Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP
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381 liberalização apresentada na tese não só corroboram essas análises, como indicam que a deterioração da situação econômica foi ainda mais ampla, com perda para a população e transferência de renda e vantagens para segmentos empresariais. Do ponto de vista da eficiência econômica, destacam-se os problemas comprovados internacionalmente com a ocorrência de práticas anticompetitivas, facilitadas pela característica do “produto” (não homogêneo) e da indústria, sobretudo do segmento de geração (predominantemente hidráulica), e a maximização dos lucros pela adoção de preços ao nível dos preços marginais (vide discussão sobre os preços de geração e possíveis consequências do modelo) (Sauer, 2002; Coyle, 2000). Os estudos demonstram que somente através da garantia de subsídio ou da obrigatoriedade de extensão aos segmentos se promove a universalização (Coutinho, 2001a, ______, 2001b) e cuja solução, na perspectiva de não gerar distorções na economia, ainda não chegou a um termo satisfatório internacionalmente (Estache et al., 2000; Abrams, 1999; Cremer et al. 1998a e 1998b). Em relação às consequências do processo como um todo, ressaltam-se as análises da crise de abastecimento de energia no Brasil (Sauer et al., 2002; Vieira et al., 2002), sobre a crise do setor de saneamento na Argentina (Loftus & Mc Donald, 2001), as análises da crise de Cochabamba (Dalton, 2001; Laurie & Marvin, 1999). Desta breve compilação de problemas reais e potenciais, depreende-se que os ajustes implementados até o momento nos serviços de infra-estrutura não se prestaram para outro fim que não algum impacto positivo sobre a dívida pública e atração de investimentos estrangeiros, os quais, diga-se de passagem, foram insignificantes, como demonstraram os dados apresentados no capítulo 3. Ao setor de saneamento, poupado pelos conflitos em torno da titularidade de sofrer reestruturação nos mesmos moldes do setor elétrico e outros, convém manter sob gestão estatal,
382 buscando, porém, maior discussão e avaliação das políticas hoje expostas ao debate com a sociedade e que representam alternativa ao modelo liberal (vide capítulo 3). 4.5. SEM SANEAMENTO, NÃO TEM DESENVOLVIMENTO, SEM ELETRICIDADE, NÃO TEM IGUALDADE O argumento da promoção de desenvolvimento tem servido como pano de fundo para a propagação e consolidação do modelo de reestruturação em curso em serviços de infra-estrutura de vários países, a partir da consideração de que o “mercado” teria condições de produzir, hierarquizar e distribuir os bens e serviços que resultariam no melhor modo de vida possível de forma mais eficiente que o Estado, na gestão desses setores. Trata-se do referencial utilitarista, presente na Economia do Bem Estar, que considera que da soma de escolhas individuais, visando o autointeresse, resulta o bem comum. Segundo Amartya Sen (1999), o utilitarismo preconizado por esta escola de pensamento empobreceu a análise econômica ao abandonar as considerações da ética, por não levar em conta que as escolhas humanas não se balizam exclusivamente pelo critério do auto-interesse. Para Sen, valores mais essenciais, como a liberdade para escolher o que, como, e em benefício de quem realizar, ou, produzir, figuram-se tão ou mais importantes que a utilidade ou as próprias realizações. A esse respeito diz: Há ainda a questão – em certo sentido, mais básica – de se é ou não melhor conceber a vantagem de uma pessoa em termos do que ela realiza. Essa questão surge quando se avaliam tanto o bem-estar como a condição de agente. Pode-se dizer que a vantagem pode ser mais bem representada pela liberdade que a pessoa tem, e não (pelo menos, não inteiramente) pelo que a pessoa realiza – em termos de bem-estar ou de sua condição de agente – com base nessa liberdade. Esse tipo de consideração nos conduzirá em direção aos direitos, liberdades e oportunidades reais. Se na ponderação ética as vantagens da pessoa forem julgadas – pelo menos parcialmente – com base em considerações ligadas à liberdade, então não meramente o utilitarismo e o “welfarismo”, mas também várias outras abordagens que se concentram exclusivamente na realização, terão de ser rejeitadas (Sen, 1999).
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liberalização apresentada na tese não só corroboram essas análises, como indicam<br />
que a <strong>de</strong>terioração da situação econômica foi ainda mais ampla, com perda para a<br />
população e transferência <strong>de</strong> renda e vantagens para segmentos empresariais.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista da eficiência econômica, <strong>de</strong>stacam-se os problemas<br />
comprova<strong>dos</strong> internacionalmente com a ocorrência <strong>de</strong> práticas anticompetitivas,<br />
facilitadas pela característica do “produto” (não homogêneo) e da indústria, sobretudo<br />
do segmento <strong>de</strong> geração (predominantemente hidráulica), e a maximização <strong>dos</strong> lucros<br />
pela adoção <strong>de</strong> preços ao nível <strong>dos</strong> preços marginais (vi<strong>de</strong> discussão sobre os preços<br />
<strong>de</strong> geração e possíveis consequências do mo<strong>de</strong>lo) (Sauer, 2002; Coyle, 2000). Os<br />
estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong>monstram que somente através da garantia <strong>de</strong> subsídio ou da<br />
obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> extensão aos segmentos se promove a universalização (Coutinho,<br />
2001a, ______, 2001b) e cuja solução, na perspectiva <strong>de</strong> não gerar distorções na<br />
economia, ainda não chegou a um termo satisfatório internacionalmente (Estache et<br />
al., 2000; Abrams, 1999; Cremer et al. 1998a e 1998b).<br />
Em relação às consequências do processo como um todo, ressaltam-se as<br />
análises da crise <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> energia no Brasil (Sauer et al., 2002; Vieira et<br />
al., 2002), sobre a crise do setor <strong>de</strong> saneamento na Argentina (Loftus & Mc Donald,<br />
2001), as análises da crise <strong>de</strong> Cochabamba (Dalton, 2001; Laurie & Marvin, 1999).<br />
Desta breve compilação <strong>de</strong> problemas reais e potenciais, <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que os<br />
ajustes implementa<strong>dos</strong> até o momento nos <strong>serviços</strong> <strong>de</strong> infra-estrutura não se<br />
prestaram para outro fim que não algum impacto positivo sobre a dívida pública e<br />
atração <strong>de</strong> investimentos estrangeiros, os quais, diga-se <strong>de</strong> passagem, foram<br />
insignificantes, como <strong>de</strong>monstraram os da<strong>dos</strong> apresenta<strong>dos</strong> no capítulo 3. Ao setor <strong>de</strong><br />
saneamento, poupado pelos conflitos em torno da titularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sofrer reestruturação<br />
nos mesmos mol<strong>de</strong>s do setor elétrico e outros, convém manter sob gestão estatal,