Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP

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20 O Liberalismo Clássico constituiu-se de formulações não apenas econômicas, mas, políticas e filosóficas, que contribuíram para a substituição da ordem feudal, aristocrática, pela burguesa (Fonseca & Ussher, 200-). O auge dessa Escola deu-se ainda durante o Iluminismo e o desenrolar das grandes Revoluções Burguesas (Francesa, Americana) e da I Revolução Industrial. O marco tecnológico representado pela substituição da energia humana pela força motriz (ferramenta x máquina) foi preponderante para a alteração das relações sociais e para a hegemonização do capitalismo como modo de produção. A abordagem teórica central para os clássicos era a de que o valor originavase essencialmente do trabalho. O livro A Riqueza das Nações, de Adam Smith, enunciou as mensagens centrais do liberalismo, de laissez-faire e das virtudes da propriedade individual, da livre iniciativa, o enfraquecimento do Estado, a economia auto-regulável e o livre-cambismo, porém, sem conseguir antecipar a magnitude da influência da era industrial sobre as relações sociais e de produção. Smith lançou a idéia da mão invisível e equilibradora, e reconhecia duas formas de organização do mercado: concorrência perfeita e monopólio. Dentre seus sucessores, apenas David Ricardo retomou e aprimorou a essência de seu pensamento, adquirindo grande influência. Ricardo acreditava que as forças do mercado, de oferta e procura, seriam capazes de garantir o equilíbrio econômico, o equilíbrio entre as classes sociais, e mesmo o equilíbrio entre as Nações. Pelo grau de sofisticação teórica e formalização clara e consistente, os pensamentos de Ricardo passaram a constituir o Sistema Clássico ou Ricardiano. Robert Malthus defendia uma perspectiva macroeconômica, dinâmica, longe das questões acerca de valor, e Jean-Baptiste Say, da Escola liberal francesa, pretendia retomar a tradição francoitaliana da demanda-e-oferta. Posteriormente, apenas Karl Marx acrescentaria contribuição de peso ao pensamento clássico (final do século XIX). As tradições clássicas foram retomadas, já em meados do século XX, por Sraffa e os

21 neoricardianos, e pelos neomarxistas (Fonseca & Ussher, 200-; Iamamoto et al., 1999, Nogueira, 1998). À medida que o modo de produção hegemonicamente capitalista evoluiu, a partir do fim do século XVIII, da forma concorrencial do período do liberalismo, para formas monopolista e oligopolista, que se consolidaram durante a II Revolução Industrial, caracterizada pela substituição da energia a vapor pela energia elétrica e do carvão pelo petróleo, já na metade do séc. XIX, o pensamento econômico evoluiu em direção à Escola Neoclássica ou Marginalista (1870 até o presente), na busca de interpretações mais fiéis do comportamento da economia. Nomes importantes dessa escola foram Jevons, Pareto, e Marshall, entre outros (Fonseca & Ussher, 200-; Nogueira, 1998). Pelo impacto que causaram, a introdução das novas idéias foi chamada Revolução Marginalista, tendo levado toda a segunda metade do século XIX apenas para se estabelecer. Somente entre 1934 e 1947, esta escola retomou seu prestígio, a partir da ressurgência do pensamento de Pareto e do enunciado da Economia do Bem Estar. Os neoclássicos consideravam o preço como a variável determinante na alocação dos recursos econômicos. A abordagem teórica central era a Teoria do valor oriundo das relações de troca, fundamentada em conceitos de utilidade, que seria o elemento essencial na tomada de decisões pelas firmas. A análise dessa escola era microeconômica e postulava a concorrência perfeita e a inexistência de crises econômicas, que decorreriam de erros ou acidentes. Essa escola manteve os preceitos clássicos em relação ao mercado (liberdade) e ao comportamento das unidades de produção, ou firmas (concorrência perfeita e monopólio) (Fonseca & Ussher, 200-; Nogueira, 1998). A Escola Neoclássica é, na verdade, um conjunto de várias escolas que apresentam princípios comuns, mas divergem em relação a uma série de conceitos

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O Liberalismo Clássico constituiu-se <strong>de</strong> formulações não apenas<br />

econômicas, mas, políticas e filosóficas, que contribuíram para a substituição da<br />

or<strong>de</strong>m feudal, aristocrática, pela burguesa (Fonseca & Ussher, 200-). O auge <strong>de</strong>ssa<br />

Escola <strong>de</strong>u-se ainda durante o Iluminismo e o <strong>de</strong>senrolar das gran<strong>de</strong>s Revoluções<br />

Burguesas (Francesa, Americana) e da I Revolução Industrial. O marco tecnológico<br />

representado pela substituição da energia humana pela força motriz (ferramenta x<br />

máquina) foi prepon<strong>de</strong>rante para a alteração das relações sociais e para a<br />

hegemonização do capitalismo como modo <strong>de</strong> produção.<br />

A abordagem teórica central para os clássicos era a <strong>de</strong> que o valor originavase<br />

essencialmente do trabalho. O livro A Riqueza das Nações, <strong>de</strong> Adam Smith,<br />

enunciou as mensagens centrais do liberalismo, <strong>de</strong> laissez-faire e das virtu<strong>de</strong>s da<br />

proprieda<strong>de</strong> individual, da livre iniciativa, o enfraquecimento do Estado, a<br />

economia auto-regulável e o livre-cambismo, porém, sem conseguir antecipar a<br />

magnitu<strong>de</strong> da influência da era industrial sobre as relações sociais e <strong>de</strong> produção.<br />

Smith lançou a idéia da mão invisível e equilibradora, e reconhecia duas formas <strong>de</strong><br />

organização do mercado: concorrência perfeita e monopólio. Dentre seus<br />

sucessores, apenas David Ricardo retomou e aprimorou a essência <strong>de</strong> seu<br />

pensamento, adquirindo gran<strong>de</strong> influência. Ricardo acreditava que as forças do<br />

mercado, <strong>de</strong> oferta e procura, seriam capazes <strong>de</strong> garantir o equilíbrio econômico, o<br />

equilíbrio entre as classes sociais, e mesmo o equilíbrio entre as Nações. Pelo grau <strong>de</strong><br />

sofisticação teórica e formalização clara e consistente, os pensamentos <strong>de</strong> Ricardo<br />

passaram a constituir o Sistema Clássico ou Ricardiano. Robert Malthus <strong>de</strong>fendia<br />

uma perspectiva macroeconômica, dinâmica, longe das questões acerca <strong>de</strong> valor, e<br />

Jean-Baptiste Say, da Escola liberal francesa, pretendia retomar a tradição francoitaliana<br />

da <strong>de</strong>manda-e-oferta. Posteriormente, apenas Karl Marx acrescentaria<br />

contribuição <strong>de</strong> peso ao pensamento clássico (final do século XIX). As tradições<br />

clássicas foram retomadas, já em mea<strong>dos</strong> do século XX, por Sraffa e os

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