Plano Urbano_ Av.Lusíada | Cidade Universitária | Telheiras ...
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PLANO URBANO_ AV. LUSÍADA | CIDADE UNIVERSITÁRIA | TELHEIRAS<br />
Numa época em que o desenvolvimento das cidades passa cada vez menos pela expansão do seu território,<br />
procurando antes a regeneração e revitalização de espaços obsoletos e marginalizados, o espaço público assume<br />
um papel preponderante tornando-se cada vez mais o centro da urbanidade.<br />
Como anteriormente referido, os eixos de circulação deram durante as últimas décadas excessiva prioridade<br />
ao transporte individual, sendo esse um dos factores que mais contribuíu para o empobrecimento da qualidade<br />
do espaço público, “ A nova estrada-rua é um dos lugares onde mais facilmente se verifica o conflito entre a mobilidade<br />
e o uso do solo (...) O passeio ou o espaço público/privado que fica entre a estrada e o edificado cumpre uma difícil<br />
função de «membrana» que absorve mal as saídas e entradas, o estacionamento, as paragens de autocarro, o peão e,<br />
por outro lado, o intenso fluxo contínuo do tráfego de passagem.” (Domingues, 2007:10). Os eixos de circulação<br />
urbana surgem inúmeras vezes associados a espaços adjacentes desqualificados, somatórios de vazios sem<br />
qualquer identidade. Será então importante “repensar” estes canais, pois nos mesmos poder-se-á encontrar<br />
a oportunidade de desenhar na cidade “partida” uma rede de trajectos articuladores e contínuos, através de<br />
medidas que visem contribuir para uma boa compatibilização entre os diversos elementos (peão, transporte<br />
individual e transporte colectivo).<br />
A respeito de um estudo desenvolvido em 1983 para o Vale do <strong>Av</strong>e, o arquitecto Nuno Portas (fazendo o mesmo<br />
parte de uma equipa inter-disciplinar) disse o seguinte, “Começámos a ver na imensa rede viária rural ou suburbana o<br />
germen da rede de espaço público (...) Nós queríamos pegar em duas ou três estradas onde estavam as fábricas, os bancos,<br />
os restaurantes...Pegar naquilo e fazer passeios protegidos para os peões, iluminação pública, estacionamentos.”(Portas<br />
2002:13). Segundo o arquitecto, o futuro não se encontra na arquitectura dos edifícios, mas antes na arquitectura<br />
do chão.<br />
As artérias de mobilidade, ao mesmo tempo que ligam, separam, exercendo por vezes um papel determinante<br />
na interrupção da continuidade urbana. Contrariamente ao plano das <strong>Av</strong>enidas Novas ou ao <strong>Plano</strong> de Alvalade,<br />
onde foram traçados em primeiro lugar os elementos geradores da trama urbana demonstrando-se o cuidado em<br />
desenhar a relação entre o elemento construído e o espaço público, quer fosse de transição ou de permanência,<br />
existem inúmeras situações na cidade em que tal não acontece, lugares como Pontinha, Benfica ou S. Domingos de<br />
Benfica são alguns desses exemplos. As artérias de circulação rápida como a II Circular, são fundamentais ao bom<br />
funcionamento da cidade, assim, como se poderá atenuar a sua presença numa tentativa de aproximação entre<br />
territórios tais como <strong>Telheiras</strong> e Campo Grande?<br />
O tema em questão já é alvo de relexão há bastante tempo, sobre o mesmo, Louis I. Kahn (1957) teceu a seguinte<br />
afirmação “As autoestradas são rios que necessitam de pontes e as ruas são canais que necessitam de portos”<br />
“Fazer cidade hoje é, em primeiro lugar, fazer cidade sobre cidade, fazer centros sobre centros, criar novas centralidades e<br />
eixos articuladores que dêem continuidade física e simbólica, estabelecendo bons compromissos entre o tecido histórico e o<br />
novo, favorecendo a mistura social e funcional em todas as suas áreas”(Borja e Muxi, 2000:87)<br />
02 NA PROCURA DA CONTINUIDADE URBANA 35