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Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP

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momento), imputou-se ao setor <strong>de</strong> saneamento o caráter <strong>de</strong> indústria <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong><br />

pública que o setor elétrico já <strong>de</strong>tinha. Um mo<strong>de</strong>lo baseado na implementação <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> economia mista, <strong>de</strong> âmbito estadual, foi fomentado para os dois<br />

setores, ratificando a opção pelas práticas gerenciais <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> expansão,<br />

gestão e financiamento. A ditadura militar, ainda mais aguerrida na constituição, ou<br />

mo<strong>de</strong>rnização, ou integração, <strong>de</strong> um capitalismo nacional <strong>de</strong> nível internacional,<br />

sedimentou este mo<strong>de</strong>lo. No âmbito do saneamento, on<strong>de</strong> a titularida<strong>de</strong> municipal<br />

impunha obstáculos à sua hegemonização, o cerceamento do acesso das prefeituras<br />

às linhas <strong>de</strong> crédito passou a ser uma prática comum. A liberação <strong>de</strong> recursos passou<br />

a ser condicionada à a<strong>de</strong>são ao Planasa, o plano setorial que sintetizou esses<br />

princípios, no início da década <strong>de</strong> 1970.<br />

Este era o pano <strong>de</strong> fundo, do ponto <strong>de</strong> vista da oferta. Do ponto <strong>de</strong> vista da<br />

<strong>de</strong>manda, ocorria que, no caso do setor elétrico, o consumidor preferencial, por assim<br />

dizer, era o segmento industrial, este não era o caso do setor <strong>de</strong> saneamento; no<br />

segmento resi<strong>de</strong>ncial, por sua vez, persistia o déficit estrutural nas áreas e segmentos<br />

que permaneceram à margem do processo <strong>de</strong> crescimento industrial, que, como<br />

mencionado, ampliou ainda mais a segregação. A gestão <strong>dos</strong> <strong>serviços</strong>, alça<strong>dos</strong> à<br />

categoria industrial, era necessariamente empresarial. O que a lógica implica e os<br />

da<strong>dos</strong> confirmam é que, a <strong>de</strong>speito <strong>dos</strong> mecanismos <strong>de</strong> subsídio introduzi<strong>dos</strong>, e do<br />

discurso oficial <strong>de</strong> inclusão social, diante <strong>de</strong> uma urbanização crescente, que<br />

<strong>de</strong>teriorava os indicadores <strong>de</strong> abrangência <strong>dos</strong> <strong>serviços</strong>, e que concentrava a<br />

população <strong>de</strong> maior renda, além das indústrias, o atendimento prioritário não se <strong>de</strong>u<br />

on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>manda era mais crítica em termos das consequências da falta <strong>dos</strong> <strong>serviços</strong>,<br />

mas on<strong>de</strong> ela era crítica do ponto <strong>de</strong> vista <strong>dos</strong> critérios <strong>de</strong> gestão arbitra<strong>dos</strong> para os<br />

setores <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> e saneamento e da pressão social e política <strong>de</strong> que eram<br />

capazes esses segmentos.

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