Anexo #1 - GPER
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Catálogo descritivo de imagens
Séculos Indígenas no Brasil<br />
Catálogo Descritivo de Imagens
© Karioka multimedia, 2010<br />
Capa e contracapa:<br />
Fotos de Piotr Jaxa<br />
Arte e projeto gráfico:<br />
Alexandre de Freitas<br />
Revisão de textos:<br />
Karla Carvalho<br />
Revisão técnica:<br />
Alexandre de Freitas<br />
Editoração:<br />
Karioka Multimedia Produções<br />
Impressão e acabamento:<br />
Gráfica Epecê<br />
Dados Internacionais de Catalogação<br />
Ficha Catalográfica elaborada pelo<br />
Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS<br />
Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 33<br />
Caixa Postal 1429<br />
90619-900 – Porto Alegre – RS. Brasil<br />
Fone/fax.: (51)3320 3523<br />
www.pucrs.br/edipucrs/ E-mail: edipucrs@pucrs.br<br />
5
Sumário<br />
A dignidade da nação brasileira repousa na sobrevivência dos índios 8<br />
A imagem da cultura indígena brasileira 11<br />
Universidade e carnaval 14<br />
Apresentação 18<br />
I - Brumas, imagens e histórias 22<br />
II - O verde e o verbo – homem e ambiente na<br />
fala dos seus amantes 44<br />
III - “...Surpreenderá a todos não por ser exótico,<br />
mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto<br />
quando terá sido o óbvio” 58<br />
IV - Urbis, Peri, peri-urbano 120<br />
V - Outras ocas, múltiplas palavras 140<br />
VI - Indexação do acervo de imagens 154<br />
VII - Referências bibliográficas e créditos complementares 165<br />
VIII - Agradecimentos 166<br />
6
A dignidade da nação brasileira repousa na sobrevivência dos índios<br />
Só me cabe dizer, agora, lamentando sentidamente que esta nossa nação brasileira não precisa mais de índio<br />
nenhum para existir. Mas não existirá jamais, em dignidade e vergonha, se deixar morrerem – morrerem até<br />
de suicídio – os poucos índios que sobreviveram à invasão quinhentista.<br />
(Darcy Ribeiro, Primeira Fala ao Senado. Revista Carta, n. 1, 1991: 9)<br />
Durante dez anos, Darcy Ribeiro foi um etnólogo dedicado ao estudo e conhecimento dos índios da Amazônia,<br />
do Xingu e do Pantanal. Dizia que os índios, aos poucos, foram “desasnando-o”, fazendo com que os visse não como<br />
objeto de estudo externo, que se olhava desde fora, mas como gente que eram. Gente capaz de dor, de tristeza, de amor,<br />
de gozo, de desengano, de vergonha. Gente que sofria a dor suprema de ser índio num mundo hostil, mas que guardava no<br />
peito um orgulho de si mesmos como índios. Gente muito mais capaz do que nós de compor existências livres e solidárias,<br />
adaptando-se penosamente aos novos tempos para sobreviver tal qual é ou era.<br />
A singularidade do pensamento de Darcy como antropólogo do Brasil surgiu naquele período, entre as décadas<br />
de 1940 e 1950, no convívio e aprendizado com uma humanidade índia que ilumina o povo brasileiro, como uma de suas<br />
matrizes básicas.<br />
Se a cultura é a lente através da qual o homem vê o mundo, herdamos dos índios o desejo de beleza, de sua<br />
vontade de perfeição ao pintar o corpo, modelar um vaso ou trançar um cesto, imprimindo em cada peça de seu trabalho<br />
a expressão do ser que o fez. A sabedoria de intelectuais índios iletrados sobre a natureza e sobre o humano, sem servilismos<br />
indecentes e sem alienar-se e ser alienado. A sabedoria milenar de gente que sabe habitar a Amazônia, preservando,<br />
enriquecendo e humanizando a floresta.<br />
8
Durante séculos, os índios resistiram a várias formas de dominação, espoliação e violência e desenvolveram<br />
formas de adaptar-se às condições mais adversas sem perder a dignidade. É a dignidade da nação brasileira que repousa na<br />
sobrevivência dos índios, essa é nossa principal herança, a mais bela e a mais significativa para que possamos continuar índios,<br />
resistindo e prosperando nos séculos que virão.<br />
Quando criou a Fundação que leva seu nome, em 1996, Darcy Ribeiro inscreveu em seu estatuto o objetivo<br />
de promover medidas, planos e programas de solidariedade aos povos indígenas brasileiros, bem como a defesa da Amazônia<br />
e do Pantanal como os grandes jardins da terra. Durante anos, com o apoio desta Fundação, Frank Coe idealizou e organizou<br />
cuidadosamente o projeto, “Séculos Indígenas no Brasil”, trazendo a público uma imagem menos deformada e menos<br />
idealizada da permanência indígena ao longo de nossa história. Esperamos que essas imagens possam contribuir para que a<br />
força da opinião pública rogue por uma coexistência mais solidária entre a sociedade brasileira e os índios.<br />
Paulo de F. Ribeiro<br />
Presidente<br />
Fundação Darcy Ribeiro<br />
Rio de Janeiro, setembro de 2008.<br />
9
A imagem da cultura indígena brasileira<br />
A história dos povos indígenas no Brasil é uma realidade latente de saberes anelados por tradições milenares,<br />
simbolizadas por realidades que vão desde os simples riachos às grandes florestas onde caminham animais e espíritos;<br />
manifestadas no grito e na dança de tantos índios, vivos e mortos; na busca por uma escola que valorize suas festas; de uma<br />
medicina que interaja com a arte indígena de curar; de terra para seus filhos; no empenho de índios universitários que projetam<br />
a autonomia e o protagonismo de suas comunidades, a garantia de seus direitos; das pessoas de bom coração, líderes!<br />
Permaneceram sempre unidos às causas indígenas grandes nomes, como Cândido Mariano da Silva Rondon,<br />
Curt Nimuendajú, os irmãos Villas Bôas, Francisco Guerra Samias, Berta Ribeiro, Davi Kopenawa, Paulo Pankararu, Gleissi<br />
Castelo, Joênia Wapichana, Darcy Ribeiro, Álvaro Tukano, Marcos Terena, Ailton Krenak, Erwin Kräutler, Frank Coe, Hilda Zimmermann<br />
e tantos outros. Por isso, os índios se pintam e dançam em suas aldeias, nas grandes assembléias governamentais,<br />
celebrando as suas conquistas históricas, essa obra de arte rara, pintada num grande quadro, no tempo e na terra. Existem<br />
muitas obras no mundo, mas os quadros mais lindos são aqueles criados por muitas mãos, pintados com todos os gestos,<br />
todos os movimentos, com tinta e sol. Essa paisagem ninguém pode roubar, nem o tempo apagar.<br />
Quando os povos indígenas nos acolhem em suas festas é algo muito maravilhoso, eles nos pintam. Quando,<br />
em julho deste ano, eles pintaram jovens estudantes para a festa do Kuarup, eles os tinham como esperança de sua paisagem.<br />
A vida é um belo quadro. A obra: “Séculos Indígenas no Brasil: Catálogo Descritivo de Imagens” representa a imagem dessa<br />
esperança, a imagem dos índios brasileiros.<br />
O catálogo de imagens expressa a realização de vários projetos de iniciativa de Frank Coe e Álvaro Tukano<br />
desde 1992. Para a concretização desse trabalho contribuíram muitos outros: Ailton Krenak, Paulo Metz, Piotr Jaxa, Rosane<br />
Kaingang, Alexandre de Freitas, André Ramos, Otto Guerra, Hélio Coelho, para citar alguns. Dentre as atividades, foram realizadas:<br />
a) 45 horas de filmagem em diversas aldeias - um material raro, que permite aos próprios indígenas conhecerem<br />
como vivem seus parentes, assim como é de grande utilidade para escolas e universidades, pois mostra a verdadeira<br />
imagem do índio brasileiro;<br />
b) A elaboração da primeira fase do filme “Maíra, de Darcy Ribeiro: Um Deus mortal?”;<br />
11
c) A exposição “Séculos Indígenas no Brasil”, inaugurada no I Fórum Internacional “Povos Indígenas: Terra, um<br />
Lugar para Viver!”, realizado no período de 11 a 14 de agosto de 2005, no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre, em<br />
conjunto com o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Culturas Indígenas dessa universidade. A mesma exposição foi montada<br />
no “Espaço Furnas Cultural”, nos meses de outubro e novembro de 2005, na cidade do Rio de Janeiro.<br />
Esse trabalho é destinado às comunidades indígenas e aos mais diversos lugares onde a cultura indígena<br />
precisa ser valorizada, contemplada e festejada.<br />
De exposição em exposição, de imagem em imagem, de palavra em palavra, efetivou-se o encontro, a fusão<br />
de dois horizontes: o olhar de quem encontra e divulga a outra face da cultura e dos ideais dos povos indígenas; a visão de<br />
índios que desejam um futuro melhor, de recriação de sua paisagem, com todos quantos fazem parte dessa história.<br />
Porto Alegre, setembro de 2008.<br />
Édison Hüttner<br />
Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa<br />
em Cultura Indígena (PUCRS)<br />
12
Universidade e carnaval<br />
Há duas maneiras de fazer política: uma é pelo poder, a outra é pela história. Darcy fez política pela história. O<br />
poder era o meio que ele usava para deixar suas marcas na História deste país e do resto do mundo. Por isso, a homenagem<br />
a um homem como Darcy Ribeiro deve ser feita falando do seu legado.<br />
Darcy deixou, por exemplo, o legado incrível de uma universidade nova - e não qualquer universidade. A<br />
Universidade de Brasília representou, no seu início, um sonho alternativo para os modelos universitários da época. Hoje, todos<br />
sabemos que a instituiçao da universidade está ficando velha e precisa ser renovada. Darcy Ribeiro previu isso há quase<br />
cinqüenta anos.<br />
Deixou um legado científico, que é uma marca para a cultura brasileira e mundial. Darcy conviveu com povos<br />
indígenas numa época em que não existia o conceito de proteção da diversidade, e os índios eram vistos como atrasados.<br />
Viveu com eles, escreveu sobre eles e deu uma contribuição mundial para entendermos essa parcela do Brasil. Mostrou que<br />
o país é tão mais rico quanto maior for sua diversidade étnica e cultural.<br />
Deixou como legado algo que seria inimaginável para um intelectual respeitado por toda a elite: um sambódromo<br />
para atender à forma simples da cultura popular. Quem no mundo pode se orgulhar, em vida, de ter mudado a<br />
universidade e o carnaval? Ninguém, porque realmente só Darcy foi capaz de tamanha variedade.<br />
Mas não foi só isso. Darcy deixou como legado até aquilo em que fracassou, porque dizia que se orgulhava<br />
mais do fracasso de muitas das suas ações do que das realizações. As realizações mostravam que suas idéias e sua competência<br />
executiva davam frutos, mas os fracassos, muitas vezes, deixavam a marca maior de sua capacidade de sonhar, de coragem<br />
de enfrentar as dificuldades, de coerência em defender suas bandeiras. Se fracassou foi porque foi coerente, e o que defendia<br />
não estava ainda na hora de se tornar realidade. Não abriu mão, não concedeu, reduzindo suas aspirações e suas defesas, para<br />
se ajustar aos momentos.<br />
Darcy Ribeiro também deixou seu legado nas obras que não conseguiu realizar, porque o momento não o<br />
permitia. Preferiu cair, ir para o exílio a ceder às tentações de ficar com a política do poder. Fez a opção de ficar com a história,<br />
e não com o poder. Darcy Ribeiro nos deixou um exemplo, em um tempo em que tantos fazem política e deixam apenas<br />
vagas lembranças de terem passado.<br />
14
Que falta nos faz Darcy Ribeiro! Se pudéssemos tê-lo defendendo aquilo que só agora começa a tocar a<br />
consciência das pessoas, o imaginário do Brasil, nós o veríamos pregando que o progresso vem da inteligência, e não das<br />
engrenagens das indústrias; que é preciso educar os analfabetos, e não só garantir-lhes emprego.<br />
Darcy foi um profeta do desenvolvimento civilizatório. Sempre defendeu o que só agora começamos a<br />
perceber: o progresso não vem da ordem, vem da educação. O progresso não vem do chão de fábrica, vem dos bancos de<br />
escola. Não precisamos de uma revolução que acabe com os ricos. Precisamos de uma revolução que acabe com a falta de<br />
educação.<br />
Se ainda estivesse entre nós, ele nos ajudaria a derrubar os dois muros que emperram o Brasil: o muro do<br />
atraso e o muro da desigualdade. O muro do atraso não nos deixa ser um país igual aos desenvolvidos, por falta de ciência<br />
e tecnologia. O muro da desigualdade não nos deixa quebrar essa maldita desigualdade perversa de cinco séculos, por falta<br />
de educação igual para todos.<br />
No seu último dia de vida, hospitalizado, pediu para dar uma aula a uma criança. Uma das médicas levou seu<br />
filho, na época com 10 anos. Darcy Ribeiro deu sua aula de Antropologia ao menino. Explicou a ele por que é preciso modificar<br />
a universidade, construir um sambódromo, conhecer as culturas indígenas: porque o Brasil precisa fazer o casamento<br />
da cultura da elite com a cultura do povo. Terminou a aula, tomou banho, barbeou-se, deitou-se, entrou em coma e morreu<br />
poucas horas depois. O homem que fez tanto pelo Brasil morreu como professor, por opção. Morreu como professor de<br />
crianças, por opção. Mostrou que essa é a elevação máxima para quem está às vésperas de entrar para a História.<br />
Tive a honra de ser seu discípulo, de aprender com ele como ver o Brasil, que nosso país pode ser diferente.<br />
E disse-lhe uma vez, quando colocamos seu nome no campus da UnB, que, quando crescesse, queria ser Darcy Ribeiro. De<br />
lá para cá percebi que não terei tempo para chegar a tanto. Mas espero que muitas crianças brasileiras consigam, quando<br />
crescerem, ser Darcy Ribeiro.<br />
Brasília, setembro de 2008.<br />
Cristovam Buarque<br />
Senador da República<br />
15
Apresentação<br />
Houve um tempo em que havia trupes, talvez um encontro, quem sabe um momento. Dessas que se juntavam<br />
somando cores, desejos e credos quase comuns, e saíam por aí em busca de se conhecer conhecendo os outros Brasis,<br />
que hoje alguns chamam de Brasil profundo. Com o gosto de compreender, aprender, registrar e mostrar para o mundo nossas<br />
mazelas e virtudes.<br />
Era 1993, talvez tudo isso já estivesse com um sabor quase nostálgico, mas um pouco antes a Eco-92 tinha<br />
de alguma forma revivido essa possibilidade. Não era um cenário, um quadro, uma conjuntura... mas apenas algo que soma<br />
tudo isso que leva alguns jovens, alguns menos, uns mais experientes que outros, não a construir os séculos indígenas. Séculos<br />
já trazem em si uma idéia de temporalidade, dessa que conhecemos e que pode ser recriada por outros que nela foram<br />
obrigados a viver.<br />
Índio todo mundo sabe o que é. Ou criou na cabeça que sabe. O cru e o cozido. A partir daquelas imagens<br />
que nos chegaram nos romanceios e letras de Alencar, Gonçalves Dias, nos delírios dos cronistas, nas crônicas dos padres, nas<br />
cartas régias e nos regimes oficiais que foram se multiplicando... e ou na insensatez dos livros da escola e na espetacularização<br />
da TV. Como se todos tivessem falado tudo. Esgotado.<br />
Indígenas, uma nova forma de se dizer índio, de se ver o índio, de identificar o índio como o próprio da terra,<br />
esse era o momento, depois da raiz provocadora que Mário Juruna, Marçal Tupã’i, Ângelo Kretã e outros guerreiros anônimos<br />
tinham fincado uma década antes, que remonta há quantos tempos...<br />
Daí surge “Séculos Indígenas”. O projeto, quase precursor naquela época. O movimento social dos índios vivendo<br />
uma era de mostrar seu vigor, de se deixar focar pela mídia, de ser visto. Agora não mais visto com os contornos meio<br />
subversivos do nascedouro da UNI (União das Nações Indígenas), na década de 80, quando todos ainda tentavam tirar o<br />
capuz sufocante dos medos trazidos pelos governos militares. A ecologia também surge mais visível na pauta midiática; por<br />
que não ligar índio e meio ambiente? Ventos vindos do sul já haviam arejado esses campos, na força da doçura solidária de<br />
Hilda Zimmermann batalhando com sua ANAI (Associação Nacional do Índio) lá no Rio Grande.<br />
“Séculos Indígenas” é isso: um projeto de registro de situações, de falas, de emoções, em que se procura<br />
deixar que flutue a percepção dos povos indígenas em um dos tempos em que o movimento social desses povos de vozes<br />
polissêmicas encontrava-se quase em um único som de desejos e aspirações.<br />
18
A proposta deste catálogo é disponibilizar ao público um guia do acervo de imagens que registram a situação<br />
dos povos indígenas, suas vozes, seus modos de vida, e suas inter-relações durante a década de 1990 conosco que estamos<br />
do lado de cá, quando, mesmo com todo desespero, todas as incertezas, estes ainda eram sinal de esperança no futuro, e não<br />
estávamos esgotados pelos discursos pasteurizados em que estamos mergulhados hoje.<br />
Mas a idéia aqui não é cultuar um olhar nostálgico. É um guia para provocar novos olhares, novas descobertas.<br />
Para perceber que eles continuam aí ao nosso lado, talvez ainda não vistos, talvez mais do que nunca. Os indígenas, as<br />
belezas, as misérias e a resistência de ser um homem, um povo diferente, num mundo que se diz desencantado.<br />
Toda escolha guarda em si uma convocação de vida ou morte. Assim como Álvaro Tukano, Frank Coe, Aílton<br />
Krenak guiaram o exercício de suas inquietações para a feitura do projeto “Séculos Indígenas no Brasil”, e deixaram algo para<br />
trás, no catálogo foi feita a escolha de se atrair os olhares priorizando a edição das imagens na maioria retirada da película e<br />
de certa forma contrariar o uso das normas convencionadas para indexação em trabalhos desse tipo.<br />
Essa escolha fez com que este trabalho fosse dividido em cinco partes, nas quais se encontram agrupadas as<br />
imagens trabalhadas pela astúcia criativa de Alexandre de Freitas, convidando para esse novo olhar. Elas se agrupam por um<br />
eixo de sentido, pois falam das mesmas coisas, ou têm as mesmas intenções. Não é preciso dizer, mas é preferível repetir: essa<br />
é uma obra coletiva em que se buscou fazer um diálogo entre as idéias originais do projeto fílmico, a captura das imagens,<br />
com os textos e descrições.<br />
São cinco partes:<br />
Brumas, imagens e histórias – nas quais se busca reunir o que nos traz, ou que nos foi comunicado como<br />
história. Como uma névoa de encobrimento daquelas verdades que não foram contadas. Como um indício, uma suspeita de<br />
que ainda há muito a contar.<br />
O verbo e o verde, homem e ambiente na fala de seus amantes – na constituição de um novo caráter para<br />
o humano no mundo moderno, o aprendizado com os indígenas. Traz a fala de pessoas que associaram suas existências à<br />
proteção da natureza, da vida e das diferentes formas de viver em paz com o planeta.<br />
“...Surpreenderá a todos não por ser exótico mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto quando terá sido<br />
o óbvio” - A frase de Caetano Veloso vem de um anúncio, de uma premonição grafada na música “Um índio”. O que causa<br />
surpresa não é a estranheza do diferente, do estereótipo, e sim não ter enxergado antes. O índio por sua própria fala.<br />
19
Urbis, Peri, peri-urbano – aquela cidade que você habita, aquilo que foi tomado como sonho de progresso, de<br />
civilidade. As tensões e interações intersocietárias. Aquele ser idealizado que está em busca de um outro ideal para continuar<br />
a viver novos significados. Nem tão urbano assim, mato-cidade, periferias dos Brasis.<br />
Outras ocas, múltiplas palavras – as ocas, os caminhos, estão em muitos lugares a serem conquistados, retomados.<br />
A presença nos espaços das políticas do Estado Nação. Ninguém sozinho tem a palavra, são muitas, multiplicam-se<br />
como as cores que juntas formam um matiz novo, múltiplas palavras. Só o futuro dirá.<br />
Aproximando-se do final, trazemos uma indexação das imagens do projeto “Séculos Indígenas”, com a localização<br />
dos segmentos que buscam contribuir para que outras pessoas, os indígenas especialmente, possam acessá-las, fazer<br />
descobertas, remontá-lo, utilizá-lo em seus estudos e em novas criações. Pode ser que cause surpresa o fato de que algumas<br />
imagens presentes no catálogo e identificadas na lista de indexação se encontrem em destaque com uma descrição mais<br />
detalhada e muitas outras não. É apenas uma forma de olhar. “Séculos Indígenas” continua nos novos olhares que virão a<br />
partir do material original que está sendo ofertado aos indígenas e a todos vocês.<br />
Brasília, setembro de 2008<br />
André R. F. Ramos<br />
Historiador e Indigenista<br />
20
Brumas, imagens e histórias<br />
“Onde se busca reunir o que nos traz, ou que nos foi comunicado como história. Como uma névoa<br />
de encobrimento daquelas verdades que não foram contadas. Como um indício, uma suspeita que ainda<br />
há muito a contar.”
“O Brasil sempre foi, e ainda<br />
é, um espantoso moinho de<br />
gastar gente; embora seja, também,<br />
um progidioso criatório de<br />
gente.”
A Invenção do Brasil<br />
O Brasil sempre foi, e ainda é, um espantoso moinho de gastar gente; embora<br />
seja, também, um prodigioso criatório de gente. Seis milhões de índios existiam aqui quando<br />
o primeiro europeu chegou. Não sobraram hoje, como índios, nem trezentos mil. Não se sabe<br />
quantos negros foram gastos, tanto nas caçadas na África como na tenebrosa travessia nos<br />
tumbeiros, e, depois, já aqui, no duro eito dos canaviais, das minas, dos cafezais. Não terão sido<br />
menos de dez milhões, suspeita-se. Uns oito milhões de brancos foram recrutados quando o<br />
europeu, no século passado, se converteu, ele também, num gado humano exportável para as<br />
plantações brasileiras.<br />
Desta sementeira humana nasceu o povo-nação de cento e cinqüenta milhões<br />
de pessoas que somos hoje. A parcela maior da latinidade. Uma neo-romanidade tardia,<br />
lavada em sangues negros e índios, inspirada pela sabedoria dos povos da floresta. Cultural e<br />
linguisticamente unificada. Certa e segura de sua identidade nacional, como gente que já não<br />
sendo índia, nem afro, nem européia, é uma coisa nova nesse mundo. Toda ela afundada na<br />
mais vil pobreza. Exceto uma fina nata dominadora, que sabe tirar dos estrumes desta pobreza<br />
uma riqueza ostentatória e uma erudição alienada.<br />
O Brasil é a resultante da fusão desses milhões de gentes desencontradas.<br />
Fusão genésica, uma vez que a mestiçagem, aqui, sempre se fez sem freios e foi realizada com<br />
alegria, sem nenhuma noção de que fosse crime ou pecado. Fusão também espiritual, pela<br />
confluência que aqui se deu dos patrimônios culturais de nossas diversas matrizes. Tudo isso<br />
nos plasmou como um povo mestiço na carne e na alma. Como tal, herdeiro de todas as taras<br />
e talentos da humanidade. Mas só muito parcialmente herdeiro dos saberes e da sagacidade<br />
daqueles que empreenderam seu fazimento.<br />
Isso tudo faz de nós aquilo que Toynbee chamou de proletariado externo,<br />
pensando em Cartago, depois de vencido, e em Roma. Cartago jamais voltou a existir para si,<br />
existiu para Roma. O Brasil nunca existiu para si próprio, na busca da prosperidade e da felicidade<br />
de seu povo. Existiu e existe é para servir, servil e explorado, ao mercado mundial, que<br />
ajudou a viabilizar, dentro deste mercado internacional, sua economia da pobreza, geradora de<br />
prosperidades patronais restritas.<br />
Darcy Ribeiro
“É muito curioso... a sabedoria européia, em alguns capítulos dela, a sagacidade<br />
européia, a sagacidade dos saqueadores, os “extorquidores”. Vejam só, em<br />
1454, a Europa estava se expandindo ainda sobre a África, sobre a costa da África.<br />
O Papa deu ao Rei de Portugal uma bula garantindo ao Rei de Portugal que onde<br />
o Príncipe D. Henrique, que estava viajando, que estava explorando a África, que<br />
onde o príncipe pusesse a mão, aquela terra seria do Rei, e o “Negro” em que ele<br />
tocasse seria escravo, escravo dele e de seus filhos até o fim do mundo. Vejam<br />
só, isto é o direito à espoliação, uma bula papal, mesmíssima bula papal que é<br />
repetida para o Rei de Espanha em 1493. Um ano depois da “descoberta”, um ano<br />
depois da invasão da chegada aqui de Colombo. O Papa, que era uma suprema<br />
autoridade legal do mundo na época, dava ao Rei de Espanha o direito que tinha<br />
dado ao Rei de Portugal, o direito de se apropriar. Esta é a lei que rege até hoje a<br />
única lei das Américas. A lei de saqueio, a lei do roubo, a lei da espoliação.”<br />
Depoimento oral de Darcy Ribeiro<br />
Rio de Janeiro, RJ. Setembro de 1993.<br />
30
Bulas e Burlas<br />
“[...] concedemos ao Rei Afonso a plena e livre faculdade, entre<br />
outras, de invadir, conquistar, subjugar quaisquer sarracenos e pagãos inimigos de<br />
Cristo, suas terras e bens, a todos reduzir à servidão e tudo aplicar em utilidade<br />
própria e de seus descendentes[...]” (Nicolau V, Bula Romanus Pontifex, 8 de janeiro<br />
de 1454)<br />
“[...] sujeitar a vós, por favor da divina Clemência, as terras firmes<br />
e ilhas sobreditas, e os moradores e habitantes delas, e reduzi-los à Fé Católica<br />
(essas) ilhas e terras firmes achadas e por achar, descobertas e por descobrir [...] a<br />
Vós e a vossos herdeiros e sucessores (Reis de Castela e Leão) pela autoridade em<br />
Deus onipotente a nós concedida em S. Pedro [...] vo-las doamos, concedemos<br />
e entregamos com todos os seus domínios, cidades, fortalezas, lugares, vilas, direitos,<br />
jurisdições e todos os pertences [...]” (Alexandre VI, Bula Inter Cetera, 4 de<br />
maio 1493).
1<br />
2<br />
21 - 22<br />
1- Índios Guarani. Foto de Gustavo Wrase (pai de Hilda Zimmermann), Santa Rosa - RS. 1921.<br />
2- A Epopéia da Comissão Rondon (Achiles Tartari) 1955 - fotogramas. Acervo do Museu do Índio, RJ.<br />
1<br />
23 - 24<br />
1 - Darcy Ribeiro junto aos índios Urubu Kaapó. Acervo Fundação Darcy Ribeiro, RJ.<br />
1<br />
25 - 26<br />
1 - A Epopéia da Comissão Rondon (Achiles Tartari) 1955 - fotogramas. Acervo do Museu do Índio, RJ.<br />
1<br />
27 - 28<br />
1 - Fotogramas do filme “O Descobrimento do Brasil” - 1937, de Humberto Mauro. Acervo da Cinemateca Brasileira - SP.<br />
1<br />
29 - 30<br />
1 - Fotogramas do filme “O Descobrimento do Brasil” - 1937, de Humberto Mauro. Acervo da Cinemateca Brasileira - SP.<br />
1<br />
31 - 32<br />
1 - Fotogramas do filme “O Descobrimento do Brasil” - 1937, de Humberto Mauro. Acervo da Cinemateca Brasileira - SP.<br />
41
1<br />
5<br />
2<br />
3<br />
4<br />
33 - 34<br />
1 - Gravura de Jean-Baptiste Debret - 1825.<br />
2 - João Domingos Lamonica, fotógrafo. Responsável pelo Depto. de Fotografia do Museu do Índio - RJ. Fotograma.<br />
Acervo do Projeto Séculos Indígenas no Brasil - 1994.<br />
3 - Ana Maria da Paixão, antropóloga. Museu do Índio - RJ. Fotograma. Acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil -<br />
1994.<br />
4 - A Epopéia da Comissão Rondon (Achiles Tartari) 1955 - fotogramas. Acervo do Museu do Índio, RJ.<br />
5 - Darcy Ribeiro junto aos índios Urubu Kaapó. Acervo Fundação Darcy Ribeiro, RJ.<br />
1 2<br />
35 - 36<br />
1- Mapa Terra Brasilis - Atlas Miller – 1519.<br />
2 - Gravura. Autor desconhecido - 1550.<br />
1<br />
37 - 38<br />
1 - Conjunto de Gravuras de Jean-Baptiste Debret do acervo do Museu Etnográfico de Genebra, Suíça. Interpretação<br />
fotográfica de Piotr Jaxa - fotogramas. Acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil - 1994.<br />
1 2<br />
3<br />
39 - 40<br />
1 - Gravura de Jean-Baptiste Debret - 1825.<br />
2- Gravura de época de Hans Staden - cerca de 1550.<br />
3- Gravura de época de Jean de Léry - 1578.<br />
42
O verde e o verbo – homem e ambiente na<br />
fala de seus amantes<br />
“Na constituição de um novo caráter para o humano no mundo moderno, o aprendizado com os<br />
indígenas. Traz a fala de pessoas que associaram suas existências à proteção da natureza, da vida e das diferentes<br />
formas de viver em paz com o planeta.”
Barbarismo Consciente<br />
Durante talvez dois milhões de anos, por mais de<br />
99% de sua história, a espécie humana praticou um estilo<br />
de vida semelhante ao que podemos hoje observar no coração<br />
do continente sul-americano, entre os últimos remanescentes<br />
de culturas indígenas que ainda não sucumbiram<br />
às agressões do homem que se diz civilizado. Neste modo de<br />
vida, vivendo da caça e coleta, o homem se encontra perfeitamente<br />
integrado em seu ambiente natural, não tem os<br />
meios e, o que é mais importante, não tem a ambição de<br />
destruir o mundo natural do qual se considera apenas parte.<br />
Neste convívio, a natureza pouco ou nada sofre, uma vez que<br />
o tributo que o homem lhe extrai não ultrapassa sua capacidade<br />
de recuperação. Por isso mesmo, esse estilo de vida<br />
é permanentemente sustentável, o que comprova sua longevidade.<br />
Não há explosão demográfica e não há degradação<br />
ambiental. A visão do mundo, as convenções sociais e<br />
os tabus são tais que levam, automaticamente, à situação de<br />
equilíbrio estável.<br />
Como sabe todo aquele que conhece de perto a<br />
vida indígena, o índio, além de não devastar e emporcalhar o<br />
mundo em que vive, vive uma vida profundamente humana,<br />
caracterizada por formas de harmonia, de integração social e<br />
felicidade individual, o que não têm paralelo nas sociedades<br />
modernas. Em sua cultura intacta, não contaminada pelo<br />
homem moderno, os indígenas não são anormais ou marginais.<br />
Quem assim pensa, demonstra que nada compreendeu,<br />
que não tem noção da realidade, que lhe falta toda<br />
perspectiva histórica. Como pode ser anormal quem apenas<br />
continua a mais antiga e venerável tradição da humanidade,<br />
quem continua vivendo como vivemos durante 99% de nossa<br />
história, quem se recusa a participar de uma experiência<br />
cujo resultado é ainda duvidoso? Anormais somos nós, anormal<br />
é a sociedade de consumo, tanto pela posição que<br />
ocupa na grande perspectiva histórica como pela adoração<br />
da mudança pela mudança, quando já sabemos que o futuro<br />
não pode pertencer à mudança contínua, que somente<br />
a estabilidade tem futuro, que somente situações equilibradas<br />
podem garantir a sobrevivência e o verdadeiro progresso,<br />
o progresso espiritual e moral, o progresso da qualidade de<br />
vida, que nada tem a ver com a quantidade de materiais que<br />
movimentamos.<br />
Não temos o direito de querer impor ao indígena<br />
nossa maneira de vida, de insistir em sua “integração”. A única<br />
proteção que o índio necessita é o respeito a seus direitos<br />
como ser humano, como cultura autônoma, como nação. O<br />
que devemos proporcionar-lhe é abrigo das agressões e da<br />
cobiça do “homem civilizado”, que quer despojá-lo de suas<br />
terras. O índio, nada, absolutamente nada, tem a ganhar com<br />
o nosso “progresso”, a não ser o desastre. Impondo-lhe nossa<br />
“civilização”, somente lhe trazemos o aniquilamento cultural<br />
e físico. Nossos desbravadores carecem do esquema conceitual<br />
que permitiria um contato mutuamente proveitoso.<br />
Enquanto não estivermos nós mesmos moralmente preparados<br />
para o contato com o índio, não temos o direito de invadir<br />
suas terras, seja qual for o pretexto.<br />
Resolvamos os problemas que temos a resolver, freiemos<br />
nossa cobiça, deixemos o índio viver! Dentro de algumas<br />
décadas, nossos filhos, que, por força das circuns-tâncias,<br />
terão, certamente, consciência ecológica ainda ini-maginável<br />
para nós, saberão agradecer-nos por tal ato de sabedoria.<br />
Muito em breve estaremos todos no mundo industrial,<br />
submetendo a profundo reexame nossos valores, nossas<br />
atitudes, nossas estruturas sociais, nossos tabus e nossas<br />
instituições. Estaremos à procura de modelos de sociedades
não-agressivas e não-competitivas. Muita coisa podemos<br />
e devemos apreender dos inúmeros modelos praticados<br />
pelas sociedades primitivas, e não somente aqui na<br />
América do Sul.<br />
Estamos ainda em condições de conceder ao<br />
índio sua sobrevivência física e cultural. Se continuarem<br />
as tendências atuais, isso se tornará impossível dentro de<br />
poucos anos. Devemos agir. Se acabarmos com o índio,<br />
entraremos na História como bárbaros conscientes. Ao<br />
contrário do que aconteceu em séculos passados, temos<br />
hoje a obrigação de saber o que estamos fazendo. NÃO<br />
TEMOS O DIREITO DE ACABAR COM O ÍNDIO!<br />
José Antônio Lutzenberger
PRESSAGO<br />
O presságio aí está, negro presságio.<br />
A falar-me, silente, de dores por doer<br />
Mais doídas que todas as dores já doídas.<br />
A dor, talvez, de nunca mais doer.<br />
Não são dores da carne. Não só.<br />
Nem serão dores maiores, estertórias.<br />
São dores da alma minha, balindo, trêmula.<br />
Dores que, antes de doer, já me doem aqui, agora.<br />
Que resta nesta vida por doer-me?<br />
Já não doem minhas dores todas?<br />
E a roda da dor, acaso, pára um dia?<br />
Em um homem vivo, cansada, ela parou?<br />
Esse tremor pressago que me assalta<br />
É o de perder o último, derradeiro, bem que tenho.<br />
A vida aninhada no meu corpo,<br />
Com o prodígio de gozar e de sofrer.<br />
Que é que temo, eu que nada temo?<br />
A solidão, talvez, de uma eternidade fútil, inútil?<br />
Qual! O que me arrasa é o terror pânico<br />
De não mais ser, nem estar, jamais aí.<br />
Vocês todos vivendo, seus f.d.p. ... Só eu não.<br />
Darcy Ribeiro<br />
48
“Um dia, um índio me disse uma coisa<br />
muito sábia - foi o Juruna, um líder indígena: - “Olha<br />
Darcy, sabe, agora o que eles estão querendo é que cada<br />
índio se amarre num ‘pé de pau’. Se amarre! Porque o<br />
Brasil não tem mais fundo, eles tomaram tudo... tudo<br />
pro fundo”. Antigamente os índios podiam ir mais pro<br />
fundo, ir mais para o Oeste. Agora não tem mais fundo.<br />
Quer dizer, esta idéia de que o Brasil não tem mais fundo,<br />
porque se apropriaram de tudo, e que o índio, para<br />
se manter onde ele está, tinha que se amarrar, quer dizer,<br />
a alternativa de se amarrar é brigar.<br />
O Juruna conseguiu retomar as terras<br />
do povo Xavante - do povo dele - em extensão muito<br />
grande. Terras que tinham sido roubadas pelos próprios<br />
funcionários do SPI (Serviço de Proteção ao Índio). Ele<br />
conseguiu armando os índios todos e ameaçando uma<br />
guerra, uma guerra contra o Brasil! Foi assim que ele conseguiu.”<br />
Depoimento oral de Darcy Ribeiro<br />
Rio de Janeiro, RJ. Setembro de 1993.<br />
50
Gatão - Gostaríamos de saber<br />
do companheiro Lula, um companheiro forjado<br />
na luta, companheiro de muitos anos de<br />
batalha, como ele vê essa aliança entre índios,<br />
seringueiros e trabalhadores que lutam pela<br />
floresta, sua terra, sua região?<br />
Lula - Primeiro, Álvaro e Gatão, eu acho que a questão<br />
da aliança para sobrevivência, da aliança para o estabelecimento de<br />
novas culturas, é uma necessidade.<br />
Álvaro - É que o governo, este que está aí – do Itamar<br />
Franco – e os anteriores sempre alegaram que não têm dinheiro<br />
para garantir a demarcação das reservas extrativistas e das terras indígenas.<br />
No governo que o senhor pleiteia para esses povos, para<br />
esse país, você vai usar esse mesmo teclado ou vai agilizar o diálogo<br />
conosco e buscar uma solução?<br />
Lula - Primeiro eu não acredito na idéia de que não<br />
se tenha dinheiro para fazer as demarcações tanto das reservas extrativistas<br />
quanto das terras indígenas. O problema é que não há vontade<br />
política, não tem prioridade do governo de fazer, ou seja, não é<br />
o mais interessante.<br />
51
Lula - É importante dizer que não se quer apenas a demarcação. Não adianta demarcar e deixar como Roraima<br />
ficou. Os garimpeiros entraram e fizeram o que fizeram com os Yanomami. Não adianta fazer a reserva extrativista, fazer<br />
demarcação e não dar estrutura suficiente, condições para as pessoas produzirem. Então eu acho que é muito mais que fazer<br />
demarcação é criar as condições para que os índios e seringueiros sobrevivam dentro de suas terras, para poderem produzir,<br />
poderem vender o produto de seu trabalho e poderem viver livremente. É preciso fazer com que haja um bom sistema de<br />
educação, um bom sistema de saúde, para que as coisas não se resumam apenas à doação da terra. É preciso dar terras e dar<br />
condições objetivas de sobrevivência.<br />
Gatão - Tem um aspecto que, tanto da parte dos índios quanto dos seringueiros, nós enfrentamos, que é a<br />
questão da violência rural, e nós enfrentamos isso e nossas lideranças são exterminadas... foi o Chico Mendes, foi o Arnaldo,<br />
foram os índios, as ameaças são em cima das principais lideranças. Nós enfrentamos isso quase como uma coisa sem cura.<br />
Então, cada vez que desponta uma liderança, tanto da parte dos índios quanto da parte dos seringueiros ou dos trabalhadores<br />
rurais, é uma certeza que vai ser exterminada. Nossa grande preocupação é que isso se fala três ou quatro meses depois<br />
da morte, no máximo uma missa, um ato público. Concretamente não temos ninguém na cadeia dessas pessoas que foram<br />
exterminadores das lideranças... Nós queremos saber, do ponto de vista do Lula, da liderança que está encaminhando a luta<br />
em defesa da cidadania, como pensa isso, o que podemos fazer em conjunto para acabar com isso, pois no futuro nós temos<br />
que fazer alguma coisa para mudar.<br />
Lula - A primeira coisa que tem que ser feita é o seguinte: é preciso acabar com a impunidade. No dia em<br />
que nós acabarmos com a impunidade, nós acabaremos com 50% da violência estabelecida hoje, com os conflitos entre<br />
latifundiários e seringueiros, latifundiários e índios, latifundiários e posseiros.<br />
Em segundo lugar, a falta de garantia do próprio Estado, da determinação. Ou seja, à medida que o Estado<br />
faz a demarcação de uma área, cabe a esse mesmo Estado dar a proteção para que aquela área não seja importunada. O<br />
Estado na verdade dá a área, mas não se preocupa, daí qualquer fazendeiro se mete a fazer justiça com as próprias mãos, desrespeitando<br />
os direitos elementares, que são os direitos civis contidos em nossa Constituição. Eu acho que muita serenidade<br />
por parte da polícia, muita serenidade por parte da justiça, seria a solução para a gente acabar com a violência contra índios,<br />
contra seringueiros, contra as lideranças do movimento sindical em geral no nosso país.<br />
Entrevista realizada por Gatão, presidente do Conselho Nacional do Seringueiros, e Álvaro Tukano com o<br />
então candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Reserva Extrativista Chico Mendes. Outubro de 1993.
1<br />
2<br />
43 - 44<br />
1 - Aldeia Krikati. Foto de Piotr Jaxa. Montes Alves, MA. 1993.<br />
2 - Álvaro Tukano e Hilda Zimmermann. Foto João Sassi. Rincão Gaia, Rio Grande do Sul. 2005.<br />
4<br />
2<br />
3<br />
1<br />
45 - 46<br />
1 - José Lutzenberger. Foto de Piotr Jaxa. Rincão Gaia, RS. 1996.<br />
2 - José Lutzenberger. Entrevista e conferência em Berlim, Alemanha. Fotogramas, acervo do projeto Séculos<br />
Indígenas no Brasil. 1996.<br />
3 - Álvaro Tukano, Frank Coe e José Lutzenberger. Foto de Paulo Metz. Porto Alegre, RS. 1993.<br />
4 - Álvaro Tukano e Hilda Zimmermann. Foto de Paulo Metz. Porto Alegre, RS. 1993.<br />
3<br />
2<br />
1<br />
47 - 48<br />
1 - Darcy Ribeiro em Copacabana. Acervo Fundação Darcy Ribeiro.<br />
2 - Álvaro Tukano e Darcy Ribeiro. Foto de Paulo Metz. Rio de Janeiro, RJ. 1993<br />
3 - Darcy Ribeiro. Acervo Fundação Darcy Ribeiro.<br />
1 2<br />
49 - 50<br />
1 - Conjunto de fotos de Darcy Ribeiro. Acervo Fundação Darcy Ribeiro.<br />
2 - Darcy Ribeiro. Acervo Fundação Darcy Ribeiro.<br />
1<br />
51 - 52<br />
1 - Luiz Inácio Lula da Silva, Álvaro Tukano e “Gatão”, Reserva Extrativista Chico Mendes, AC. Fotogramas,<br />
acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
3<br />
2<br />
53 - 54<br />
1 - Álvaro Tukano e sindicalistas. Foto de Paulo Metz. Xapuri, AC. 1993<br />
2 - Sr. Dionísio, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, AC. Fotogramas, acervo do projeto Séculos<br />
Indígenas no Brasil. 1993.<br />
3 - Devastação do Acre. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
56
“...surpreenderá a todos não por ser exótico mas pelo fato de<br />
poder ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio ”<br />
Caetano Veloso<br />
“A frase de Caetano Veloso vem de um anúncio, de uma premonição grafada na música “Um Índio”.<br />
O que causa surpresa não é a estranheza do diferente, do estereótipo, e, sim, não ter enxergado antes.<br />
O índio por sua própria fala.”
“- Diaopekoneatará, em Tukano, quer dizer: “O lugar onde corre o leite e o mel”.<br />
-Segundo o mito de nossos antepassados, por aqui começou a vida, nesse continente, ou seja, por aqui<br />
os nossos antepassados encontraram grandes nações indígenas que hoje não se vê mais. Então eu me lembro muito bem,<br />
quando estou aqui, do meu avô, cujo nome em Tukano significa rouxinol.<br />
- Certo dia, numa tarde, andei com meu avô nas costas. Perguntei-lhe como era a história de nossos antepassados<br />
e ele narrou justamente como era a origem de nossas vidas, a origem de Diaopekoneatará.”<br />
Depoimento oral de Álvaro Tukano<br />
Praia de Grumari, Rio de Janeiro, novembro de 1993.
“Eu posso falar alguma coisa sobre a nação indígena dentro do Brasil. Por que<br />
a gente está vendo isso? Por que, a partir de hoje, onde está o defeito dentro do Brasil? Onde<br />
está o enxergo do governo? Hoje a nação indígena tão no sofrimento, sofrimento legítimo.<br />
Mui então que a partir de hoje nós podemos chegar a uma decisão, porque a nação indígena<br />
sente a necessidade. Mas por que a nação indígena sente a necessidade? É porque eles precisam<br />
trabalhar, eles precisam se virar também! Por que isso? Não se via isso. Então a nação<br />
indígena precisa uma coisa normal, nós que somos o dono do Brasil. O Pedro Álvares Cabral<br />
chegou, descobriu o Brasil, já existia o índio, então logicamente, a partir de hoje, os índios eles<br />
querem tranqüilidade, eles querem sobrevivência tranqüilo. Mas por que o governo, governo<br />
brasileiro, tem que chegar, que ver, enxergar o outro lado, que os índios, a nação indígena precisa<br />
convivência bom, tranqüilidade. Então que a tribo Krikati não quis deixar tradição de século<br />
em século, vem sendo tradição. Bom, os Krikati então querem saber a demarcação. Mas de<br />
uma parte o governo brasileiro não chega a enxergar, não chega a ver essa oportunidade dessa<br />
nação. A nação indígena precisa dos lugares, precisa o local, porque nós queremos mesmo e<br />
o governo tem que ver essa parte. O governo tem que ver a necessidade. Não pode governo<br />
fazer isso, não pode o governo ficar na dele e não enxergar pra trás. Tem que o governo se preocupar<br />
e enxergar os dois lados, porque precisa essas nações, que somos nós. A nação indígena<br />
precisa uma convivência bem, uma vivência bem. Não somos só essa tribo, várias tribos, várias<br />
pessoas indígenas sempre se preocupando, eles se preocupam demais porque uma parte, essa<br />
nação tem que ver os dois lados.<br />
[...] muitos são lascados e são aquelas pessoas que são pobres, aquelas pessoas<br />
que não têm recursos, não têm com que e como sair, mas... muitos que têm os criadores, esses<br />
que são folgados, não enxergam a parte dos mais lascados. Esses mais lascados que a gente<br />
fala é aquelas pessoas que não têm como conviver, não têm como escapar dos maus e do<br />
sofrimento. Então igualmente nós somos essa nação, essa nação aqui sempre já vem assim e aí<br />
por isso o governo federal, nessa parte, tem que ver. Índio Krikati fica falando do governo, não<br />
é discutindo, não é escrachando o governo. Mas governo existe pra isso, autoridade existe pra<br />
isso, governo brasileiro precisa ver dessa parte, antigamente que aconteceu isso, mas hoje em<br />
dia não pode acontecer isso mais.”<br />
de 1993.<br />
Depoimento oral do Cacique Benjamim Krikati, Montes Alves - MA. Outubro
“A Federação é um órgão de referência para todas as comunidades. O objetivo geral da FOIRN é trabalhar com as<br />
comunidades. Surgiu com o objetivo de defender os direitos dos índios na demarcação das terras tradicionais e lutar pela<br />
subsistência, por tudo que é direito do povo massacrado nesses 500 anos pelo impacto da nova civilização. Conscientizar o<br />
povo para conviver com a nova civilização. Isso não significa que nós queremos ser separatistas, muito pelo contrário. O que<br />
nós queremos é congregar com essa nova situação para o caminho certo. E esse é o objetivo da FOIRN.”<br />
Depoimento oral de Braz França, do povo Baré, Presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro.<br />
São Gabriel da Cachoeira - AM, outubro de 1993.
100
A carta da terra<br />
O manejo do meio ambiente e da terra<br />
sempre foi uma sabedoria de nosso povo. Houve, pois,<br />
um tempo em que éramos ricos, dominávamos de ponta<br />
a ponta a natureza, as plantas medicinais, seu potencial<br />
alimentar e até uma arquitetura da selva. Depois da chegada<br />
do colonizador, nos impuseram uma “civilização”,<br />
que invadiu nossas terras, destruiu nossos lares, silenciando<br />
nossas vozes. Mas os ensinamentos dos nossos antepassados<br />
ainda perduram cinco séculos depois.<br />
Amar a terra que nos alimenta, viver os<br />
sonhos de nossos sábios; o de sermos gente, deixando<br />
para trás um tempo em que, pelo simples fato de sermos<br />
diferentes, nos tornaram inúteis. A carta da terra dos povos<br />
indígenas é assim: simples e compreensível como o<br />
canto dos pássaros e o olhar das crianças.<br />
Marcos Terena<br />
Coordenador Geral do Comitê Intertribal<br />
500 Anos de Resistência
“Ela tá contando, tá guardando até hoje na memória o início da aldeia Limão Verde<br />
quando nosso chefe falou hoje de manhã. Essa aldeia aqui, ela começou a se formar após a guerra do<br />
Paraguai. Então ela reforça a história, tem toda uma memória viva, tá ela aqui que está viva até hoje; que<br />
quando o bisavô, os pais dela chegaram até aqui encontraram um pé de limão onde reforçou essa idéia...<br />
onde que chamasse Limão Verde essa aldeia aqui. Isso tudo teve seqüência após a guerra do Paraguai,<br />
pois eles estavam fugindo procurando esconderijo para que eles pudessem combater também contra a<br />
guerra do Paraguai.<br />
[...] Ela não gostaria de contar histórias engraçadas agora no momento porque... porque<br />
ela tem de reforçar. Ela tem medo que os próprios netos, bisnetos dela percam a tradição. Ela passa mensagem<br />
significativa para o povo Terena, para os povos indígenas nacionais do Brasil, hoje repassa a união<br />
do que tem dentro de uma comunidade, a criação do neto dela, a criação do bisneto. Ela sempre busca<br />
uma união dentro de uma comunidade, o respeito é muito importante, o respeito entre as pessoas, o ser<br />
humano. É isso que ela diz, esse pensamento, essa memória que ela tem até hoje. Isso que ele me passou.<br />
Ela não quer acabar com a união que tenha dentro do povo, como uma nação indígena.“<br />
Depoimento oral da anciã Terena de 101 anos de idade [fala na língua com tradução de<br />
um bisneto jovem]. Aldeia Limão Verde, Aquidauana - MS. Outubro de 1993.
“[...] Independentemente da extensão<br />
destes territórios, é necessário e é preciso<br />
que nós pensemos em conjunto uma idéia de<br />
manejo desses territórios, um inventário cultural e<br />
material dos bens existentes nestes territórios.<br />
Para que, juntos, nós possamos construir estratégias que lidem com a herança espiritual,<br />
com os valores da nossa tradição e da nossa cultura. Que possam dar ânimo<br />
para o espírito de nossos antepassados. Pois, se nós conseguirmos transmitir para<br />
as futuras gerações o sentido sagrado de viver nesta terra, nós teremos conseguido passar para eles a<br />
he-rança que nós recebemos de nossos ancestrais, dos nossos avós. E, caso nós não consigamos passar<br />
este patrimônio espiritual para nossos descendentes, não adiantará nós garantirmos territórios extensos,<br />
nem sermos comparados com outros povos ricos materialmente [...]”.<br />
Depoimento oral de Ailton Krenak<br />
Parque da Previdência, São Paulo, SP, novembro de 1993.<br />
109
110
111
112
1<br />
2<br />
57 - 58<br />
1 - AIlton Krenak e Álvaro Tukano. Foto de Alexandre de Freitas. Rincão Gaia, RS. 2005.<br />
2 - Jovens Krikati. Foto de Piotr Jaxa. Montes Alves, MA. 1993.<br />
1<br />
59 - 60<br />
1 - Álvaro Tukano. Depoimento. Praia de Grumari, RJ. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
1 2<br />
2<br />
61 - 62<br />
1 - Aldeia Amondawá, região de Trincheiras, RO. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
2 - Aldeia Yawanawá, região do Rio Gregório, AC. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
63 - 64<br />
1 - Amondawá. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
65 - 66<br />
1 - Amondawá. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
67 - 68<br />
1 - Karitiãna. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
114
1<br />
1<br />
2<br />
1<br />
1<br />
1<br />
69 - 70<br />
1 - Cenas da comunidade indígena Yawanawá. Região do Rio Gregório, AC. Fotogramas, acervo do projeto Séculos<br />
Indígenas no Brasil. 1993.<br />
2 - Álvaro Tukano e Biraci Brasil, líder Yawanawá. Foto de Paulo Metz. 1993.<br />
1<br />
2<br />
3<br />
6<br />
5<br />
4<br />
71 - 72<br />
1 - Pista de pouso na Aldeia Katukina, Região do Rio Gregório, AC. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no<br />
Brasil. 1993.<br />
2 - Jacó, missionário holandês, Aldeia Katukina. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
3 - Aldeia Amondawá. RO. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
4 - Álvaro Tukano e Rieli Franciscato. RO. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
5 - Cizino Karitiãna, líder indígena. RO. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
6 - Lago da Usina Hidrelétrica de Samuel. RO. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
2<br />
3<br />
73 - 74<br />
1 - Aldeia Krikati, Montes Alves, MA. Foto de Piotr Jaxa. 1993.<br />
2 - Aldeia Krikati, Montes Alves, MA. Fotograma, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
3 - Aldeia Krikati, Montes Alves, MA. Foto de Paulo Metz. 1993<br />
1 2<br />
75 - 76<br />
1 - Cacique Benjamin, Aldeia Krikati, Montes Alves, MA. Foto de Piotr Jaxa. 1993.<br />
2 - Jovens das aldeias Krikati e Amondawá. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
1 2 1<br />
77 - 78<br />
1 - Pintura corporal Krikati, Montes Alves, MA. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
2 - Aldeia Krikati - “corrida de toras”. Fotos de Paulo Metz. 1993.<br />
1<br />
79 - 80<br />
1 - Cenas da Aldeia Krikati. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
115
1 2<br />
81 - 82<br />
1 - Aldeia Krikati, Montes Alves, MA. Foto de Paulo Metz. 1993.<br />
2 - Cenas da Aldeia Krikati. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
83 - 84<br />
1 - Davi Richardson e Antônia Kaxinawá no Centro de Preservação das Artes e Culturas Indígenas, em Altér do Chão,<br />
Santarém, PA. Cenas ribeirinhas no Rio Tapajós. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1 3 2 85 - 86<br />
1 - Comunidade S. Jorge, São Gabriel da Cachoeira, AM. Fotogramas, a cervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil.<br />
1993.<br />
2 - Rio Negro. Foto de Piotr Jaxa. 1993.<br />
3 - Alberto Padilha Garcia, presidente da Associação das Comunidades Indígenas do Rio Negro. Comunidade S. Jorge,<br />
São Gabriel da Cachoeira, AM. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
87 - 88<br />
1 - Comunidade da Ilha de Camanaus, S. Gabriel da Cachoeira, AM. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no<br />
Brasil. 1993.<br />
1<br />
89 - 90<br />
1 - Culto religioso na Ilha de Camanaus, S. Gabriel da Cachoeira, AM. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas<br />
no Brasil. 1993.<br />
1<br />
3<br />
2<br />
4<br />
91 - 92<br />
1 - Caminhão do Exército, Batalhão de S. Gabriel da Cachoeira, AM. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no<br />
Brasil. 1993.<br />
2 - Igreja Salesiana em S. Gabriel da Cachoeira, AM. Fotograma, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
3 - Brás França, presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro. Fotograma, acervo do projeto Séculos<br />
Indígenas no Brasil. 1993.<br />
4 - Praia do Rio Negro em S. Gabriel da Cachoeira, AM. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
116
1<br />
2<br />
93 - 94<br />
1 - Manifestação cultural de canto e dança na Ilha de Camanaus, S. Gabriel da Cachoeira, AM. Fotogramas, acervo do<br />
projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
2 - Rio Negro, S. Gabriel da Cachoeira, AM. Fotograma, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
2<br />
95 -96<br />
1 - Aldeia Tukano do Balaio, Parque Nacional do Pico da Neblina, AM. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas<br />
no Brasil. 1993.<br />
2 - Sr. Casemiro, pai de Álvaro Tukano. Foto de Piotr Jaxa. 1993.<br />
1 2<br />
97 - 98<br />
1 - Aldeia Tukano do Balaio, Parque Nacional do Pico da Neblina, AM. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas<br />
no Brasil. 1993.<br />
2 - Aldeia Tukano do Balaio, Parque Nacional do Pico da Neblina, AM. Foto Piotr Jaxa. 1993.<br />
1<br />
3<br />
2<br />
99 - 100<br />
1 - Lula, filho de Álvaro Tukano, e seu avô materno. Foto de Piotr Jaxa. 1993.<br />
2 - Aldeia Tukano do Balaio, Parque Nacional do Pico da Neblina, AM. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas<br />
no Brasil. 1993.<br />
3 - Comunidade indígena de Curicuriari, região do Baixo Rio Negro. S. Gabriel da Cachoeira, AM. Fotogramas, acervo do<br />
projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
101 -102<br />
1 - Equipe de filmagem, membros da Comunidade Tukano do Balaio e soldados no caminhão do exército. Parque<br />
Nacional do Pico da Neblina, AM. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
103 - 104<br />
1 - Manifestação cultural de canto e dança da comunidade Terena, na aldeia Limão Verde, Aquidauana, MS. Fotogramas,<br />
acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
117
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
105 - 106<br />
1 - Membros da comunidade Terena, na aldeia Limão Verde, Aquidauana, MS. Fotogramas, acervo do projeto Séculos<br />
Indígenas no Brasil. 1993.<br />
2 - Ezequias Hering, “Xará”, antropólogo, pesquisador e indigenista. Campo Grande, MS. Fotograma, acervo do projeto<br />
Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
3 - Eduardo Barbosa Pereira, Kaiowá, Dourados, MS. Fotograma, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
4 - Joel Terena, administrador regional da FUNAI, Campo Grande, MS. Fotograma, acervo do projeto Séculos Indígenas<br />
no Brasil. 1993.<br />
1<br />
2<br />
107 -108<br />
1 - Álvaro Tukano, Ailton Krenak, e membros da comunidade Krenak, Aldeia Krenak, Vale do Rio Doce, MG. Foto Paulo<br />
Metz. 1993.<br />
2 - Aldeia Krenak, Vale do Rio Doce, MG. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
109 - 110<br />
1 - Membros da comunidade Krenak, Aldeia Krenak, Vale do Rio Doce, MG. Fotogramas, acervo do projeto Séculos<br />
Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
1 - Álvaro Tukano e o trem no Vale do Rio Doce, MG. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
111 - 112<br />
1 - Criança Kaiowá, MS. Foto de João Ripper.<br />
1<br />
113 - 114<br />
118
Urbis, Peri, peri-urbano<br />
“Aquela cidade que você habita, aquilo que foi tomado como sonho de progresso, de civilidade. As<br />
tensões e interações intersocietárias. Aquele idealizado que está em busca de um outro ideal para continuar<br />
a viver. Novos significados. Nem tão urbano assim, mato-cidade, periferias dos Brasis.”
“O Centro de Pesquisa Indígena não é um<br />
lugar. É o caminho que liga a memória da criação do<br />
mundo, presente nas narrativas tradicionais, no conhecimento<br />
antigo, com o conhecimento sobre o novo,<br />
no trabalho do cientista e do pesquisador.”<br />
Ailton Krenak
124
“Quando eu cheguei pra aqui tá com 17 anos<br />
que eu vim da aldeia de Barra Velha, Monte Pascoal. Nasci e<br />
me criei lá. Então, sabendo que aqui foi a descoberta do Brasil,<br />
e quando Pedro Álvares Cabral chegou aqui já encontrou os<br />
índios, entonce eu, sabendo que nós temos direito porque é a<br />
terra dos índios, então eu vim pra aqui.... porque lá muito fraco,<br />
muito difícil de transporte, então com uma pessoa doente vai<br />
ter que carregar nas costas, não tem como poder trazer pra<br />
pegar carro, pra chegar cá... acudir o índio. E aqui o transporte é<br />
na porta, então eu mudei pra aqui. E eu estou subindo... cheguei<br />
aqui, fiquei. Aí meu pessoal foi chegando, foi chegando...<br />
vinha um, chegava, fazia um barraquinho, vinha outro, fazia um<br />
barracozinho... é melhor de pegar o kaiambá, que é o dinheiro,<br />
pegar o kaiambá. Então, chegou aqui nós, foi ficando, foi ficando<br />
e hoje em dia tamos aqui. Quando eu cheguei por aqui<br />
isso tudo era mato, não tinha nada aqui tudo, nada! Nem barraqueiro<br />
nenhum! ... Depois que nós já tamos aqui 17 anos depois<br />
e isso tudo era mato. Aí, bom... teve a Centauro, as pousadas<br />
e formaram firma. E aí então ficou. Aí lá vai nós e vamos<br />
indo, vamos indo, vamos vivendo aqui. Lá vai hoje... amanhã e<br />
hoje em dia.... e tamos lutando, tamos lutando aqui. “<br />
Depoimento oral de Beré Pataxó - Coroa Vermelha,<br />
Porto Seguro - Bahia. Novembro de 1993.
129
... Se amanhece o Sol, a todos aquenta,<br />
Se chove o céu, a todos molha,<br />
Se toda a luz caíra a uma parte<br />
E toda a tempestade a outra,<br />
Quem sofrerá?<br />
Mas não sei que injusta condição é<br />
A deste elemento grosseiro que vivemos.<br />
Que as mesmas igualdades do céu,<br />
Em chegando à Terra, logo se<br />
Desigualam.<br />
Padre Antônio Vieira, 1650.
Álvaro – Como é que está o missionário hoje? Como é que está o pastor hoje para salvar os índios? O que é<br />
a salvação dos índios para os missionários?<br />
Padre Mário - Eu entendo o seguinte: houve um certo progresso, um certo avanço na política, vamos dizer,<br />
missionária. Se você lembra um pouco, Álvaro, como era a política dos missionários quando você era garoto lá no Rio Negro...<br />
Álvaro – É, eu tinha medo dos missionários...<br />
Padre Mário – A gente pode ver que tinha uma imposição. As lideranças indígenas eram reprimidas, havia<br />
todo um controle por parte dos missionários. Mas a partir de uma mudança também histórica, e também por parte de um<br />
grupo de missionários católicos, de modo particular o missionário do CIMI. [...] Então, houve uma evolução muito importante.<br />
[...] O índio voltou às suas aldeias, reassumiu seus rituais, os seus mitos e houve por parte dessa organização, de um<br />
modo particular o CIMI, um incentivo para que o índio se organizasse dentro do ponto de vista interno, de ir readquirindo<br />
seu ethos, os seus costumes que haviam perdido pela agressão de uma ação missionária do passado e passou, vamos dizer,<br />
a ter uma visão política mais clara. Isso se deu sobretudo porque os missionários do CIMI favoreceram a realização das assembléias<br />
indígenas, os índios passaram a se encontrar, a analisar a realidade e a lutar. Hoje, o Álvaro pode dizer melhor do<br />
que eu, tem mais de 100 organizações indígenas no Brasil. Então você vai me dizer está tudo bem? [...]<br />
Álvaro - Então é muito importante preservar a imagem dos missionários, que realmente sejam missionários,<br />
não se pode misturar uma religião com a politicagem que existiu sobre as populações indígenas até aqui...<br />
Padre Mário – [...] E uma outra questão a que você, Álvaro, está se referindo, é uma questão de caráter teológico,<br />
de caráter, vamos dizer assim, mais especificamente religioso, quer dizer: a idéia cristã carrega ainda a idéia expansionista,<br />
de impor a própria religião aos outros. Inclusive, a Igreja Católica, mesmo não sendo uma igreja fundamentalista como os<br />
outros grupos, mantém algumas características fundamentalistas, que quer impor alguma coisa já pronta, já feita ao índio e<br />
que impede um diálogo religioso, uma troca harmoniosa em cima da vida religiosa de cada um. [...]<br />
Entrevista realizada por Álvaro Tukano com o Padre Mário Fioravanti - Rio de Janeiro, novembro de 1993.
O Brasil que completou 500 anos no ano 2000<br />
desconhece e ignora a imensa sociodiversidade nativa contemporânea<br />
dos povos indígenas. Não se sabe ao certo sequer quantos<br />
povos nem quantas línguas existem. O (re)conhecimento ainda<br />
que parcial dessa diversidade não ultrapassa os restritos círculos<br />
acadêmicos.<br />
A tarefa de tecer um painel abrangente da situação<br />
atual dos povos indígenas no Brasil é, de fato, um quebra-cabeça<br />
com milhares de peças espalhadas e sem uma imagem guia. Hoje<br />
um estudante ou um professor, por exemplo, que quiser saber<br />
algo mais sobre os índios brasileiros contemporâneos terá muitas<br />
dificuldades.<br />
Em primeiro lugar porque há poucos canais e espaços<br />
para a expressão diretamente indígena no cenário cultural e<br />
político do país. Via de regra, vivendo em “locais de difícil acesso”,<br />
com tradições basicamente orais de comunicação e na condição<br />
de monolíngües, com parco domínio do português, as diferentes<br />
etnias encontram barreiras para se expressar livremente com o<br />
mundo dos não-índios.<br />
Seus pontos de vista são tomados geralmente fora dos<br />
contextos onde vivem, mediados por intérpretes freqüentemente<br />
precários e registrados finalmente como fragmentos e em português.<br />
Carlos Alberto Ricardo<br />
Secretário Executivo - CEDI<br />
(Centro Ecumênico de Documentação e Informação)
1<br />
2<br />
119 - 120<br />
1 - Anciã Pataxó. Praia de Coroa Vermelha, Porto Seguro. BA. Foto de Paulo Metz. 1993.<br />
2 - Aldeia Krikati, Montes Alves, MA. Foto de Paulo Metz. 1993.<br />
1<br />
3<br />
2<br />
4<br />
5<br />
6<br />
8<br />
7<br />
121 - 122<br />
Depoimentos registrados na sede da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé. Porto Velho, RO. Fotogramas,<br />
acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993. 1 - Evandro Santiago, indigenista da FUNAI. 2 - Ivaneide Bandeira,<br />
historiadora e indigenista. 3 - Rieli Franciscato, indigenista, chefe de posto da FUNAI. 4 - Rogério Vargas, agrônomo e<br />
indigenista.<br />
Depoimentos registrados na sede do Centro de Pesquisa Indígena, Cruzeiro do Sul, AC. Fotogramas, acervo do projeto<br />
Séculos Indígenas no Brasil. 1993. 5 - Biraci Brasil Yawanawá. 6 - Armando Soares Filho, indigenista da FUNAI. 7 - Ailton<br />
Krenak, criador do CPI. 8 - Moisés Ashaninka.<br />
1<br />
123 - 124<br />
1 - Ailton Krenak, Núcleo de Cultura Indígena, São Paulo, SP. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil.<br />
1993.<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
125 - 126<br />
Depoimentos gravados na comunidade Pataxó. Praia de Coroa Vermelha, Porto Seguro. BA. Fotogramas, acervo do<br />
projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993. 1 - Boré, pai do Cacique Arapatí. 2 - Nélson Saracura. 3 - Macuco<br />
4 - Praia de Coroa Vermelha, Porto Seguro. BA. Foto de Paulo Metz. 1993.<br />
1<br />
2<br />
127 - 128<br />
1 - Aldeia Pataxó. Floresta Verde, Porto Seguro. BA. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
2 - Cacique Arapatí, Pataxó. Praia de Coroa Vermelha, Porto Seguro. BA. Fotograma, acervo do projeto Séculos Indígenas<br />
no Brasil. 1993.<br />
1 2<br />
4<br />
3<br />
5<br />
129 - 130<br />
Depoimentos Gravados em Salvador, BA. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1 - Farol da Barra. 2 - Biraci. 3 - Sol - Dirigentes da Associação Indígena Casa do Índio.<br />
4 - Marcelo do Olodum, Diretor Cultural do Olodum.<br />
5 - Prédio em ruínas, ocupado por famílias. Praia em Salvador, BA . Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no<br />
Brasil. 1993.<br />
137
1<br />
2<br />
131 - 132<br />
1 - Padre Mário Fioravanti. Colégio Assunção, Santa Tereza, Rio de Janeiro, RJ. Fotogramas, acervo do projeto Séculos<br />
Indígenas no Brasil. 1993.<br />
2 - Cristo Redentor, Monte Corcovado. Rio de Janeiro, RJ. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil.<br />
1993.<br />
1<br />
2<br />
4<br />
3<br />
133 - 134<br />
1 - Rio de Janeiro, RJ. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
2 - Favelas. Rio de Janeiro, RJ. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
3 - Casa do Índio. Rio de Janeiro, RJ. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
4 - Eunice Alves Cariry Sorominé, fundadora e diretora da Casa do Índio. Rio de Janeiro, RJ. Fotograma, acervo do projeto<br />
Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
2<br />
1<br />
3<br />
135 - 136<br />
Depoimentos gravados na sede do Centro Ecumênico de Documentação e Informação - atual ISA - Instituto Socioambiental.<br />
São Paulo, SP. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993. 1 - André Villas Boas. Coordenador<br />
do Programa Povos Indígenas no Brasil. 2 - Geraldo Andrello. Documentarista - Campanha Raposa Serra do Sol. 3 -<br />
Alberto Ricardo. Secretário Executivo do CEDI.<br />
138
Outras ocas, múltiplas palavras<br />
“As ocas, os caminhos, estão em muitos lugares a serem conquistados, retomados. A presença nos<br />
espaços das políticas do Estado nação. Ninguém sozinho tem a palavra, são muitas, multiplicam-se como<br />
as cores que juntas formam um matiz novo, múltiplas palavras. Só o futuro dirá.”
“A luta do nosso povo é diferente da luta do branco. O branco você sabe que pode entrar, polícia deixa entrar.<br />
A vida do branco é muito complicada, é muito violenta, muito ruim, muito mal. Então a vida de nós é mais fácil, e acredito<br />
que quem vai visitar aldeia meu pode entrar, que pode dormir, onde pode comer peixe assado, bicho assado, não precisa<br />
dinheiro! Eu não precisa dinheiro, eu não precisa cobrar. Agora branco sempre cobra coisa [...] então a luta de nós, a gente<br />
sempre tem que ser assim, junto, para conseguir alguma coisa importante pra nosso filho, nosso neto. É isso que é minha<br />
idéia, meu trabalho, é isso... Nós não pode separar, se pensar em separar, aí não vai conseguir, aí tudo junto vai conseguir logo<br />
terra demarcada, não vai ter o garimpeiro, madeireiro [...] é essa minha idéia! “<br />
Depoimento oral de Raoni Txucarramãe, líder Mebengokre,<br />
durante manifestação contra a reforma constitucional<br />
que ameaçava os direitos indígenas quanto à<br />
demarcação das terras<br />
indígenas. Praça dos Três<br />
Poderes, Brasília, setembro<br />
de 1993.
“Eu creio que, pelo que a gente resolveu agora, pelo acordo feito, que a revisão constitucional<br />
vai acontecer. Só que uma coisa eu quero que fique bem claro: se, através dessa revisão constitucional,<br />
houver algum tipo de massacre, algum tipo de atentado contra a comunidade indígena, o Congresso Nacional,<br />
os deputados terão toda a responsabilidade, e eles sim serão responsáveis por mais uma chacina.<br />
Porque eles negam, mas eles são responsáveis a partir do momento que não tomam decisão nenhuma<br />
em favor dos índios do Brasil.”<br />
Depoimento oral de Ivison Wassu Cocal, jovem liderança dos Wassu Cocal, de Alagoas. Salão<br />
Negro do Congresso. Brasília, setembro de 1993.
“Nós estamos aqui. É segunda vez<br />
que nós estamos aqui e não deixam a gente<br />
entrar nessa casa. Nós queremos entregar a<br />
carta, documento pedindo a ele a demarcação<br />
das terras. Tá cheio de policial aqui<br />
pensando que o índio vem matar o Itamar<br />
Franco. Nós precisamos falar com ele. A autoridade<br />
Presidente da República brasileiro<br />
poderia receber liderança nessa casa. Nós<br />
precisamos ouvir o que ele pode dizer pra<br />
nós. Lideranças do Brasil inteiro estão aqui<br />
apoiando meu trabalho, apoiando contra o<br />
massacre de meus parentes que ocorreu no<br />
mês de julho, que os garimpeiros mataram.<br />
Então, agora vou mandar mensagem para o<br />
mundo inteiro, pro mundo inteiro saber que<br />
o governo brasileiro não aceita receber a<br />
149
gente, e por isso que estamos sofrendo. E por<br />
isso que nós continuamos brigando, continuamos<br />
gritando, reclamando; nós queremos o<br />
apoio de vocês pra não mais fazer isso [...] pra<br />
expulsar, mandar embora. Ficam com medo<br />
da gente, mas não é pra matar eles não, só<br />
queremos entregar documento do povo indígena,<br />
só isso que nós queremos! Ele não<br />
quer resolver problema do Brasil, problema<br />
do povo indígena, não quer demarcar as terras,<br />
não quer tirar fazendeiro, não quer tirar<br />
garimpeiro, não quer nada pro povo indígena!<br />
“<br />
Depoimento oral de Davi Yanomami, liderança<br />
e xamã dos Yanomami. Praça dos Três<br />
Poderes, Brasília, setembro de 1993.<br />
150
1<br />
2<br />
139 - 140<br />
1 - Ivison, do povo Wassú Cocal. Brasília, DF. Foto de Piotr Jaxa. 1993.<br />
2 - Manisfestação Nacional Indígena na Câmara dos Deputados. Brasília, DF. Foto de Piotr Jaxa. 1993.<br />
1<br />
141 - 142<br />
1 - Manisfestação Nacional Indígena na Câmara dos Deputados. Brasília, DF. Fotos de Piotr Jaxa. 1993.<br />
1<br />
2<br />
143 - 144<br />
1 - Manisfestação Nacional Indígena na Câmara dos Deputados. Brasília, DF. Foto de Piotr Jaxa. 1993.<br />
2 - Manisfestação Nacional Indígena na Câmara dos Deputados. Brasília, DF. Fotogramas, acervo do projeto Séculos<br />
Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1<br />
2<br />
3<br />
5<br />
4<br />
9 10<br />
7 8<br />
6<br />
145 - 146<br />
1 - Reunião na sala da presidência da FUNAI. Fotos Paulo Metz. 1993.<br />
2 - Manisfestação Nacional Indígena na Praça dos Três Poderes. Álvaro Tukano e Raoni. Brasília, DF. Fotos Paulo Metz.<br />
1993.<br />
3 - Dep. Fed. Sidney Miguel. Brasília, DF. Fotograma, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
Depoimentos gravados em Luiziânia, GO. Fotogramas, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993. 4 - Donald<br />
Rojas Contreras, presidente do Conselho Mundial dos Povos Indígenas. 5 - Orlando Melgueiro da Silva - Baré. 6 - Márcio<br />
Santilli, Núcleo de Direitos Indígenas. 7 - Francisca Novatino - Chiquinha Pareci. 8 - Neusa Terena. 9 - Estevão Carlos<br />
Taukane - Bakairi. 10 - Vítor A. Peruare - Bakairi.<br />
1<br />
2<br />
3<br />
147 - 148<br />
Manisfestação Nacional Indígena na Câmara dos Deputados e Praça dos Três Poderes. Brasília, DF. Fotogramas, acervo<br />
do projeto Séculos Indígenas no Brasil. 1993.<br />
1 - Davi Kopenawá - Yanomami.<br />
2 - Raoni e Álvaro Tukano.<br />
3 - Inocêncio Oliveira, presidente da Câmara dos Deputados.<br />
1<br />
149 - 150<br />
Davi Kopenawá - Yanomami. Composição artística a partir de fotograma, acervo do projeto Séculos Indígenas no Brasil.<br />
1993.<br />
152
Introdução para a indexação das imagens<br />
O conjunto de imagens aqui indexadas totaliza aproximadamente 45 horas de filmagem,<br />
distribuídas em 31 fitas de vídeo - Betacam SP de 90 minutos e registram paisagens, situações, entrevistas,<br />
depoimentos, expressões do mundo da cultura. Esse material foi produzido por uma equipe de filmagem<br />
composta de quatro pessoas, em uma viagem realizada pelas cinco regiões geográficas do Brasil. Foram<br />
percorridos, nesta viagem, mais de 30.000 km, em um período de três meses contínuos de viagem – de setembro<br />
a novembro de 1993 –, com gravações feitas em 12 estados da União e no Distrito Federal. As filmagens foram<br />
realizadas em períodos distintos e em outros países além do Brasil, compreendendo quatro anos de andanças e<br />
trabalho, de setembro de 1993 a dezembro de 1996.<br />
A equipe de filmagem foi composta por: Frank Coe, produtor e diretor; Álvaro Tukano,<br />
orientador e roteirista; Piotr Jaxa, diretor de fotografia e cinegrafista, e Paulo Metz, cinegrafista e assistente de<br />
produção. Piotr e Paulo, juntos, fizeram mais de três mil fotografias – coloridas e em preto em branco.<br />
Durante as filmagens realizadas nas aldeias indígenas, nossa equipe foi generosamente<br />
recebida e auxiliada por membros das comunidades visitadas. A participação das comunidades nos trabalhos<br />
não se limitou a uma ajuda na parte prática das filmagens, mas, sobretudo, na definição do que seria filmado<br />
por nós, contribuindo na construção de um roteiro aberto e extremamente significativo.<br />
O roteiro de viagem, as comunidades indígenas a serem visitadas e as pessoas a serem<br />
entrevistadas foram definidos por Álvaro Tukano, Ailton Krenak e Frank Coe.<br />
O material de imagens encontra-se à disposição para consulta pública, cópias em DVD, nas<br />
seguintes instituições: FUNAI – Coordenação Geral de Documentação e Tecnologia da Informação - CGDTI,<br />
SEPS Quadra 702/902, Bloco A, Edifício Lex, 1° andar, CEP: 70.390-025 - Brasília-DF, e-mail: indios@funai.gov.br;<br />
CTAV - Centro Técnico do Audiovisual/Secretaria do Audiovisual-MINC, Av. Brasil, 2.482, Benfica, CEP: 20.930-<br />
000, Rio de Janeiro - RJ/www.ctav.gov.br; Fundação Darcy Ribeiro – Rua Almirante Alexandrino, 1991 - Santa<br />
Tereza, CEP: 20.241-261, Rio de Janeiro – RJ/fundar@fundar.org.br; e Pontifícia Universidade Católica - PUCRS<br />
- Biblioteca Central. Avenida Ipiranga, 6681 - Porto Alegre - RS, 91530-000 - www.pucrs.br.
Indexação do acervo de imagens<br />
FITA 00<br />
DURAÇÃO: 88 MIN<br />
Material de Arquivo do Museu do Índio – RJ.<br />
Telecinagem do material original para Betacam SP, em 1994.<br />
• A Epopéia da Comissão Rondon (Archiles Tartari) 1955;<br />
Time Code: 00:00:00 – 01:03:00<br />
• Trechos do Filme “Descobrimento do Brasil” de Humberto Mauro – 1937.<br />
Time Code: 01:03:00 – 01:28:00<br />
FITA 01<br />
DURAÇÃO: 72 MIN<br />
• Depoimento de Darcy Ribeiro, Rio de Janeiro - RJ.<br />
• Apresentação sucinta do seu texto “A Invenção do Brasil” e relatos de suas experiências de campo como antropólogo e indigenista - Setembro<br />
de 1993.<br />
• Antropólogo, escritor, político, educador e indigenista, membro da Academia Brasileira de Letras, Darcy recebeu vários títulos e prêmios por<br />
sua produção intelectual e sua luta política.<br />
• Praia de Copacabana e pessoas passeando pela orla marítima; Av. Atlântica.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:36:00<br />
• Depoimento de Hilda Zimmermann, Porto Alegre – RS.<br />
• Breve histórico da situação dos povos indígenas no Rio Grande do Sul e relatos da sua militância política pelas<br />
causas indígena e ambientalista - Setembro de 1993.<br />
• Ambientalista militante, fundadora da “Sociedade Amigos da Amazônia Brasileira” – SAMBRAS, Presidente da<br />
“União Pela Vida Ambientalista” e indigenista uma das fundadoras da Associação Nacional de Apoio ao Índio – ANAI / RS.<br />
Time Code: 00:36:00 – 00:48:00<br />
• Depoimento de José Lutzenberger, Porto Alegre – RS.<br />
• Análise do comportamento humano em relação ao meio ambiente, dentro de uma perspectiva histórica - Setembro<br />
de 1993.<br />
• Lutzenberger, um dos nomes mais destacados do ambientalismo nacional e internacional, ganhador do “Prêmio<br />
Nobel Alternativo”; Ex-Secretário Especial do Meio Ambiente no período de 1990-1991; Fundador da Associação Gaúcha de<br />
Proteção ao Ambiente Natural - AGAPAN e da Fundação Gaia.<br />
Time Code: 00:48:00 – 00:58:00<br />
• Imagens panorâmicas do Rio de Janeiro, gravadas de Santa Tereza - Setembro de 1993.<br />
Time Code: 00:58:00 – 01:12:00<br />
154
FITA 03<br />
DURAÇÃO: 69 MIN<br />
FITA 02<br />
DURAÇÃO: 70 MIN<br />
• CEDI (Centro Ecumênico de Documentação e Informação),<br />
São Paulo – SP.<br />
• Setor Cartográfico: Laboratório de Informações Geográficas<br />
e Sensoriamento<br />
Remoto. Programa Povos Indígenas no Brasil – Setembro de 1993.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:05:20<br />
• Depoimento de André Villas Bôas – Coordenador do Programa<br />
“Povos Indígenas no Brasil”.<br />
Time Code: 00:05:20 – 00:12:45<br />
• Depoimento de Geraldo Andrello – Documentarista responsável<br />
pela campanha “Raposa Serra do Sol”.<br />
Time Code: 00:13:00 – 00:25:00<br />
• Depoimento de Alberto Ricardo – Secretário Executivo do<br />
CEDI<br />
Time Code: 00:25:00 – 00:39:00<br />
• Ilha de Edição e Arquivo de Imagens do CEDI, com o Toninho<br />
– responsável pelo setor.<br />
Time Code: 00:39:00 – 00:56:28<br />
• Salvador – Bahia. Imagens panorâmicas da cidade. Novembro<br />
de 1993.<br />
Time Code: 00:56:28 – 01:10:00<br />
• Salvador – Bahia. (continuação)<br />
• Imagens da orla marítima – Prédio em ruínas, ocupado por<br />
famílias em frente ao mar, caracterizando situação de miséria e abandono.<br />
• Farol da Barra, as rochas e o mar;<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:14:00<br />
• Depoimento de Marcelo do Olodum – Diretor Cultural do<br />
Grupo Olodum.<br />
Time Code: 00:14:00 – 00:26:00<br />
• Biraci e Sol – Dirigentes da Associação Indígena, na “Casa<br />
do Índio”.<br />
Time Code: 00:26:00 – 00:33:25<br />
• Imagens panorâmicas do Rio de Janeiro, tomadas de Santa<br />
Tereza. Enseada de Botafogo, o Pão-de-Açúcar... - Novembro de 1993.<br />
Time Code: 00:33:30 – 00:44:20<br />
• “Casa do Índio”, Ilha do Governador no RJ - Novembro de<br />
1993.Local de acolhimento e tratamento de indígenas enfermos.<br />
• Depoimentos de Eunice Alves Cariry Sorominé – fundadora<br />
e diretora; professora Eliana e o enfermeiro Luis Carlos.<br />
Time Code: 00:44:20 – 01:09:00<br />
FITA 04<br />
DURAÇÃO: 62 MIN<br />
• “Casa do Índio” – RJ. (continuação)<br />
• Imagens do estabelecimento em geral, comentadas por Eunice<br />
Cariry.<br />
• Depoimentos da fundadora e diretora da “Casa”, Medalha<br />
de Mérito Indigenista em 1975; Luis Carlos – enfermeiro.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:36:00<br />
• Reserva Extrativista “Chico Mendes”, em Xapuri – Acre.<br />
Outubro de 1993.<br />
• Visita da comitiva do candidato a Presidente Luís Inácio<br />
Lula da Silva, na “Caravana da Cidadania”, ao local.<br />
Time Code: 00:36:00 – 00:40:00<br />
• Depoimentos de Agripino e Júlio Barbosa:<br />
• Falam sobre a Cooperativa Extrativista e a “Aliança dos Po-<br />
155
vos da Floresta”.<br />
Time Code: 00:40:00 – 00:53:00<br />
• Imagens da Reserva Extrativista “Chico Mendes”.<br />
Time Code: 00:53:00 – 01:02:00<br />
FITA 05<br />
DURAÇÃO: 72 MIN<br />
• Reserva Extrativista “Chico Mendes”. (continuação)<br />
• Entrevista com Álvaro Tukano – Líder indígena, Lula – Candidato<br />
à Presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores,<br />
e Gatão – Presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros, na<br />
fazendinha (reserva extrativista). Outubro de 1993. Eles conversam<br />
sobre a Aliança dos Povos da Floresta e a posição do candidato Lula<br />
sobre o assunto.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:09:30<br />
• Imagens do local e da viagem de volta, estrada e mata no<br />
trajeto para a cidade de Xapuri. (floresta e queimadas).<br />
Time Code: 00:09:30 – 00:32:30<br />
• Depoimento de Dionísio – Sindicalista, em frente à sede do<br />
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri.<br />
Time Code: 00:32:30 – 00:36:00<br />
• Ato público do PT, em Xapuri; Br 347, estrada ligando Rio<br />
Branco e Xapuri; Viagem de carro com imagens de queimadas na<br />
floresta em quase todo o trajeto.<br />
Time Code: 00:36:00 – 01:07:00<br />
• Depoimento de Xola – jovem liderança indígena da União<br />
das Nações Indígenas - UNI / Acre.<br />
Time Code: 01:07:00 – 01:12:00<br />
FITA 06<br />
DURAÇÃO: 71 MIN<br />
• Museu do Índio – RJ. Novembro de 1993.<br />
• Depoimento de João Domingos Lamônica - Responsável<br />
pelo Depto de Fotografia do Museu.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:24:40<br />
• Depoimento de Ana Maria da Paixão – Antropóloga do<br />
Museu.<br />
Time Code: 00:24:40 – 00:30:50<br />
• Série de fotos históricas do acervo do Museu: Comissão<br />
Rondon; indígenas; portraits de Rondon e a esposa; Darcy Ribeiro;<br />
paisagens...<br />
• Fotos de época – Comissão Rondon: Série catalogada para<br />
exposição.<br />
Time Code: 00:30:50 – 01:11:00<br />
FITA 07<br />
DURAÇÃO: 83 MIN<br />
• Museu do Índio – RJ, fotos de época. (continuação)<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:23:30<br />
• Depoimento de Álvaro Tukano – Líder indígena do alto e<br />
médio rio Negro no Amazonas, na Praia de Grumari – RJ. Novembro<br />
de 1993.<br />
Time Code: 00:23:30 – 00:43:30<br />
• Conversa entre Álvaro Tukano e o Padre Mário Fioravanti,<br />
em Santa Tereza – RJ. Eles abordam a ação missionária do CIMI –<br />
Igreja Católica, junto aos povos indígenas.<br />
Time Code: 00:50:00 – 01:10:00<br />
• Imagens do Rio de Janeiro: favela, Cristo Redentor, imagens<br />
feitas do alto de Santa Teresa.<br />
Time Code: 00:43:30 – 00:50:00 e 01:10:00 – 01:23:00<br />
FITA 08<br />
DURAÇÃO: 72 MIN<br />
• CPI – Centro de Pesquisa Indígena, em Cruzeiro do Sul –<br />
Acre. Setembro de 1993.<br />
• Vôo no pequeno avião de Cruzeiro do Sul até Sete Estrelas,<br />
aldeia indígena Katukina. Recepção indígena e de um missionário<br />
holandês.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:07:00<br />
• Caminhada na mata, a equipe de filmagem e os Yawanawá,<br />
pelas trilhas e riachos.<br />
Time Code: 00:07:00 – 00:10:00<br />
• Imagens da aldeia Yawanawá, na região do rio Gregório -<br />
Acre.<br />
• Atividades cotidianas da comunidade em geral: Mulheres e<br />
156
crianças carregando água. Roçado e sementes com homens trabalhando<br />
a terra...<br />
Time Code: 00:10:00 – 00:15:20<br />
• Depoimento de Joaquim – Jovem líder Yawanawá, fala sobre o<br />
movimento indígena do vale do Juruá e o CPI.<br />
Time Code: 00:15:20 – 00:18:50<br />
• Depoimento do pajé Yawanawá na língua indígena, des-crevendo<br />
o processo de preparação da bebida cerimonial para a festa - “O Cipó”.<br />
Time Code: 00:18:50 – 00:20:45<br />
• Depoimento do Antônio – Líder Yawanawá, traduzindo para o<br />
português a explicação do “Pajé”.<br />
Time Code: 00:20:50 – 00:23:50<br />
• Conversa entre Álvaro Tukano, Antônio e professor Yawanawá,<br />
falando sobre o projeto da comunidade em parceria com o CPI.<br />
Time Code: 00:25:00 – 00:35:00<br />
• Reunião comunitária.<br />
Time Code: 00:39:00 – 00:50:00<br />
• Imagens da aldeia Yawanawá em geral.<br />
Time Code: 00:50:00 – 01:12:00<br />
FITA 09<br />
DURAÇÃO: 71 MIN<br />
• Aldeia Yawanawá. (continuação)<br />
• Despedida e viagem em canoas. Retorno para Sete Estrelas, aldeia<br />
Katukina.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:14:00<br />
• Pouso do pequeno avião e a conversa de Álvaro Tukano com o<br />
missionário holandês Jacó e sua esposa. Imagens da Missão e da pista de<br />
pouso.<br />
Time Code: 00:14:10 – 00:26:00<br />
• Depoimento de Tanguip – Jovem líder<br />
Amondawa.<br />
Time Code: 00:26:00 – 00:29:00<br />
• Imagens na estrada BR364, com o nascer<br />
do Sol no Mirante da Serra e uma madeireira;<br />
Time Code: 00:29:00 – 00:34:00<br />
• Escritório do CPI, em Cruzeiro do Sul –<br />
Acre. Setembro de 1993.<br />
• Depoimentos: Álvaro Tukano –<br />
Time Code: 00:35:00 – 00:36:00<br />
Biraci Brasil – Líder Yawanawá<br />
Time Code: 00:37:00 – 00:45:00<br />
Aílton Krenak – Líder indígena e criador<br />
do CPI<br />
Time Code: 00:46:00 – 00:51:00<br />
Armando Soares Filho - Indigenista da<br />
FUNAI<br />
Time Code: 00:54:00 – 00:56:10<br />
Moisés Ashaninka - Líder indígena<br />
Time Code: 00:52:00 – 00:53:40<br />
• Imagens da cidade de Cruzeiro do Sul.<br />
Time Code: 00:56:15 – 00:58:30<br />
• Depoimentos gravados em Porto Velho – Rondônia. Setembro<br />
de 1993.<br />
• Líderes indígenas e indigenistas ligados à FUNAI e entidades de<br />
apoio.<br />
Time Code: 00:58:50 – 01:11:00<br />
157
FITA 10<br />
DURAÇÃO: 67 MIN<br />
• Sede da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé. Porto<br />
Velho – Rondônia. Setembro de 1993.<br />
• Denúncias e críticas sobre a atuação de Apoena Meirelles – Assessor<br />
Especial da Presidência da FUNAI na região.<br />
• Depoimentos: Rogério Vargas – Engenheiro agrônomo e indigenista<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:03:30<br />
Evandro Santiago – indigenista da FUNAI<br />
Time Code: 00:03:30 – 00:14:25<br />
Rieli Franciscato – indigenista, chefe de Posto da FUNAI<br />
Time Code: 00:14:25 – 00:18:55<br />
Cizino Karitiana – líder indígena<br />
Time Code: 00:19:00 – 00:22:05<br />
Ivaneide Bandeira – historiadora e indigenista<br />
Time Code: 00:22:10 – 00:30:10<br />
• Imagens panorâmicas da cidade de Porto Velho: Museu da Estrada<br />
de Ferro Madeira- Mamoré; Estrada Porto Velho - Cuiabá, cenas<br />
filmadas do carro em movimento; Lago da Usina Elétrica de Samuel; rio<br />
Jamari – que possui nascente no ponto mais alto de Rondônia, na região<br />
da Terra Indígena Uru-eu-wau-wau; Fazendas de gado, queimadas e o Sol.<br />
Time Code: 00:30:20 – 00:41:15<br />
• Aldeia Amondawá – Uru-eu-wau-wau, cerca de 50 km de Porto<br />
Velho. Setembro de 1993.<br />
Máquinas queimadas pela comunidade em protesto contra as<br />
repetidas invasões das madeireiras.<br />
Time Code: 00:41:15 – 00:44:00<br />
Conversa entre Álvaro Tukano, Rieli e membros da comunidade.<br />
Time Code: 00:44:00 – 01:01:50<br />
Na estrada, abrindo caminho no braço. Trajeto bastante acidentado.<br />
Time Code: 01:01:50 – 01:07:00<br />
FITA 11<br />
DURAÇÃO: 72 MIN<br />
• Aldeia Amondawá, na região de Trincheiras. (continuação)<br />
• Visita guiada por Rieli Franciscato, Chefe de Posto - FUNAI. Cenas<br />
das atividades cotidianas da comunidade e do local.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:09:30<br />
• Conversa entre o Álvaro Tukano, o jovem Mungá e outros. Eles<br />
falam sobre os problemas da Aldeia – Invasões de madeireiras, a FUNAI,<br />
o território, a situação da saúde...cenas das atividades cotidianas da aldeia.<br />
Time Code: 00:09:30 – 00:25:25<br />
• Depoimento do Tanguip – Jovem líder<br />
Time Code: 00:25:25 – 00:36:00<br />
• Depoimento de Sidney Miguel – Deputado Federal do Partido<br />
Verde, em Brasília;<br />
Time Code: 00:36:00 – 00:43:25<br />
• Aldeia Krikati - Município Montes Alves – Maranhão. Outubro<br />
de 1993.<br />
• Atividades cotidianas da comunidade: Pintura corporal, com<br />
comentários explicativos na língua indígena e em português; casal de<br />
idosos trabalhando no tear; crianças, animais e a chuva.<br />
Time Code: 00:43:25 – 01:12:00<br />
FITA 12<br />
DURAÇÃO: 66 MIN<br />
• Aldeia Krikati. (continuação)<br />
• Atividades cotidianas da comunidade: “Corrida das toras” de<br />
homens e mulheres. Cerimônia de canto e dança no centro da aldeia;<br />
imagens panorâmicas da aldeia em geral.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:57:00<br />
• Depoimentos: ancião Krikati e conversa entre homens da comunidade<br />
Krikati, falando na língua indígena.<br />
Time Code: 00:57:00 – 01:06:00<br />
FITA 13<br />
DURAÇÃO: 69 MIN<br />
• Aldeia Krikati. (continuação)<br />
• Atividades cotidianas da comunidade: exercícios e brincadeiras<br />
com o Arco e Flecha; conversa com membros da comunidade; mulheres<br />
trabalhando; construção de uma casa; saída para a caça... Comentários<br />
158
feitos pelo cacique Benjamin, em off.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:35:00<br />
• Conversa com casal, a mulher grávida, sobre gravidez e o parto.<br />
Time Code: 00:35:00 – 00:41:00<br />
• Visita guiada por membros da comunidade ao alto da serra.<br />
Belas imagens panorâmicas de toda a aldeia e com os jovens da comunidade;<br />
Time Code: 00:41:00 – 00:48:20<br />
• Depoimentos do cacique Benjamin e do ancião Francisco, ambos<br />
falam em português e depois na língua indígena.<br />
Time Code: 00:48:20 – 00:53:50 e 00:54:15 – 00:59:20<br />
• Rio Tapajós, em Altér do Chão, Santarém – Pará. Outubro de<br />
1993.<br />
• Visita ao Centro de Preservação de Artes e Culturas Indígenas.<br />
Passeio de barco com Davi e Antônia Kaxinawá – criadores e dirigentes<br />
do Centro. Visita a uma família ribeirinha cabocla, em Pindobal.<br />
Time Code: 00:59:30 – 01:09:00<br />
FITA 14<br />
DURAÇÃO: 70 MIN<br />
• Família de ribeirinhos caboclos e suas atividades caseiras. (continuação)<br />
• Canoas e ribeirinhos na margem do rio Tapajós, com belas imagens<br />
das praias.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:07:00<br />
• Depoimento de Davi Richardson e Antônia Kaxinawá – criadores<br />
e dirigentes do Centro de Preservação de Artes e Culturas Indígenas.<br />
Gravado em uma praia do rio Tapajós, com a presença de seus filhos<br />
pequenos – Miguelângelo e Ana Maria.<br />
Time Code: 00:07:00 – 00:25:50<br />
• Imagens gravadas no interior do Centro de Preservação de<br />
Artes e Culturas Indígenas, em Altér do Chão / Santarém – Pará. Outubro<br />
de 1993.<br />
• Peças de arte indígena em exposição e a visita de um grupo<br />
guiado por Davi e Antônia ao Centro.<br />
Time Code: 00:25:50 – 00:54:30<br />
• Depoimento do Davi no escritório do Centro.<br />
Time Code: 00:54:30 – 00:58:00<br />
• Paisagens em panorâmicas feitas do alto do morro; pessoas na<br />
praia, as areias brancas do rio Tapajós.<br />
Time Code: 00:58:00 – 01:04:15<br />
• Imagens gravadas em São Gabriel da Cachoeira – Amazonas.<br />
Outubro de 1993.<br />
• Cenas com pessoas em uma praia do rio Negro, jogando futebol,<br />
pescando em canoas e as águas turbulentas do rio ao cair da tarde.<br />
Time Code: 01:04:15 – 01:10:00<br />
FITA 15<br />
DURAÇÃO: 70 MIN<br />
• São Gabriel da Cachoeira – AM. (continuação)<br />
• Imagens gravadas na beira do rio Negro ao cair da tarde.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:07:00<br />
• Comunidade indígena de Curicuriari. Família do Sr. Napoleão,<br />
com as crianças na escola, a igreja; crianças brincando no telhado destelhado.<br />
Time Code: 00:07:00 – 00:18:30<br />
• Viagem de barco “voadeira” até a comunidade de São Jorge.<br />
Time Code: 00:18:30 – 00:22:00<br />
• Depoimento do Alberto Padilha Garcia – Presidente da Associação<br />
das Comunidades Indígenas do Rio Negro – ACBRIN.<br />
Time Code: 00:22:00 - 00:48:45<br />
• Cenas de atividades cotidianas da comunidade de São Jorge.<br />
Time code: 00:48:45 – 00:53:00<br />
• Viagem de “voadeira” até a comunidade da Ilha de Camanaus.<br />
Time Code: 00:53:00 – 00:58:30<br />
• Comunidade da Ilha de Camanaus,<br />
na região do baixo rio Negro.<br />
Próximo do município de São Gabriel<br />
da Cachoeira – AM. Outubro de 1993.<br />
• Várias etnias formam a comunidade,<br />
usam a língua geral Neenghatu.<br />
Cenas de atividades cotidianas<br />
e o culto religioso do domingo. Uma<br />
missa ministrada por um catequista indígena<br />
da comunidade, formado pelos<br />
salesianos, em uma casa tradicional decorada. As pessoas a caminho do<br />
culto religioso.<br />
Time Code: 00:58:30 – 01:10:00<br />
159
FITA 16<br />
DURAÇÃO: 71 MIN<br />
• Continuidade da Ilha de Camanaus. (continuação)<br />
• Culto religioso de domingo. Ermelindo Brasão - Catequista salesiano<br />
formado em São Gabriel da Cachoeira.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:12:35<br />
• Reunião comunitária semanal após o culto religioso. Capitão<br />
Zeferino Namukurá Borges – líder comunitário. Comunidade formada<br />
por 36 famílias, com cerca de 250 pessoas de várias etnias diferentes –<br />
Baré, Tukano, Desano e Baniwa.<br />
Time Code: 00:12:35 – 00:19:00<br />
• Manifestação cultural de canto e dança, em um terreno ao ar<br />
livre. Belas imagens do grupo de homens e mulheres dançando, com a<br />
paisagem da floresta e o rio ao fundo.<br />
Time Code: 00:19:00 – 00:35:30<br />
• Depoimento do capitão Zeferino Namukurá Borges – Líder comunitário.<br />
Belas imagens do pôr-do-sol.<br />
Time Code: 00:35:40 – 00:48:00<br />
• São Gabriel da Cachoeira – AM.<br />
• Depoimentos de Brás França - Presidente da FOIRN (Federação<br />
das Organizações Indígenas do Rio Negro), e de Alberto Ferreira Barbosa<br />
- Representante local.<br />
Time Code: 00:48:20 – 00:57:20<br />
• Imagens da Igreja Salesiana e de uma escola.<br />
Time Code: 00:57:20 – 01:02:10<br />
• Estrada para a Aldeia Tukano do Balaio. Cenas de atividades<br />
cotidianas da comunidade Tukano.<br />
Time Code: 01:02:10 – 01:11:00<br />
FITA 17<br />
DURAÇÃO: 69 MIN<br />
• Comunidade Tukano-Desano do Balaio, no Parque Nacional do<br />
Pico da Neblina.<br />
• São Gabriel da Cachoeira – AM. (continuação). Outubro 1993.<br />
• Trabalhos com a tapioca: uma senhora moendo a mandioca<br />
com uma máquina improvisada.<br />
Time Code: 00:00:00 - 00:08:50<br />
• Caminhão sobre a ponte e as crianças brincando.<br />
Time Code: 00:10:00 – 00:17:00<br />
• Cenas na beira do rio – “Seu” Casemiro e Lula (pai e o filho de<br />
Álvaro Tukano) conversando e tocando flauta. Ao fundo, crianças nadando<br />
e brincando com canoas.<br />
Time Code: 00:17:00 – 00:34:20<br />
• Viagem de barco, pescadores de rede, anzol e arco e flecha.<br />
Time Code: 00:34:20 – 00:54:00<br />
• Conversa e música na casa de Álvaro Tukano junto ao fogo. Lula<br />
na rede dormindo. Tocando flautas, seu pai – Álvaro, seu avô – Casemiro<br />
e o avô materno.<br />
Time Code: 00:54:00 – 00:59:20<br />
• Na estrada à beira da ponte – Sr. Casimiro e Lula caminham em<br />
direção ao arco-íris;<br />
• As pessoas à espera do caminhão do Exército;<br />
Time Code: 00:59:20 – 01:09:00<br />
FITA 18<br />
DURAÇÃO: 93 MIN<br />
• Comunidade Tukano do Balaio. (continuação)<br />
• Arco-íris; pessoas da comunidade aguardando a chegada do<br />
caminhão do exército e a viagem.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:08:30<br />
• Depoimento de Ailton Krenak no Parque da Previdência, em<br />
São Paulo – SP. Novembro de 1993.<br />
• Ailton Krenak no escritório do Núcleo<br />
de Cultura Indígena e CPI – Centro de<br />
Pesquisa Indígena.<br />
Time Code: 00:08:40 – 00:22:45<br />
• Fotos da Comissão Rondon, acervo<br />
do Museu do Índio – RJ. (continuação)<br />
Time Code: 00:22:50 – 00:25:40<br />
• Comunidade Pataxó, em Coroa<br />
Vermelha - Porto Seguro/Bahia. Novembro<br />
de 1993.<br />
• Depoimentos de Nelson Saracura<br />
Time Code: 00:25:50 – 00:33:00<br />
• Comunidade Pataxó, cenas na praça,<br />
onde há uma feira de artesanato, barracas,<br />
160
vendedores de arte indígena e turistas.<br />
Time Code: 00:33:00 – 00:53:20<br />
• Depoimentos: Macuco – (continuação).<br />
Time Code:00:53:30 – 01:07:00<br />
Boré – Pai do cacique Arapati. Histórico da chegada da comunidade a<br />
Coroa Vermelha.<br />
Time Code: 01:07:35 – 01:14:20<br />
• Turistas na praça e feira de artesanato.<br />
Time Code: 01:14:20 – 01:22:40<br />
• Imagens em um barco em alto-mar.<br />
Time Code: 01:22:40 – 01:33:00<br />
FITA 19<br />
DURAÇÃO: 70 MIN<br />
• Comunidade Pataxó, em Coroa Vermelha – Porto Seguro/Bahia.<br />
(continuação)<br />
• No barco, chegando à praia com Álvaro Tukano apontando a<br />
cruz;<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:00:20<br />
• Visita à nova aldeia Pataxó, Floresta Verde. Macuco descreve o<br />
trabalho da comunidade na plantação de abacaxi, mandioca, banana;<br />
Time Code: 00:00:20 – 00:28:00<br />
• Comunidade Terena na aldeia Limão Verde – Aquidauana/<br />
Mato Grosso do Sul. Outubro de 1993.<br />
• Depoimento de Eduardo Barbosa Pereira, Kaiowá da região de<br />
Dourados / MS, Presidente do Centro Social de Cultura Nativa e do Conselho<br />
Estadual dos Direitos do Índio.<br />
Time Code: 00:34:55 – 00:41:30<br />
• Aldeia Limão Verde, cenas de atividades cotidianas da comunidade<br />
Terena.<br />
Time Code: 00:41:40 – 01:10:00<br />
FITA 20<br />
DURAÇÃO: 71 MIN<br />
• Comunidade Terena na Aldeia Limão Verde, Aquidauana / MS.<br />
(continuação)<br />
• Atividades cotidianas da comunidade: mulheres preparando a<br />
comida. Caldo de cana e a preparação da rapadura. Crianças chupando<br />
cana...<br />
Time Code: 00:00:00 - 00:13:00<br />
• Conversa entre Álvaro Tukano, Joel<br />
Terena – Administrador Regional da FUNAI em<br />
Campo Grande - MS e membros da comunidade.<br />
Time Code: 00:13:00 – 00:28:30<br />
• Atividades cotidianas da comunidade:<br />
mulheres cozinhando. Crianças na escola. Homens<br />
trabalhando no campo de trigo com um<br />
trator; retorno da escola e do campo no final da<br />
tarde. Trabalho com o artesanato indígena.<br />
Time Code: 00:28:30 – 00:49:00<br />
• Depoimento de uma anciã de 101 anos de idade, que fala na<br />
língua indígena; tradução feita para o português pelo bisneto Mauro.<br />
História da aldeia Limão Verde.<br />
• Time Code: 00:49:00 – 00:56:00<br />
• Manifestação Cultural – “Dança dos Bambus”, dança tradicional<br />
Terena.<br />
Time Code: 00:58:00 – 01:11:00<br />
FITA 21<br />
DURAÇÃO: 71 MIN<br />
• Comunidade Terena na aldeia Limão Verde, Aquidauana / MS.<br />
(continuação)<br />
• Manifestação cultural – “Dança dos Bambus”, dança tradicional<br />
Terena. (continuação)<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:10:30<br />
• Depoimento de Joel Terena – Representante da FUNAI em<br />
Campo Grande - MS.<br />
Time Code: 00:10:40 – 00:22:40<br />
• Depoimento de Ezequias Heringer (Xará) – Antropólogo, pesquisador<br />
e indigenista.<br />
Fala sobre exploração madeireira em terras indígenas.<br />
Time Code: 00:22:40 – 00:32:10<br />
• Depoimento de Álvaro Tukano – Praia em Porto Seguro – Bahia.<br />
Novembro de 1993.<br />
• Fala sobre a História do Brasil; o Projeto “Séculos Indígenas no<br />
Brasil”; o movimento indígena no país; UNI – União das Nações Indí-<br />
161
genas; o meio ambiente; a autodeterminação dos povos indígenas e a<br />
FUNAI.<br />
• Time Code: 00:34:00 – 00:59:00<br />
• Comunidade Krenak no Vale do Rio Doce / MG. Novembro de<br />
1993.<br />
• Imagens panorâmicas do alto da serra: trator trabalhando a terra.<br />
Fazendas vizinhas em conflitos. Rio Doce, o gado. Trem de carga com<br />
minério passando...<br />
Time Code: 00:59:00 – 01:11:00<br />
FITA 22<br />
DURAÇÃO: 69 MIN<br />
• Comunidade Krenak no Vale do Rio Doce – MG. (continuação)<br />
• Depoimento de Carlos Roberto Barbosa explicando sobre o<br />
projeto do CPI – Centro de Pesquisa Indígena, com a comunidade Krenak.<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:10:00<br />
• Imagens panorâmicas da região e da Aldeia Krenak, com atividades<br />
cotidianas: criação de “Catitu” (porco do mato).<br />
• Time Code: 00:10:00 – 00:43:30<br />
• Conversa entre Dona Maria Sônia Isidora Krenak e o Álvaro<br />
Tukano, com as crianças ao redor. Imagem do rio ao fundo e da casa<br />
histórica do antigo SPI – Serviço de Proteção ao Índio.<br />
• Time Code: 00:43:40 – 00:58:50<br />
• Manifestação Cultural de dança e canto à noite.<br />
Time Code: 00:58:55 – 01:09:00<br />
FITA 23<br />
DURAÇÃO: 68 MIN<br />
• Comunidade Krenak no Vale do Rio Doce – MG. (continuação)<br />
• Atividades cotidianas da comunidade: ordenha das vacas, trabalho<br />
na lavoura, o trator em ação, a escola, a máquina de pilar arroz, a<br />
caixa d’água, as ruínas da antiga prisão do Posto da FUNAI, membros da<br />
comunidade e Álvaro Tukano caminhando...<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:33:30<br />
• Depoimento do cacique José Alfredo (Nêgo).<br />
Time Code: 00:33:40 – 00:36:00<br />
Crianças brincando durante o recreio na escola e a fala da professora<br />
Dirlene.<br />
Time Code: 00:37:00 - 00:41:00<br />
• Conversa entre Ailton Krenak,<br />
Dona Laurita, Rondon e Marola. Em português<br />
e na língua indígena. Falam sobre<br />
o povo Krenak.<br />
• Time Code: 00:41:00 – 01:08:00<br />
FITA 24<br />
DURAÇÃO: 72 MIN<br />
• Comunidade Krenak no Vale<br />
do Rio Doce – MG. (continuação)<br />
• Conversa entre Ailton, Dona Laurita, Rondon e Marola. (continuação)<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:10:00<br />
• Cenas do local, com o trem de minério que passa no vale,<br />
homem que sobe no coqueiro e depois abrindo o côco para comer; cenas<br />
no trem com o Álvaro Tukano olhando pela janela a paisagem e fora<br />
dele com menino que brinca com o pó de minério.<br />
Time Code: 00:10:00 – 00:35:30<br />
• Manifestação na Comissão de Relações Exteriores da Câmara<br />
dos Deputados, com a participação de várias lideranças políticas e indígenas.<br />
Brasília – DF. Setembro de 1993. Participação de Raoni, Davi<br />
Kopenawa, Waldir Tobias Macuxi, Nailton Pataxó, Xola, Álvaro Tukano,<br />
entre outros. Presença massiva da imprensa.<br />
Time Code: 00:36:00 – 01:12:00<br />
FITA 25<br />
DURAÇÃO: 68 MIN<br />
• Manifestação Indígena em Brasília – DF. (continuação)<br />
• Time Code: 00:00:00 – 00:07:20<br />
• No Gabinete do Presidente da Câmara – Inocêncio Oliveira,<br />
várias lideranças indígenas e a imprensa.<br />
Time Code: 00:07:20 – 00:18:00<br />
• Saída da Câmara, no saguão da Câmara, ao final da manifestação.<br />
Fala de Ivison – jovem do povo Wassú Cocal, no saguão da Câmara.<br />
162
Time Code: 00:18:00 – 00:21:00<br />
• Manifestação em frente ao Palácio do Planalto, com os policiais<br />
e seguranças impedindo a passagem dos líderes indígenas.<br />
Time Code: 00:21:00 – 00:26:20<br />
• Depoimentos na Praça dos Três Poderes: Álvaro Tukano, Raoni,<br />
Davi Kopenawá, Mauro e José Maria – Líderes Waimiri Atroari.<br />
• Time Code: 00:26:20 – 00:49:50<br />
• Depoimentos em Luziânia, local da concentração indígena durante<br />
a Manifestação Nacional: Francisca Navatino – (Chiquinha Pareci),<br />
líder indígena;<br />
Time Code: 00:49:50 – 00:59:00<br />
Neuza Terena – líder indígena;<br />
Time Code: 00:59:00 – 01:08:00<br />
FITA 26<br />
DURAÇÃO: 72 MIN<br />
Manifestação nacional indígena em Brasília – DF. (continuação)<br />
• Depoimentos de lideranças indígenas, em Luziânia / GO – No<br />
local da concentração indígena: Neide Tukano, Vítor A. Peruare - Bakairi,<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:17:50<br />
• Debate na sede da FUNAI, com a participação do Presidente<br />
da FUNAI – Dinarte Madeiro, o Presidente do Conselho Mundial dos<br />
Povos Indígenas – Donald Rojas Contreras, o Deputado Federal do Partido<br />
Verde – Sidney Miguel, e os líderes indígenas: Álvaro Tukano, Marcos<br />
Terena, Moura Tukano, Orlando Silva, Estevão Taukane, entre outros.<br />
Time Code: 00:18:00 – 00:25:20 e 00:36:20 – 01:12:00<br />
FITA 27<br />
DURAÇÃO: 69 MIN<br />
• Manifestação nacional indígena em Brasília – DF. (continuação)<br />
• Depoimentos de Donald Rojas Contreras (continuação), Marcos<br />
Terena, Estevão Taukane Bakairi, Moura Tukano, Orlando Baré. Parque<br />
da Cidade em Brasília – DF.<br />
• Time Code: 00:00:00 – 00:29:45<br />
• Entrevista de Álvaro Tukano para uma TV local e conversa na<br />
sede da FUNAI, em Campo Grande – MS. Outubro de 1993.<br />
• Filmagens realizadas no Museu Etnográfico de Genebra – Suíça.<br />
Em 1994.<br />
• Série de gravuras de época feitas por Jean-Baptiste Debret entre<br />
1816-1831, no Brasil.<br />
• Gravuras de época – Jean-Baptiste Debret.<br />
• Livro: “Voyage Pittoresque au Brésil” Séjour d´un artiste français<br />
au Brésil<br />
• Tome Premier: Planches de 1 à 6<br />
Time Code: 00:34:00 – 01:09:00<br />
FITA 28<br />
DURAÇÃO: 69 MIN<br />
Estevão Carlos Taukane - Bakairi, Orlando Melgueiro da Silva - Baré, Márcio<br />
Santilli – NDI (Núcleo de Direitos Indígenas).<br />
• Filmagens realizadas no Museu Etnográfico de Genebra – Suíça.<br />
Em 1994.<br />
• Gravuras de época – Jean-Baptiste Debret.<br />
• Tome Premier – Pl. 30 – 1º cahier Pl. 1 - 2º Cahier Pl. 1 – 1º<br />
Cahier Pl. 5 + Pl. 6 - 2º Cahier Pl. 6 – carte du Brésil<br />
• Tome Deuxième 2º partie – 2 – 3 - 4- 23- 25-29-42-45-47(Tome<br />
3º: 8-9...)<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:44:15<br />
• Gravuras de época – Jean-Baptiste Debret.<br />
• Livro: “Voyage Pittoresque au Brésil” Séjour d´un artiste français<br />
163
au Brésil.<br />
• Tome Premier – Table des Planches: 7-10-11-12-13-18-19-20-<br />
21-24-25-26-27-28-30<br />
Time Code: 00:45:40 – 01:09:00<br />
FITA 29<br />
DURAÇÃO: 70 MIN<br />
• Filmagens realizadas no Museu Etnográfico de Genebra – Suíça.<br />
Em 1994. (continuação)<br />
• Gravuras de época – Jean-Baptiste Debret.<br />
• Tome Troisième: 8-9-23 talvez / 32-37-38-40-46-47-48-16-39-49-<br />
50<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:35:30<br />
- Série de fotos feitas por Piotr Jaxa durante a viagem de filmagens do<br />
Projeto “Séculos Indígenas no Brasil”.<br />
Time Code: 00:35:40 – 01:10:00<br />
FITA 30<br />
DURAÇÃO: 58 MIN<br />
Série de fotos – Piotr Jaxa. (continuação)<br />
Time Code: 00:00:00 – 00:33:00<br />
Depoimento de Darcy Ribeiro, gravado em sua casa, Brasília – DF. Abril<br />
de 1996.<br />
• Livro – O Povo Brasileiro;<br />
• A miséria, a fome e a reforma agrária;<br />
• “Projeto da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional”;<br />
Time Code: 00:33:30 – 00:58:00
Referências bibliográficas<br />
ALENCAR, José de. Iracema. Brasília:INL, 1965.<br />
LÉVI-STRAUSS, Claude. O cru e o cozido: Mitológicas 1. São Paulo: Cosac & Naif, 2004.<br />
LUTZENBERGER, José Antônio. Fim do Futuro? Manifesto Ecológico Brasileiro. 5ª Ed. São Paulo: Editora Movimento, 1980.<br />
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido de Brasil. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.<br />
RIBEIRO, Darcy; MOREIRA NETO, Carlos Araújo. A Fundação do Brasil: testemunhos 1500-1700. 2ª ed. Petrópolis: 1993.<br />
RICARDO, Carlos Alberto. “A sociodiversidade nativa contemporânea no Brasil”. In: Povos Indígenas no Brasil 1991/1995. São Paulo: Instituto Socioambiental.<br />
VELOSO, Caetano. O Índio. In: VELOSO, Caetano. Bicho. [S.I.]: Polygram, 1977. 1 Cd Rom, faixa 5 (02:54 min). Remasterizado do original, Universal<br />
Music, 2002.<br />
Créditos complementares<br />
* Textos com fragmentos de falas - acervo de fitas do Projeto Séculos Indígenas no Brasil:<br />
Páginas - 30, 50, 60, 75, 93, 106, 109, 128, 132, 147, 148, 149, 150.<br />
* * Vinhetas e Marcas D’água<br />
Fotos:<br />
Piotr Jaxa - pgs: 1, 2, 7, 13, 16, 17, 43, 90, 151, 157.<br />
Paulo Metz - pgs: 45, 55, 95, 106, 153, 154, 155, 159, 160, 161, 162, 163, 164.<br />
Alexandre de Freitas - pgs: 57, 166.<br />
João Ripper - pg: 113.<br />
Acervo Fundação Darcy Ribeiro - pgs: 10, 22, 48.<br />
Desenhos e gravuras:<br />
Hélio Coelho - pgs: 3, 4, 22, 25, 26, 44, 47, 51, 58, 61, 69, 72, 120, 131, 136, 138, 140, 158, 160, 164.<br />
Ailton Krenak - pgs: 63, 66, 67, 124.<br />
Jean-Baptiste Debret - pgs: 9, 12, 20, 37, 38.<br />
165
Agradecimentos<br />
Sem dúvida foram muitos anos de trabalho. Uma luta contra a ignorância e a arrogância.<br />
Um esforço enorme para tentar informar, conscientizar e sensibilizar a opinião pública sobre a<br />
real situação dos povos indígenas no Brasil. Este era o objetivo de Álvaro Tukano, na ocasião de nosso<br />
primeiro encontro, logo após a “Eco-92”, em Berlim. Foi nessa época que surgiu a idéia de realização do<br />
projeto “Séculos Indígenas no Brasil”, com a decisão de unirmos os nossos conhecimentos, recursos e<br />
capacidades em busca de viabilizar algo que nos parecia impossível, mas de extrema importância.<br />
Álvaro retornou ao Brasil, iniciando uma série de contatos com seus amigos – líderes<br />
indígenas, indigenistas, ambientalistas, missionários, políticos, e outros mais, preparando roteiros de<br />
viagens, agendando visitas às aldeias, discutindo estratégias de ação com alguns desses compa-nheiros.<br />
Da minha parte, busquei reunir recursos financeiros e humanos para a formação de<br />
uma equipe técnica de qualidade e equipamento adequado para o trabalho. Passados alguns meses<br />
desde o nosso primeiro encontro, voltamos a nos encontrar, agora em São Paulo, na Embaixada dos<br />
Povos da Floresta, para uma reunião de trabalho com Ailton Krenak, com o objetivo de definirmos em<br />
conjunto os planos para a realização das filmagens.<br />
Desde então, inúmeros outros nomes vieram juntar-se aos nossos: muitos amigos, alguns<br />
parentes, vários companheiros de luta, diversas entidades de apoio às causas indígena e ambientalista,<br />
sobretudo as comunidades indígenas, que nos receberam generosamente e nos orientaram nos<br />
trabalhos realizados em suas aldeias.<br />
Esta publicação faz parte de um conjunto de desdobramentos surgidos a partir do projeto<br />
original de documentação e divulgação, que buscam dar conta dos compromissos assumidos com<br />
todos aqueles que, de uma forma direta ou indireta, contribuíram para a realização do que nos parecia<br />
impossível. Entretanto algo que, devagar, sem pressa, vem se tornando realidade.<br />
Muito obrigado a todos!<br />
Frank Coe
“O Brasil e tantos outros países do mundo estão vivendo um acontecimento histórico que jamais se imaginou e que<br />
sempre se supunha o contrário: é que muitos dos povos indígenas que foram tragados pelo vórtice da expansão européia, que tiveram<br />
suas gentes mortas, suas terras roubadas, seus corpos moídos pela escravidão, suas religiões vilipendiadas e suas culturas desprezadas, sobreviveram.<br />
Isto é, uma minoria sobreviveu, apesar de tudo isto, e mostra sinais de quem vai continuar lutando por seus direitos e por suas<br />
vidas. […]<br />
[…] É com este espírito que vejo o projeto ”Séculos Indígenas no Brasil” de autoria de Frank Coe e Álvaro Tukano. Eles<br />
querem mostrar o índio com sua cara atual e por sua própria voz. Eu espero no final, ver um filme com os índios apontando um dedo para<br />
nós e nos conclamando a ficar ao seu lado.”<br />
Darcy Ribeiro<br />
Realização Apoio Patrocínio<br />
Secretaria da<br />
Identidade e da<br />
Diversidade Cultural