Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP
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383 Sobre esses princípios ele tem advogado a teoria do desenvolvimento humano, discutida no capítulo 2. De fato, sua teoria não rejeita a existência do mercado, porém, abre caminho para análises que extrapolam os padrões de eficiência econômica dominantes, liberais, que se converteram em camisas de força para países como o Brasil, cuja economia periodicamente é sujeita ao crivo das pressões internacionais por ajustes. Examinando tudo o que foi exposto até agora neste trabalho, facilmente se conclui que, em termos da prestação dos serviços de eletricidade e saneamento tomou-se direção oposta à do desenvolvimento humano. Não se faz essa afirmação apenas no sentido do questionamento à opção dos preceitos de liberalização econômica na reestruturação dos setores, mas, antes disso, à indagação sobre de quanta liberdade dispõem os cidadãos que foram alijados da prestação desses serviços, como de resto, da maior parte das “benesses da modernidade”, no Brasil. A pobreza representa um entrave concreto à liberdade, bem como a falta de alternativas diante da impossibilidade de acender uma lâmpada ou usar um banheiro com descarga. Sob outra perspectiva, que escolha tem uma sociedade, cujos instrumentos para o exercício de seus direitos e liberdades passam a pertencer a entes privados, cujos interesses, são, estes sim, auto-orientados?... Com sua teoria, claramente Sen quer dizer que existem formas, fora do mercado, de realizar o potencial de desenvolvimento latente em um indivíduo, e em uma sociedade. A forma como se tem gerido os setores e, sobretudo, os ajustes liberais em curso têm promovido, como demonstrado, a ampliação da pobreza, o alijamento dos processos de decisão e controle, a degradação ambiental, transformando-os em agentes do anti-desenvolvimento humano ou, o Estado de Mal-Estar (Bustelo, 1991 apud Soares, 2000), embora tenham sua importância na indução do crescimento econômico. Nesse trabalho, acreditamos que alternativas de políticas de gestão,
384 planejamento, expansão e financiamento dos setores de eletricidade e saneamento devem contemplar elementos opostos aos que têm sido implementados sob inspiração liberal. Nesse sentido, este trabalho concorda e incorpora os elementos de política pública contidos nas propostas de Sauer (2002), Abelardo Filho (2002), Montenegro (2000), Soares (2000), que preconizam: • Universalização do acesso, assegurada pela constituição de subsídios setoriais ou supra-setoriais, destinados à conexão e à manutenção do fornecimento aos mais pobres, ou para a atenuação da pobreza, bem como pela fixação de metas pelo poder público, cuja obrigatoriedade de cumprimento esteja coberta por instrumentos que permitam sua fiscalização, e aplicação de penalidades pelo não-atendimento, sob a forma de benefícios compensatórios aos usuários prejudicados; • Controle social, possibilitado por todo tipo de instrumento disponível para informação, divulgação, capacitação, organização e intervenção do usuário sobre quaisquer etapas do processo de planejamento, sobre o financiamento e investimentos, tarifas, alternativas tecnológicas, e outros, bem como adotar imediatamente uma postura de acesso livre a informações e dependências, se assim solicitado pelos usuários ou seus representantes; • Planejamento integrado, orientado pela consideração conjunta dos requerimentos pelo lado da demanda e das alternativas de oferta, com base, prioritariamente, em critérios que valorizem adequadamente os benefícios sociais e econômicos, nessa ordem, em articulação com outras políticas públicas setoriais, de forma a promover, progressivamente, a melhoria geral das condições de vida da população,
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planejamento, expansão e financiamento <strong>dos</strong> setores <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> e saneamento<br />
<strong>de</strong>vem contemplar elementos opostos aos que têm sido implementa<strong>dos</strong> sob inspiração<br />
liberal.<br />
Nesse sentido, este trabalho concorda e incorpora os elementos <strong>de</strong> política<br />
pública conti<strong>dos</strong> nas propostas <strong>de</strong> Sauer (2002), Abelardo Filho (2002), Montenegro<br />
(2000), Soares (2000), que preconizam:<br />
• Universalização do acesso, assegurada pela constituição <strong>de</strong> subsídios<br />
setoriais ou supra-setoriais, <strong>de</strong>stina<strong>dos</strong> à conexão e à manutenção do<br />
fornecimento aos mais pobres, ou para a atenuação da pobreza, bem como<br />
pela fixação <strong>de</strong> metas pelo po<strong>de</strong>r público, cuja obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
cumprimento esteja coberta por instrumentos que permitam sua<br />
fiscalização, e aplicação <strong>de</strong> penalida<strong>de</strong>s pelo não-atendimento, sob a forma<br />
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• Controle social, possibilitado por todo tipo <strong>de</strong> instrumento disponível para<br />
informação, divulgação, capacitação, organização e intervenção do usuário<br />
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financiamento e investimentos, tarifas, alternativas tecnológicas, e outros,<br />
bem como adotar imediatamente uma postura <strong>de</strong> acesso livre a<br />
informações e <strong>de</strong>pendências, se assim solicitado pelos usuários ou seus<br />
representantes;<br />
• Planejamento integrado, orientado pela consi<strong>de</strong>ração conjunta <strong>dos</strong><br />
requerimentos pelo lado da <strong>de</strong>manda e das alternativas <strong>de</strong> oferta, com<br />
base, prioritariamente, em critérios que valorizem a<strong>de</strong>quadamente os<br />
benefícios sociais e econômicos, nessa or<strong>de</strong>m, em articulação com<br />
outras políticas públicas setoriais, <strong>de</strong> forma a promover,<br />
progressivamente, a melhoria geral das condições <strong>de</strong> vida da população,