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Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP

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Plano Real já seriam uma política social eficaz, em função da transferência <strong>de</strong> renda<br />

para os setores mais carentes da população promovida pela redução do "imposto<br />

inflacionário", que penalizava esses segmentos, não se sustenta, e um exemplo disso<br />

são as conseqüências, à primeira vista contraditórias, da implementação da política<br />

macroeconômica <strong>de</strong> estabilização sobre a geração e manutenção <strong>de</strong> empregos.<br />

Referindo-se aos <strong>serviços</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, Cohn (1999b) observa que a busca <strong>de</strong><br />

novas formas <strong>de</strong> gestão <strong>dos</strong> <strong>serviços</strong> <strong>públicos</strong> estatais refletiu o objetivo <strong>de</strong> imprimir a<br />

esses <strong>serviços</strong> uma maior racionalida<strong>de</strong>, estabelecendo uma comunhão artificial entre<br />

reforma administrativa e reforma do Estado, que acabaram tidas como sinônimas.<br />

Transplantou-se para os <strong>serviços</strong> <strong>públicos</strong> estatais a lógica do custo/efetivida<strong>de</strong> que<br />

comanda o setor privado, traduzindo eficiência – produzir mais com menor custo – por<br />

efetivida<strong>de</strong> – produzir com menor custo gerando maior impacto -, sem, contudo<br />

garantir que, na implementação concreta <strong>de</strong>ssas novas formas <strong>de</strong> gestão, se<br />

inserissem mecanismos e políticas sociais que obe<strong>de</strong>cessem ao interesse público.<br />

(...) Com isto, compromete-se a essência da responsabilida<strong>de</strong> do Estado,<br />

sobretudo numa socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sigual como a brasileira, que consiste em<br />

implementar políticas efetivamente redistributivas, ten<strong>de</strong>ndo-se a agravar o traço<br />

histórico <strong>de</strong> nossas políticas sociais, isto é, <strong>de</strong> serem reprodutoras das<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais (Cohn, 1999b).<br />

A crítica po<strong>de</strong> ser estendida à lógica que orientou a privatização <strong>dos</strong> <strong>serviços</strong><br />

<strong>de</strong> infra-estrutura.<br />

No período estatal, não obstantes os <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> gestão e função, os <strong>serviços</strong><br />

<strong>públicos</strong> tinham como lógica a promoção do <strong>de</strong>senvolvimento, e atuaram como<br />

instrumentos <strong>de</strong> política social, na tentativa <strong>de</strong> redução das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, mediante<br />

ampliação das estruturas <strong>de</strong> acesso, inclusive para o interior, e a aplicação <strong>de</strong> tarifas<br />

compensatórias da má distribuição <strong>de</strong> renda. Foram importantes, também, na geração<br />

<strong>de</strong> emprego e no estímulo ao <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico e industrial do país (Sauer,<br />

2002). Entretanto, em coadunação com o movimento liberalizante internacional,<br />

adotou-se, amplamente, no Brasil a partir do governo Collor/Franco (1993), a diretriz

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