Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP

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21.12.2013 Views

287 de caráter da gestão do setor, minimizando o conceito de investimentos de caráter social (a remoção dos subsídios cruzados entre concessionárias foi um reflexo dessa nova postura), cujo financiamento passaria a provir de recursos fiscais junto às diferentes instâncias de governo, em favor de uma forma de gestão vinculada a compromissos de eficiência empresarial e resultados. A partir da implementação do Plano Real, as tarifas foram congeladas, permitindo-se ao DNAEE a retomada dos processos de reajuste somente em novembro de 1995, já no governo Fernando Henrique Cardoso, através da portaria 267/95. Esta portaria estabeleceu a periodicidade mínima anual para reajustes e rompeu com a lógica redistributiva presente até então, através do desmantelamento do conjunto de benefícios concedidos ao consumidor residencial (Pires & Piccinini, 1998). Tais medidas visavam acelerar o processo de preparação para a privatização do setor, em simultâneo à implementação de instrumentos jurídicos e de um modelo de mercado. O diagnóstico sintético do governo, conforme relatório oficial (Brasil, 1998?) descrevia a situação “encontrada” em 1995 e as medidas tomadas (figuras 3.45 a 3.47), assim justificadas, diante da “crise”, segundo o mesmo documento: Desta maneira, não havia, então, espaço para a elaboração de demorados estudos de restruturação (sic) do setor elétrico para não expor o País a um desabastecimento de energia elétrica, que colocaria a reforma sob a pressão das improvisações que acompanham normalmente as situações emergenciais Neste contexto, as diretrizes adotadas pelo Governo Brasileiro, com o apoio atuante e competente do Congresso Nacional, se pautaram numa série de ações simultâneas que, em outra conjuntura, poderiam e haveriam de se desenvolver numa ordem seqüencial distinta. Importa destacar que, apesar disto, e com pleno reconhecimento da situação, o encadeamento das ações foi ajustado de forma a introduzir no processo uma racionalidade capaz de minimizar os riscos, conforme elucidado nos quadros anexos (...) (Brasil, 1998?).

288 I - SITUAÇÃO ENCONTRADA EM 1/1/95 Modelo esgotado, 23 obras paralisadas (11.500 MW) e 33 concessões outorgadas não iniciadas. Setor desorientado e sem proposta de reestruturação capaz de garantir a expansão e o atendimento do mercado. Situação crítica impedia estudos demorados, reclamando intervenções imediatas e coordenadas: • após a Lei 8631/93 - elevação das tarifas em 70%, Tesouro assume dívidas de US$ 26 Bi., e desequalização tarifária. Mas, em 1995, as inadimplências das concessionárias voltaram a mais de US$ 3 Bi.; • expansão do consumo se eleva de 3 para 6 a 7% ao ano, em virtude do Plano Real; colapso da transmissão em várias regiões, e deterioração continuada dos sistemas de várias distribuidoras; de 1991 a 1994 a expansão da geração se limitou a uma média de 1.080 MW/ano, contra uma necessidade de 2.500 MW anuais; investimentos reduzidos a 50% para US$ 3,5 bilhões/ano; • Para alguns períodos futuros, 15% das séries hidrológicas verificadas apresentavam risco de falta de capacidade/MW, excedendo o risco de 5%, tido como aceitável. Em algumas das séries mais secas, a amplitude do déficit de energia poderia ser superior a 25% do consumo total (MWh), implicando num racionamento dramático. Figura 3.45 – Diagnóstico sintético da situação “encontrada” pelo primeiro governo FHC, segundo a Secretaria de Energia Fonte: Brasil, 1998?.

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<strong>de</strong> caráter da gestão do setor, minimizando o conceito <strong>de</strong> investimentos <strong>de</strong> caráter<br />

social (a remoção <strong>dos</strong> subsídios cruza<strong>dos</strong> entre concessionárias foi um reflexo <strong>de</strong>ssa<br />

nova postura), cujo financiamento passaria a provir <strong>de</strong> recursos fiscais junto às<br />

diferentes instâncias <strong>de</strong> governo, em favor <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> gestão vinculada a<br />

compromissos <strong>de</strong> eficiência empresarial e resulta<strong>dos</strong>.<br />

A partir da implementação do Plano Real, as tarifas foram congeladas,<br />

permitindo-se ao DNAEE a retomada <strong>dos</strong> processos <strong>de</strong> reajuste somente em<br />

novembro <strong>de</strong> 1995, já no governo Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o, através da portaria<br />

267/95. Esta portaria estabeleceu a periodicida<strong>de</strong> mínima anual para reajustes e<br />

rompeu com a lógica redistributiva presente até então, através do <strong>de</strong>smantelamento<br />

do conjunto <strong>de</strong> benefícios concedi<strong>dos</strong> ao consumidor resi<strong>de</strong>ncial (Pires & Piccinini,<br />

1998). Tais medidas visavam acelerar o processo <strong>de</strong> preparação para a privatização<br />

do setor, em simultâneo à implementação <strong>de</strong> instrumentos jurídicos e <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> mercado. O diagnóstico sintético do governo, conforme relatório oficial (Brasil,<br />

1998?) <strong>de</strong>screvia a situação “encontrada” em 1995 e as medidas tomadas (figuras<br />

3.45 a 3.47), assim justificadas, diante da “crise”, segundo o mesmo documento:<br />

Desta maneira, não havia, então, espaço para a elaboração <strong>de</strong> <strong>de</strong>mora<strong>dos</strong><br />

estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> restruturação (sic) do setor elétrico para não expor o País a um<br />

<strong>de</strong>sabastecimento <strong>de</strong> energia elétrica, que colocaria a reforma sob a pressão das<br />

improvisações que acompanham normalmente as situações emergenciais<br />

Neste contexto, as diretrizes adotadas pelo Governo Brasileiro, com o apoio<br />

atuante e competente do Congresso Nacional, se pautaram numa série <strong>de</strong> ações<br />

simultâneas que, em outra conjuntura, po<strong>de</strong>riam e haveriam <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver<br />

numa or<strong>de</strong>m seqüencial distinta. Importa <strong>de</strong>stacar que, apesar disto, e com pleno<br />

reconhecimento da situação, o enca<strong>de</strong>amento das ações foi ajustado <strong>de</strong> forma a<br />

introduzir no processo uma racionalida<strong>de</strong> capaz <strong>de</strong> minimizar os riscos,<br />

conforme elucidado nos quadros anexos (...) (Brasil, 1998?).

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