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Documento (.pdf) - Universidade do Porto

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68 Revista de Estu<strong>do</strong>s Linguísticos da <strong>Universidade</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> - Vol. 4 - 2009<br />

2.3 – O angolar<br />

Dependen<strong>do</strong> da definição, o angolar tem <strong>do</strong>is ou três afixos<br />

derivacionais, to<strong>do</strong>s sufixos. Maurer (1995: 50-51, 90-91) indica os<br />

três sufixos que damos na Tabela 3:<br />

Tabela 3: Afixos derivacionais <strong>do</strong> angolar<br />

afixo função exemplo etimologia/<br />

correspondência<br />

no português<br />

-me(n)tu formação de substantivos a kadhamentu ‘casamento’ -mento<br />

partir de predica<strong>do</strong>s verbais < kadha ‘casar-se’<br />

-rô, -dô formação, a partir de predica<strong>do</strong>s zirô taba ‘faze<strong>do</strong>r de tábuas’<br />

verbais, de substantivos para < zi taba ‘fazer tábua’<br />

-<strong>do</strong>r<br />

a designação <strong>do</strong>s sujeitos<br />

inerentes a estes predica<strong>do</strong>s<br />

-ru, -du<br />

formação de predica<strong>do</strong>s adjectivais<br />

a partir de predica<strong>do</strong>s verbais;<br />

modificação de adjectivos<br />

e de môtxi ‘muito’ no senti<strong>do</strong><br />

da ênfase<br />

n’djaru ‘de pé’ < n’dja ‘parar-se’,<br />

fiôru ‘(muito) frío’ <<br />

fiô ‘frío’, môtxiru ‘muito(s),<br />

muitíssimo(s)’ < môtxi ‘muito’<br />

-V<strong>do</strong><br />

Arends et al. (2006: 226, 229) consideram que o angolar tem<br />

só <strong>do</strong>is sufixos derivacionais. –ru e –du, segun<strong>do</strong> estes autores, são<br />

sufixos flexionais, já que não são considera<strong>do</strong>s os usos enfáticos com<br />

bases adjectivais, nem a construção com môtxi. Ainda que bastante<br />

produtivos (contu<strong>do</strong>, nem to<strong>do</strong>s os adjectivos podem levar o sufixo<br />

– cf. Maurer 1995: 51), esses usos enfáticos podem ser considera<strong>do</strong>s<br />

semanticamente opacos. 17 No que diz respeito à formação de predica<strong>do</strong>s<br />

adjectivais a partir de predica<strong>do</strong>s verbais, parece que muitos<br />

particípios portugueses terão si<strong>do</strong> empresta<strong>do</strong>s de maneira holística.<br />

O mesmo deve ter ocorri<strong>do</strong> com vários deriva<strong>do</strong>s em –me(n)tu. A<br />

julgar pelos poucos exemplos da<strong>do</strong>s por Maurer, ambos os tipos de<br />

derivações seriam em si transparentes. Por outro la<strong>do</strong>, a formação de<br />

nomina agentis com -rô, -dô é genuinamente produtiva e transparente<br />

ao mesmo tempo.<br />

17<br />

Note-se que Maurer (1995: 50-51) não traduz a presença <strong>do</strong> sufixo enfático com ‘muito’;<br />

fizemo-lo na Tabela 3 para clarificar melhor a função <strong>do</strong> sufixo. Lorenzino (1998: 137-139) concorda<br />

com a análise que Maurer faz de –ru, -du e fala das “propriedades idiossincráticas” <strong>do</strong> sufixo.

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