Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP
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36 desse fluxo. Algumas redes atuam em apenas uma direção (ida: energia, saneamento, gás), outros são de ida e volta (telecomunicações, transporte, serviço postal). Bickenbach (2000) resume algumas singularidades das redes, pelas quais justifica-se a propriedade pública e a integração vertical e horizontal dessas indústrias, a fim de garantir objetivos de bem estar social, equidade na prestação de serviços públicos e controle centralizado: • Apresentam, pelo menos, dois níveis verticais de funções: provisão e operação da estrutura de acesso (a rede física) e provisão do serviço; • Constituem infra-estrutura essencial à manutenção do bem estar, aos setores produtivos, à promoção de crescimento econômico, competitividade da indústria nacional e coesão social; • Demandam investimentos vultosos, indivisíveis e irrecuperáveis em ativos específicos, de longa vida útil, e custos operacionais relativamente baixos, apresentando economias de escala e escopo, na produção e na provisão; • Do lado da oferta, apresentam alta complementaridade de operação e investimentos, em diferentes níveis verticais da indústria, demandando extrema coordenação nas ações de operação e provisão, nesses segmentos, sob pena de incorrer em graves falhas e grandes custos; • Do lado da demanda, tanto a oferta como as características do serviço recebido dependem do tamanho e do alcance da rede; • Quando mais de um fornecedor depende de uma única rede, o acesso, físico e financeiro, à rede é essencial para o fornecimento do serviço, requerendo algum grau de cooperação entre “rivais”, interoperabilidade entre os vários serviços e subsistemas e, ainda, compartilhamento de padrões técnicos.
37 Laffont & Tirole (1994), citados por Gomes (1998), e Williamson & Mumssen (2000) apresentam motivos pelos quais a propriedade dessas indústrias pelo Estado desestimulam a busca da eficiência ótima de produção 18 : • Ausência de monitoramento pelo mercado de capitais; • Imunidade à quebra; • Expropriação de investimentos; • Falta de objetivos precisos e, • Formação de lobbies. O revival dos argumentos clássicos, presentes nas novas teorias regulatórias e do funcionamento do mercado e o desenvolvimento tecnológico das décadas de 1980 - 1990, associados à vontade política de governos conservadores serviram como forte justificativa em favor da liberalização econômica de proporções globais que se seguiu. Tendo-se iniciado no Chile, primeiro a expor sua economia aos novos conceitos, na década de 1970, a globalização tomou de assalto o restante da América Latina, Brasil inclusive, após o Consenso de Washington. O World Development Report do Banco Mundial, de 1994, onde se podem reconhecer os argumentos de Laffont & Tirole, estabeleceu o paradigma para as reformas da infra-estrutura latinoamericana e brasileira. 2.3.2. FORMAS DE REGULAÇÃO TARIFÁRIA E LIMITAÇÕES A regulação do monopólio natural aplica-se em distintas fases. Num primeiro momento, compete-se pelo mercado, quando entra em disputa o direito de explorar o monopólio. O estabelecimento de processos licitatórios regula esta etapa, definindo em que condições se dará a concorrência. O objetivo predominante da concessão do serviço, que pode variar entre obter maior preço pela venda ou a prestação do serviço 18 Ver Gomes (1998)
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