Plano Urbano_ Av.Lusíada | Cidade Universitária | Telheiras ...
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ESTRATÉGIA DE CONTINUIDADE URBANA<br />
Esta época marcou assim um novo ponto de viragem na lógica sócio-urbanística da cidade de Lisboa, a <strong>Av</strong>enida<br />
da Liberdade finalmente ganhou força, como verdadeira intenção urbana, possibilitando assim, o aparecimento<br />
duma nova cidade à muito expectante. Assumiu-se como “(...) eixo operativo que articularia, através do corpo da Rotunda,<br />
o tecido sobrecarregado da cidade com uma zona de extensão a inventar radicalmente, através do traçado de um outro conjunto<br />
de avenidas, comunicando com velhos lugares lisboetas (...)ou com sítios suburbanos” (Henriques da Silva et al., 1989:23),<br />
deixando de ser apenas um espaço dedicado ao lazer, estimulante a edificações de luxo. O autor J-A França<br />
(2005:67), refere-se a este período, dizendo, que pela primeira vez após a Reconstrução Pombalina, se projectavam<br />
novas artérias, totalmente inventadas, atravessando por vezes lugares tradicionais,“(...)numa indiferença<br />
moderna, cortando a direito em nome do progresso que se gerara no Fontismo e continuava pelos anos 80 fora, a marcar a<br />
poliítica concorrente mas ideologicamente idêntica de progressistas e regeneradores”<br />
As ideias defendidas por Ressano Garcia e sua equipa Técnica, não foram unanimemente aceites, destacando-se<br />
Miguel Correia Paes que se assumiu como a única voz dialogante com e (contra) o engenheiro da Câmara. Este<br />
propunha que o boulevard não terminasse na Rotunda do Vale do Pereiro (Marquês de Pombal) e que o projecto<br />
do Parque da Liberdade (actual Eduardo VII), previsto para a zona a norte da <strong>Av</strong>enida, fosse substituído pelo prolongamento<br />
da mesma até circunvalação, onde aí sim, se projectaria uma “espectacular Rotunda”. Muitos critícos<br />
do boulevard projectado por Ressano Garcia, mostravam-se prontos a aderir à intenção muito mais arrojada de<br />
Miguel Paes, que propunha o dobro da extensão para <strong>Av</strong>enida, revelando um “(...) delírio divino em que a utopia<br />
parece sempre um rosto mais conforme do que o contorno restrito da possibilidade.” (Henriques da Silva et al.,<br />
1989:24).<br />
Em 1888 o Engenheiro apresentou o projecto de urbanização para uma vasta zona da cidade, que englobava a<br />
área do anterior plano da <strong>Av</strong>enida e se estendia até ao Campo Grande, este “(...)constitui a obra-prima da Repartição<br />
Técnica da Câmara Municipal de Lisboa dirigida por Ressano Garcia” (Henriques da Silva et al., 1989:27),<br />
denominado, <strong>Plano</strong> das <strong>Av</strong>enidas Novas. O plano foi apresentado em duas partes distintas: As ruas adjacentes ao<br />
futuro Parque da Liberdade e a <strong>Av</strong>enida de Picoas ao Campo Grande. Alguns autores defendem uma sugestão parisiense<br />
dos boulevards de Haussmann no desenho proposto para as <strong>Av</strong>enidas, sobretudo, a partir da rotunda das<br />
Picoas(depois Duque de Saldanha), no entanto, o ritmo contido das suas dimensões e a forma como as mesmas<br />
se cosem com antigas estradas, por vezes sinuosas, interrompendo, pontualmente a rigidez da malha ortogonal,<br />
negam a intenção de um gesto de ruptura com a cidade existente, contrariamente ao <strong>Plano</strong> de Paris.<br />
Estas artérias de mobilidade, privilegiando uma circulação fluida, proporcionaram simultaneamente uma sensação<br />
de bem estar, arejamento e salubridade ao espaço urbano, desempenhando a arborização proposta, ao longo das<br />
alamedas centrais, um papel determinante neste sentido. A rede ortogonal que caracteriza o plano de Ressano<br />
Garcia, assegura ainda um conjunto de novas infra-estruturas para a cidade, tais como canalizações de esgotos,<br />
água, gás, eletricidade e carris do novo transporte público: o eléctrico, opondo-se assim, às insuficiências do<br />
antigo tecido íngreme e turtuoso da cidade.<br />
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