<br />
principais diferenças nos processos de produção estão relacionadas com a preparação<br />
das matérias-primas (moagem, humedecimento, amassar, etc.) e a moldagem<br />
(prensagem, extrusão, fundição, torneamento, etc.).<br />
DESCRIÇÃO<br />
O consumo de energia neste sector é intensivo, devido em grande medida à grande<br />
quantidade de equipamento envolvido no processo, em que influi o grau de mecanização<br />
29 Ahorro de Energía en la Industria Cerámica<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
167
implementado na instalação sob observação, já que existem muitos sub-processos que<br />
não se encontram mecanizados em muitas das instalações analisadas. De qualquer<br />
modo, há que destacar a grande influência dos custos energéticos na formação do preço<br />
final do produto, oscilando entre os 25 e os 40%, segundo o tipo de produto e da<br />
tecnologia utilizada.<br />
Na tabela seguinte mostram-se os tipos de energia mais utilizados e a sua intensidade<br />
em relação ao consumo total:<br />
Processo Energia utilizada Nível de consumo Equipamento<br />
Moagem Eléctrica Moderado Moinhos<br />
Mistura Eléctrica Moderado Misturadoras<br />
Moldagem Eléctrica Moderado Extrusoras<br />
Secagem Térmica Moderado Estufas<br />
Cozedura Térmica Muito intenso Fornos<br />
Os dados da tabela correspondem a uma empresa onde o transporte do material pela<br />
fábrica e a preparação para a distribuição está mecanizado e, portanto, existe um<br />
consumo de electricidade por parte dos equipamentos envolvidos na sua movimentação.<br />
Outro factor muito importante no sector e com forte influência no consumo de energia<br />
térmica é o tipo de combustível utilizado nos processos de combustão, já que cada<br />
combustível apresenta características diversas e, portanto, com diferente comportamento<br />
energético durante a combustão.<br />
Principais combustíveis utilizados no sector<br />
A utilização de um determinado combustível na indústria de produtos cerâmicos<br />
estruturais dependerá de diferentes factores:<br />
Disponibilidade;<br />
Distribuição e infra-estrutura;<br />
Preço;<br />
Eficiência ambiental;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
168
Eficiência energética.<br />
Por outro lado, a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto a nível mundial implica que os<br />
estados abrangidos pelo mesmo devem reduzir as suas emissões que contribuíam para o<br />
efeito de estufa e, portanto, o tipo de combustível utilizado e a sua quantidade,<br />
constituem factores determinantes na sua escolha pelas empresas.<br />
Características gerais dos combustíveis<br />
Para cada um dos principais combustíveis utilizados, apresenta-se de seguida o seu<br />
PCI, o processo em que se utiliza e a sua valorização qualitativa em relação à eficiência<br />
energética<br />
Combustível<br />
PCI<br />
(kcal/kg)<br />
Gás natural 11.600<br />
Coque de<br />
petróleo<br />
Processos<br />
Cozedura<br />
Aquecimento<br />
Secagem<br />
Co-geração<br />
7.700 Cozedura<br />
Coque<br />
micronizado 30 8.300 Cozedura<br />
Fuel 9.700<br />
Carvão<br />
Biomassa<br />
Depende do<br />
tipo de<br />
carvão<br />
2.831-4.541<br />
31<br />
Cozedura<br />
Co-geração<br />
Cozedura<br />
Cozedura<br />
Secagem<br />
Eficiência energética<br />
No geral, apresenta bom<br />
rendimento durante a<br />
combustão<br />
No geral oferece um<br />
bom rendimento durante<br />
a combustão.<br />
O tamanho da partícula<br />
junto com a circulação<br />
do ar no forno, provoca<br />
que a repartição do calor<br />
seja mais equilibrada,<br />
provocando um bom<br />
rendimento<br />
Deve ser previamente<br />
aquecido. O<br />
comportamento em<br />
combustão é bom<br />
O seu PCI junto com<br />
geração de cinzas<br />
elevada, fazem com que<br />
a sua eficiência seja<br />
baixa<br />
Um baixo PCI faz com<br />
que a sua eficiência<br />
energética seja baixa<br />
Resultados<br />
económicos<br />
Preço varia em função<br />
do preço do petróleo<br />
Preço mais baixo que os<br />
restantes combustíveis<br />
Preço varia em função<br />
do conteúdo de enxofre<br />
e de HGI<br />
Preço situa-se acima do<br />
coque de petróleo e<br />
inferior aos restantes<br />
combustíveis<br />
Custo elevado. O preço<br />
flutua em função do<br />
preço do petróleo.<br />
Preço situa-se entre o<br />
coque de petróleo e o<br />
gás natural<br />
Custo elevado e variável,<br />
principalmente devido a<br />
sua disponibilidade.<br />
30 Tamanho médio do grão de cerca de 20 mícrones<br />
31 Depende do grau de humidade<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
169
Comparação dos diversos tipos de combustíveis<br />
Analisadas as principais características dos combustíveis mais utilizados no sector,<br />
apresentam-se de seguida as principais vantagens e inconvenientes de cada um dos<br />
combustíveis:<br />
Combustível Vantagens Inconvenientes<br />
Gás natural<br />
Coque de petróleo<br />
Coque<br />
micronizado<br />
Fuel<br />
Carvão<br />
Biomassa<br />
Emissões gasosas menores<br />
que os restantes<br />
combustíveis<br />
Elevado PCI elevado<br />
Transporte cómodo e limpo<br />
Preço baixo<br />
As cinzas podem ser<br />
misturadas com as argilas<br />
Disponibilidade<br />
Preço baixo<br />
O transporte e o<br />
armazenamento não gera<br />
emissão de partículas<br />
PCI mais elevado que o<br />
coque convencional<br />
Disponibilidade<br />
Elevado PCI<br />
O transporte e o<br />
armazenamento sem impacto<br />
ambiental<br />
Preço médio<br />
Disponibilidade<br />
Não são consideradas as<br />
emissões de CO2 (Protocolo<br />
de Kyoto)<br />
Utilização aconselhada em<br />
muitos países<br />
Preço elevado<br />
A sua distribuição não<br />
abrange ainda todos os<br />
consumidores<br />
Emissão de partículas<br />
durante o transporte e no<br />
armazenamento<br />
Emissões gasosas<br />
moderadas<br />
Elevado conteúdo de enxofre<br />
(ainda que as emissões<br />
sejam catalisadas durante o<br />
processo)<br />
Emissões moderadas de<br />
partículas<br />
Elevado conteúdo de enxofre<br />
(ainda que as emissões<br />
sejam catalisadas durante o<br />
processo<br />
A combustão gera emissões<br />
no ar significativas<br />
Preço elevado<br />
Complexidade de<br />
manipulação na fase de pré<br />
combustão<br />
Perigosidade do<br />
armazenamento em<br />
instalações antigas<br />
Elevadas emissões aéreas<br />
Risco de geração de<br />
emissões no ar durante o<br />
transporte e o<br />
armazenamento<br />
Preço elevado<br />
Disponibilidade intermitente<br />
Geralmente não se utiliza no<br />
processo de cozedura<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
170
Medidas de poupança energética<br />
Os processos produtivos utilizados actualmente para a fabricação de peças cerâmicas<br />
compreendem um conjunto de operações que são independentes do produto final e do<br />
processo de fabrico utilizado. O consumo de energia nestas operações é muito variável,<br />
sendo notoriamente superior na secagem e no cozimento.<br />
Ainda que as operações de preparação das matérias-primas e de moldagem o consumo<br />
energético directo seja reduzido, podem ter incidência importante sobre o consumo nas<br />
operações de secagem e de cozimento. O crescente custo da energia obriga a um olhar<br />
mais crítico sobre os processos e equipamentos utilizados na indústria cerâmica. Com<br />
um menor consumo de energia, existirá sempre um menor impacto ambiental. Este<br />
impacto dependerá do tipo de energia utilizada, da que se poupa e se diversifica.<br />
Apresentamos agora algumas medidas de poupança que permitirão diminuir os<br />
consumos energéticos:<br />
Medidas de poupança energética na moldagem<br />
As técnicas de poupança energética na moldagem estão relacionadas com a diminuição<br />
do conteúdo de água nas peças, mantendo a plasticidade requerida para as mesmas.<br />
Como melhoria de maior interesse, podemos citar:<br />
Aditivos. Pode-se melhorar a plasticidade das argilas naturais e, portanto, moldar<br />
peças com menor conteúdo de água se se utilizarem determinados aditivos;<br />
Regulação automática. O controlo da adição de água à pasta, evita um conteúdo<br />
excessivo de água nas peças moldadas, com diminuição do consumo de energia<br />
na secagem;<br />
Extrusão ao vapor. A extrusão ao vapor permite obter plasticidade requerida pelo<br />
equipamento, com um menor conteúdo de água;<br />
Prensagem em seco. A prensagem em seco é o sistema de moldagem que<br />
produz peças com menor conteúdo de água. Quanto menor o conteúdo de água<br />
nas peças moldadas, menor é a necessidade de calor na secagem.<br />
Reutilização de produtos antes da cozedura<br />
Durante o processo de extrusão e de moldagem, o material é obrigado a passar por uma<br />
boquilha que dá a forma à peça e posteriormente cortada para apresentar as dimensões<br />
adequadas em função do produto que se pretende obter. Durante este processo, geramse<br />
desperdícios devido em parte ao próprio corte realizado, que podem ser reintroduzidos<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
171
na misturadora, sem que se produza perda de qualidade na matéria-prima. A quantidade<br />
de peças defeituosas geradas dependerá do tipo de fábrica, porém poderá alcançar até<br />
1% da produção. Mediante este sistema, pode-se obter uma dupla poupança, uma<br />
relacionada com o aproveitamento do desperdício e outra com a menor necessidade de<br />
gestão de resíduos.<br />
Misturadora de argilas plásticas com vapor<br />
A mistura com vapor de baixa pressão (inferior a 4 kg/cm2) em vez de água para<br />
conseguir a plasticidade adequada da argila, permite reduzir o conteúdo em água de<br />
cerca de 2-3%, com a consequente poupança energética na secagem; ademais, reduzirse-á<br />
o consumo eléctrico na extrusão.<br />
Prensagem em seco (ladrilho prensado ou extrusão dura)<br />
Se se prensa o material com a humidade própria da argila, consegue-se reduzir em<br />
quase 100% o consumo energético da secagem; poder-se-ia secar no pré forno com<br />
calor residual. Sem embargo, a compressão faz aumentar o consumo eléctrico, ainda que<br />
o balanço global de energia primária necessária é favorável a esta medida.<br />
Medidas de poupança energética na secagem<br />
Algumas das melhorias possíveis de implementar na secagem são:<br />
Utilização de aditivos<br />
O emprego de aditivos em como objectivo aumentar ao máximo a permeabilidade das<br />
peças, para facilitar a migração da água até à superfície. Desta maneira, evita-se a<br />
formação de gretas e diminui-se o tempo de secagem. A poupança energética<br />
conseguida pode contabilizar-se numa escala de 5 a 10% do consumo na secagem.<br />
Recuperação do calor presente nos fumos dos fornos<br />
Os gases da combustão de um forno contêm uma certa energia, pois o seu nível de<br />
temperatura é da ordem dos 100 a 140ºC. Será lógico poupar custos, recuperando parte<br />
desta energia noutras etapas do processo onde a mesma possa ser utilizada. O objectivo<br />
é aumentar a eficácia energética global do processo. Se nem todo o calor é recuperável,<br />
pois depende, entre outras coisas, da temperatura de saída dos fumos, do seu conteúdo<br />
em enxofre e da carga do forno. Basicamente, o aproveitamento deste calor residual<br />
pode ser:<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
172
Pré aquecimento e pré secagem do material que alimenta o pré forno (se<br />
existente);<br />
Utilização directa na secagem, em caso de fornos a gás natural;<br />
Pré aquecimento do ar para a combustão (mediante intercambio indirecto).<br />
O sistema seria formado por uma tubagem que liga as duas instalações, em conjunto<br />
com um sistema de ventilação de ar quente (recuperador), que é transportado dentro da<br />
zona das estufas e, uma vez dentro, é distribuído através dos ventiladores existentes na<br />
área. O ar utilizado está livre de contaminantes, já que é recolhido da zona final do forno<br />
e as principais emissões produzem-se na zona central, que são aspiradas e emitidas ao<br />
exterior mediante uma chaminé (que deverá conter um filtro, para assegurar emissões de<br />
contaminantes o mais baixo possível).<br />
Fonte: Plano de poupança e eficiência energética 2004-2006 Andaluzia<br />
A poupança esperada oscilará entre os 2 e os 6% do consumo global do forno, para o<br />
aproveitamento dos gases e da ordem de 1-5% do consumo global do forno na<br />
recuperação do calor residual.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
173
Recuperação de calor residual<br />
Nos fornos túnel há calor residual que apresenta suficiente nível térmico para ser<br />
aproveitado no processo. Por exemplo, a refrigeração da abóbada e das vagonetas do<br />
forno sai em forma de corrente de ar a 100-120ºC, que se pode aproveitar no pré forno<br />
(se existente) ou na própria caixa de mistura, misturando-o com o ar de recuperação<br />
direta, ou aproveitar-se como ar de combustão dos bicos do forno. A poupança esperada<br />
é da ordem de 1-5% do consumo global do forno.<br />
Utilização de isolantes térmicos<br />
A utilização de isolamento térmico nas estufas e nas condutas de gases quentes<br />
extraídos do forno melhora notavelmente o rendimento energético, com um investimento<br />
reduzido.<br />
Utilização de sistemas de controlo<br />
As características especiais da secagem de peças cerâmicas e a necessidade de manter<br />
rigorosamente determinadas condições de humidade e temperatura, configuram a<br />
secagem como uma operação com um amplo campo para a introdução de sistemas de<br />
regulação automática. O emprego destes sistemas conduz à redução do consumo<br />
energético da secagem, devido a que permite um maior e melhor ajuste das condições<br />
ideais de secagem, reduzindo-se a duração da operação e a um aumento da qualidade<br />
das peças (diminui o índice de rachas).<br />
Utilização de estufas contínuas<br />
As estufas contínuas apresentam uma série de vantagens sobre os outros tipos. Como<br />
características mais importantes, podemos destacar:<br />
Diminuição da mão-de-obra;<br />
Aumento da velocidade do processo;<br />
Diminuição do consumo energético;<br />
Facilidade no controlo automático da humidade e temperatura;<br />
Integração com o forno de cozer (se do tipo túnel);<br />
Utilização de bombas de calor<br />
Através da utilização de bombas de calor, toma-se calor de um foco frio (ar temperado e<br />
húmido na saída da estufa) e cede-se a um foco quente (ar que vai ser utilizado na<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
174
secagem). Neste caso, é aconselhável a utilização de um circuito fechado para o ar. A<br />
humidade que se tira às peças na secagem, elimina-se no evaporador do circuito da<br />
bomba de calor. O rendimento real é de 30 a 50%.<br />
Melhoria da distribuição de ar nas estufas<br />
Nas estufas em túneis contínuos ou semi-contínuos, a distribuição do ar no seu interior<br />
realiza-se através de injecção do ar pela parte superior. Para melhorar a distribuição do<br />
calor, estão sendo instalados ventiladores cónicos, que permitem regular a toda a altura<br />
da estante da entrada de ar quente e, consequentemente, a temperatura de secagem.<br />
Por outras palavras, permitem homogeneizar a temperatura e a humidade a toda a altura<br />
da estante. Melhora-se a qualidade final do produto e reduz-se o ciclo de secagem do<br />
equipamento com a consequente poupança energética (da ordem dos 10-20% do<br />
consumo inicial da estufa).<br />
Medidas de poupança energética no cozimento<br />
O cozimento é a operação de maior importância na fabricação de produtos cerâmicos, do<br />
ponto de vista energético e económico. Pode-se alcançar uma poupança energética<br />
considerável, elegendo-se um sistema de cozimento e fornos adequados, modificando-se<br />
as matérias-primas, optimizando a transmissão de calor no interior do forno e reduzindo<br />
as perdas de calor.<br />
Detalham-se algumas medidas visando a redução do consumo energético no cozimento:<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
175
Utilização racional da atmosfera (ar ambiente) do forno<br />
O ar ambiente do forno influi num grande número de transformações físicas e químicas<br />
que têm lugar durante o cozimento das peças cerâmicas, controlando a velocidade de<br />
numerosos processos e a fusibilidade dos sistemas cerâmicos.<br />
O componente desta atmosfera que mostra maior interesse, do ponto de vista<br />
energético, é o vapor de água, já que este produz nas fases vítreas dois efeitos no<br />
vidrado, que são a diminuição da viscosidade e da tensão superficial, o que produz um<br />
vidro mais fluído a menores temperaturas, aumentando-se assim a velocidade de<br />
sinterização nas pastas cerâmicas.<br />
A adição de água também provoca um aumento dos coeficientes de transmissão de calor<br />
por convecção e por radiação. Estas características tendem a homogeneizar a<br />
temperatura no interior do forno.<br />
Optimização da distribuição das peças no interior do forno<br />
As características fundamentais que devem apresentar a distribuição das peças no<br />
interior do forno para facilitar a transmissão do calor são:<br />
Facilidade de acesso dos gases a qualquer ponto da carga;<br />
Dificultar a circulação dos gases na parte alta da carga (fornos contínuos).<br />
A permeabilidade dos empilhamentos das peças facilita o acesso dos gases e, portanto,<br />
do calor a qualquer ponto da carga, homogeneizando-se a temperatura com grande<br />
rapidez. O factor determinante da permeabilidade de um empilhamento é a superfície em<br />
contacto com os gases do forno.<br />
Recirculação de gases<br />
A recirculação de gases diminui a duração do ciclo de cozimento, já que facilita<br />
notavelmente a transmissão de calor no interior do forno. Esta melhoria permite a<br />
produção de peças de maior qualidade (diminui a percentagem de peças rachadas e<br />
defeituosas) e com um consumo energético menor (diminui a duração do ciclo de<br />
cozimento). A recirculação deve calcular-se de forma precisa, para evitar a aparição de<br />
sobre pressão ou de sub pressão, que aumentariam as fugas de gases quentes ou<br />
entradas de ar frio, respectivamente.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
176
Redução de perdas em funcionamento intermitente<br />
Durante o tempo de paragem, o calor armazenado nas paredes e no chão do forno<br />
dissipa-se gradualmente, constituindo uma perda, já que será necessário de novo no<br />
período seguinte de utilização do forno. Para diminuir as perdas por funcionamento<br />
intermitente do forno, recomenda-se:<br />
Utilização de material de elevada difusibilidade;<br />
Ciclos de grande duração;<br />
Paredes de pequena espessura.<br />
Instalação de queimadores de alta velocidade no forno<br />
A colocação de queimadores de alta velocidade nas paredes laterais da zona de pré<br />
aquecimento de um forno túnel, permite uma maior homogeneidade de temperaturas<br />
entre a parte alta e baixa dos contentores de ladrilhos, sendo assim mais rápido e<br />
eficiente o cozimento do material.<br />
Mediante a instalação deste tipo de queimadores, reduz-se tanto a duração do ciclo de<br />
cozimento (com o consequente aumento da produtividade entre 20 a 30%), como o<br />
consumo específico do forno (em aproximadamente uns 5%).<br />
Substituição de linhas de fornos Hoffmann e estufas de câmaras por fornos e<br />
estufas túnel contínuos<br />
Trata-se de uma medida de modernização tecnológica dos equipamentos principais<br />
(fornos Hoffmann e estufas de câmaras) de tecnologia inferior e de operação<br />
descontínua, por um forno túnel e estufas contínuo ou semi contínuo: por um lado,<br />
permite aumentar a quantidade e qualidade do ladrilho cozido e reduzir o custo da mãode-obra;<br />
por outro, a diminuição apreciável do consumo específico de combustível.<br />
Devido à operação contínua, a recuperação directa de um forno túnel equivale a mais de<br />
30% do calor necessário para cozer uma tonelada de ladrilho, enquanto para os fornos<br />
Hoffmann esta proporção é inferior a 20%. Este é o motivo principal para a eficácia<br />
energética de um forno túnel ser mais elevada que a de um forno Hoffmann. O<br />
rendimento térmico de um forno túnel é superior a 70-75% em relação à combustão e ao<br />
PCI do combustível utilizado, bastante maior que o valor de um forno Hoffmann, que<br />
oscila entre os 50 e 55%. Algo parecido ocorre com as estufas: o rendimento de uma<br />
estufa de câmaras oscila entre os 45-55%, enquanto uma estufa túnel é 70% ou superior.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
177
Ademais, deve ter-se em conta o benefício da melhor qualidade do produto e da maior<br />
capacidade de produção. Também é importante a redução do custo de mão-de-obra.<br />
Instalação de co-geração<br />
O consumo eléctrico nas indústrias do sector cerâmico é considerável, devido aos<br />
equipamentos envolvidos nos diversos processos. Uma forma importante de melhorar<br />
este consumo é a implementação da co-geração para a geração de electricidade, de<br />
maneira que parte desta seja vendida e parte seja consumida internamente na própria<br />
empresa. Ademais, o calor residual produzido pode ser aproveitado no mesmo processo.<br />
Existem distintos tipos de co-geração e que oferecem características diferentes.<br />
Seguidamente apresentam-se as principais vantagens e desvantagens de cada um:<br />
Tipos Vantagens Desvantagens<br />
Turbina de gás<br />
Gama de aplicações ampla<br />
Fiabilidade<br />
Temperatura elevada da<br />
energia térmica<br />
Emissão de gases com alto<br />
conteúdo de oxigénio<br />
Gamas desde 0,5 a 100MW<br />
Limitação nos<br />
combustíveis<br />
Tempo de vida<br />
relativamente curto<br />
Turbina de Vapor<br />
Rendimento global muito alto<br />
Segurança<br />
Variedade dos combustíveis a<br />
usar<br />
Tempo de vida amplo<br />
Ampla gama de potências<br />
Custo elevado<br />
Posta em marcha lenta<br />
Não é possível alcançar<br />
potências eléctricas<br />
elevadas<br />
Motor Alternativo<br />
Alto rendimento eléctrico<br />
Baixo custo<br />
Tempo de vida amplo<br />
Capacidade de adaptação às<br />
variações da procura<br />
Custos de manutenção<br />
elevados<br />
Obtenção de energia<br />
térmica a baixa<br />
temperatura<br />
A poupança económica que se obtém depende da diferença que exista entre o preço da<br />
energia adquirida directamente da rede e o preço do combustível utilizado na co-geração.<br />
Na situação em que exista também venda de energia à rede, dependerá também da<br />
margem entre o preço do combustível e o preço de venda. Quanto maior for este<br />
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178
diferencial, maior será o benefício que se obtém e, portanto, mais rapidamente se obterá<br />
a amortização da instalação. Nas situações mais usuais da implementação da cogeração,<br />
obtêm-se reduções na ordem dos 20-30% na factura da energia eléctrica, com<br />
períodos de amortização dos 2 a 3 anos.<br />
Mudança para o gás natural<br />
O gás natural é um combustível limpo, de fácil controlo e regulação. O seu uso em lugar<br />
dos combustíveis convencionais, implica:<br />
Poupança e diversificação energética e, portanto, melhoria da eficiência<br />
energética do processo;<br />
Poupança económica, devida principalmente, ao preço elevado alcançado nos<br />
últimos anos elos combustíveis derivados do petróleo;<br />
Melhoria do rácio de produção versus qualidade do produto;<br />
Diminuição da dependência energética do petróleo;<br />
Redução do impacto ambiental da actividade.<br />
A poupança que se obteria com a substituição dos combustíveis derivados do petróleo é<br />
da ordem dos 2-10% do consumo inicial. No caso da geração de ar quente para a<br />
secagem é de cerca de 10%.<br />
Muitas indústrias cerâmicas instalaram queimadores de fluxo de ar a gás, que satisfazem<br />
a procura de ar quente da secagem de forma limpa e eficaz e permitem maior facilidade<br />
de regulação do processo de secagem e maior qualidade do produto final. Assim, estes<br />
equipamentos permitiram melhorar a competitividade e contribuir para a modernização<br />
tecnológica. Os queimadores laterais de alta velocidade a gás dos fornos túnel melhoram<br />
o pré aquecimento do material e permitem aumentar a produção e a qualidade do produto<br />
final.<br />
RESULTADOS<br />
Consideram-se relevantes as seguintes áreas de melhoria:<br />
- Utilização de aditivos que impliquem menor conteúdo de água nas pastas;<br />
- Regulação automática do conteúdo de água;<br />
- Implementar a extrusão ao vapor;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
179
- Utilizar sistemas de prensagem a seco;<br />
- Reutilização de resíduos de pasta resultantes da moldagem;<br />
- Utilização de vapor a baixa pressão em vez de água nas argilas plásticas;<br />
- Recuperação de calor do ar dos fornos;<br />
- Recuperação de calor nos gases de escape dos fornos;<br />
- Melhorar os isolamentos térmicos em fornos e secadores;<br />
- Controlos automáticos das condições nos fornos (humidade e temperatura);<br />
- Utilização de estufas contínuas;<br />
- Utilização de bombas de calor;<br />
- Melhorar a distribuição do ar no interior das estufas;<br />
- Controlar o teor de humidade no interior dos fornos;<br />
- Optimizar a distribuição de peças no interior dos fornos de cozedura;<br />
- Recirculação de gases no interior dos fornos;<br />
- Optimização do planeamento de cargas nos fornos, com redução dos tempos de espera<br />
e paragens;<br />
- Instalação de queimadores de alta velocidade nos fornos;<br />
- Substituição dos fornos por fornos túnel;<br />
- Co-geração;<br />
- Mudança para o gás natural.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
180
IDENTIFICAÇÃO DE CASO DE SUCESSO<br />
PROJECTO EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA CERÂMICA ISABELA, LTD 32 -<br />
BRASIL<br />
Este projecto visa implementar melhorias nas instalações eléctricas da empresa com o<br />
objectivo de que venham a contribuir para a eficiência dos processos, aumento da<br />
segurança nas instalações e o uso racional de energia. Será realizado um diagnóstico<br />
energético, que irá apontar as principais oportunidades de racionalização do consumo de<br />
energia eléctrica. A Enersul executará a implementação das medidas de eficiência<br />
energética apresentadas no relatório de diagnóstico energético. Na ocasião, será<br />
apresentado o detalhe do projecto, especificando as medidas a serem implementadas, os<br />
custos individuais de material e mão-de-obra, cálculo do custo-benefício, cronograma<br />
físico/financeiro e metodologia para verificação e medição do resultado.<br />
As implementações serão discutidas com o cliente, a fim de viabilizar a melhor forma de<br />
serem concretizadas, cabendo à Enersul o desembolso referente aos custos de mão-deobra,<br />
materiais e equipamentos. Os desembolsos efectuados pela Enersul serão<br />
ressarcidos pelo cliente, aplicando-se as condições de negociação estabelecidas em<br />
Contrato de Performance. A recuperação do investimento será parcelada, limitando-se as<br />
parcelas ao valor da economia verificada.<br />
DESCRIÇÃO E RESULTADOS<br />
Com a elaboração dos diagnósticos energéticos e a efectivação das medidas indicadas<br />
nos relatórios, espera-se obter uma economia de energia da ordem dos 1.376,35<br />
MWh/ano e uma redução da procura nas horas de ponta de 337,36 kW.<br />
Benefícios Esperados<br />
Os benefícios do projecto atenderão aos interesses dos clientes, combatendo os focos de<br />
desperdício de energia eléctrica dentro das suas instalações, reduzindo o valor da<br />
factura, e contribuindo para elevar a eficiência nos processos e a segurança.<br />
Concomitantemente, o projecto vem ao encontro dos objectivos da Enersul, uma vez que<br />
o deslocamento de carga do horário de ponta do sistema permite postergar<br />
investimentos, aumentar a oferta, e melhorar a qualidade de fornecimento.<br />
32 ENERSUL - Programa de Eficiência Energética 2011<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
181
Investimento Previsto<br />
O investimento previsto para execução dos projectos é de R$ 1.563.693,75.<br />
Principais medidas<br />
- Realização de Auditorias energéticas;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
182
CASOS DE SUCESSO NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS DE<br />
PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA<br />
IDAE - INSTITUTO PARA A DIVERSIFICAÇÃO E POUPANÇA<br />
ENERGÉTICA 33 - ESPANHA<br />
INTRODUÇÃO E DESCRIÇÃO<br />
A poupança final de energia apresentada no Plano de Acção 2011-2020 foi determinada<br />
para os anos de 2016 e 2020 segundo os mesmos critérios metodológicos e indicadores<br />
utilizados para o ano de 2010.<br />
As medidas incluídas neste Plano de Acção apresentará uma poupança de energia<br />
prevista para 2020 de 17.842 ktep e 35.585 ktep de energia primária, calculada com<br />
referência a 2007 e de acordo com a metodologia proposta pela Comissão Europeia.<br />
A economia em termos de energia primária, resulta principalmente das medidas<br />
propostas para o sector de transformação de energia deste plano, do fomento da<br />
promoção da co-geração e da mudança resultante no mix de geração de electricidade<br />
estimulado por outras políticas energéticas anexas e que respondem às obrigações<br />
decorrentes da Directiva 2009/28/CE, de 23 de Abril de 2009 sobre a promoção do uso<br />
de energia proveniente de fontes renováveis.<br />
A poupança referida anteriormente em energia primária, equivalente a 20% do consumo<br />
de energia primária em 2020, foi calculada em termos de ausência de políticas de<br />
diversidade e promoção das energias renováveis aprovados pelo Governo espanhol e do<br />
Plano de Acção 2011-2020 (o consumo de energia primária, na ausência de medidas<br />
teria ascendido a 177.798-ktep).<br />
RESULTADOS<br />
Considera-se os seguintes resultados relevantes:<br />
Fomento da co-geração;<br />
Fomento da utilização de energias renováveis<br />
33 2ª Plan De Acción Nacional De Eficiencia Energética En España 2011-2020<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
183
Conclusões do Sector<br />
Dos trabalhados analisados e das medidas identificadas, apresenta-se a seguir um<br />
resumo que retracta sugestões de medidas de eficiência energética para o sector em<br />
causa.<br />
Energias alternativas<br />
Co-geração, com produção de electricidade e calor;<br />
Utilização de gás natural;<br />
Promoção da utilização de energias renováveis;<br />
Força motriz<br />
Instalação de variadores de velocidade;<br />
Instalação de motores de alta eficiência;<br />
Sistema de ar comprimido<br />
Aproveitamento para aquecimento de ar (recuperação de calor);<br />
Arrefecer o ar de entrada nos compressores;<br />
Eliminar fugas nos sistemas de ar comprimido;<br />
Eliminar reduções de pressão de funcionamento;<br />
Iluminação<br />
Utilização de lâmpadas com maior eficiência energética;<br />
Fornos e estufas<br />
Optimizar parâmetros de humidade e temperatura;<br />
Implementação de uma etapa de secagem de pré cozedura;<br />
Melhorar o isolamento térmico;<br />
Utilizar queimadores de alta velocidade;<br />
Recuperação directa de calor;<br />
Recuperação de calor dos gases de escape;<br />
Recuperação de calor do ar dos fornos;<br />
Utilização de estufas contínuas;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
184
Instalação de bombas de calor;<br />
Optimizar a circulação de ar quente no interior de fornos e estufas;<br />
Optimização da distribuição de cargas no interior dos fornos;<br />
Nivelamento de cargas de produção, com redução de tempos de espera e de<br />
paragem;<br />
Utilização de fornos contínuos.<br />
Outros<br />
Implementação de rótulo energético nos produtos cerâmicos;<br />
Utilização de aditivos que favoreçam a plasticidade e a redução do conteúdo de água<br />
nas pastas de moldagem;<br />
Controlo automático do teor de humidade nas pastas nas diversas etapas do<br />
processo;<br />
Extrusão ao vapor;<br />
Prensagem a seco;<br />
Reutilização dos resíduos de pastas resultantes do processo de moldagem;<br />
Realização de auditorias/diagnósticos energéticos;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
185
CONCLUSÕES DO BENCHMARKING INTERNACIONAL<br />
A informação disponível para a realização do presente estudo centra-se sobretudo em<br />
dados qualitativos, estudos sectoriais e casos de sucesso, que poucas vezes apresentam<br />
resultados numéricos. Esta limitação prende-se com o facto de não existirem indicadores<br />
ao nível empresarial disponíveis para que possa se efectuado um estudo comparativo<br />
dos resultados e da performance de cada empresa, por exemplo ao nível da intensidade<br />
energética.<br />
No entanto, a informação é explicita quanto a politicas, orientações e boas práticas, da<br />
qual se pode inferir o potencial de melhoria de eficiência energética e a dimensão do<br />
caminho que ainda pode ser percorrido.<br />
São inúmeras as orientações que estão disponíveis para eficiência energética, sendo<br />
estas provenientes de organismos internacionais, da comissão europeia, dos países ou<br />
mesmo de organizações públicas e privadas que se dedicam a esta matéria. O CESE, na<br />
sua orientação para o impacto geral da política energética nas pequenas e médias<br />
empresas (PMEs), caracteriza de uma forma abrangente algumas das principais linhas<br />
orientadoras.<br />
O CESE sublinha que os objectivos da política energética da UE podem proporcionar<br />
oportunidades importantes de desenvolvimento a certos tipos de PME e, assim, de<br />
criação de novos empregos. A este respeito, as pequenas empresas e as microempresas<br />
encontram-se em quatro situações distintas em matéria de política energética:<br />
1. As empresas utilizadoras de energia: as pequenas empresas e as<br />
microempresas, na sua maioria, deparam-se com quatro problemas:<br />
o Ainda não conhecem as vantagens de uma utilização mais racional da<br />
energia,<br />
o Não medem o impacto das medidas de poupança de energia nas suas<br />
actividades e na sua mão-de-obra,<br />
o Não sabem que escolhas fazer nem a quem recorrer para as realizar,<br />
o Carecem de recursos financeiros para os investimentos no plano da<br />
eco-eficiência energética, os quais, além do mais, têm um tempo de<br />
retorno demasiado longo.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
186
A referida falta de informação deve-se, particularmente, ao facto de a pequena<br />
dimensão destas empresas não lhes permitir dispor internamente de pessoal<br />
especializado para as questões energéticas e ambientais.<br />
2. O problema do retorno do investimento: os investimentos destinados a reduzir<br />
o consumo de energia podem atingir montantes deveras elevados, mas a sua taxa<br />
de retorno a curto prazo pode ser muito baixa. Na maior parte dos casos, os<br />
custos não poderão ser transferidos para as actividades de produção ou de<br />
serviços e as poupanças de energia realizadas só poderão compensar os<br />
investimentos a muito longo prazo. Este retorno do investimento é frequentemente<br />
superior a cinco anos, o que representa um travão para as pequenas empresas.<br />
3. As empresas instaladoras de produtos e sistemas destinados a melhorar a<br />
utilização da energia, ou prestadoras de serviços de manutenção com o mesmo<br />
objectivo, desempenham um papel de divulgação das técnicas de eco-eficiência<br />
energética junto dos consumidores. Estão particularmente em causa:<br />
o<br />
As actividades de construção, com a aplicação de sistemas de construção<br />
eco-eficiente e de utilização de produtos eficientes em termos energéticos,<br />
ou a instalação de sistemas de energias renováveis.<br />
Para este problema o CESE propõe o desenvolvimento de programas de<br />
formação dos profissionais da construção sobre as novas técnicas da construção<br />
eco-eficiente, os materiais eficientes em termos energéticos e as novas<br />
abordagens para avaliar o desempenho energético dos edifícios e a redução do<br />
custo dos seguros mediante a criação, a nível da UE, de um instrumento<br />
financeiro ou outro que permita reduzir o custo do risco assumido pelas<br />
seguradoras.<br />
4. As actividades ligadas ao serviço de instalação e manutenção de aparelhos<br />
de redução do consumo de energia junto de particulares e empresas<br />
As PME deste sector sofrem a concorrência directa dos grandes produtores de<br />
energia, que intervêm em todo o território nacional através das estruturas<br />
directamente criadas e controladas por eles; totalmente dependentes dos grandes<br />
grupos que as controlam, estas empresas estão mais interessadas na venda de<br />
energia convencional do que em melhorar a eficiência energética dos seus<br />
clientes.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
187
Nestes casos, o CESE considera que as autoridades europeias e nacionais<br />
devem vigiar este mercado, a fim de garantir a total transparência do mesmo e<br />
evitar situações de abuso de posição dominante, e também apela ao<br />
desenvolvimento de programas de formação das PME, a fim de reforçar o seu<br />
papel de influenciador e conselheiro junto dos particulares e das empresas.<br />
As pequenas empresas que concebem e fabricam produtos destinados à<br />
poupança de energia são particularmente inovadoras no sector dos materiais e<br />
equipamentos sustentáveis.<br />
Na realidade, as pequenas empresas inovadoras têm de fazer face a numerosas<br />
dificuldades para desenvolver o seu produto, patenteá-lo (patente europeia) e<br />
colocá-lo no mercado. Lutam frequentemente contra situações de quase<br />
monopólio de grandes grupos ou de grandes laboratórios industriais, bem como<br />
contra sistemas de certificação cada vez mais complexos que acabam por<br />
estrangular a inovação e impedir o acesso efectivo das pequenas empresas ao<br />
mercado das inovações.<br />
O CESE considera que devem ser empreendidas as seguintes acções:<br />
o<br />
o<br />
o<br />
Criar um plano da UE à imagem do programa norte-americano SBIRE, que<br />
se destina a ajudar as organizações intermediárias de pequenas empresas<br />
a identificar as eco-inovações em matéria energética, a apoiar o<br />
desenvolvimento, a certificação e a patenteação das mesmas, e a facilitar<br />
o seu acesso ao mercado;<br />
Criar um instrumento financeiro flexível e facilmente acessível para apoiar,<br />
à taxa zero ou a taxas muito reduzidas, as inovações de materiais e<br />
equipamentos sustentáveis;<br />
Estabelecer procedimentos técnicos simplificados, neutros e acessíveis de<br />
normalização e de certificação das eco-inovações das pequenas empresas<br />
e velar por que a normalização e a certificação não sejam utilizadas como<br />
obstáculos à entrada no mercado da eficiência energética. Isto pode ser<br />
evitado através da imposição, para cada norma técnica europeia<br />
harmonizada, de uma avaliação de impacto antes da sua adopção<br />
definitiva<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
188
Ao nível das políticas que podem influenciar as acções ao nível da eficiência energética,<br />
verifica-se que as orientações ao nível da comissão europeia são objectivas e de carácter<br />
operacional, ou seja, os países podem integrar facilmente nos seus planos nacionais<br />
medidas objectivas de melhoria da eficiência energética. No entanto, existem práticas<br />
distintas que importa realçar:<br />
Politicas Financiamento – promoção da implementação de medidas de eficiência<br />
energética nas empresas recorrendo ao financiamento, cujo retorno será medido<br />
através dos resultados obtidos, por exemplo reflectido na poupança ou na<br />
componente fiscal, sendo exemplo destas práticas países como a França, a<br />
Finlândia, a Dinamarca e a Suécia.<br />
Acordos específicos de eficiência energética para a indústria.<br />
Promoção da realização de auditorias energéticas como ponto de partida para a<br />
caracterização dos consumos e das medidas a realizar (incluindo a análise da sua<br />
viabilidade).<br />
Descentralização das políticas de eficiência energética através das agências de<br />
energia que abarcam todos os sectores da actividade económica e não apenas<br />
para um sector (por exemplo o sector público).<br />
Politicas de benefícios fiscal e/ou financeiro medido através da redução da<br />
intensidade carbónica, sendo esta indexada, ou como consequência da<br />
implementação de medidas de eficiência energética.<br />
No que respeita à implementação de medidas de eficiência energética na indústria e em<br />
particular nos sectores objecto do presente trabalho, foram identificadas um conjunto de<br />
boas práticas, das quais será importante destacar:<br />
Relatório Indicador de desempenho energético: “Fluid Milk Plants – Canadá<br />
Este estudo foi realizado para um conjunto de empresas do mesmo sector com<br />
características semelhantes. Os resultados obtidos são passíveis de aplicação<br />
nas restantes empresas do sector. Destaca-se a importância das sinergias obtidas<br />
pelo envolvimento das diversas empresas para a obtenção do resultado.<br />
Esta iniciativa poderá ser alargada a outros sectores da actividade industrial.<br />
Oportunidades de melhoria da eficiência energética na Indústria Têxtil – EUA<br />
Este estudo compreende um bom exemplo de recolha de boas práticas ao nível<br />
da eficiência energética, suportadas na quantificação da poupança obtida. Esta<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
189
abordagem permite uma fácil compreensão e consequente disseminação e<br />
aplicação.<br />
Ao nível ser casos de sucesso de estudo realizados ao nível sectorial, destacam-se<br />
algumas iniciativas que por um lado representam uma redução da factura de energia e<br />
por outro representam iniciativas efectivas de melhoria da eficiência energética.<br />
Destacam os exemplos seguintes:<br />
Compra Energética Conjunta - Grémio de Fabricantes de Sabadell – Espanha<br />
– este exemplo representa uma forte redução do custo da energia que foi<br />
concretizada por um conjunto de empresas. Esta iniciativa, a operar em outros<br />
locais, deverá representar ganhos semelhantes.<br />
Eficiência energética e Riscos ambientais – Espanha – este estudo representa<br />
uma preocupação conjunta no âmbito da eficiência energética com uma<br />
orientação para uma visão ambiental. Esta abordagem permite que do ponto de<br />
vista da sensibilização das empresas para a sustentabilidade, seja possível<br />
observar também a melhoria da eficiência energética.<br />
A análise efectuada no presente estudo compreendeu a sistematização das conclusões<br />
retiradas de cada sector. Destas conclusões foi identificado um conjunto de sugestões de<br />
medidas de eficiência energética, que na matriz das páginas seguintes estão reunidas<br />
para os cinco sectores e organizadas pelos grupos que foram identificados para cada<br />
sector.<br />
As medidas apresentadas são as que resultaram da análise de cada estudo, embora não<br />
se trate de uma recolha exaustiva, compreende uma compilação dos resultados de cada<br />
estudo analisado.<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
190
MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />
Madeiras e<br />
Mobiliário<br />
Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />
Rede eléctrica<br />
Corrigir o factor de<br />
potência;<br />
Corrigir o factor de<br />
potência;<br />
Utilizar sistemas de gestão<br />
e monitorização da energia;<br />
Corrigir o factor de<br />
potência;<br />
Energias<br />
alternativas<br />
Utilizar biomassa<br />
como combustível<br />
alternativo ao fuel;<br />
Cogeração, com introdução<br />
de biodigestores e produção<br />
de metano;<br />
Cogeração com utilização<br />
de motores a pistão, com<br />
produção simultânea de<br />
electricidade e água quente;<br />
Utilizar biomassa;<br />
Utilizar energia fotovoltaica;<br />
Cogeração, com produção<br />
de electricidade e calor;<br />
Utilização de gás natural;<br />
Promoção da utilização de<br />
energias renováveis;<br />
Força motriz<br />
Instalar variadores de<br />
frequência nos motores de<br />
accionamento dos<br />
ventiladores;<br />
Melhoria da eficiência dos<br />
motores;<br />
Substituição de correias de<br />
transmissão em V por<br />
correias de transmissão<br />
assíncrona;<br />
Adequação da potência<br />
dos motores as<br />
necessidades;<br />
Procurar adequar as<br />
cargas nominais dos<br />
motores às cargas a eles<br />
aplicadas;<br />
Variadores de velocidade<br />
em bombas e motores;<br />
Mudança/utilização de<br />
motores de alta eficiência;<br />
Não utilizar equipamentos<br />
sobredimensionados;<br />
Substituir motores antigos<br />
por motores mais eficientes;<br />
Melhorar a tensão de<br />
alimentação;<br />
Instalar dispositivos que<br />
permitam ajustar o arranque<br />
dos motores;<br />
Instalar variadores de<br />
frequência em motores das<br />
bombas;<br />
Instalar variadores de<br />
frequência em ventiladores<br />
dos secadores;<br />
Instalação de variadores<br />
de velocidade;<br />
Instalação de motores de<br />
alta eficiência;<br />
Sistema de ar<br />
comprimido<br />
Utilizar ar do exterior para<br />
arrefecimento do<br />
compressor;<br />
Utilizar lubrificantes<br />
sintéticos no compressor;<br />
Muitas oportunidades de<br />
melhoria de eficiência num<br />
sistema de ar comprimido<br />
são comuns em<br />
instalações industriais;<br />
Melhorar a monitorização,<br />
fazer upgrading tecnológico<br />
dos sistemas de ar<br />
comprimido, melhorar a<br />
eficiência da secagem do ar;<br />
Ajustar a pressão do ar<br />
comprimido às<br />
necessidades;<br />
Eliminar fugas da rede de ar<br />
comprimido;<br />
Aproveitamento para<br />
aquecimento de ar<br />
(recuperação de calor);<br />
Arrefecer o ar de entrada<br />
nos compressores;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
191
MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />
Madeiras e<br />
Mobiliário<br />
Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />
Detectar e reparar fugas de<br />
ar na instalação;<br />
Combate às fugas;<br />
Recuperação de calor;<br />
Motores de alta eficiência;<br />
Variadores de velocidade;<br />
Sistemas de controlo;<br />
Sistemas de<br />
arrefecimento, filtragem e<br />
secagem do ar;<br />
Mudanças periódicas dos<br />
filtros;<br />
Utilizar ar frio do exterior<br />
para alimentação do<br />
compressor;<br />
Eliminar fugas nos<br />
sistemas de ar<br />
comprimido;<br />
Eliminar reduções de<br />
pressão de funcionamento;<br />
Iluminação<br />
Melhorar a eficiência dos<br />
equipamentos de<br />
iluminação;<br />
Instalar clarabóias para<br />
aproveitamento da luz<br />
natural;<br />
Instalar sensores de luz e<br />
de movimento para<br />
controlo da iluminação em<br />
armazéns;<br />
Reduzir iluminação em<br />
zonas de passagem;<br />
Os sistemas de iluminação<br />
apresentam boas<br />
oportunidades de<br />
implementar soluções de<br />
eficiência energética e os<br />
investimentos associados<br />
aos sistemas de<br />
iluminação são<br />
recuperados geralmente<br />
num prazo de três meses<br />
a dois anos;<br />
Instalação de iluminação<br />
energeticamente eficiente<br />
Utilizar luz natural;<br />
Reduzir ao mínimo a<br />
iluminação no exterior da<br />
instalação;<br />
Utilizar LED’s sempre que<br />
possível;<br />
Separar iluminação por<br />
zonas;<br />
Utilizar sensores de<br />
presença / movimento;<br />
Verificar as normas de<br />
iluminação;<br />
Utilizar lâmpadas mais<br />
eficientes;<br />
Utilizar temporizadores<br />
programáveis;<br />
Utilização de lâmpadas<br />
com maior eficiência<br />
energética;<br />
Manutenção e limpeza das<br />
iluminarias;<br />
Climatização<br />
Instalar unidades de<br />
climatização ajustadas aos<br />
espaços;<br />
Instalar termóstatos para<br />
Aproveitamento do ar frio<br />
exterior (no Inverno) para<br />
refrigerar produtos;<br />
Variadores de velocidade<br />
Montar os equipamentos de<br />
ar condicionado em locais<br />
frescos, ventilados e à<br />
sombra;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
192
MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />
Madeiras e<br />
Mobiliário<br />
Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />
controlo eficaz das<br />
temperaturas;<br />
Recuperar o calor de<br />
exaustão do compressor<br />
para climatização;<br />
em ventoinhas de<br />
ventilação;<br />
Evitar o<br />
sobredimensionamento dos<br />
equipamentos;<br />
Seleccionar a temperatura<br />
certa;<br />
Considerar o uso de<br />
variadores de velocidade;<br />
Considerar o uso de<br />
motores de alta eficiência<br />
nos ventiladores;<br />
Controlar a temperatura do<br />
ar à entrada dos sistemas<br />
de climatização;<br />
Reduzir as perdas de<br />
energia em climatização<br />
nos edifícios;<br />
Energia térmica<br />
Instalar sistemas de cogeração<br />
para produção de<br />
energia eléctrica e vapor;<br />
Caldeiras de água<br />
quente / Termo<br />
fluído / geradores<br />
de ar quente<br />
Manter a eficiência dos<br />
equipamentos de queima;<br />
Substituir queimador a<br />
propano por queimador a<br />
serrim;<br />
Recuperar calor dos gases<br />
de exaustão para préaquecer<br />
o ar de<br />
combustão;<br />
Combate às fugas;<br />
Utilização de água quente<br />
canalizada;<br />
Modernização tecnológica<br />
das caldeiras mais antigas<br />
por modelos<br />
energeticamente mais<br />
eficientes;<br />
Utilização de água aquecida<br />
à temperatura adequada,<br />
em vez de injecção de<br />
vapor;<br />
Assegurar que as<br />
mangueiras de água quente<br />
estão desligadas e que os<br />
procedimentos para as<br />
operações de limpeza locais<br />
Controlar periodicamente a<br />
relação ar/combustível no<br />
queimador;<br />
Substituir queimadores por<br />
unidades mais eficientes;<br />
Utilizar de gás natural em<br />
substituição do fuel;<br />
Efectuar manutenção<br />
regular dos equipamentos;<br />
Instalar recuperadores de<br />
calor dos gases de<br />
combustão;<br />
Isolamento dos depósitos<br />
de condensados;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
193
MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />
Madeiras e<br />
Mobiliário<br />
Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />
Geradores de<br />
vapor<br />
demoram o tempo correcto;<br />
Manutenção de tubagens de<br />
água quente e vapor livres<br />
de vazamentos e fugas;<br />
Melhorar a eficiência das<br />
caldeiras através da<br />
instalação de controlo de<br />
entrada de ar para a<br />
combustão (low-excess);<br />
Recuperação do calor de<br />
efluentes líquidos através de<br />
permutadores;<br />
Adequar os bicos das<br />
mangueiras à função,<br />
evitando o desperdício;<br />
Tratar os derramamentos<br />
sólidos como resíduos<br />
sólidos, limpando em vez de<br />
lavar;<br />
Recompressão mecânica do<br />
vapor;<br />
Modernização tecnológica<br />
das caldeiras mais antigas<br />
por modelos<br />
energeticamente mais<br />
eficientes;<br />
Manutenção de tubagens de<br />
água quente e vapor livres<br />
de vazamentos;<br />
Melhorar a eficiência das<br />
caldeiras através da<br />
instalação de controlo de<br />
entrada de ar (low-excess);<br />
Recuperar os gases de<br />
exaustão para préaquecimento<br />
da água;<br />
Retorno de condensados;<br />
Reparar fugas de vapor;<br />
Tratamento da água;<br />
Utilizar as perdas de calor<br />
para pré-aquecer a água de<br />
alimentação da caldeira;<br />
Isolar tubagens;<br />
Realizar manutenção<br />
eficaz;<br />
Controlo de carga;<br />
Instalar válvulas<br />
automáticas de controlo de<br />
vapor;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
194
MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />
Madeiras e<br />
Mobiliário<br />
Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />
Fornos e estufas<br />
Pré-aquecer o ar à entrada<br />
dos secadores;<br />
Garantir a ausência de<br />
fugas de ar;<br />
Melhorar o isolamento;<br />
Assegurar uniformidade de<br />
temperatura no interior do<br />
secador;<br />
Implementar ferramentas<br />
de monitorização e<br />
controlo dos processos de<br />
secagem;<br />
Recuperar o calor dos<br />
gases de exaustão;<br />
Actualização da tecnologia<br />
dos fornos;<br />
Utilizar o tipo de secador<br />
com consumo energético<br />
mínimo;<br />
Instalar um sistema de<br />
controlo do processo de<br />
secagem;<br />
Optimizar as condições de<br />
funcionamento do secador;<br />
Recuperar calor dos gases<br />
de exaustão para préaquecimento<br />
de água e<br />
máquinas;<br />
Instalar queimadores a gás<br />
natural em secadores;<br />
Melhorar o isolamento dos<br />
equipamentos;<br />
Optimizar parâmetros de<br />
humidade e temperatura;<br />
Implementação de uma<br />
etapa de secagem de pré<br />
cozedura;<br />
Melhorar o isolamento<br />
térmico;<br />
Utilizar queimadores de<br />
alta velocidade;<br />
Recuperação directa de<br />
calor;<br />
Recuperação de calor dos<br />
gases de escape;<br />
Recuperação de calor do<br />
ar dos fornos;<br />
Utilização de estufas<br />
contínuas;<br />
Instalação de bombas de<br />
calor;<br />
Optimizar a circulação de<br />
ar quente no interior de<br />
fornos e estufas;<br />
Optimização da<br />
distribuição de cargas no<br />
interior dos fornos;<br />
Nivelamento de cargas de<br />
produção, com redução de<br />
tempos de espera e de<br />
paragem;<br />
Utilização de fornos<br />
contínuos;<br />
Colaboradores<br />
Campanhas de<br />
comunicação/ promoção de<br />
técnicas eficientes para a<br />
Realizar formação e<br />
sensibilização do pessoal<br />
adequada ao posto de<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
195
MATRIZ COMPARATIVA DE MEDIDAS DE EFICIENCIA ENERGÉTICA AO NIVEL INTERNACIONAL<br />
Madeiras e<br />
Mobiliário<br />
Metalomecânica Agro-alimentar Têxtil e Vestuário Vidro e Cerâmica<br />
utilização eficiente da<br />
energia na agricultura;<br />
trabalho;<br />
Informar os colaboradores<br />
das medidas de poupança<br />
de energia que a empresa<br />
quer adoptar;<br />
Promover a participação<br />
dos colaboradores na<br />
gestão energética;<br />
Implementar a figura do<br />
Gestor de Energia como<br />
agente responsável pelos<br />
programas da gestão<br />
eficiente da energia e pelas<br />
auditorias energéticas;<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
196
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Celso Eduardo Lins de Oliveria Prof. Adj. Depto. Eng, de Alimentos/FZEA/USP<br />
Beatriz Moreira de Araujo Aluna de graduação em Eng. Alimentos, bolsista pelo<br />
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Prepared for the National Dairy Council of Canada<br />
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Minesterio de Industri, Turismo y Comercio<br />
Instituto para la Diversificación y Ahorro de la Energía<br />
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Energy Analysis Department<br />
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Ali Hasanbeigi<br />
2010<br />
Heat recovery in the textile dyeing and finishing industry: lessons from<br />
developing economies<br />
Faculty of Engineering, University of Mauritius<br />
Khalil Elahee<br />
2010<br />
Observatorio Industrial del Sector Textil e de la Confección<br />
Estudio Sobre Las Condiciones De Entrada De Productos De Terceros Países,<br />
Determinación Del Cumplimiento De La Normativa Legal Y Reglamentaria De La<br />
Unión Europea<br />
AITEX – Instituto Tecnológico Textil<br />
ASINTEC – Centro Tecnológico de Confeccion<br />
CETMMSA<br />
LEITAT – Technological Center<br />
2007<br />
Gestão Energética na Industria Têxtil<br />
Intelligent Energy - Europe<br />
SIGMA Consultants (GR)<br />
Hellenic Fashion Industry Associartion (GR)<br />
CITEVE Centro Tecnológico das Indústrias Têxteis (PT)<br />
AITEX Instituto Tecnológico Textil (ES)<br />
Black Sea Regional Energy Center (BG)<br />
Bulgarian Association of Apparel & Textile Producers & Exporters (BG)<br />
CASE STUDY Ghana Textile Printing Company Ltd<br />
GANA - The Energy Foundation<br />
International Institute for Sustainable Development, (IISD) Winnipeg, Manitoba,<br />
Canada.<br />
Mr. J.C. Van Heist,. Technical Director, GTP<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
199
Compra energética conjunta - Grémio de Fabricantes de Sabadell<br />
Observatorio Industrial del Sector Textil e de la Confección<br />
2011<br />
Optimização Energética De Processos De Secagem De Cerâmicos<br />
Universidade de Aveiro - Departamento de Engenharia Mecânica<br />
Monteiro, Ricardo Jorge da Silva<br />
2010<br />
CE CERAMIN - Energy saving concepts for the European ceramic industry<br />
Coordinator: Leipziger Institut für Energie GmbH<br />
KI Keramik-Institut GmbH<br />
CERAM Research Ltd.<br />
Societe Francaise de Ceramique<br />
ETA - Energia, Trasporti, Agricoltura srl<br />
Centre de Recursos d'Iniciatives i Autocupació, SL<br />
Instytut Ceramiki i Materialów Budowlanych<br />
Oportunidades de eficiência energética para a indústria<br />
Relatório Setorial CERÂMICA - BRASÍLIA<br />
Confederação Nacional Da Indústria – Cni<br />
Instituto Euvaldo Lodi – Iel<br />
Eletrobras<br />
2010<br />
Ahorro de Energía en la Industria Cerámica<br />
Universidad Del Atlántico<br />
Universidad Autónoma De Occidente<br />
Energy Efficiency in Industrial Lighting: Bulgaria - BSREC<br />
Black Sea Regional Energy Centre<br />
2003<br />
ENERSUL - Programa de Eficiência Energética 2011<br />
Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
200
2ª Plan De Acción Nacional De Eficiencia Energética En España 2011-2020<br />
ESPANHA - IDAE Instituto para la Diversificación y el Ahorro de la Energía<br />
Este Plan de Acción de Ahorro y Eficiencia Energética 2011-2020 ha sido aprobado<br />
por Acuerdo de Consejo de Ministros de 29 de julio de 2011 y da cumplimiento a lo<br />
exigido por la Directiva 2006/32/CE, del Parlamento Europeo y del Consejo, de 5 de<br />
abril de 2006, sobre la eficiencia del uso final de la energía y los servicios energéticos<br />
(Diario Oficial de la UE, 27.4.2006).<br />
2011<br />
Eficiência Energética na Indústria<br />
Confederação Nacional da Indústria – CNI<br />
Unidade de Competitividade Industrial – COMPI<br />
2009<br />
Energy Polices of IEA Countries – SPAIN<br />
International Energy Agency<br />
2009<br />
Energy Polices of IEA Countries – Germany<br />
International Energy Agency<br />
2007<br />
Energy Polices of IEA Countries – Japan<br />
International Energy Agency<br />
2008<br />
Energy Polices of IEA Countries – Ireland<br />
International Energy Agency<br />
2007<br />
Energy Polices of IEA Countries – US<br />
International Energy Agency<br />
2007<br />
Energy Polices of IEA Countries – Austria<br />
International Energy Agency<br />
2007<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
201
Energy Polices of IEA Countries – Switzerland<br />
International Energy Agency<br />
2007<br />
Energy Polices of IEA Countries – Denmark<br />
International Energy Agency<br />
2011<br />
Energy Polices of IEA Countries – France<br />
International Energy Agency<br />
2009<br />
Energy Polices of IEA Countries – Canada<br />
International Energy Agency<br />
2009<br />
Energy Polices of IEA Countries – United Kingdom<br />
International Energy Agency<br />
2006<br />
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
202
EFINERG - <strong>Benchmarking</strong> <strong>Internacional</strong> – Eficiência Energética<br />
203