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Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP

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foi disseminada através <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> pressão e convencimento que abrangeram<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> sofisticadas teorias econômicas, até exigências leoninas constantes em<br />

acor<strong>dos</strong> <strong>de</strong> auxílio financeiro para países em <strong>de</strong>senvolvimento por parte das<br />

po<strong>de</strong>rosas agências multilaterais. De fato, quem necessitava <strong>de</strong> merca<strong>dos</strong><br />

liberaliza<strong>dos</strong>, <strong>de</strong> retração <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> monetária? As socieda<strong>de</strong>s<br />

incrivelmente <strong>de</strong>siguais da América Latina, on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>manda reprimida por toda sorte<br />

<strong>de</strong> bens e <strong>serviços</strong>, mesmo os mínimos, afetava estruturalmente parcelas enormes <strong>de</strong><br />

sua população, teriam chegado, espontaneamente, a tais mo<strong>de</strong>los? Se o ciclo<br />

keynesiano sequer havia atingido seus objetivos 47 ?<br />

Após a frustrada empreitada “pessoal” <strong>de</strong> Collor (Sanagiotto, 2002), também <strong>de</strong><br />

orientação liberal, o governo brasileiro não teve suficiente vonta<strong>de</strong> política para<br />

contrapor-se ao mo<strong>de</strong>lo imposto pelo FMI e assimilou-o por completo. Desta feita,<br />

radicada a premissa da privatização como solução única e inexorável para o setor<br />

produtivo estatal, partiu-se para a construção das justificativas e mo<strong>de</strong>los que lhe<br />

<strong>de</strong>ssem sustentação. Inúmeros documentos e eventos oficiais foram produzi<strong>dos</strong>, no<br />

sentido <strong>de</strong> diagnosticar o enorme problema representado pelo “obsoleto” setor <strong>de</strong><br />

infra-estrutura e sua incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão institucional e financeira. Ao longo do<br />

período, outros tantos trabalhos acadêmicos foram úteis em transpor para a realida<strong>de</strong><br />

brasileira os postula<strong>dos</strong> econômicos da Escola Ultraliberal, partindo do pressuposto <strong>de</strong><br />

que a suas premissas eram, sim, as únicas possíveis.<br />

O documento produzido por Pinheiro & Giambiagi (1999) para o BNDES é um<br />

exemplo <strong>de</strong>ssa postura. Os autores corroboram a visão do FMI sobre o “fracasso” das<br />

primeiras tentativas <strong>de</strong> privatização ocorridas no Brasil pela “falta <strong>de</strong> compromisso<br />

político” <strong>dos</strong> governos <strong>de</strong> então com a redução da intervenção do Estado na<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>são ao arcabouço i<strong>de</strong>ológico, político e econômico liberal, como se <strong>de</strong>u a partir do Consenso <strong>de</strong> Washington e Collor.<br />

Adotou-se, <strong>de</strong>ssa forma, como marco histórico para o processo <strong>de</strong> privatizações no Brasil , o governo <strong>de</strong> Fernando Collor.<br />

47 Em sua pioneira análise acerca da reestruturação do setor elétrico brasileiro, Gonçalves Jr., 2002, vai além nesse questionamento,<br />

<strong>de</strong>lineando as estratégias subjacentes do capital privado nacional e estrangeiro que culminaram na reestruturação e privatização do<br />

setor.

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