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29.12.2013 Views

propriamente sua natureza, que é ser efetivo, sujeito ou desenvolvimento de si mesmo" Faz-se necessário, portanto, a realização da idealidade do Absoluto como efetividade, a sua verdade só é conquistada e obtida através de um processo no qual ele se finitiza. Fazer-se finito e dessa finitude voltar a si, esse é o autodesenvolvimento divino. O que deve ser ressaltado nessa concepção de Absoluto, e que torna sua compreensão por vezes difícil, é que ele só vem-a-ser a totalidade de sua essência ao final de sua trajetória. A dificuldade da compreensão do Absoluto hegeliano reside nessa concepção de divindade como seu próprio processo. J.P.Labarrière e G.Jarczyk, em nota à tradução francesa da Ciência da Lógica, ao comentar o conceito de Absoluto, esclarecem seu sentido. Trata-se da primeira nota ao último capítulo da Doutrina do Conceito (A Idéia absoluta), na qual os tradutores Labarrière/Jarczyk observam que, tanto a Fenomenologia do Espírito, como a Ciência da Lógica e a Enciclopédia terminam por categorias que o utilizam como adjetivo (saber absoluto. Idéia absoluta, espírito absoluto): "O Absoluto, em HegeL não é o outro do relativo, ele não é o que seria subtraíd.o ao devir ou à contingência; designando ordinariamente a totaHdade sob sua forma primeira e indeterminada, ele ex^e como tal sua própria expressão e sua própria verificaçao nas figuras concretas. Logo, ele não se oferece como uma totalidade soma que simplesmente completaria um processo, mas como essa totalidade-movimento que atinge, no seu termo, o princípio do seu desdobramento num novo périplo."^2 *' Phâno, p. 24 12 WL; trad. Labarrière/Jarczyk, III, p.367 22

Devemos chamar a atenção, nesse comentário, para a caracterização que Labarrière e Jarczyk fazem do Absoluto, através da idéia de totalidade-movimento. Eles esclarecem que o Absoluto não é um mero adjetivo (oposto ã relativo), nem é apenas um núcleo permanente em meio ã contingência e ao devir, mas a totalidade que, no seu próprio movimento, torna-se si mesmo. Se com o termo "Absoluto" designamos essa totalidade na sua inicial indeterminação, para que ele expresse sua essência, é necessário sua determinação e exposição, tanto nas figurações (Gestaltungen) naturais, quanto nas figurações espirituais. Contudo, ainda que o Absoluto seja um processo, isto não significa que ele não possa ser compreendido de forma diferenciada, nas suas várias esferas. A Ciência da Lógica nos esclarece, desde o seu prefácio, como devem ser compreendidas as esferas particulares da Idéia em geral. A Lógica, dirá Hegel, possui a significação do reino do puro pensamento: "A Lógica deve ser concebida como o sistema da razão pura, como o reino do puro pensamento (...) Pode-se por isso dizer que esse conteúdo é a exposição de Deus {die Darstellung Gottes), tal como ele é na sua essência eterna, anteriormente à criação da natureza e de um espírito finito". Se a Idéia, ou o Absoluto, pode ser compreendida como essa totalidade- movimento, processo de finitização e de mediação consigo mesmo através de seu produto finito, a Idéia lógica é essa totalidade depurada nas categorias do puro pensamento. Hegel busca explicitar o sentido desse "reino do pensamento puro", confrontando-o com a essência etema divina, antes da criação da natureza e do espírito '3 Hegel, Wissenschaft der Logik (WL), I, p. 44. 23

propriamente sua natureza, que é ser efetivo, sujeito ou<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> si mesmo"<br />

Faz-se necessário, portanto, a realização da i<strong>de</strong>alida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Absoluto <strong>como</strong> efetivida<strong>de</strong>, a sua verda<strong>de</strong> só é conquistada e obtida<br />

através <strong>de</strong> um processo no qual ele se finitiza. Fazer-se finito e <strong>de</strong>ssa<br />

finitu<strong>de</strong> voltar a si, esse é o auto<strong>de</strong>senvolvimento divino. O que <strong>de</strong>ve<br />

ser ressalta<strong>do</strong> nessa concepção <strong>de</strong> Absoluto, e que torna sua<br />

compreensão por vezes difícil, é que ele só vem-a-ser a totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sua essência ao final <strong>de</strong> sua trajetória. A dificulda<strong>de</strong> da compreensão<br />

<strong>do</strong> Absoluto hegeliano resi<strong>de</strong> nessa concepção <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong> <strong>como</strong> seu<br />

próprio processo. J.P.Labarrière e G.Jarczyk, em nota à tradução<br />

francesa da Ciência da Lógica, ao comentar o conceito <strong>de</strong> Absoluto,<br />

esclarecem seu senti<strong>do</strong>. Trata-se da primeira nota ao último capítulo da<br />

Doutrina <strong>do</strong> Conceito (A Idéia absoluta), na qual os tradutores<br />

Labarrière/Jarczyk observam que, tanto a Fenomenologia <strong>do</strong> Espírito,<br />

<strong>como</strong> a Ciência da Lógica e a Enciclopédia terminam por categorias que o<br />

utilizam <strong>como</strong> adjetivo (saber absoluto. Idéia absoluta, espírito<br />

absoluto):<br />

"O Absoluto, em HegeL não é o outro <strong>do</strong> relativo, ele<br />

não é o que seria subtraíd.o ao <strong>de</strong>vir ou à contingência;<br />

<strong>de</strong>signan<strong>do</strong> ordinariamente a totaHda<strong>de</strong> sob sua forma<br />

primeira e in<strong>de</strong>terminada, ele ex^e <strong>como</strong> tal sua própria<br />

expressão e sua própria verificaçao nas figuras concretas.<br />

Logo, ele não se oferece <strong>como</strong> uma totalida<strong>de</strong> soma que<br />

simplesmente completaria um processo, mas <strong>como</strong> essa<br />

totalida<strong>de</strong>-movimento que atinge, no seu termo, o<br />

princípio <strong>do</strong> seu <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento num novo périplo."^2<br />

*' Phâno, p. 24<br />

12 WL; trad. Labarrière/Jarczyk, III, p.367<br />

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