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29.12.2013 Views

finito; todavia, essa anterioridade temporal deve ser compreendida no seu sentido metafórico, pois , visto ser o Absoluto um processo e não poder ser sem o mundo, não há propriamente um momento no tempo, no qual possa haver Deus, sem haver mundo. A natureza e o espírito apresentam as figurações (Gestaltungen) da Idéia absoluta, momentos onde a racionalidade dá-se uma existência no mundo finito. A essência de Deus, ou da Idéia absoluta consiste em fazer um retorno a si, a partir da explicitação de sua idealidade, explicitação que se manifesta enquanto determinidades naturais e espirituais: "Enquanto ela (a Idéia absoluta) contém em si toda determinidadade (Bestimmheit) e sua essência consiste em voltar a si através de sua autodeterminação ou particularização, ela contém diversas figurações {Gestaltulgen). A tarefa da filosofia consiste em conhecê-la nestas figurações. Os momentos últimos do espírito e, entre eles, o mais alto, no qual se constitui a filosofia, fazem parte da apreensão do Idéia nas figurações do mundo finito. O espírito absoluto constitui-se no momento supremo da autocompreensão divina, pois é atiavés da arte, da religião e da filosofia que é realizada a apreensão da racionalidade conceituai que permeia a multipÜcidade fenomênica. A filosofia, por sua vez, explica Hegel, é a mais alta forma dessa compreensão: "A filosofia tem, com a arte e a religião, o mesmo conteúdo e a mesma No original alemão: "Indem sie alle Bestimmheit in sich enthält und ihr Wesen dies ist, durch ihre Selbstbestimmung oder Besonderung zu sich zurückkehren ,so hat sie verschidene Gestaltungen, und das Geschäft der Philosophie ist, sie in diesen zu erkennen" (WL, II, p. 549) 24

finalidade, mas ela é a mais alta maneira de apreensão da Idéia absoluta, pois sua forma de apreensão é a mais alta, é o conceito"^^, Podemos afirmar que, sob a forma do espírito absoluto, a filosofia tem a si mesmo como objeto, pois nela é a própria Idéia que retorna a si como compreensão de sua exteriorização na objetividade do mundo finito, sob a forma, sobretudo, de suas figurações espirituais. Estes últimos parágrafos da Ciência da Lógica nos auxiliam na compreensão da relação entre Idéia e mundo, relação essa já expressa na bela metáfora da Fenomenologia, como "um jogo de amor consigo mesmo". O Absoluto é esse movimento incessante de exposição da racionalidade da Idéia nas figurações do mundo natural e espiritual e sua reconquista reflexiva, a partir da consciência dessa racionalidade, operada pelas esferas do espírito Absoluto, nas quais a filosofia cumpre um papel central. Ainda que a arte e a religião sejam formas dessa compreensão da racionalidade desenvolvida objetivamente, a forma mais perfeita dessa apreensão é aquela na qual ela se faz através do elemento do pensamento. Encontramo-nos, todavia, num patamar de compreensão genérica da definição hegeliana de Absoluto. Faz-se necessário, ainda, indagar, dentro dessa concepção de Absoluto como "totalidademovimento", em que medida o mundo finito pode ser dito divino. A fim de responder a essa indagação, seguirei os passos de C. Taylor, o comentador responsável pela introdução, em meados da década de 70, da discussão hegeliana no mundo de língua inglesa e tradição analítica. 15 WL, II, p.549. 25

finito; todavia, essa anteriorida<strong>de</strong> temporal <strong>de</strong>ve ser compreendida no<br />

seu senti<strong>do</strong> metafórico, pois , visto ser o Absoluto um processo e não<br />

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no qual possa haver Deus, sem haver mun<strong>do</strong>.<br />

A natureza e o espírito apresentam as figurações<br />

(Gestaltungen) da Idéia absoluta, momentos on<strong>de</strong> a racionalida<strong>de</strong> dá-se<br />

uma existência no mun<strong>do</strong> finito. A essência <strong>de</strong> Deus, ou da Idéia<br />

absoluta consiste em fazer um retorno a si, a partir da explicitação <strong>de</strong><br />

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naturais e espirituais:<br />

"Enquanto ela (a Idéia absoluta) contém em si toda<br />

<strong>de</strong>terminidada<strong>de</strong> (Bestimmheit) e sua essência consiste em<br />

voltar a si através <strong>de</strong> sua auto<strong>de</strong>terminação ou<br />

particularização, ela contém diversas figurações<br />

{Gestaltulgen). A tarefa da filosofia consiste em conhecê-la<br />

nestas figurações.<br />

Os momentos últimos <strong>do</strong> espírito e, entre eles, o mais alto,<br />

no qual se constitui a filosofia, fazem parte da apreensão <strong>do</strong> Idéia nas<br />

figurações <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> finito. O espírito absoluto constitui-se no<br />

momento supremo da autocompreensão divina, pois é atiavés da arte,<br />

da religião e da filosofia que é realizada a apreensão da racionalida<strong>de</strong><br />

conceituai que permeia a multipÜcida<strong>de</strong> fenomênica. A filosofia, por<br />

sua vez, explica Hegel, é a mais alta forma <strong>de</strong>ssa compreensão: "A<br />

filosofia tem, com a arte e a religião, o mesmo conteú<strong>do</strong> e a mesma<br />

No original alemão: "In<strong>de</strong>m sie alle Bestimmheit in sich enthält und ihr<br />

Wesen dies ist, durch ihre Selbstbestimmung o<strong>de</strong>r Beson<strong>de</strong>rung zu sich<br />

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Philosophie ist, sie in diesen zu erkennen" (WL, II, p. 549)<br />

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