29.12.2013 Views

Tese apresentada como requisito para a obtenção do título de ...

Tese apresentada como requisito para a obtenção do título de ...

Tese apresentada como requisito para a obtenção do título de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

causa imanente da natureza, da qual as coisas singulares nada mais são<br />

<strong>do</strong> que modificações finitas. Se assim é, por que Hegel diferencia a<br />

substância espinosista <strong>do</strong> espírito absoluto? Se, <strong>como</strong> foi afirma<strong>do</strong>, a<br />

filosofia hegeliana po<strong>de</strong> ser compreendida <strong>como</strong> a exposição <strong>do</strong><br />

Absoluto, não seria correto atribuir a Hegel algo <strong>como</strong> uma paráfrase<br />

da prop. XV da Ética I <strong>de</strong> Espinosa, ou seja, "tu<strong>do</strong> o que existe, existe<br />

no Absoluto e sem o Absoluto não po<strong>de</strong> existir nem ser concebi<strong>do</strong>?^^<br />

Ou ainda: qual a diferença entre a relação Absoluto-mun<strong>do</strong> finito e a<br />

relação substância-mo<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s atributos?<br />

Para compreen<strong>de</strong>rmos a diferenciação feita por Hegel entre<br />

o seu Absoluto e a substância espinosista, <strong>de</strong>ve-se ter em conta a<br />

concepção específica que Hegel tem <strong>de</strong> Espinosa, concepção essa que,<br />

segun<strong>do</strong> Guéroult, po<strong>de</strong> ser expressa nas seguintes afirmações^ :<br />

O axioma I da Etica 1 afirma que tu<strong>do</strong> o que existe, existe em si ou noutra<br />

coisa. A <strong>de</strong>finição III, por sua vez, afirma que substância é o que existe em<br />

si e por si é concebi<strong>do</strong>. Ora, o que não é substância não po<strong>de</strong> existir em si<br />

nem por por si ser concebi<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> apenas afecção da substância. Nos diz<br />

Espinosa na <strong>de</strong>finição V da Etica I: "Por mo<strong>do</strong> enten<strong>do</strong> as afecções da<br />

substância, isto é, o que existe noutra coisa pela qual também é<br />

concebi<strong>do</strong>". Após provar que, afora Deus, não po<strong>de</strong> ser dada nem<br />

concebida nenhuma substância (prop. XIV Etica I), pela <strong>de</strong>finições III e V,<br />

Espinosa chega a proposição XV: "Tu<strong>do</strong> o que existe, existe em Deus e sem<br />

Deus nada po<strong>de</strong> existir nem ser concebi<strong>do</strong>." A <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>ssa<br />

proposição parte <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> que, afora Deus, não po<strong>de</strong> ser dada nem po<strong>de</strong>r<br />

ser concebida nenhuma substância (proposição XIV), Deus sen<strong>do</strong> a única<br />

substância. Visto que apenas a substância po<strong>de</strong> ser concebida por si e<br />

existir em si,o que é da<strong>do</strong>, além <strong>de</strong>ssa substância única (Deus), são apenas<br />

seus atributos ou mo<strong>do</strong>s (<strong>de</strong>f. 5), que não po<strong>de</strong>m existir, nem ser<br />

concebi<strong>do</strong>s sem ela. Chegamos então ã concepção <strong>do</strong> singular <strong>como</strong> uma<br />

afecção da substância infinita.<br />

Guéroult, Spinoza, Dieu, Apendice 4, pp.462-468. Segun<strong>do</strong> Guéroult,<br />

essa compreensão acosmista <strong>de</strong> Espinosa inspira toda uma linha <strong>de</strong><br />

interpretação, partilhada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX, por outros autores, tais<br />

<strong>como</strong> Rosenkranz, Hartmann, L. Brunschvicg.<br />

48

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!