Tese apresentada como requisito para a obtenção do título de ...
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acarretará uma grande influência na obra hegeliana, é a prioridade lógica e ontológica do todo com respeito às suas partes: o fínito tem no infinito seu fiindamento ontológico e epistêmico, isto é, aquele só existe nesse e só pode ser compreendido a partir desse.^^ Hegel começa, então, a contruir sua própria teoria sobre um pano-de-fiindo espinosista, cerrando fileiras ao lado de uma "restauração panteísta", ao resgatar a necessária prioridade lógica e ontológica da substância infinita, que é considerada a totalidade, em relação à qual os seres finitos são vistos como partes. Nos textos de juventude, Hegel é animado pela mesma pretensão schellingiana de mostrar que a filosofia moderna, a partir de Kant, padece de um mal que necessita ser corretamente diagnosticado a fim de ser de uma vez por todas erradicado: o finito é tomado em si e por si, ou seja, é tomado como o que possui prioridade lógica e ontológica fi*ente ao infinito. Trata-se de fazer valer a concepção espinosista de que apenas a substância única e infinita pode ser em-si e para-si, isto é, ter uma existência que independa de algo outro (independência ontológica) e por si só ser concebida (independência lógica). Isto pode ser constatado, por exemplo; ,os parágrafos III e VI da exposição jacobiana transcritos no Hauptschiften zum Pantheismusstreit, citado em Lugarini, op. cit. : § III-"Desde a eternidade o mutável sempre esteve no imutável, o temporal no eterno, o finito no infinito; § VI "O finito está, portanto, no infmito, assim como o conteúdo de todas as coisas finitas, enquanto compreende igualmente em si, em todo momento, toda a eternidade, passado e futuro, é um e o mesmo com a coisa infinita". 38
A influência espinosista marca os primórdios da reflexão hegeliana, época que pode ser vista como um esforço para desmistiflcar as filosofias da finitude, aquelas que tomavam o inautônomo por autônomo, o dependente lógica e ontologicamente por independente. A partir da Fenomenologia do Espírito (1807), Hegel distancia-se, no entanto, do seu entusiasmo pelo panteísmo, o que se evidencia na polêmica com Schelling - com o qual dividiu esse entusiasmo nos tempos do Stift-, cuja amizade chega ao fim no prefácio da referida obra. Ainda que fiel a uma concepção de subordinação dos entes finitos a uma entidade infinita, essa superaria a substância espinosista, bem como a expressão dessa na doutrina de Schelling, por negar sua estaticidade e nela incorporar a inquietude da diferença. Ao absoluto de Schelling (ou á caricatura desse feito por seus seguidores, conforme as excusas hegelianas), serão atribuídas características impróprias para um Absoluto que se quer expressar como fonte da vida e do movimento: plácido, estático, noite onde todas as vacas são pardas... A Fenomenologia marcaria, dessa forma, o início de uma moldagem de um Absoluto propriamente hegeliano, que se distingue da substância espinosista por ser fonte de todo movimento, inquietude e contradição da vida. panteísta 1.2.2. Um sopro de idealismo transcendental numa estátua Em 1829, enquanto passava as férias na estação de banho de Karlsbad, Schelling escreve ã sua mulher: "Imagine, ontem, enquanto eu me estava banhando, ouvi uma voz extiemamente desagradável, meio conhecida, que me chamava. Então o desconhecido 39
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acarretará uma gran<strong>de</strong> influência na obra hegeliana, é a priorida<strong>de</strong><br />
lógica e ontológica <strong>do</strong> to<strong>do</strong> com respeito às suas partes: o fínito tem no<br />
infinito seu fiindamento ontológico e epistêmico, isto é, aquele só<br />
existe nesse e só po<strong>de</strong> ser compreendi<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong>sse.^^<br />
Hegel começa, então, a contruir sua própria teoria sobre<br />
um pano-<strong>de</strong>-fiin<strong>do</strong> espinosista, cerran<strong>do</strong> fileiras ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma<br />
"restauração panteísta", ao resgatar a necessária priorida<strong>de</strong> lógica e<br />
ontológica da substância infinita, que é consi<strong>de</strong>rada a totalida<strong>de</strong>, em<br />
relação à qual os seres finitos são vistos <strong>como</strong> partes.<br />
Nos textos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>, Hegel é anima<strong>do</strong> pela mesma<br />
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Kant, pa<strong>de</strong>ce <strong>de</strong> um mal que necessita ser corretamente diagnostica<strong>do</strong><br />
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por si, ou seja, é toma<strong>do</strong> <strong>como</strong> o que possui priorida<strong>de</strong> lógica e<br />
ontológica fi*ente ao infinito. Trata-se <strong>de</strong> fazer valer a concepção<br />
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Isto po<strong>de</strong> ser constata<strong>do</strong>, por exemplo; ,os parágrafos III e VI da<br />
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cita<strong>do</strong> em Lugarini, op. cit. :<br />
§ III-"Des<strong>de</strong> a eternida<strong>de</strong> o mutável sempre esteve no imutável, o<br />
temporal no eterno, o finito no infinito;<br />
§ VI "O finito está, portanto, no infmito, assim <strong>como</strong> o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
todas as coisas finitas, enquanto compreen<strong>de</strong> igualmente em si, em to<strong>do</strong><br />
momento, toda a eternida<strong>de</strong>, passa<strong>do</strong> e futuro, é um e o mesmo com a<br />
coisa infinita".<br />
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