Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP
Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP
265 energia e o MME 54 . Também o ONS rapidamente apresentou falhas, que resultaram no famoso episódio do raio de Bauru. Um blecaute de grandes dimensões, que atingiu boa parte do país em 11 de março de 1999. Os evidentes problemas de operação decorrentes da desarticulação da capacidade técnica estatal, denunciados por vários técnicos do setor, foram encobertos pela construção de uma justificativa oficial calcada na queda de um raio em uma subestação da cidade de Bauru, São Paulo. A atuação da ANEEL, chamada à ação, foi tardia e paliativa (Sato, 2002). A GCE foi criada por medida provisória, no contexto da escassez de energia que levou ao racionamento. Com poderes extraordinários, foi-lhe atribuída competência para decidir sobre temas que eram de responsabilidade do poder executivo, tais como alterar tributos e tarifas e procedimentos que afetassem a “celeridade” na contratação e implementação de empreendimentos “emergenciais”. Medidas impopulares, que criaram precedentes contestáveis, como a redução de exigências e do prazo de tramitação de licenciamentos ambientais, foram duramente criticadas por segmentos de técnicos e acadêmicos ligados ao setor, e a constitucionalidade da GCE e de suas medidas foi contestada em juízo. A GCE vigorou de 10 de maio de 2001 a 6 de junho de 2002, quando foi convertida na Câmara de Gestão do Setor Elétrico, pelo Decreto 4.261 (Energiabrasil, 2002a). O Comitê de Revitalização do Modelo do Setor Elétrico foi criado pela resolução 18 da Câmara de Gestão, e instalado em junho de 2001, com a finalidade de corrigir disfuncionalidades e propor aperfeiçoamentos (Energiabrasil, 2002b). Através da emissão de Relatórios de Progresso (RP1 – 9 de janeiro de 2002; RP2 – 1 de fevereiro de 2002; RP3 – 5 de junho de 2002), como o próprio nome enseja, tem apresentado medidas que aprofundam o modelo liberalizante que levou o setor à crise de escassez, sem resolver seus problemas. Foi, no entanto, um reconhecimento público e compulsório de que a concepção setorial de mercado liberalizado para a 54 Para informações institucionais sobre o NONS, consultar .
266 energia elétrica não foi capaz de atender às necessidades da sociedade brasileira. A CBEE foi a última das estruturas agregadas ao “novo” modelo institucional do setor, criada quando já se dava praticamente por encerrado o racionamento de energia, tendo como atribuição, contraditoriamente, a aquisição de energia elétrica em curto prazo, de qualquer fonte. Através da CBEE viabilizou-se a implementação da Medida Provisória 14, convertida na Lei 10.438/2002, que trata da contratação “emergencial” de geração térmica, privada, a preços superestimados em relação ao mercado; do imposto que ficou popularmente conhecido como seguro-apagão, repasse dos custos dessa contratação para os usuários de eletricidade, e de um aumento extraordinário de tarifas que visou “ressarcir” as distribuidoras de energia pelas supostas perdas de receita causadas pelo racionamento. Esse expediente fez com que uma empresa do governo (sociedade de economia mista) atuasse como repassadora de recursos, num volume que poderia atingir a cifra de R$ 24 bilhões, como demonstraram Sauer et al. (2002). Toda essa reforma institucional, pontuada por desgastes políticos e morais, incluindo a crise de escassez de energia, levou a população a uma indignação coletiva, manifestada inúmeras vezes em diversos órgãos de comunicação. Os investimentos estrangeiros, que nunca foram tão significativos quanto se apregoou no início da implantação do modelo, afugentaram-se de vez e o segmento de geração da indústria permaneceu majoritariamente estatal, com o cancelamento de leilões de venda, inclusive. Como preveniram os críticos do modelo, o ambiente concorrencial não se instalou, o consumidor ficou desprotegido, a indústria da energia e a economia, como um todo, foram prejudicadas e o aparato institucional mostrou-se inoperante. Foi um melancólico desfecho. A tabela 3.87 apresenta os novos controladores das empresas privatizadas. Tabela 3.87 – Empresas privatizadas e controladores Nome Segmento Data de Área de Comprador Participação %
- Page 224 and 225: 215 A utilização da capacidade in
- Page 226 and 227: 217 Serviços 18.439,0 43,4 103.156
- Page 228 and 229: 219 190 170 150 130 110 90 70 50 ja
- Page 230 and 231: 221 estar efetivamente minimiza qua
- Page 232 and 233: 223 indicadores, inclusive critéri
- Page 234 and 235: 225 permanece alta. A análise da d
- Page 236 and 237: 227 Fonte: PNUD, 2002. Figura 3.29
- Page 238 and 239: 229 econômica, maior renda, e cuja
- Page 240 and 241: 231 todos, expressa por uma taxa ne
- Page 242 and 243: 233 De acordo com as figuras 3.36 e
- Page 244 and 245: 235 As figuras A.9.8 a A.9.13 detal
- Page 246 and 247: 237 Figura 3.38 - Variação anual
- Page 248 and 249: 239 venda dos eletrodomésticos. Os
- Page 250 and 251: 241 como será considerada a necess
- Page 252 and 253: 243 Figura 3.40 - Área das bacias
- Page 254 and 255: 245 Total de municípios Município
- Page 256 and 257: 247 80 (%) 70 60 50 40 água - c/ca
- Page 258 and 259: 249 percentuais significativos (cer
- Page 260 and 261: 251 Enterrado 224.296 22.039 59.697
- Page 262 and 263: 253 desses serviços, de forma que
- Page 264 and 265: 255 foi disseminada através de ins
- Page 266 and 267: 257 4. Moedas e financiamento das p
- Page 268 and 269: 259 Ministério das Minas e Energia
- Page 270 and 271: 261 Boletim de Política Industrial
- Page 272 and 273: 263 institucional do setor elétric
- Page 276 and 277: 267 Privatização Serviço origem
- Page 278 and 279: 269 Ainda em novembro de 1986, o BN
- Page 280 and 281: 271 A Resolução 09/90, do CCFGTS,
- Page 282 and 283: 273 gestão dos serviços, incluír
- Page 284 and 285: 275 de créditos à existência de
- Page 286 and 287: 277 respectivamente com o BNDES e c
- Page 288 and 289: 279 Com a rejeição do projeto de
- Page 290 and 291: 281 entidades (como o SUS); permite
- Page 292 and 293: 283 Ceará, Rio de Janeiro, Espíri
- Page 294 and 295: 285 coleta de esgotos, tal como já
- Page 296 and 297: 287 de caráter da gestão do setor
- Page 298 and 299: Figura 3.46 - Fluxograma das etapas
- Page 300 and 301: 291 país o regime de preços-teto.
- Page 302 and 303: 293 Tabela 3.94 - Efeito do corte n
- Page 304 and 305: 295 220 200 180 R$/MWh Norte Nordes
- Page 306 and 307: 297 Até 2 > 2 a 3 > 3 a 5 > 5 a 6
- Page 308 and 309: 299 residencial) para os novos cont
- Page 310 and 311: 301 inferiores a 12 meses. A revis
- Page 312 and 313: 303 Para o autor: Na prática, a qu
- Page 314 and 315: 305 justificativas técnicas que oc
- Page 316 and 317: 307 sob forte restrição, e apesar
- Page 318 and 319: 309 Pessoal e Encargos Sociais 37.8
- Page 320 and 321: 311 por completo a sistemática, co
- Page 322 and 323: 313 Concessões Privadas para Prest
266<br />
energia elétrica não foi capaz <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> brasileira.<br />
A CBEE foi a última das estruturas agregadas ao “novo” mo<strong>de</strong>lo institucional do<br />
setor, criada quando já se dava praticamente por encerrado o racionamento <strong>de</strong><br />
energia, tendo como atribuição, contraditoriamente, a aquisição <strong>de</strong> energia elétrica em<br />
curto prazo, <strong>de</strong> qualquer fonte. Através da CBEE viabilizou-se a implementação da<br />
Medida Provisória 14, convertida na Lei 10.438/2002, que trata da contratação<br />
“emergencial” <strong>de</strong> geração térmica, privada, a preços superestima<strong>dos</strong> em relação ao<br />
mercado; do imposto que ficou popularmente conhecido como seguro-apagão,<br />
repasse <strong>dos</strong> custos <strong>de</strong>ssa contratação para os usuários <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong> um<br />
aumento extraordinário <strong>de</strong> tarifas que visou “ressarcir” as distribuidoras <strong>de</strong> energia<br />
pelas supostas perdas <strong>de</strong> receita causadas pelo racionamento. Esse expediente fez<br />
com que uma empresa do governo (socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> economia mista) atuasse como<br />
repassadora <strong>de</strong> recursos, num volume que po<strong>de</strong>ria atingir a cifra <strong>de</strong> R$ 24 bilhões,<br />
como <strong>de</strong>monstraram Sauer et al. (2002).<br />
Toda essa reforma institucional, pontuada por <strong>de</strong>sgastes políticos e morais,<br />
incluindo a crise <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong> energia, levou a população a uma indignação<br />
coletiva, manifestada inúmeras vezes em diversos órgãos <strong>de</strong> comunicação. Os<br />
investimentos estrangeiros, que nunca foram tão significativos quanto se apregoou no<br />
início da implantação do mo<strong>de</strong>lo, afugentaram-se <strong>de</strong> vez e o segmento <strong>de</strong> geração da<br />
indústria permaneceu majoritariamente estatal, com o cancelamento <strong>de</strong> leilões <strong>de</strong><br />
venda, inclusive. Como preveniram os críticos do mo<strong>de</strong>lo, o ambiente concorrencial<br />
não se instalou, o consumidor ficou <strong>de</strong>sprotegido, a indústria da energia e a economia,<br />
como um todo, foram prejudicadas e o aparato institucional mostrou-se inoperante. Foi<br />
um melancólico <strong>de</strong>sfecho. A tabela 3.87 apresenta os novos controladores das<br />
empresas privatizadas.<br />
Tabela 3.87 – Empresas privatizadas e controladores<br />
Nome Segmento Data <strong>de</strong> Área <strong>de</strong> Comprador Participação %